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PRESTAÇÃO JURISDICIONAL (1)

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PRESTAÇÃO JURISDICIONAL: O IDEAL E O REALIZÁVEL , A PARTIR DO MANDAMENTO CONSTITUCIONAL DEIXADO PELO LEGISLADOR CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
Resumo: A prestação jurisdicional, pautada nos modernos requisitos do processo justo, com fonte principal na Carta Maior, supera a visão clássica do devido processo legal. O modelo ideal de prestação jurisdicional definido pela Constituição Federal traz o processo como instrumento técnico de aplicação da lei para tornar-se um sistema constitucional de tutela dos direitos. Com efeito, volta-se ao estudo a necessidade de se avaliar as regras principiológicas constitucionais do processo, mormente a questão da eficiência e da duração razoável do processo que trazem a indagação de um sistema de prestação jurisdicional ideal e a realizável.
Palavras-chave: Prestação Jurisdicional. Princípios Constitucionais Do Processo. Eficiência. Duração Razoável.
Introdução
Este estudo tem por objetivo principal a análise dos princípios constitucionais que albergam a prestação jurisdicional, pautada num Estado Democrático de Direito.
Justifica-se a escolha desse estudo em face da necessidade de eficiência e celeridade do processo que são direitos fundamentais previstos na Constituição Federal. Os requisitos do processo justo, com fonte principal na Carta Maior, superam a visão clássica do processo, mormente no que diz respeito ao devido processo legal. 
Este novo modelo de processo definido pela Constituição Federal deixa de ser tratado como instrumento técnico de aplicação da lei para tornar-se um sistema constitucional de tutela dos direitos, haja vista a sua lesão ou, simplesmente, a ameaça de lesão (CF, art. 5º, XXXV). 
Nesse espeque, volta-se ao estudo a necessidade de se avaliar a questão da eficiência e da duração razoável do processo, regras principiológicas constitucionais do processo, que trazem a indagação de um sistema de prestação jurisdicional ideal, aquele definido pela Carta Magna, e a prestação jurisdicional realizável, ou seja, o que acontece na prática.
A pesquisa ora apresentada baseia-se, principalmente, na obra de Domingos Franciulli Netto, ex Ministro do Superior Tribunal de Justiça, ao tratar do tema “O Ideal Idealíssimo, o Ideal Realizável e o Processo de Resultados, numa separata da obra “estudos em homenagem ao professor Cândido Rangel Dinamarco”, produzido em 2003. Referido autor apresenta uma visão crítica do sistema processual e pontua a necessidade de mudança no âmbito da prestação jurisdicional.
1 Prestação Jurisdicional: conceito e princípios constitucionais
A inafastabilidade do controle jurisdicional se apresenta como uma das mais relevantes garantia de proteção dos direitos individuais e coletivos. Trata-se da possibilidade de provocar a proteção jurisdicional para garantir a tutela de direitos. É o princípio de Direito Processual Público subjetivo, também cunhado como Princípio da Ação ou Acesso à Justiça, em que a Constituição garante a necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes na vida em sociedade.
Está expresso na redação do inciso XXXV do artigo 5º da Constituição Federal de 1988, nos seguintes termos: "a lei não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito".
Desta forma, a garantia constitucionalmente prevista é a de que qualquer pessoa pode se valer do Poder Judiciário quando houver lesionado seu direito ou de, simplesmente, tê-lo ameaçado. Assim, incumbe ao Poder Judiciário a missão pacificadora do Estado, exercida diante das situações litigiosas, em que o Estado dá solução às lides ou litígios, tendo como objetivo principal a aplicação da lei ao caso concreto (THEODORO JÚNIOR, 2015).
Assim, Franceulli Neto (2003) preconiza que o vetor da orientação hermenêutica dentro da clássica concepção Keseniana é que as normas infraconstitucionais estão submetidas ao texto constitucional. Nesse aspecto, o autor ilustra que há um conjunto de regras constitucionais que são aplicáveis indistintamente aos diversos ramos do processo. 
2 Prestação Jurisdicional Ideal
Da Constituição emergem os requisitos do processo justo, o qual supera a antiga visão do devido processo legal. Deixa esse moderno processo tipificado pelo novo constitucionalismo, construído pelo Estado Democrático de Direito, de ser tratado como simples instrumento técnico de aplicação da lei para tornar-se um sistema constitucional de tutela dos direitos, sempre que lesados ou ameaçados (CF, art. 5º, XXXV).
Eficiência e celeridade são duas características almejadas quando se trata de Justiça. No entanto, na prática o Poder Judiciário revela situação totalmente oposta.
No campo do Direito Administrativo, não há dúvida de que a eficiência deve ser obrigatoriamente seguida pela Administração Pública. O caput do art. 37 da Constituição Federal afirma que a Administração obedecerá (imperativo) ao “princípio da eficiência”. Trata-se de dispositivo com redação da EC 19/1998, o que, em absoluto, não significa que o dever de eficiência somente seria exigido a partir de 1998. 
A Constituição afirma que o princípio da eficiência deve ser obedecido por qualquer dos poderes, neles incluído o Poder Judiciário. É contundente a clareza desses dispositivos da Constituição: o princípio da eficiência é expressamente exigido também para a função jurisdicional (Poder Judiciário).
Assim como eficiência, celeridade é um dos principais objetivos almejados e idealizados, intitulado pela Constituição Federal como “duração razoável do processo”. 
Por conta da introdução do inciso LXXVIII do artigo 5º da CF/88 inaugurada pela Emenda Constitucional nº 45, passou a figurar como direito fundamental que “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.
Tal dispositivo constitucional é reproduzido na redação do artigo 4º do CPC de 2015 que dispõe que “As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”. 
Contudo, a duração na solução dos processos é um mal insustentável. Para a reversão desse quadro, alguns pontos devem ser discutidos e modificados, “uma vez que a prestação jurisdicional não se poderá manter tão morosa e, até certo ponto, ineficiente” ( FRANCIULLI NETO, 2003).
Segundo o ministro, deve-se atualizar as leis de organização judiciária de todas as instâncias da justiça. A questão ressaltada é que :
(...) há de haver uma deliberação não só no campo jurídico, mas também no campo sócio-político, sobre a necessidade de simplificação do iter processual, uma vez que, mantido o status quo, o grande prejudicado, em última análise, acaba sendo o próprio cidadão. (FRANCIULLI NETO, 2003)
Com efeito, se sendo resposta do juízo para a pacificação do litígio não é rápida ou célere, a tutela não se revela efetiva. Isso porque, embora o titular do direito violado tenha seu direito reconhecido, não se pode olvidar o tempo em que este permaneceu privado do bem jurídico até o provimento judicial definitivo. 
Daí por que, sem necessidade de delongas, a morosidade judicial deve ser combatida, para que a efetiva prestação jurisdicional seja justa e razoável, partindo do pressuposto de que processo deva ter uma duração razoável a fim de garantir a celeridade e eficiência na solução dos conflitos. 
3 Prestação Jurisdicional Realizável
Sobre ser tardia e deficiente prestação jurisdicional, Franciulli Netto (2003) afirma que não há dissenso entre a maioria dos operadores do direito em eleger o CPC/1973 como o principal obstáculo para concretização e eficiência e presteza na concretização da justiça. 
A crítica de Franciulli Neto (2003) alcança, ainda, a esfera da Administração Pública, quando pontua que “a Administração, por meio de seus mais diversos entes, tem-se servido do Poder Judiciário para procrastinar ao máximo o pagamento de suas dívidas. Enfim, para solucionar seu problema crônico de caixa”. Segundo o autor, neste caso, a Administração se beneficia quando “enorme colher de chá quelhe deu a Constituição Federal de 1988, no artigo 33 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, resolveu a questão. Por mal dos pecados, veio a lume a Emenda Constitucional nº 30 a espichar o prazo para dez anos”. 
Franciulli Neto (2003) pontua criticamente que os feitos que envolvem os Poderes Públicos em geral ou a Fazenda Pública em particular são os maiores responsáveis pela morosidade excessiva na solução dos conflitos. 
Tal questão é de essencial importância. Uma ação fundiária, por exemplo, pode tramitar anos e anos, não sendo raro a sucessão processual em razão do falecimento dos titulares do direito que, por causa da morosidade do processo, não chegaram a ver a efetiva prestação jurisdicional com seus próprios olhos. 
Duração Razoável do Processo, como ressaltado, tornou-se crítico nas últimas décadas, e pode ser apontado como principal causa de defasagem entre a tutela perquirida pela sociedade e aquela idealizada pela Constituição Federal.
Ao ideal idealíssimo, de todo modo inatingível, deve-se preferir o ideal realizável. Nenhuma solução será alcançada se não houver vontade sócio-política de pôr cobro ao calamitoso estado de coisas. O processo de resultados continuará apenas no sonho dos idealistas práticos, que vivem com os pés na terra. (FRANCIULLI NETO, 2003)
Com o advento do Código de Processo Civil de 2015, alguns aspectos foram considerados. A sistematização do novo Código de Processo Civil, entre várias inovações, estabeleceu uma Parte Geral em que são agrupadas as normas comuns aplicáveis a todo o conjunto do ordenamento, e que, portanto, servirão de base à melhor compreensão e à mais adequada aplicação dos procedimentos, remédios e incidentes regulados na Parte Especial (THEDORO JÚNIOR, 2015).
Na Parte Geral do Novo Código de Processo Civil, o destaque maior, sem dúvida, situa-se no enunciado das “Normas Fundamentais do Processo Civil”, com que o legislador objetivou estruturar o processo justo como instrumento de realização da garantia de acesso à justiça, segundo os direitos fundamentais aplicáveis à tutela jurisdicional prestada pelo moderno Estado Democrático de Direito.
As normas que o Novo Código de Processo Civil adota como fundamentais não são, na maioria, novidades no direito brasileiro, já que decorrem diretamente das garantias explicitadas na própria Constituição, ou que nelas se compreendem, implicitamente.
A fonte imediata do processo civil não é mais apenas o Código, pois se assenta, antes de tudo, na própria Constituição, em que se acham enunciados, como direitos fundamentais, os princípios sobre os quais se ergue o processo de atuação da jurisdição.
4 Considerações finais 
Da constitucionalização do direito processual moderno surgiu a necessidade de releitura de toda a sistemática de acesso à Justiça à luz dos princípios, garantias e valores consagrados pela Constituição.
Entretanto, ainda se está longe de garantir uma prestação jurisdicional segundo aquela pautada na Constituição. As normas principiológicas do processo são ideais de justiça, o que nem sempre é alcançado na prática. 
Fortemente inspirado nos valores éticos que permeiam os direitos e garantias fundamentais, esse processo justo enraizado na ordem constitucional, vai além do princípio da legalidade, exige um procedimento traçado pela lei processual que respeite os direitos fundamentais e solução justa para o litígio. 
Por fim, preconiza-se que o resultado do processo proporcione a mais adequada aplicação do direito material ao caso concreto, como garantia de efetividade, tudo dentro de tempo razoável e segundo empenho na célere tramitação e julgamento da causa (CF, art. 5º, LXXVIII).
Referências Bibliográficas
FRANCIULLI NETTO, Domingos. O ideal idealíssimo, o ideal realizável e o processo de resultados (separata da obra “estudos em homenagem ao professor Cândido Rangel Dinamarco”). São Paulo: Fiuza, 2003, 46 p.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum – vol. I . 56. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2015.
BRASIL. Constituição Federal da República de 1988.
BRASIL. Código de Processo Civil de 2015.

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