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Comunicação Popular 
e Comunitária
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1.
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2/191
Comunicação Popular e Comunitária
Autora: Beatriz Helena Ramsthaler Figueiredo
Como citar este documento: FIGUEIREDO, Beatriz Helena Ramsthaler. Comunicação Popular e 
Comunitária. Valinhos: 2014.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Fundamentos da Comunicação Humana 06
Assista a suas aulas 23
Unidade 2: Comunicação Popular e Comunitária 31
Assista a suas aulas 46
Unidade 3: Conceito de Comunicação. Filosofia da Linguagem. Fundamentos da Comunicação 
Popular e Comunitária
54
Assista a suas aulas 67
Unidade 4: Conceito de Democracia Participativa 75
Assista a suas aulas 90
2/191
3/1913/201
Unidade 5: O processo de redemocratização no Brasil e o marco legal da democracia brasileira 98
Assista a suas aulas 114
Unidade 6: Conceito de questão social, suas expressões no Brasil e os segmentos populacionais 
afetados
122
Assista a suas aulas 138
Unidade 7: Vulnerabilidade Social e Risco Pessoal e Social: Situações e Enfrentamento da Questão 
Social
146
Assista a suas aulas 160
Unidade 8: Construção Histórica da Seguridade Social e da Política de Assistência Social no Brasil 168
Assista a suas aulas 183
Sumário
Comunicação Popular e Comunitária
Autora: Beatriz Helena Ramsthaler Figueiredo
Como citar este documento: FIGUEIREDO, Beatriz Helena Ramsthaler. Comunicação Popular e 
Comunitária. Valinhos: 2014.
4/191
Apresentação da Disciplina
Nunca foi tão importante discutir os rumos 
da Comunicação em nosso país. Assunto 
atemporal, porém de grande influência 
na história das sociedades humanas, a 
comunicação é sempre uma mediadora 
entre os campos político e social em 
qualquer que seja a realidade histórica ou 
geográfica de um país.
Quem detém o conhecimento sobre o 
campo da Comunicação, detém o poder 
diante de um ou mais grupos sociais. A 
comunicação é matéria-prima na relação 
social. Estamos diariamente inundados 
de textos comunicacionais que têm por 
objetivo mediar, controlar, incitar, provocar 
respostas de comportamento, informar, 
entreter, enfim, gerir o campo das relações 
sociais das sociedades contemporâneas.
Pensar sobre os caminhos alternativos do 
campo da Comunicação não é tarefa fácil, 
mas torna-se todo dia mais essencial. A 
comunicação popular ou comunitária é 
uma resposta social diante das relações 
comunicacionais que por anos foram 
mediadas apenas por grandes empresas 
(como os principais canais de televisão ou 
jornais e revistas impressos).
Comunicação comunitária, como o próprio 
nome diz, é um espaço de determinada 
comunidade e que gera autonomia e poder 
diante de entes do campo social e/ou 
governamental.
Não importa onde você vá utilizar esse 
tipo de conhecimento. O que importa é 
que você possa ter acesso a ele. Ter acesso 
às discussões e reflexões que envolvem o 
5/191
campo da Comunicação possibilita que 
qualquer sujeito social possa se tornar 
emancipado no contexto da relação social 
em que se encontra.
Comunicação é poder. Você vai ouvir isso 
muitas vezes durante este curso porque 
é diante dessa premissa básica que 
desenvolvemos toda e qualquer reflexão 
sobre o campo da Comunicação aplicado 
ao contexto popular e comunitário.
6/191
Unidade 1
Fundamentos da Comunicação Humana
Objetivos
1. Compreender o que é o campo do estudo da 
Comunicação.
2. Entender as diferenças básicas entre a 
comunicação de massa e a comunicação 
comunitária.
3. Conhecer os fundamentos da comunicação 
humana no decorrer da história.
Unidade 1 • Fundamentos da Comunicação Humana7/191
Introdução
Estudar o campo da Comunicação é 
falar sobre o comportamento humano 
no decorrer da história, refletindo sobre 
os processos criados pelo ser humano 
para potencializar sua capacidade de se 
comunicar, aprender sobre as ferramentas 
e estratégias e falar de passado para 
construir diálogos possíveis com o 
presente, projetando caminhos para o 
futuro.
O campo da Comunicação é extenso e 
abarca questões dos estudos sociais e 
políticos, do campo da psicologia social, 
da filosofia, dos estudos da linguagem, do 
marketing e dos mais novos e avançados 
estudos sobre mídia e tecnologia. Falar de 
Comunicação é “abraçar o mundo” com o 
intuito de compreendê-lo e de transformar 
esse conhecimento adquirido em potência 
geradora de controle, manutenção ou 
transformação social. 
Para nos aventurarmos nesta viagem é 
preciso que comecemos a pensar sobre 
o que compreende efetivamente o ato 
de comunicar-se. Ora, eu me comunico 
quando digo alguma coisa a alguém. Mas 
será que a comunicação se dá apenas pela 
fala? Não. Comunicamo-nos o tempo todo 
e por várias e inúmeras maneiras, porém 
devemos pensar cuidadosamente sobre 
esse processo para melhor entendê-lo.
Unidade 1 • Fundamentos da Comunicação Humana8/191
1.1. Teorizando o processo de 
comunicação
Há uma série de estudos no campo das 
teorias da comunicação. A teoria mais 
simples que pretende explicar o processo 
comunicativo diz que temos em qualquer 
situação de comunicação pelo menos um 
emissor, um receptor e uma mensagem. 
O emissor seria aquele que emite a 
mensagem. O receptor seria aquele que 
recebe a mensagem. A mensagem seria o 
conteúdo emitido, o texto pronunciado, 
aquilo que é dito. Porém esse processo 
compreende também outras variáveis. 
É preciso levar em conta a existência de 
ruídos. Ruídos, mais do que simplesmente 
sons que atrapalham o processo de 
comunicação, podem ser entendidos como 
elementos que dificultam a recepção 
da mensagem em todo o seu potencial 
comunicador. Ou seja, um ruído pode sim 
ser um som alto enquanto alguém fala e 
outro alguém ouve. Mas ruídos também 
podem ser elementos de linguagem 
pronunciados pelo emissor e que não 
fazem parte do repertório do receptor 
da mensagem. Ruídos podem ser, por 
exemplo, dificuldades com a língua falada 
pelo emissor quando esta não é a língua 
pátria do receptor.
Unidade 1 • Fundamentos da Comunicação Humana9/191
Link
Você pode saber mais sobre o campo das Teorias da Comunicação acessando a resenha de autoria 
de Antonio Hohlfeldt, sobre a obra História das teorias da comunicação, de Armand Matterlat. A 
resenha foi publicada na revista FAMECOS da PUCRS (n. 11, 1999) e pode ser acessada em: <http://
revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/viewFile/3061/2339>. 
Acesso em: 13 jul. 2015.
Você pode saber mais sobre os conceitos que envolvem o processo de comunicação (emissor, receptor, 
código, mensagem, ruído e canal de comunicação) acessando o site: <http://educacao.uol.com.br/
disciplinas/portugues/teoria-da-comunicacao-emissor-mensagem-e-receptor.htm>. Acesso 
em: 13 jul. 2015.
A mensagem é construída a partir de um determinado código que poderia ser definido como 
um conjunto de sinais organizados segundo um padrão preestabelecido. Este documento 
que você agora lê é um suporte de comunicação organizado a partir de um código comum ao 
Unidade 1 • Fundamentos da Comunicação Humana10/191
autor e ao leitor. É por isso que ao ler este 
documento você consegue compreender 
o que lê. Se ao invés da língua portuguesa 
este documento tivesse sido publicado 
em russo, talvez você tivesse mais ou 
total dificuldade para compreender o 
que está escrito. Teríamos então um 
ruído gravíssimo em nosso processo de 
comunicação.
Há mais um elemento para construirmos 
esta leitura, ainda básica, do processo 
de comunicação. É o que chamamos 
de “canal de comunicação”. Como esta 
comunicação se dá? É uma comunicação 
direta, ou seja, entre duas pessoas que 
se encontram frente a frente? Ou é 
uma comunicação que se dá por meio 
de telefone, internet, televisão, texto 
impresso, emissorade rádio etc.? Estes são 
canais de comunicação. É o suporte em que 
a comunicação se efetiva. Cada meio de 
comunicação tem características próprias 
que também devem ser entendidas para 
que possamos potencializar o processo 
comunicacional.
Isso tudo parece básico, mas não é. É 
importante que tenhamos essas ideias 
cristalizadas para que possamos avançar 
nos estudos da área da Comunicação 
e para que possamos, posteriormente, 
fazer uso efetivo e eficiente desse 
conhecimento.
Unidade 1 • Fundamentos da Comunicação Humana11/191
1.2. Comunicação de massa e 
comunicação comunitária
Você já ouviu falar do termo “comunicação 
de massa”, não é? O que seria esse 
conceito? Você já pensou sobre ele? 
Inicialmente, quando criado no início do 
século XX, esse conceito procurava abarcar 
a ideia de uma comunicação advinda 
do rádio, da televisão e do cinema (os 
chamados novos meios de comunicação) 
que poderiam alcançar um público maior 
do que a minoria alfabetizada. Apesar 
de aparentemente ser similar ao uso que 
fazemos do conceito nos dias atuais, ele já 
não possui a mesma carga de significação 
histórica, em razão de novos tipos de 
suporte (como a internet) que criaram 
uma nova relação de comunicação, menos 
hierárquica e mais horizontal. 
Atualmente, fazemos uso do termo 
“comunicação de massa” para falarmos de 
meios de comunicação de largo alcance 
e de poder uniformizador. Um exemplo é 
a televisão. Ela está em quase 100% dos 
lares brasileiros. Atinge um grupo enorme 
e heterogêneo de pessoas, tornando-as 
uma massa uniforme em processos de 
comunicação que procuram reforçar os 
valores que as igualam em detrimento 
dos valores que as diferenciam. Ela fala 
com todos ao mesmo tempo. Ela fala com 
a massa e nesta relação com a televisão, 
somos a massa.
Unidade 1 • Fundamentos da Comunicação Humana12/191
1.3. O papel da comunicação 
em nosso cotidiano
Você já pensou sobre o papel que a 
comunicação assume na vida da gente? 
Tudo a nossa volta comunica. Ao acordar, 
se você ligar o rádio ou abrir a janela e 
encontrar em frente à sua casa um outdoor 
(aqueles grandes painéis publicitários de 
rua), ou ainda entrar numa estação de 
metrô numa grande cidade, ou mesmo 
ligar a televisão, você será inundado de 
mensagens. A recepção de cada uma 
delas se dará de forma mais ou menos 
eficiente segundo o seu repertório, 
interesse e disponibilidade ao recebê-las, 
mas é fato que elas chegarão até você. 
Estamos mergulhados numa sociedade 
Para saber mais
O conceito de comunicação de massa foi 
formulado na década de 1920 ou 1930 para se 
aplicar às novas possibilidades de comunicação 
pública que surgiram com a imprensa de massa, 
o rádio e o cinema. Estes meios ampliaram 
o público potencial para além da minoria 
alfabetizada. Também eram essencialmente 
novos o estilo e a escala industriais da 
organização de produção e divulgação. Grandes 
populações dos Estados nação poderiam ser 
atingidas mais ou menos ao mesmo tempo com 
conteúdo basicamente igual, o qual, muitas 
vezes, levava o selo de aprovação de quem tinha 
poder político e social. (MCQUAIL, 2012, p. 508-
509)
Unidade 1 • Fundamentos da Comunicação Humana13/191
que está mergulhada em processos 
comunicacionais que têm, entre outros 
interesses, uma forte tendência a nos fazer 
consumidores de algo, seja de um produto, 
de um serviço, de uma ideia ou ideologia. 
Os textos que estão colocados na 
sociedade são, em grande parte, altamente 
persuasivos.
Aprofundando esse olhar em apenas 
um dos meios de comunicação ditos 
“de massa”, provoco uma reflexão: 
você já pensou sobre a importância da 
televisão no seu cotidiano? Já percebeu 
como até nossas casas são arrumadas 
em função deste aparelho transmissor 
de ideias e mensagens? Já pensou sobre 
a dependência que temos deste meio? 
Muitas vezes sequer estamos na sala, mas 
somos capazes de mantê-la ligada dias 
inteiros. O ruído dela nos toca e, se não 
podemos estar ali sentados, absorvidos 
por aqueles textos audiovisuais, queremos 
apenas ter a sensação de ouvi-los. A 
televisão se faz presente o tempo todo 
em nossa vida. Aliás, a televisão não se 
faz presente apenas quando temos a 
possibilidade de ligar o aparelho televisor. 
Ela se faz presente no consumo de 
conteúdos mesmo quando o que temos a 
nossa frente é a tela de um computador 
conectado à internet. Veja o que te 
interessa em um portal de notícias e reflita 
sobre a quantidade de informações que 
você acessa sobre a novela, o artista, o 
reality show, o apresentador etc. Nossa 
vida é, em certa medida, mediada pela 
Unidade 1 • Fundamentos da Comunicação Humana14/191
televisão. Aliás, faz-se importante dizer que isso é um traço cultural e que não é em todos 
os espaços geográficos do mundo que essa dependência da televisão existe. Sérgio Mattos 
destaca em História da televisão brasileira: uma visão econômica, social e política que essa 
dependência está intimamente ligada a fatores econômicos e desenvolvimento social.
Historicamente sempre existiu uma preocupação crescente entre os 
estudiosos, principalmente aqueles dos países periféricos, de que as 
corporações globais, as empresas transnacionais que atuam no setor das 
comunicações e as agências de publicidade multinacionais ameaçam a 
política, a economia e a soberania das nações em desenvolvimento. O 
grande impacto da publicidade na mídia dos países de Terceiro Mundo foi 
observado por muitos estudiosos que realizaram pesquisas e produziram 
estudos específicos sobre o imperialismo na mídia, a homogeneização 
cultural, além de constatar a dependência cultural e dos veículos de 
comunicação. (MATTOS, 2010, p. 8)
Elizabeth Bastos Duarte é uma pesquisadora que aborda especificamente o tema dos estudos 
sobre televisão e que propõe uma interessante comparação entre tempo, televisão e cinema. 
Unidade 1 • Fundamentos da Comunicação Humana15/191
Ela diz que:
A televisão ritma nossos dias e nossos anos. A sessão de cinema 
suspende o tempo social, a televisão estrutura nossa temporalidade, 
nossa vida. Mas esse objeto está longe de ser considerado com a 
seriedade que merece. (DUARTE, 2004, p. 7)
É possível compreender facilmente o que 
ela quer dizer com isso, basta olharmos 
para nós mesmos. Quando vamos ao 
cinema, temos o tempo “suspenso” 
durante o período em que estivermos ali 
absorvidos pela grande tela. O cinema é 
uma espécie de “pausa” em nossa vida, 
porém é preciso entendê-lo também 
como um meio eficiente de comunicação. 
A televisão organiza a nossa rotina. Há 
alguns anos marcávamos um encontro 
“depois da novela”, por exemplo. Uma vez 
ou outra, você já deve ter marcado algo 
para depois do “Jornal XPTO” ou assim que 
acabar o “programa X”, por exemplo. É isso 
que quer dizer Duarte quando afirma que a 
televisão “ritma nossos dias”.
Outra questão a se pensar sobre a 
importância desse tema diz respeito à 
influência do campo da comunicação em 
Unidade 1 • Fundamentos da Comunicação Humana16/191
nosso comportamento. A comunicação 
pode ditar regras, moda ou nos influenciar 
diante de escolhas? Sim, o tempo 
todo. A novela dita moda, por exemplo. 
Antigamente a novela lançava moda (que 
poderia ser uma roupa, um calçado, um 
esmalte, um anel, um brinco ou tudo isso 
junto) e os fabricantes e lojistas ganhavam 
sozinhos muito dinheiro com a moda 
lançada em horário nobre. Atualmente a 
própria emissora de televisão mantém uma 
loja virtual em que vende os produtos que 
ela mesma lança como moda. E sabemos: 
vende muito!
 
1.4. Onde essa história come-
ça?
Mas essa história de comunicação 
começou quando? É preciso que 
tenhamos em mente que são inerentes 
ao homem a capacidade e a necessidade 
de comunicação. Desde a pré-história o 
homemnão só criou sistemas próprios 
de comunicação como também deixou 
registros que se tornaram documentos 
para a humanidade. Eles pintaram paredes 
de cavernas e rochas, imprimindo marcas 
e símbolos que continham certa intenção 
narrativa.
O processo de comunicação humana foi 
evoluindo conforme o desenvolvimento 
das sociedades e atingiu o ápice com 
Unidade 1 • Fundamentos da Comunicação Humana17/191
o desenvolvimento da prensa (1455), 
que possibilitou a reprodução de 
textos e o desenvolvimento da própria 
história da comunicação e, dentro 
desse escopo, a própria história da 
informação e da imprensa. Porém, foi 
com o desenvolvimento tecnológico 
que se possibilitou criar, ainda no 
contexto global, suportes como o rádio 
(1900) e posteriormente a televisão 
(1924). Durante o desenvolvimento das 
sociedades, outras tecnologias vão, aos 
poucos, transformando a nossa relação 
com esses meios. O controle remoto, 
por exemplo, foi uma pequena, porém 
significativa, revolução em nossa relação 
com a televisão. Se antes estávamos 
absolutamente passivos na relação com 
televisão pois, para vencer essa relação de 
forças, teríamos que levantar de nossos 
sofás para trocar o canal da televisão, 
agora tínhamos o poder de escolha em 
nossas mãos. Posteriormente foram os 
canais de televisão fechados que nos 
deram ainda mais autonomia e força na 
relação com esse aparelho transmissor de 
mensagens. Com o advento da internet, 
que se popularizou a partir do final do 
século XX, tornamo-nos ainda mais 
autônomos e, nesse processo, fomos 
capacitados para a interação. Isso fez 
com que aquela antiga fórmula que 
afirma que o processo de comunicação 
se dá a partir de emissor se tornasse 
ainda mais complexa. Hoje dizemos que o 
protagonismo não está mais no emissor, 
Unidade 1 • Fundamentos da Comunicação Humana18/191
mas no receptor da mensagem, e devemos estar atentos a um novo processo que se naturaliza 
nessa relação: o feedback (retorno) gerado pelo receptor da mensagem que se dá, cada vez 
mais, de forma imediata e instantânea.
Para saber mais
A internet surgiu em torno de 1960 em contexto de guerra (no auge da chamada Guerra Fria) e era 
utilizada exclusivamente pelo Governo (Ministério da Guerra) como uma forma de compartilhamento 
de informações confidenciais. Tornou-se uma tecnologia civil autorizada em universidades a partir da 
década de 1970 e se popularizou, ganhando definitivamente o ambiente civil, a partir do início dos anos 
1990, com a criação do www (World Wide Web).
Unidade 1 • Fundamentos da Comunicação Humana19/191
Glossário
Estado: é a forma política de organização da sociedade, dotada de poder e autoridade exercidos 
coercivamente, cujas ações visam ao bem comum.
Questão
reflexão
?
para
20/191
A partir do conteúdo apresentado nesta unidade, 
reflita sobre a influência e a importância dos meios de 
comunicação em sua vida cotidiana e desenvolva um 
texto de autorreflexão sobre o assunto, exemplificando 
com uma ou mais situações diárias em que você 
perceba suas escolhas mediadas por meios de 
comunicação.
21/191
Considerações Finais (1/2)
O campo da Comunicação é um campo de mediação social. A consciência 
disso nos faz sujeitos sociais mais críticos.
Comunicação comunitária é uma forma importante de gerar autonomia ao 
grupo ou sujeito social que empreende nesse processo.
A necessidade de comunicação não é um comportamento da sociedade 
contemporânea, mas uma necessidade humana possível de ser percebida 
desde o início da história da humanidade.
Unidade 1 • Fundamentos da Comunicação Humana22/191
Referências
DUARTE, Elizabeth Bastos. Televisão – ensaios metodológicos. Porto Alegre: Sulina, 2004. 
MATTOS, Sérgio. História da televisão brasileira: uma visão econômica, social e política. 
Petrópolis: Vozes, 2010. 
McQUAIL, Denis. Teorias de comunicação de massa. Porto Alegre: Penso Editora, 2012.
23/191
Aula 1 - Tema: Fundamentos da Comunicação 
Humana – Bloco I
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
1d5639cc0396e8e3c6dc2bd6f73b4e00>.
Aula 1 - Tema: Fundamentos da Comunicação 
Humana – Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
7d49660a9c282ada0795dc64550dfc8f>. 
Assista a suas aulas
24/191
1. Como podemos definir o ato de comunicar?
a) Comunicar nada mais é do que falar alguma coisa diante de uma ou mais pessoas.
b) Comunicar é o ato de dizer alguma coisa a alguém e isso pode se dar por uma linguagem 
verbal ou não verbal, diretamente ao outro ou por meio de canais de comunicação.
c) Comunicar é o ato de dizer algo em âmbito oficial e por meio de canais de comunicação de 
massa.
d) Comunicar é o ato de se expressar única e exclusivamente diante de outra pessoa, sem 
nenhum tipo de mediação.
e) Comunicar é o ato de oficializar a informação.
Questão 1
25/191
2. Quais os principais sujeitos existentes em um processo 
de comunicação?
a) Emissor e receptor.
b) Emissor e ouvinte.
c) Comunicador e audiência.
d) Comunicador e sociedade.
e) Locutor e receptor.
Questão 2
26/191
3. Por que dizemos que na sociedade contemporânea o receptor ganhou 
protagonismo em um processo de comunicação?
a) Porque o receptor, a partir de uma série de mudanças sociais que incluem o 
desenvolvimento de diversos suportes tecnológicos, deixou de ser passivo na relação de 
comunicação.
b) Porque é sempre o cliente (receptor) que tem a razão.
c) Esta não é uma afirmação verdadeira, uma vez que o protagonismo é sempre do sujeito ou 
do veículo que emite a mensagem.
d) Porque atualmente o que interessa não é o que é dito, mas o que é compreendido.
e) Porque, na relação de consumo, o consumidor (ou seja, o receptor) é o ator principal de 
qualquer processo.
Questão 3
27/191
4. O que a tecnologia tem a ver com o processo de comunicação?
a) A tecnologia possibilita que criemos novos meios e com isso possamos expandir o campo 
da Comunicação.
b) A tecnologia apenas possibilita que tenhamos acesso facilitado a vários meios de 
comunicação, pois o seu desenvolvimento garante a melhora de sinais.
c) A tecnologia não apenas possibilita criarmos novos canais de comunicação como altera a 
relação do sujeito social com os canais de comunicação já existentes, possibilitando inclusive a 
interatividade diante de vários suportes comunicacionais.
d) A tecnologia apenas altera o nosso comportamento diante dos meios tradicionais.
e) A tecnologia não interfere no desenvolvimento do campo da Comunicação, pois, apesar 
de termos equipamentos tecnológicos na base do desenvolvimento dos meios de comunicação 
de massa, isso não significa que há qualquer tipo de interferência de um campo em outro.
Questão 4
28/191
5. Podemos afirmar que os estudos dos processos de comunicação se 
iniciam a partir do advento da comunicação de massa?
a) Não. Comunicação é um campo de estudos que tem por base o desenvolvimento de seu 
maior meio de expressão: a televisão.
b) Sim. A comunicação se dá a partir da Revolução Francesa.
c) Não. A comunicação se dá a partir do advento da Revolução Digital. 
d) Sim. A comunicação se dá historicamente a partir do surgimento do rádio. 
e) Não. A comunicação é inerente ao ser humano.
Questão 5
29/191
Gabarito
1. Resposta: B.
Comunicar nada mais é do que o ato 
de dizer alguma coisa a alguém. Neste 
processo levamos em conta que sempre 
existirá um emissor, um receptor e uma 
mensagem que será emitida e recebida 
de forma eficiente quanto mais sensíveis 
estivermos para a percepção de uma série 
de outros fatores como o nível de ruídos 
existentes no processo de comunicaçãoe a 
compreensão das potencialidades do canal 
de comunicação escolhido.
2. Resposta: A.
Qualquer processo de comunicação 
compreende pelo menos um emissor e 
um receptor. Esse processo pode se dar de 
forma presencial (como numa conversa 
entre amigos) ou por meio de canais 
de comunicação diversos (como rádio, 
televisão etc.).
3. Resposta: A.
A partir de uma série de mudanças sociais 
que incluem o desenvolvimento de 
diversos suportes tecnológicos, o receptor 
passou a interagir durante o processo 
comunicacional. Se antes ele só recebia 
a mensagem, hoje ele imediatamente 
interage, emite respostas e feedback e 
altera o quadro teórico de como se dá a 
comunicação.
30/191
4. Resposta: C.
A tecnologia possibilita que criemos novos 
hábitos diante do consumo de mensagens 
transmitidas por meios de comunicação 
tradicional, altera o nosso comportamento 
diante da relação com a mensagem, cria 
novos canais como as redes digitais e dá 
suporte para grandes transformações no 
cotidiano social.
5. Resposta: E.
A comunicação é inerente ao ser 
humano. Podemos identificar processos 
comunicacionais desde a pré-história. As 
marcas e pinturas deixadas pelos homens 
nas cavernas já podem ser identificadas 
Gabarito
como formas de comunicação daquele 
grupo social. A comunicação acompanha a 
história da humanidade.
31/191
Unidade 2
Comunicação Popular e Comunitária
Objetivos
1. Compreender o processo de comunicação 
comunitária.
2. Refletir sobre a importância dos espaços para 
a comunicação popular e comunitária.
3. Conhecer meios e referências de história de 
quem empreendeu no campo da comunicação 
comunitária.
Unidade 2 • Comunicação Popular e Comunitária32/191
INTRODUÇÃO
Com o uso de suportes midiáticos 
e ferramentas comunicacionais, a 
comunidade se organiza para criar um 
canal de comunicação interno que atenda 
a determinada demanda ou necessidade do 
grupo social.
Atualmente qualquer agrupamento de 
pessoas pode vir a desenvolver projetos 
simples de comunicação comunitária. 
Para isso é preciso, antes, detectar uma 
necessidade ou um desejo do grupo. O 
que desejamos comunicar? Diante das 
respostas a essa questão, o segundo passo 
é estudar e compreender as características 
básicas do grupo social que será o receptor 
de nossas mensagens. 
Uma compreensão aprofundada das 
características e do comportamento 
social daquele grupo de pessoas que 
apontamos como “receptores” de nossas 
mensagens (ou simplesmente como 
“público”) diante de determinada proposta 
de comunicação se faz fundamental. O 
cuidado deve ser sempre no sentido de 
não partir do senso comum. Torna-se 
Link
LINK: Saiba mais sobre o que compreende o 
campo da Comunicação Comunitária acessando 
o site do Observatório de Comunicação 
Comunitária. Disponível em: <http://
obscomcom.org/o-que-e-comunicacao-
comunitaria/>. Acesso em: 15 jul. 2015.
Unidade 2 • Comunicação Popular e Comunitária33/191
necessário procurar por ferramentas que 
auxiliem na leitura desse público. Com 
conhecimentos específicos sobre o público 
e com propriedade diante daquilo que se 
deseja comunicar (o conteúdo), o próximo 
passo é definir o meio ou suporte midiático 
mais adequado para a demanda. Não 
adianta, por exemplo, criar um canal de 
comunicação via internet para falar com 
um grupo social que tem dificuldade de 
acesso a sinais de internet ou que não tem 
familiaridade com o meio. Parece simples, 
não é? Porém é neste ponto que residem 
os erros mais comuns no planejamento de 
uma ação de comunicação comunitária. 
As pessoas escolhem muitas vezes por 
aquilo que lhe está mais à mão (pelo meio 
mais fácil ou mais barato), sem analisar 
o que implica sua escolha diante daquele 
grupo ou indivíduo social que receberá sua 
mensagem. Não esqueça nossa conversa 
anterior, em que apontávamos que há 
na sociedade contemporânea uma clara 
mudança de eixo do entendimento do 
processo de comunicação: o protagonismo 
não está mais em quem fala (o emissor), 
mas em quem recebe e como recebe a 
mensagem (o receptor).
1.1. Suportes e ações de comu-
nicação comunitária
A mais simples ação de comunicação 
comunitária poderia ser, por exemplo, 
um carro de som que faça o papel do 
que chamamos popularmente de “rádio 
itinerante”. 
Unidade 2 • Comunicação Popular e Comunitária34/191
Pode-se também pensar na impressão 
de jornais ou panfletos informativos 
que, impressos e reproduzidos por meios 
simples (à mão ou em xerox), distribuídos 
com certa periodicidade, também ganham 
caráter de comunicação comunitária. 
Pode-se pensar ainda na organização 
de uma emissora de rádio que atenda a 
determinada demanda local (porém tenha 
muito cuidado com o estudo da legislação 
brasileira nesse quesito). Transmitir um 
sinal através de ondas de rádio é fácil, 
mas fazer isso sem as devidas tramitações 
legais é crime. Pode-se pensar em uma 
rádio web que possibilite a transmissão de 
uma programação de rádio pela internet 
de forma legal e livre. Pode-se pensar 
também em um programa em vídeo web, 
ou seja, um canal de conteúdo audiovisual 
transmitido através da internet. Ou ainda, 
em uma ou mais redes sociais transmitindo 
conteúdos por meio da criação de um perfil 
no Twitter ou de uma página no Facebook, 
por exemplo. 
Para saber mais
Acesse a Lei nº 9.612/1998 para ter mais 
informações sobre o campo de legislação da 
Radiodifusão Comunitária. 
1.2. O conteúdo no campo da 
comunicação comunitária
Também é preciso pensar no conteúdo 
a ser transmitido. Criar um sistema de 
Unidade 2 • Comunicação Popular e Comunitária35/191
comunicação comunitária, seja ele qual for, exige que tenhamos certa periodicidade na 
disponibilização de conteúdo para que consigamos criar a cultura do acesso a esse canal de 
comunicação. As pessoas precisam compreender que dentro de determinado período de tempo 
poderão acessar um novo conteúdo, criando assim um processo de educação para o consumo 
da informação. A repetição da experiência pelo grupo social possibilita que ele desenvolva um 
comportamento de consumo daquela informação. 
É preciso destacar que é muitas vezes pela repetição de determinado processo que as 
pessoas são educadas a consumi-lo. É parte do processo de mudança de comportamento e 
aprendizagem a repetição de um padrão que gera, consequentemente, a imitação por parte 
dos indivíduos que compõem o grupo receptor da mensagem daquilo que desejamos que seja 
internalizado.
A imitação tem sido apontada como uma habilidade importante no que 
se refere aos estudos da cultura e vem sendo tratada como um aspecto 
fundamental para a compreensão do trânsito entre as informações que 
estão no mundo e a sua possibilidade de internalização (KATZ; GREINER, 
2001, p. 69)
Unidade 2 • Comunicação Popular e Comunitária36/191
Outro ponto fundamental nessa 
construção diz respeito ao tipo de 
conteúdo que podemos transmitir em um 
processo de comunicação comunitária. 
É fato, e já pontuado, que uma ação 
de comunicação comunitária nasce de 
determinada demanda. Então, antes 
de tudo, é preciso se certificar se o 
conteúdo elaborado e veiculado atende 
especificamente a demanda identificada 
como objeto principal do projeto de 
comunicação.
Há um conteúdo central que será o 
nortear da ação e poderá também haver 
conteúdos secundários, porém não menos 
importantes. Se você deseja criar uma 
emissora de rádio web para discutir os 
problemas cotidianos de determinada 
comunidade, a sua programação não 
precisa se limitar a abordagem exclusiva 
dos problemas. Você pode, por exemplo, 
inserir um conteúdo cultural, um horário 
de transmissão musical, entrevistas do 
campo do entretenimento, uma agenda 
cultural, anúncios de comerciantes locais, 
entre outras opçõesde quadros. Esse 
conteúdo que não está na agenda central 
do projeto, ou seja, o chamado conteúdo 
secundário, é muitas vezes considerado tão 
importante quanto o objeto central de seu 
projeto. Isso porque é no consumo daquilo 
que enquadramos como entretenimento 
que se dá a fidelização de um público. 
Um indivíduo social muitas vezes passa 
a consumir determinado conteúdo em 
razão daquilo que o agrada na relação com 
Unidade 2 • Comunicação Popular e Comunitária37/191
o veículo, ou seja, às vezes é aquela programação musical diária que faz com que você possa 
conquistar ouvintes que, posteriormente, se disponibilizarão a ouvir tudo o que você possa 
ter a dizer. Isso é um processo de conquista e, por assim ser, ele nunca é imediato. Isso faz com 
que você precise ter planejado seu projeto sabendo que para a resposta ideal é preciso tempo. 
Respeitar o tempo do receptor para que ele internalize a relação com determinado meio de 
comunicação é parte importante para o sucesso do projeto.
Para saber mais
Para criar uma emissora de rádio web você precisa apenas de um projeto bem elaborado, um 
computador, um software de captação e edição de som, um microfone e um endereço eletrônico para 
disponibilizar o conteúdo na internet. Há servidores que oferecem plataformas gratuitas para a criação 
de rádio web. Sobre a produção do conteúdo, uma forma fácil e rápida de aprender a utilizar softwares 
de captação e edição de sons é procurar por tutoriais em sites como o Youtube. Experimente.
Mas o que seria o conteúdo central de um projeto de comunicação comunitária? Há inúmeras 
possibilidades de pensarmos isso, porém podemos destacar necessidades cotidianas de uma 
determinada comunidade que, ao organizar um canal de comunicação, pode vir a ganhar voz 
Unidade 2 • Comunicação Popular e Comunitária38/191
em âmbito mais amplo na relação com o espaço social da cidade ou mesmo do país. Assuntos 
como o asfalto que está deteriorado em determinada rua, a necessidade de canalização de 
córrego, a violência, questões de saúde e campanhas educacionais, conteúdos de cunho de 
formação política, entre outros, podem estar em pauta como assuntos que protagonizam este 
processo. 
Lembre-se sempre: o campo da comunicação é fundamental para que possamos preservar a 
autonomia de determinado sujeito ou grupo social.
Os campos da comunicação e da informação são estratégicos na 
formação de sujeitos emancipados, conscientes de seus direitos e 
deveres e com instrumental para a realização de seus sonhos individuais 
e coletivos. (MORIGI; GIRARDI; ALMEIDA, 2011, p. 7)
1.3. Voz das Comunidades: um caso emblemático
Voz das Comunidades é um exemplo emblemático da força de um canal de comunicação 
Unidade 2 • Comunicação Popular e Comunitária39/191
comunitária. Criado por um garoto de nome Renê Silva, morador do Complexo do Alemão 
(um dos maiores complexos de favelas da zona norte do Rio de Janeiro/RJ) para atender a 
determinada necessidade local, ganhou enorme visibilidade na ocasião da ocupação policial 
do Complexo do Alemão em 2010, quando se iniciava o projeto de pacificação proposto pelo 
governo com a instalação de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) em morros ocupados pelo 
tráfico de drogas e considerados pontos estratégicos da cidade do Rio de Janeiro.
Link
Conheça o projeto Voz das Comunidades através do site: <http://www.vozdascomunidades.com.
br/>. Acesso em: 15 jul. 2015.
Para saber mais
O Complexo do Alemão é um conjunto de favelas localizado na zona norte do Rio de Janeiro que por 
muito tempo foi apontado como um dos espaços de maior violência da cidade. Sob o domínio do tráfico 
Unidade 2 • Comunicação Popular e Comunitária40/191
Renê Silva tinha começado seu primeiro 
projeto com um jornal de colégio que 
pretendia abordar as necessidades internas 
da sua escola. Ele, seu irmão e alguns 
amigos perceberam que o projeto surtia 
efeito e resolveram, juntos, criar um outro 
canal de comunicação que atendesse 
às demandas da comunidade em que 
moravam.
Com mais de dez anos de existência, o 
projeto Voz das Comunidades não é mais 
apenas um jornal impresso em papel 
A4. São 10.000 unidades mensais, um 
site e perfis seguidos por mais de 200 
mil pessoas nas principais redes sociais. 
O conteúdo oferecido diz respeito à 
realidade e às necessidades do Complexo 
do Alemão. Virou referência não apenas 
na comunidade, mas em toda a cidade 
e em outras localidades do mundo. 
Tornou-se um caso de estudos diversos. 
Provou a força da comunicação quando 
organizada de forma planejada e com 
sólidos objetivos. Atuam no projeto Voz da 
Comunidade apenas cinco colaboradores 
fixos. São noticiados fatos acontecidos 
de drogas por várias décadas, foi a partir de 2010, com o projeto de ocupação dos morros por Unidades 
de Polícia Pacificadora, que o espaço passou a receber investimentos públicos e ser visto como forte 
potencial turístico e de consumo. Vivem no Complexo do Alemão em torno de 70 mil pessoas.
Para saber mais
Unidade 2 • Comunicação Popular e Comunitária41/191
no contexto do Complexo, há estatísticas 
de violência e morte de moradores por 
confronto com policiais, tornando-se 
inclusive fonte de informação para grandes 
veículos de comunicação. Seu diferencial 
é o fato de falar de dentro da comunidade. 
Foi justamente isso que levou à criação 
do Voz das Comunidades. Renê desejava 
falar sobre a realidade do espaço em que 
morava com base em fatos e olhares de 
quem ali vive e convive, contrapondo-se a 
uma leitura superficial da grande mídia que 
olhava e assistia a tudo como quem vê de 
fora, de cima e com olhar estrangeiro.
Unidade 2 • Comunicação Popular e Comunitária42/191
Glossário
Comunicação comunitária: Comunicação comunitária pode ser definida de forma bastante 
simples. Trata-se de um processo de comunicação que ocorre a partir da participação e da 
organização de determinada comunidade.
Questão
reflexão
?
para
43/191
A partir do conteúdo apresentado nesta unidade, desenvolva 
uma ideia de projeto de comunicação comunitária que atenda 
a uma demanda do entorno de seu espaço de convívio, seja no 
contexto da região ou cidade onde reside, seja em ambiente 
profissional. Desenvolva um texto de uma lauda (uma página) 
que contextualize o ambiente escolhido, as demandas 
detectadas no ambiente e as ações planejadas para o 
desenvolvimento de um projeto de comunicação comunitária.
44/191
Considerações Finais
Comunicação comunitária é um campo de organização de grupos sociais que 
vislumbram a autonomia individual e coletiva do espaço geográfico atendido 
ou de dado grupo de organização social. 
Criar e promover canais de comunicação popular ou comunitária envolve 
planejamento, capacidade de gestão e reflexão constante sobre o campo da 
Comunicação. 
Aprofundar os estudos no campo da Comunicação possibilita a criação de 
projetos sólidos e de grande potencial social.
Conhecer histórias que se tornaram referências no campo nos ajuda a 
construir o olhar para um projeto particular ou coletivo no exercício de 
observação da experiência do outro.
Unidade 2 • Comunicação Popular e Comunitária45/191
Referências 
MORIGI, Valdir José; GIRARDI, Ilza Maria Tourinho; ALMEIDA, Cristovão Domingos (orgs.). 
Comunicação, informação e cidadania: refletindo práticas e contextos. Porto Alegre: Sulina, 
2011. 
KATZ, Helena; GREINER, Christine. Corpo e processo de comunicação. Revista Fronteiras 
– Estudos Midiáticos, 2001, v. III, n. 2, dezembro de 2001, p. 65-75. Disponível em: <www.
helenakatz.pro.br>. Acesso em: 15 jul. 2015.
46/191
Aula 2 - Tema: Comunicação Popular e 
Comunitária – Bloco I 
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
cd95a1183c6f8ada236120da2397c643>.Aula 2 - Tema: Comunicação Popular e 
Comunitária – Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
c917d8655f150d36e88b2e59cda8f13c>. 
Assista a suas aulas
47/191
1. Como podemos definir “comunicação de massa”?
a) Atualmente, utilizamos esse conceito para abarcar a ideia de uma comunicação mediada 
por grandes meios que possuem largo alcance e poder uniformizador.
b) É qualquer meio de comunicação que se utilize de suporte tecnológico.
c) É um conceito que não mais utilizamos, pois diz respeito ao momento histórico posterior à 
Revolução Industrial.
d) O único exemplo de comunicação de massa que temos na sociedade contemporânea é a 
televisão.
e) É a comunicação advinda de sinais digitais mediada pela internet.
Questão 1
48/191
2. O que engloba o conceito de comunicação comunitária?
a) É a comunicação que se dá dentro de um grupo social determinado e independente de 
organização ou de qualquer tipo de suporte ou canal de comunicação.
b) É a comunicação de massa do século XXI.
c) É um processo de comunicação dirigido por grandes meios para pequenas comunidades.
d) É um processo de comunicação que ocorre a partir da participação e da organização de 
determinada comunidade.
e) É a comunicação regional produzida por retransmissoras de sinal.
Questão 2
49/191
3. O que é uma rádio itinerante?
a) É uma emissora de rádio com várias retransmissoras regionais, por isso o conceito de 
itinerância.
b) É um sistema de transmissão de áudio realizado por um carro com sistema de som, por 
isso o conceito de itinerância.
c) É a única forma de comunicação comunitária de que temos notícias.
d) É um sistema de transmissão de áudio extremamente complexo que depende de mais de 
uma retransmissora para que atinja o espaço geográfico desejado.
e) Não existe rádio itinerante pois o rádio necessita de ambiente e tecnologia fixa, como é o 
caso da instalação de antenas de transmissão.
Questão 3
50/191
4. Há legislação que regule o campo da rádio comunitária no Brasil?
a) Não. Rádios comunitárias são sempre ilegais.
b) Não, há um campo de tensão entre redes legalizadas e rádios comunitárias e por isso não 
há legislação que abarque este campo.
c) Sim. Trata-se de lei que regula a radiodifusão comunitária.
d) Não. Rádios comunitárias são piratas.
e) Não. Mas há uma ação social que visa à aprovação de lei.
Questão 4
51/191
5. Por que a comunicação é considerada um campo primordial no proces-
so de emancipação do sujeito social?
a) Porque é através da comunicação que determinado grupo ou sujeito social tem acesso a 
meios de informação e de participação social. 
b) Porque o profissional de comunicação ganha reconhecimento público. 
c) Não é a comunicação, mas exclusivamente a educação a única área que pode gerar 
emancipação.
d) Porque a comunicação massifica.
e) Porque a comunicação cria discursos homogêneos que serão reproduzidos pela sociedade.
Questão 5
52/191
Gabarito
1. Resposta: A.
É um conceito formulado na primeira 
metade do século XX que se dispunha a 
abraçar o campo da comunicação surgido 
a partir da imprensa de massa. Atualmente, 
utilizamos esse conceito para falarmos de 
uma comunicação de largo alcance e de 
poder uniformizador, porém sempre com 
o cuidado de apontar que tal conceito 
não possui a mesma carga de significação 
histórica, em razão do desenvolvimento de 
novos tipos de suportes midiáticos, como a 
internet.
2. Resposta: D.
Com o uso de suportes midiáticos e 
ferramentas comunicacionais diversas, 
uma comunidade pode organizar uma 
forma particular de comunicar por meio 
de canais de comunicação que atendem a 
determinada demanda social.
3. Resposta: B.
É um sistema de transmissão de áudio 
que se dá de forma bastante simples: um 
automóvel que transporte um sistema de 
som externo e circule por determinada 
região, transmitindo a programação.
4. Resposta: C.
A Lei nº 9.612/1998 trata do campo 
de regulamentação da Radiodifusão 
Comunitária.
53/191
5. Resposta: A.
O campo da comunicação, se democrático, 
garante acesso à informação e estabelece 
parâmetros de participação social em 
processos comunicacionais. É essencial 
que a sociedade seja não só receptora, 
mas emissora de mensagens no campo 
da Comunicação para que haja um 
empoderamento do sujeito social.
Gabarito
54/191
Unidade 3
Conceito de Comunicação. Filosofia da Linguagem. Fundamentos da Comunicação Popular e 
Comunitária
Objetivos
1. Compreender a epistemologia da palavra 
“comunicação”.
2. Conhecer os elementos básicos dos estudos 
da linguagem. 
3. Refletir sobre a importância do conhecimento 
teórico no campo da comunicação para 
melhor aproveitamento das ferramentas e da 
prática comunicacional.
Unidade 3 • Conceito de Comunicação. Filosofia da Linguagem. Fundamentos da Comunicação Popular e Comunitária55/191
Introdução
No contexto dos estudos da comunicação comunitária há um necessário entendimento da 
etimologia do conceito de Comunicação.
O termo “comunicação” traz em sua raiz a representação simbólica da ideia de comunidade, 
pois trata-se de palavra de origem latina, derivada do termo “communicare”, que traz em sua 
significação a ideia de partilhar ou tornar comum alguma coisa. 
Isso significa dizer que o ato de comunicar subentende em sua raiz a ideia de partilhar 
conhecimento ou informação. Quem comunica, compartilha uma ideia, seja ela qual for. E o 
que está na base da ideia de comunidade? Comunidade seria o espaço do compartilhamento 
comum de experiências. Olhe aí a ideia de “compartilhar” também na raiz do que entendemos 
por comunidade. Há diálogo entre o uso que fazemos de ambos os conceitos.
Para saber mais
Comunidade é palavra que deriva do termo em latim “communitas”, que tem por objetivo definir aquilo 
que é comum a determinado grupo. É aquilo que nos identifica, é aquilo que partilhamos em comum. 
Unidade 3 • Conceito de Comunicação. Filosofia da Linguagem. Fundamentos da Comunicação Popular e Comunitária56/191
Diante desta introdução, vale dizer que 
se tornam também fundamentais os 
estudos que envolvem a linguagem, afinal 
a linguagem é o instrumento principal 
de qualquer processo de comunicação 
humana.
1.1. Uma sucinta passagem 
pelo campo da Filosofia da Lin-
guagem
Há diversos caminhos acadêmicos para nos 
aprofundarmos no campo da linguagem, 
porém dentro da proposta de estudos 
aqui apresentada, algumas de nossas 
possibilidades são abraçadas pelo campo 
de estudos da Filosofia da Linguagem.
Trata-se de um campo filosófico que estuda 
essencialmente os fenômenos linguísticos, 
levando em conta, primordialmente, o 
contexto na aplicação da linguagem. 
Complexo? Vamos simplificar isso.
Para saber mais
Podemos considerar que os estudos da Filosofia 
da Linguagem surgiram ainda na Grécia Antiga, 
com Platão e Aristóteles. O campo da Filosofia 
da Linguagem é apontado por muitos estudiosos 
modernos como um dos principais campos 
para a compreensão dos fenômenos filosóficos 
porque compreende o estudo da linguagem, que 
seria a expressão ou forma que damos às ideias e 
crenças. 
Unidade 3 • Conceito de Comunicação. Filosofia da Linguagem. Fundamentos da Comunicação Popular e Comunitária57/191
Quando pensamos em linguagem, 
falamos da relação entre seres vivos 
e, especificamente, da nossa relação 
enquanto seres humanos. É a linguagem 
um suporte de comunicação básico 
para que as relações humanas possam 
acontecer.
O ser humano, aliás, é considerado o ser 
vivo que desenvolveu os mais complexos 
códigos de comunicação. Estes códigos 
fazem parte justamente do estudo da 
linguagem. É preciso reforçar que existemais de um tipo de linguagem e não 
apenas a verbal (oral ou textual). O texto é 
apenas um dos suportes da linguagem. 
Podemos falar de linguagem não verbal 
(visual) porque os símbolos e as imagens 
também comunicam. Você já pensou no 
quanto os símbolos exprimem textos 
que geram em nós a compreensão da 
mensagem? Um semáforo vermelho nos 
Para saber mais
Há interessantes discussões acerca dos estudos 
da linguagem no campo da comunicação 
televisiva. A televisão se utiliza de linguagem 
verbal, porém são fortes o apelo e as estratégias 
de uso de linguagem não verbal, uma vez que 
o meio audiovisual potencializa o uso do corpo 
como instrumento de comunicação para além da 
fala. Na televisão, tudo no corpo comunica. 
Unidade 3 • Conceito de Comunicação. Filosofia da Linguagem. Fundamentos da Comunicação Popular e Comunitária58/191
diz “pare” sem precisar falar ou escrever 
em letras de forma, uma placa de trânsito 
nos fala o que devemos, podemos ou 
não podemos fazer diante dela, e placa 
não fala, mas sinaliza, simboliza o texto 
que é apreendido a partir do repertório 
adquirido. 
Podemos falar ainda, quando o assunto 
é linguagem não verbal, daquilo que 
convencionamos chamar de linguagem 
corporal, afinal nosso corpo comunica. Em 
contato com o ambiente emitimos uma 
série de informações que o transformam, 
porém somos também o tempo todo 
transformados por ele pois recebemos 
informações do ambiente externo que 
influem na percepção deste corpo no 
espaço numa relação tensionada entre 
corpo e ambiente.
1.2. Uma interpretação social 
da palavra
Diante disso, fica claro que aqui não nos 
interessa simplesmente o significado literal 
de determinado grupo de palavras. Para 
essa compreensão, temos os dicionários.
O que interessa para o campo da Filosofia 
da Linguagem é, por exemplo, o significado 
que uma palavra adquire em determinados 
contextos. O estudo da filosofia nos leva 
a um olhar que torna mais complexa a 
relação entre palavra e significado. É 
preciso compreender qual a carga de 
significações de determinada palavra em 
cada grupo social que a expressa. Essa 
variação de significação não acontece 
apenas de um grupo para o outro, mas 
também de um território para outro, de 
Unidade 3 • Conceito de Comunicação. Filosofia da Linguagem. Fundamentos da Comunicação Popular e Comunitária59/191
uma cultura para outra, enfim, há palavras que ganham carga de significação diferente daquela 
que pode ser exprimida na compreensão de um termo consultado em qualquer dicionário. 
O que importa aqui é a relação da palavra com o campo social. Difícil? Diria: “filosófico”. E 
por que nos importa isso? Porque é a comunidade que imprime legitimidade a um processo 
comunicacional.
Link
Veja a entrevista concedida por John Searle, da Universidade da Califórnia, em que explica os conceitos 
básicos do campo da Filosofia da Linguagem: <www.revel.inf.br/files/entrevistas/revel_8_
entrevista_john_searle.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2015.
1.3. A linguagem, a comunidade e a importância do repertório como re-
presentação política de uma comunidade
Diante do exposto, torna-se ainda mais complexo o estudo do campo da comunicação 
comunitária. É preciso que saibamos fazer escolhas a partir de um repertório de informações 
Unidade 3 • Conceito de Comunicação. Filosofia da Linguagem. Fundamentos da Comunicação Popular e Comunitária60/191
necessárias. Não é apenas a necessidade 
de comunicação que envolve um processo 
como este. É preciso que consigamos 
enxergar todas as variáveis do processo 
comunicacional para que possamos 
posteriormente potencializar a capacidade 
comunicacional de nossos projetos de 
comunicação popular e comunitária.
Quanto mais aprofundarmos o olhar para 
o campo dos estudos da comunicação, 
maiores se tornam as chances de 
potencializarmos o nosso projeto de 
comunicação comunitária. Se soubermos 
compreender o campo de estudos, 
fazer uso do conhecimento adquirido, 
nos espelharmos em ações de terceiros 
e perceber a íntima relação entre 
comunicação e estudos sociais, teremos 
em mãos um cabedal de conhecimentos 
pronto para ser traduzido em práticas 
efetivas.
É preciso compreender a máxima 
já afirmada anteriormente de que 
comunicação é poder. O conhecimento 
dos mecanismos e dos estudos do campo 
nos torna sujeitos mais aptos a lidar com 
o campo social. Saber e compreender o 
poder da comunicação midiática, que 
em processos de repetição e imitação 
formam, moldam e medeiam as relações 
sociais, torna o pesquisador autônomo e 
emancipado.
Há um elemento social preponderante 
para entendermos a relação com os meios 
de comunicação em nosso país. Foi-nos 
ensinada, por décadas, uma relação de 
Unidade 3 • Conceito de Comunicação. Filosofia da Linguagem. Fundamentos da Comunicação Popular e Comunitária61/191
confiança com os meios. Temos como 
verdade tudo o que é transmitido por 
canais de comunicação. Quanto maior 
a influência do veículo de comunicação, 
maior é a nossa relação de subordinação 
àquela verdade aparente.
Vale destacar aqui mais dois conceitos: 
o conceito de meio de comunicação e o 
conceito de veículo de comunicação. Você 
percebe diferenças? Meio de comunicação 
é o tipo de suporte ou canal (por exemplo: 
televisão, rádio, internet). Já o veículo 
de comunicação é a empresa, grupo ou 
instituição que veicula a informação ou 
mensagem comunicacional (por exemplo, 
no meio televisivo, podemos citar os 
veículos Globo, SBT, Record, Bandeirantes 
etc.).
Diante da reflexão acerca desta relação 
de dependência que os veículos de 
comunicação despertam em nós, torna-
se possível também percebermos que a 
Comunicação, dentro de nosso contexto 
cultural, é um campo de regulação social e 
de fortes tensões políticas. 
Nesse caminho de análise torna-se ainda 
possível pensarmos sobre as diferenças 
diante da recepção das mensagens 
midiáticas. Há um enorme campo de 
variáveis para essa análise. Dentre as 
informações básicas sobre o público que 
recebe determinado tipo de mensagem 
podemos pensar em classificações simples, 
como faixa etária, classe social, sexo e nível 
de escolaridade. Porém, é preciso levar em 
conta, nessa leitura, elementos geográficos 
Unidade 3 • Conceito de Comunicação. Filosofia da Linguagem. Fundamentos da Comunicação Popular e Comunitária62/191
ou regionais e culturais.
Aproximando essa análise do campo do estudo da linguagem, há uma série de exemplos de 
ações publicitárias veiculadas em nível nacional que tiveram problemas em determinadas 
regiões com relação ao vocabulário veiculado. Um exemplo emblemático foi o comercial 
de lançamento de uma nova marca de cervejas em que o texto dito pelo ator iniciava com 
uma exclamação “Caraca!”. “Caraca” é uma gíria muito utilizada em determinados espaços 
geográficos do Brasil. No Rio de Janeiro, por exemplo, é cotidianamente ouvida no jeito de falar 
do carioca. Em São Paulo, é compreendida, mas não é tão usual. Porém, em algumas localidades 
do Norte e Nordeste brasileiros essa é uma palavra de significação pejorativa. O comercial 
da cerveja precisou ser suspenso pelo CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação 
Publicitária) e refeito porque o que era para vender um novo produto virou motivo de rejeição 
ao novo produto. Diante desse exemplo é possível perceber o quanto é sutil a fórmula de 
sucesso de um processo de comunicação. As variáveis são inúmeras e o cuidado é (e deve ser 
sempre) constante.
Link
Acesse este e outros casos no site do CONAR: <http://www.conar.org.br/>. Acesso em: 15 jul. 2015.
Unidade 3 • Conceito de Comunicação. Filosofia da Linguagem. Fundamentos da Comunicação Popular e Comunitária63/191
Glossário
Etimologia – estudo da origem ou história das palavras.
Questão
reflexão
?
para
64/191Faça uma reflexão e anote pelo menos três palavras que você usa 
em seu dia a dia e que ganharam nova significação no contexto 
contemporâneo. Pesquise o significado das palavras em dicionário 
e depois explique o uso e a significação que ela assume hoje em 
seu contexto social. Exemplo: “Irado” era alguém muito bravo, 
furioso. Hoje, entre jovens, essa palavra assume a significação de 
algo extremamente interessante, legal, genial. 
65/191
Considerações Finais
A palavra “comunicação” traz em seu conceito raiz a ideia de partilhar, assim 
como o conceito de “comunidade”. Isso nos faz perceber que esses campos 
estão intimamente ligados, apesar de algumas vezes nos serem apresentados 
como campos de conflito e oposição.
O estudo da linguagem e a compreensão do campo da Filosofia da Linguagem 
são questões primárias e fundamentais para uma melhor interação com o 
campo da Comunicação. 
É preciso compreender a significação que uma palavra assume em 
determinado contexto social para potencializar ações comunicacionais. 
Unidade 3 • Conceito de Comunicação. Filosofia da Linguagem. Fundamentos da Comunicação Popular e Comunitária66/191
Referências 
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
HALL, Stuart. Codificação Decodificação. In: Da diáspora: identidades e mediações culturais. 
Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
MARTÍN-BARBERO, J. Globalização comunicacional e transformação cultural. In: MORAES, D. 
de. (Org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro: Record, 2003.
67/191
Aula 3 - Tema: Conceito de Comunicação. 
Filosofia Da Linguagem. Fundamentos Da 
Comunicação Popular e Comunitária – Bloco I 
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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Aula 3 - Tema: Conceito de Comunicação. 
Filosofia Da Linguagem. Fundamentos Da 
Comunicação Popular e Comunitária – Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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Assista a suas aulas
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1. Qual é especificamente o campo de estudos que se preocupa com o es-
tudo e a compreensão da linguagem no âmbito das relações sociais?
a) Língua Portuguesa.
b) Sociologia.
c) Psicologia.
d) Filosofia da Linguagem.
e) Comunicação.
Questão 1
69/191
2. Por que dizemos que nos estudos da Filosofia da Linguagem é mais im-
portante a compreensão da significação da palavra em contexto social do 
que de seu significado junto aos dicionários de língua portuguesa?
a) Porque a Filosofia da Linguagem estuda o campo das ciências sociais e não da língua 
portuguesa.
b) Porque a Filosofia da Linguagem é um campo de estudo da história da filosofia apenas.
c) Esta afirmação está incorreta. A filosofia da linguagem estuda o significado da palavra 
assim como consta em dicionário.
d) Porque a Filosofia da Linguagem estuda a língua portuguesa.
e) Porque a Filosofia da Linguagem leva em conta o contexto na aplicação da linguagem.
Questão 2
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3. O que é linguagem verbal e linguagem não verbal, respectivamente?
a) Linguagem verbal é o texto e linguagem não verbal é a fala.
b) Linguagem verbal é a fala e linguagem não verbal é o texto.
c) Linguagem verbal é a oratória e linguagem não verbal é a retórica.
d) Linguagem verbal é a linguagem oral ou textual e a linguagem não verbal é a visual.
e) Não existe distinção entre linguagem verbal e não verbal.
Questão 3
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4. Qual é a relação na raiz da significação dos termos “comunicação” e “co-
munidade”?
a) Comunicação deriva do termo em latim “communicare”, que tem em sua raiz a ideia de 
partilhar, tornar comum, assim como o conceito de comunidade, que também compreende 
aquilo que é comum a determinado grupo.
b) Comunicação deriva de “communitas” e comunidade deriva de “communicare”.
c) Comunicação tem em sua raiz a ideia daquilo que é comum ao grupo e comunidade traz 
em sua raiz a ideia de compartilhar.
d) Não há relação de significado na raiz dos termos comunicação e comunidade.
e) Tanto um termo quanto o outro falam daquilo que nos torna diferentes em determinado 
grupo, por isso a necessidade de diálogo mediado pela comunicação.
Questão 4
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5. O que é etimologia?
a) Estudo social da palavra.
b) Estudo da origem ou história das palavras.
c) Estudo social da língua.
d) É o campo de estudos da comunicação.
e) É o campo de estudos da comunicação comunitária.
Questão 5
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Gabarito
1. Resposta: D.
Há diversos campos acadêmicos que 
tratam do estudo da linguagem, porém 
é a Filosofia da Linguagem que se 
preocupa com os estudos sociais aliados 
à compreensão do uso de determinada 
linguagem em um dado contexto social.
2. Resposta: E. 
Quando pensamos em linguagem, 
falamos da relação entre seres vivos que 
se comunicam por meio da linguagem por 
isso é preciso compreender qual a carga 
de significações de determinada palavra 
em cada grupo social que a expressa. 
Essa significação está além do significado 
formal expresso em um dicionário. Trata-
se da compreensão da relação social de 
determinado grupo com a palavra.
3. Resposta: D.
Linguagem verbal é o uso do texto ou 
da fala como forma de comunicação. 
Linguagem não verbal é o uso de imagens, 
símbolos, expressões corporais, gestos, 
entre outros, como forma de comunicação.
4. Resposta: A.
Comunidade deriva de “communitas”, 
que tem por objetivo definir aquilo que é 
comum a determinado grupo. É aquilo que 
nos identifica e é aquilo que partilhamos 
em comum. Já Comunicação deriva do 
74/191
termo em latim “communicare”, que tem 
em sua raiz a ideia de partilhar, tornar 
comum.
5. Resposta: B.
É parte dos estudos da gramática que trata 
da história e da origem das palavras.
Gabarito
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Unidade 4
Participação. Meio de Comunicação. Democratização da Comunicação.
Objetivos
1. Compreender como se dá a participação em 
processos de comunicação.
2. Refletir sobre como mudanças tecnológicas 
alteram a relação do sujeito social com os 
meios de comunicação. 
3. Refletir sobre a importância do debate a 
respeito da democratização da comunicação. 
Unidade 4 • Conceito de Democracia Participativa76/191
Introdução
No contexto contemporâneo, os estudos da comunicação comunitária ganham, a cada 
dia, maior importância. O processo de participação popular nos campos social e político 
é diariamente fortalecido. A participação na produção de conteúdos em processos 
comunicacionais ditos “alternativos” se faz cada dia mais presente e essas movimentações 
e organizações populares ganham um importante e significativo espaço no campo da 
comunicação.
O processo de comunicação democrática subentende o direito à relação não apenas de 
receptor de conteúdo, mas também do produtor e do disseminador de mensagens e ideias. Faz 
parte de um contexto democrático o direito a “poder dizer”, além do direito de “poder receber” 
(ouvir e ver).
Comunicar-se está para nós no campo daquilo que nos é garantido por direito, há também 
a responsabilidade diante daqueles para quem comunicamos algo. É preciso refletir sobre a 
responsabilidade de quem assume o papel de comunicador. 
Quando se estuda jornalismo, por exemplo, muito se fala sobre a necessidade primordial de que 
o jornalista se mantenha sempre imparcial diante da notícia. Quando se estuda publicidade, 
muito se fala sobre os valores éticos e morais que precisam ser cuidadosamente preservados 
para que não ultrapassemos limites em nome das estratégias que têm por objetivo o incentivo 
Unidade 4 • Conceito de Democracia Participativa77/191
ao consumo. Porém, vale aqui uma 
reflexão sobre os campos de atuação dojornalista e do publicitário. No Brasil, será 
mesmo que essas premissas básicas são 
constantemente respeitadas? É fato que 
não. Há muitos outros interesses políticos 
e econômicos em jogo nas relações 
empresariais que envolvem o campo da 
comunicação em nosso país.
1.1. Planejar e compreender es-
tratégias para ter e dar acesso
É preciso que procuremos compreender 
todos os elementos que cercam o campo 
da comunicação para que possamos atuar 
de forma mais efetiva. Pesquisar, planejar 
e analisar estratégias existentes com o 
intuito de fazer as melhores escolhas 
durante o desenvolvimento de um projeto 
de comunicação comunitária é essencial 
para o sucesso. 
O planejamento envolve um olhar 
específico sobre os objetivos e a prática 
comunicacional escolhida. O que se 
deseja comunicar? Para quem se deseja 
comunicar? Com qual intuito você deseja 
comunicar? Onde você pretende chegar? 
Ou quais resultados pretende alcançar? 
Do que você precisa para atingir seus 
objetivos? Qual o investimento de tempo 
e financeiro para que possa atingir tais 
objetivos? Quem você precisa ter ao 
seu lado para desenvolver as atividades 
necessárias? Quais são as leis que regem 
a área de atuação em que você pretende 
Unidade 4 • Conceito de Democracia Participativa78/191
empreender? Com o que ou quem você vai 
concorrer? Quais as histórias anteriores 
que você pode ter como referências de 
acertos e de erros na área de seu projeto?
Como vê, são muitas as perguntas a serem 
elaboradas e respondidas. Há uma fala 
comum no campo da educação que diz que 
mais importante do que saber respostas 
é saber formular as perguntas corretas. E 
como você pode saber quais as questões 
que envolvem a área de atuação de seu 
projeto de comunicação comunitária? 
A resposta é simples: estudando, 
pesquisando, analisando e ouvindo. Aliás, 
no campo da comunicação é importante 
saber se comunicar, mas é extremamente 
importante saber ouvir.
1.2. A participação e a demo-
cratização da Comunicação
Participação é direito do cidadão em uma 
relação social de base democrática. Porém, 
a participação é um comportamento 
Para saber mais
Há uma pequena história do escritor Rubem 
Alves sobre a nossa incapacidade de ouvir que 
exemplifica bem o quanto o aprendizado de 
ouvir o outro é essencial. Acesse pela internet a 
crônica Escutatória (que faz parte do livro O amor 
que acende a lua, de sua autoria). Nesta crônica, 
Rubem Alves inicia sua provocação filosófica 
dizendo que todo mundo quer aprender a falar, 
mas ninguém quer aprender a ouvir. 
Unidade 4 • Conceito de Democracia Participativa79/191
que precisa ser ensinado e exercitado. 
Culturalmente, no Brasil, exercitamos 
muito pouco nosso direito à participação. 
Historicamente não temos uma boa 
relação com a cultura participativa. Talvez 
seja por causa dos anos que passamos sob 
um regime militar que arrancou à força os 
nossos direitos. Talvez seja por que somos 
mesmo uma democracia ainda jovem. 
Talvez sejam essas e sejam outras variáveis, 
como a estrutura frágil de educação que 
ainda temos no país ou a hegemonia de 
um sistema de comunicação que defende 
quase exclusivamente os interesses 
privados. 
São muitas as leituras, são inúmeros os 
debates no campo acadêmico, mas são 
poucas as certezas com relação à origem 
do problema. Quais os motivos de nossa 
dificuldade e de nossa indisponibilidade 
para a solidificação da relação participativa 
e política na sociedade? Pense em você 
mesmo e reflita. Por que você se dispõe a 
uma participação política tão pequena em 
seu cotidiano? 
Para muitos cidadãos brasileiros, a única 
ação no campo da participação política é o 
voto, que só se dá por ser obrigatório. E por 
que o voto, que é um direito, se mantém 
ainda obrigatório? Estamos engatinhando 
no campo democrático e há muito a 
aprendermos sobre a nossa força e sobre 
as formas de participação dentro de um 
contexto efetivamente democrático. É 
preciso que nos façamos cada vez mais 
presentes diante das decisões de cunho 
Unidade 4 • Conceito de Democracia Participativa80/191
político e social no país. Só assim haverá 
possibilidade de efetivas mudanças.
Podemos afirmar que a internet nos tirou 
da posição cômoda de apenas “receber” 
aquilo que nos era ofertado no campo da 
comunicação. A relação cotidiana com a 
internet fez com que desenvolvêssemos 
um comportamento mais participativo. 
Agora desejamos mesmo é ter preservado 
o nosso direito a interagir. 
É nesse contexto que muita coisa à nossa 
volta rapidamente se altera e, dentre 
outros temas, começamos a adotar 
para nós mesmos discussões como a 
que chamamos de “democratização da 
comunicação”.
1.3. A democratização da mídia 
Mas afinal, o que é essa conversa sobre 
a “democratização da mídia”? Há algum 
tempo a sociedade e o governo vêm 
discutindo sobre a necessidade de repensar 
as leis que regulam a área midiática no 
Brasil. Assunto polêmico e duramente 
combatido por grandes empresas do 
ramo da comunicação que, muitas 
vezes de forma tendenciosa, noticiam 
discussões acerca do tema como tentativas 
governistas de censurar o sistema de 
comunicação brasileiro. 
Trata-se de um assunto polêmico, mas 
essencial de ser debatido. O projeto de lei 
que ficou conhecido como “Nova Lei de 
Meios” ou “Projeto de Regulamentação 
Unidade 4 • Conceito de Democracia Participativa81/191
da Mídia” está disponível na internet para 
que possamos acessá-lo com facilidade. 
Porém, diante desse novo comportamento 
de participação que temos desenvolvido, 
ainda não aprendemos a lidar com a 
sensação de que a verdade absoluta é 
sempre noticiada por grandes meios de 
comunicação. Nos mantemos em nossa 
cômoda posição de receber a informação 
pronta e apenas compartilhá-la com um 
clique.
Diante dos estudos do campo da 
Comunicação, faz-se necessário e urgente 
que descortinemos tudo o que nos embaça 
o olhar e nos disponibilizemos a procurar 
por mais de uma fonte de pesquisa.
É exercício cotidiano saber que uma notícia 
nunca deve ser apresentada apenas 
por um lado da situação. É preciso que 
tenhamos acesso a mais de uma visão 
sobre determinado fato. E assim como 
procuramos por notícias que tenham 
olhares múltiplos sobre o fato e que visem 
realmente informar (e não confundir), 
torna-se necessário que nos proponhamos 
a olhar também criticamente para os meios 
de comunicação. Se assim o fizermos, 
nossa primeira necessidade será a de 
procurar por fontes diversas. Uma mesma 
notícia nos é apresentada de forma 
completamente diferente se a analisarmos 
em diferentes veículos. 
Mas voltemos a reflexão sobre o projeto de 
lei que se propõe a democratizar a mídia. 
O que há de democratização na proposta 
dessa lei? E o que há de censura, como 
Unidade 4 • Conceito de Democracia Participativa82/191
afirmam alguns veículos de comunicação? 
A ideia de democratizar a mídia está 
explicitada como uma desarticulação de 
indivíduos que ocupam cargos políticos 
e que são, ao mesmo tempo, donos de 
empresas midiáticas. Muitos de nossos 
políticos hoje são donos de canais 
de televisão, de jornais impressos, de 
emissoras de rádio, entre outros meios. 
A proposta primordial apresentada por 
esse projeto de lei é a de que um político 
passará, a partir da aprovação da lei, a não 
mais poder exercer cargo político e ser, 
ao mesmo tempo, dono de um veículo de 
comunicação. Imagine-se dono de uma 
emissora de rádio em sua cidade. Você 
se elege vereador e, em dado momento 
de sua carreira, vê seu nome envolvido 
em um escândalo qualquer. Imagine-se 
então culpado de determinado ato ilícito. 
Perguntamos: sua emissora estará acima 
de seus interesses e irá, como outros 
veículos isentos, noticiar os fatos ou 
primará por defendê-lo publicamentede 
tais acusações em nome daquilo que se 
noticia como “verdade”? É fato que há aí 
um grande conflito de interesses, não é? 
É na premissa básica de que o campo da 
Comunicação no Brasil não é um espaço 
de interesse privado (e sim de interesse 
público) que a nova lei vem se pautando. 
Aliás, você sabia que uma emissora não é 
uma empresa privada? Emissoras de rádio 
e televisão são concessões públicas e, por 
isso mesmo, devem atender ao interesse 
público na mesma proporção que atendem 
Unidade 4 • Conceito de Democracia Participativa83/191
ao interesse do proprietário de determinada empresa midiática. Este é um outro ponto que 
pretende garantir a nova lei: que as cotas de programação sejam equilibradamente divididas 
para atender aos interesses sociais (com programação do campo social e comunitário), aos 
interesses públicos de governo (com conteúdo estatal) e aos interesses privados do detentor do 
direito de transmissão (o “dono” da emissora).
Link
Para saber mais sobre o que envolve o conceito de concessão pública para rádio e TV, acesse o artigo: 
<https://www.cartacapital.com.br/sociedade/radio-e-tv-no-brasil-uma-terra-sem-lei-8055.
html>. Acesso em: 15 jul. 2015.
Outra proposta é acabar com aquilo que se chama de “propriedade cruzada”. Propriedade 
cruzada diz respeito aos grandes conglomerados de mídia e essa é uma das características do 
campo das comunicações no Brasil. Esse projeto de lei mexe em grandes forças políticas e por 
isso não foi levado à frente até para que possamos vislumbrar a sua aprovação. E se mantém 
apenas como um projeto. 
Unidade 4 • Conceito de Democracia Participativa84/191
Entretanto, quem nos diz que é um projeto 
que visa censurar a imprensa brasileira? É 
preciso que façamos o exercício constante 
de procurar entender qual é o espaço do 
emissor da mensagem. Que interesses há 
por trás de algumas falas disseminadas 
pelo campo midiático? Quem fala? Para 
quem é dito? São questões que devemos 
ter em mente para que possamos começar 
a exercitar a capacidade crítica diante 
do campo da comunicação e só assim 
poderemos ampliar horizontes e conquistar 
apoio para as mudanças necessárias em 
um espaço daquilo que é possível (não 
apenas como um sonho distante). 
Ao acessar o projeto da “Nova Lei de 
Meios” é possível verificar que não há, em 
nenhum de seus artigos, propostas que 
Para saber mais
O conceito de propriedade cruzada no 
contexto do estudo das novas propostas 
de regulamentação da mídia diz respeito à 
concentração de poder de algumas empresas e 
conglomerados midiáticos diante de diferentes 
meios de comunicação (uma mesma empresa 
é detentora de poder diante de um número 
X de emissoras e retransmissoras de sinal 
de televisão, de rádio etc.). O artigo 220 da 
Constituição Brasileira proíbe os monopólios e 
oligopólios diretos e indiretos, porém no Brasil o 
direito à exploração dos meios de comunicação 
que servem ao país está nas mãos de poucas 
famílias que detêm o poder de uma gama variada 
de veículos de comunicação de largo alcance. 
Unidade 4 • Conceito de Democracia Participativa85/191
visem censurar o conteúdo veiculado pela empresa midiática. O que há é uma proposta de 
maior equilíbrio na programação e de maior participação social com a criação de conselhos 
consultivos. 
Para saber mais
Um conselho consultivo é formado por representantes da sociedade civil e têm por objetivo 
recomendar, sugerir, orientar e fiscalizar as ações do Estado. Existem também outros tipos de 
conselhos, como o normativo e o deliberativo, com outras atribuições que não vêm ao caso no contexto 
apresentado.
Democratizar os meios de comunicação é um processo político que exige esforço e pressão 
popular porque é uma briga com grandes e conservadoras forças políticas. Mas é essencial que 
se faça. Países de diversas partes do mundo já o fizeram. 
A lei que regula o campo das Telecomunicações no Brasil é antiga. Data da década de 1960. 
Nascida no contexto da Ditadura, é uma lei que precisa urgentemente ser revisitada.
Unidade 4 • Conceito de Democracia Participativa86/191
Link
O texto da lei que regula o campo das Telecomunicações no Brasil (Lei nº 4.117/1962) pode 
ser acessado por meio do endereço eletrônico: <http://presrepublica.jusbrasil.com.br/
legislacao/91626/codigo-brasileiro-de-telecomunicacoes-lei-4117-62>. Acesso em: 15 jul. 
2015.
Glossário
Democratizar: Democratizar significa dar acesso. A ideia é que o espaço para o conteúdo 
nacional possa ser preservado nos meios de comunicação. Também está no projeto o 
fortalecimento da comunicação do Estado através das emissoras educativas e dos meios de 
comunicação comunitários. A ideia é que se consiga uma melhor distribuição das concessões 
públicas para que tenhamos uma balança mais equilibrada no que diz respeito aos espaços de 
comunicação do Estado, da iniciativa privada e das comunidades. 
Questão
reflexão
?
para
87/191
Escolha uma notícia recente e significativa do campo 
político brasileiro e faça um exercício de análise 
comparativa da veiculação dos fatos em pelo menos 
três veículos de comunicação distintos. Não utilize 
veículos diferentes de uma mesma organização. 
Desenvolva um texto em que aponte as semelhanças e 
diferenças na veiculação da notícia e conclua com uma 
análise pessoal.
88/191
Considerações Finais
A comunicação, por ser um espaço de poder, é sempre um campo de tensões 
de forças e interesses políticos. É preciso cuidado ao se relacionar com o 
conteúdo oferecido por grandes canais de comunicação.
Questionar e exercitar o olhar para mais de uma fonte de informação se faz 
necessário para a construção de uma postura crítica em relação ao campo 
social e da comunicação.
As discussões acerca do tema da democratização do acesso à comunicação 
são campos de disputa e por isso o projeto de lei que visa democratizar o 
acesso aos meios de comunicação e preservar a veiculação de conteúdos de 
interesse público se mantém há vários anos parado no Congresso. 
Unidade 4 • Conceito de Democracia Participativa89/191
Referências
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
HALL, Stuart. Codificação Decodificação. In: Da diáspora: identidades e mediações culturais. 
Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
MARTÍN-BARBERO, J. Globalização comunicacional e transformação cultural. In: MORAES, D. 
de. (Org.). Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro: Record, 2003.
90/191
Aula 4 - Tema: Participação. Meios 
de Comunicação. Democratização da 
Comunicação – Bloco I
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/2810e096ac6ccd133e73331e470f89ad>.
Aula 4 - Tema: Participação. Meios 
de Comunicação. Democratização da 
Comunicação – Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
a60175f6532629a66cfed4815857946a>. 
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1. O que seria uma comunicação democrática?
a) É o campo de comunicação de um país democrático.
b) Não existe comunicação que não seja democrática.
c) É uma comunicação que tem por base o direito à verdade, à informação para todos e que 
compreende o direito para além daquele que recebe a mensagem, mas dá direito ao sujeito 
social de também produzir a mensagem e veiculá-la.
d) É o campo da comunicação que se desenvolve em países democráticos e que é mediado 
por grandes grupos midiáticos. 
e) É a comunicação que se faz por grandes grupos midiáticos em nosso país, o Brasil.
Questão 1
92/191
2. O que significa dizer que meios de comunicação são concessões 
públicas?
a) São autorizações do Estado para que empresas explorem o mercado com objetivo 
mercantil, como qualquer

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