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Práxis da Gestão Social: Instrumentos de Gestão, Monitoramento e Avaliação e Lógica de Financiamento W B A 0 13 7_ V 1. 0 2/234 Práxis da Gestão Social: Instrumentos de Gestão, Monitoramento e Avaliação e Lógica de Financiamento Autor: Marcelo de Almeida Como citar este documento: ALMEIDA, Marcelo de. Práxis da Gestão Social: Instrumentos de Gestão, Monitoramento e Avaliação e Lógica de Financiamento. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2015. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: Conceituação e Implementação do Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) 06 Assista a suas aulas 21 Unidade 2: Processos para Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) 28 Assista a suas aulas 47 Unidade 3: Eixos Estruturantes para a Gestão e o Controle Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) 55 Assista a suas aulas 73 2/234 3/2343 Unidade 4: Instrumentos e Responsabilidade dos Atores Sociais no Monitoramento e Avaliação da Política de Assistência Social 80 Assista a suas aulas 100 Unidade 5: Tendências na Gestão Local na Perspectiva do Sistema Único de Assistência Social (SUAS): Parte I 107 Assista a suas aulas 132 Unidade 6: Tendências na Gestão Local na Perspectiva do Sistema Único de Assistência Social (SUAS): Parte II 139 Assista a suas aulas 158 Sumário Práxis da Gestão Social: Instrumentos de Gestão, Monitoramento e Avaliação e Lógica de Financiamento Autor: Marcelo de Almeida Como citar este documento: ALMEIDA, Marcelo de. Práxis da Gestão Social: Instrumentos de Gestão, Monitoramento e Avaliação e Lógica de Financiamento. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2015. 4/2344 Unidade 7: Instrumentos de Gestão no Sistema Único de Assistência Social (SUAS): Plano de Assistência Social. Lei Orçamentária. Relatório Anual de Gestão. Instâncias de Articulação, Pactuação e Deliberação 165 Assista a suas aulas 187 Unidade 8: Aplicativos de Rede e Habilitação no Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Usuários dos Serviços Tipificados 195 Assista a suas aulas 225 Sumário Práxis da Gestão Social: Instrumentos de Gestão, Monitoramento e Avaliação e Lógica de Financiamento Autor: Marcelo de Almeida Como citar este documento: ALMEIDA, Marcelo de. Práxis da Gestão Social: Instrumentos de Gestão, Monitoramento e Avaliação e Lógica de Financiamento. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2015. 5/234 Apresentação da Disciplina Esperamos que esta disciplina sobre a concretização do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) possa dar maior sustentação ética e política a todos os que estão cursando e participando da construção histórica da política pública de as sistência social no Brasil. Participar da implantação e da concretização dessa política é um grande desafio contemporâneo de nosso país. É importante salientar que o SUAS é uma conquista, o qual vem sendo construído na luta pela proteção social no Brasil, desde 2003, na IV Con ferência Nacional de Assistência Social, fruto da organização política do conjunto do CFESS/CRESS, de movimentos de usuários, organização de entidades, entre outros. Previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), o SUAS ganhou condições de existência, em 2004, com a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), e teve suas bases de implantação consolidadas em 2005, por meio da Norma Operacional Básica do SUAS (NOB/SUAS), a qual apresenta claramente as competências de cada órgão federado e os eixos de implementação e consolidação. 6/234 Unidade 1 Conceituação e Implementação do Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) Objetivos 1. Conhecer o sistema de informação e as abordagens conceituais sobre monitoramento e avaliação. 2. Entender os procedimentos para implementação do sistema de monitoramento e avaliação Unidade 1 • Conceituação e Implementação do Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação no Sistema Único de Assistência Social (SUAS)7/234 Introdução Com a Constituição Federal de 1988, pode-se afirmar que a assistência social ganhou expressiva capilaridade como política de seguridade social e como um direito do cidadão. Nesse cenário, a promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), com objetivos explícitos pautados na criação de um sistema público descentralizado, teve como desdobramento o surgimento do Sistema Único da Assistência Social (SUAS). Nessa linha de raciocínio, concatenado com a Política Nacional de Assistência Social, o SUAS, em um de seus eixos estruturantes de gestão, apresenta a informação, o monitoramento, a avaliação e a sistematização de resultados como pilares basilares para seu funcionamento. 1. Avaliação e Monitoramento no SUAS Aqui o assunto abordado é o tema que trata da avaliação e do monitoramento de serviços e programas sociais no SUAS, partindo inicialmente do entendimento de que se faz necessário diferenciar avaliação/ monitoramento em relação a ações de controle, uma vez que este se refere à legalidade dos atos da administração pública e a avaliação e o monitoramento visam à qualidade no desempenho da gestão dos serviços. O Sistema Único de Assistência Social tem como alguns de seus eixos estruturantes de gestão a informação, o monitoramento, a avaliação e a sistematização de resultados. Unidade 1 • Conceituação e Implementação do Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação no Sistema Único de Assistência Social (SUAS)8/234 1.1. Princípios Os princípios do Sistema de Monitoramento e Avaliação se somam àqueles integrantes e organizativos da Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004) e do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), conforme seguem: Isso então exige a implementação de um Sistema de Informação, monitoramento e avaliação como necessidade urgente a ser utilizada para a consolidação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e do SUAS, mediante uma construção coletiva e participativa. É muito importante ressaltar que a partir da PNAS/2004 a estruturação do sistema de informação, monitoramento e avaliação tornou-se uma obrigatoriedade, pois a sua implementação tornou-se não só o caminho necessário para o acompanhamento, a avaliação e o aperfeiçoamento dos projetos existentes, como também a base para a formulação de novas ações e uma estratégia para melhorar a atuação frente às políticas sociais. Link Ideias para erradicar a miséria. Disponível em: <http://pressroom.ipc-undp.org/ erradicar-a-miseria/monitoramento-e- avaliacao/?lang=pt-br>. Acesso em: 30 jul. 2015 Unidade 1 • Conceituação e Implementação do Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação no Sistema Único de Assistência Social (SUAS)9/234 • Direção da universalidade do sistema. • Descentralização político- administrativa. • Integração de objetivos, ações, serviços, benefícios, programas e projetos em rede hierarquizada e territorializada. • Referenciação por normas operacionais básicas. • Sistema ascendente de planejamento através de planos municipais, estaduais e federal de assistência social, que detalhem a aplicação da PNAS/2004 no âmbito do município, do Distrito Federal, do estado e da União, devidamente aprovados pelos respectivos Conselhos de Assistência Social. • Sistema democrático e participativo de gestão e de controle social. Com a institucionalização das atividades de avaliação e monitoramento integrantes de um sistema nacional, surgem os desafios em seus vários níveis de implementação, uma vez que os diferentes atores envolvidos no processo têm sobre eles distintos graus degovernabilidade. O monitoramento e a avaliação têm como princípio subsidiar o gestor público de informações para que os objetivos possam ser alcançados, mediante coleta de informação visando identificar as direções das ações. Unidade 1 • Conceituação e Implementação do Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação no Sistema Único de Assistência Social (SUAS)10/234 1.2. Objetivos Um sistema de informação, monitoramento e avaliação é essencial para a consolidação da Política Nacional de Assistência Social e para a implantação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). O objetivo desse sistema é a implantação de políticas articuladas de informação, monitoramento e avaliação que desafiem e proporcionem novos rumos de desenvolvimento da política de assistência social no País, das ações realizadas, na transparência da utilização de recursos, colabo rando com a participação, com o controle social, e em direção de uma gestão com partilhada da política. O objetivo da avaliação e do monitoramento é a produção de informação qualificada e sistematizada sobre programas, políticas, ações e serviços, para subsidiar a tomada de decisões dos gestores. A utilização da avaliação e do monitoramento pode promover ajustes ou mudanças para melhorar o desempenho de um programa e alcançar os objetivos e as metas previstos. A Política Nacional de Assistência Social ressalta que, para a sua consolidação, a formulação e a implantação de um sistema de monitoramento e avaliação e um Sistema de Informação em Assistência Social são providências necessárias a serem constituídas a fim de que se Unidade 1 • Conceituação e Implementação do Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação no Sistema Único de Assistência Social (SUAS)11/234 implemente o Sistema Único de Assistência Social. Para o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS), o Sistema de Monitoramento e Avaliação constitui- se como uma das etapas mais sensíveis na gestão de programas e políticas públicas, sobretudo a de desenvolvimento social, ainda que sua relevância seja inquestionável. 1.3 Procedimentos para Imple- mentação Para implementação do sistema de monitoramento e avaliação, os procedimentos devem estar embasados em princípios éticos, visando à informação a todos os envolvidos, com a apresentação dos resultados obtidos, sinalização dos caminhos que ainda devem ser percorridos, responsabilidade perante a contribuição de cada no processo e constante busca para atingir os objetivos propostos em prol das demandas coletivas e da qualidade dos serviços prestados. A função do monitoramento enquanto acompanhamento contínuo do desenvolvimento dos programas e serviços em relação a seus objetivos e metas é pertinente à gestão e aos gerenciadores dos serviços, já que possibilita a obtenção de informações sobre os programas e a adoção de medidas para serem alterados, caso necessário. Unidade 1 • Conceituação e Implementação do Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação no Sistema Único de Assistência Social (SUAS)12/234 O monitoramento se faz por meio de indicadores, com base em diferentes fontes de dados que possibilitam informações regulares sobre o desempenho dos programas e dos serviços, o que permite verificar se os objetivos e as metas estão sendo alcançados. Alguns passos são necessários para a realização do monitoramento: coleta regular de dados; processamento e transmissão dos dados; produção de indicadores com base nos dados; acompanhamento e análise dos indicadores. Unidade 1 • Conceituação e Implementação do Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação no Sistema Único de Assistência Social (SUAS)13/234 Figura 1: Passos para a realização do monitoramento Fonte: Elaboração do autor. Unidade 1 • Conceituação e Implementação do Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação no Sistema Único de Assistência Social (SUAS)14/234 A construção de indicadores se faz por meio da seleção de determinadas variáveis existentes em bases de dados existentes. Os indicadores devem expressar as condições mais significativas, e os dados devem ser produzidos com periodicidade para que os indicadores possam ser comparados. 1.3.1 Etapas para a definição de indicadores 1ª Etapa – Definição do programa a ser monitorado: • Programa, objetivos, público-alvo, principais ações. • Possíveis impactos. • Principais pressupostos para viabilização dos objetivos do programa. • Desenho lógico da intervenção – encadeamento ou temporalidade das ações. 2ª Etapa – Especificação dos ciclos analíticos e definição das unidades de análise: • Indicadores de caracterização socioeconômica. • Indicadores de caracterização de gestão e/ou participação social. Unidade 1 • Conceituação e Implementação do Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação no Sistema Único de Assistência Social (SUAS)15/234 3ª Etapa – Coleta de dados e indicadores de contexto: • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). • Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). • Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). • Matriz de Informações Sociais (MIS) / Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). • Programa de Disseminação das Estatísticas do Trabalho (PDET) / Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). • Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (DATAPREV). • Ministério da Justiça (MJ). • Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). 4ª Etapa – Coleta dos indicadores do programa: • Registros dos programas. • Lógica processual de monitoramento/ avaliação. • Indicadores de insumo, processo, processo, resultado e impactos. Unidade 1 • Conceituação e Implementação do Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação no Sistema Único de Assistência Social (SUAS)16/234 5ª Etapa – Construção do painel de indicadores: • Construção de gráficos. • Início da análise exploratória. A disponibilidade de indicadores permite ao gestor e ao técnico acompanharem a conjuntura social e econômica e os eventuais efeitos conjugados de outros programas, que podem afetar positiva ou negativamente a operação de um programa específico. Unidade 1 • Conceituação e Implementação do Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação no Sistema Único de Assistência Social (SUAS)17/234 Glossário Universalidade: fato de que todos os cidadãos brasileiros têm os mesmos direitos assegurados no artigo 203 da Constituição Federal: “A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social (...)”. Territorialização: o território representa muito mais do que o espaço geográfico. Nesse sentido, o município pode ser considerado um território, mas com múltiplos espaços intraurbanos que expressam diferentes arranjos e configurações socioterritoriais. Os territórios são espaços de vida, de relações, de trocas, de construção e desconstrução de vínculos cotidianos, de disputas, contradições e conflitos, de expectativas e de sonhos, que revelam os significados atribuídos pelos diferentes sujeitos (BRASIL, 2008, p. 54). Indicadores: são instrumentos de gestão essenciais nas atividades de monitorament o e avaliação das organizações, assim como seus projetos, programas e políticas, pois permitem acompanhar o alcance das metas, identificar avanços, melhorias de qualidade, correção de problemas, necessidades de mudança. Questão reflexão ? para 18/234 Como a avaliação e o monitoramento contribuiu para o desenvolvimento e as alterações da política de assistência social e quais são as repercussões para a sociedade? 19/234 ConsideraçõesFinais O Sistema Único de Assistência Social tem como alguns de seus eixos estruturantes de gestão a informação, o monitoramento, a avaliação e a sistematização de resultados. O objetivo da avaliação e do monitoramento é a produção de informação qualificada e sistematizada sobre programas, políticas, ações e serviços, para subsidiar a tomada de decisões dos gestores. Para implementação do sistema de monitoramento e avaliação, os procedimentos devem estar embasados em princípios éticos, visando à informação para todos os envolvidos, com a apresentação dos resultados obtidos, e sinalizando os caminhos que ainda devem ser percorridos. O monitoramento se faz por meio de indicadores, com base em diferentes fontes de dados, que possibilitam informações regulares sobre o desempenho dos programas e dos serviços, o que permite verificar se os objetivos e as metas estão sendo alcançados. Unidade 1 • Conceituação e Implementação do Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação no Sistema Único de Assistência Social (SUAS)20/234 Referências BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. CapacitaSuas. SUAS: configurando os eixos de mudança. Brasília: Instituto de Estudos Especiais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2008. v. 1. FILGUEIRAS, Cristina Almeida Cunha. Gestão Estratégica de programas sociais. In: Concepção e gestão da proteção social não contributiva no Brasil. Brasília: Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. UNESCO, 2007/2009. p. 133-156. ______________. Avaliação de programas: oportunidade para a institucionalidade social. Serviço Social e Sociedade. 2007. GAETANI, Francisco. Gestão e avaliação de políticas e programas sociais: subsídios para discussão. Cadernos de Textos, n. 3, Belo Horizonte. Fundação João Pinheiro/Escola de Governo, jul. 1997. KLIKSBERG, Bernardo. Gerenciamento social: dilemas gerenciais e experiências inovadoras. In: KLIKSBERG, B. (org.). Pobreza: uma questão inadiável. Brasília: ENAP, 1994. 21/234 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Conceituação e Implementação do Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação no SUAS - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ e2ef9297dc21d69a8988bd20ba632ae0>. Aula 1 - Tema: Conceituação e Implementação do Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação no SUAS - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ d57d4458a40136b33835282dabdf0815>. 22/234 1. A produção e o uso da informação definem-se como: a) Relevantes ferramentas de gestão. b) Instrumentos utilizados exclusivamente para subsidiar tomadas de decisão. c) Mecanismos utilizados exclusivamente para divulgação do projeto. d) Procedimentos técnicos que materializam a importância dos dados obtidos na implementação do monitoramento. e) A dimensão do processo comunicativo intrínseca à execução de projetos sociais. Questão 1 23/234 2. O monitoramento é fundamental para: a) O levantamento de dados no decorrer da execução do projeto exclusivamente para subsidiar a elaboração de relatórios. b) A fiscalização sistemática da gestão de projetos sociais. c) A retroalimentação do projeto. d) A fiscalização da execução financeira do projeto. e) A produção de informações e sua posterior disseminação, objetivando a publicização do projeto. Questão 2 24/234 3. O monitoramento define-se pelo: a) Acompanhamento contínuo e regular da execução do projeto. b) Controle e fiscalização da execução do projeto. c) Acompanhamento sistemático da execução financeira do projeto. d) Levantamento contínuo e regular de dados no decorrer da execução do projeto, objetivando a construção de indicadores para subsidiar a avaliação. e) Acompanhamento contínuo da execução do projeto, objetivando identificar exclusivamente fragilidades na gestão para propor alternativas de superação. Questão 3 25/234 4. A avaliação deve ser aplicada: a) Nas etapas inicial e final da execução do projeto. b) Apenas na etapa final do projeto. c) Ao final da execução do projeto e alguns meses após seu encerramento, objetivando avaliar o impacto das ações no território e para o público-alvo. d) Obrigatoriamente e exclusivamente em três etapas: antes de iniciar a implementação do projeto; imediatamente após a execução de 50% das ações previstas; e ao final da execução do projeto. e) Em várias etapas do projeto. Questão 4 26/234 5. Processos e resultados são dimensões: a) Do monitoramento. b) De todo projeto social. c) Da gestão. d) Da avaliação. e) Da gerência social. Questão 5 27/234 Gabarito 1. Resposta: A. A produção e o uso da informação são fundamentais para a eficiência do trabalho de uma gestão. 2. Resposta: C. O monitoramento é essencial para a retroalimentação do projeto, pois é capaz de identificar possíveis lacunas que necessitam de maior atenção. 3. Resposta: A. O monitoramento define-se pelo acompanhamento contínuo e regular da execução do projeto, a fim de oferecer subsídios para a eficiência na sua implementação. 4. Resposta: E. A avaliação deve ser aplicada em várias fases do projeto. Dessa forma, por meio dos resultados obtidos, possibilita a retomada do projeto com intuito de dar continuidade aos pontos satisfatórios e equacionar as ineficiências diagnosticadas. 5. Resposta: D. A avaliação de um projeto é processual e apresenta resultados que servem como uma resposta daquilo que vem sendo feito. 28/234 Unidade 2 Processos para Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) Objetivos 1. Compreender o processo de atualização da legislação no âmbito da assistência social que visa à aproximação das normativas legais da realidade social brasileira. 2. Conhecer a Norma Operacional Básica (NOB), importante instru- mento normativo da política de assistência social. Unidade 2 • Processos para Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)29/234 Introdução Neste tema, você conhecerá um importante instrumento normativo da política de assistência social: a Norma Operacional Básica (NOB). A Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS) disciplina a gestão pública da Política de Assistência Social em todo o território brasileiro. A aprovação de sua mais recente redação no ano de 2012 expressa os diversos avanços conquistados após a imple mentação do SUAS e demonstra a intenção de que as políticas sociais sejam priorizadas em nosso país, ampliando o acesso dos cidadãos a direitos. 1. Conhecendo a Norma Opera- cional Básica (NOB) Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, a assistência social, como política pública de seguridade social, passa por profundas transformações. O texto constitucional garante direitos fundamentais e sociais aos cidadãos, sob a responsabilidade do Estado. Unidade 2 • Processos para Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)30/234 Segundo Sposati (2009, p. 14), A inclusão da Assistência na Seguridade Social foi uma decisão plenamente inovadora. Primeiro, por tratar esse campo como con teúdo da política pública, de responsabilidade estatal, e não como uma nova ação, com atividades e atendimentos eventuais. Segundo, por desnaturalizar o princípio da subsidiariedade, pela qual a função da família e da sociedade antecedia a do Estado. [...] Terceiro por introduzir um novo campo em que se efetivam os direitos sociais. Com o intuito de regulamentar as garantias previstas na Carta Magna, diversos instrumentos normativos foram criados.No campo da assistência social, podemos destacar: a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS/1993), que estabeleceu de modo definitivo a assistência social como direito não contributivo; a Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004); e a Norma Operacional Básica (NOB/2005), que instituí ram o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e permitiram avanços expressivos no modelo de gestão, organização e oferta de serviços, pro- gramas projetos e benefícios socioassistenciais. Unidade 2 • Processos para Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)31/234 O SUAS reorganiza os serviços, programas, projetos e benefícios relativos à assistência social considerando todos os cidadãos que dela necessitam. Garante proteção social básica e especial de média e alta complexidade, tendo centralidade na família e base no território, ou seja, o espaço social onde seus usuários vivem (BRASIL, 2013). O SUAS, sistema público não contributivo, descentralizado e par ticipativo, pode ser considerado a base para a organização da política de assistência social, cujas funções são a proteção social, a vigilância socio- assistencial e a defesa de direitos. No âmbito da assistência social foram aprovadas quatro redações de Normas Operacionais Básicas (1997, 1998, 2005 e 2012). A cada edi ção publicada é possível notar avanços significativos, fato que demonstra os esforços para a aproximação da política de assistência social à realida de brasileira. Frente ao processo de aprovação das diversas Normas Operacionais Básicas (NOBs) por meio de resoluções do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), decorrentes, portanto, da participação de diversos setores societários/organizados, tanto do Estado quanto da sociedade civil, têm-se o aprimoramento e o adensamento dessa política (QUINONERO et al., 2013, p. 56). Segundo o Dicionário de Termos Técnicos da Assistência Social (2007, p. 72), normas são um “conjunto de regras e/ou padrões Unidade 2 • Processos para Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)32/234 que de vem ser seguidos, ou aos quais as condutas, tarefas e atividades devem se ajustar”. O mesmo documento define Norma Operacional Básica (NOB) como “instrumento de regulação dos conteúdos e definições da política pública de assistência social, definindo parâmetros para o funcionamento do SUAS”. A primeira NOB foi aprovada em 1997 e abordava a competência dos entes federados, os níveis de gestão, o financiamento, os critérios de partilha e prestação de contas dos benefícios, serviços, programas e projetos da política de assistência social. Além disso, instituía a Comissão Intergesto res Tripartite (CIT) com caráter consultivo. Aprovada em 1998, a segunda Norma Operacional Básica apresen tava mais informações sobre o financiamento e os critérios de partilha dos recursos no âmbito da assistência social; também abordava a responsabi lidade dos entes federados, os modelos de gestão e os procedimentos para habilitação, além das competências dos Conselhos de Assistência Social e das Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e Tripartite (CIT) como ins tâncias de negociação e pactuação. Vale ressaltar que as normativas da política de assistência social, em cada época, representam a realidade política e ideológica em que vive o Estado; logo, passam por períodos de progressos e retrocessos. Nesse sen tido, Quinonero et al. (2013, p. 56) afirmam: Unidade 2 • Processos para Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)33/234 “As primeiras NOBs, ainda que objetivassem a regulação da política tal qual instituída na Constituição Federal, a [trataram] [...] com uma visão conservadora e neoliberal, em que o Estado atuaria a partir do princípio da subsidiariedade”. Entretanto, diferentemente das anteriores, a terceira redação da NOB, publicada em 2005, significou grande avanço e um marco impor tante na estruturação da Política Pública de Assistência Social, [...] imprimindo um grande salto quantitativo na implantação de serviços socioassistenciais em todo o território nacional, tendo como base critérios de partilha transparentes e objetivos, adequa dos à distribuição territorial das populações vulneráveis, com a alocação equitativa do cofinanciamento federal e a possibilidade de superação das distorções regionais históricas. (BRASIL, NOB, 2012, p. 13). A NOB de 2005, aprovada pela Resolução CNAS n. 130, de 15/07/2005, incorporou e aperfeiçoou as conquistas que foram alcançadas com as Normas Operacionais Básicas anteriores. Além disso, Unidade 2 • Processos para Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)34/234 [...] introduziu o repasse por pisos de proteção, zelando pela ga rantia da oferta permanente de serviços socioassistenciais, com base na capacidade de atendimento, e não mais pela quantidade e modalidade de atendimento. Instituiu a transferência regular e automática fundo a fundo, do Fundo Nacional para os Fun dos Municipais, do Distrito Federal e Estaduais de Assistência Social e simplificou os instrumentos de repasse e prestação de contas do cofinanciamento federal, rompendo com a relação tra dicional. (BRASIL, NOB, 2012, p. 13). Outros avanços que merecem destaque na NOB/SUAS/2005 são: a introdução das responsabilidades com relação ao gestor da política, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; a instituição da informação como ferramenta imprescindível; e a implanta ção da vigilância socioassistencial. Entretanto, sete anos após a promulgação da NOB/2005, reconhe ceu-se que esta não expressava mais os progressos obtidos a partir de sua implantação, sendo, portanto, necessário inovar e incorporar os avanços trazidos pelas normativas atuais, tais como a Lei n. 12.435/2011, que dispõe sobra a organização da Assistência Social em um sistema Unidade 2 • Processos para Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)35/234 descentralizado e participativo denominado Sistema Único da Assistência Social (SUAS). Sendo assim, após ampla discussão nacional com diversos segmen tos do setor, a nova NOB foi pactuada pela Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e aprovada em dezembro de 2012 pelo Conselho Nacional de Assistência Social. Com essa Normativa, “[...] são introduzidas novas estratégias que possibilitam um necessário salto de qualidade na gestão e na prestação de serviços, projetos, programas e benefícios socioassistenciais [...].” (BRASIL, NOB, 2012, p. 12). A nova versão da Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS) foi publicada em 3 de janeiro de 2013. Sendo assim, a Resolução CNAS n. 130, de 15 de julho de 2005, que aprovou a NOB/SUAS 2005, foi revogada pela Resolução CNAS n. 33/2012, que aprovou a NOB/SUAS 2012. A aprovação da NOB/2012 adensou ainda mais o conteúdo da polí tica de Assistência Social, firmando instrumentos de aprimoramento de gestão do SUAS e de qualificação da oferta de serviços, sob a ótica do planejamento e monitoramento, avançando na função de vigilância socioassistencial, no aperfeiçoamento da definição das responsabilidades dos entes federados e no controle e participação social (QUINONERO et al., 2013, p. 47). Unidade 2 • Processos para Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)36/234 1.1. Gestão do Sistema Único de Assistência Social No que se refere à gestão do Sistema Único de Assistência Social, a Norma Operacional Básica se fundamenta na cooperação entre União, Estados, o Distrito Federal e os Municípios, estabelecendo suas compe- tências e responsabilidades comunse específicas. A gestão da política de assistência social tem como base o pacto federativo, por meio do qual devem ser detalhadas as atribuições e competências dos três níveis de governo na provisão das ações so- cioassistenciais, em conformidade com o preconizado na LOAS e nas NOBs, a partir das indicações e deliberações das Conferências, dos Conselhos e das Comissões de Gestão Compartilhada (Comissões Intergestora Tripartite/CIT e Bipartites/CIBs), que são espaços de discussão, negociação e pactuação dos instrumentos de gestão e for mas de operacionalização da política (QUINONERO et al., 2013, p. 53). Em sua redação, a NOB/SUAS (BRASIL, NOB, 2012) descreve as diversas responsabilidades comuns dos entes federativos, dentre as quais podemos destacar: organizar e coordenar o SUAS em seu âmbito; estabelecer prioridades e metas visando à prevenção e ao enfrentamento da pobreza, da desigualdade, das vulnerabilidades e dos riscos sociais; elaborar o pacto de Unidade 2 • Processos para Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)37/234 aprimoramento do SUAS; promover a participação da sociedade, especialmente dos usuários, na elaboração da política de assistência social; formular diretrizes e participar das definições sobre o financiamento e o orçamento da assistência social; estruturar, implantar e implementar a vigilância socioassistencial; gerir, de forma integrada, os serviços, benefícios e programas de transferência de renda de sua competência; regulamentar os benefícios eventuais; implantar sistema de informação, acompanhamento, monitoramento e avaliação; implantar e executar a política de recursos humanos, de acordo com a NOB-RH/SUAS; e criar ouvidorias do SUAS. Como já citado, e ainda de acordo com o previsto na Norma Ope racional Básica (BRASIL, NOB, 2012), há também competências espe cíficas de cada ente federativo que precisam ser conhecidas por sua rele vância para a política de assistência social. No âmbito da União, podemos citar: a responsabilidade em responder pela concessão e manutenção do Benefício de Prestação Continuada (BPC), além de coordenar sua gestão; a atribuição de regulamentar e cofinanciar, em âmbito nacional, o aprimo ramento da gestão, dos serviços, programas e projetos de proteção social básica e especial, para prevenir e reverter situações de vulnerabilidade social e riscos; o compromisso de coordenar e gerir a Rede SUAS e de co ordenar em nível nacional o cadastro único e o Programa Bolsa Família. Unidade 2 • Processos para Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)38/234 Com relação às responsabilidades específicas dos Estados, cabe destacar: cofinanciar os serviços, programas, projetos e benefícios even tuais e o aprimoramento da gestão, em âmbito regional e local; organizar, coordenar e prestar serviços regionalizados da proteção social especial de média e Para saber mais Os fundos de assistência social são instrumentos de gestão orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos quais devem ser alocadas as receitas e executadas as despesas relativas ao conjunto de ações, serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social (BRASIL, NOB, 2012). alta complexidade; alimentar o Censo do Sistema Único de Assistência Social (Censo SUAS); instituir plano estadual de capacitação e educação permanente; e acompanhar o sistema de cadastro de entidades e organizações de assistência social em articulação com os municípios de sua área de abrangência. As responsabilidades do Distrito Federal e dos Municípios são basicamente as mesmas; as poucas diferenças devem-se à es pecificidade da área de abrangência. Como exemplo, podemos destacar a missão de ambos de organizar a oferta de serviços de forma territorializa da, em áreas de maior vulnerabilidade e risco, de acordo com o diagnósti co socioterritorial. Unidade 2 • Processos para Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)39/234 Entretanto, apesar da redação similar, acrescenta-se ao Distrito Fe deral o dever de construir arranjo institucional que permita envolver os Municípios da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE). No mesmo sentido, ressalta-se a competência exclusiva dos Municípios de assumir as atribuições, no que lhe couber, no processo de municipalização dos serviços de proteção social básica. 1.2 Plano de Assistência Social De acordo com o Dicionário de Termos Técnicos da Assistência Social (2007, p. 82), o Plano de Assistência Social “é um instrumento de planejamento estratégico da Política de Assistência Social – elaborado pelo gestor e aprovado pelo conselho em cada esfera de governo – que or ganiza, regula e norteia a execução da política na perspectiva do SUAS”. O plano deve ser estruturado com base em seus objetivos gerais e específicos, diretrizes e prioridades, ações e estratégias de implementa ção, metas, resultados e impactos esperados, recursos materiais, humanos e financeiros disponíveis e necessários, mecanismos e fontes de finan ciamento, a cobertura da rede prestadora de serviços, prazo de execução, além de indicadores de monitoramento e avaliação. Unidade 2 • Processos para Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)40/234 O Plano de Assistência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios deve ser elaborado a cada quatro anos, levando em consideração a realização do diagnostico socioterritorial. Normativa também prevê a elaboração do Pacto de Aprimora mento do SUAS; podemos defini-lo como instrumento firmado entre União, Estados, Distrito Federal e os Municípios com o objetivo de mate rializar as metas e prioridades nacionais no âmbito do SUAS. De acordo com a NOB/SUAS, a elaboração do pacto deve ser feita a cada quatro anos, com necessidade de acompanhamento e revisão anual das prioridades e metas estabelecidas. Tal revisão, proposta pelo Ministé rio do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), precisa ocorrer a partir de alterações de indicadores identificados nos sistemas nacionais de estatísticas (Censo SUAS, Rede SUAS) e outros sistemas do MDS. Unidade 2 • Processos para Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)41/234 Para saber mais O Censo SUAS é uma ferramenta de levantamento de dados coletados por meio de um formulário eletrônico preenchido pelos Órgãos Gestores (Secretarias) e Conselhos de Assistência Social, municipais e estaduais, e tem por objetivo propiciar ao SUAS a possibilidade de observar a execução das ações e apontar para os aperfeiçoamentos necessários com base em avaliações e pactuações realizadas entre os três entes da federação. Com as informações coletadas de forma contínua é possível realizar o planejamento que contribui para o alcance da melhoria dos serviços ofertados à população [...]. (BRASIL, Censo SUAS) O Sistema Nacional de Informação do Sistema Único de Assistência Social (Rede SUAS) surgiu para suprir necessidades de comunicação no âmbito do SUAS e de acesso a dados sobre a implementação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS). Iniciativa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), a Rede serve como instrumento de gestão e divulgação a gestores, técnicos, entidades, sociedade civil e usuários. A Rede organiza a produção, o armazenamento, o processamento e a disseminação dos dados. Com isso, dá suporte a operação, financiamento e controle social do SUAS e garante transparência à gestão da informação (BRASIL, Rede SUAS). Unidade 2 • Processospara Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)42/234 Glossário Pactuação: acordo, pacto, acerto, compromisso mútuo de duas ou mais partes, pessoas ou organizações. Cofinanciamento: financiar algo em conjunto com outra pessoa, ou seja, financiar algo de forma compartilhada de modo que duas ou mais pessoas (instituições) se responsabilizem pela mesma obrigação. Programa Socioassistencial: tem como objetivo fortalecer a convivência e os vínculos familiares e comunitários, bem como garantir os direitos violados ou ameaçados. Questão reflexão ? para 43/234 Até o presente momento, foram publicadas quatro redações da Nor ma Operacional Básica da Assistência Social (NOB). A necessidade de alteração das normativas deve-se à constante mudança da realidade que exige adequações para que a política pública de assistência social consiga oferecer proteção social àqueles que dela necessitam e viabilizar o acesso dos cidadãos a direitos. Você acredita que todos aqueles que necessitam da assistência social têm acesso a essa política? Caso a resposta seja negativa, quais providên cias poderiam ser tomadas para democratizar o acesso e aproximar os usu ários dos serviços, programas, projetos e benefícios oferecidos. 44/234 Considerações Finais (1/2) Com o intuito de regulamentar as garantias previstas na Carta Magna, diversos instrumentos normativos foram criados. No campo da assistência social, podemos destacar: a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS – 1993), que estabeleceu de modo definitivo a assistência social como direito não contributivo; a Política Nacional de Assistência Social (PNAS – 2004) e a Norma Operacional Básica (NOB – 2005) que instituí ram o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e permitiram avanços expressivos no modelo de gestão, organização e oferta de serviços, pro gramas, projetos e benefícios socioassistenciais. A gestão da política de assistência social tem como base o pacto federativo, por meio do qual devem ser detalhadas as atribuições e competências dos três níveis de governo na provisão das ações socioassistenciais, em conformidade com o preconizado na LOAS e NOBs. 45/234 Avanços que merecem destaque na NOB-SUAS/2005, são: a introdução das responsabilidades com relação ao gestor da política, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; a instituição da informação como ferramenta imprescindível; e a implanta ção da vigilância socioassistencial. Considerações Finais (2/2) Unidade 2 • Processos para Implementação e Normas Legais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)46/234 Referências BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Nor ma Operacional Básica do SUAS – NOB/SUAS. Brasília, 2005. _______. Ministério do Desenvolvimento Social. Rede SUAS: O Sistema Nacional de Informação da Assistência Social. Brasília: MDS, 2007. _______. Ministério do Desenvolvimento Social; Conselho Nacional de Assistência Social. NOB - Norma Operacional Básica: Resolução nº 33, de 12 de dezembro de 2012. Brasília: MDS, 2012. _______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Pres tação de Contas Ordinárias Anual – Relatório de Gestão. Brasília, 2013. Censo SUAS: CRAS – Estado de São Paulo 2012 [recurso eletrônico] / Secretaria de Desenvolvimento Social. – São Paulo: Secretaria de Desenvolvimento Social, 2014. Dicionário de termos técnicos da Assistência Social / Belo Horizonte. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social. Belo Horizonte: ASCOM, 2007. QUINONERO, Camila G. et al. Princípios e diretrizes da Assistência Social: da LOAS à NOB SUAS. O Social em Questão, ano XVII, n. 30, 2013. Disponível em: <http://osocialemquestao.ser.puc- rio.br/media/OSQ_30_Quinonero_3.pdf>. Acesso em: 5 ago. 2015. SPOSATI, Aldaísa. Modelo brasileiro de proteção social não contri butiva: concepções fundantes. Concepção e gestão da proteção social não contributiva no Brasil. São Paulo: MDS/UNESCO, 2009. 47/234 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Processos para Implementação e Normas Legais do SUAS - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ d71d5c9db39d5f2f40e5184df39efe81>. Aula 2 - Tema: Processos para Implementação e Normas Legais do SUAS - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/98bf5eb65fe2b5723ed34afad0be5083>. 48/234 1. A Norma Operacional Básica/Sistema Único de Assistência Social (NOB/ SUAS) disciplina a gestão pública da Política de Assistência Social no ter- ritório brasileiro, exercida de modo sistêmico pelos en tes federativos, em consonância com a Constituição da República de 1988, com a LOAS e com as legislações complementares a ela aplicá veis. Seu conteúdo e sua regula- ção são sustentados: a) Pela sociedade civil. b) Pelo governo. c) Pelo pacto federativo. d) Pelo Conselho Nacional de Assistência Social. e) Pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Questão 1 49/234 2. A Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS) prevê a existência de uma Rede Socioassistencial para a pres- tação de um conjunto integrado de ações de iniciativa públi ca e da socie- dade. Essas ações socioassistenciais são explicitadas na NOB/SUAS, como: a) Serviços, programas, projetos e benefícios. b) Serviços, programas, projetos e planos. c) Programas, projetos, benefícios e ações. d) Benefícios, ações, serviços e planos. e) Apenas programas. Questão 2 50/234 3. A NOB–RH/SUAS (Norma Operacional Básica de Recursos Huma nos do Sistema Único da Assistência Social) vem tratar da organi zação e da importância dos trabalhadores que compõem as equipes do SUAS. Uma vez que eles são os operadores dessa política pública, aprovar a NOB–RH compete ao(à): a) Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. b) Presidente da República. c) Secretaria Nacional de Assistência Social. d) Câmara e ao Senado Federais. e) Conselho Nacional de Assistência Social. Questão 3 51/234 4. A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) expressa o processo de construção coletiva do (re)desenho dessa política, na perspectiva de imple- mentação do Sistema Único de Assistência (SUAS). De acor do com o artigo 18 da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), aprovar a PNAS compete ao(à): a) Presidente da República. b) Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. c) Conselho Nacional de Assistência Social. d) Câmara e ao Senado Federais. e) Secretaria Nacional de Assistência Social. Questão 4 52/234 5. Com relação às responsabilidades específicas dos Estados no que tange à gestão do SUAS, analise as proposições a seguir: I. Cofinanciar os serviços, programas, projetos e benefícios even tuais e o aprimoramento da gestão, em âmbito regional e local. II. Organizar, coordenar e prestar serviços regionalizados da proteção social especial de média e alta complexidade. III. Alimentar o Censo do Sistema Único de Assistência Social (Censo SUAS). IV. Instituir plano estadual de capacitação e educação permanente. V. Acompanhar o sistema de cadastro de entidades e organizações de assistência social em articulação com os municípios de sua área de abrangência. Questão 5 53/234 Estão corretas: a) Apenas as afirmativas I, II e III. b) As afirmativas I, II, III, IV e V. c) Apenas as afirmativas II, III e IV. d) Apenas as afirmativas I, II, IV e V. e) Apenas as afirmativas I, II e V. Questão 5 54/234 Gabarito 1. Resposta: E. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome é o organismoresponsável pelo conteúdo e pela regulação na NOB/SUAS. 2. Resposta: A. A Política Nacional de Assistência Social (PNAS – 2004) e a Norma Operacional Básica (NOB – 2005) que instituí ram o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) permitiram avanços expressivos no modelo de gestão, organização e oferta de serviços, pro gramas, projetos e benefícios socioassistenciais. 3. Resposta: E. O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é o órgão responsável pela aprovação da NOB-RH/SUAS. 4. Resposta: C. O Conselho Nacional de Assistência Social é o órgão do governo brasileiro, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, responsável pela coordenação e aprovação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS). 5. Resposta: B. Todas as proposições estão de acordo com o que se pede no enunciado da questão. 55/234 Unidade 3 Eixos Estruturantes para a Gestão e o Controle Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) Objetivos 1. Conhecer os principais eixos estruturantes do SUAS e suas funcionalidades 2. Entender o processo de gestão da assistência social. Unidade 3 • Eixos Estruturantes para a Gestão e o Controle Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)56/234 Introdução Compreendemos o SUAS como um sistema, isto é, um conjunto de partes coordenadas entre si, por leis e princípios comuns, que regulam certa ordem de fenô meno. O Sistema de Assistência Social, para que seja único, supõe um pacto federativo entre as esferas de governo, definindo as competências dos entes dentro deste. Nesse sentido, no tema em questão será abordada a im plantação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e os desafios a serem enfrentados pelo novo modelo de gestão da política de assistência social. Refletir sobre a regulação do SUAS vai proporcionar maior sustentação ética e política a todos os que estão partici pando da construção histórica da política pública de assistência social no Brasil. 1. Eixos Estruturantes para a Gestão do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) A implantação do SUAS como sistema único supõe “unir para garan tir”, o que implica romper com: • A múltipla fragmentação programática hoje existente • A fragmentação das esferas de governo e o paralelis mo de gestão; • A fragmentação das ações por categorias ou segmentos sociais sem compromisso com a cobertura universal e a qualidade dos resultados (SPOSATI, 2004, p. 34). Unidade 3 • Eixos Estruturantes para a Gestão e o Controle Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)57/234 A política de assistência social traz em seu bojo, a importância de organizar os serviços de proteção social em rede há tempos as orga nizações públicas e privadas estabelecem entre si relações para se chegar a objetivos que transformam realidades. (SPOSATI, 2004, p. 36). O trabalho em Rede amplia as possibilidades de ação, pois facilita a articulação entre as políticas setoriais e organizações e também faz com que o ob jetivo de prevenir situações de risco social seja alcançado com êxito. Esse é outro avanço importante trazido pela NOB/ SUAS/2005, a instituição do Sistema Nacional de Informação do Sistema Único de Assistência Social (Rede SUAS). De acordo com o Sistema Único de Assistência Social, os serviços socioassistenciais estão organizados com base em três referências: a vigi lância social, a proteção social e a defesa social e institucional. O Sistema de Vigilância Social, como afirma Sposati (2004), pauta-se na assistência social como política social responsável, que deve detectar as situações de vulnerabilidade e de risco dos cidadãos e suas famílias, bem como informar as dimensões e características dessas situações. Unidade 3 • Eixos Estruturantes para a Gestão e o Controle Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)58/234 A proteção social se organiza por meio dos serviços relacionados à segurança de sobrevivência, tendo como objetivo assegurar e restabelecer o convívio e o vínculo familiares. Com relação à terceira referência do SUAS, cabem à defesa social e institucional “a proteção social básica e a especial, as quais devem ser organizadas de forma a garantir aos seus usuários o acesso aos direitos socioassistenciais e sua defesa” (PNAS, 2004, p. 34). A gestão do SUAS está organizada pelas seguintes bases institucionais: matricialidade sociofamiliar, descentralização político-administrativa e territorialização, novos suportes para a relação entre Estado e Sociedade Civil, financiamento, controle social e o desafio da participação popular. É preciso concordar com Aldaíza Sposati (2004, p. 111) quando afirma que o “SUAS não é um programa, mas uma nova ordenação da gestão da assis tência social como política pública”. É com base na descentralização político- administrativa e na territorialização da Política Nacional de Assistência Social que vamos realizar a definição de municípios a seguir: Entende-se por município de: • Pequeno porte: população até 20.000 habitantes (5.000 famílias). Unidade 3 • Eixos Estruturantes para a Gestão e o Controle Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)59/234 • Médio porte: população até 20.001 a 100.000 habitantes (5.000 a 25.000 famílias). • Grande porte: população a partir de 100.001 habitantes. Para saber mais Quadro 1: Parâmetros de referência para implantação do CREAS Porte do Município Número de habitantes Parâmetros de referência Pequeno Porte I Até 20.000 Cobertura de atendimento em CREAS Regional; ou Implantação de 1 CREAS, quando a demanda local justificar. Pequeno Porte II De 20.001 a 50.000 Implantação de pelo menos 1 CREAS. Médio Porte De 50.001 a 100.000 Implantação de pelo menos 1 CREAS. Grande Porte, Metrópoles e DF A partir de 100.001. Implantação de 01 CREAS a cada 200.000 habitantes. Fonte: Brasil (s.d, s.p). Unidade 3 • Eixos Estruturantes para a Gestão e o Controle Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)60/234 Dos municípios das regiões metropolitanas exige-se atenção diferenciada, desenvolvendo ações integradas. O município deve exigir a vinculação constitucional de percentual de recursos para o financiamento dessa política nas três esferas de governo. O financiamento com base no território considera o porte dos municípios e a complexidade dos serviços, pensando de maneira hierár quica e complementar. Dentro do SUAS não deve ocorrer a exigibilidade da Certidão Ne gativa de Débitos (CND) pelo INSS como condição para os repasses e também não pode interromper a continuidade do financiamento a cada início de exercício financeiro. O repasse automático de recursos do Fundo Nacional para os Esta dos, Municípios e o Distrito Federal para o cofinanciamento das ações afeta essa política e o estabelecimento de pisos de atenção. Link O Decreto n. 7788/2012 regulamenta o Fundo Nacional de Assistência Social e dá outras providências. Sua publicação representa avanços importantes para o financiamento da política de assistência social. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- 2014/2012/Decreto/D7788.htm>. Acesso em: 31 jul. 2015 Unidade 3 • Eixos Estruturantes para a Gestão e o Controle Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)61/234 A relevância do SUAS está na participação dos usuários no controle social em direção à melhoria da qualidade dos serviços, e a construção da cidadania procura romper com a natureza da assistência social que historicamente reproduz usuários como pessoas dependentes, frágeis, vitimizadas, tuteladas por entidades e organizações. A questão da participação dos sujeitos de direitos tem um papel fundamentala desempenhar na dissolução de traços de ambiguidade e coerção presentes nos denominados programas de combate à exclusão social. A efetiva distribuição e gestão dos bens e serviços sociais, no âmbito das políticas públicas, passa a ser prioridade no processo de elaboração de medidas socioassistenciais contra a pobreza e a desigualdade sociocul tural. No entanto, ainda não são suficientes para atender toda a demanda de usuários dessa política. A assistência social no âmbito do SUAS precisa desenvolver um projeto político novo e deve se voltar para um campo distinto das políticas sociais programadas em vez de simplesmente executar políticas governamen tais (no nosso caso, o Bolsa- Família), reforçando o protagonismo de de pendentes, os usuários da assistência. Deve então desenvolver programas e projetos coletivos de enfrentamento à pobreza, sempre visando a processos de emancipação e autonomia dos segmentos populacionais a ela vincula dos. Unidade 3 • Eixos Estruturantes para a Gestão e o Controle Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)62/234 Alguns desafios encontrados no SUAS estão na definição de diretrizes e regras para as relações do Estado com as entidades e organizações sociais: • Criação de redes de comunicação e informação e sua relação com um comando único. • Nova legislação – filantropia, utilidade pública e registro das organizações. • Envolvimento das organizações e dos usuários, como sujeitos políticos. Aldaíza Sposati (2004, p.42) atenta para algumas questões que envolvem o processo de concretização do SUAS, entre as quais se desta ca “a ausência de consenso sobre o conteúdo e alcance do SUAS, o que exige ampla discussão quanto a concepção de seu alcance como proteção social de cidadania no campo da seguridade social”. O direito de seguridade social foi conquistado em 1988 no Brasil, com a Constituição Federal, documento que está assentado sobre o tripé da previdência, saúde e assistência social. A ideia de seguridade remete à segu rança, enquanto bem público, devendo, portanto, ser um direito de todos e um dever do Estado. Então a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice passa ser reivindicada como direitos de todos. Unidade 3 • Eixos Estruturantes para a Gestão e o Controle Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)63/234 Outros pontos de reflexão apresentados por Aldaíza Sposati (2004) são: • A necessidade de construção estratégica para a incorporação e gestão das mudanças que a implantação do SUAS traz à gestão institucional da assistência social nas três esferas do poder, programando e investindo em múltiplas formas de capacitação dos gestores de assistência social e dos conselhos da política pública de assistência social. • A importância da construção de “estratégias de resistência” a ser adotada pelos órgãos gestores do SUAS, para enfrentar o conservadorismo prevalente que resiste ao reconhecimento do direito socioassistencial e mantém o caráter residual ausente do dever do Estado em reconhecer a cidadania para todos os brasileiros. Outro desafio para a efetiva implantação do SUAS é a precarização orçamentária, o que causa a redução de direitos em virtude das opções políticas a respeito da distribuição do fundo público. Por essa razão, entender a assistência social como política social é essencial para compreender os benefícios, serviços e programas socioassistenciais e projetos de enfrentamento à pobreza, como direitos criados para atender às necessidades humanas básicas e especiais. Entender as políticas sociais como direitos socioassistenciais ajuda a desmistificar o gasto social como favor, como improdutivo. Unidade 3 • Eixos Estruturantes para a Gestão e o Controle Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)64/234 É preciso ficar atento com a proteção social pública que o SUAS coloca como demandas e com as orientações ide ológicas e políticas que estas comportam. É necessário ter compreensão para não executar na prática uma política pública compensatória e minimalista, voltada para os mais pobres. As demandas sociais devem ser vistas não como o retorno dos ele mentos neoconservadores na prática profissional, com atitudes embasadas em teorias positivistas, mas sim com base em questões teórico-metodo lógicas críticas que se negam a tutelar o usuário e que buscam na luta pelas conquistas dos direitos sociais o combate das desigual dades sociais. 1.1 Controle Social De acordo com o Dicionário de Termos Técnicos da Assistência So cial (2007, p. 28), controle social define-se como: Efeito da ação dos indivíduos e das comunidades sobre a gestão das instituições públicas ou privadas das quais são usuários. Conforme a NOB SUAS/2005, tem sua concepção advinda da Constituição Federal de 1988, enquanto instrumento de efetivação da participa ção popular no processo de gestão político – administrativa – finan ceira e técnicooperativa. Unidade 3 • Eixos Estruturantes para a Gestão e o Controle Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)65/234 No âmbito da assistência social, o conceito de controle social é amplamente explorado e seu exercício implica planejamento, acompanhamento, avaliação e fiscalização da oferta dos programas, serviços e benefícios socioassistenciais. Outro fator relevante é a vinculação entre controle social e participação, visto que ambos estão intimamente relacionados. Por meio da participação na gestão pública, os cidadãos podem in terferir na decisão administrativa e exercer o controle social sobre a ação do poder público, exigindo transparência em sua atuação. O controle social está mais próximo das reflexões e dos debates, na medida em que se consideram imprescindíveis a transparência dos gastos públicos e a participação da sociedade civil organizada no planejamento, na decisão, no acompanhamento, na execução e na avaliação da política pública, sendo ilustrado, segundo Raichelis (1998, p. 29), “dentro de um leque que abriga desde a efetiva democratização das políticas públicas, com ampla responsabilização do Estado e participação da sociedade, até as propostas dos que advogam a retirada do Estado e a privatização dos serviços públicos”. O processo de monitoramento e avaliação das ações ainda se encontra em construção. Na defesa dos direitos assegurados no SUAS estão o direito ao atendimento digno, atencioso e respeitoso por parte de todos os Unidade 3 • Eixos Estruturantes para a Gestão e o Controle Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)66/234 serviços socioassistenciais, ausente de procedimentos vexatórios e coercitivos, e o direito do tempo, a fim de acessar a prestação de serviço com pouca espera e de acordo com a necessidade, garantindo- se também o direito à informação sobre o funcionamento dos serviços, o direito do usuário ao protagonismo e à manifestação dos seus interesses, o direito dele à oferta qualificada de serviço. Faz-se necessário fortalecer os conselhos e buscar a articulação entre eles nas esferas municipais, estaduais e nacional, incentivar a representatividade da população que utiliza os serviços para evitar que os recursos sejam investidos de forma inadequada, acionar sempre que possível os órgãos aliados na defesa dos direitos dos usuários, investir na capacitação dos atores envolvidos na área e aperfeiçoar o controle social por meio de ampla participação dos usuários e da transparência nas informações. Unidade 3 • Eixos Estruturantes para a Gestão e o Controle Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)67/234 Glossário Compensatório: o que se relaciona com compensação; em que há reparação ou indenização; compensador. Neoconservador:como em qualquer outra ideologia política radical, o seu ideário prima pela simplicidade e, de fato, pela recusa hostil da complexidade, da ponderação equilibrada entre interesses contrapostos ou da possibilidade de diálogo entre perspectivas diferentes. Matricialidade: refere-se à centralidade da família como núcleo social fundamental para a efetividade de todas as ações e todos os serviços da política de assistência social. Questão reflexão ? para 68/234 Como romper com os estigmas assistencialistas que ainda existem na prática da assistência social? 69/234 Considerações Finais (1/2) A relevância do SUAS está na participação dos usuários no controle social para melhoria da qualidade dos serviços e a construção da cidadania. Procura-se romper com a natureza da assistência social que historicamente reproduz usuários como pessoas dependentes, frágeis, vitimizadas, tuteladas por entidades e organizações. As demandas sociais devem ser vistas não como o retorno dos elementos neoconservadores na prática profissional, com atitudes embasadas em teorias positivistas, mas sim com base em questões teórico-metodo- lógicas críticas que se negam a tutelar o usuário e que buscam na luta pelas conquistas dos direitos sociais o combate das desigual dades sociais. É preciso ficar atento à proteção social pública que o SUAS coloca como demanda e às orientações ide ológicas e políticas que elas comportam, sendo necessário ter compreensão suficiente para não executar na prática uma política pública compensatória e minimalista, voltada para os mais pobres. 70/234 Faz-se necessário fortalecer os conselhos e buscar a articulação entre os estes nas esferas municipais, estaduais e nacional, incentivar a representatividade da população que utiliza os serviços para evitar que os recursos sejam investidos de forma inadequada. Considerações Finais (2/2) Unidade 3 • Eixos Estruturantes para a Gestão e o Controle Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)71/234 Referências BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. CREAS – Implantação. Sem data. Disponível em: <http://mds.gov.br/acesso-a-informacao/perguntas-frequentes/ assistencia-social/pse-protecao-social-especial/creas-centro-referencia-especializado- assistencia-social/creas-implantacao>. Acesso em: 10 fev. 2016. _______. Ministério do Desenvolvimento Social. PNAS – Política Nacional de Assistência Social. Brasília: MDS, 2004. _______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Nor ma Operacional Básica do SUAS – NOB/SUAS. Brasília, 2005. CARVALHO, M. do C. B. de. A ação em rede na implementação de políticas e programas sociais públicos. Disponível em: <http://www.lasociedadcivil.org/wp-content/uploads/2014/11/a_ao_ em_rede_na_implementao.pdf> Acesso em: 29 jul. 2015 COUTO, Berenice Rojas (org.). O Sistema Único de Assistência So cial no Brasil: uma realidade em movimento. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2012. Dicionário de termos técnicos da Assistência Social / Belo Horizonte. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social. Belo Horizonte: ASCOM, 2007. Unidade 3 • Eixos Estruturantes para a Gestão e o Controle Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)72/234 RAICHELIS, Raquel. Esfera pública e conselhos de assistência social: caminhos da construção democrática. São Paulo: Cortez, 1998. SPOSATI, Aldaísa. O primeiro ano do Sistema único de Assistência Social. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 87, 2004. 73/234 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: Eixos Estruturantes para a Gestão e Controle Social no SUAS - Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/1e8afa8d2f19dc0afdd41399b61cf56b>. Aula 3 - Tema: Eixos Estruturantes para a Gestão e Controle Social no SUAS - Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ ed2f2f7dea0000b96e4c3d8658463b06>. 74/234 1. O controle social envolve a capacidade que a sociedade civil tem de intervir na gestão pública orientando as ações do Estado e os gastos públicos. Qual é o objetivo desse controle? a) Refletir mais uma vez sobre a importância da valorizar a burocracia. b) Demonstrar um progresso da gestão centralizada. c) Envolver aspectos relacionados à gestão com ênfase no poder hierarquizado. d) Concretizar o processo de democratização. e) Não se preocupar com o que pode acontecer amanhã; se o profissional é um idealista, saberá como induzir para alcançar seus interesses. Questão 1 75/234 2. Para exercer o controle social com maior resolutividade é preciso: a) Manter a ordem, já que a zona de conflito impede novas estratégias. b) Ter autoridade e escolher as pessoas certas para participar das discussões. c) Selecionar a opinião que mais se aproxima da intenção do gestor, evitando assim conflitos sociais. d) Ter conhecimento da realidade do território. e) Centralizar a tomada de decisões no gestor. Questão 2 76/234 3. Qual é o benefício de se trabalhar em rede? a) Repassa-se a responsabilidade a outros grupos. b) Permite-se que governo e sociedade civil organizada potencializem suas ações no intuito de garantir os direitos constitucionalmente estabelecidos. c) Diminuem-se os gastos e enfatiza-se a questão da caridade. d) Afasta-se o perigo de o usuário ficar dependente só de uma instituição. e) Garantem-se ao usuário benefícios plenos, poupando-lhe de participar do processo de conquistas de seus direitos. Questão 3 77/234 4. Depois do estabelecimento da Constituição Federal de 1988, com as mudanças que ocorreram em relação à gestão das políticas sociais, orien- ta-se realizar os serviços à população com base em que tipo de gestão? a) Gestão estabilizada. b) Gestão focalizada. c) Gestão planificada. d) Gestão centralizada. e) Gestão descentralizada. Questão 4 78/234 5. O SUAS define e organiza os elementos essen ciais à execução da política de assistência social, possuindo como ei xos estruturantes: a) O controle social e empresarial. b) A defesa social e a segurança socioassistencial. c) A matricialidade sociofamiliar e a territorialização. d) O plantão social e psicológico. e) A vulnerabilidade social e espacial. Questão 5 79/234 Gabarito 1. Resposta: D. O controle social tem como principal objetivo concretizar o processo de democratização previsto de forma legalizada na Constituição Federal do país. 2. Resposta: D. Conhecer a territorialidade é fundamental para que o controle social consiga atuar de forma propositiva na realidade do território em que está inserido. 3. Resposta: B. O trabalho em Rede amplia as possibilidades de ação, pois facilita a articulação entre as políticas setoriais e as organizações e faz também com que o objetivo de prevenir situações de risco social seja alcançado com êxito. 4. Resposta: E. A gestão descentralizada é uma forma de gestão que permite que União, Estados, Distrito Federal e Municípios compartilhem entre si os processos de tomadas de decisão. 5. Resposta: C. A matricialidade sociofamiliar e a territorialização são elementos essen ciais à execução da política de assistência social. 80/234 Unidade 4 Instrumentos e Responsabilidade dos Atores Sociais no Monitoramento e Avaliação da Política de Assistência Social Objetivos 1. Conhecer os avanços da política de as sistência social por meio da implementação da Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS. 2. Entender a função das equipes de referência atuantes no SUAS. Unidade 4 • Instrumentos e Responsabilidade dos Atores Sociais no Monitoramento e Avaliaçãoda Política de Assistência Social81/234 Introdução A Resolução n. 269 do Con selho Nacional de Assistência Social (CNAS), de 13 de dezembro de 2006, aprovou a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social (NOB-RH/SUAS), a qual vem tratar da organização e da importância dos ges- tores, trabalhadores e conselheiros que compõem as equipes do SUAS, uma vez que eles são os operadores dessa política pública e, como tal, detêm um papel estratégico para sua efetivi dade. O estudo da NOB-RH/SUAS demanda compreen são da direção ética e política que temos hoje para qualificar a oferta dos serviços e consolidar o direito socioassistencial. Um dos objetivos da NOB-RH/SUAS é a padronização das carrei ras do SUAS mediante diretrizes nacionais para a implementação de ações específicas visando à qualificação e à valorização dos trabalhadores do SUAS, cuja implantação se reflete na qualidade dos serviços e benefícios ofertados no SUAS. 1. Equipes de Referência O SUAS afirma a necessidade de haver equipes de referência na proteção social básica e especial. Para entender a ideia de referência é importante considerar que o SUAS se consolida, em grande medida, pela expansão dos serviços e oferta de benefícios socioassistenciais. Unidade 4 • Instrumentos e Responsabilidade dos Atores Sociais no Monitoramento e Avaliação da Política de Assistência Social82/234 Equipes de referências são formadas por profissionais do SUAS para ajudar a entender as necessidades sociais como explicitado na NOB-RH/SUAS (2011, p. 73): São aquelas constituídas por servidores efetivos responsáveis pela organização e oferta dos serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e especial, levandose em consideração o número de famílias e indivíduos referenciados, o tipo de atendimen to e as aquisições que devem ser garantidas aos usuários. Essas equipes são referências de proteção social para as famílias e os indivíduos, que possuem a confiança de que encontrarão respaldo para suas necessidades. Uma equipe formada com conhecimentos técnico-es pecíficos e uma postura ética, ao acolher as necessidades sociais dos usuários como direito, contribui para o estabelecimento de vínculos, com atendimentos mais acolhedores, proporcionando maior autonomia. As equipes de referência do SUAS são entendidas como um grupo de profissionais com diferentes conhecimentos, que têm objetivos comuns e definem coletivamente estratégias para alcançá-los. A função de organiza ção dos serviços é desempenhada pelos coordenadores. Unidade 4 • Instrumentos e Responsabilidade dos Atores Sociais no Monitoramento e Avaliação da Política de Assistência Social83/234 A Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (BRASIL, 2013, p. 5) define três serviços de proteção social básica: a) serviço de proteção e atendimento integral à família (PAIF); b) Para saber mais O CRAS é a unidade pública municipal, de base territorial, localiza da em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social, destinada à articulação dos serviços socioassistenciais no seu terri tório de abrangência e à prestação de serviços, programas e projetos socioassistenciais de proteção social básica às famílias, conforme expressa o § 1º do artigo 6º-C da LOAS. Os responsáveis pelos serviços são as categorias de profissionais que atuam diretamente com os usuários. Essas equipes são responsáveis por um certo número de famílias e usuários que apresentam determinadas situações de vulnerabilidade ou risco social e pessoal, de acordo com a referência do serviço de proteção social básica ou especial, de média ou alta complexidade. A Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), atuali zada pela lei 12.435/2011, em seu art. 6º, expressa que a assistência social organiza-se por tipos de proteção, proteção social básica e proteção social especial. A prestação de serviços e a execução das ações no âmbito da Proteção Social Básica nos municípios são realizadas nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS). Unidade 4 • Instrumentos e Responsabilidade dos Atores Sociais no Monitoramento e Avaliação da Política de Assistência Social84/234 serviço de convivência e fortalecimento de vínculos; c) serviço de proteção social básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas. Com o objetivo de regulamentar as equipes de referência da pro teção social básica, a NOB-RH/SUAS considerou as profissões regula mentadas em lei e a existência do Conselho Profissional, responsável pela fiscalização do exercício profissional e do cumprimento do código de ética profissional. Outra instância que contribui para a defesa dos direitos dos usuários são os conselhos profissionais e suas respectivas comissões de ética. As equipes de referência da proteção social básica serão compos- tas por assistente social e psicólogo, assim como as equipes da proteção social especial de alta complexidade. A proteção social especial de média complexidade terá equipes formadas por assistente social, psi- cólogo e advogado. A NOB-RH/SUAS e a Resolução n. 17 do CNAS consolidam a direção de profissionalização da política de assistên- cia social, indicando parâmetros para a seleção de profissionais, a partir das especificidades locais, do conhecimento das necessidades de seus usuários e da disponibilidade de profissionais na região (NOB-RH/SUAS, 2011, p. 33). Com relação à proteção social especial, a equipe de referência para a prestação de serviços e execução das ações se divide em proteção social especial de média complexidade e proteção social especial de alta complexidade. Unidade 4 • Instrumentos e Responsabilidade dos Atores Sociais no Monitoramento e Avaliação da Política de Assistência Social85/234 A Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (BRASIL, 2013) prevê quais serviços de proteção social especial devem ser prestados no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Para saber mais O CREAS é uma unidade pública de abrangência e gestão mu nicipal, estadual ou regional, destinada à prestação de serviços a indivíduos e famílias que se encontram em situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos ou contingência, que demandam intervenções especializadas da proteção social especial, conforme expressa o § 2º do artigo 6º-C da LOAS. Podemos definir proteção social especial como um conjunto de serviços, programas e projetos destinados à reconstrução de vínculos familiares e comunitários como forma de enfrentamento das violações de direitos. “Os serviços de proteção especial têm estreita interface com o sistema de garantia de direito exigindo uma gestão mais complexa e compartilhada com o Poder Judiciário, Ministério Público e outros órgão e ações do Executivo.” (PNAS, 2004, p. 31). Para a implantação da NOB-RH, isto é, para o estabelecimento de uma política de recursos humanos que supere a precária contratação de seus trabalhadores exige-se a disponibilidade de recursos para a realiza ção de concursos públicos Unidade 4 • Instrumentos e Responsabilidade dos Atores Sociais no Monitoramento e Avaliação da Política de Assistência Social86/234 direcionados à contratação dos trabalhadores da assistência. Sem esses profissionais assegurados juntamente com os demais profissionais que compõem as equipes de referência não ocorrerá a implantação plena do SUAS. Quadro 2: Tipos de Proteção Social Unidade 4 • Instrumentos e Responsabilidade dos Atores Sociais no Monitoramento e Avaliação da Política de Assistência Social87/234 Fonte: Cartilha 1: SUAS - Orientação acerca dos conselhos e do controle social da política pública de assistência
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