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Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie 
Portos, Rios e Canais II 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOTAS DE AULA 
PORTOS, RIOS E CANAIS II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Patrícia Dalsoglio Garcia 
 
FEVEREIRO – 2013 
 
 
SUMÁRIO 
1 NOÇÕES DE OCEANOGRAFIA ................................................................ 6 
1.1 Introdução ............................................................................................. 6 
1.2 Oceanografia ......................................................................................... 7 
1.3 Importância da Oceanografia ................................................................ 8 
1.4 Relevo Submarino ................................................................................. 8 
1.5 A origem dos oceanos ........................................................................... 9 
1.6 Propriedades Físico-Químicas da Água do Mar .................................. 10 
1.6.1 Massa Específica Relativa (densidade) ........................................ 10 
1.6.2 Temperatura ................................................................................. 11 
1.6.3 Salinidade ..................................................................................... 12 
1.6.4 Pressão ........................................................................................ 14 
1.6.5 Ventos .......................................................................................... 14 
2 ONDAS ..................................................................................................... 17 
2.1 Introdução ........................................................................................... 17 
2.2 Movimentos do mar ............................................................................. 17 
2.3 Geração e Propagação das ondas de gravidade ................................ 20 
2.4 Definição Matemática da onda de oscilação ....................................... 21 
2.5 Ondas Reais ....................................................................................... 24 
2.6 Observação de ondas ......................................................................... 27 
2.7 Deformação das ondas nas proximidades da costa ............................ 28 
2.7.1 Refração ....................................................................................... 28 
2.7.2 Difração ........................................................................................ 29 
2.7.3 Reflexão ....................................................................................... 30 
2.7.4 Arrebentação ................................................................................ 31 
3 MARÉS ..................................................................................................... 32 
3.1 Introdução ........................................................................................... 32 
 
 
3.2 Forças que produzem as marés .......................................................... 32 
3.3 Altura e Período de maré .................................................................... 33 
3.4 Observação de marés ......................................................................... 38 
3.5 Previsão de marés .............................................................................. 39 
3.6 Maré Meteorológica............................................................................. 41 
4 CORRENTES MARÍTIMAS ...................................................................... 42 
4.1 Introdução ........................................................................................... 42 
4.2 Principais Tipos ................................................................................... 43 
4.2.1 Circulação geral dos oceanos....................................................... 43 
4.2.2 Correntes de Gradiente ................................................................ 43 
4.2.3 Correntes de Deriva ...................................................................... 44 
4.2.4 Circulação litorânea ...................................................................... 44 
4.2.5 Correntes de Maré ........................................................................ 45 
4.3 Medição e observação de correntes ................................................... 45 
5 PROCESSOS LITORÂNEOS ................................................................... 46 
5.1 Introdução ........................................................................................... 46 
5.2 Perfil de praia ...................................................................................... 46 
5.3 Origem e caminhamento dos aluviões ................................................ 47 
5.4 Métodos para determinação da origem e do caminhamento dos 
aluviões marinhos ......................................................................................... 48 
5.5 Transporte pelo vento ......................................................................... 48 
5.6 Transporte pelas Ondas ...................................................................... 49 
5.6.1 Ação das ondas normais à praia .................................................. 50 
5.6.2 Ação das ondas oblíquas às praias .............................................. 52 
5.7 Transporte pelas correntes ................................................................. 53 
5.8 Formações típicas costeiras ................................................................ 54 
6 CANAL DE ACESSO E BACIA DE EVOLUÇÃO OU MANOBRAS ........ 57 
 
 
6.1 Dimensões do navio de projeto ........................................................... 57 
6.2 Berço de Atracação ............................................................................. 57 
6.3 Canal de Acesso ................................................................................. 58 
6.3.1 Profundidade mínima .................................................................... 58 
6.3.2 Largura mínima requerida ............................................................ 58 
6.3.3 Raio de curvatura mínimo ............................................................. 62 
6.4 Bacia de Evolução ou Manobras ......................................................... 63 
6.4.1 Diâmetro ....................................................................................... 63 
6.4.2 Profundidade ................................................................................ 63 
6.5 Largura da entrada do Porto (medida no fundo) ................................. 63 
7 PORTOS MARÍTIMOS – OBRAS DE MELHORAMENTO ....................... 64 
7.1 Terminal Marítimo ............................................................................... 64 
7.2 Tipos de Portos ................................................................................... 64 
7.3 Tipos de Cargas .................................................................................. 65 
7.3.1 Carga Geral .................................................................................. 65 
7.3.2 Granel ........................................................................................... 65 
7.4 Condicionantes de Projeto .................................................................. 66 
7.4.1 Característica físicas da região de implantação ........................... 66 
7.4.2 Características dos navios ............................................................ 66 
7.4.3 Materiais de Construção ............................................................... 66 
7.4.4 Características Portuárias ............................................................ 66 
7.4.5 Aspectos Operacionais .................................................................67 
7.4.6 Expansão ...................................................................................... 67 
7.5 Obras de Melhoramento dos Portos.................................................... 67 
7.5.1 Obras Externas ............................................................................. 67 
7.5.2 Obras Internas .............................................................................. 67 
7.5.3 Obras de Expansão ...................................................................... 67 
 
 
7.6 Projeto de Bacia Portuária .................................................................. 68 
7.6.1 Estudo de alternativas .................................................................. 68 
7.6.2 Estudo em modelo reduzido ......................................................... 68 
7.6.3 Projeto Básico e Executivo ........................................................... 68 
7.6.4 Contratação de obra ..................................................................... 68 
8 ESTUDO DE DIFRAÇÃO ......................................................................... 69 
8.1 Introdução ........................................................................................... 69 
8.2 Método de Iribarrem ............................................................................ 69 
8.2.1 Exemplo de aplicação ................................................................... 72 
8.3 Método de Wiegel ............................................................................... 73 
8.3.1 Exemplo numérico ........................................................................ 80 
9 QUEBRA-MARES .................................................................................... 83 
9.1 Definição ............................................................................................. 83 
9.2 Tipos de Quebra-mares ...................................................................... 83 
9.2.1 Quebra-mar de talude ................................................................... 83 
9.2.2 Quebra-mar de estrutura mista ..................................................... 83 
9.2.3 Quebra-mar de parede vertical ..................................................... 83 
9.2.4 Quebra-mar misto ......................................................................... 83 
9.2.5 Quebra-mares não convencionais ................................................ 84 
9.3 Dimensionamento de Quebra-mar de Talude ..................................... 85 
9.3.1 Peso dos blocos do mato-resistente (armadura) .......................... 85 
9.4 Critério de dimensionamento apresentado no “Shore Protection Manual 
– WES, Corps of Engineers” ......................................................................... 86 
9.4.1 Peso dos blocos do manto protetor (armadura) ........................... 86 
9.4.2 Largura da crista ........................................................................... 87 
9.4.3 Espessura das camadas da armadura e subcamadas adjacentes87 
9.4.4 Número de blocos requeridos ....................................................... 87 
 
 
9.5 Seções Transversais de projeto de quebra-mar de talude (Corps of 
Engineers) .................................................................................................... 88 
9.5.1 Galgamento de zero a moderado (exposto a onda do lado de mar)
 88 
9.6 Quebra-mar vertical............................................................................. 88 
9.6.1 Definição ....................................................................................... 88 
9.6.2 Clapotis ......................................................................................... 89 
9.6.3 Esforços aos quais são submetidos os quebra-mares verticais ... 89 
9.6.4 Dimensionamento ......................................................................... 89 
9.6.5 Seção Típica segundo Larras para estabilidade da base ............. 91 
10 OBRAS DE DEFESA DOS LITORAIS ..................................................... 92 
10.1 Introdução ........................................................................................ 92 
10.2 Fixação de dunas de areia ............................................................... 92 
10.3 Defesa das falésias (penhascos) ..................................................... 93 
10.4 Defesa das praias contra a erosão .................................................. 93 
10.5 Engordamento das praias (recuperação das praias) ....................... 94 
11 CONTORNO DE EMBOCADURAS E OBSTÁCULOS NA PRAIA POR 
PROCESSOS ARTIFICIAIS ............................................................................ 96 
 
 
6 
 
1 NOÇÕES DE OCEANOGRAFIA 
1.1 Introdução 
Define-se oceano como um imenso corpo d’água salgada que ocupa das 
depressões da superfície terrestre (Garrison, 2010). Estima-se que 75% da 
superfície da Terra seja coberta de água e os oceanos representam mais de 
97% do volume desta água. A disponibilidade de água na superfície da Terra é 
apresentada na Figura 1-1. Na Figura 1-2 são apresentadas as principais 
características dos oceanos. 
 
Figura 1-1: Disponibilidade hídrica na Terra 
Fonte: Garrison, 2010 
 
7 
 
 
Figura 1-2: Características principais dos oceanos 
Fonte: Garrison, 2010 
1.2 Oceanografia 
Estuda os conjuntos dos fenômenos marinhos e divide-se em: 
• Hidrografia: Descreve a geometria dos limites do meio marinho 
(costas e fundos). No Brasil os levantamentos são feitos pelo 
CHM – Centro de Hidrografia da Marinha (antiga DHN – Diretoria 
de Hidrografia e Navegação) do Ministério da Defesa sediado em 
Niterói (RJ), que emite as cartas náuticas e as tábuas de marés 
dentre outros dados hidrográficos da costa; 
• Oceanografia física: Estuda as características mecânicas, físicas 
e físico-químicas dos elementos marinhos; a parte mais 
importante para a Engenharia é a Oceanografia Dinâmica que 
estuda os movimentos do mar: ondas, marés e correntes; 
• Oceanografia geológica: estuda a geologia dos fundos 
marinhos; é importante para os estudos prévios que antecedem 
as sondagens sísmicas e rotativas para elaboração do projeto das 
fundações e das operações de dragagem; 
 
8 
 
• Oceanografia biológica: Estuda os organismos marinhos. Na 
engenharia tem papel fundamental nos estudos de impacto 
ambiental. Além disso, existem organismos que podem atacar 
estruturas. 
1.3 Importância da Oceanografia 
Os oceanos ocupam 70,8% da superfície do globo influindo 
decisivamente em grande parte dos fenômenos que ocorrem em toda a 
superfície do globo, tais como: meteorologia, conformação de costas, geologia, 
biologia, etc. 
Seu estudo é de grande importância para o futuro da humanidade tendo 
em vista o estabelecimento das formas de usar os recursos do mar sem 
destruir seu meio ambiente. 
Os recursos naturais oceânicos mais importantes são: alimentos, 
minerais, combustíveis, energia, meio de transporte e lazer. 
1.4 Relevo Submarino 
Denomina-se litoral a faixa do continente diretamente influenciada pelos 
mares e costa a faixa modelada pela ação dos movimentos dos mares. 
O relevo submarino é mais acidentado que o relevo terrestre. A 
profundidade média dos oceanos é de 3.795m e sua profundidade máxima é 
de 11.000m na bacia do oceano Pacífico. Na Figura 1-3 é apresentado o relevo 
submarino típico do oceano Atlântico. Na Figura 1-4 é apresentado um 
detalhamento da plataforma continental. 
 
Figura 1-3: Relevo submarino típico do oceano Atlântico 
 
9 
 
 
Figura 1-4: Relevo da plataforma continental 
1.5 A origem dos oceanos 
Os oceanos se formaram após milhões de anos da formação da Terra, 
quando o planeta passou por um processo de resfriamento, permitindo que 
parte da água liberada nas emissões vulcânicase que estavam acumuladas 
nas nuvens na forma de gás formasse gotículas. As chuvas quentes caiam e a 
água novamente se evaporava e formava as nuvens. Conforme a superfície 
terrestre se resfriava a água se acumulava em bacias e começava a dissolver 
os minerais das rochas. Os ciclos de evaporação e precipitação continuaram a 
ocorrer, porém parte da água se mantinha na superfície da Terra dando origem 
aos oceanos (GARRISON, 2009). 
As bacias oceânicas se formaram a partir do movimento das placas 
tectônicas que ao longo de milhões de anos de movimentaram umas contra as 
outras, ora de sobrepondo em formando cadeias de montanhas (margens 
continentais ativas) ora de separando e formando novos oceanos através do 
processo conhecido como rifteamento (margens continentais passivas). Na 
Figura 1-5 é apresentado o processo de rifteamento. 
 
 
10 
 
 
Figura 1-5: Processo de rifteamento e formação dos oceanos. 
Fonte: Teixeira, 2009. 
1.6 Propriedades Físico-Químicas da Água do Mar 
1.6.1 Massa Específica Relativa (densidade) 
Do ponto de vista da Oceanografia Dinâmica, que é parte que mais 
interessa à Engenharia, a densidade da água do mar é a característica mais 
importante, por influir diretamente nas correntes marítimas. 
A densidade depende basicamente da temperatura da água, da 
salinidade e da profundidade ou pressão. 
Há gráficos ou tabelas que fornecem diretamente a densidade da água 
do mar em função da temperatura, da densidade e da pressão, ou seja; 
� � ���, �, �	 
Na superfície a salinidade varia entre 1,020 a 1,030. 
Para uma dada profundidade, quanto maior for a temperatura, menor 
será a densidade para uma determinada salinidade; e, quanto maior a 
salinidade, maior será a densidade para uma dada temperatura. A Figura 1-6 
apresenta a variação da densidade com a temperatura e salinidade para uma 
profundidade abaixo de 200m, sendo a densidade 1,028 representada no 
gráfico por 28. As áreas representam dados para cada sistema oceânico na 
sua totalidade. As linhas ligando pontos de igual densidade são chamadas 
isopicnométricas (isopnical lines). 
 
11 
 
 
 
Figura 1-6: Relação entre temperatura e salinidadeabaixo de 200m, para os Oceanos 
Atlântico, Pacífico e Índico. 
Fonte: Turekian (1969) 
1.6.2 Temperatura 
A temperatura da água do mar na superfície depende da temperatura 
ambiente e da radiação solar. Em profundidade a temperatura decresce até 
cerca de 500m e depois se mantém praticamente constante entre 4° a 5°C 
(temperatura correspondente a maior densidade da água do mar). 
A medição da temperatura em profundidade é feita com termômetros 
reversíveis que permitem precisão de 0,01°C. Utilizam-se também pares 
termoelétricos que tem menor precisão mas permitem o registro contínuo das 
temperaturas ao longo de uma vertical de medição. 
A Figura 1-7 apresenta a estrutura térmica vertical generalizada do 
oceano (Turekian, 1969). 
 
 
12 
 
 
Figura 1-7: Estrutura térmica vertical generalizada do oceano 
Fonte: Turekian (1969) 
1.6.3 Salinidade 
É a característica básica da água do mar. Em geral decresce com a 
profundidade. 
A salinidade ou grau de salinidade do oceano é definida como o número 
de gramas de sais dissolvidos em 1.000g de água do mar. A variação total da 
salinidade em pleno oceano é de 33‰. Em mares fechados é superior, 
podendo chegar a 270‰ no Mar Morto. 
Embora a quantidade total de sais dissolvidos nos oceanos seja variável, 
as proporções relativas entre eles são constantes: 77,7% de NaCl, 10,8% de 
MgCl, 3,4% de MgSO4, etc. 
A medição da salinidade é feita normalmente por amostragem com 
garrafas oceanográficas (das quais a mais comum é a garrafa de Nansen) e 
depois por análise da água em laboratório. 
Pode ser medida também por salinógrafos elétricos que medem a 
resistividade da água que é proporcional à quantidade de sais dissolvidos. São 
menos precisos mas permitem registro contínuo em uma vertical de medição. 
3 6 9 12 15 18 21
4000
3000
2000
1000
0 camada superficial
camada de descontinuidade
térmica gradual
Águas Profundas
Águas de fundo
temperatura em °C
pr
o
fu
n
di
da
de
 
e
m
 
m
e
tro
s
 
13 
 
A Figura 1-8 apresenta a técnica de amostragem de água e temperatura 
marinhas em profundidade, usando a garrafa de Nansen. 
 
 
Figura 1-8: Técnica de amostragem de água e temperatura marinhas em profundidade 
utilizando a garrafa de Nansen. 
Fonte: Turekian (1969) 
 
 
14 
 
1.6.4 Pressão 
A medida direta de pressão é feita por meio de termômetros revestidos 
(com bulbo protegido) e não revestidos, ambos do tipo reversível. 
Pode ser medida também por meio de manômetros elétricos, menos 
sensíveis mas que permitem registro contínuo das pressões em um vertical. 
 
1.6.5 Ventos 
O vento é definido como a circulação de massas de ar atmosférico mais 
ou menos paralela à superfície da Terra (Filho, 2008). As grandes massas de 
ar se movimentam devido às diferenças de pressão atmosférica que ocorrem 
devido às diferenças de temperatura nos diferentes pontos da superfície da 
Terra. 
As características principais dos vetos são: 
• Direção: definido de onde os ventos vêm em relação ao norte 
verdadeiro. Por exemplo: um vento de direção noroeste (NE) sopra 
de Nordeste para Sudoeste; 
• Frequência: definido como o número de vezes em que o vento sopra 
em cada direção em um determinado período de tempo; 
• Intensidade ou velocidade: a intensidade medida diretamente pela 
pressão que o vento exerce sobre uma superfície plana ou através 
de sua velocidade através de anemômetros (Figura 1-9). 
 
 
Figura 1-9: Anemômetros 
 
15 
 
Os ventos podem são classificados de acordo com uma escala chamada 
de Beaufort, de acordo com a intensidade média dos ventos, conforme 
apresentado na Figura 1-10. 
 
 
Figura 1-10: Escala Beaufort de ventos 
1.6.5.1 Brisas marítimas 
 
As brisas marinhas ocorrem na região costeira por causa da diferença 
de temperatura entre a água dos oceanos e a superfície da Terra. Durante o 
dia a superfície da Terra se aquece mais rapidamente que a superfície do 
oceano, criando uma zona de baixa pressão sobre a Terra e induzindo o ar 
mais frio do oceano se movimentar em direção a Terra. As brisas terrestres 
ocorrem à noite, quando a superfície do mar se encontra mais quente que a 
superfície da Terra provocando tendência de migração dos ventos em direção 
ao mar. Na Figura 1-11 estão apresentadas as variações dos ventos típicos de 
regiões costeiras. 
 
 
16 
 
 
Figura 1-11: Variação típica dos ventos em regiões costeiras 
 
 
17 
 
2 ONDAS 
2.1 Introdução 
A superfície livre do mar ou de grandes corpos d’água, como lagos ou 
reservatórios, apresenta-se normalmente ondulada devido a perturbações no 
plano d’água em repouso originadas de diversas causas sendo o vento um das 
mais importantes. 
As ondas de superfície devidas ao vento recebem sua energia dos 
ventos que sopram sobre a superfície líquida e propagam-se principalmente no 
rumo que estes sopram. 
Transferem sua energia para alguma estrutura u linha de costa (ou 
margem) onde dissipam ou refletem uma parcela desta energia. Constituem o 
principal agente modelador da costa pelo transporte de sedimentos que 
acarretam, bem como produzem muitas forças às quais as estruturas marítimas 
ou lacustres estão submetidas. 
 
2.2 Movimentos do mar 
O mar apresenta dois tipos de movimentos: 
• Semi-permanentes: correntes marítimas 
• Ondulatórios: ondas e marés astronômicas 
Os movimentos ondulatórios podem ser: 
• Periódicos: ondas de oscilação – ondas de gravidade devidas ao 
vento 
• Não periódicos: ondas de translação – marés astronômicas 
Por sua vez, as ondas de oscilação (movimentosperiódicos) podem ser: 
• Ondas progressivas: reproduzem-se no tempo e no espaço – 
ondas de gravidade devidas ao vento; 
• Ondas estacionárias: reproduzem-se no tempo – seiches. 
Na Figura 2-1 é apresentado um fluxograma dos movimentos típicos do mar. 
 
18 
 
 
Figura 2-1: Movimentação do mar 
 
Em função do período, comprimento e frequência da onda, há uma 
quantidade de energia associada. Além disso, em cada caso, é possível 
verificar características distintas, de forma que as ondas são classificadas em 
capilares, geradas pelo vento, seiches, sísmicas e marés, conforme 
apresentado na Figura 2-2 e no Quadro 2-1. 
 
Figura 2-2: Tipos de ondas de superfície. 
Fonte : adaptado Garrison, 2010 
 
 
 
Movimentos 
do Mar
Semi –
Permanentes
(Correntes 
marítimas)
Ondulatórios
(Ondas e 
marés 
astronômicas)
Periódicos: 
Ondas de 
oscilação - devido 
ao vento
Ondas progressivas: 
reproduzem-se no tempo 
e espaço (Ondas de 
gravidade)
Ondas estacionárias:
reproduzem-se no 
tempo (Seiches)
Não periódicos: 
Ondas de 
translação – marés 
astronômicas
gravidade abalo sísmico ventoForça Perturbadora
Força Restauradora
Tipo de onda maré tsunami
gravidade
deslizamento de
terra
seiche ondas geradas pelo vento
tensão superficial
onda capilar
(ondulações pequenas)
Q
u
an
tid
ad
e
 
de
 
e
n
e
rg
ia
 
n
a
su
pe
rfí
ci
e
 
do
 
oc
e
an
o
24h 12h
100.000 s
(1 14 dias)
10.000 s
(3h)
1.000 s
(17 min)
100 s 10 s 1 s 110 s 1100 s
Período (tempo, em segundos, para
que duas cristas de ondas sucessivas
passem por um ponto fixo
Frequência (ondas por segundo)
 
19 
 
Quadro 2-1: Movimentos Ondulatórios 
 
 
As ondas de gravidade, geradas pelo vento e normalmente chamadas 
apenas de “ondas do mar” são as mais importantes, com períodos variando de 
1 a 20s e alturas que podem atingir mais de 10m. 
Na Figura 2-3 são apresentados esquemas representativos de alguns 
tipos de ondas. 
 
 
 
Figura 2-3: Esquemas de alguns tipos de ondas. 
 
Tipo de onda Período Causa Observações
Ondas capilares T<0,1 s Vento local Pequenas ondulações 
conhecidas como vagas
Ondas de gravidade 1 s < T < 20 s vento Crescem a partir das ondas 
capilares
seiches Poucos minutos Diversas origens ocorrem em geral em bacias 
naturais ou portuárias, que 
resultam da amplificação e 
ressonância de ondas 
incidentes
Tsunamis 15 min. < T < 60 min. Sísmica ondas progressivas de água 
rasa, causadas pelo rápido 
deslocamento da água do mar 
em função de algum 
movimento vertical repentino 
da Terra, por deslizamentos, 
icebergs soltando-se das 
geleiras, erupções vulcânicas 
e outros deslocamentos 
diretos da superfície da água
Marés astronômicas 12 a 24h astronômica a atração gravitacional da Lua 
e do Sol sobre as massas 
líquidas
nível de
repouso
ondas de oscilação - progressivas (ondas de vento)
nó
bacia
ondas de oscilação - estacionárias (seiches) ondas de translação (tsunamis)(onda solitária)
 
20 
 
2.3 Geração e Propagação das ondas de gravidade 
As ondas de gravidade devidas ao vento são formadas pela ação 
intermitente do vento sobre a massa de água. Há uma transferência de energia 
do ar em movimento para a água. Formam-se e propagam-se ao longo das 
seguintes zonas: 
• Zona de formação das ondas: na região da ação direta do vento, 
temos uma oscilação muito irregular de superfície do mar, sem uma 
definição precisa das características das ondas e sem um direção de 
propagação definida; 
• Zona de expansão: ainda sob a ação do vento as ondas começam 
a se propagar com aspecto desordenado, porém tendendo para a 
direção de propagação do vento. As ondas se apresentam muito 
irregulares e tendem ainda a ganhar energia; 
• Zona de propagação: as ondas saindo da região de ação do vento 
começam a se propagar livremente sob o efeito exclusivo da 
gravidade. É nesta zona que elas passam a definir suas 
características devido à “purificação” (filtragem). Ondas de 
características semelhantes passam a se propagar juntas. Tem-se a 
filtragem da direção e do período (comprimento e celeridade) e 
amortecimento (perda de energia na propagação); 
• Zona de deformação das ondas: Ocorre junto à costa em 
profundidades reduzidas, onde há influência nas características das 
ondas, deformando-as até ocorrer a arrebentação na praia onde 
dissipam toda a sua energia ou se refletem parcialmente nos trechos 
onde há costões. Seu estudo é de grande importância porque nela 
se localizam as obras marítimas. 
As zonas de geração e propagação podem ocorrer em alto mar ou nas 
proximidades da costa, em regiões de grande profundidade e, portanto, sem 
influência do fundo. Na zona de geração as ondas são chamadas de vagas 
(sea) e junto à costa, purificadas, são chamadas de ondulações (Swell). Junto 
à costa podem ocorrer vagas (ondas locais) quando geradas aí. 
 
 
21 
 
2.4 Definição Matemática da onda de oscilação 
Existem várias teorias para definir matematicamente o movimento de 
onda de oscilação, válidas dentro de certas hipóteses, mas que não podem ser 
generalizadas. 
 A teoria de Airy, para ondas de pequena altura (ondas sinusoidais) 
propagando-se em águas de profundidade limitada é uma das mais utilizadas. 
Por outro lado, muitas ondas geradas pelo vento não tem simplesmente 
a forma senoidal. Quanto maior sua declividade (h/L) mais a onda se afasta de 
uma senóide e se aproxima da forma trocoidal de tratamento complexo. 
Entretanto o modelo senoidal é suficientemente preciso para representar 
o movimento das ondas oceânicas. Os principais parâmetros da onda são 
(Figura 2-4): 
• Altura (H): diferença entre a crista e o cavado da onda. 
• Amplitude (a): metade da altura de onda (a=H/2). 
• Período (T): tempo que leva para que parte da onda se repita em 
relação a um ponto fixo de sua trajetória. 
• Direção ou rumo: direção, em relação ao norte verdadeiro, de onde 
provêm as ondas. 
• Comprimento (L): distância entre duas cristas consecutivas. 
• Esbeltez (δ): relação entre a altura e o comprimento (H/L). Expressa a 
forma da onda. 
• Velocidade de propagação da onda ou celeridade (c): relação entre o 
comprimento e o período da onda (L/T). 
• Velocidade orbital tangencial (v) 
• u e w: componentes horizontal e vertical da velocidade orbital tangencial 
 
 
22 
 
 
Figura 2-4: Parâmetros de onda 
 
Pela passagem da onda, as partículas que estavam em repouso passam 
a descrever órbitas circulares ou elípticas, fechadas ou ligeiramente abertas. 
Este movimento é transmitido de partícula para partícula, e através desta 
movimentação a onda se propaga. 
As partículas superficiais descrevem trajetórias com a dimensão 
aproximada da altura h e do período T da onda. 
A velocidade de propagação de propagação da onda – celeridade – é 
dada por: 
 � ��
2� ��ℎ �2�ℎ
 � 					
��	
 � 
� 		�		�	
�������� 
A celeridade (c) ou o comprimento (L) variam com a profundidade (h) e 
com a passagem de águas profundas (ℎ ≥ 
/2) para águas rasas (ℎ < 
/2), a 
expressão assume os seguintes aspectos: 
a) Para ℎ ≥ 
/2 (águas profundas) a componente ��ℎ �� !" # ≈ 1 e 
portanto tem-se: 
 
 � ��
&2� 																		
& � ��
�
2� 																			
& � 
&� 										�			�	
�������� 
crista
cavado
comprimento (L)
altura (H)
amplitude (a)
nível médio d'água
profundidade (h)
fundo oceânico
u
vw
 
23 
 
Sendo as órbitas das partículas circulares e o índice zero (0) 
representando os parâmetros em águas profundas. 
b) Para 
/20 ≤ ℎ < 
/2 (águas intermediárias), 
 � )*"� ��ℎ �� !" # 
obtendo-se: 
 
 � 
&��ℎ �2�ℎ
 � 															
 � 
&��ℎ �2�ℎ
 � 			
��� 
� 	,			
 � 
&� 					�	�	
��������	 
 
As ondas e as partículas passam a ter órbitas elípticas com eixo 
maior horizontal; em profundidades os dois eixos diminuem 
geometricamente e no fundo o eixo vertical se anula sendo o 
movimento retilíneo e oscilatório transmitindo-se para os sedimentos 
do fundo que passam a se movimentar. 
c) Para ℎ < 
/20 (águas rasa) a ��ℎ �� !" # ≅ � !" e 
 � ,�ℎ a 
celeridade é independente de L ou T e a onda passa a ser de 
translação com transporte de massa. 
 
Seguem abaixo algumas observações importantes em relação à teoria 
de Airy: 
a) Em águas profundas, a velocidade do trem de ondas (velocidade de 
grupo) é 
-. � 
&/2, observando-se que as ondas componentes 
desaparecem na frente do grupo e reaparecem atrás; 
b) Em águas rasas (h<L/2) tem-se 
- � 
 
c) A energia total em um comprimento de onda por unidade de 
comprimento de crista é: 
/ � /0 + /2 � 3ℎ�
16 + 3ℎ
�
16 � 3ℎ
�
8 
Na Figura 2-5 é apresentado um esquema do movimento orbital das 
ondas em águas profundas, intermediárias e rasas. 
 
 
24 
 
 
Figura 2-5: Movimento orbital das ondas de oscilação em águas profundas, 
intermediárias e rasas. 
 
Segue abaixo um exemplo do cálculo do comprimento de onda para 
vários períodos diferentes, considerando que as ondas se encontram em águas 
profundas. 
� � 10�	 → 		 
& � ���2� � 1,56.10� � 156,00� 
� � 12�	 → 		 
& � ���2� � 1,56.12� � 224,64� 
� � 14�	 → 		 
& � ���2� � 1,56.140� � 305,76� 
 
2.5 Ondas Reais 
As ondas reais diferem das obtidas teoricamente devido à sua variação 
no tempo. 
Devido à seleção após a geração (filtração) temos trem de ondas 
formados por ondas com direção, períodos e celeridades aproximadamente 
iguais e com alturas pouco diferentes. Possuem um comportamento aleatório 
de suas características – altura, período e direção – que permite a definição 
estatística de um clima de ondas para uma região da costa. Na Figura 2-6 é 
apresentado um trem de ondas reais a partir de duas frentes de ondas com 
períodos pouco diferentes formando um grupo de ondas. 
 
 � ,�. ℎ 
 
25 
 
 
 
 
Figura 2-6: Grupo de ondas formado a partir de duas frentes de ondas 
A previsão das ondas que vão atingir um determinado trecho de costa 
pode ser feita pela determinação dos valores extremos que podem ocorrer com 
um certo período de retorno (TR) a partir de observações prolongadas, de 
alguns meses, um ano (mínimo desejável), ou vários anos. 
As previsões podem ser feitas a partir de: 
• Observações de ondas locais na região onde ser pretende implantar 
a obra ou observações existentes de regiões próximas; 
• Observações de ondas ao largo, feitas por navios e reunidas em 
forma de cartas ou tabelas em publicações como: 
o Ocean Waves Statistics do Almirantado Inglês; 
o Sea and Swell Charts da Marinha dos USA; 
Na inexistência ou impossibilidade dessas observações diretas, existem 
métodos de previsão a partir das características do vento (velocidade, direção 
a
ltu
ra
 
de
 
o
n
da
 
(H
)
tempo
Onda Matemática - Monocromática
a
ltu
ra
 
de
 
o
n
da
 
(H
)
tempo
Onda Real
dois trens de ondas de coprimentos de ondas pouco diferentes mas de mesmas amplitudes formam grupos de ondas
a
ltu
ra
 
de
 
o
n
da
 
(H
)
tempo
Onda Real - somatório de dois trem de ondas
grupo de ondas
 
26 
 
e frequência). Esses métodos são utilizados na previsão de ondas em lagos e 
reservatórios de barragens. 
Através de previsões define-se: 
<=/>�?	<@ : altura de onda significativa de um trem de ondas que é a 
média do terço maior do trem de ondas 
<=/=&	�?	<=& média do décimo maior do trem (<=& � 1,27<@) 
<=/=&&	�?	<= média do centésimo maior do trem (<= � 1,67<@) 
Definidos esses valores para cada observação, através de tratamento 
estatístico calculam-se valores de Hs, H10 e H1 relacionados a períodos de 
retorno (TR) igual a 10anos, 25 anos, 50 anos, etc. 
A esses valores da altura calculam-se valores do período Tz (período 
médio) e Ts (período significativo). 
Dentre as metodologias para análises estatísticas a partir de registros de ondas 
reais será apresentado o método do zero ascendente. Neste método primeiro é 
feita a dedução do nível médio a partir do próprio registro. Em seguida procura- 
se o primeiro ponto do registro em que o nível d’água cruza a linha do nível 
médio subindo. Neste ponto inicia-se uma onda. Quando o nível d’água cruzar 
novamente a linha do nível médio subindo define-se o fim desta onda e o início 
da onda seguinte. Para cada onda define-se a altura de onda (H) como a 
distância entre o ponto mais alto e o ponto mais baixo do nível d’água. O 
período de onda (T) é definido com o tempo entre o início e o fim da frente de 
ondas. Na Figura 2-7 é apresentada a identificação das ondas no método do 
zero ascendente. 
 
 
Figura 2-7: Identificação das ondas no método do zero ascendente. 
 
 
27 
 
2.6 Observação de ondas 
Medem-se altura, período, direção distância de propagação e 
profundidade no ponto de medição. Com estes dados calculam-se os outros 
parâmetros como comprimento, velocidade, frequência, etc. 
As medições podem ser visuais ou através de instrumentos. 
As medições visuais são feitas a partir de navios ou de pontos situados 
em terra. 
As medições através de instrumentos podem ser por: 
• Métodos indiretos quando se mede um parâmetro relacionado com a 
oscilação do nível d’água, como: 
o Por variação de aceleração: ondógrafos do tipo boia 
acelerômetro; 
o Por variação de pressão subsuperficial: ondógrafos do tipo 
células de pressão (não recomendado). 
• Métodos diretos quando se mede diretamente a oscilação do nível 
d’água, como: 
o Dispositivos ópticos: topográficos ou estereográficos; 
o Dispositivos sônicos: ondógrafos de ultrassom; 
o Dispositivos eletrônicos: ondógrafo resistivo ou capacitivo; 
o Dispositivos mecânicos: flutuadores; 
o Com sensores remotos a partir de satélites artificiais. 
 
 
28 
 
 
2.7 Deformação das ondas nas proximidades da costa 
 
O conhecimento das deformações das ondas junto à costa é de grande 
importância para a Engenharia Costeira, pois é nessa região que se localiza a 
maioria das obras. 
Os principais fatores que podem provocar a deformação das ondas são: 
• Variações de profundidade; 
• Obstáculos; 
• Correntes marítimas permanentes. 
Cada um destes fatores provoca a mudança de um ou mais parâmetros 
das ondas, modificando assim as características iniciais. As principais 
deformações decorrentes destes fatores são apresentadas a seguir. 
2.7.1 Refração 
Mudança da celeridade, do comprimento de onda e da direção de 
propagação por variação da profundidade (principalmente) ou por correntes 
marítimas permanentes. É estudada pela Lei de Snell. 
 
29 
 
 
 
 
Lei de Snell: @AB	CD@AB	CE � FDFE � )GDGE 
 
2.7.2 Difração 
Propagação da onda ao redor e por trás de obstáculos como ilhas, 
quebra mar, etc. 
 
 
30 
 
 
 
 
 
2.7.3 Reflexão 
Propagação em sentido inverso quando a onda incide num obstáculo 
emerso ou submerso como um costão rochoso, um muro vertical (quebra mar 
vertical), etc. 
 
31 
 
2.7.4 Arrebentação 
Instabilidade da onda ao atingir uma forma limite em decorrência da 
diminuição da profundidade com liberação de energia e produção de uma onda 
de translação. Em função da esbeltez (H/L) da onda e da declividade do fundo 
na arrebentação, podemos ter vários tipos de arrebentação: 
 
MERGULHANTE 
 
 
DESLIZANTE 
 
 
ASCENDENTE 
 
 
 
 
 
 
32 
 
3 MARÉS 
3.1 Introdução 
As marés são variações (subida e descida) periódicas do nível do mar 
que se repetem com períodoslongos. Esses movimentos são observados em 
quase todos os pontos dos oceanos e em bacias comunicantes. São 
provocados pela ação de atracação dos astros, principalmente Lua e Sol que 
agem sobre a massa líquida dos mares e é influenciada pela geometria dos 
fundos marinhos e continentes. 
O conhecimento do fenômeno das marés é importante para o estudo dos 
portos – fixação das cotas das obras de atracação, das obras de proteção 
(quebra mares) e fundos das bacias de manobras e canais de acesso – e do 
regime dos litorais. 
As marés põem em movimento grandes massas de água dando origem 
às correntes de marés, que provocam a mudança da composição e a 
renovação da águas dos estuários e regiões lagunares e podem provocar a 
movimentação de grandes massas de sedimentos. Atingem velocidades que 
podem assegurar nos estuários as profundidades necessárias à navegação. 
A atividade de muitos portos – entrada, atracação, operações de 
transbordo e saída – podem depender das variações de níveis devidas às 
marés locais. 
3.2 Forças que produzem as marés 
O comportamento das marés foi objeto de estudos de muitos sábios e 
matemáticos tais como Newton, Laplace, Airy, Kelvin, etc. Apesar da 
complexidade do problema as considerações que se seguem e que remontam 
a Newton, podem dar-nos uma ideia dos aspectos mais essenciais do 
problema. 
Imagine a Terra e a Lua em posição qualquer em suas órbitas sob ação 
das forças de gravitação e centrífuga. A Terra e a Lua exercem mutuamente 
ações gravitacionais dadas pela lei geral da gravitação universal, H � -IJIKLE , na 
qual G é a constante universal de gravitação, MT e ML as massas da Terra e da 
Lua e R a distância entre eles. 
 
33 
 
Sendo r o raio da Terra e R a distância entre os centros da Terra e da 
Lua, a ação gravitacional da Lua sobre um elemento dm da superfície terrestre 
nos pontos A e B serão respectivamente H*�M	 � -IKNO�LPQ	E e H*�R	 � -IKNO�LSQ	E . 
Por outro lado, a força centrífuga sobre o elemento de massa DM da 
Terra é dada em média por HF � − -IKNOLE que equilibra a força de atração da 
Lua sobre dm. 
Somando Fg(A) e Fc e Fg(B) e Fc e considerando que R>>r obtemos 
HOU � -IKNO�QLV e HOW � − -IKNO�QLV que são as forças causadoras das marés nos 
pontos A e B (Figura 3-1). 
 
Figura 3-1: Forças formadoras da maré 
Considerando que a Terra possui um movimento de rotação, as forças 
esquematizadas na figura provocarão uma onda de maré que se propaga pelos 
oceanos sendo sustada na orla dos continentes. 
 
3.3 Altura e Período de maré 
Registrando-se de forma contínua a variação lenta do nível do mar, 
obtém-se uma curva sensivelmente senoidal que se repete no tempo com 
períodos a alturas bem definidos. Na Figura 3-2 são apresentados os 
parâmetros característicos das variações de maré. 
 
34 
 
 
Figura 3-2: Parâmetros característicos das marés 
Como já visto anteriormente as marés resultam principalmente de 
variações nas atrações exercidas pela Lua – maior efeito, pois está mais 
próxima da Terra – e pelo Sol sobre as águas dos oceanos. A altura das marés 
será tanto maior quanto maior for a resultante da ação desses astros. 
Quando estes dois astros encontram-se alinhados (em conjunção), diz-
se que a maré é de sizígia e isto ocorre em Lua Cheia e Lua Nova. Nesse 
período são observadas as maiores alturas da maré. 
Quando os astros não estão alinhados (em oposição), diz-se que estão 
em quadratura e a soma de suas ações resulta nas menores marés. Isto ocorre 
nos Quartos Minguante e Crescente. 
Por ocasião dos equinócios, o Sol e a Lua encontram-se no melhor 
alinhamento, ocorrendo então as máximas marés chamadas de sizígias 
equinociais (a cada 6 meses). Na Figura 3-3 é apresentada a variação do nível 
d’água em função do ciclo lunar. Na Figura 3-4 são apresentados as 
componentes de força de atração gravitacional da Lua e do Sol sobre a Terra 
nas diferentes fases da Lua. 
 
 
35 
 
 
Figura 3-3: Variação do nível d’água durante o ciclo lunar 
 
Figura 3-4: Componentes de força de atração gravitacional da Lua e do Sol sobre a Terra 
nas diferentes fases da Lua 
Os níveis de referência mais importantes da maré são (Miguens,1993): 
• Nível máximo: máximo histórico atingido; 
• Nível mínimo: mínimo histórico atingido; 
• Nível médio (MTL ou “MEAN TIDE LEVEL”): média dos níveis 
observados; 
• Nível de redução (NR): média das maiores baixa-mares de sizígia 
– referência das profundidades das Cartas Náuticas; 
• MHWS (“MEAN HIGH WATER SPRINGS”): média das preamares 
de sizígia; 
Lua cheiaLua quarto
crescente
Lua quarto
minguante Lua nova
nível máximo
Lua quarto
crescente
nível médio (NM)
nível de redução (NR)
nível mínimo
quadratura quadratura quadratura
sizígia sizígia
27,3 dias (lunação)
~7 dias ~7 dias ~7 dias ~7 dias
 
36 
 
• MHWN (“MEAN HIGH WATER NEAPS”) – média das preamares 
de quadratura; 
• MHW (“MEAN HIGH WATER”) – Média das preamares; 
• MLWN (“MEAN LOW WATER NEAPS”) – média das baixa–mares 
de quadratura; 
• MLW (“MEAN LOW WATER”) – média das baixa–mares; 
• MLWS (“MEAN LOW WATER SPRINGS”) – média das BM de 
sizígia. É o nível adotado pela DHN como Nível de Redução (NR) 
nas Cartas Náuticas brasileiras. 
Na Figura 3-5 são apresentados estes níveis de referência. 
 
Figura 3-5: Planos de referência de nível do mar em função das marés 
 
Sendo a geração de marés função direta da ação dos astros – 
principalmente Lua e Sol – sua periodicidade será função dos movimentos 
relativos entre a Terra, a Lua e o Sol. 
Com a Lua gira em torno do centro de massa Terra-Lua a cada 27,3 dias 
(lunação) no mesmo sentido em que a Terra gira em torno do seu eixo uma vez 
a cada 24 horas, o período de rotação da Terra em relação à Lua é 24h50min 
altura
MHWS
MHW
MHWN
MN (MSL)
nível do mar em um determinado instante
altitude
MLWN
MLW
MLWS
altura de maré
normalmente adotado como NR
sondagem
profundidade real
PLANOS DE REFERÊNCIA DE MARÉ
 
37 
 
(dia lunar). Esta é a razão porque as preamares ou baixa-mares em muitos 
locais são quase uma hora mais tarde a cada dia sucessivo. 
Quanto ao tipo, as marés em função do seu período podem ser: 
• Maré diurna: com período de 24h50min28s 
• Maré semi-diurna: com período de 12h25min14s 
• Maré semi-diurna com desigualdades diurnas: com período de 
12h25min14s 
• Maré mista: que podem ocorrer com os dois períodos 
Na Figura 3-6 estão exemplificados estes tipos de marés. 
 
Figura 3-6: Tipos de marés durante março de 1936 em Imminghan (Inglaterra), São 
Francisco (Califórnia), Manila (Fillipinas) e Do San (Vietnã) 
Fonte: Turekian (1969) 
 
Outras características ou propriedades das marés são: 
• Estabelecimento do porto: tempo de passagem da Lua eplo 
meridiano local e o instante da preamar; 
 
38 
 
• Idade da maré: tempo entre a passagem da Lua Nova pelo 
meridiano local e a ocorrência da preamar máxima; 
• Linhas cotidais: lugar geométrico dos pontos em que a 
preamar se dá no mesmo instante; 
• Pontos anfidrômicos: locais em que a amplitude das marés é 
nula e as cotidais giram em torno (sentido anti-horário no 
hemisfério Sul). 
 
3.4 Observação de marés 
A observação das marés é feita através de: 
• Marémetros ou réguas de maré: em que um observador faz 
leituras em uma régua periodicamente (a cada 5, 10 ou 15 min) – 
a observação é descontínua; 
• Marégrafos (Figura 3-7): aparelhos que registram a maré 
continuamente – os mais comuns são de flutuador. 
Na Figura 3-8 é apresentado um marégrafo localizado na foz do rio Amazonas 
nos instantes de preamar e baixa-mar. 
 
Figura 3-7: Estação Maregráfica da Ponta da Armação (DHN) 
 
39 
 
 
 
Figura 3-8: Marégrafo na foz do rio Amazonas na preamar e nabaixa-mar 
respectivamente (DHN) 
3.5 Previsão de marés 
A partir de uma observação de maré em um período de tempo (30 dias, 
1 ano, vários anos) é feita uma análise harmônica das observações, 
calculando-se as componentes harmônicas para o local da observação. A partir 
dessas componentes é feita a previsão da maré local. Isto é possível dado o 
caráter determinístico do fenômeno das marés. 
No Brasil, a previsão de marés para todos os portos importantes da 
costa, incluindo todos os portos, é feita pela Marinha do Brasil através do 
Centro de Hidrografia da Marinha e editada anualmente através das Tábuas de 
Marés. 
Na Figura 3-9 é apresentado um exemplo de uma tábua de maré para o 
Fundeadouro de Salinópolis (estado do Pará) dos meses de janeiro a abril de 
1993, extraído do site da DHN. 
 
40 
 
 
Figura 3-9: Tábua de maré para o Fundeadouro de Salinópolis (estado do Pará) dos 
meses de janeiro a abril de 1993 
 
41 
 
3.6 Maré Meteorológica 
Fenômeno aleatório que consiste na variação acidental do nível do mar, 
não desprezível, devido principalmente a fenômenos meteorológicos (ventos, 
pressão, etc) que se superpõem à maré astronômica provocando uma sobre-
elevação do nível médio do mar. 
Na análise das marés astronômicas é possível separar o efeito 
astronômico do meteorológico e determinar a maré meteorológica local. 
Na costa um dos efeitos da sobre-elevação do nível médio devido às 
marés meteorológicas é a ocorrência de ressacas com a arrebentação de 
ondas acima das cotas normais. 
 
42 
 
4 CORRENTES MARÍTIMAS 
4.1 Introdução 
Correntes marítimas são movimentos de translação da água do mar com 
preponderância das componentes horizontais da velocidade e caráter semi 
permanente, ou seja, as velocidades variam pouco com o tempo. 
As forças que atuam nestas componentes são: 
• Forças externas 
o Devidas à atuação dos ventos na superfície livre; 
o Devidas às atrações astronômicas atuando em toda a 
massa líquida. 
• Forças internas 
o Devidas à ação da gravidade; 
o Devidas à variação de densidade na massa líquida. 
• Forças induzidas 
o Devidas à rotação da Terra (aceleração de Coriolis); 
o Devidas ao atrito interno (viscosidade); 
o Devidas ao atrito no fundo (só significativas em pequenas 
profundidades) e ao atrito na superfície (desprezível). 
A ação de todas as forças se faz sentir concomitantemente tornando 
bastante complexo o estudo generalizado das correntes. Para simplificar o 
estudo considera-se apenas a ação conjunta de algumas forças de acordo com 
a predominância dos fenômenos que se verifica na natureza. 
As correntes marítimas são muito importantes porque exercem influência 
no clima, nos recursos da pesca, na morfologia costeira, na poluição, na 
navegação, etc. 
As correntes ao largo (afastadas da costa) têm pequenas velocidades e 
sob este aspecto se dá maior ênfase às correntes junto à costa e em áreas 
confinadas como estuários, lagunas, baías, etc. 
 
 
43 
 
4.2 Principais Tipos 
4.2.1 Circulação geral dos oceanos 
As grandes correntes oceânicas tem origem básica nas diferenças de 
temperatura devidas à variação da insolação na superfície do globo. Estas 
diferenças de temperatura geram ventos regulares e gradientes de pressão 
devidos às diferenças de densidade da água. O movimento assim gerado é 
bastante estável, mas sofre mudanças periódicas com as estações do ano e 
acidentais como consequência de variações climáticas (El Niño, La Niña,etc). 
Na costa brasileira temos a Corrente do Brasil, do Equador para o Polo Sul 
sendo, portanto, uma corrente de água quente e com velocidade de menos de 
1 nó (uma milha náutica por hora ou cerca de 0,5m/s). Na Figura 4-1 são 
apresentadas as grandes correntes oceânicas. 
 
 
Figura 4-1: Correntes Oceânicas 
4.2.2 Correntes de Gradiente 
São assim denominadas as correntes que surgem sob efeito das forças 
internas, ou seja, dos gradientes de pressão originados pelas diferenças de 
densidade da água do mar. 
 
 
44 
 
4.2.3 Correntes de Deriva 
O vento soprando na superfície da água arrasta as partículas líquidas 
superficiais. O movimento é transmitido às camadas inferiores pelo atrito da 
água. O estudo matemático destas correntes foi feito por Ekman a partir das 
observações que mostravam que os “icebergs” não caminhavam na direção do 
vento mas segundo uma direção inclinada em relação à direção do mesmo (na 
superfície à 45° em relação ao vento), daí o nome de correntes de deriva. 
 
4.2.4 Circulação litorânea 
Sãos as correntes de submergência ou de ressurgência criadas devido a 
inclinação da linha d’água subindo do mar para a costa ou da costa para o mar 
provocadas pela ação do vento, da pressão atmosférica ou de outra correntes 
(Figura 4-2). Explica-se assim o fenômeno das ressurgências em que a água 
mais profunda, fria e rica em nutrientes, é levada para a superfície, fenômeno 
importante para a riqueza da pesca (costa peruana). Em Cabo Frio (RJ) há 
uma ressurgência deste tipo derivando daí o nome da região. 
 
 
Figura 4-2: Formação das correntes de submergência e ressurgência 
 
45 
 
4.2.5 Correntes de Maré 
São correntes originadas pelas variações do nível d’água devidas às 
marés. A característica básica das correntes de maré é periodicidade igual a 
maré propriamente dita. Elas atingem toda a espessura da camada líquida ao 
contrário das demais correntes e, junto à costa e reentrâncias como estuários, 
lagunas e baías, são em geral mais fortes que os outros tipos de correntes. 
 
4.3 Medição e observação de correntes 
São feitas basicamente por: 
• Correntômetros ou correntógrafos: para medir a intensidade e 
direção da corrente em um ponto fixo de uma vertical em qualquer 
profundidade; 
• Flutuadores ou derivadores: para observar trajetórias de correntes 
superficiais ou em profundidade até um máximo de 5 metros 
(campo de correntes); 
• Métodos avançados: são métodos que podem utilizar imagens 
formadas com a reflexão de som graças à presença das 
partículas sólidas na água. O reflexo do som no fundo permite 
levantar a posição deste, delimitando assim à seção transversal 
do canal. O reflexo integrado nas partículas permite integrar a 
massa sólida transportada com a água. Este método foi tornado 
comercial na forma conhecida como ADCP: Acoustic Doppler 
Current Profiler (ou ADP), um sonar adaptado para tal função, 
com emissor e receptor de som. 
 
 
 
 
46 
 
5 PROCESSOS LITORÂNEOS 
5.1 Introdução 
As águas do mar permanentemente em movimento e os ventos intensos 
que sopra, sobre as extensões livres dos oceanos, estão continuamente 
modificando a conformação dos litorais. Estas modificações processam-se: 
• A longo prazo: nas idades geológicas, nas formações rochosas mais 
resistentes, e, 
• A curto prazo: por vezes a curtíssimo prazo, nas formações menos 
resistentes constituídas pelos aluviões marinhos (vasas, areias, 
cascalhos, etc.) e do ponto de vista da engenharia são estas 
modificações rápidas que tem maior interesse. 
 
5.2 Perfil de praia 
Existem várias definições sobre praia e seus limites. É importante, 
contudo, entender que a praia não é apenas aquela faixa de areia junto ao mar 
que comumente é usada pelos banhistas. Existem vários elementos que 
compõe o perfil praial e que são fundamentais para o equilíbrio do ambiente 
costeiro. Na Figura 5-1 é apresentado um esquema com os principais 
componentes do perfil praial. 
 
 
Figura 5-1: Perfil praial típico 
Fonte: Usace, 2008 (modificado) 
zona de
arrebentação
zona de
espraiamento zona de surfepós-praia
praia
berma
berma
duna
nível médio de preamar
nível médio de baixamar
barra
longitudinal
face da costa (nearshore)
zona ao largo
(offshore)
(ou rochedo,
vegetaçãopermanente)
costa
 
47 
 
Comumente chama-se de costa ou litoral toda a faixa de interface entre 
a terra e o mar, apesar de que a maior parte dos textos de referência no 
assunto considera a costa a região que nunca é inundada do perfil praia e onde 
se encontram as dunas, os rochedos ou a vegetação litorânea permanente. Já 
a praia corresponde à parte emersa de terra que, em função da variação de 
marés, dos eventos de tempestade e ação de ondas, pode ou não estar 
inundada. A região de espraiamento ou estirâncio corresponde à região da face 
de praia que está sujeita à variação das marés. 
 
5.3 Origem e caminhamento dos aluviões 
Os aluviões encontrados nos litorais podem ter as seguintes origens 
primárias: 
• Origem marinha 
o Abrasão de rochas locais por ação das ondas; 
o Depósitos calcáreos formados por restos de animais 
marinhos; 
o Materiais trazidos das grandes profundidades submarinas 
(materiais abissais). 
• Origem fluvial 
o Materiais lançados no mar diretamente pelos rios; 
o Depósitos fluviais antigos (lançados no mar em eras 
passadas). 
• Origem eólica 
o Materiais levados aos litorais pelos ventos 
Os aluviões de origem fluvial são em geral os mais comuns, incluindo 
em particular toda a areia encontrada nas praias já que os movimentos do mar 
só produzem pedregulhos e vasas. 
O caminhamento dos aluviões marinhos são devidos à ação das ondas, 
das correntes e dos ventos, sendo sobretudo a ação das ondas a causa mais 
importante nas praias de areia. 
Podem provocar sérios problemas como assoreamento dos acessos aos 
portos, erosão das praias, formações e movimentações de restingas, etc. 
 
 
48 
 
5.4 Métodos para determinação da origem e do caminhamento dos 
aluviões marinhos 
A simultaneidade dos diversos agentes em ação, bem com a 
irregularidade dos mesmos, torna em geral, difícil determinar de onde provém e 
como caminham os aluviões encontrados em um determinado instante em um 
trecho do litoral. 
Conclusões apressadas, obtidas a partir de observações parciais dos 
fenômenos em jogo ou em prazos curtos quase sempre afastam-se da 
realidade. 
Os meios empregados nestas determinações são os seguintes: 
• Métodos hidrográficos: baseados em levantamentos hidrográficos 
como observações de ondas, marés, correntes, ventos, sondagens 
batimétricas, amostragem de materiais de fundo, em suspensão, 
salinidade, etc. 
• Método dos traçadores naturais: através da análise química, 
petrográfica ou biológica dos sedimentos, que podem indicar sua 
região de origem e consequentemente seu caminhamento. 
• Método dos traçadores artificiais: através dos quais mistura-se aos 
sedimentos naturais um material estranho, de características 
semelhantes e de fácil identificação e acompanha-se sua 
movimentação – traçadores colorimétricos, luminescentes ou 
radioativos. 
Normalmente estes diversos métodos são utilizados em conjunto, sendo 
os métodos hidrográficos sempre fundamentais. 
 
5.5 Transporte pelo vento 
O vento age de duas formas: 
• Indiretamente: dando origem às ondas e a certos tipos de correntes 
– correntes de deriva e de circulação litorânea. 
• Diretamente: por abrasão das rochas (desgaste por fricção) e por 
deflação (transporte das partículas por correntes aéreas). 
A principal ação dos ventos nos litorais é a formação e deslocamento 
das dunas de areia. As dunas são formadas pela retirada de areia do 
 
49 
 
estirâncio, permanentemente alimentado pelas ondas (Figura 5-1). Na maré 
baixa, as areias secas pelo Sol são levadas para a faixa da beira-mar pelos 
ventos que sopram do mar para o continente. 
Acumulam-se com perfil característico (Figura 5-2), ou seja, talude mais 
suave a barlavento (formando ângulo da ordem de 7° com a horizontal) e 
abrupto a sotavento (ângulo de 20° a 35°). As partículas são arrastadas a 
barlavento subindo o talude e caindo a sotavento por ação da gravidade, 
ficando retidas pelas partículas superiores até serem de novo descobertas a 
barlavento. Desta forma as dunas caminham com velocidades variáveis em 
função da velocidade do vento e da granulometria das partículas, formando-se 
regularmente novas dunas na faixa da beira-mar com as areias trazidas do 
estirâncio. 
 
Figura 5-2: Perfil característico das dunas 
As dunas podem causar sérios problemas como interrupção de estradas 
de área urbanas e agrícolas, destruição de construções, assoreamento de 
portos, etc. 
 
5.6 Transporte pelas Ondas 
As ondas põem em movimento e transportam os aluviões costeiros, 
provocando modificações no perfil das praias e seleção granulométrica das 
partículas sólidas. 
Os aspectos mais importantes dessas modificações são: 
• A inclinação dos trechos característicos do perfil da praia depende 
das características das ondas e da granulometria dos sedimentos e 
de eventuais correntes marinhas; 
• De um modo geral a inclinação do perfil é mais suave quanto mais 
forte as ondas e mais fino o material da praia, correspondendo 
maiores inclinações a maiores diâmetros; 
7
°
25
°
 
a 
30
°
ventos
barlavento sotavento
 
50 
 
• A inclinação dos perfis de praia é quase sempre de 1 a 2% para 
áreas de praia mais comuns; excepcionalmente podem variar de 
0,2 a 1,5%; 
• Nos períodos de forte agitação a parte superior da praia é erodida 
e o material depositado na parte inferior reduzindo a declividade. 
Assim o perfil dos estirâncio “báscula” em seu trecho médio, 
segundo os períodos de fortes e fracas ondulações, sem que haja, 
porém, uma exata conservação de volumes; 
• Na região da arrebentação das ondas há tendência à formação de 
bancos ou barras e fossas, que são tanto mais nítidos quanto mais 
regulares as ondas e menor a amplitude de maré – ondas 
regulares arrebentam sempre na mesma profundidade. 
• Quanto à direção de aproximação as ondas podem atingir as praias 
normal ou obliquamente a elas. 
 
5.6.1 Ação das ondas normais à praia 
Somente em casos excepcionais as ondas atingem as praias 
perfeitamente na direção normal às mesmas, apesar da tendência a tal 
situação em decorrência do efeito de refração pelo fundo marinho. 
Nestas condições formam-se “correntes” de direção normal à praia e 
sentidos opostos. O balanço dessas diferentes correntes é que produz as 
tendências à erosão ou ao assoreamento da praia, em função das 
características das ondas. 
Entre as múltiplas “correntes” indicadas nas várias teorias pode-se citar, 
como as mais representativas: 
• Jato de arrebentação: que tende a levar o material para a praia 
pela arrebentação; 
• Corrente de compensação: que tende a compensar o acúmulo de 
água a praia pela arrebentação e no retorno conduz as partículas 
da praia para o largo; 
• Corrente de retorno (“Rip current”): que quando não há uma 
compensação entre as outras correntes, conduz o excesso de água 
 
51 
 
acumulado na praia para canais de retorno preferenciais, normais à 
praia, formando as volutas de praia. 
 
O perfil característico de praia apresentado na Figura 5-1 também sofre 
alterações devido ao clima. Em situações de bom tempo (verão), as ondas que 
chegam perpendiculares à costa têm menor energia (menor altura) de forma 
que após a arrebentação a maior parte do sedimento remobilizado para a praia 
não volta para o mar. Com isso, há uma acresção da praia. Já em situações de 
mau tempo (inverno) a energia das ondas é maior produzindo os efeitos 
conhecidos como ressacas em que os sedimentos que estavam na praia são 
remobilizados para o mar. As praias são, portanto, erodidas e os sedimentos 
são levados para próximo da zona de arrebentação, formando o que se chama 
de barra longitudinal. Os sedimentos acumulados nessa barra serão 
gradativamente levados para a praia assim que as ondas forem reduzindo sua 
energia no próximoverão. Espera-se, portanto, que, ao final desse ciclo, a 
resultante do transporte na direção perpendicular à praia seja praticamente 
nula. Na Figura 5-3 é apresentado um esquema com as alterações do perfil 
longitudinal da praia ao longo do ano. 
 
52 
 
 
Figura 5-3: Alterações do perfil longitudinal da praia ao longo do ano 
Fonte: Usace, 2008 (modificado) 
 
5.6.2 Ação das ondas oblíquas às praias 
As ondas oblíquas às praias provocam o “transporte litorâneo”, ou seja, 
a movimentação dos sedimentos ao longo da praia (paralelo a praia). 
Esta movimentação é devida basicamente à formação de dois tipos de 
correntes: 
• Corrente de arrebentação ou corrente longitudinal: originada pela 
arrebentação, helicoidal, de alto poder erosivo, com resultante 
paralela à praia; 
• Corrente de jato de praia (zig-zag ou dente de serra): em que as 
cristas das ondas sobem ao longo da praia na direção das ondas e 
a água retorna pela linha de maior declive (normal à praia). A 
partícula de sedimento carregada pela ação das ondas, em um 
 
53 
 
movimento repetitivo, é transportada paralelamente à praia a 
mesma direção da corrente de arrebentação. 
A ação resultante das correntes de arrebentação e jato de praia 
denomina-se transporte litorâneo. Na Figura 5-4 é apresentada a corrente 
longitudinal gerada pela arrebentação oblíqua de ondas. 
 
Figura 5-4: Corrente longitudinal gerada pela arrebentação de ondas oblíqua a linha de 
costa 
Os volumes movimentados pelo transporte litorâneo podem ser muito 
elevados atingindo centenas de milhares de metros cúbicos por ano, ou, em 
condições excepcionais, transporte da ordem de dezenas de milhares de 
metros cúbicos em poucas horas. 
É exatamente devido a estas grandes movimentações que o transporte 
litorâneo pode causar sérios problemas nas obras marítimas, especialmente 
nos portos. 
5.7 Transporte pelas correntes 
De um modo geral as correntes marítimas não têm velocidades 
suficientes para provocar a erosão dos fundos submarinos. Fazem exceção 
apenas as correntes de maré, especialmente nos estuários e em embocaduras 
onde em geral, há sedimentos de fina granulometria. Nestes casos as 
correntes de maré, conjugadas com as descargas fluviais, são as principais 
modeladoras do fundo submarino, formando canais profundos aproveitados 
para a navegação. 
partícula 
Frente de ondas 
Resultante da 
corrente longitudinal 
Vaivém resultante do ataque 
frontal das ondas 
Movimento das 
partículas de água 
 
54 
 
O transporte propriamente dito pelas correntes de maré, bidimensionais 
nos estuários, é feito em um lento vai e vem de partículas sólidas em 
suspensão ou arrastadas pelo fundo (menos frequente) dando como resultante 
final o lançamento no mar aberto, devido a predominância das correntes de 
vazante reforçadas pelas descargas fluviais. 
Cabe finalmente lembrar que as correntes, mesmo de pequena 
velocidade, são capazes de transportar grandes volumes de sedimentos 
colocados em suspensão por outras ações, por exemplo, pela arrebentação 
das ondas. 
 
5.8 Formações típicas costeiras 
Nas praias de areia encontram-se por vezes, conformações particulares 
da costa, quase sempre originadas pelo transporte litorâneo. As mais 
importantes são: 
• Flechas (Figura 5-5): formadas nas desembocaduras de rios em 
praias com forte transporte litorâneo, podendo atingir grandes 
comprimentos. Exemplo: Foz do rio Ribeira de Iguapé – litoral Sul 
do Estado de São Paulo. 
 
Figura 5-5: Formação de flechas 
• Restingas ou lidos (Figura 5-6): são formações semelhantes às 
flechas, formadas nas entradas das baías, devido a interrupção do 
transporte litorâneo. Exemplo: Restinga da Marambaia, no litoral do 
 
55 
 
Estado do Rio de Janeiro, que fecha uma parte da Baía de 
Sepetiba. 
 
Figura 5-6: Formação de restinga 
• Tômbolos (Figura 5-7): São bancos formados entre as ilhas 
próximas aos continentes e os mesmos, com a forma pelicular e 
que normalmente só são descobertas nas baixa-mares. São 
formados pela ação das ondas difratadas nos extremos da ilha e 
pela interrupção do transporte litorâneo. Exemplo: Ilha Porchat na 
Baía de Santos. 
 
Figura 5-7: Formação de tômbolos 
• Barras: são bancos submersos formados nas desembocaduras de 
rios, estuários, entradas de lagunas ou mesmo nas entradas de 
baías que dificultam o acesso a navegação. Através dos bancos 
 
56 
 
submersos se dá a continuidade do transporte litorâneo ao longo 
das praias adjacentes. Exemplo: Barra de Cananéia no litoral do 
Estado de São Paulo. 
• Línguas e cordões litorâneos: são assim denominadas certas 
formações semelhantes às flechas e restingas, porém, com uma 
formação mais complexa. Exemplo: cordão que forma a Lagoa dos 
Patos no Rio Grande do Sul. 
 
 
57 
 
6 CANAL DE ACESSO E BACIA DE EVOLUÇÃO OU MANOBRAS 
6.1 Dimensões do navio de projeto 
 
Loa: comprimento total; 
Lpp: comprimento entre perpendiculares; 
B: boca ou largura; 
T: calado – altura entre a linha de flutuação e a quilha; 
P: pontal (altura total do casco do navio); 
d: deslocamento (W) – peso do volume de água deslocado pelo navio 
(em carga, em lastro, em vazio), em toneladas métricas; 
TPB: tonelagem de porte bruto (DWT – dead weight) – diferença entre o 
deslocamento em carga e em vazio. 
 
6.2 Berço de Atracação 
Comprimento do berço: (NT: navio tipo) 
Profundidade do berço: 
NTNTBerço BLL +≥
0,1+= Thmín
 
58 
 
6.3 Canal de Acesso 
6.3.1 Profundidade mínima 
6.3.1.1 Canal interno (não está sujeito ao ataque de ondas) 
 
 
6.3.1.2 Canal externo (sujeito ao ataque de ondas) 
 
6.3.2 Largura mínima requerida 
 
 
A metodologia apresentada abaixo é recomendada pela PIANC (1997). 
 
10,1=
T
hmín
 
59 
 
Para canal de mão simples a largura requerida (Lsimples) é dada pela 
soma de 12 fatores mais uma boca do navio (L@YO2ZA@ 	� 	B	 +	∑12	����]�� ). 
Para canal de mão dupla a largura requerida (Ldupla) é o dobro da 
largura calculada para o canal de mão simples (2.Lsimples) mais um fator 13 que 
corresponde a largura adicional de passagem (LN^2Z_ 	� 	 L@YO2ZA@ + ����]	13 ). 
 
Fator Descrição 
1 Manobrabilidade 
2 Velocidade do navio 
3 Ventos transversais prevalecentes 
4 Correntes transversais prevalecentes 
5 Correntes longitudinais prevalecentes 
6 Altura significativa Hs e comprimento de onda (λ) 
7 Auxílio a navegação 
8 Superfície de fundo 
9 Profundidade de via navegável 
10 Nível de periculosidade da carga 
11 Intensidade do tráfego 
12 Largura adicional devido à folga com a margem 
13 Largura de passagem para canal de mão dupla 
 
6.3.2.1 Classificação 
 
Velocidade da embarcação 
 
Intensidade dos ventos transversais 
(nós) 
 
Intensidade das correntes 
transversais (nós) 
 
Intensidade das correntes longitudinais 
(nós) 
 
 Veloz Maior que 12 
Moderada Maior que 8; Menor que 12
Lenta Maior que 5; Menor que 8 Severo Maior que 33; Menor que 48 
Moderado Maior que 15; Menor que 33
Fraco Menor que 15
 Forte Maior que 1,5; Menor que 2,0 
Moderada Maior que 0,5; Menor que 1,5
Fraca Maior que 0,2; Menor que 0,5
Negligenciável Menor que 0,2
 Forte Maior que 3,0
Moderada Maior que 1,5; Menor que 3,0
Fraca Menor que 1,5
 
60 
 
Nível de periculosidade da carga 
 
Densidade do tráfego 
 
6.3.2.2 Determinação dos valores dos fatores 
Manobrabilidade 
 
Largura adicional devido à folga com as margens 
 
Largura de passagem (mão dupla) 
 
 
 
 
 
 Categoria Carga
Baixa Passageiros; cargas em geral; containers; Granéis Sólidos
Média Petróleo 
Alta Combustíveis, Gás Liquefeito de Petróleo,Metaneiros, Butaneiros, Produtos Químicos de todas as classes
Categoria Densidade de Tráfego (Embarcações/hora)
Leve 0 - 1
Moderada 1 - 3
Pesada > 3
 Manobrabilidade da Embarcação Boa Moderada Ruim
Largura Adicional 1,3 B 1,5 B 1,8 B
Largura Adicional Velocidade da Embarcação
Canal Externo 
(não-abrigado)
Canal Interno 
(abrigado)
Canal com Laterais Taludadas 
e com Bancos de Areia
Veloz 
Moderado 
Lento 
0,7 B 
0,5 B 
0,3 B
 - 
0,5 B 
0,3 B
Margens íngremes e rígidas, 
estruturas
Veloz 
Moderado 
Lento 
1,3 B 
1,0 B 
0,5 B
 - 
1,0 B 
0,5 B
 
Largura Adicional Canal Externo (não-abrigado)
Canal Interno 
(abrigado)
Velocidade da Embarcação
Veloz 
Moderada 
Lenta
2,0 B 
1,6 B 
1,2 B
 - 
1,4 B 
1,0 B
Densidade de Tráfego
Leve 
Moderada 
Pesada
 0 
0,2 B 
0,5 B
 0 
0,2 B 
0,4 B
 
61 
 
 
 Largura Velocidade da Embarcação
Canal 
Externo
Canal 
Interno
(a) Velocidade da Embarcação 
Veloz 
Moderada 
Lenta
0,1 B 
0,0 
0,0 
0,1 B 
0,0 
0,0 
(b) Ventos Transversais Prevalescentes
Fraco Todas 0.0 0.0
Moderado Veloz 0,3 B -
Moderada 0,4 B 0,4 B
Lenta 0,5 B 0,5 B
Severo Veloz 0,6 B -
Moderada 0,8 B 0,8 B
Lenta 1,0 B 1,0 B
c) Correntes Transversais Prevalescentes
Negligenciável Todas 0.0 0.0
Fraca Veloz 0,1 B -
Moderada 0,2 B 0,1 B
Lenta 0,3 B 0,2 B
Moderada Veloz 0,5 B -
Moderada 0,7 B 0,5 B
Lenta 1,0 B 0,8 B
Forte Veloz 0,7 B -
Moderada 1,0 B -
Lenta 1,3 B -
d) Correntes Longitudinais Prevalescentes
Fraca Todas 0.0 0.0
Moderada Veloz 0.0 -
Moderada 0,1 B 0,1 B
Lenta 0,2 B 0,2 B
Forte Veloz 0,1 B -
Moderada 0,2 B 0,2 B
Lenta 0,4 B 0,4 B
e) Altura Significativa HS e Comprimento de Onda λ λ λ λ 
(m)
HS ≤ 1 e λ ≤ L Todas 0.0 0.0
3 > HS > 1 e λ = L Veloz 2,0 B -
Moderada 1,0 B -
Lenta 0,5 B -
HS > 3 e λ > L Veloz 3,0 B -
Moderada 2,2 B -
Lenta 1,5 B -
(f) Auxílios à Navegação
excelente com controle de tráfego 0.0 0.0
bom 0,1 B 0,1 B
moderado (rara ocorrência pobre visibilidade) 0,2 B 0,2 B
moderado (frequente ocorrência pobre visibilidade) ≥ 0,5 B ≥ 0,5 B
(g) Superfície do Fundo do Canal
se profundidade ≥ 1,5 T 0.0 0.0
se profundidade < 1,5 T e
lisa e macia 0,1 B 0,1 B
lisa ou taludada e rígida 0,1 B 0,1 B
rugosa e dura 0,2 B 0,2 B
(h) Profundidade do Canal
≥ 1,5 T (interno e externo) 0.0 0.0
≥ 1,25 T e < l,5 T (externo) ≥ 1,15 T e < l,5 T (interno) 0,1 B 0,2 B
< 1,25 T (externo) < 1,15 T (interno) 0,2 B 0,4 B
(i) Nível de Periculosidade da Carga
Baixa 0.0 0.0
Média 0,5 B 0,4 B
Alta 1,0 B 0,8 B
 
62 
 
6.3.2.3 Trecho em curva – sobrelargura 
 
6.3.3 Raio de curvatura mínimo 
 
1,10
relação lâmina d'água / calado
1,15
1,20
1,30
1,50
∞
ângulo do leme (°)10 20 30
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
Ws: sobrelargura
B: boca do navio tipo
W
s 
/ B
1,10
1,15
1,20
1,30
1,50
∞
relação profundidade / calado
R
 
/ L
pp
ângulo do leme (°)
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
R: raio de giro
Lpp: comprimento entre perpendiculares
10 20 30
 
63 
 
6.4 Bacia de Evolução ou Manobras 
6.4.1 Diâmetro 
D = (2 a 4).Loa (com e sem assistência de rebocadores 
respectivamente) 
6.4.2 Profundidade 
• Bacia desabrigada: mesma do canal de acesso; 
• Bacia abrigada: ℎOYB � � + 1,0� 
6.5 Largura da entrada do Porto (medida no fundo) 
 
A largura da entrada do porto entre quebra-mares deve considerar um 
compromisso entre um acesso seguro para a navegação e a limitação de 
entrada da energia da onda (limitação da onda residual no interior da bacia 
portuária). 
Segundo A. F. Quinn, para: 
• Pequenos portos: 90m; 
• Médios portos: 120 a 150m; 
• Grandes portos: 150 a 250m. 
 
64 
 
7 PORTOS MARÍTIMOS – OBRAS DE MELHORAMENTO 
7.1 Terminal Marítimo 
Definição mais geral: Local abrigada de ventos e ondas, onde uma 
embarcação pode, com segurança, aguardar condições de tranquilidade para 
navegar ou ter acesso à costa. São as reentrâncias da costa como baías, 
cabos, enseadas, estuários, etc. 
Definição mais específica: Local onde é feito o transbordo de cargas e 
passageiros das embarcações para terra firme supondo a existência de 
condições tais como acesso, abrigo, profundidades adequadas e obras de 
acostagem com equipamentos para manuseio de carga e instalações para 
armazenamento. 
Acesso: que possibilita à embarcação atingir o local abrigado 
Abrigo: local abrigado das ondas e correntes fortes 
Profundidade: adequada ao calado das embarcações 
Acostagem: para manter o navio imóvel durante as operações de 
transbordo 
Sob este enfoque os portos podem ser classificados em: 
• Portos naturais: possuem naturalmente as condições de acesso e 
abrigo. Ex: Santos (SP) 
• Portos artificiais: as condições de acesso e abrigo são 
proporcionadas através de obras. Ex: Praia Mole (ES) 
A evolução dos portos desde a antiguidade ocorreu da fixação de povos 
junto à costa em locais abrigados, passando pela melhoria desses locais 
através de obras, e depois, pela implantação de portos totalmente artificiais. 
 
7.2 Tipos de Portos 
Além da classificação em portos naturais e artificiais, podem ser 
classificados: 
• Quanto à localização 
o Exteriores: em mar aberto junto a costa 
o Interiores: estuários, lagunas, etc 
o Mistos 
 
65 
 
o Off-shore (ao largo) 
• Quanto à utilização 
o De carga geral 
o Especializados (granéis) 
o De pesca 
o De lazer (marinas) 
o militares 
• Quanto à administração 
o Públicos 
o Privados 
 
7.3 Tipos de Cargas 
7.3.1 Carga Geral 
Contratadas através das conferencias para operação em rotas 
específicas (ou off sider). 
Produtos manufaturados (incluindo alimentos) 
Produtos semi-manufaturados (produtos químicos) 
Matérias-primas em pequenas quantidades (algodão, madeira) 
Alimentos não processados em pequenas quantidades (café, cacau) 
Cargas unitizadas (pallets e containeres) 
Roll on – roll off (ro-ro) ≠ lift on – lift off (lo-lo) ≠ lash 
Container: a partir de 1966 (TEU e FEU) cuja operação se aproxima do 
granel. Transporte intermodal 
 
7.3.2 Granel 
Matérias-primas básicas (commodities) contratadas em bolsas 
internacionais sem rotas fixas (ou no mercado spot) 
Petróleo 
Carvão 
Minérios (ferro, manganês, bauxita, etc) 
Fosfato 
Grãos (soja, milho, trigo, etc) 
 
66 
 
Granéis são operados em terminais especializados. 
 
Lash – lighter – aboard – ships 
TEU – Twenty foot equivalent units (20’) 
FEU – Forty foot equivalent unit (40’) 
 
7.4 Condicionantes de Projeto 
7.4.1 Característica físicas da região de implantação

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