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Teorema da Divergeˆncia de Gauss no Espac¸o Augusto Lassen, Fabio Rasera, Luan Bottin de Toni, Ramon Nunes Kru¨ger Professor: Manuela Longoni de Castro 1 de julho de 2017 O Teorema de Gauss (tambe´m conhecido como Teorema de Ostrogradski- Gauss) trata da integrac¸a˜o das componentes normais de um campo vetorial atrave´s de uma superf´ıcie fechada (fisicamente compreendida como fluxo). E´ utilizado no estudo da fluido-dinaˆmica e principalmente na a´rea do ele- tromagnetismo, sendo uma das quatro equac¸o˜es de Maxwell. O presente trabalho tem o intuito de demonstrar este teorema. Teorema da Divergeˆncia de Gauss no Espac¸o: Seja V um so´lido no R3 limitado por uma superf´ıcie S seccionalmente lisa, fechada, orien- tada pela normal unita´ria exterior −→n . Seja −→F (x, y, z) um campo vetorial cujos componentes tenham derivadas parciais de primeira ordem cont´ınuas. Temos: ∫∫∫ V −→5 · −→F (x, y, z) dxdydz = ∫∫ S −→ F · −→n dS (1) Demonstrac¸a˜o Seja −→ F (x, y, z) = P (x, y, z) −→ i +Q(x, y, z) −→ j +R(x, y, z) −→ k . Enta˜o −→5 · −→F = Px +Qy +Rz E se a, b e c forem os aˆngulos que −→n forma com −→i , −→j e −→k : −→n = (cos(a), cos(b), cos(c)) Logo: −→ F · −→n = P cos(a) +Q cos(b) +R cos(c) 1 Figura 1: Projec¸a˜o da a´rea delimitada por vetores em um plano. Portanto provar a igualdade em (1) e´ equivalente a provar que∫∫∫ V ∂P ∂x (x, y, z) dxdydz = ∫∫ S P cos(a) dS = ∫∫ S P dydz (2) ∫∫∫ V ∂Q ∂y (x, y, z) dxdydz = ∫∫ S Q cos(b) dS = ∫∫ S Q dzdx (3) ∫∫∫ V ∂R ∂z (x, y, z) dxdydz = ∫∫ S R cos(c) dS = ∫∫ S R dxdy (4) A ideia da prova e´ a mesma para todas: transformar a integral tripla numa dupla e essa numa integral de superf´ıcie. A prova da terceira igualdade pode ser visualizada nas figuras 1 e 2: A norma de um produto vetorial e´ igual a` a´rea do paralelogramo gerado pelos vetores dessa operac¸a˜o (na figura 1 o profuto vetorial entre −→u e −→v resulta no vetor −→w ). Desse modo a a´rea projetada, em um plano, equivale a` norma, do pro- duto vetorial das projec¸o˜es desses vetores no plano. Na figura (1) −→u p×−→v p =−→w p representa o produto vetorial entre as projec¸o˜es de −→u e −→v . E´ fa´cil de perceber que −→w p tambe´m representa a projec¸a˜o de −→w no eixo z (per- pendicular ao plano em que a a´rea esta´ sendo projetada). Conforme mos- trado na imagem, chega-se que a a´rea projetada no plano equivale a` norma ‖−→w p‖ = ‖−→w ‖cosα, sendo α o menor aˆngulo entre −→u ×−→v e o eixo z. Pela figura 2 observamos que a a´rea dxdy pode ser visto como a projec¸a˜o em xy de um elemento unita´rio de superf´ıcie dS (delimitado por vetores 2 Figura 2: Projec¸a˜o de um elemento dS de superf´ıcie no plano ortogonais). Chegamos enta˜o que: dS = dx dy cos(c) verificando a igualdade das equac¸o˜es 2, 3 e 4. Agora, basta verificar as demais igualdades nas equac¸o˜es 2, 3 e 4 (e por conseguinte verificar a validade do teorema na equac¸a˜o 1). Verificaremos apenas a validade da equac¸a˜o 4, de modo que o racioc´ınio para as demais e´ ana´logo, bastando referir-mo-nos a`s projec¸o˜es em relac¸a˜o a outros planos e eixos. Para uma superf´ıcie S seccionalmente lisa, fechada, delimitando um vo- lume V projeta´vel em xy como uma regia˜o K. Genericamente representada pela figura (3) em que: S = S1 ∪ S2 ∪ S3, onde S1 dada por z = f1(x, y) e S2 dada por z = f2(x, y) delimitam V superior e inferiormente de modo que suas projec¸o˜es esta˜o contidas em K. E em que S3 (que poderia na˜o estar representada no caso de um elipso´ide por exemplo) delimita V lateralmente (f1(x, y) ≤ z ≤ f2(x, y)) e sua projec¸a˜o esta´ contida na fronteira de K. 3 Vemos que ∫∫ S R cos(c) dS = 3∑ i=1 ∫∫ Si R cos(c) dS • Como em S3 −→n e´ paralelo ao plano xy:∫∫ S3 R cos(c) dS = 0 Figura 3: Volume delimitado superiormente por S2, inferiormente por S1 e lateralmente por S3 com regia˜o de projec¸a˜o K em xy • S2 pode ser parametrizada por −→r (x, y) = x−→i + y−→j +−→f2(x, y), (x, y) ∈ K enta˜o −→ N (x, y) = −∂f2 ∂x (x, y) −→ i − ∂f2 ∂y (x, y) −→ j + −→ k e −→n (x, y) = −→ N (x, y) ||−→N (x, y)|| com −→ N = −→5f2(x, y) um vetor normal a S2 e −→n o vetor exterior unita´rio normal a` S2. e portanto∫∫ S2 R cos(c) dS = ∫∫ S3 R dxdy = ∫∫ k R(x, y, f2(x, y)) dxdy 4 • S1 pode ser parametrizada por −→r (x, y) = x−→i + y−→j + f1(x, y)−→k , (x, y) ∈ K enta˜o −→ N (x, y) = −∂f1 ∂x (x, y) −→ i − ∂f1 ∂y (x, y) −→ j + −→ k e −→n (x, y) = − −→ N (x, y) ||−→N (x, y)|| com −→ N = −→5f1(x, y) um vetor normal a S1 e −→n o vetor exterior unita´rio normal a` S1. e portanto∫∫ S2 R cos(c) dS = − ∫∫ S3 R dxdy = − ∫∫ K R(x, y, f1(x, y)) dxdy Somando, enta˜o, os resultados obtidos anteriormente, e´ poss´ıvel ver que:∫∫ S Rcos(c) = ∫∫ K [R(x, y, f2(x, y))−R(x, y, f1(x, y))]dxdy = ∫∫ K ∫ z=f2(x,y) z=f1(x,y) ∂R ∂z (x, y, z)dzdxdy = ∫∫∫ V ∂R ∂z (x, y, z)dxdydz Similarmente, vemos que esse processo dedutivo e´ aplica´vel aos outros pla- nos, tal que as coordenadas do campo vetorial recebera˜o o mesmo trata- mento, e resultara˜o nos mesmos resultados:∫∫ S Pcos(a)dS = ∫∫∫ V ∂P ∂x (x, y, z)dxdydz E, similarmente, temos que:∫∫ S Qcos(b)dS = ∫∫∫ V ∂Q ∂y (x, y, z)dxdydz Essa foi a forma, portanto, que o grupo encontrou para mostrar o teorema de Gauss no espac¸o para so´lidos projeta´veis nos planos coordenados.Caso V seja um so´lido qualquer divis´ıvel atrave´s de superf´ıcies regulares por partes num nu´mero finito de so´lidos projeta´veis, basta calcular o teorema a cada superf´ıcie separadamente e somar seus resultados e este estara´ igualmente estabelecido. 5 Refereˆncias Thomas, George B. - Ca´lculo, volume 2, 12a ed. Sa˜o Paulo, Pearson Education do Brasil, 2012. Leithold, Louis - Ca´lculo com Geometria Anal´ıtica, volume 2, 3a ed. Sa˜o Paulo, HARBRA, 1994. 6
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