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Espécies de contratos

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DO CONTRATO ESTIMATÓRIO OU DE CONSIGNAÇÃO (Arts. 534 a 537)
	Ocorre que uma parte, denominada consignante, faz a entrega à outra, o consignatário, de coisas móveis, com a finalidade que esta conclua a venda em um prazo e preço fixados. É necessário a entrega da coisa pelo tradens (consignante) ao accipiens (consignatário), portanto classifica-se como contrato real, mesmo que haja a autorização para a venda, sem a entrega efetiva do bem o pacto será diverso. É oneroso, comutativo e bilateral, impondo obrigações recíprocas. O tradens que é o dono, titular da disponibilidade do bem móvel, o accipiens recebe a coisa com a finalidade de vendê-la a terceiro, em preços e condições estabelecidas pelo consignante, o encargo do consignatário é de vender a coisa, o seu lucro será o valor que ele conseguir sobre o que foi estimado, o contrato possui obrigação facultativa, pois pode ele devolver a coisa ao invés de pagar o preço. 
NATUREZA JURÍDICA. O consignatário não representa o consignante, ela atua em nome próprio em relação ao terceiro contratante, diferindo-se do mandato. Este contrato possui características próprias: entrega da coisa móvel, disponibilidade da coisa, obrigação de restituir ou pagar o preço estimado e prazo. Todavia, o prazo não é considerado requisito essencial, pode ser por tempo indeterminado, neste caso cabe ao consignante a notificação e a fixação de prazo razoável para o cumprimento do contrato. A disponibilidade da coisa deve ser entregue ao consignatário, se a coisa é entregue para demonstração ou amostra, não há consignação, importante ressaltar que o consignante não poderá alienar a coisa antes da restituição, durante o prazo contratual ele perde a disponibilidade apesar de dono.
	DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO CONSIGNANTE. É essencial que o tradens entregue a coisa móvel ao consignatário, bem como sua disponibilidade. Porém ele conserva a propriedade e findo o prazo, tem direito ao preço ou a restituição da coisa. Durante a vigência contratual não pode turbar a posse direta do consignatário e nem pretender a restituição, porém, como mantém o domínio, pode prometer a venda para após o prazo de consignação, mediante reaquisição da disponibilidade, não pode ser penhorada por credores do consignatário, nem arrecadada em insolvência ou falência, enquanto não for pago o preço.
	DIREITOS E DEVERES DO CONSIGNATÁRIO. É conferido o direito de dispor da coisa durante certo período, a venda a terceiro é o efeito natural e esperado, a restituição do bem é a única faculdade do negócio, se utilizada e comunicada o consignatário terá o direito de obtê-la, mesmo que judicialmente. O prazo é concedido em favor do consignatário, nada obsta que ele restitua a coisa antes do prazo, salvo se o contrato estipular o contrário, não haverá a possibilidade de retratação uma vez que pago o preço ou restituída a coisa. O consignatário responde pela perda ou deterioração da coisa e continua obrigado pelo preço estimado, ainda, não está obrigado o consignante a receber a coisa deteriorada, sem ser indenizado pelos danos, podendo exigir o preço. Serão de responsabilidade do consignatário a responsabilidade pelos gastos ordinários para a manutenção da coisa, salvo disposição contratual em contrário, os gastos extraordinários e urgentes cabem ao consignante, porém, não pode o consignatário permitir a deterioração da coisa, respondendo por ela.
	ESTIMAÇÃO DO PREÇO. Como é elemento fundamental, entende-se que na conclusão do contrato o preço já esteja estimado. Nada impede que seja fixado após a entrega da coisa, porém, não aperfeiçoa-se o contrato enquanto não determinado o preço. As partes podem estipular que o preço seja fixado por terceiro ou mediante cotação em bolsa, de qualquer maneira, se estiver o preço subordinado a termo ou evento futuro, a eficácia do contrato estará sob condição suspensiva. Descaracteriza o negócio como contrato estimatório se for autorizado ao consignatário estabelecer o preço, entretanto, as partes podem estabelecer o preço de mercado. Decorrido o prazo e não pago o preço ou não restituída a coisa o consignatário responde pelos efeitos da mora. Contrato por prazo certo enseja a mora ex re (imposta legalmente, independente de provocação do interessado, nos casos previstos, é automática, imediata). Por prazo indeterminado a mora ex persona (aquela que começa após a interpelação do interessado, exige a constituição da pessoa em mora, e seus efeitos são ex nunc). O local de pagamento e entrega da coisa, sem estipulação contratual, será o domicílio do devedor, o consignatário. 
CONTRATO DE DOAÇÃO (Arts. 538 a 564)
	Doação é a transmissão voluntária de uma coisa ou de um conjunto delas que faz de uma pessoa, doador, em favor de outra, donatário, sem receber nada como contraprestação. É ato inter vivos, ou seja, não há doações após a morte. Os meios para aquisição de propriedade são a transcrição imobiliária e a tradição, o contrato de doação traduz uma obrigação e não modalidade de aquisição de propriedade. Trata-se de contrato gratuito, unilateral e formal. É gratuito, pois traz benefício ou vantagem a apenas uma das partes, o donatário, caracteriza-se pelo animus donandi, intenção de doar, a ser analisado no caso concreto. Ainda que presente uma contrapartida por parte do favorecido, não deve ser de molde a constituir contraprestação. É contrato unilateral, pois cria obrigações somente ao doador, quando imposto um encargo à doação não se desvirtua a unilateralidade. Destacam-se dois elementos constitutivos: objetivo e subjetivo. O elemento subjetivo é a manifestação de vontade de efetuar a liberalidade, o animus donandi. O elemento objetivo é a diminuição no patrimônio do doador. O contrato é formal, por força do art. 541 do CC, que prescreve escritura pública ou instrumento particular, a exceção está no P.U. que permite a doação verbal de bens móveis e de pequeno valor, de aplicação restrita, que não a transforma em consensual.
	ANIMUS DONANDI. Muitos atos de liberalidade não se amoldam a doação, por falta da intenção de doar, o animus donandi, como por exemplo, o comodato, depósito, mandato gratuito entre outros. A doação exige gratuidade na obrigação de transferência, porém esta não confunde com o desinteresse, o motivo da doação, seja ele social, político, amoroso, entre outros, é irrelevante para o direito. O contrato não se perfaz tendo por objetivo uma contraprestação patrimonial, a aposição de encargo não desvia a liberalidade. No contrato misto, não ocorrendo simulação no negócio oneroso, onde o comprador, sabendo do valor da coisa paga um valor superior com animus donandi, haverá doação na parte referente ao sobrepreço. Entende-se por doação indireta todos os atos de liberalidade que não podem ser qualificados como doação direta, o doador pratica a liberalidade recorrendo a um meio jurídico para obter o reflexo da gratuidade, por exemplo, remissão de dívida, pagamento de débito alheio, contrato em favor de terceiro etc.
	. A aceitação é indispensável para a existência do contrato, pode ser expressa ou tácita, permitindo-se ainda a presumida. Embora presumida, a aceitação sempre se fará presente, no caso de incapaz, em se tratando de doação pura, a lei dispensa qualquer formalidade de aceitação, na hipótese de encargo deve ser examinado o caso concreto A aceitação será expressa quando for externada, seja de forma verbal, escrita ou gestual. Será tácita, quando resultar de comportamento do donatário no qual se admita a concordância no recebimento da coisa, aquele que recebe e passa a utilizar a coisa aceitou tacitamente. A lei restringe a legitimação dos tutores e curadores na doação relativa a bens de tutelados e curatelados, enquanto persistir a tutela e curatela ou delas pender contas a prestar ou liquidar. Sobre a capacidade do doador, será levada em conta a dos atos da vida civil, menores de 16 não podem doar, enquanto aqueles de 16 a 18 podem fazer desde que assistidos por seus representantes legais. Há situações legais que tolhem a legitimação para doar, como porexemplo, no caso do casal e seus bens e rendimentos comuns, com exceção aos remuneratórios e de pequeno valor, além a liberalidade aos filhos. É possível a doação por mandato, desde que o bem esteja especificado, nada obsta que pessoa jurídica figure como doador ou donatário.
	OBJETO, DOAÇÃO UNIVERSAL, DOAÇÕES INOFICIOSAS. O conteúdo do contrato consiste na obrigação de transferir gratuitamente o bem do doador ao donatário, podendo ser móvel ou imóvel. Nosso ordenamento proíbe a doação para após a morte, sendo possível por testamento. O instituto não aperfeiçoa-se com doação de coisa futura, pois, o bem doado precisa fazer parte do patrimônio do doador. Por falta de objeto é nula a doação de bem alheio, salvo se vierem a integrar oportunamente o patrimônio do doador. É vedada a doação universal ou de todos os bens do doador (art. 548), visando impedir que o doador seja levado à pobreza, em detrimento da sua família e do próprio Estado. É nula e exige que seja comprovado que o doador deixou de reservar renda ou bens suficientes para sua subsistência. É comum na prática a doação com usufruto, na qual este fica reservado ao doador ou pessoa determinada. A doação inoficiosa é aquela que excede a que o doador poderia dispor por testamento, cominando com nulidade. Serve para proteger os herdeiros necessários, descendentes e ascendentes. Não tendo descendente ou ascendente é livre o poder do doador e do testador. Questão importante é avaliar o patrimônio do doador no momento da liberalidade, se o montante doado não atinge metade dos bens não há nulidade.
DOAÇÕES EM PREJUÍZO DOS CREDORES DO DOADOR. A lei presume fraudulentos os atos gratuitos de transmissão de bens, praticados por doador insolvente, ou por eles levado a insolvência (art. 158). Presumida a fraude, o credor poderá entrar com a ação pauliana, se comprovar o dano.
CLÁUSULAS RESTRITIVAS DE INCUMINCABILIDADE, INALIENABILIDADE E IMPENHORABILIDADE DAS DOAÇÕES. Se acentua, na prática de doação dos ascendentes aos descendentes, embora existam outros herdeiros necessários que não podem ser excluídos da herança. Geralmente ocorre o adiantamento da legítima, ou seja, doação além do que seria permitido. Nosso ordenamento entende que os ascendentes, descendentes e cônjuge (este em alguns casos) possuem direito a metade da herança, denominada de legítima. Desse modo, o doador terá metade do seu patrimônio como disponível para doar a quem quiser, enquanto a outra metade deve ser reservada se tiver herdeiros necessários. Assim a doação divide-se em adiantamento da legítima ou os bens saindo da parte disponível do doador. Nossa legislação em seu art. 1848 descreve que: “salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.” Essa justa causa só se faz necessária quando for adiantamento da legítima, não se justifica o ônus na parte disponível. 
FORMA. A lei estabeleceu a forma escrita para a doação, escritura pública ou instrumento particular, no entanto, é permitida a doação verbal aos bens móveis de pequeno valor, se lhe seguir imediatamente a tradição. Assim sendo, quando o bem for imóvel e o valor for superior ao mínimo fixado o instrumento público será fixado. O instrumento particular é necessário em bens móveis de valor considerável, em comparativo com a fortuna do doador. A modalidade verbal é admitida em bens móveis de pequeno valor, sob o mesmo sistema comparativo, desde que seguido pela tradição.
EFEITOS. OBRIGAÇÕES DAS PARTES. O outorgante compromete-se a entregar um bem, sua principal obrigação é a entrega da coisa doada, pela tradição nos bens móveis e pela escritura pública nos bens imóveis, o donatário auxilia no que couber na transcrição. Tanto na doação, como na promessa de doação, o doador não responde pelos defeitos de direito, salvo disposição expressa. A regra geral é excluir as garantias dos vícios redibitórios, da evicção e o ônus de pagar juros de mora, pois, trata-se de uma liberalidade. Porém, se demandado para entregar a coisa, responde pelos juros da mora decorrentes da ação judicial, pois a exceção vale para o direito material. No caso concreto, o doador responderá somente por dolo, ou por culpa grave. O donatário não se vincula a obrigação alguma, mas, pode ser imposto encargo e incorre em mora se não cumprir seu encargo, sua obrigação quando aceita a liberalidade é receber a coisa.
MODALIDADES. A forma pura e simples é aquela liberalidade sem condição ou encargo, porém, não deixa de ser pura aquela doação com as cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade, que podem ser canceladas com acordo dos interessados pelo próprio doador. A doação contemplativa é subespécie dessa modalidade, na qual o doador enuncia claramente o motivo da liberalidade. Doação modal, onerosa ou com encargo é aquela que vem acompanhada de incumbência ao donatário, em favor do doador, de terceiro ou no interesse geral. A aposição de encargo é inerente ao negócio, de forma que seu descumprimento pode acarretar a resolução da liberalidade, salvo se o contrário for disposto em contrato. Doação remuneratória é aquela que se faz em recompensa a serviços prestados ao doador pelo donatário. Nessa doação, o doador nada deve juridicamente ao donatário, um exemplo clássico é aquele onde o donatário salva a vida do doador. Vale acentuar que a aceitação equivale ao pagamento do serviço ou benefício. A doação por merecimento pressupõe uma recompensa por favor ou serviço prestado que não se converte em obrigação. Na subvenção periódica a liberalidade se extingue com a morte do doador, normalmente estabelecida em dinheiro, mas, não há impedimentos para a contribuição periódica em outros gêneros. Extingue-se sempre com a morte do donatário, via de regra a liberalidade extingue-se com a morte do doador, se nada foi expresso pro ele. Pelo princípio da imprevisão, se o doador ficar empobrecido a liberalidade não poderá persistir. Doação conjuntiva é aquela feita a mais de uma pessoa, distribuindo-se porção entre os beneficiados, que será igual para todos. A doação pode ser condicional, submetendo-se aos princípios das condições suspensiva ou resolutiva, com restrição nas condições potestativas. A doação em contemplação de casamento futuro, modalidade sob condição suspensiva, independe de aceitação expressa, ficando sem efeitos se o casamento não ocorrer. Vale ressaltar que essa doação pode ser feita somente por escritura pública, mesmo para bens móveis e inferiores a taxa legal. A doação entre cônjuges não será válida se não estiver de acordo com o regime de bens, se por exemplo o regime do casal for a comunhão universal, perde o sentido a doação.
REVERSÃO POR PREMORIÊNCIA DO DONATÁRIO. O doador por estipular a reversão dos bens a seu patrimônio caso sobreviva ao donatário, é resolutiva, com efeito retroativo, anulando eventuais alienações feitas pelo outorgado. O donatário, apesar da cláusula tem o poder de dispor da coisa, salvo se imposta a inalienabilidade. É essencial que a cláusula conste escrita.
RESOLUÇÃO. REVOGAÇÃO DAS DOAÇÕES. A doação pode tornar-se resolúvel com o estabelecimento da cláusula de reversão ou termo, há possibilidade de resolução pelo descumprimento do encargo nas doações onerosas. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, com a finalidade de puni-lo e reparar moralmente o doador, para a configuração dessa ingratidão é necessário a conduta do donatário ser de alguma disposição legal, há modalidades que não admitem a ingratidão, como as puramente remuneratórias, as onerosas com encargo, as que fizerem em cumprimento de obrigação natural e as para determinado casamento. Submetem-se a revogação aquelas parcialmente remuneratórias, mas, somente na parte da liberalidade. Nas doações com encargo, será possível a revogação pelo não cumprimento do mesmo. As hipóteses que permitem a revogação por ingratidão estão no art. 557, que não admitem extensão alguma, são elas: I- atentadocontra a vida do doador ou homicídio contra ele (a lei refere-se ao crime doloso, não aplicando-se a modalidade culposa, bem como, não aplica-se no caso de legítima defesa, estado de necessidade, em estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de direito; II- ofensa física contra o doador ( não leva-se em conta meras ameaças, abrange a lesão corporal, mas, não ignora as vias de fato); III- injúria grave e calúnia ( não é possível a hipótese de difamação); IV- recusa de alimentos ao doador ( tem sentido moral, é necessário que o doador necessite de alimentos e que não existam parentes próximos capazes de prestá-los, e que o donatário esteja se recusando a prestar). A revogação por ingratidão não prejudicará à terceiros, nem obrigará ao donatário devolver os frutos percebidos antes de contestada a lide. A legitimidade para ação revogatória é personalíssima, atribuindo a legitimidade unicamente ao doador, porém, uma vez contestada e iniciada a ação, os herdeiros podem prosseguir com ela. Se o donatário falecer antes da propositura da ação não há como revogar a doação, quando o donatário praticar homicídio doloso contra o doador os herdeiros terão legitimidade para a ação. Se o doador perdoar o donatário, desaparece o interesse de agir, implicando a renúncia tácita. 
LOCAÇÃO DE COISAS (Arts. 565 a 578)
	Na locação de coisas uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição.
É classificado em: BILATERAL: ambas as partes possuem obrigações, COMUTATIVO: pois ambas as prestações estão definidas, CONSENSUAL: pois independe da entrega da coisa para estar perfeito, TÍPICO: há previsão legal. O termo arrendamento é sinônimo de locação, referindo-se às locações imobiliárias rurais. O locador é aquele que se compromete ceder à coisa, enquanto no outro polo encontra-se o locatário. A capacidade do agente é aquela para os atos da vida civil em geral, os pais ou tutores podem dar em locação os bens dos filhos ou pupilos. 
EMPRÉSTIMO (arts. 579 a 592)
	No contrato de empréstimo as partes propõem-se a entregar e receber um empréstimo, devendo o tomador devolver o que receber. Divide se o empréstimo em comodato (empréstimo de uso, de coisas não fungíveis) e mútuo (empréstimo de consumo, coisas fungíveis).
COMODATO. É o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis, perfaz-se com a tradição do objeto. O comodante entrega bem não fungível para o uso do comodatário, o qual deve devolvê-lo após certo tempo. Classifica-se em: UNILATERAL: o comodatário tem a obrigação de restituir o bem. REAL: o contrato se conclui com a tradição da coisa. GRATUITO: não há retribuição pelo uso da coisa. TÍPICO: pois há previsão legal. INFORMAL: não exige forma especial. Possui natureza intuitu personae, pois o comodante mira a confiança que possui no comodatário. É negócio temporário, pois possui a obrigação de restituir. Requer capacidade geral para figurar no comodato. Apesar de gratuito, é permitido o comodato modal, no qual há encargo.
MÚTUO. É o empréstimo de coisas fungíveis, o mutuário é obrigado a restituir o mutuante o que dele recebeu em coisas do mesmo gênero, qualidade e quantidade. A coisa fungível é sempre consumível, mas, a consumível nem sempre é fungível. O mutuante transfere ao domínio do mutuário a coisa emprestada. Classifica-se em: UNILATERAL: apenas o mutuário contrai obrigações. GRATUITO: comumente o mutuante nada recebe em troca do favor, porém, poderá tornar-se ONEROSO se houver contraprestação do mutuário. REAL: a tradição da coisa aperfeiçoa o contrato. É temporário porque traz a possibilidade de consumir em certo tempo e a obrigação de restituir. O mútuo que estabelece o pagamento de juros é denominado de FENERATÍCIO, os juros serão presumidos se o mútuo tiver a finalidade econômica, podem referir-se ao empréstimo de dinheiro ou de outras coisas fungíveis. Os juros representam o proveito do capital emprestado, subdividindo-se em: Compensatórios (quando representam frutos do capital) e moratórios (quando representam atraso no cumprimento da obrigação).
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO (593 a 609)
É toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, que pode ser contratada mediante retribuição, consiste que uma das partes (prestador) se obriga a realizar uma atividade em benefício de outrem (tomador) mediante remuneração. O CC trata da prestação de serviço que não está sujeita às leis trabalhistas ou a lei especial. Trata-se de contrato sinalagmático (as partes possuem obrigações recíprocas), classifica-se em: BILATERAL: gera direitos e obrigações a ambas as partes. ONEROSO: ambas as partes possuem prestação. CONSENSUAL: depende de acordo de vontades. COMUTATIVO: ambas as partes conhecem suas vantagens e obrigações. O caráter pessoal é acentuado, embora não seja como regra geral intuitu personae. O prazo máximo para a duração do contrato é de quatro anos. O contrato extingue-se com a morte de qualquer das partes, escoamento do prazo, pela conclusão da obra, pela rescisão do contrato mediante aviso prévio, por inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossibilidade de continuação do contrato por força maior. 
EMPREITADA (610 a 626)
Pelo contrato de empreitada, uma das partes, denominada empreiteiro, obriga-se a executar uma obra, mediante o pagamento de um preço pela outra parte, o denominado dono da obra. No conceito, identificam-se três elementos do contrato: os sujeitos, o preço e a realização da obra para entrega futura. Classifica-se em: ONEROSO: ambas as partes possuem vantagem que advém de obrigações. BILATERAL: pois ambas as partes possuem obrigações recíprocas. COMUTATIVO: pois as partes conhecem suas obrigações. CONSENSUAL: para aperfeiçoar-se não depende da tradição. INFORMAL: a lei não define forma determinada. TÍPICO: pois há previsão legal. É intuitu personae, Divide-se em duas modalidades: de lavor ou mão de obra, que consiste exclusivamente na atividade do empreiteiro, cabe ao proprietário fornecer os materiais. A outra modalidade é a empreitada mista, na qual o empreiteiro além de executar o trabalho, fornece os materiais. Empreitada a preço de custo é aquela na qual o empreiteiro realiza o trabalho e fornece a mão de obra, com reembolso no que foi gasto, acrescido de lucro estipulado. A subempreitada é negócio derivado do contrato principal, no qual o empreiteiro assume o papel de dono da obra, em relação ao subempreiteiro, que será “empreiteiro do empreiteiro”. A forma ordinária de extinção do contrato é quando ocorre sua execução, com entrega e recebimento da obra e pagamento do preço. Quando finalizada a obra, deve ser facultada ao dono a verificação da obra.
DEPÓSITO (627 a 652)
Pelo contrato de depósito, o depositário recebe um objeto móvel, para guardar até que o depositante reclame. Classifica-se em: UNILATERAL: somente o depositário assume obrigações, assume natureza BILATERAL quando desde o início é estabelecida contraprestação, no entanto pode transformar-se em bilateral imperfeito quando se atribuem obrigações ao depositante, sob, determinadas circunstâncias na hipótese de o depositário tornar-se credor do depositante. GRATUITO: via de regra, somente o depositário assume obrigações, salvo se as partes estipularem que o depósito seja gratificado. REAL: pois, aperfeiçoa-se após a tradição. TÍPICO: há previsão legal. FORMAL: a lei estabelece que o depósito voluntário provar-se-á por escrito. É intuiutu personae, pois, o depositante confia no depositário. O bem só poderá ser utilizado pelo depositário mediante licença expressa do depositante. Quando o depósito é voluntário necessita-se que o depositário manifeste o animus de receber a coisa. A capacidade para contratar é geral, o depósito concluído com contratante incapaz é nulo. Divide-se o depósito em voluntário e obrigatório. Aquele deriva de contrato, decorrente da vontade das partes, o depósito irregular é modalidade do depósito voluntário, consiste naquele que tem por objeto coisas fungíveis ou substituíveis,o depositário pode alienar o que recebeu, desde que restitua quando solicitado, em igual quantidade e qualidade. O chamado depósito obrigatório divide-se em: legal e necessário (ou miserável). Legal é o depósito obrigatório realizado em decorrência de desempenho de obrigação legal, como o de bagagens em hotéis. Depósito necessário ou miserável é o que se faz em época de calamidades, como por exemplo, móveis e utensílios retirados de imóvel incendiado. Não é possível a prisão do depositário infiel, devido a súmula vinculante n. 25 de 2009, e ao Pacto de San José da Costa Rica. Extingue-se pelo vencimento do prazo, pela manifestação do depositante que pede a restituição, por iniciativa do depositário, se não quiser ou não puder manter a coisa em seu poder, se a coisa perecer, por desaparecimento do objeto e pela morte ou incapacidade do depositário, quando exclusivamente intuiutu personae o contrato. A Lei 2313/54 e o Decreto 40395/65 estabelecem que o depósito se extingue no prazo de 25 anos, quando não reclamada a coisa.
MANDATO (653 a 692)
Pelo contrato de mandato, alguém denominado mandatário, recebe poderes de outrem, denominado mandante, para em nome deste, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato, a finalidade é a confiança por parte do mandante na realização de algum ato. Procuração e mandato não se confundem, mandato é contrato e requer manifestação bilateral de vontade, procuração é a manifestação de vontade unilateral daquele que pretende ser o mandante. Classifica-se em: UNILATERAL: gera obrigações somente ao mandatário. GRATUITO ou ONEROSO: presume-se gratuito quando não for estipulada retribuição, salvo se o seu objeto corresponder à profissão ou atividade lucrativa do mandatário. COMUTATIVO: as partes conhecem a prestação. CONSENSUAL: depende do acordo de vontades. INFORMAL: pode ser verbal, tácito ou escrito, não exige formalidade, exceto quando exigido instrumento público ou particular. As espécies são: Legal, decorre da lei e dispensa instrumento (pais que representam os filhos menores para administrar seus negócios; tutores e curadores em relação aos tutelados e curatelados). Judicial, é conferido em virtude de processo judicial. O mandatário é nomeado pela autoridade judicial: inventariante (representa o espólio), administrador judicial (massa falida), etc. Convencional,  decorre de acordo entre as partes: ad judicia e ad negotia. O substabelecimento é ato unilateral onde o mandatário transfere os poderes recebidos à terceiro. Extingue-se o contrato pela revogação, renúncia, morte ou interdição de uma das partes, pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir poderes ou ao mandatário para exercê-los, pelo fim do prazo ou pela conclusão do negócio. 
SEGURO (757 a 802)
Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou coisa, contra riscos predeterminados, vale ressaltar que só poderá figurar como segurador entidade para tal fim legalmente autorizada. Classifica-se em: BILATERAL: depende da manifestação de vontade de ambas as partes, que se obrigam reciprocamente. ONEROSO: cada uma das partes busca uma vantagem patrimonial por meio do negócio. ALEATÓRIO: sua origem gira em torno de risco. CONSENSUAL: surge com acordo de vontades. INFORMAL: a formalidade tem finalidade probatória. DE ADESÃO: porque o segurado adere às cláusulas que estão predispostas. É possível que pluralidade de seguradoras cubram, simultaneamente o mesmo risco, que se denomina de multiplicidade de seguros. Ocorre em seguros de grade monta, como, por exemplo, aeronaves, indústrias, eventos, etc. Na hipótese do cosseguro, apesar do segurado poder escolher vários seguradores, geralmente uma seguradora é escolhida pelo segurado para promover o cosseguro, esse que deverá representar os demais, para todos os efeitos. O Resseguro busca a mesma finalidade, dividir a responsabilidade, porém, perante o segurado a responsabilidade somente é do segurador. Se extingue na data de seu vencimento, determinada na apólice, ou quando o segurador paga a apólice, via de regra, além, o mútuo consentimento, o distrato põe fim ao contrato.

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