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11 teoria arqueologica

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1
Design, sociedade e cultura 
Universidade Federal de Santa Catarina
Pós-graduação em Gestão de Design
Especialização latu sensu
Turma 2010
Prof. Antônio Martiniano Fontoura, Dr.
Teoria Arqueológica
A arqueologia pode ser definida como o estudo científico das 
civilizações pré-históricas e de suas culturas por meio da análise de 
seus artefatos, inscrições, monumentos, e outras reminiscências 
encontradas em escavações e sítios arqueológicos.
Como sugere Ian HODDER (1942-), existem muitas maneiras de se 
interpretar as funções e os significados simbólicos dos artefatos 
descobertos. 
O problema enfrentado pelos arqueólogos é diferente do de outros
investigadores da cultura material, pois eles lidam com objetos do 
passado e não possuem meios diretos que corroborem com a 
“leitura” precisa dos achados e da cultura com a qual estão 
trabalhando. 
O arqueólogo infere sobre os objetos e artefatos descobertos, 
analisando os seus processos de produção, distribuição e usos, 
utilizando métodos que permitem gerar hipóteses sobre os seus 
possíveis significados. 
A teoria arqueológica oferece diferentes perspectivas para se pensar 
sobre os objetos descobertos. 
Clive GAMBLE (1951-) identificou três principais paradigmas teóricos 
na arqueologia: 
o histórico-cultural, 
o processual e 
o pós-processual.
A Arqueologia Histórico-Cultural
- Sofreu influências do evolucionismo cultural que a antecedeu.
- Preocupa-se com o estudo da distribuição geográfica dos artefatos 
e suas relações com grupos históricos.
- Enfoca principalmente o estudo de seqüências regionais 
empiricamente documentadas pelos artefatos.
- Destaca reconstruções cronológicas minuciosas e descritivas, 
enumerando as culturas arqueológicas e ressaltando atributos 
técnicos dos artefatos exumados.
- Procura explicar as mudanças culturais como causadas 
externamente, pelas migrações de povos ou pela difusão geográfica 
das culturas.
2
O modelo histórico-cultural parte do pressuposto que a cultura seja 
homogênea e que as tradições sejam passadas de geração a 
geração.
Precursores: Gustaf KOSSINNA (1858-1931) e Vere Gordon CHILDE (1892-1957)
A Arqueologia Processual (Nova Arqueologia)
- Sofreu influências do neo-evolucionismo.
- Baseia-se também na teoria geral dos sistemas e no positivismo 
lógico.
- Foca-se na identificação e na explicação dos processos culturais 
no registro arqueológico.
- Advoga enfoques teórico-metodológicos rigorosos no sentido de 
dotar a Arqueologia de um caráter científico.
- Busca a construção de modelos cuja aplicação propiciaria a 
formulação de leis evolutivas que explicassem e interpretassem os 
processos culturais.
- Enfoca a noção de cultura como um sistema adaptativo, 
caracterizando mudança cultural a partir de fatores internos, 
destacando a importância de variáveis ambientais nas pesquisas 
arqueológicas.
Principal precursor: Lewis Roberts BINFORD (1930-)
A Arqueologia Pós-Processual
- Envolve diversas tendências teóricas contemporâneas, muitas 
delas procedentes da sociologia, da semiótica, do estruturalismo, da 
filosofia e do marxismo.
- Trouxe com ênfase para a Arqueologia a dimensão dos 
significados simbólicos que variarão e se destacarão em diferentes 
contextos culturais.
- Visa resgatar o significado cultural adquirido pela cultura material 
que determinada sociedade produziu e utilizou.
- Retoma para a Arqueologia a discussão de problemas de caráter 
histórico derivados de propostas da Nova História.
- Propugna a destacada ação dos arqueólogos enquanto 
construtores do passado a partir de sua classe social, ideologia, 
cultura e gênero como pontos de partida para as perguntas que 
formula às evidências arqueológicas.
Principal precursor: Ian HOGGER (1942-)
De acordo com HOGGER, as três teorias ainda são correntemente 
utilizadas pelos arqueólogos para responder diferentes questões.
As velhas batalhas entre os processualistas e os pós-
processualistas foram abandonadas e hoje os arqueólogos utilizam
teorias sociais procedentes de diversas disciplinas e teorias 
(marxismo, psicanálise, feminismo e pós-modernismo) quando úteis 
para tratar os dados coletados e resolver os problemas enfrentados.
3
Contribuição da Arqueologia para a Teoria da 
Cultura Material
Tendo em vista as limitações para se estabelecer os significados dos 
artefatos e objetos criados e utilizados pelos antigos, os arqueólogos 
desenvolveram recursos teóricos valiosos para quem estuda a 
cultura material.
Contexto
Os objetos não têm significados fora do seu contexto de uso.
Um vaso grego dentro de uma cúpula de vidro num museu só pode 
ter significado se for entendido como um utensílio que foi utilizado 
por um determinado povo, numa determinada época, sob 
determinadas condições históricas, políticas, econômicas, sociais e 
culturais. 
Para os arqueólogos o contexto é muito importante, pois é o que 
torna possível compreender para o que serve um objeto ou qual é a 
sua função. 
É o uso do objeto no contexto que define o que ele é e o que ele
significa.
Na arqueologia o contexto é melhor compreendido quando analisa-
se cada artefato em relação aos outros encontrados com ele. 
Estudar as relações entre os objetos no contexto auxilia também 
estudar as culturas materiais modernas.
Chaîne Opératoire (Cadeia Operacional)
Outro meio que os arqueólogos usam para compreender melhor o 
que os artefatos significam é observar com atenção como eles foram 
feitos (confeccionados).
André LEROI-GOURHAN (1911-1986) desenvolveu nos anos 50 o 
conceito de Chaîne Opératoire ou Cadeia Operacional.
4
O conceito refere-se à tentativa de reconstruir os meios utilizados 
para a confecção do artefato e os usos que dele se faziam, além de 
se tentar entender o lugar das atividades técnicas desenvolvidas nas 
sociedades humanas antigas.
LEROI-GOURHAN considerava a tecnologia uma atividade social e 
que a arqueologia deveria considerar as raízes socioculturais e a 
rede de ações que deram origem aos artefatos. 
A análise da cadeia operacional pode explicar o contexto no qual
uma ferramenta foi confeccionada e usada. 
Arqueologia comportamental ou transformacional
Os arqueólogos aprendem sobre as sociedades humanas do 
passado estudando resíduos, fragmentos, peças, artefatos, 
escombros que resistiram até o presente. 
Porém, estes materiais não permaneceram intactos ao longo do 
tempo. 
Todos sofreram alterações significativas no processo de sua 
formação arqueológica (no processo de formação dos sítios 
arqueológicos). 
Estas alterações dizem respeito as transformações mecânicas, 
químicas e comportamentais ocorridas desde a criação e uso do 
objeto até o momento da sua redescoberta e estudo. 
Para Michael SCHIFFER (1947-) o fato dos artefatos achados e 
estudados serem considerados “transformados” ao longo do tempo 
por processos naturais e culturais é importante e deve ser 
considerado. 
SCHIFFER foi discípulo de BINDFORD e desenvolveu uma abordagem 
que privilegiava o estudo do comportamento humano, especialmente
do fazer, do usar e do descartar objetos. 
Procurava como processualista, explicitar as regras e as leis que 
regulavam a pesquisa arqueológica. Para ele não havia nenhuma 
teoria satisfatória até o surgimento do estudo de como o registro 
arqueológico era formado. 
Para SCHIFFER o processo de formação pode ser de dois tipos: 
natural e cultural. 
As transformações naturais e culturais ocorridas afetam os objetos e 
suas associações quando movidos do contexto sistêmico do 
passado (onde foram descartados) para o contexto arqueológico do
presente (onde foram redescobertos).
Isto significa que a arqueologia para SCHIFFER, não se limita ao 
estudo das sociedades antigas, mas está interessada em como os 
objetos se transformam do momento que foram descartados até opresente.
Este princípio pode ser aplicado para o estudo e entendimento dos 
objetos contemporâneos também. 
Traçar a história do objeto desde sua origem, passando pelos seus 
vários usuários, analisando os seus vários usos e modificações que 
sofreu até o presente, permite inferir muito sobre o que ele é e sobre 
seus usuários. 
O lixo e os dejetos também desempenham um importante papel no 
estudo da cultura material do passado e do presente. 
William RATHJE (1945-) desenvolveu um estudo escavando lixões 
modernos nos EUA, para investigar o que se comia, o que se 
descartava e como seria possível minimizar a produção de lixo 
sólido. 
Nesta investigação RATHJE descobriu, entre outras coisas, que as 
pessoas mentem nas pesquisas sobre a quantidade de álcool que 
consomem.
5
Arqueologia cognitiva
A arqueologia cognitiva pretende investigar as formas de 
pensamento e crenças do passado (universo ideológico), através 
dos vestígios materiais. 
Para Colin RENFREW (1937-) a arqueologia cognitiva envolve inferir 
sobre como as pessoas pensavam no passado, por meio da cultura 
material preservada.
A arqueologia cognitiva não se ocupa necessariamente em 
identificar os significados dos objetos e artefatos estudados, mas em 
descobrir como funcionava o pensamento das pessoas destas 
antigas sociedades e como este pensamento modelava as suas 
ações. 
Arqueólogos como RENFREW estão interessados na maneira como 
os seres humanos usavam os símbolos e em entender mais sobre a 
necessidade que eles tinham de usar símbolos para se comunicar e
se relacionar socialmente uns com os outros.
Pode-se também, usar este e outros métodos inferenciais para se 
entender melhor como analisar os objetos contemporâneos.
Referência:

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