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UUnniivveerrssiiddaaddee FFeeddeerraall ddee SSaannttaa MMaarriiaa ((UUFFSSMM)) C Caderno Didático n0 1: Introdução à Economia (Versão não-revisada) Professora: Solange Regina Marin Curso: Administração Palmeira das Missões 2007 Ceennttrroo ddee EEdduuccaaççããoo SSuuppeerriioorr NNoorrttee –– RRSS ((CCEESSNNOORRSS)) DDeeppaarrttaammeennttoo ddee AAddmmiinniissttrraaççããoo 2 INDICE Introdução 04 Capítulo 1 – Conceitos Básicos 1. O conceito de economia 05 2. De que se ocupa a economia 05 3. A quantificação da realidade econômica 06 4. Breve contexto histórico do conceito economia 08 5. As escolhas na economia 10 6. Os argumentos da economia 11 7. Método de investigação da ciência econômica 13 8. Evolução do pensamento econômico.. 14 9. Interação entre os agentes econômicos e as questões-chave da economia 15 Capítulo 2- Sistema Financeiro 1. Origem da moeda 22 2. Evolução das formas de moeda 23 3. Ativos financeiros 24 4. Oferta e demanda de moeda 24 5. Medida da Oferta de Moeda 25 6. Base monetária 25 7. Estrutura do SFN (brasil) 26 8. Organização do SFN 26 9. Diferentes mercados 27 Intermediação Financeira 1. Formas de financiamento 2. Criação e destruição de moeda 3. Multiplicador bancário 4. Política monetária 29 29 30 31 Capítulo 3 – Inflação 1. Situações possíveis de variação dos preços 36 2. Teorias da inflação 37 3. Inflação e Números-Indices 38 4. Indicadores de inflação no Brasil e no RS 39 5. Inflação no Brasil e Planos de Estabilização 42 Capítulo 4 – Setor Público 1. As funções econômicas do setor público 50 2. Estrutura tributária 50 3. Os tributos e sua classificação 51 4. Os gastos do setor público 55 5. O Conceito de déficit público 55 6. Financiamento do déficit 55 7. Aspectos institucionais do orçamento público 55 8. Fiscalização 57 Capítulo 5 – Conceito e Cálculo dos Agregados Macroeconômicos 1. O conceito de valor adicionado: o produto nacional (PN) 58 2. O conceito de renda nacional (RN) 59 3. O conceito de despesa nacional (DN) 59 Alguns problemas com as medidas agregadas 69 Capítulo 6 – A Economia Nacional e as Relações Internacionais 1. Teorias do comércio internacional 71 3 2. A taxa de câmbio e o mercado cambial 74 3. Balanço de pagamentos 76 4. Instrumentos de ajuste do balanço de pagamentos 80 A Institucionalidade no Cenário Internacional 85 Capítulo 7 – Noções de Microeconomia 1. Escassez 91 2. Custo de oportunidade 92 3 Análise marginal 94 Mercado: Oferta e Demanda 1 Procura (ou Demanda) 2. Oferta 97 98 3. Outros fatores que influenciam as curvas de demanda e de oferta 99 4. Preço e quantidade de equilíbrio 99 5. Intervenções de mercado 102 6. O conceito de elasticidade 103 7. Estrutura de mercado 104 Referência Bibliográfica 106 4 INTRODUÇÃO A idéia de produzir um caderno didático surgiu depois de alguns semestres ministrados da disciplina de Introdução à Economia para diferentes cursos de graduação. O objetivo é propiciar ao aluno, no presente momento ao aluno do curso de administração, uma visão geral do objeto de estudo e do método de investigação da chamada Ciência Econômica. A preocupação central é apresentar de forma simples e clara os conceitos econômicos básicos, sem esquecer de relacioná-los com os fatos econômicos reais, ou seja, traçar um paralelo entre as noções econômicas e as informações sobre a realidade econômica brasileira. Além disso, são apresentadas questões teóricas e aplicadas sobre os diferentes assuntos trabalhados que incluem desde os conceitos básicos até as noções sobre economia nacional e relações internacionais. Este caderno não pretende dar respostas definitivas às questões sobre economia, mas suscitar o interesse, provocar o debate e proporcionar aos alunos do curso de administração uma capacidade de análise crítica das questões econômicas atuais. Para isso, estudaremos as noções básicas de Economia para observar de forma crítica a realidade e interpretar o significado dos diferentes conceitos econômicos frente aos acontecimentos reais da economia brasileira. Por se tratar de assuntos ainda gerais da Ciência Econômica e relacionar acontecimentos recentes da economia brasileira, o caderno se torna uma ferramenta auxiliar para o estudante da disciplina de Introdução à Economia. 5 CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS O QUE É ECONOMIA ? O que veremos? - De que se ocupa a economia - A quantificação da realidade econômica - Contexto histórico do conceito economia - Argumentos da economia - Método de investigação da ciência econômica - Evolução pensamento econômico - Interação entre os agentes econômicos - Questões-chave da economia 1. O CONCEITO DE ECONOMIA A palavra economia vem do grego oikos (casa) e nomos (norma, lei). Seria administração da casa ou administração da coisa pública. A economia pode ser definida como ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem utilizar os recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com a finalidade de satisfazer às necessidades humanas. Como umas das ciências sociais (ciência política, sociologia, antropologia culturas, psicologia, direito), a economia não pode ser considerada como fechada em torno de si mesma. Pelas implicações da ação econômica sobre outros aspectos da vida humana, o estudo da economia implica a abertura de suas fronteiras às demais áreas das ciências sociais ou humanas. Essa abertura se dá em uma dupla direção, assumindo um caráter biunívoco. De um lado, porque a economia busca alicerçar seus princípios, conceitos e modelos teóricos não apenas na sua própria coerência, consistência e aderência à realidade, mas ainda no desenvolvimento dos demais campos do conhecimento social. De outro lado, porque pode influir no questionamento dos princípios e das aquisições conceituais desses mesmos campos. E vai além, abrindo suas fronteiras à filosofia, à ética e à história. 2. DE QUE SE OCUPA A ECONOMIA Aqui estão destacadas as categorias centrais de preocupação da economia, o que implica por sua vez numa interface com outras áreas de conhecimento. A figura 1 abaixo mostra que a economia está relacionada com outros campos de conhecimento, e os grandes temas de que se ocupa a economia. 6 FIGURA 1 – A relação com outros campos de conhecimento Antropologia Sociologia Psicologia Direito Política Ética Clássicos/Marx: * Produção * Distribuição * Dispêndio *Acumulação A. Marshall (1842-1924) * Pobreza * Riqueza * Bem-estar Simon Kuznets (1901-1985) * Crescimento * Desenvolvimento Lionel Robbins (1898-1984) * Recursos * Necessidades * Prioridades * Escassez * Recursos * Emprego * Produção * Agentes * Trocas * Moedas * Valor * Preços * Mercados * Concorrência * Remunerações * Agregados * Transações * Crescimento * Equilíbrio Os temas discutidos pelos diferentes pensadores econômicos e em épocas históricas diversas, foram o processo de produção, a distribuição, o dispêndio e a acumulação, assuntos tratados pelos clássicos, dentre eles Adam Smith, David Ricardo, e por KarlMarx que ficou conhecido pelo desenvolvimento da teoria marxista. Além disso, os temas pobreza, riqueza e bem-estar foram apresentados por A. Marshall. Já as noções de crescimento e desenvolvimento foram tratadas por Simon Kuznets e Lionel Robbins tratou da questão das escolhas em economia, ao ressaltar que as necessidades ilimitadas e os recursos escassos. Nesse iniciar do debate econômico, ressaltam-se os diferentes temas que são objetos de estudo da economia: escassez, recursos, emprego, produção, agentes, trocas, moedas, valor, preço, mercado, concorrência, remuneração, agregados, transações, crescimento, equilíbrio e desenvolvimento. 2.1. Alguns problemas econômicos - Por que a alta do preço do cafezinho reduz a demanda por açúcar? - Por que a renda dos agricultores se eleva quando ocorre uma estiagem que reduz a produção? - Por que é importante para um produtor saber a elasticidade demanda por seu produto? - Por que a demanda por bens como carros ou apartamentos aumenta com o processo inflacionário? - Por que os aluguéis de imóveis em regiões universitárias geralmente costumam ser maiores no início do período letivo? - Como pode uma desvalorização cambial conduzir a uma melhora na balança comercial? - Por que o setor coureiro-calçadista do Rio Grande do Sul está em crise com o maior valor do real frente ao dólar? - Por que a taxa de juros é tão importante para os investimentos? - De que forma a oferta de moeda na economia afeta a taxa de juros? - Por que devemos nos preocupar com o PIB de um país? - Quais os fatores que influenciam o crescimento econômico? - A taxa de crescimento do PIB seria um bom indicador para o desenvolvimento de um país? 3. A QUANTIFICAÇÃO DA REALIDADE ECONÔMICA O que distingue a economia de outros ramos do conhecimento social é a possibilidade de alguma forma de mensuração. Em economia é possível: 7 - quantificar os resultados, - construir identidades quantificáveis, - estabelecer relações quantitativas entre diferentes categorias de transações, - desenvolver modelos explicativos da realidade, baseados em sistemas de equações simultâneas, - proceder a análises fundamentais em parâmetros quantificados, - desenvolver sistemas quantitativos para diagnóstico e prognóstico. Esta particularidade da economia possibilitou o surgimento de correntes econômicas fundamentadas no método matemático, com destaque para a econometria. O quadro abaixo sintetiza as formas usuais de indicações quantitativas em economia. Quadro 1 – A quantificação da realidade e as variáveis econômicas Unidades adotadas Monetárias - moeda corrente do país (a) - divisas externas (b) - relações cambiais entre (a) e (b) Variáveis econômicas quantificáveis Variáveis-fluxo Variáveis-estoque Indicam magnitudes medidas ao longo de determinado período de tempo Indicam magnitudes medidas em um determinado momento Relações entre variáveis Relações funcionais - lineares - não-lineares Relações Incrementais Relações Matriciais Indicam relações entre duas variáveis, expressando a correspondência funcional entre elas. Indicam variações cumulativas, no decurso de séries históricas, entre duas variáveis. Indicam a resposta de uma ou de um conjunto de variáveis a determinada ação econômica. Indicam a interdependência de conjuntos interconsistentes de variáveis. Formas usuais de indicações quantitativas Números-indices Medidas de tendência central Quocientes Coeficientes Valores absolutos Indicam variações de grupos, conjuntos ou de agregações de dados econômicos. Expressam em termos médios, medianos ou modais a abservação de determinada situação ou transação. Resultado da divisão de variáveis econômicaas, experessnado: - variações ao longo do tempo. - proporções em determinado momento. Expressam parâmetros de correlação, simples ou múltipla entre as variáveis econômicas. Expressam graus de concentração (ou de dispersão) de determinadas condições estruturais da economia. Expressam resultados de transações: - específicas; de um dado agente, ou interagentes. - da atividade econômica agragativamente considerada. 8 4. BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DO CONCEITO ECONOMIA Em seu nascedouro, a denominação usual da economia era adjetivada. Denominava-se economia política. Com o tempo, a adjetivação caiu em desuso; evoluiu para economia. Mesmo que alguns filósofos da Grécia Antiga, como Platão e Aristóteles, tenham explorado temas de conteúdo econômico, Roma não deixou nenhum escrito notável na área de economia. A partir do século XVI, observamos o nascimento do primeiro conjunto de idéias mais sistematizadas sobre o comportamento econômico com o chamado Mercantilismo. Mas, tais idéias estavam baseadas numa definição de economia como o ramo do conhecimento essencialmente voltado para a administração do Estado, sob o objetivo de promover seu fortalecimento. No século XVIII, novas concepções se desenvolveram. A abordagem clássica A preocupação não era com o fortalecimento do estado, mas com a riqueza das Nações. A fisiocracia elaborou alguns trabalhados dignos de destaque. Maior figura foi François Quesnay e seu Quadro Econômico de 1758. Adam Smith e suas obras Sentimentos Morais (1759) e A Riqueza das Nações (1776). Os sentimentos morais, as paixões originais da natureza humana, a busca da aprovação social, as razões maiores da acumulação e da conservação da fortuna material foram os pressupostos de sua descrição da ordem econômica, fundamentada nas leis que regem a formação, a acumulação, a distribuição e o consumo. Esse polinômio foi a base do conceito clássico de economia. Os outros economistas clássicos na transição dos séculos XVIII e XIX, como Robert Malthus, David Ricardo e John Stuart Mill definiam a economia a partir destes quatro fluxos. Os neoclássicos A ênfase dos primeiros neoclássicos (Jevons, Walras e Menger) não estava no processo de acumulação capitalista e nos mecanismos de repartição dos esforços sociais. Eles buscaram entender o equilíbrio do processo econômico, tal como se apresentava. Estavam preocupados com a iniqüidade social mas não propuseram formas alternativas e revolucionárias para a organização econômica da sociedade. Eles sintetizaram os fundamentos da conduta econômica do homem: a escassez de recursos diante de necessidades ilimitáveis, cujo principal elemento era a maximização da utilidade. Alfred Marshall, quem procurou fazer uma síntese de clássicos com neoclássicos, acredita que a economia examinava a ação individual e social, em seus aspectos mais estritamente ligados à obtenção e ao uso dos elementos materiais do bem-estar. Assim, de um lado, é um estudo da riqueza; e, de outro, e mais importante, é uma parte do estudo do homem. A perspectiva socialista O binômio produção-distribuição é a base a partir da qual a perspectiva socialista construiu sua concepção sobre a matéria de que se ocupa a economia. Figura de maior destaque foi Karl Mar(1818-1883). O estudo das leis sociais que regulam a produção e a distribuição dos meios materiais destinados a satisfazer às necessidades humanas resume o campo de que se ocupa a economia. 9 A sistematização de Lionel Robbins nos anos de 1930 Robbins não partiu de categorias de fatos econômicos, como produção, distribuição, dispêndio, acumulação, riqueza e bem-estar. Ele partiu da existência de: - uma multiplicidade de fins que a humanidade procura alcançar - a priorização de fins possíveis: podem ser classificados por ordem de prioridade- a limitação dos meios para alcançar os fins possíveis - o emprego alternativo dos meios. O fator de maior importância e que faz o elo de ligação entre as quatro condições é a capacidade humana de fazer escolhas. O fato econômico resume-se, assim, nos atos de escolha entre fins possíveis e meios escassos aplicáveis a uso alternativos. Qualquer escolha feita pelos indivíduos, empresas, governos ou outros agentes econômicos quanto à alocação de recursos implica, portanto, uma relação entre custos (meios empregados) e benefícios (fins alcançados), bem como a ocorrência de custos de oportunidade (outros fins que, com os mesmos recursos, poderiam ter sido alcançados). “A economia é a ciência que estuda as formas de comportamento humano resultantes da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam a usos alternativos”. Com isso, podemos notar que em Economia tudo se resume a uma restrição quase física – a lei da escassez, isto é, produzir o máximo de bens e serviços com os recursos escassos disponíveis de cada sociedade. Mas lembre-se só existirá escassez se houver uma demanda para a aquisição do bem – tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana. E um bem é demandado porque é útil. Figura 2 - Síntese dos conceitos básicos da sistematização de Robbins Conflito fundamental Escolhas entre fins possíveis e meios disponíveis Consecução de determinado fim Alocação de recursos (custoso) Benefício Custo de oportunidade Não-consecução de outros fins Meios (ou recursos) escassos e limitados Fins (ou necessidades) múltiplos e ilimitáveis 10 Existem ligações formais entre as abordagens consideradas: a neoclássica, a socialista e a sistematização de Robbins. A razão de ser da economia está presente nas três formas de delimitar o campo específico do conhecimento econômico – o estudo das formas aplicadas pelo homem na incessante busca de meios para satisfazer às condições ilimitáveis de bem- estar. Quadro 2 – O conceito de economia nas três abordagens A abordagem neoclássica A perspectiva socialista A sistematização de Robbins - A economia é um estudo dos homens tal como vivem, agem e pensam nos assuntos ordinários da vida. - Focaliza, principalmente, a condução do homem no trato com questões que interferem em sua riqueza e bem-estar. - O fim último de que cuida a economia consiste em descobrir como as virtudes humanas e a concorrência podem conduzir ao bem- estar social. - As necessidades humanas são determinadas pelo estágio cultural da sociedade. - Para satisfazer a um padrão de necessidades, o hoem se dedica a um ato social: a produção. - A realização desse processo se completa com a distribuição do produto social. - O estudo das leis sociais que regulam a produção e a distribuição resume o campo de que se ocupa a economia. - A sociedade tem objetivos múltiplos, ilimitados, mas meios limitados. A conduta econômica consiste em escolher entre fins possíveis e meios escassos para alcançá-los. - A economia é um ramo que estuda as formas do comportamento humano que resultam da relação entre necessidades ilimitadas e recursos escassos. - Meios escassos, fins alternativos, escolha e alocação são os elementos a partir dos quais se define o campo de que se ocupa a economia. 5. AS ESCOLHAS NA ECONOMIA: * O QUE E QUANTO produzir * COMO produzir e * PARA QUEM produzir Resumindo: NECESSIDADES HUMANAS ILIMITADAS VS. RECURSOS PRODUTIVOS ESCASSOS ESCASSEZ * O QUE E QUANTO PRODUZIR * COMO PRODUZIR * PARA QUEM PRODUZIR ESCOLHA Essas questões não seriam problemas se existissem recursos ilimitados. Porém, na realidade temos inúmeras necessidades, recursos limitados e técnicas de produção. Economia: optar dentre os bens a serem produzidos e os processos técnicos capazes de transformar os recursos escassos em produção. A teoria econômica trata de escassez, custo e análise marginal como veremos em outras aulas. 11 Por enquanto teremos uma visão geral dos argumentos e do método de investigação na ciência econômica, da evolução do pensamento econômico, das interações entre os diferentes agentes da economia e de como a partir dessas interações surgem as questões-chave que preocupam a Economia. 6. OS ARGUMENTOS DA ECONOMIA Para entendermos o método de investigação da ciência econômica precisamos apenas de um simples encadeamento lógico. Baseadas nos postulados da teoria existente, formulam-se as hipóteses a respeito de como a realidade se comporta. Deduzem-se as implicações e os resultados decorrentes dessas hipóteses que são confrontados com a evidência dos dados de observações coletados da realidade. Finalmente, desse confronto tiram-se as conclusões: ou a teoria explica satisfatoriamente o comportamento da realidade econômica ou deve-se formular uma teoria alternativa e mais adequada. Teoria econômica: leis que explicam o comportamento humano e fazem parte do conjunto de conhecimentos. Os argumentos da teoria econômica podem ser: Positivos - economia positiva: o que é de fato Normativos - economia normativa: o que poderia ser Essa distinção é importante em termos de metodologia uma vez que existe a impossibilidade lógica de se deduzirem afirmações positivas de juízos de valores ou normativos ou vice-versa. Suponha-se que alguém afirme que: 1. quando as taxas de crescimento da população são superiores às da expansão da renda nacional como um todo, a renda per capita se reduz; 2. a redução da renda per capita implica na perda do poder aquisitivo real da sociedade, mantidos os níveis vigentes de preços; 3. logo, como é desejável a manutenção e, mesmo, a ampliação do poder aquisitivo real, deveriam ser adotadas políticas de contenção do crescimento populacional. (1) e (2): são factuais, positivas; (3): é de caráter normativo. As duas primeiras não são condições suficientes para dar sustentação à terceira. Essa ressalva metodológica não implica a inexistência de conexões entre os compartimentos positivos e normativos na economia. A política econômica, não obstante seja formulada a partir de escolhas que envolvem juízos de valores, tem o respaldo na modelação teórica desenvolvida pelos diferentes troncos da economia positiva. Ou seja, a Economia se interessa primordialmente pelos argumentos positivos, como pode ser visto na figura abaixo. 12 Figura 3 – Compartimentos usuais da economia Economia Descritiva Economia Descritiva Economia Descritiva Economia Descritiva Observação sistematizada do mundo real. Descrição e mensuração de fatos econômicos. Divisão do estudo econômico: Microeconomia: estuda o comportamento de consumidores e produtores e o mercado no qual interagem. Preocupa-se com a determinação dos preços e quantidades em mercados específicos. Macroeconomia: Estuda as condições de equilíbrio estável entre a renda e a despesa nacionais. As políticas econômicas de intervenção procuram estabelecer esse equilíbrio. Desenvolvimento Econômico: estuda o processo de acumulação dos recursos escassos e da geração de tecnologia capazes de aumentar a produção de bens e serviços para a sociedade. Economia Internacional: estuda as condições de equilíbrio do comércio exterior, além dos fluxos de capitais.Teoria Microeconômica Teoria Macroeconômica O a a consumidor e nálise da procura A empresa e a análise da oferta Remuneração dos fatores de produção e repartição da renda Análise de macrovariáveis: renda, consumo, poupança, investimento, exportações, importações, tributos e dispêndio público, oferta e demanda monetária. Estrutura concorrencial e equilíbrio dos mercados C Si n de rel inter ontabilidade Social. stemas de contas acionais e matrizes ações industriais. Pr teor m ec incípios, ias, leis e odelos da onomia Teoria Econômica Observação sistematizada do mundo real. Descrição e mensuração de fatos econômicos. Teoria Macroeconômica O a a consumidor e nálise da procura C Si n de rel inter ontabilidade Social. stemas de contas acionais e matrizes ações industriais. Pr teor m ec incípios, ias, leis e odelos da onomia Teoria Econômica Observação sistematizada do mundo real. Descrição e mensuração de fatos econômicos. Pr teor m ec incípios, ias, leis e odelos da onomia Teoria Econômica Observação sistematizada do mundo real. Descrição e mensuração de fatos econômicos. A condução do processo econômico agregativamente considerado. Atuação sobre a realidade, com 3 objetivos: * Crescimento * Estabilidade * Equitatividade A regulação da atividade dos agentes econômicos: o interajuste de custos e benefícios privados e sociais. Política Econômica Teoria Microeconômica A empresa e a análise da oferta Remuneração dos fatores de produção e repartição da renda Análise de macrovariáveis: renda, consumo, poupança, investimento, exportações, importações, tributos e dispêndio público, oferta e demanda monetárias. Estrutura concorrencial e equilíbrio dos mercados Teoria Macroeconômica O consumidor e a análise da procura Contabilidade Social. Sistemas de contas nacionais e matrizes de relações interindustriais. Teoria Econômica Princípios, teorias, leis e modelos da economia 13 7. MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO DA CIÊNCIA ECONÔMICA A metodologia da elaboração científica, em sua estrutura fundamental, busca, como primeiro passo, observar sistematicamente a realidade. Depois elaborar modelos simplificados que a reproduzem, que identifiquem relações de causas e efeitos e que interpretem os mais variados eventos e seus desdobramentos. No processo de elaboração recorre-se a duas abordagens distintas, ainda que complementares: a indução e a dedução. Vejamos como ocorre a construção do conhecimento na economia pela figura abaixo. Figura 4- A construção do conhecimento na economia Observação sistematizada da realidade Reelaboração resultante de novas observações ou de mudanças nas condições preexistentes. Formulação de princípios, teorias, leis u modelos explicativos ou interpretativos da realidade. Validação, pelo permanente confronto com a realidade Método dedutivo Método indutivo Abstrações teóricas envolvendo situações e comportamentos não mensuráveis a partir de levantamentos da realidade concreta. Esforço de teorização substitutivo da validação experimental. Abstrações resultantes de levantamentos e informes quantitativos. Construção de modelos validados por testes estatísticos. 14 8. EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO:1 A figura 5 abaixo mostra de maneira bem articulada como ocorreu o desenvolvimento das diferentes correntes de pensamento econômico. Fonte: Rossetti (2003) 1 Para maiores informações sobre as escolas de pensamento econômico ver o website The History of Economic Thought: http://homepage.newschool.edu/het/ 15 9. INTERAÇÃO ENTRE OS AGENTES ECONÔMICOS E AS QUESTÕES-CHAVE DA ECONOMIA 9.1. As Categorias Participantes do Sistema Econômico As três categorias que formam a base de qualquer sistema econômico são os recursos, os agentes, e as instituições, como pode ser visto na figura 6 abaixo: Elementos constitutivos do sistema econômico como um todo: recursos, agentes e instituições Recursos naturais Recursos humanos Capital Capacidade tecnológica Capacidade empresarial Unidades familiares Empresas Governo Jurídicas Políticas Sociais Estoque de fatores de produção Quadro de agentes econômicos Complexo de instituições Os processos, os mecanismos e os instrumentos de interação dos agentes econômicos decorrem de dois fatores fundamentais: - a diversidade das necessidades humanas, que conduz à organização de sistemas de trocas; - a diversidade de capacitações das pessoas e nações, determinada por heranças culturais ou por vocações naturais, que conduz à especialização e à divisão social do trabalho. 9.2 Processo de Interação e os Fluxos Econômicos Fundamentais Os fluxos reais definem-se a partir de suprimentos de recursos de produção, de seu emprego e de sua combinação pelas unidades de produção, bem como pela resultante geração de bens e serviços intermediários e finais. Os fluxos monetários definem-se como contrapartida dos fluxos reais. Traduzem-se, de um lado, pelos pagamentos de remunerações aos fatores de produção empregados; de outro lado, pelos preços pagos aos bens e serviços adquiridos, independentemente de sua destinação. 16 Figura 7- A interação entre famílias e empresas EMPRESAS FAMÍLIAS Fornecimento de fatores de produção Pagamento aos fatores Pagamentos (bens e serviços) Suprimentos (bens e serviços) Figura 8 - A interação entre famílias, empresas e governo EMPRESAS Fornecimento de fatores de produção Pagamento aos fatores FAMÍLIAS Pagamentos (bens e serviços) Suprimentos (bens e serviços) GOVERNO Fornecimento (bens e serviços) e IFBKF Remuneração fatores Pgto bens e serviços TT 17 Figura 9- Uma visão de conjunto do processo econômico e das questões-chave da economia Fonte: Rossetti (2003) A forma como esses processos de realizam e seus resultados finais estão relacionados com as quatro questões-chave da economia: * A plena utilização dos recursos produtivos – Eficiência Produtiva: emprego dos fatores de produção; 18 * A escolha do que produzir – Eficácia Alocativa: produtos gerados; * A distribuição dos resultados dos esforços de produção – Justiça Distributiva: rendas. * A organização da vida econômica em sociedade – Ordenamento Institucional: instituições que regularão o funcionamento do sistema como um todo e a interação entre os agentes. Nós nos deteremos nas duas primeiras das questões-chave, para os interessados nas demais questões, ver Rosseti (2003, Caps. 5 e 6). Questões: 1. A condição fundamental para que se realize o fluxo de produção é a existência de um conjunto de cinco fatores. Cite e conceitue cada um deles. 2. O que compreende o fator capital. Por que o conceito de capital se associa aos de investimento e de acumulação? 3. Diferencie o conceitode formação bruta de capital do de formação líquida de capital fixo. 4. Mobilizando os cinco fatores de produção, o aparelho de produção das economias desenvolve um grande fluxo contínuo de geração de bens e serviços. Diferencie os conceitos de bens e serviços finais de consumo, bens e serviços intermediários e bens e serviços finais de produção. 5. Quanto à intensidade de emprego dos fatores e à natureza dos bens e serviços gerados, as atividades de produção classificam-se em primárias, secundárias e terciárias. Mostre as diferenças entre elas. 6. A função de produção para a economia considerada agregativamente mostra a relação funcional entre a produção e os recursos empregados. Exemplifique essa função e diga qual é o tipo de relação entre as variáveis produção e recursos de produção. 7. Descreva a partir da função de produção as precondições para que uma economia tenha crescimento econômico e, conseqüentemente, uma maior disponibilidade de bens e serviços finais por habitante. 8. A maior disponibilidade de bens e serviços finais por habitante é considerada precondição quantitativa para a promoção do crescimento econômico e do bem-estar social. Essa precondição é suficiente também para o desenvolvimento econômico? Comente. 9. Diferencie, conceituando cada uma delas, as três seguintes categorias de elementos constitutivos do sistema econômico: estoque de fatores, quadro de agentes econômicos e o complexo de instituições. 10. São três os agentes econômicos que interagem dentro de determinado sistema econômico: unidades familiares, empresas e governo. Destaque os papéis de cada um. 11. Descreva sucintamente como ocorreu a evolução do sistema de trocas até a instituição da moeda como conhecemos na atualidade. 12. Explique cada uma das funções da moeda e dê exemplos. 13. Diferencie os conceitos de fluxo real e fluxo monetário. Sintetize esses dois fluxos em um modelo simples de interação entre as famílias e as empresas. 14. O modelo simples de interação entre famílias e empresas é modificado com a introdução do agente Governo. Explique. 15. A principal fonte de renda do governo é a arrecadação de tributos. Diferencie tributos diretos e tributos indiretos e dê exemplos de cada um deles. 19 CAPÍTULO 2 – SISTEMA FINANCEIRO 1. O QUE É MACROECONOMIA Trata da evolução da economia como um todo, analisando a determinação e o comportamento dos grandes agregados da economia, como renda e produto nacionais, investimentos, poupança e consumo agregados, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balanço de pagamentos e taxa de câmbio. O debate constante da macroeconomia é saber se as decisões da política monetária e fiscal do governo vão afetar ou não as tendências da economia. 2. AS METAS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA As metas de política macroeconômica são: pleno emprego dos recursos, estabilidade de preços, distribuição de renda e crescimento econômico. Pleno emprego dos recursos Aprofundar os conhecimentos da política econômica com o objetivo de fazer a economia recuperar o nível de pleno emprego. Estabilidade de preços A inflação, que é aumento contínuo no nível geral de preços, é um problema porque acarreta distorções sobre a distribuição de renda, expectativas empresariais e etc. Distribuição de renda A economia brasileira cresceu bastante entre o fim dos anos 60 e a maior parte da década de 70. Mas, houve um aumento da disparidade entre as classes de renda, ou seja, ocorreu uma concentração de renda. Alguns críticos do chamado “milagre econômico” argumentam que piorou a concentração de renda nos anos de 1968/73 devido a uma política deliberda do governo (a Teoria do Bolo): primeiro crescer, aumentando a parte dos lucros e da poupança dos mais ricos na renda nacional, para depois pensar em repartição de renda.2 Crescimento econômico Quando se fala em crescimento econômico, estamos pesando no crescimento da renda nacional per capita. A renda per capita é considerada o melhor indicador para se aferir a melhoria do bem-estar, do padrão de vida da população. Mas, o fato do país estar aumentando sua renda per capita não necessariamente significa que está tendo uma melhoria do seu padrão de vida. O crescimento econômico capta apenas o crescimento da renda per capita. Um pais está realmente melhorando seu nível e desenvolvimento econômico e sociais, juntamente com o aumento da renda per capita, se estiver também melhorando os indicadores sociais (pobreza, desemprego e etc.). Esses objetivos não são independentes uns dos outros e podem ser até conflitantes. Ou seja, atingir uma meta pode ajudar (ou não) a alcançar outras. Por exemplo, o crescimento pode facilitar a solução dos problemas de pobreza, uma vez que torna possível abrandar conflitos sociais sobre a divisão da renda, se a renda aumentar. Nesse sentido, é possível aumentar a renda dos pobres sem diminuir a dos ricos. 2 Para uma discussão sobre o Milagre Econômico, ver: Abreu (1990) “A Retomada do Crescimento e as Distorções do “ Milagre” (1967-1973). 20 Entretanto, particularmente em países em desenvolvimento, as metas de crescimento e equidade distributiva têm se mostrado conflitantes, uma vez que muitos acreditam que o aumento do nível de poupança seria mais facilmente obtido por meio de uma distribuição desigual de renda – a já citada Teoria do Bolo no período do milagre econômico. 3. OS MEIOS DA POLÍTICA MACROECONÔMICA: A política macroeconômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade produtiva (produção agregada) e despesas planejadas (demanda agregada), com o objetivo de permitir à economia operar a pleno emprego, com baixas taxas de inflação e distribuição justa de renda. Os principais meios para atingir os objetivos são: Política fiscal: compreende todos os instrumentos de que o governo dispõe para a arrecadação de tributos (política tributária) e controle de suas despesas (política de gastos). Além da questão do nível de tributação, a política tributária, por meio da manipulação da estrutura e alíquotas de impostos, é utilizada para estimular (ou inibir) os gastos do setor privado em consumo e em investimento. Política monetária: refere-se à atuação do governo sobre a quantidade de moeda, de crédito e das taxas de juros. Os instrumentos disponíveis são: emissão de moeda, reservas compulsórias, compra e venda de títulos públicos, taxas de redescontos e regulamentação sobre crédito e taxa de juros. Política cambial e comercial: atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da economia. A política cambial refere-se ao controle do governo sobre a taxa de câmbio. A política comercial diz respeito aos instrumentos de incentivo às exportações e/ou estímulo/desestímulos às importações, sejam fiscais, creditícias, seja estabelecimentos de cotas etc. Política de rendas (ou de controle de preços e salários): a característica especial da política de rendas, que influenciam diretamente os salários, os lucros, os juros e os aluguéis é a de que, nesses controles, os agentes econômicos ficam proibidos de levar a cabo o que fariam, em resposta a influências normais do mercado. Normalmente, esses controles são utilizados como política de combate à inflação. No Brasil, a política salarial e a atuação da Secretaria Especial de Abastecimento e Preços (Seap) situavam-se nesse contexto. 4. ESTRUTURA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA A economia pode ser dividida em parte real e parte monetária. A primeira relacionada com a produção de bens serviços bem como no emprego do fator trabalho, tendo como variáveis a serem determinadas: o produto nacional, o nível geralde preços, o nível de emprego e os salários nominais. A segunda relacionada com o que pode ser chamado de parte invisível da economia e determina a taxa de juros, o estoque de moeda e a taxa de câmbio. O quadro 3 mostra os mercados e as diferentes variaveis determinadas em cada uma das partes da economia. 21 Quadro 3 – Parte real e parte monetária da economia Mercados Variáveis Determinadas Parte Real da Economia * Mercado de Bens e Serviços • Mercado de Trabalho * Produto Nacional * Nível geral de Preços • Nível de Emprego • Salários Nominais Parte Monetária da Economia * Mercado Financeiro • Mercado de Divisas * Taxa de juros * Estoque de Moeda • Taxa de Câmbio 5. A MACROECONOMIA EM PERSPECTIVA HISTÓRICA. * Séc. XVIII, primeiras revoluções, que serviram como ponto de partida. Maior desenvolvimento da Teoria Microeconômica. * Séc. XX: Primeira Guerra Mundial, Identificação de “ciclos de negócios” e Grande Depressão dos anos 30. * Principais idéias Keynesianas, publicadas no livro “Teoria Geral do Emprego, do Juros e da Moeda” de 1936. * A teoria prevalecente antes de Keynes acreditava que a economia (i) era autoregulatória, (ii) utilizava eficientemente todos os recursos, (iii) produziam em pleno emprego (existia apenas a taxa natural de desemprego), (iv) as ações do governo apenas para os bens públicos. * Com a teoria de Keynes, a economia (ii) não regula a si própria, (ii) está sujeita à flutuações, (iii) pessimismo na comunidade de negócios e (iv) necessita de ação do governo para sua estabilização. * Em 1937: John Hicks introduz o aparato conhecido como IS/LM – a chamada síntese neoclássica – que permite analisar a economia tanto pela hipótese de pleno emprego (clássicos e neoclássicos) como pela de desemprego (Keynes). * Nos anos 50, surge a Curva de Phillips que mostrava que uma relação inversa entre as taxas de inflação e taxas de desemprego. * Até os anos 60, tinha o instrumental IS/LM analisando os componentes da demanda agregada acoplado à Curva de Phillips, que retratava as condições de oferta agregada. Mas, numa herança keynesiana, a ênfase da política econômica ainda era nos instrumentos de política fiscal, negligenciando a política monetária. * Segunda metade dos nos 50, surge a Teoria Monetária com Milton Friedman da Universidade de Chicago. Trata do papel das expectativas inflacionárias sobre a produção e o emprego, recuperando o papel da oferta agregada na Teoria Macroeconômica. Atenção para como os agentes formas suas expectativas. * Décadas de 70 e 80: Escola das Expectativas Racionais (os novos clássicos). * Quatro principais linhas de pensamento macroeconômico: keynesianos, neoclássicos, novos clássicos e pós-keynesianos. Questões: 1. Descreva as metas da política econômica. 2. Por que os objetivos de politica econômica podem ser conflitantes. Explique. 3. O que se entende por política fiscal, política monetária, política cambial e política de rendas? 4. Você seria capaz de explicar qual objetivo de política econômica o governo brasileiro tem buscado nos últimos anos? Comente. 22 SISTEMA FINANCEIRO O que veremos? Moeda: História Funções Oferta/Demanda Agregados Monetários Sistema Financeiro no Brasil (SFN): Diferentes Mercados Intermediação Financeira Sistema Bancário e Multiplicação dos Meios de Pagamento Criação/Destruição dos Meios de Pagamento Política Monetária: Instrumentos Política Restritiva vs. Expansionista MOEDA 1. ORIGEM DA MOEDA Nas economias primitivas, o modo de vida do homem não lhe oferecia qualquer instrumento que possibilitasse a transformação dos produtos disponíveis, restringindo suas atividades à caça, à pesca e à coleta de frutos. Vivia em grupo tribal fechado, cujo objetivo primordial era a sobrevivência. Essa primitiva sociedade, em que tribos vizinhas representavam rivais em potencial, era naturalmente impermeável à idéia de se estabelecer entre as comunidades um sistema de trocas de mercadorias. Com o passar do tempo, o homem percebeu que poderia dedicar-se à produção de determinadas mercadorias em quantidades superiores às suas necessidades de consumo. Salvo nas comunidades extremamente afastadas da civilização, o homem produz, hoje, quando muito, apenas uma diminuta parcela daquilo que consome. Conseqüência desse fato é o estabelecimento das trocas. Cada indivíduo passa a destinar a maior parte de sua produção não ao seu consumo próprio, mas às trocas com terceiros que tenham bens e serviços de seu interesse. Historicamente, as trocas evoluíram em duas etapas: trocas diretas, produto por produto, e trocas indiretas, por intermédio da moeda.Um raciocínio simples exemplifica o caso das trocas diretas: uma tribo, às margens de um rio generoso em peixes, mas com escassas chances de acesso a frutos, poderia especializar-se na pesca e trocar com uma outra comunidade que, por estar um pouco mais distante ou mesmo não dispor de um rio em iguais condições, tenha se especializado na coleta de frutos. A implantação desse sistema de intercâmbio direto de mercadorias, também conhecido como escambo, exigia certas condições especiais para seu funcionamento: se o indivíduo "A" fosse especializado na produção (coleta) de frutos silvestres e o indivíduo "B", na produção (captura) de peixes, tornava-se fundamental, para ocorrer a permuta, que o indivíduo "A" desejasse adquirir peixes e o indivíduo "B” desejasse adquirir frutos silvestres. A troca ocorreria, portanto, de forma direta, bilateralmente, desde que houvesse interesse recíproco. As dificuldades desse sistema são evidentes. Tornava-se imperiosa a criação de novas condições de comércio, de maneira que as trocas pudessem ocorrer sem que dependessem 23 tanto da simultaneidade de interesses específicos. A forma encontrada foi substituir as trocas diretas pelas trocas indiretas, estabelecendo-se como padrão de conversão, mediante consenso, uma mercadoria ou um produto que fosse aceito por todos os indivíduos. Introduzia- se assim um elemento responsável, em grande parte, não só pelo desenvolvimento do comércio, como também pelas dimensões hoje assumidas pela Economia: a moeda. A introdução da moeda no sistema econômico conduz à dissociação de cada troca em duas operações distintas: uma compra e uma venda. A moeda por sua vez, passa a desempenhar três funções básicas: intermediação de trocas, medida de valor e reserva de valor. A função de intermediação de trocas traduz-se em servir como meio de pagamento, de aceitação geral. Reside, nessa função, a razão principal, determinante do aparecimento da moeda, qual seja, a de facilitar o processo de circulação de bens. A moeda é medida de valor porque estabelece uma unidade-padrão de medida, à qual são convertidos os valores de todos os bens e serviços disponíveis na economia. Em outras palavras, diz-se que a moeda serve como denominador comum de valores. Considerando-se que a moeda pode ser trocada por bens ou serviços em qualquer ocasião, sua posse constitui reserva de valor, desde o momento em que é recebida pelo seu detentor, até ao instante em que é gasta. A retenção da moeda, como reserva de valor, traduz- se, portanto, numa forma alternativa de guarda ou de acumulação de riqueza. 2. EVOLUÇÃO DAS FORMAS DE MOEDA Ao se estabelecer um produto ou mercadoria como base para a troca, nasceu o conceito básico de moeda: um instrumento facilitador das trocas que permite a medida ou a comparação de valores. Podem ser, como o foram no passado, o trigo, o sal, o gado e os metais.Pode ser, também, um simples pedaço de "papel pintado". Há, porém, uma forte exigência: que seja aceito pela sociedade, consensualmente. O estabelecimento da mercadoria-moeda possibilitava a implantação de um sistema de intercâmbio, mas trazia consigo novas dificuldades. Por exemplo: alguém que dispusesse de cinco sacas de trigo e desejasse comprar meio boi, como resolveria a questão? Um primeiro complicador consistia, portanto, na indivisibilidade de certas mercadorias ou produtos. Outro problema que surgiu de imediato foi o fato de a mercadoria-moeda ter a possibilidade de multiplicar-se facilmente, sem o controle da sociedade. Além disso, havia ainda a desvantagem de ser perecível, o que causava sérios problemas para o sistema como um todo. Imagine alguém que tivesse todo o seu estoque de moeda representado por 100 sacas de trigo e todas elas se deteriorassem. Esse indivíduo teria zerado o seu estoque de moeda, e uma das causas poderia ser até mesmo não ter conseguido arcar com os custos de uma acomodação adequada para o trigo. Como alternativa, passou-se a adotar os metais preciosos como meio de troca. A história registra o aparecimento de moedas metálicas cunhadas na Grécia entre os séculos VIII e VII a.C. Eram mais duráveis e permitiam subdivisão com maior facilidade. Sua produção era mais rara e escassa. Era de melhor qualidade e não apresentava os problemas das demais mercadorias adotadas como moeda. A utilização dos metais preciosos (ouro e prata) como moeda facilitou muito o desenvolvimento das trocas e da circulação dos bens e serviços necessários à sociedade. Entretanto, apresentava problemas relativos a seu valor intrínseco e a seu transporte, em 24 virtude do peso e da segurança, já que os possuidores ficavam muito mais vulneráveis ao ataque de saqueadores. Como os cunhadores eram geralmente ourives, que possuíam locais seguros para guarda dos metais preciosos passou-se a adotar o costume de deixar as moedas depositadas com eles, em troca de um comprovante de depósito, de um recibo. Esse recibo tinha, assim, um lastro. Toda vez que se precisasse de moeda, era só trocá-lo por metal precioso. Com o tempo, adicionou-se a esse costume o de endossá-lo, transferindo a outrem o direito de saque. Com isso, foi eliminada a necessidade de se trocar o recibo por metal precioso a cada operação. Surgiu, então, o princípio das cédulas com lastro. Dessa forma, os cambistas medievais atuavam como "banqueiros", mantendo um encaixe de 100% sobre os seus depósitos. Cobravam apenas uma comissão pela prestação do serviço de guarda dos metais. Observe-se que, até então, os banqueiros da época não concediam e nem tomavam empréstimos. Não tardou muito, contudo, para que adquirissem a confiança do público e iniciassem uma transformação na sua forma de "operação bancária". Ao verificarem que os metais ficavam guardados em seus cofres por um longo período de tempo, sem qualquer utilização, passaram a emitir os chamados bilhetes de banco negociáveis. Tais operacões consistiam na emissão de recibos sem a contrapartida de um depósito em moedas, cuja validade dependia única e exclusivamente de sua aceitação geral, como meio de pagamento, em função da confiança do público. Essa transformação fez com que os bancos deixassem de ser simples depositários de metais e passassem a exercer a função de emissores, surgindo a partir daí a moeda fiduciária. O Estado assumiu e monopolizou a emissão de moeda, uniformizando-a no espaço geográfico de sua influência. A aceitação dessa moeda inconversível decorria do poder do Estado em garantir sua utilização e na confiança da população nesse Estado. A garantia de utilização da moeda é dada pelo seu curso forçado, posto que os credores eram obrigados por lei a aceitá-la em pagamento de seus créditos. Ao lado dessa moeda fiduciária, de emissão não lastreada, de curso forçado, monopolizada pelo Estado, desenvolveu-se uma outra modalidade: moeda bancária ou escritural. Essa moeda, que surgiu com o desenvolvimento dos bancos comerciais, corresponde aos depósitos à vista, os quais possuem liquidez e equivalem à moeda de curso legal. 3. ATIVOS FINANCEIROS Os ativos financeiros da economia podem ser diferencidados conforme os atributos rendimentos e liquidez. Assim, tem-se: Ativos financeiros monetários: liquidez absoluta, rendimento zero e usados como meio de pagamento. Ex: papel moeda em poder do público (PMPP) e depósito à vista nos bancos comerciais públicos e privados. Ativos financeiros não-monetários: menor grau de liquidez e rendimento. Ex: depósito de poupança. 4. OFERTA E DEMANDA DE MOEDA A oferta de moeda na economia é feita pelo Banco Central (BACEN) e pelos Bancos Comerciais através das atividades de depósitos e empréstimos. A demanda por moeda é derivada dos motivos: transação, precaução e especulação. 25 5. MEDIDA DA OFERTA DE MOEDA A quantidade de moeda existente na economia pode ser medida com a utilização dos chamados agregados monetários. Esses agregados são agrupados de acordo com a liquidez dos diferentes ativos financeiros da economia. A seguir são definidos os agregados monetários: M0 = PMPP (notas e moedas) M1 = M0 + depósitos à vista nas instituições financeiras bancárias. M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos por instituições financeiras. M3 = M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas com títulos públicos federais. M4 = M3 + títulos públicos federais (Selic) e títulos de emissão dos estados e municípios. Tabela 1 - Heveres Financeiros no Brasil (R$ bilhões) Fonte: Bacen 6. BASE MONETÁRIA Além dos agregados monetários, existe ainda outra medida da moeda na economia que é a base monetária. O conceito de base monetária (BM) equivale ao passivo monetário do Banco Central que serve de lastro aos meios de pagamento e é definida por: BM = PME + RB - Papel Moeda Emitido (PME): meio circulante - Reservas Bancárias (RB): contas correntes dos bancos criadores de moeda no Banco Central 26 Essas reservas bancárias são compostas por reservas voluntátias e reservas compulsórias. A sistemática de recolhimentos compulsórios sobre os recursos à vista e a preponderância de metas de taxas de juros resultam em valores desprezíveis de reservas voluntárias médias. A figura 10 mostra a base monetária e os meios de pagamentos na economia brasileira para os anos de 2004 e de 2005. Figura 10 – Base monetária e meios de pagamentos no Brasil - 2004 e 2005 Fonte: Bacen 7. ESTRUTURA DO SFN (BRASIL) Sistema Financeiro: conjunto de agentes e instituições responsáveis pela intermediação de recursos financeiros entre as unidades econômicas líquidas (superavitárias) e as ilíquidas (deficitárias). 8. ORGANIZAÇÃO DO SFN - Subsistema normativo - Subsistema de Intermediação - Outras instituições A figura 11 abaixo mostra a participação por segmentos (públicos, privados nacionais e estrangeiras) no sistema bancário do Brasil para o período de 2002 a 2005. Além disso, veja em anexo o número de instituições por segmento, por tipo e com maiores agências no país. 27 Figura 11- Sistema Bancário/Participação por Segmentos (Brasil) Fonte: Bacen 9. DIFERENTES MERCADOS: O sistema financeiro é composto por quatro diferentes mercados que são: Mercado Monetário: onde são negociados títulos de curto prazo (Iiquidez da economia). Mercado de Capitais: onde são negociados títulos de médio e longo prazo (necessidade de recursos para investimento).Mercado de Câmbio: são realizadas as transações com diferentes moedas. Participantes: Bacen, Bancos, empresas exportadoras e importadoras. Mercado de Crédito: tem a responsabilidade de suprir a necessidade de crédito das diferentes atividades econômicas. A seguir, destaca-se o mercado de crédito no Brasil. Os gráficos mostram, respectivamente, o direcionamento do crédito para as diferentes atividades econômicas e as taxas de juros cobradas para as pessoas físicas e pessoas jurídicas. 28 Fonte: Bacen Fonte: Bacen Fonte: Bacen 29 INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA 1. FORMAS DE FINANCIAMENTO Existem dois tipos de agentes no sistema financeiro, aqueles que podem ser chamados de unidades superavitárias (US) e outros que podem ser chamados de unidades deficitárias (UD). Os primeiros suprem as necessidades de financiamento dos segundos através da intermediação das instituições financeiras. As unidades deficitárias possuem duas formas para obter financiamento: Autofinanciamento: venda de algum patrimônio, por exemplo, um bem imóvel. Financiamento externo: que pode ser direto através da venda de ações ou de títulos da dívida e o indireto por meio de empréstimo via instituições financeiras A pergunta que surge é por que as unidades deficitárias não optam pelo financiamento direto? A resposta para esse questionamento está nos conceitos de custos de transação e de informação assimétrica. 2. CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MOEDA O fenômeno mais importante associado ao desenvolvimento da moeda escritural consiste na multiplicação dos meios de pagamento através das instituições financeiras bancárias que captam depósitos à vista. Esse fenômeno decorre do fato de ser altamente improvável que todos os depositantes saquem seus recursos ao mesmo tempo, o que permite aos bancos comerciais emprestar parte dos depósitos à vista por eles recebidos, mantendo encaixes bem inferiores ao volume destes depósitos. A faculdade de criar ou destruir moeda decorre de operações realizadas entre as instituições financeiras bancárias — que captam depósitos à vista — e o público. Para se distinguir uma ocorrência da outra, valemo-nos dos conceitos de haveres monetários e haveres não-monetários. Haveres monetários: possuem liquidez imediata — papel-moeda em poder do público e depósitos à vista (meios de pagamento). Haveres não-monetários: não possuem liquidez imediata, como depósitos a prazo, títulos públicos, duplicatas e etc. 2.1. Criação de moeda: Quando a instituição financeira bancária desconta uma duplicata - entrega ao público de haveres monetários (moeda) e, em troca, recebe haveres não-monetários (duplicata), conforme ilustrado na figura a seguir: 30 Figura 12 – Criação de Moeda Instituição Financeira Bancária Público Haveres monetários Haveres não-monetários 2.2. Destruição de moeda: Quando o público quita uma duplicata – a instituição bancária entrega ao público haveres não- monetários (duplicata quitada) e recebe haveres monetários (moeda), conforme ilustrado na figura a seguir: Figura 13 – Destruição de Moeda Instituição Financeira Bancária Público Haveres não-monetários Haveres monetários Exemplos de criação e de destruição de moeda: Governo Federal deposita impostos arrecadados do público no Bacen (D); Exportadores trocam US$ por R$ no Bacen (C); Indivíduo resgata sobre poupança, com transferência do saldo para a conta corrente no banco comercial (C); Indivíduo adquire quotas de um fundo de ações sacando sobre seus depósitos à vista (D); Indivíduo efetua um depósito à vista em um banco comercial (N). 3. MULTIPLICADOR BANCÁRIO As instituições financeiras que captam depósitos à vista podem multiplicar os meios de pagamentos através das operações de empréstimos. Multiplicador Simples k = 1/R k = magnitude do efeito multiplicador R = alíquota de recolhimento bancário Exemplo: R = 0,25 Temos que k = 1/0,25 = 4 Se DV= R$1.000,00, o efeito multiplicador fará com que o volume de meios de pagamentos passe a ser de R$ 4.000,00. 31 Multiplicador Elaborado: k = 1/C+D(R1+R2) C = PMPP/M1 D = DV/M1 R1 = CX/DV R2 = RB/DV Onde: PMPP = papel moeda em poder do público DV = depósitos à vista CX = caixa dos bancos comerciais RB = reservas bancárias (voluntárias e compulsórias) 4. POLÍTICA MONETÁRIA Refere-se ao processo de oferta de moeda na economia, com seus mecanismos de transmissão. A oferta primária fica a cargo da autoridade monetária (AM), e sua “multiplicação” se dá pela ação dos bancos comerciais. O controle da oferta de moeda pode se dar pelo lado da: - oferta (direta e indiretamente) ou - demanda (tornando o dinheiro mais caro para o público). 4.1. Instrumentos de política monetária Operações de mercado aberto: Compra ou venda de títulos, de forma definitiva ou compromissada, para condicionar os volumes de reservas bancárias e as taxas básicas de juros. As operações definitivas alteram a posição de carteira, ou de propriedade, das partes envolvidas. As operações compromissadas ou com compromisso de recompra/revenda ou de financiamento de títulos alteram a posição de custódia, ou de liquidez, das partes envolvidas. Recolhimentos compulsórios: Parcelas de algumas modalidades de captação que as instituições financeiras devem manter junto a Autoridade Monetária (Bacen) a fim de condicionar a alavancagem de operações ativas e a estrutura de custos. Os recolhimentos podem ser exigidos em espécie, que serão remunerados ou não remunerados, ou em títulos. Recolhimentos compulsórios: estrutura no Brasil - Anterior ao Plano Real: Recursos à vista: 40% em espécie, não remunerado Depósitos de poupança : 15% em espécie, remunerado - Em março de 1999: Recursos à vista : 75% em espécie, não remunerado Depósitos de poupança : 15% em espécie, remunerado Depósitos a prazo : 30% em títulos FIF-curto prazo : 50% em espécie, não remunerado FIF-30 dias : 5% em espécie não remunerado - Atual (outubro/2003): Recursos à vista : 45% em espécie, não remunerado Depósitos de poupança : 15% em espécie, remunerado Depósitos a prazo: 15% em títulos. 32 Redesconto O Bacen pode suprir as necessidades de financiamento dos bancos comerciais através de empréstimos. A taxa cobrada por esses empréstimos mais o prazo para o seu pagamento constitui o que é chamado de taxa de redesconto. Quando o Bacen quer ser punitivo, aumenta a taxa e reduz o prazo de pagamento. Quadro 3 – Resumo dos Instrumentos de Política Monetária Instrumentos Oferta monetária Taxas de juros 1. Recolhimento Compulsório - Aumenta a taxa * reduz a taxa - reduz * aumenta - aumenta * diminui 2. Redesconto - aumenta juros, reduz prazo * reduz juros, aumenta prazo - reduz * aumenta - aumenta * reduz 3. Open Market - Venda de títulos * Compra de Títulos - reduz * aumenta - aumenta * reduz 4. Operações de Crédito - Restringe * Amplia - Reduz * amplia - aumenta *reduz As Políticas Monetárias podem ser chamadas de restritivas ou de expansionistas. São restritivas quando reduzem a oferta monetária e encarecem os empréstimos. São expansionistas quando aumentam a oferta monetária e barateiam os empréstimos. Questões Conceituais: 1. Dados os seguintes agregados monetários (em mil R$): Papel moeda emitido (PME) 1.100 Papel moeda em poderdo público (PMPP) 600 Dep. a vista do público nos BC 1.400 Reservas dos BC no Bacen - Voluntárias 100 -Compulsórias 400 Depósito em poupança 200 Quotas de fundo de renda fixa 150 Títulos públicos federais (Selic) 430 a) Qual a base monetária ? b) Qual o total do M1 ? c) Qual o total do M2 ? c) Qual o total do M3 ? c) Qual o total do M4 ? 2. Quais são os diferentes mercados do sistema financeiro? Explique. 3. Uma empresa deficitária possui duas opções de financiamento. Quais são essas opções? Por que a intermediação financeira é a forma mais utilizada de financiamento pelos agentes econômicos deficitários? Comente. 4. Os ativos financeiros da economia são diferenciados em duas categorias conforme duas características. Diga quais são as características. 5. Nas afirmações abaixo, diga quando ocorre criação (C), destruição (D) de moeda: ( ) Governo Federal deposita taxas e impostos arrecadados de empresas no Bacen; ( ) Importadores trocam R$ por US$ no Bacen; ( ) Indivíduo transfere saldo da conta corrente para a conta de poupança no banco comercial; 33 ( ) Empresa adquire quotas de um fundo de ações sacando sobre seus depósitos à vista; ( ) Empresa efetua um depósito à vista em um banco comercial. ( ) indivíduo leva ao banco uma certa quantia em unidades monetárias e efetua um depósito á vista. ( ) Indivíduo leva ao banco uma certa quantia em unidades monetárias e efetua um depósito à prazo. ( ) Empresa leva ao banco uma duplicata para descontar, recebendo a inscrição de um depósito à vista. ( ) Banco compra cambiais de um exportador. ( ) Banco vende divisas a um importador. ( ) Banco compra títulos da dívida pública possuídos pelo público. ( ) Banco vende um imóvel a uma pequena empresa recebendo o pagamento à vista em dinheiro. ( ) Banco aumenta seu capital vendendo ações ao público. 6. Dos instrumentos que o Bacen pode utilizar para controlar a oferta de moeda na economia, qual é o mais punitivo para os bancos. Comente. 7. Coloque falso (F) ou verdadeiro (V), e justifique quando falso: ( ) Quando o Bacen aumenta a taxa de recolhimento compulsório sobre os DV dos bancos comerciais, a taxa de juros reduz; ( ) Se o Bacen diminui os juros e aumenta o prazo na operação de redesconto, a oferta monetária é reduzida e a taxa de juros também cai. ( ) Se o Governo precisa reduzir a quantidade de oferta de moeda na economia, o Bacen pode comprar títulos públicos que estão nas mãos do público. ( ) A taxa de juros pode ser reduzida através da expansão nas operações de crédito por parte do Bacen. ( ) A oferta de moeda e a taxas de juros são reduzidas através de uma política monetária expansionista. ( ) Quanto maior a taxa de recolhimento compulsório, maior o multiplicador bancário simples. ( ) O multiplicador bancário elaborado varia negativamente em relação à taxa de reservas dos bancos e positivamente em relação à taxa de retenção do público. ( ) A velocidade renda da moeda é definida pela relação entre o PIB e a quantidade de moeda (M). ( ) Quanto maior for a taxa de inflação numa economia, menor será a velocidade-renda da moeda. 8. Dados os seguintes agregados monetários (em R$ milhões): * Caixa, em moeda corrente, nos Bancos Comerciais 95 * Papel Moeda Emitido 200 * Depósitos à vista do público nos Bancos Comerciais 150 * Depósitos à vista dos Bancos Comerciais Voluntários 40 Compulsórios 30 * Títulos federais, em poder do resto do mundo 400 * Depósitos na Poupança, em poder do resto do mundo 250 * Depósitos à prazo, em poder do resto do mundo 150 a. Qual o valor da Base Monetária? b. Qual o valor do M1, M2, M3 e M4 ? 9. A oferta de moeda pode dar-se pelo Bacen ou pelos Bancos Comerciais, sendo este último dado pelo mecanismo do multiplicador monetário. Se R = 0,75, então o valor do multiplicador simples na economia será de..................... Se o montante inicial em depósito a vista é de R$ 4.000,00, qual será o valor multiplicado. 10. Como se dividem os agregados monetários no Brasil. Explique cada um deles. 11. Quais as funções principais que o Banco Central exerce na política econômica. 12. A elevação da taxa dos depósitos compulsórios dos bancos comerciais junto as autoridades monetárias diminuiu o valor do multiplicador dos meios de pagamentos porque: a. ( )diminui o saldo do papel-moeda emitido b. ( ) diminui o saldo do papel-moeda em circulação c. ( )diminui o saldo do papel-moeda em poder do público d. ( )diminuem os depósitos à vista nos bancos comerciais e. ( )diminuem os recursos dos bancos comercias para empréstimos ao público. 34 13. Demanda por moeda para ____________: as pessoas mantêm dinheiro porque isso lhes permite comprar e vender bens com facilidade. Demanda por moeda para ________________: as pessoas mantêm dinheiro porque ele é mais seguro que outros ativos, já que o preço de ações, títulos e imóveis pode flutuar muito. Demanda de moeda para _______________: ficando com mais dinheiro as pessoas podem enfrentas melhor as despesas imprevistas. a)transação – especulação – precaução b)precaução – especulação – transação c)especulação – transação – precaução d)precaução – transação – especulação e)nenhuma das anteriores 14. O sistema financeiro nacional constituído do mercado monetário, mercado de crédito, mercado de capitais e mercado cambial, é usualmente subdividido em 2 subsistemas: o _______________ e o __________________. O primeiro congrega as autoridades monetárias, responsável pela disciplina operacional e pela liquidez do sistema. O segundo congrega as instituições bancárias e não bancárias. a) normativo – cambial b) intermediação – normativo c) intermediação – cambial d) normativo – intermediação e) nenhuma das anteriores 15. O encaixe próprio dos bancos (parcela dos depósitos que é mantida em caixa) é um dos freios à multiplicação infinita da moeda escritural. Mas o freio maior é o recolhimento compulsório que o Banco Central exige dos bancos comerciais. Quanto ___________ forem as taxas voluntárias e compulsórias, __________________seu efeito multiplicador. a)maiores – maior será b)menores – menor será c)maiores – menor será d)menores – inalterado será e)nenhuma das anteriores 16. As operações entre o público e o setor bancário podem criar ou destruir os meios de pagamento. Entre as operações a seguir relacionadas, qual delas é responsável pela criação de meios de pagamento? a) pessoas realizam depósitos a prazo nos bancos b) bancos vendem ao público, mediante pagamento à vista, em moeda, títulos de diversas espécies c) saque de cheques nos caixas dos bancos d) empresas levam aos bancos duplicatas para desconto, recebendo a inscrição de depósitos à vista 17. O Banco Central do Brasil (Bacen) tem, entre suas responsabilidades: a) atuar como banco do governo federal e renegociar a dívida externa brasileira b) aceitar depósitos, conceder empréstimos ao público e controlar os meios de pagamento do país c) emitir papel-moeda, fiscalizar e controlar os intermediários financeiros, supervisionar a compensação de cheques d) executar as políticas monetária e fiscal do governo e) fiscalizar empresas privadas e públicas 18. Entende-se por operações de mercado aberto, especificamente: a) concessão de empréstimos, por parte dos bancos comerciais, a empresas e consumidores b) concessão de empréstimos, pelo BancoCentral, a bancos comerciais c) venda de ações, em bolsa, das empresas ao público em geral d) atividade do Banco Central na compra ou venda de títulos e) restrições às operações de crédito ao consumidor 19. A principal função da reserva compulsória sobre os depósitos bancários, como instrumento de política monetária, é: a) permitir ao governo controlar a demanda de moeda b) permitir as autoridades monetárias controlar o montante de moeda bancária que os bancos comerciais podem criar 35 c) impedir que os bancos comerciais obtenham lucros excessivos d)forçar os bancos a manter moeda ociosa no sentido de cobrir as necessidades de caixa do banco central e) cortar subsídios governamentais às empresas privadas 20. Para reduzir o volume de meios de pagamentos, o Banco Central deve: a) elevar a taxa de redesconto b) comprar títulos da dívida pública c) elevar a emissão de papel-moeda d) reduzir a reserva compulsória dos bancos comerciais e) reduzir a taxa de juros para desconto de duplicatas Questões Aplicadas: 1. O que aconteceria com os agregados monetários M1, M2, M3 e M4 (medidas da moeda) numa economia que estivesse praticando uma taxa de juros reais de 9% ao ano? E o que aconteceria se a economia passasse a conviver com altas taxas de inflação? Explique. 2. Do total de crédito direcionado para as atividades econômicas nos de 2004 e 2005, a maior parcela ficou com as pessoas físicas. De que forma essa distribuição de crédito pode afetar o crescimento futuro da economia? Argumente. 3. O Bacen reduziu a taxa de recolhimento compulsório sobre os DV dos bancos comerciais de 75% (março/1999) para 45% (outubro/2003). Essa redução foi possível graças ao crescimento econômico da economia? 36 CAPÍTULO 3 – INFLAÇÃO O que veremos? Definição e Cálculo Teorias Explicativas Mensuração da Inflação no Brasil Planos de Estabilização INFLAÇÃO 1. SITUAÇÕES POSSÍVEIS DE VARIAÇÃO DOS PREÇOS Inflação = aumento persistente no nível geral de preços; Desinflação = redução ou a eliminação da inflação; Deflação = redução no nível da atividade econômica (estagnação – Ex. anos 30), de queda generalizada dos dispêndios e dos preços; Reflação = movimento de recuperação de processos deflacionários depressivos. Situações Possíveis INFLAÇÃO DEFLAÇÃO REFLAÇÃO DESINFLAÇÃO LINHA DE ESTABILIDADE 37 2. TEORIAS DA INFLAÇÃO flação de demanda quando há um excesso de demanda agregada.Quando a economia funciona a pleno flação de custos (Ou inflação de oferta) Ocorre quando há variação dos preços de itens com alta participação no processo inflação estruturalista (Cepal) Os pensadores da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) afirmam que as cau sociada ao pouco dinamismo das exportações (X) - (baixa portações rcado flação Inercial Os mecanismos de indexação formal (contratos, aluguéis, salários) e informal (reajustes de pre indexação formal e informal feitos da Inflação feito Oliveira Tanzi: mostra que a inflação corrói o montante de arrecadação. dependem í is su riores o au ento d rre In Ocorre emprego, a oferta agregada não tem como se expandir de forma a acompanhar o crescimento da demanda. O ajuste da oferta não se dá via aumento das quantidades, mas sim, via aumento dos preços. In produtivo (aumento salarial, desvalorização cambial, quebra de safra, reajuste de tarifas públicas, etc...), que leva a um aumento dos custos das empresas que é em alguma medida repassado para os preços finais. A sas estruturais da inflação são: - oferta de alimentos inelástica - rigidez das importações (M) as relação de trocas) - substituição de im - estrutura oligopolística no me 3In ços no comércio, indústria, tarifas públicas) provocam a perpetuação das taxas de inflação anteriores, que são sempre repassadas aos preços. Mecanismos: - propagação: - aceleração: choques de oferta E E Efeitos sobre a distribuição de renda: redução do poder aquisitivo das classes que de rendimentos fixos, que possuem prazos legais de reajuste. Efeitos sobre o balanço de pagamentos: taxas de inflação em n ve pe a m e preços internacionais encarecem o produto nacional relativamente ao produzido no exterior. Efeitos sobre o mercado de capitais: com inflação, deteriora-se o valor da moeda e oco desestímulo à aplicação de recursos no mercado de capitais financeiros. As aplicações em cadernetas de poupança cedem lugar para a aplicação em recursos de bens de raiz, como terras e imóveis. 3 Para uma discussão sobre a inflação inercial ver: Pereira (1996). A Inflação decifrada. Revista de Economia Política, 16(64): 20-35. 38 3. INFLAÇÃO E NÚMEROS ÍNDICES A inflação é o aumento generalizado dos preços de uma economia. É calculada em função produtos (carne e batata), uma POF identificou que o consumo 30 kg de batata. mo o mês seguinte, tem-se: eríodo base (t0): o: 10 Kg * $1/Kg = $10 15 3 eríodo seguinte t + 1 stáveis), então 10 * 1 = 10 30 úmeros Índices É uma medida estatística idealizada para mostrar as variações de uma variável, ou de um grupo d uando o número-índice representa uma comparação para um bem ou produto individual, é chamad étodo agregativo ponderado s índices agregados de preços são geralmente ponderados segundo as quantidades q dos bens. O dice de Laspeyres um dos mais populares índices agregado de preços, no qual os preços são ponderados pelas q A fórmula é: do perfil de consumo de uma certa população (POF), que determina a ponderação de “cestas de bens e serviços”. Exemplo: considerando dois médio de carne era de 40% e de batata 60%. A cesta básica mensal inclui 10 kg de carne e Considerando dois períodos de tempo, t0 como mês base e t1 co P Carne: $ 1/Kg, entã Batata: 0,50/Kg, então: 30 Kg * 0,50/Kg = $ Cesta (ponderada) = (10*40%) + (15*60%) = $1 P Carne: $1,00 (preços e Batata: $1,00 (aumento de 100%), então: 30 * 1 = Cesta (ponderada): (10*40%) + (30*60%) = $22 Variação: (22-13)/13 = 69% N e variáveis, correlacionados ao tempo, à localização geográfica, ou a outras características como rendimento, profissão, Uma coleção de números índices de diversos anos, localidades, e etc., é frequentemente denominada série de índices. Q o número-indice simples (ou relativo). Quando o número-indice foi construído para um grupo de bens, é chamado número-indice agregado ou composto. M O s exemplos desse métodos são os índices de Laspeyres e o de Paasche. Ín É uantidades associadas com o ano-base antes de serem somados. 0 0 1 0 100p qIL p q ×= ×× Onde: 0p = preço no período inicial; 1p = preço no período atual; 0q = quantidade no período inicial; O índice de Laspeyres pondera preços (p) em duas épocas, inicial (0) e atual (1), tomand 1q = quantidade no período atual. o como pesos quantidades (q) arbitradas para estes insumos na época inicial. 39 Como essas quantidades são consideradas adequadas à época inicial e não à época atual, admite-se que o numerador possa se apresentar super dimensionado e assim o índice de Laspeyres apresentar tendência de elevação. Índice de Paasche Este índice usa as quantidades do ano dado como pesos. A fórmula é: 0 1 1 1 100p qIP p q ×= ×× O índice de Paasche pondera preços (p) em duas épocas, inicial (0) e atual (1), tomando como pesos quantidades
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