Organização de Ideias na Escrita

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UNIDADE II
Professora Sônia Maria Martins Cassiolato
Nesta unidade trataremos um assunto extremamente importante para quem pretende melhorar a escrita. É a forma 
de organizar as ideias, pois como em todas as nossas atividades, o êxito em escrever de forma adequada passa 
pela forma de ordenar as ideias, o planejamento. Vamos aprender que ao nos propormos a produzir um texto 
temos que pensar primeiro no parágrafo, em sua estrutura e depois no texto como um todo. Então vamos colocar 
isso em prática?
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Vamos iniciar com a leitura da síntese do livro “Como ordenar as idéias”, de Edivaldo Boaventura. Lembramos que 
o ideal é a leitura completa do livro, aqui é apenas uma amostra de como ele pode ser útil para seu desempenho 
acadêmico.
 “Como ordenar as ideias”, Edivaldo Boaventura.
A arte de bem comunicar está na clareza que advém de ideias bem ordenadas.
- Escrever com clareza é um dom? Não, é resultado de muito esforço. Escrever 
com clareza depende de gestos vigorosos de escolha, entre o que vai ser dito e 
o que não vai e isso implica compromisso com as palavras e ideias transmitidas, 
pois os outros vão reagir a elas favoravelmente ou não. A clareza facilita a leitura 
do outro, lhe dá acesso às nossas ideias e até a nós mesmos. Dificultar-lhe a leitura 
representa o contrário, representa afastá-lo de nós.
Como ordenar as ideias? PREVENDO O QUE SE VAI EXPOR.
- Fazer um planejamento. (O arquiteto faz a planta antes de construir a casa ou o 
empresário que estabelece metas e um planejamento para alcançá-las; o professor 
precisa apresentar um planejamento no início do ano com os seus objetivos e 
os seus procedimentos para alcançá-los). Disso depende o sucesso de qualquer empreitada. Inclusive da 
produção de um texto. As empresas também aconselham a avaliar o planejamento a partir dos resultados, para 
que esse planejamento seja constantemente melhorado. Também não é assim com a redação?
- Sem planejamento há o risco de se perder e não se aprofundar em nenhum aspecto, levando a um trabalho 
superficial de mera exposição de ideias.
PRIMEIRO PENSAR, DEPOIS EXPRESSAR. 
- Isso exige reflexão prévia. Desligue-se de tudo para mergulhar na reflexão do tema. Faça uma escavação 
mental. As ideias costumam chegar de forma desorganizada. Anotá-las como surgem, depois selecionar o 
que vai aprofundar e o que vai abandonar. Estabelecer as ligações entre as ideias, sem perder de vista o tema 
proposto. 
Plano:
a) Anunciar o assunto e inserir a tese.
- Abrir o assunto com entusiasmo, mostrando a importância do que se vai expor. É a hora de despertar e convidar 
o leitor. Apresentar previsões.
b) Desenvolver por partes: ideias principais e secundárias.
- Dizer uma coisa de cada vez. Preferencialmente, desenvolver uma ideia em cada parágrafo. 
- Sugestão: começar pelo conhecido para chegar ao desconhecido; do simples ao mais complexo etc.
c) Concluir, deixando alguma coisa de tudo o que se disse. 
- Resumir as ideias principais em poucas (e novas) palavras. 
- Retomar a tese (ou proposta) que foi apresentada na introdução.
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- Propor algo, se possível. Saber marcar com reflexões originais.
Aperfeiçoe o plano: verifique se as partes estão ligadas para dar ao conjunto uma unidade, elimine o excesso; 
confira se há ideias que divergem do tema proposto.
“Escrever é estar no extremo
de si mesmo, e quem está 
assim se exercendo nessa 
nudez, a mais nua que há,
tem pudor de que outros vejam
o que deve haver de esgar, 
de tiques, de gestos falhos, 
de pouco espetacular
na torta visão de uma alma
no pleno estertor de criar.’’
João Cabral de Melo Neto
Comentamos, anteriormente, a importância de organizar as ideias até mesmo antes de as expressarmos. Mas e 
quando não há ideias para serem expressadas?
CADÊ A OPINIÃO?
Os textos dissertativos pedem a defesa de uma opinião (tese). Mas uma opinião própria é algo que poucas pessoas 
possuem. A maioria apenas repete opiniões de outros (escutadas na televisão, em casa, na escola etc.). É comum 
ouvirmos alguns alunos reclamarem que o professor não aceitou a interpretação deles... Às vezes dá até vontade 
de fazer uma pergunta maldosa: e tinha alguma?
Aquele que repete, na verdade, não se expressa. Alguém ou algo que se expressa através de sua boca ou caneta. 
É comum encontrarmos textos que, em maior ou menor grau, se caracterizam pela repetição desconexa de 
lugares-comuns e de preconceitos que não surgem como resultado da observação e análise pessoal dos fatos. 
Vejamos dois exemplos de introdução com assuntos diferentes: máquina e racismo.
Antigamente tudo era pureza e sentimento, tudo era mais natural. Hoje o homem não passa de uma máquina que 
perdeu os sentimentos, que se corrompeu com a sua própria ambição. Seria muito melhor se o homem tivesse se 
contentado com o que tinha. Mas não: quis mais, quis mais. E assim, temos na atualidade guerras, preocupação, 
progresso e máquinas. Máquinas que já estão dominando o homem e já o estão fazendo se tornar uma delas.
Texto maniqueísta que estrutura o raciocínio na oposição ontem-hoje; bem-mal.
- Apresenta poucos fatos, pouca observação. Desenvolve “opinião” de forma repetitiva. 
- O pensamento maniqueísta é aquele que trabalha apenas com duas possibilidades e acaba fechando o sentido 
das palavras.
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O racismo é um problema impossível de ser resolvido. Afinal de contas algumas pessoas são brancas e algumas 
pessoas são pretas, não é mesmo? Se fossem as pessoas pretas que mandassem, é claro que haveria racismo ao 
contrário. Os pretos que sobem na vida, por exemplo. Logo querem casar com brancas, talvez até para poderem 
mandar nelas. Além do mais, sempre houve racismo no mundo e, portanto, sempre haverá.
Ideias bem elaboradas são resultado do conhecimento que provém da reflexão. 
- Reflexão é o prazer de investigar, de duvidar, de criar, de transcender o que está posto socialmente. Reservamos 
tempo para isso no nosso cotidiano? 
A leitura crítica é um fator importante para a formação 
de um bom escritor. Porém, há os que leem muito, mas 
preferem não questionar e apenas concordam com a 
opinião encontrada nos textos, como se o simples fato 
de algo estar escrito lhe garantisse um status de verdade 
absoluta. (O papel aceita tudo!) 
Por outro lado, ser um bom leitor também não é garantia 
de que será um bom escritor, pois ler e escrever são 
habilidades diferentes. O primeiro é mais um esforço 
interno, enquanto escrever é um trabalho que exige 
esforço externo. 
Escrever compromete mais do que falar, porque 
marca. Ao escrever me revelo um ser alienado ou alguém 
em busca de autoconhecimento, conhecimento do mundo e 
conhecimento do outro. No caso de um concurso, é através 
da sua redação que o leitor da banca vai formar uma opinião sobre você. 
Escrever tem a ver com mágica, é como fazer do papel um espelho, mas um espelho às nossas ordens.
Qual sua impressão a respeito do texto? Esperamos que você aplique os conceitos e dicas que selecionamos a 
partir do livro.
E por falar em organização de ideias, vamos estudar como organizar o parágrafo. Antes disso é necessário que 
você tenha uma definição a respeito dele, vamos lá!
- Os textos em prosa sejam eles narrativos, descritivos ou dissertativos, são estruturados geralmente em 
unidades menores. São os parágrafos identificados por um ligeiro afastamento de sua primeira linha 
em relação à margem esquerda da folha.
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Observe outra definição.
Parágrafo
"O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou mais de um período em que desenvolve 
determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas 
pelo sentido e logicamente decorrentes dela." 
[GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 7.ed. Rio de Janeiro: FGV, 1978, p. 203.] 
É necessário que você saiba que essa definição não se aplica a todo o tipo de parágrafo: trata-se de um modelo 
- denominado parágrafo-padrão que, por ser cultivado por bons escritores modernos, você poderá (e até deverá) 
imitar.
Muito comum nos textos de natureza dissertativa, que trabalham com ideias e exigem maior rigor e objetividade na 
composição, o parágrafo-padrão apresenta a seguinte estrutura:
a) INTRODUÇÃO - também denominada tópico frasal, é constituída de uma ou duas frases curtas, que expressam, 
de maneira sintética, a ideia principal do parágrafo, definindo seu objetivo.
b) DESENVOLVIMENTO - corresponde a uma ampliação do tópico frasal, com apresentação de ideias secundárias 
que o fundamentam ou esclarecem.
c) CONCLUSÃO - nem sempre presente, especialmente nos parágrafos mais curtos e simples, a conclusão 
retoma a ideia central, levando em consideração os diversos aspectos selecionados no desenvolvimento.
Nos textos de natureza dissertativa, os parágrafos são estruturados a partir de uma ideia que normalmente 
é apresentada em sua introdução, desenvolvida e reforçada por uma conclusão.
FORMAS DE CONSTRUIR UM TÓPICO FRASAL
Ao escrever seu primeiro parágrafo, você pode fazê-lo de forma criativa. Ele deve atrair a atenção do leitor. Por 
isso, evite expressões comuns como: atualmente, hoje em dia, a cada dia que passa, no mundo em que vivemos. 
Há pessoas que sentem uma dificuldade especial em começar o parágrafo, o texto. Vale a pena então refletir sobre 
as diversas formas de começar um parágrafo. 
- UMA DECLARAÇÃO ( TEMA: LIBERAÇÃO DA MACONHA): É um grave erro a liberação da maconha.
Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce 
sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente 
para atender à demanda. 
- DEFINIÇÃO (TEMA: O MITO): O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de 
encontrar seu lugar entre os demais seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão 
e não-crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou mesmo 
a construção cultural, mas que dão, também, as formas da ação humana. 
- POR DIVISÃO (TEMA: EXCLUSÃO SOCIAL): Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre 
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o problema da exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder político e a de que a 
sua superação envolva muitos recursos extraordinários. Experiências relatadas nesta folha mostram que o 
combate à marginalidade social em Nova York vem contando com intensivos esforços do poder público e ampla 
participação da iniciativa privada. 
- OPOSIÇÃO (TEMA: A EDUCAÇÃO NO BRASIL): De um lado, professores mal pagos, desestimulados, 
esquecidos pelo governo. De outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas, aparelhos de 
videocassete. É esse o paradoxo que vive hoje a educação do Brasil. 
- ALUSÃO HISTÓRICA (TEMA: GLOBALIZAÇÃO): Após a queda do muro de Berlim, acabaram-se os 
antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As fronteiras 
foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competição.
- UMA PERGUNTA (TEMA: A SAÚDE NO BRASIL): Será que com novos impostos a saúde melhorará no Brasil? 
Os contribuintes já estão cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco que parece não ter fim. A 
cada ano, somos lesados por novos impostos para alimentar um sistema que só parece piorar. 
- UMA FRASE NOMINAL SEGUIDA DE EXPLICAÇÃO (TEMA: A EDUCAÇÃO NO BRASIL): Uma tragédia. 
Essa é a conclusão da própria Secretaria de Avaliação e Informação Educacional do Ministério da Educação 
e Cultura sobre o desempenho dos alunos do 3º Ano do Ensino Médio submetidos ao SAEB (Sistema de 
Avaliação da Educação Básica), que ainda avaliou estudantes da 4ª serie e da 8ª serie do Ensino Fundamental 
em todas as regiões do território nacional. 
- CITAÇÃO DE FORMA INDIRETA (TEMA: CONSUMISMO): Para Marx, a religião é ópio do povo. Raimond 
Aron deu troco: o marxismo é o ópio dos intelectuais. Mas nos Estados Unidos o ópio do povo é mesmo ir às 
compras. Como as modas americanas são contagiosas, é bom ver do que se trata. 
- EXPOSIÇÃO DE PONTO DE VISTA OPOSTO (TEMA: O PROVÃO): Ministério da Educação se esforça para 
conhecer de que o provão é fundamental para a melhoria da qualidade do ensino superior. Para isso, vem 
ocupando generosos espaços na mídia e fazendo milionária campanha publicitária, ensinando como gastar mal 
o dinheiro que deveria ser investido na educação.
- COMPARAÇÃO (TEMA: REFORMA AGRÁRIA): O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas 
discussões sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre o movimento pela 
abolição da escravidão no Brasil, no final do século passado e, atualmente, o movimento pela reforma agrária, 
podemos perceber algumas semelhanças. Como na época da escravidão existiam elementos favoráveis e 
contrários a ela, também hoje há os que são contra a implantação da reforma agrária no Brasil.
É IMPORTANTE PROCURAR EVITAR: 
- a repetição desnecessária de palavras. Principalmente não começar períodos ou parágrafos com a mesma 
palavra e expressões de gíria não incorporadas à linguagem geral;
- o excesso de advérbios terminados em-mente; 
- o clichê - fórmulas e expressões generalizadas (a tarde morria silenciosa, não resistindo aos padecimentos...)
- o excesso ou emprego errado da palavra “quê”.
O QUE É BOM NO PARÁGRAFO 
- a linguagem fluida e livre de tentativas "literárias" em lugar impróprio e das excessivas repetições de fórmulas 
prontas e antiquadas.
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QUALIDADES DO PARÁGRAFO E DA FRASE EM GERAL 
O parágrafo e a frase possuem qualidades em comum, que podem ser definidas da seguinte forma: 
a) correção - o respeito às normas e princípios do idioma; 
b) clareza - a expressão clara e objetiva da ideia; 
c) concisão - a apresentação da ideia usando o menor número possível de palavras; 
d) coesão - expor de forma ordenada as ideias, uma de cada vez; 
e) coerência - a ligação perfeitamente inteligível das partes de um texto com o seu todo; 
f) ênfase - realçar, através de mecanismos próprios da língua, a ideia apresentada, e
g) argumentação - a exposição dos fundamentos da ideia, de forma a torná-la suscetível de aceitação. 
Vamos verificar como o jornal impresso usa a técnica para elaborar os parágrafos.
EXEMPLOS DE TÓPICOS FRASAIS NO 
EDITORIAL DO JORNAL
“A ALTA dos preços do petróleo, dos metais e dos alimentos 
impulsiona a inflação em nível global. Esse fator explica por 
que autoridades monetárias ao redor do globo vêm elevando 
as taxas de juros.”
(Parágrafo inicial do editorial da Folha de S.Paulo 31/03/08).
“Por que Serra, favorito nas pesquisas para a Presidência, 
e Aécio, que corre atrás do prejuízo, nunca batem de frente 
e nem mesmo criticam Lula, como fazem adversários em 
qualquer lugar do mundo? Porque têm quilos de pesquisas 
mostrando que seria burrice, murro em ponta de faca. Com 
toda sua popularidade e marketing, Lula é uma faca afiada.”
(Folha de S.Paulo 30/03/08).
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