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Estruturalismo hermenuico

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O estruturalismo como pilar da Hermenêutica: O arco entre explicar e interpretar no discurso de obra	
Nito Luís Magesso 
A hermenêutica para Ricoeur (1978: 67), é a teoria das operações de compreensão em sua relação com a interpretação dos textos. Ela tem a função de decifração do sentido do símbolo. Nessa perpectiva, o problema central da nossa flexão é saber em que medida o estruturalismo linguístico constiui pilar da interpretação hermenêutica? É necessário perceber primeiro que a linguagem no modelo estruturalista valoriza a língua enquanto estrutura: a sua organização e a combinação de seus elementos no interior de uma narrativa é considerando como um facto fechado em si mesmo. Ricoeur (1990: 150) afirma que neste modelo a linguagem só conhece sistemas de unidade dissipadas de significação próprias e cada uma delas só se define pela sua diferença em relação a todas ouras. No entanto, Ricoeur concorda com Ferdinand de Saussure, a ideia segundo a qual a fala é: “...a realização da língua num acontecimento de discurso, a produção de um discurso singular por um locutor, então, cada texto está em relação à língua na mesma posição de realização que a fala.” (RICOEUR; 1990: 142).[1: A linguagem o método estruturalista foi usada pela primeira vez pelo linguista suíço Ferdinand de Saussure, no seu curso de linguística geral. Ele propõe um estudo da língua enquanto sistema social de um ponto de vista sincrônico, não histórico, como vinha sendo feito antes. A língua não é um conglomerado de elementos heterogêneos; é um sistema articulado, onde tudo está ligado, onde cada elemento tira seu valor de sua posição estrutural. Portanto, Saussure vê a linguagem como estrutura subjacente e sistema são elementos solidários entre si (e que, somente assim, adquirem valor e sentido), e, ainda, vista de uma perspectiva não histórica.]
É do nosso bom senso, que a hermenêutica preocupa-se com a compreensão valida dos textos. Assim, a hermenêutica de Ricouer pretende desenvolver a noção de compreensão a partir da sua estrutura seguindo regras linguísticas (estruturalismo linguístico). Isto, na visão de Ricoeur permite colocar questões crucias que dizem respeito à essência do texto. O estruturalismo é uma etapa necessária para uma interpretação critica e profunda do texto. E o texto deve passar de uma dimensão semilogica para ter uma dimensão semântica. Segundo Ricoeur, a análise estrutural é um modelo explicativo retirado da própria linguística e não das ciências da natureza como queria Dilthey (explicar e compreender). Com o emprego do modelo estrutural para a análise de um texto, podemos dizer que explicamos o texto (explicamos suas estruturas e interpretamos).
Entrementes, Ricoeur busca mostrar que a articulação entre a análise estrutural e a hermenêutica não é antinómica mas completares, trata-se de intender a interpretação não como exterior a explicação. Para Ricoeur (1990: 156-9), a explicação e a interpretação inserem-se num único arco hermenêutico. A explicação e compreensão articulam-se numa concepção de leitura como um retomar do sentido. Deste modo explicar é destacar a estrutura, quer dizer as relações internas de dependência que constituem a estética do texto, “interpretar é tomar o caminho de pensamento aberto pelo texto, pôr-se em marcha para o oriente do texto” (ibidem; 159). 
Na visão Ricoeur (1990: 142-), o leitor esta ausente da escrita; e o escritor esta ausente da leitura. Assim, o texto produz, uma dupla ocultação do leitor e do escritor. O texto não carrega auto evidências do autor, como a fala, o autor é instituído pelo texto. De forma geral, Ricoeur aponta que o texto possui as seguintes características: autonomia com a relação à intenção do autor; plurivocidade de sentidos; abertura para a conclusão do leitor e leva à auto compreensão do sujeito que pela leitura descobre novas formas de ser no mundo. Esse entendimento contraria a teoria romântica ou o psicologismo de Scheleirmacher e de Dilthey que identificam a interpretação ao reconhecimento da intenção do autor na situação original do discurso. Ademais, Ricoeur aponta também duas vias possíveis de análise dos textos: a) A explicação estrutural que suspende tanto o referente externo como a figura do autor e se concentra em suas relações internas, suas estruturas. b) Abordagem interpretativa que não toma o texto como uma estrutura fechada em si mesma. O restitui ao diálogo e a comunicação viva, interpretando-o. No primeiro caso trata-se de explicação estrutural do texto e no segundo de interpretar o texto. 
Portanto, a análise estrutural é importante para Ricoeur na medida em que ela convida a compreender o texto não por um desvendamento divinatório da intenção do autor, mas pelas suas próprias regras, por suas estruturas intratextuais. Para Ricoeur (1990: 161), a interpretação esta no fim do arco hermenêutico é o último pilar da ponte, a fixação do aro no solo do vivido. A postura interpretativa permite encadear um discurso novo discurso do texto. Enfim, a função do texto para Ricoeur, é superar a alternativa de pertence e distanciamento alienante (como chamara Gadamer), para tal o filósofo propõe a noção de paradigma de texto, desenvolvido em cinco etapas a saber:[2: Para Ricoeur Explicar um texto é destacar suas estruturas, suas relações internas de dependência que constituem sua dimensão estática. Interpretar um texto é trilhar o caminho de pensamento aberto por ele, é se colocar em marcha rumo a seu referente. Ele chega mesmo a afirmar que “não é possível fazer hermenêutica sem estruturalismo” (RICOEUR; 1978: 185).]
1. A realização da linguagem como discurso; 
2. O discurso como obra;
3. A relação da fala com a escrita;
4. O mundo do texto;
5. Compreender-se perante a obra.
BIBLIOGRAFIA 
DILTHEY, Wilhelm. Essência da filosofia. Lisboa. Presença, 1984.
RICOEUR, Paul. A metáfora viva. São Paulo: Edições Loyola, 1986. 
______. Interpretações ideológicas. 4. ed., São Paulo, francisco Alves, 1990. 
______. O conflito das interpretações. Ensaios de hermenêutica. Rio de Janeiro: Imago, 1978.
______. A Teoria das interpretações. São Paulo, 70, 1976
______. Do texto à acção. Porto, Rés, 1990. 
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. São Paulo. Cultrix. 2000.
SCHELEIRMACHER, Friedrich D. E. hermenêutica: arte e técnica de interpretação. Celso Reni Braida (trad.). 4. ed., Lisboa, são francisco, 2008.

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