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Constituição, Participação e Políticas Públicas

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Docente: Elizabeth Reymão
Discente: Ewerton Uchôa Vieira Fiel
Hélcio Ribeiro[1: Doutor em Direito pela Universidade de São Paulo. Professor do curso de graduação em Direito e do programa de pós-graduação em Direito Político e Econômico da Universidade Presbiteriana Mackenzie.]
CONSTITUIÇÃO, PARTICIPAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
O referido texto destaca a importância da sociedade civil e o seu papel para a formulação e implementação de políticas públicas em um sistema político democrático, afirma que o Estado a partir de medidas adotadas nos anos de 1990 em diante, se afasta cada vez mais da observância de suas obrigações para com a nação, em consonância com o modelo de acumulação de capital privado global. 
Segundo o autor, o conceito de sociedade mais adequado é o habermsiana, esse conceito diz respeito a ampliação da esfera pública como meio de barrar a colonização da vida. A grande questão é promover a participação da sociedade civil nos processos políticos, contudo o autor afirma que para isso é necessário que se tenha uma “reformulação das relações entre Estado e Sociedade”. É percebido que o pós-88, há uma intensa motivação social em participar dos processos deliberativos, principalmente, por que a nova constituição propôs melhorias no campo social, maior transparência, instrumentos de participação social, direitos ao cidadão que outrora não estavam bem institucionalizados. Um exemplo disse é o SUS, antes da CF/88 não se tinha um sistema único de saúde. “As noções de constitucionalismo social, controle de constitucionalidade, crescente importância do poder judiciário e democracia participativa”. O poder judiciário assume um novo papel, o de garantir que as demandas pré-estabelecidas constitucionalmente sejam plenamente observadas pelos governos. Isso ocorreu, justamente, em razão de que os poderes não estão cumprindo com seus deveres sociais, e o cidadão precisa recorre a outra esfera que permita a ele, com o ganho da causa, o usufruto de seu direito, péssimo cenário para um Estado democrático. [2: CONSTITUIÇÃO, PARTICIPAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS – RIBEIRO, 2013.][3: Constituição Federal.]
Contudo, é interessante ressaltar que desde os anos 90, para o atendimento de demandas externas, correlacionadas ao mercado, pagamento de juros da dívida, e o cumprimento de metas fiscais, os governos acabam por negligenciar o caráter social do orçamento público, canalizando-os cada vez menos para o provimento das necessidades coletivas. O autor coloca que “tendências antidemocratizantes tornaram-se cada vez mais visíveis desde os anos 1990, trazendo o paradoxo, apenas aparente, de um discurso democratizante [...]”. Desta forma, percebe-se que medidas são tomadas com finalidades estranhas aos princípios constitucionais de bem-estar social. Há uma preocupação em diminuir a atuação do Estado frente as obrigações sociais, e maiores são as parcelas remanejadas ao capital privado, transformando patrimônio público em particular. A tensão entre capital e democracia é, demasiadamente, aumentada diante da complexidade das sociedades modernas, o distanciamento do Estado e sociedade causa desconfiança e incertezas a respeito das autoridades políticas. É o que acontece no Brasil, diante de tanta corrupção e a má utilização do dinheiro público ou a sua não aplicação em setores essências a comunidade, como serviços de saúde e educação provoca uma frustração coletiva. Note, mesmo com um ornamento jurídico bem elaborado, não existe garantias de sua eficácia, as normas são feitas meramente para cumprir os formalismos [Grifo do autor].[4: Ibid., p. 49.]
Destarte, o Estado passa descontinuar as políticas universalistas, o que desencadeou “ desconstitucionalização dos direitos sociais, decodificação do direto, desregulamentação e privatização da economia”. Em destaque, agora, as políticas focalizastes mais voltadas ao combate à pobreza. O problema é que esse tipo de política não visa alterar a estrutura vigente, mas, proporciona um tipo de assistencialismo, não abrange toda a população, o que põe em dúvida sua efetividade. Sobre isso, vale lembrar que no Brasil tem-se um paradoxo constitucional, a CF/88 é de cunho universalista, todavia, os entes políticos utilizam políticas públicas focalizastes, por isso que, vem eleição vai eleição e os problemas continuam os mesmos, todos os candidatos repetem as mesmas coisas. Seria até engraçado se não fosse trágico [grifo do autor]. E de acordo o autor, quanto mais complexa for a sociedade, maiores serão as dificuldades de se dirimir seus enclaves, e com o recrudescimento do capitalismo moderno, a pressão governamental é maior para o atendimento de seus interesses, provocando a redução drástica da capacidade de controle sob as demandas individuais e coletivas do direito positivo, chegando a conclusão de que este já não comporta a complexidade social e de seu pluralismo da contemporaneidade, porém, busca seu aperfeiçoamento metodológico e adaptação ao contexto moderno.[5: Ibid., p. 46.][6: Ibid., p. 50.][7: Ibid., p. 51.]
Considerações finais
A constituição brasileira de 1988 criada com o intuito de fortalecer a democracia, colocando o lado social como prioridades, pautada em políticas universalistas, entretanto, segundo o autor, após o “Consenso de Washington”, ao qual impôs um regime de maior rigidez dos gastos nos países em desenvolvimento, aumentando a autonomia do capital sobre a economia, em detrimento das políticas públicas voltadas ao desenvolvimento social, fazendo com que as ações do Estado fique circunscrita aos setores mais afetado, políticas focalizantes, que não são capazes de alterar a estrutura social do problemas em questão, todavia, busca ameniza-los, promovendo o clientelismo da população frene aos agentes políticos e a própria manutenção desses sistema.[8: Ibid., p. 53.]
Vale ressaltar que, às políticas universalista e focalizantes podem ser conjugadas de modo a aumentar a eficiência das ações do Estado em benefício social, muito embora, seja preciso ter clareza dos objetivos, ter um planejamento capaz de lidar com os interesses conflitantes. Parece piada, mas, em um sistema que preza a produção e o dinheiro sem uma regulação que funcione, as pessoas valem menos que os cachorros de rua, que na opinião deste humilde que vos escreve, os cachorros de rua, tendo em vista o montante de impostos arrecadados, deveriam ter um lugar que cuidasse deles e os encaminhasse para adoção [grifo do autor]. Segundo o autor, as medidas restritivas impostas pelo contexto econômico global estão ruindo com o estado de bem-estar social, transferido cada vez mais, os recursos do orçamento público para ao atendimento dos interesses privados, tais como o socorro de instituições financeiras falidas, colaborando para a “degradação da oferta de bens e serviços públicos” ao público em geral. Percebe-se a clara visão de mercado ou para ser fiel ao texto, tem-se uma teoria da justiça fina com ênfase na focalização, com o advento de que as políticas de combate às desigualdades que são implementadas, possuem efeito mais midiático, o impacto de que o governo está ciente e agindo, do que efetivas de fato, geralmente, são aplicados os recursos e abandonadas depois, sendo este um problema sistêmico no eixo político brasileiro [grifo do autor]. Por conta disso, é importante incentivar a participação social nos processos decisórios do país em seus três níveis, o autor ressaltar que no plano nacional essa participação é um pouco prejudicada, não houve maior esforço em consolida-la ou na consecução de meios eficazes deste, e também, segundo o autor “ uma avalanche discursiva de valorização veio acompanhada de privatizações e transferências de responsabilidades do Estado para as sociedades civis, [...]”. A fiscalização e análise dos atos governamentais por parte da sociedade são indispensáveis, em razão da astúcia dos formuladores de políticas em subverter, elegantemente, o caráter social do Estado democrático.[9: Ibid., p. 55.][10: Ibid., p. 57.]

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