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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS COLECIONISMO E O LIVRO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO 
 
Av. Antônio Carlos, nº6627, Pampulha, Belo Horizonte, Minas 
Gerais, Brasil, CEP 31.270-010 
Fone: (31) 3409-5225 / http://www.eci.ufmg.br/ 
 
 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM MUSEOLOGIA 
 
Disciplina: Tópicos em Conhecimento Museal e Difusão Cultural 
 
Docente: Letícia Julião 
 
Discente: Bruno Ribeiro Diniz de Rezende Alves 
 
 
 
ARTIGO 
 
CULTURA 
MATERIAL 
 
 
 
 
 
 
UFMG - Belo Horizonte 
2017 
A Relação do Livro e o Colecionismo presente no filme 
“O Nome da Rosa” 
 Bruno Ribeiro Diniz de Rezende Alves; 
. 
 
 
 
 
 
 -UFMG - 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
 
 
TÓPICOS EM CONHECIMENTO MUSEAL E DIFUSÃO CULTURAL 
- Letícia Julião - 
 
 
 
Resumo: Este artigo tem como foco de pesquisa e análise a relação do livro 
presente no filme “O NOME DA ROSA”. O decorrimento deste artigo se dará através 
da coleta de informações em resenhas e artigos selecionados sobre o filme e a Cultura 
Material e Colecionismo. Espera-se com esta pesquisa explanar certas áreas 
específicas, discussões e debates de temas abordados na disciplina de Tópicos em 
Conhecimento Museal e Difusão Cultural; cursada na UFMG - Universidade Federal 
de Minas Gerais e ministrada no ano de 2017 pela Professora Letícia Julião. 
 
Palavras-chave: Artigo Científico. Livro. Filme. O Nome da Rosa. Umberto Eco. 
Cultura Material. Colecionismo. Análise. Pesquisa. Estudo de Caso. Museologia. 
Ciência da Informação. Bibliotecas. Biblioteconomia. Arquivologia. 
 
 
Introdução 
 A partir dos estudos desenvolvidos na disciplina Tópicos em Conhecimento 
Museal e Difusão Cultural, levantarei a questão da relação do livro e a cultura material 
e o colecionismo presente no filme O Nome da Rosa (Alemanha, 1986), nas 
pressupostas teorias e metodologias abordadas pela Museologia. Além disso, me 
utilizarei principalmente das discussões presentes no artigo, ou como ela se refere a 
ele: 
Um ensaio argumentativo que relata as 
experiências como docente de Maria Cristina Oliveira 
Bruno transitando entre os problemas antropológicos e 
históricos, mais precisamente entre questões etnológicas e 
arqueológicas e suas implicações no universo das análises 
museológicas, principalmente na valorização dos estudos 
de cultura material. 
BRUNO, Cristina. p. 16 (2009) 
 
 
 
 FILME 
 
 É um suspense dramático passado no o ano 1327, início do período 
renascentista, quando João XXII era o Papa. O cenário é um Mosteiro Beneditino 
italiano que continha, na época, o maior acervo Cristão do mundo, esse período vinha 
de encontro a Igreja exatamente porque o Renascimento pregava a valorização do 
homem e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural. 
O filme fala de um monge franciscano Willian de Baskerville e seu seguidor 
Adson, que são chamados para um grande mosteiro. O monge é secretamente 
convidado a solucionar uma morte em que todos atribuem a uma ordem sobrenatural 
antes que a notícia se espalhe e a Santa Inquisição faça a sua “justiça”. Adelmo, 
monge tradutor de grego, era a vítima da “ação diabólica”, e foi jogado de um 
penhasco pela “entidade”. Ao começar a explorar o lugar, Willian observa as 
evidencias cl aras de que o jovem havia cometido suicídio. Porém, quando todos 
pensavam que o mistério havia sido solucionado, eis que mais um dos monges, que 
também era tradutor de grego, é encontrado morto, o que deixa todos em pânico 
achando que estão sob ataque sobrenatural. 
Ao passar da investigação, William faz uma relação entre os monges que 
estavam sendo mortos e um livro proibido, considerado espiritualmente perigoso. 
Assim deduz o mistério: Berengário era monge assistente da biblioteca e sentia atraído 
por belos jovens. 
O jovem monge resolveu ler um livro proibido e Berengário fez uma troca, 
deixar o jovem Adelmo ler o livro em troca de prazeres sexuais, após a troca bem-
sucedida, Adelmo dominado pelo remorso se suicida, antes, porém deixa pistas do 
paradeiro do livro, essas pistas são descobertas pelo segundo monge, Venâncio que 
morre em seguida, sem saber que o livro fora propositalmente envenenado par a que 
quem tivesse acesso ao livro morresse, e seu conteúdo fosse repassado. Venâncio 
morre na biblioteca e para afastar os investigadores da biblioteca, Berengário, o 
ajudante de bibliotecário, foge e esconde o livro que é a chave para se resolver o 
mistério. Na busca pelo monge fugitivo Adson é surpreendido por uma jovem e bela 
camponesa que o seduz, a partir daí o jovem fica confuso e desorientado sobre suas 
convicções passa o resto do filme dividido entre ajudar seu mentor a solucionar os 
crimes e sua paixão pela camponesa, algo novo e amedrontador para o rapaz. 
O 
Enquanto isso, Berengário se torna a terceira vítima do livro, nesse momento 
Willian descobre que o livro que procura tem as páginas envenenadas e que 
Berengário est á envolvido na morte de Venâncio, na verdade ele transporta o corpo 
da biblioteca até um matadouro de animais e o joga em um barril de sangue. 
William descobre que a biblioteca do mosteiro é uma das maiores do meio 
cristão, que contem obras de Aristóteles e outros escritores considerados pagãos, a 
igreja que desejava manter o poder absoluto, controlando a liberdade das pessoas, e 
em nome da fé mantinha essa biblioteca lacrada, apenas poucos tinham acesso, para 
que não se corrompessem com os ensinos pagãos. O livro em questão é um clássico de 
Aristóteles “Comédia”. Com todos os fatos, William conta a história ao monge 
superior e exige seu livre acesso à biblioteca. O monge superior o nega e exige que 
terminem suas investigações, pois o inquisidor que logo chegaria solucionaria o caso. 
Bernardo Gui é este inquisidor e William confidencia à Adson que já foi inquisidor e 
que a mando de Bernardo quase foi para a fogueira por inocentar um homem, cujo 
crime foi traduzir um livro escrito em grego que conflitava com as escrituras sagradas. 
Ele então teve que se retratar para se livrar da morte, mas o tradutor foi condenado e 
queimado. Com a chegada do inquisidor, há a punição de três inocentes, Salvatore, 
Remigio e a menina camponesa, que confessam os crimes sob tortura. William não 
concorda com a acusação das três pessoas e o inquisidor o coloca no topo de sua lista 
de diabolicamente influenciados, como assassino dos crimes no mosteiro. Com isso 
William e Adson não desistem, chegam à biblioteca escondidos e descobrem ali o 
verdadeiro assassino, Jorge, o mais antigo habitante da abadia, este condenava o riso 
acreditando que essa manifestação humana era fraqueza carnal, portanto pecado. 
 Antes que o livro caia nas mãos de Willian e sua culpa nas mortes seja revelada, 
Jorge mesmo cego foge e com isso acaba acidentalmente incendiando a biblioteca, 
este incêndio faz com que todos voltem para tentar apagar o fogo, consequentemente 
acaba por salvar a vida da jovem camponesa que como Regídio e Salvatore f oram 
condenados a morte pelo fogo da Santa Inquisição por crimes de bruxaria, estes dois 
últimos não tiveram a mesma sorte da moça. 
Sem a proteção dos soldados que voltaram para apagar o fogo o inquisidor 
tenta escapar da fúria dos camponeses oprimidos, mas e jogado de um penhasco por 
aqueles que assistiam a essa inquisição. Willian consegue escapar do incêndio, e o 
jovem Adson apesar d e sua paixão pela camponesa segue seu caminho junto de seu 
mentor. 
 
 
 
OLECIONISMO 
De acordo com o texto de Maria Cristina Oliveira Bruno sobre colecionismo, 
podemos identificar uma abordagem sobre os estudos de cultura material a partir de 
uma perspectivamuseológica, onde poderia ser resumida na constatação do poeta 
Arnaldo Antunes – as coisas não têm paz –, ou seja, estudamos há séculos os artefatos 
e as coleções, pois estas expressões materiais da humanidade estão sempre 
C 
despertando os nossos olhares, provocando novas interpretações e, em especial, 
sinalizando para a nossa própria transitoriedade humana, desafiando a nossa 
capacidade de lembrar e os nossos compromissos com o esquecimento. 
 
“É porque as coisas não têm paz que a partir dos 
estudos desse universo de produção material é possível 
transgredir o seu contexto de visibilidade e penetrar nos 
cenários invisíveis, sensoriais e valorativos que 
extrapolam as barreiras impostas por análises pontuais 
ligadas, por exemplo, à medição dos objetos e à 
identificação da função dos artefatos, ou direcionadas 
para a organização de tipologias, ou ainda, esmagadas 
pela ênfase na proposição de hierarquias entre os 
conjuntos artefatuais. ” 
BRUNO, Cristina. p. 14 - 15 (2009) 
 
Para os verdadeiros colecionadores, as “coisas” que se coleciona têm um 
significado especial e são de facto uma força cativante e poderosa. Qualquer que seja 
o objeto colecionado, mapas antigos, armaduras militares, quadros, moedas, livros 
[...], ele é de significado particular para o colecionador, geralmente associado a uma 
catalogação do mesmo – o período, a região, o autor, o anterior proprietário, e todos 
estes elementos crescentam ao objeto em si a magia que ele transporta. Obviamente 
também, a coleção tende a refletir certos aspetos da personalidade do colecionador, o 
seu gosto, a sua ofisticação ou ingenuidade, a sua independência de escolha ou a 
confiança no julgamento os outros. A coleção reflete um modelo do mundo feito à 
medida de quem a realiza, poderá até ser uma forma de o corrigir, de estabelecer uma 
nova ordem, de perpetuar uma ida, ou dedar um sentido ao tempo. 
A coleção reflete um modelo do mundo feito à medida de quem a realiza, poderá 
até ser uma forma de o corrigir, de estabelecer uma nova ordem, de perpetuar uma 
vida, ou de dar um sentido ao tempo. E é por ter essas qualidades que desvelamos e 
refinamos, desde os primórdios do processo de hominização, as nossas capacidades de 
observá-las, coletá-las, tratá-las e, ao guardá-las e protegê-las, darmos consistência às 
ideias e práticas do colecionismo e, ao mesmo tempo, alavancamos estas coleções 
para o embrião dos debates e a partir delas organizam programas de pesquisa e ensino 
e, ainda, constituem instituições. 
Inspirados em diversas correntes teóricas e apoiados em múltiplas metodologias, 
relativas às distintas práticas inerentes aos aspectos materiais da elaboração e 
produção culturais, temos alimentado e atualizado a consolidação das rotas que ligam 
os objetos úteis aos semióforos (Pomian, 1984). Com esses debates avançamos em 
reflexões sobre fruição, documentação, conservação, preservação e, mais 
recentemente, percebemos a importância da comunicação e da educação a partir dos 
objetos e das coleções, para a circulação de ideias que valorizem a importância dos 
estudos de cultura material. Essas reflexões, sobretudo, têm impulsionado a concepção 
de princípios teórico-metodológicos e o estabelecimento de paradigmas 
interpretativos. 
 
 
 
 
 LIVRO 
 
A história do livro começa depois do surgimento da escrita, não existe uma data 
precisa que permita mapear como se deu a comunicação entre humanos, ainda assim 
os livros de história especulam que as primeiras formas de registros da história da 
humanidade tenham surgido por volta do período paleolítico superior, através dos 
vestígios de imagens gravados nas paredes das cavernas, herança de gerações 
antepassadas. 
O filme apresenta uma proposta de discutir a infalibilidade da Igreja, que apesar 
da sua “bom intensão”, oprime as pessoas que ousam descrer ou apenas querer saber. 
Nesse tempo somente quem tinha o privilégio de saber era a Igreja e apenas o que 
fosse de seu interesse era passado ao povo. Muitos que desafiaram o “saber da igreja” 
tinham bibliotecas particulares, geralmente nobres e estudiosos, que por possuírem 
obras “inapropriadas” tiveram suas coleções incendiadas e se considerados culpados, 
eram mortos barbaramente. Muitos dos conhecimentos já apresentados pelos povos 
mais antigos ficaram aprisionados em bibliotecas e demoraram outros séculos para 
serem novamente redescobertos pelos cientistas ou se perderam pelo descaso, pelo 
tempo ou pela Inquisição. 
 
 
 
IBLIOTECAS 
 
As Bibliotecas (do grego βιβλιοϑήκη, composto de βιβλίον, "livro", e ϑήκη 
"depósito") são em sua definição tradicional do termo, um espaço físico em que se 
guardam livros. De maneira mais abrangente, biblioteca é todo espaço (concreto, 
virtual ou híbrido) destinado a uma coleção de informações de quaisquer tipos, sejam 
escritas em folhas de papel (monografias, enciclopédias, dicionários, manuais, etc. 
O sentido dado ao termo biblioteca variou no decorrer do tempo, devido à 
mudança de função dela e ao tipo de material do qual ela é depósito. Por conseguinte, 
torna-se necessário tratar dessa conceituação, assim como distinguir os tipos e as 
espécies de biblioteca, que também sofreram variação. A biblioteca foi assim, desde 
os seus primeiros dias até aos fins da Idade Média, o que o seu nome indica 
etimologicamente, isto é, um depósito de livros, e mais o lugar onde se esconde o livro 
do que o lugar de onde se procura fazê-lo circular ou perpetuá-lo. 
Essas bibliotecas preservavam manuscritos de papiros ou pergaminhos, 
produzidos volume por volume em um trabalho artesanal e acessíveis apenas às 
O 
B 
bibliotecas e as poucas coleções particulares de reis e de outras autoridades. Apenas 
com a difusão do papel no século XIV e o surgimento de tipografias, que 
possibilitaram a fabricação em série, as bibliotecas passaram a ter caráter público e 
leigo. 
A partir desse momento, a biblioteca sofre um processo gradativo de 
transformação, marcado pelos quatro caracteres apontados por Martins e Milanesi 
(1998): laicização, democratização, especialização e socialização. Acrescentamos, 
atualmente, o caráter universal, buscado pelos navegadores virtuais. Recorremos a 
Chartier (1999) que esclarece que essa busca é um resgate do mito de Alexandria, isto 
é, a existência de uma biblioteca ideal. 
Fechamos esse tópico, verificando que o termo biblioteca ultrapassa a sua 
etimologia e causa dificuldade na sua conceituação, pois o termo abrange tipos, 
objetivos e materiais diferentes e variados. A biblioteca, enfim, é um processo-produto 
da História. 
 
 
 
 
ISCUÇÕES 
A partir das breves constatações acima indicadas, este texto tem a intenção de 
argumentar sobre a inserção dos estudos da cultura material na organização da 
Museologia, como campo de conhecimento e suas respectivas responsabilidades em 
relação à preservação dos acervos, suas evidentes reciprocidades com os conceitos e 
seu explícito comprometimento com a construção das noções de patrimônio e herança 
cultural. 
A longa história dos museus e das bibliotecas, pode ser compreendida como a 
trajetória que as sociedades têm percorrido na expectativa de encontrar nestas 
instituições as suas referências culturais, os seus ancoradouros para os indicadores de 
suas memórias e, sobretudo, o cenário que ampara e contextualiza os seus valores, 
apresenta as suas manifestações de poder e divulga suas conquistas e dramas culturais, 
segundo Cristina Bruno: 
 
“Essa história tem sido analisada por diferentes 
campos de conhecimento e a bibliografia referencial já 
desnudou as múltiplas facetas deste modelo institucional 
que, ao mesmo tempoem que tem a responsabilidade de 
guardar [...], abriga estudos transversais de impacto 
global com a mesma ênfase com que evidencia a 
importância das análises verticalizadas e microscópicas; 
defende a ética da preservação, mas preserva também os 
resultados de ações de saques, espoliações e roubos.” 
BRUNO, Cristina. p. 16 - 17 (2009) 
D 
 
Trata-se, portanto, de uma bibliografia que acentua as contradições, evidencia 
os problemas, mas contempla os aspectos descritivos e monográficos sobre o perfil e 
relevância das instituições e não diverge em aponta r a importância das coleções. 
Nesse contexto, as coleções e os estudos de cultura Material despontam de forma 
plural e dispersos São estudos que tratam, de maneira assemelhada às instituições 
estrangeiras, das raízes culturais das sociedades que ocuparam e transformaram este 
território, esgarçando a temporalidade das nossas tradições, indicando os impactos da 
conquista europeia, problematizando a convivência inter-étnica, procurando entender 
os focos de 
Resistência e o perfil das rupturas, entre muitos outros aspectos que contribuem com a 
elaboração de análises, buscam compreender os diferentes graus de alteridade que 
sãos constitutivos das nossas características identitárias, como também, apontam para 
a complexidade da história cultural brasileira. 
 
“A sociedade brasileira está sempre se 
repensando, se debruçando sobre si mesma, de forma 
curiosa, inquieta e muitas vezes atônita. Assim, são 
sempre formuladas novas interpretações ou são 
repensadas as antigas ideias sobre o país. ” 
BRUNO, Cristina (2007) apud. Otávio Ianni (1992) 
 
De uma certa forma, a preocupação em valorizar, decodificar e preservar os 
artefatos e as coleções e a partir deles dar a conhecer as formas de humanidade, pode 
ser considerada como a razão especial para que ainda hoje novas instituições sejam 
criadas em função dos mais diferenciados enfoques temáticos e argumentos culturais. 
Sendo os livros, objetos fontes de registro da cultura material e da escrita 
humana, alguns estudiosos apontam a Mesopotâmia como local de sua origem, onde a 
escrita cuneiforme foi sistematizada e as primeiras bibliotecas teriam surgido para 
salvaguardar esses registros. A Biblioteca de Nínive era a mais importante para o povo 
assírio, contando com mais de 20.000 placas cuneiformes. Foi fundada na época no 
imperador Assumbanipal, que governou de 668 a 627 a.C. Além das bibliotecas, o 
colecionismo se mostrava também em atitudes de saques, quando obras eram roubadas 
de seu lugar de origem. Assurbanipal, por exemplo, tirou do Egito dois obeliscos e 32 
esculturas como forma de “preservação”. 
Na Grécia Helenística (século IV A.C), há no Palácio de Alexandria um museu, 
uma universidade, jardins zoológicos e botânicos e também a famosa biblioteca de 
Alexandria. Ou seja, um verdadeiro templo de saber e colégio de filósofos, cujo 
Mouséion, junto com o Templo das Musas, inspirou o termo museu, resgatado durante 
o Renascimento. 
Na Idade Média, as coleções mudam. Livros, relíquias, objetos sagrados e 
tesouros eram mantidos nas igrejas. Tanto a Igreja quanto os reis monopolizavam a 
atividade artística e por isso, poucos tinham acesso a essas coleções religiosas e 
principescas. 
No entanto, esse monopólio começa a se desfazer perto do fim da Idade Média. 
A partir do século XIV, formaram-se novos grupos sociais que passaram a acumular 
coleções profanas, como os humanistas, os artistas e os cientistas. No Renascimento, 
os vestígios da cultura clássica, antes desperdícios, tornam-se valorizados e disputados 
pelos humanistas e poderosos, como por exemplo, os Médici e os Borghese. 
Surgem então os Gabinetes de Curiosidades, que reuniam diversos objetos, 
espécimes de fauna e flora, obras raras e exóticas e diversas curiosidades, verdadeiras 
“câmaras das maravilhas” aonde reinava o amontoamento. No auge no Iluminismo 
incorpora-se a essa prática colecionista, caracteres sistemáticos, científicos e 
especializados, superando a curiosidade para o conhecimento histórico e científico. 
No entanto, esses gabinetes eram de acesso restrito a “alta sociedade” devido a 
importância do dinheiro na hora de adquirir as coleções. A partir do século XVII 
começa uma pressão por maior acesso a essas coleções e devido a essa pressão e ao 
interesse de tornar as coleções de história natural acessíveis, surgem os primeiros 
museus (Museum Ashmolianum, 1683, pela Universidade de Oxford) e bibliotecas 
públicas (como as bibliotecas Bodleiana, fundada em 1602 em Oxford e a 
Ambrosiana, fundada em 1609 em Milão). 
Vale ressaltar aqui que, somente no século XVIII o conceito de patrimônio 
nacional torna-se de uso comum e os museus se tornam instituições privilegiadas. 
Muitos ainda possuem um caráter elitista e conservador, impondo seu olhar e o do 
responsável pelo acervo de maneira que o efeito museu se torna evidente. 
Segundo Alpers, o efeito do Museu é que todos os Museus transformam todos os 
objetos e suas coleções em obras de arte. Ela argumenta que isso não é para ofuscar o 
objeto, mas sim apenas apresentar uma maneira de olhar para ele. Os museus 
normalmente registram objetos sobre diferenças visuais e não sob os significados 
culturais. 
É difícil para os museus classificar suas coleções cronologicamente, Alpers fala 
que a organização não pode funcionar depois de categorizá-los, que muitas vezes 
ocorre uma classificação automática do objeto, moldando assim suas coleções e como 
o público a compreende. O exemplo que ela usa é de artistas holandeses, que ao 
categorizar sua arte em museus, muitos foram perdidos por causa do grande volume 
de peças nas mesmas categorias. 
 
“A maneira pela qual vemos as coisas é nossa. Um 
museu ou show pode abrir novos caminhos, mas é o nosso. 
Um museu é um lugar para exercer nossos olhos e os 
museus nos permitem fazer isso através do interesse 
visual.” 
ALPERS, Svetlana. (1991) 
 
 Sendo assim, no filme, a igreja, com o objetivo de manter uma fé cega e 
obediente, monopolizava os seus dogmas como verdades absolutas, limitando o acesso 
ao conhecimento, inclusive entre os clérigos, de modo que ela não pudesse ser 
questionada. Com o intuito de evitar a busca pelo conhecimento e possíveis 
questionamentos que aquele pudesse gerar, a igreja adotava preceitos, tais como: “A 
dúvida é inimiga da fé”, “Na sabedoria, há tristeza, quem amplia seu conhecimento, 
amplia, também o seu pesar”, “É perigoso raciocinar demais”. 
Estes e outros preceitos confirmavam a crença, do alto clero, em que os livros 
possuíam sabedorias diferentes das deles e que eles poderiam pôr em risco a 
infalibilidade da palavra de Deus. O mosteiro Beneditino era possuidor de uma rica 
biblioteca, porém seu acervo era bastante restrito e protegido por um labirinto 
construído em seu interior. 
O objetivo dos assassinatos, através do envenenamento das páginas do livro de 
Aristóteles, era deter aqueles que buscassem prazer e conhecimento com aquela leitura 
e, assim, todos aqueles que o lesse ou tentassem fazê-lo, logo morreriam. A morte era 
a única maneira de impedir aqueles que insistiam na busca do conhecimento. Desta 
forma, a igreja mantinha sua posição, evitando possíveis questionamentos e, 
principalmente, as mudanças. Hoje com a massificação da informação e a rapidez de 
sua divulgação, torna-se quase impossível a restrição ao seu acesso. Mesmo assim, 
ainda há aqueles que tentam refrear, alterar e deturpar seu conteúdo com a finalidade 
de controle e alienação. 
Portanto os museus e suas coleções devem atuar como um compositor, onde os 
objetos que nela residem, formam um conjunto no meio do qual obras muito 
diferentes entram emdiálogo. 
 
“ Uma boa coleção pode ser ainda aquela que tem 
influência ou capacidade para modificar o olhar sobre a 
arte, no entanto, só a posterioridade nos dirá 
verdadeiramente o seu destino. ” 
Hargreaves, Manoela. (2014) 
Nos dias atuais, as bibliotecas vêm se adaptando ao processo de inovações 
tecnológicas ocorridas com a evolução da humanidade, sendo que uma das principais 
características da biblioteca do futuro, e que a mesma apresentará, não será mais o 
volume do seu acervo, e sim a disponibilidade das suas coleções e do poder de 
disseminar informações com outras instituições através das novas tecnologias 
informacionais. Apesar de ainda mostrar muito fôlego, os livros, que compõem a 
maior parte dos acervos e coleções das bibliotecas atualmente, mostram certo declínio 
em suas vendas e veiculação. Provavelmente em um futuro bem próximo, os livros 
serão armazenados em mídias digitais e/ou outros mecanismos de armazenamento de 
dados. 
 
 
 
ONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 A história dos museus, de uma forma geral ou pelo menos como a bibliografia 
referencial do curso, tanto quanto a abordada por mim e por Cristina Bruno, é possível 
evidenciar e reconhecer como a sequência de momentos de mudança e/ou rupturas em 
relação, por um lado, à superação de paradigmas referentes aos estudos de cultural 
material e, por outro, à identificação das possibilidades de inserção social das ações 
museológicas. 
C 
Nessa perspectiva é possível considerar que os museus, desde o século XVIII, 
deram início ao estabelecimento de um modelo institucional hegemônico, organizado 
a partir do entrelaçamento e dependência entre um edifício, as ações técnicas e 
científicas de pesquisa (diferentes campos de conhecimento), salvaguarda 
(conservação, documentação e armazenamento) e comunicação (exposição, ação 
educativo-cultural) e o potencial do público. 
Esses vetores, até hoje presentes na sustentação das instituições museológicas, 
têm ampliado e desdobrado os horizontes de atuação dos museus com vistas a 
propiciar melhor definição e enquadramento em relação aos compromissos 
preservacionistas e educacionais. 
 
 
 
 
 EFERÊNCIAS 
 
PAIVA. Eduardo dos S., ALBUQUERQUE. Evandro E. B. e SILVA. Herbert dos S. - 
Resenha do Filme O Nome da Rosa. 
https://www.passeidireto.com/arquivo/6692663/resenha-do-filme-o-nome-da-rosa 
Acessado em: 03/07/2017 
 
POMIAN, Krzysztof. Colecção. In: Enciclopédia Einaudi. v. 1 (Memória-História). 
Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1984. p. 51-86. 
 
MARTINS, W. A palavra escrita: história do livro, da imprensa e da biblioteca. 3. 
ed. – São Paulo: Ática, 2002. 
 
MILANESI, L. O que é biblioteca. – São Paulo: Brasiliense, 1998. (Coleção 
primeiros passos; 94). 
 
SOUZA, Helena Vieira Leitão de. Colecionismo na Modernidade. ANPUH – XXV 
SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Fortaleza, 2009. 
 
ALPERS, Svetlana. The museum as a way of seeing. In: KARP, I; LAVINE, 
S.D.(org.) Exhibiting cultures: the poetics and politics of museum display. 
Washington: London: Smithsonian Institution Press, 1991. P. 25-32. 
 
R 
HARGREAVES, Manuela. Colecionismo E Colecionadores, Um Olhar sobre a 
História da Arte na 2ª metade do Séc. XX. Conferência sobre “Colecionismo e 
Mercados de Arte”, Fundação Cupertino de Miranda – Porto, Portugal. 2014. 
 
Ferreira, Maria Thaizza Rafaelly da Silva. A evolução do livro: do papiro ao iPad – 
Natal, 2010. 40 f. 
 
PINHO, Antônio Carlos e MACHADO, Ana Lúcia. História das Bibliotecas. 
 
CANFORA, Luciano. A Biblioteca desaparecida: histórias da biblioteca de 
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