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Aula_02 MODERNA-TRA. FEUD. REF. RELIGI.docx

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Aula 2: A transição: medievo à modernidade
	
		Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Reconhecer a ideia de transição como algo em discussão; 
2. comparar as estruturas sociais da Modernidade e seu legado medieval; 
3. relacionar argumentos sobre os principais paradigmas da concepção de sociedade moderna. 
Conforme vimos, os marcos cronológicos que definem a Idade moderna, tem sido postos constantemente em xeque. 
Embora tenhamos a Tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453 como marco clássico, podemos citar como exemplo da nova mentalidade europeia outros eventos históricos importantes, como a invenção da imprensa, por Guttemberg ou a descoberta da América, por Cristóvão Colombo.
A revisão desses marcos históricos acontece porque hoje entendemos a definição de História Moderna como algo que vai além desses marcos fixos. Ela é, na verdade, um grande processo sociopolítico e, portanto, deve ser analisada à luz dos grandes processos históricos que marcaram a chamada transição do mundo medieval para o mundo moderno.
Da mesma maneira que os iluministas irão se referir à Idade Média como Idade das trevas, os críticos do absolutismo chamarão o período moderno de antigo regime. Ambas as expressões são carregadas de significado e ilustram a transição do pensamento de uma era para outra.
Os filósofos ILUMINISTAS entendem a Idade Média como um período estanque, no qual a preponderância da Igreja sobre a sociedade a manteve em uma era de irracionalidade, por isso a denominação Idade das trevas. Há, portanto, uma enorme crítica a esse período e o não reconhecimento das mudanças que se operaram durante os séculos correspondentes à Idade Média.
Da mesma forma, com a Revolução Francesa de 1789, os críticos do absolutismo irão denominar o período anterior de Antigo Regime, pois entendiam o modelo de poder centralizado nas mãos de um único indivíduo como algo que deveria ser abolido. Entretanto, devemos entender essa centralização como um processo indispensável para a constituição do estado contemporâneo.
Assim, modelo de sociedade e de estado da Idade Moderna irão servir como base para o estado que se seguirá a este. Se o poder centralizado pode ser considerado obsoleto no final do século XVIII, não podemos negar sua importância para a própria existência do estado moderno. Assim, adotaremos a expressão consagrada Antigo Regime ao nos referirmos à sociedade moderna e buscaremos entender a transição da sociedade feudal para a modernidade.
Duas características se destacam quando pensamos a sociedade medieval: o papel da igreja na vida cotidiana e a quase inexistente mobilidade social.
Vamos lembrar que aqui não estamos discutindo o papel da igreja nas relações de poder, assunto que veremos nas próximas aulas, mas como ela afetava diretamente a vida cotidiana do homem do medievo.
A primeira coisa que temos que ter em mente é que, no regime feudal, os papéis sociais são bastante definidos e estão demarcados desde o nascimento. Dessa forma, o filho de um camponês sempre será um camponês, bem como o filho de um senhor feudal será um senhor feudal. A posse da terra está então concentrada nas mãos de alguns indivíduos que, por sua vez, serão os detentores do poder político e econômico nessa realidade.
É importante avaliarmos a questão da fragmentação. Por que o mundo medieval é baseado na fragmentação de poder?
Teremos que ir um pouco mais longe, na crise do Império Romano. Um dos fatores da queda do Império Romano, o maior império da época, foram as invasões bárbaras. Podemos dizer, de modo simplista, que o Império Romano cresceu até o ponto em que não era mais possível proteger suas fronteiras, deixando-as sujeitas às invasões de outros povos. Sabemos, é claro, que existem várias razões para esse desgaste.
Entretanto, o que nos interessa aqui é perceber a importância dos bárbaros para a fragmentação de poder medieval. Quando ocorre o fim do império, as diversas regiões pertencentes a ele na Europa se fragmentam em outra estrutura. Nesse novo modelo, o centro da vida sociopolítico é o feudo e não mais as cidades.
O feudo pertence ao senhor feudal, que nele exerce total autoridade. A base econômica é agrária e é baseada sobretudo na troca. Os feudos trocam excedentes da produção entre si, nas feiras, o que faz com que esta seja uma economia basicamente de subsistência. Não há um mercado formal. Cada feudo possui sua própria moeda e possui seu próprio exército. Neste sentido, o senhor feudal é um chefe político e também militar. Os servos estão atrelados à terra e não possuem propriedades. Pagam impostos ao senhor e dividem sua colheita. Uma parte vai para o colono e a outra para o senhor.
Além da relação entre senhor e servo, a sociedade medieval era baseada nos vínculos de dependência pessoal, chamados de suserania e vassalagem. Através da cerimônia chamada de homenagem, o vassalo recebia terras e bens do seu suserano, prometendo-lhe fidelidade e proteção em troca. Com isso, podemos notar que os vínculos sociais eram extremamente fortes e a definição das classes sociais bastante rígida. Vamos ver uma pirâmide social típica da Idade Média:
CLERO 
NOBREZA 
CAMPONEZES, SERVOS E BURQUESES
O Antigo Regime herdará essa pirâmide social, mas a ela devemos acrescentar os burgueses - a classe mercantil que começa a se formar no renascimento urbano e comercial. Entretanto, por não possuírem títulos de nobreza, os burgueses também ocuparão a base da pirâmide. 
Durante a Idade Moderna, embora a burguesia concentre bastante poder econômico, ela não terá direitos políticos igualmente importantes. Essa insatisfação levará às chamadas revoluções burguesas que ocorrerão na época contemporânea, como a Revolução Francesa.
Segundo o historiador português Vitorino Magalhães Godinho e sua obra A estrutura da Antiga Sociedade Portuguesa: 
“Na sociedade do antigo regime, o mais visível é a divisão em estados ou ordens: clero, nobreza, braço popular. É uma divisão jurídica, por um lado, e é, por outro, uma divisão de valores e comportamentos. As pessoas estão distribuídas por categorias, que se distinguem pelo nome, pela forma de tratamento, pelo traje e pelas penas a que estão sujeitas”.
Isso quer dizer que, embora exista uma ascensão econômica por parte daqueles que se dedicam ao comércio, a estrutura baseada em estados permanece, ainda que não seja, a rigor, tão estanque como a medieval. O que devemos entender é que a pertença a uma classe social determina toda a vida do indivíduo.
Nobres e povo possuem direitos jurídicos diferentes, o que significa, dentre outras coisas, que respondem de maneira diferente pelo mesmo crime, por exemplo. Veja mais sobre esse assunto clicando nas abas abaixo:
DIREITO DO SÉCULO XXI As vezes é difícil para nós, pessoas do século XXI, compreendermos o que isso significa. Um dos fundamentos da sociedade contemporânea é a igualdade jurídica. O que quer dizer que o primeiro princípio de qualquer código de leis democrático é que todos os homens são iguais perante a lei. Em países como o Brasil, sabemos que na prática, a lei não funciona desse jeito, em todo caso, a existência desse princípio é importantíssima para a democracia e os princípios de cidadania. Quando não há a garantia de igualdade jurídica, estamos afirmando que esta é uma sociedade desigual, onde existe um enorme abismo entre as classes sociais.
FUNÇÕES POLÍTICO-ADMINISTRATIVAS Nesta sociedade de ordens, nas funções político-administrativas cabem a nobreza, excluindo, portanto, a maioria da população. O clero tem o monopólio do ensino, que vai bem além de suas funções espirituais. Nenhuma destas ordens paga impostos, que recaem apenas sobre o terceiro estado, ou seja, a maior parte da população. Nesta realidade, o terceiro estado tem obrigações políticas, mas não direitos.
MONOPÓLIO DE ENSINO Vejamos a questão do clero. Quando dizemos que o clero tem o monopólio do ensino, queremos apontar que grande parte do conhecimento que é reproduzido passa pelas mãos da igreja. Isso concede aoclero um enorme poder de influenciar as mentalidades, além de ser o grande formador de opinião durante a Idade Moderna. Esta é outra herança do período medieval. É interessante pensar que sempre que falamos de Idade Moderna temos em mente algo radicalmente diferente da Idade média, como se a era anterior tivesse simplesmente desaparecido para dar lugar a uma nova mentalidade, moderna e arrojada. Isso é só parcialmente real. A base do pensamento medieval ainda ocupará um lugar de destaque na mentalidade moderna.
Vamos ver um exemplo simples:
Em meados do século XV, Johannes Gutemberg desenvolve a imprensa. Esta invenção revoluciona toda uma época – por isso, falamos no início da aula que a invenção da imprensa faz parte dos marcos iniciais da Idade Moderna. O que significou esta invenção?
Durante séculos, cabia à Igreja Católica, através dos monges copistas, reproduzir os livros. Isso era feito manualmente e os livros eram copiados e transmitidos. Havia aí uma clara intervenção da igreja. Como era ela quem copiava e distribuía os livros, podia escolher o que produzir. Essa maneira de produzir também tornava o livro algo muito caro e, portanto, um símbolo de riqueza.A invenção da imprensa muda radicalmente essa situação.
Os livros passam a ser produzidos em série, através de prensas. Tornam-se mais baratos e acessíveis a camadas mais baixas da população que, antes, estavam excluídas do conhecimento, ou seja, houve uma grande mudança, não é verdade? Entretanto, o primeiro livro impresso foi justamente a Bíblia, que indica que, mesmo em um momento de ruptura, isto ainda está ligada ao poderio católico.
Isso acontece em outros aspectos, como a arte. Ainda que os pintores do renascimento estejam ampliando seus objetos, retratando o homem e diversos outros temas, ainda existe uma enorme produção de arte religiosa. Exemplo disso é a capela Sistina, pintada por Michelangelo, um dos principais nomes do renascimento, o que quer dizer que mesmo em transformação essa sociedade ainda é marcada por uma forte presença católica. A igreja também muda e se adapta aos novos tempos.
Saiba mais sobre o Antigo Regime:
LOCALIDADE
A noção de Antigo Regime pressupõe que este ocorreu na maior parte da Europa Ocidental. Certamente, isso não é homogêneo. Existem diferenças e especificidades que variam de uma região para outra, mas de modo geral, podemos dizer que o que unifica essa sociedade é a existência de uma economia fortemente atrelada ao estado, a economia mercantilista, que veremos na nossa próxima aula.
ESTADO
Além disso, o estado do Antigo Regime é centralizado e unitarista, onde a monarquia detém o poder soberano e não existe a divisão de poderes que conhecemos hoje. Essas características gerais coexistem com as especificidades.
DESENVOLVIMENTO
Cada região se desenvolve de uma maneira própria e isso se reflete em sua sociedade. Dessa forma, ainda que o estado controle a economia, o desenvolvimento econômico de cada lugar depende de quanto o comércio se desenvolveu, do acúmulo de capital da burguesia, no investimento feito no processo de expansão marítima, na busca de novos mercados, na existência de um mercado consumidor, no investimento feito nas manufaturas, na relação existente entre o capital público e privado, dentre outros.
MOBILIDADE
O que queremos apontar é que essas categorias são diferentes de um país para outro, portanto, a mobilidade social também é diferente. 
A França é considerada o exemplo do Antigo Regime por excelência. Foi nesse país em que os estamentos atingiram tal nível de imobilidade que levou a uma revolução que derrubou o Antigo Regime, a revolução Francesa de 1789. Foi também na França que o absolutismo alcançou seu auge e, portanto, as contradições desse regime, também.
O historiador Norbert Elias, em sua obra A sociedade de Corte, busca compreender a sociedade do antigo regime na instância que, para ele, constitui o melhor objeto de análise, a corte. Para Elias, é a partir da Corte, símbolo máximo do poder político e social, que esta sociedade se organiza. 
“...a corte real do Ancien Regime sempre acumulou duas funções: a de instância máxima de estruturação da grande família real e a de órgão central da administração do Estado como um todo, ou seja, a função de governo” (ELIAS, 2001, p. 27).
ELIAS, Norbet. A Sociedade de Corte. Rio de Janeiro: Zahar, 2001, p. 27.
Nessa interpretação, a corte funciona como o coração do Antigo Regime. Isso encontra explicação, em certa medida, pelo papel do Rei. Em uma sociedade com pouca mobilidade social, esta só é possível através dos favores reais. É o rei que concede terras e títulos de nobreza. Cabe lembrar que nesta realidade o rei pode se afirmar através de favores financeiros e não somente através da concessão de posses materiais, como acontecia na Idade Média.
É importante lembrar que a noção de mobilidade social é largamente utilizada por analistas contemporâneos. Os homens da época estavam inseridos em um contexto em que essa mobilidade não era passível de ser observada. O que isso quer dizer?
Não há mobilidade entre as classes sociais
A organização em estados remontava ao medievo e fazia parte do que chamamos de corpo social. As classes são estabelecidas pelo lugar de nascimento e não pelas posses, o que só irá mudar na idade contemporânea. Isso quer dizer que um burguês, ainda que rico, permanecerá burguês e dessa forma, fará parte do terceiro Estado. Um nobre, mesmo que falido, ainda detém o título de nobreza e por isso mantém seus privilégios.
Privilégios
Esta é uma palavra-chave para entendermos a sociedade do Antigo regime, pois é através dos privilégios que as classes se mantêm e funcionam. Um nobre pobre ainda faz parte da corte e um burguês rico não.  Isso faz com que muitos burgueses comprem títulos de nobreza, mas essa mentalidade está tão incorporada ao espírito da época que esses novos nobres serão vistos como nobreza de segunda classe. Com isso, podemos concluir que a riqueza não significa ascensão ou mudança de status social.
Esta é uma realidade tão distante da nossa que às vezes achamos difícil compreendê-la. Devemos então pensar como os homens dessa época, para os quais a nobreza vem de berço e é hereditária.
Os casamentos consanguíneos eram comuns, para manter o título e garantir a linhagem. De acordo com o direito de primogenitura – também uma herança medieval – cabia ao filho mais velho o direito ao título. Assim, veremos ao longo da Idade Moderna uma série de casamentos reais feitos entre as diversas casas da Europa, para manter a linha de nobreza, em uma prática secular. Podemos citar como exemplo o casamento dos reis católicos, em cujo reinado a Espanha foi unificada, Fernando de Aragão e Isabel de Castela.
Esse casamento foi igualmente vantajoso para ambos, pois unificou os dois mais poderosos reinos da Espanha.  Os casamentos reais eram, portanto, grandes alianças políticas. Podemos citar outro exemplo: o casamento de Henrique VIII e Catarina de Aragão, forjando a aliança entre Inglaterra e Espanha na época, dois reinos católicos. A incapacidade de Catarina em gerar um herdeiro homem para o trono foi uma das razões que levou Henrique VIII a pedir permissão ao papado para divorciar-se. A negativa fez com que o rei rompesse com o catolicismo e instituísse uma nova religião na Inglaterra, o anglicanismo.
Não podemos, entretanto, pensar nos estados como homogêneos. No interior de cada uma dessas classes há diferentes vontades e interesses. O Alto Clero, formado por bispos e cardeais, estará muito mais próximo da nobreza que o Baixo Clero, que por sua vez, estará mais próximo da realidade da população. Os nobres que fazem parte da Corte estão mais propensos a receber favores do Rei que aqueles que não fazem parte dela. E é claro, como classe mais numerosa, é no terceiro estado que podemos notar as maiores discrepâncias.
Convivem numa mesma ordem os pobres, os artesãos e os burgueses. Estes últimos, por terem maior poder financeiro, terão regalias que são negadas aos demais. Dentre elas, a possibilidadede estudar, ocupar cargos na magistratura e exercer influência decisiva no comércio.
Cabe lembrar que a unificação do estado só é possível a partir de uma aliança entre o rei e a burguesia. Enquanto o rei fornece a estrutura política necessária para a expansão mercantil, os burgueses fornecem ao rei apoio e legitimidade, sem os quais a centralização de poder jamais teria sido possível. Essa aliança interessa à burguesia em um momento no qual é necessário que ela se consolide como classe. Durante o século XVIII, já consolidada e detentora de um enorme poder financeiro, a burguesia pôde dispensar o rei absoluto.
Expliquemos: a existência de um poder absoluto real só é fundamental enquanto a burguesia ainda se forma. Ela é necessária porque cabe ao rei fazer as leis que regulam o comércio, organizar as expedições que irão descobrir e colonizar novas terras, conceder privilégios e concessões mercantis. O rei é fundamental na montagem da empresa mercantil. Entretanto, a partir do momento em que essa estrutura está formada, ela pode prescindir da total influência real. Essa influência não só é desnecessária como passa a ser indesejada.
Vejamos um exemplo: cabe ao Rei estabelecer as rotas e as regras do comércio marítimo. Quando isso está feito, cabe aos burgueses equipar seus navios e explorar as riquezas coloniais em nome da metrópole. Ao interferir, regulando e cobrando impostos, a Coroa diminui o lucro da burguesia, gerando insatisfação, ou seja, em um primeiro momento, o poder real foi necessário e depois que a estrutura estava funcionando, ele já não era mais necessário.
Se pensarmos nesse exemplo de forma geral, veremos que, à medida que a burguesia se fortalece, passa a apoiar cada vez menos os reis absolutos. Além disso, a alienação política se torna cada vez mais evidente. Embora a burguesia pague impostos e financie o estado absoluto, ela não tem nenhum direito político que seja equivalente aos impostos pagos. É a insatisfação crescente da burguesia que põe fim ao Antigo Regime, quando estouram as revoltas burguesas que depõem os regimes absolutos.
O que podemos concluir?
Que embora estejamos vendo uma sociedade em franca transformação, como vimos na aula passada, a herança medieval na modernidade é inegável. Nas diversas estruturas, é na maneira que a sociedade se organiza que podemos ver essa herança claramente. Se na Idade Média não verificamos mobilidade social, na Idade moderna ela tampouco acontece. O rei substitui o senhor feudal como principal figura política e é em torno dele que as relações sociais são organizadas. Ao longo da idade moderna, a burguesia se torna indispensável ao rei financeiramente, mas não adquire direitos políticos, o que acaba por selar o fim desta ordem social. A mesma burguesia que ajudou a colocar o rei no poder é responsável pela sua queda e pelo início de uma nova era, a era contemporânea.
As etapas da economia feudal e seu desgaste; 
o período pré capitalista; 
a expansão comercial e a consolidação do modelo mercantil. 
 
 
Nessa aula você:
Comparar a sociedade medieval com a sociedade moderna; 
estabelecer as principais características da sociedade do Antigo regime; 
identificar os agentes sociais que atuam na formação e consolidação do Antigo regime.

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