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Aspectos Antropológicos e Sociológicos da Educação Aula 02 e 03

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Aula 02 - A Sociologia como Ciência Social
O ser humano é um animal que produz mitos, religiões, ideologias, enfim, cultura. Na tentativa de entender as coisas ao nosso redor, produzimos uma vasta gama de conhecimentos como o filosófico, o religioso, o de senso comum etc. A sociedade ocidental produziu uma forma específica de explicar o mundo, chamada de ciência, ou seja, uma forma racional, objetiva, sistemática, metódica e refutável de formulação das leis que regem os fenômenos.  Na sociedade ocidental, a ciência é a principal forma de construção da realidade, considerada por muitos críticos como um novo mito por pretender ser a única promotora e critério de verdade. A Sociologia é considerada uma ciência nova, pois foi criada no século XIX, na França, por um pensador chamado Auguste Comte (1798-1857). Algumas transformações políticas, econômicas, culturais e sociais ocorridas desde meados do século XV contribuíram muito para a criação dessa ciência. A primeira delas foi o Renascimento. O Renascimento é o momento classificado por muitos estudiosos como a ruptura entre o mundo medieval e o mundo moderno urbano, burguês e comercial. De acordo com Costa, existiam diversas visões do Renascimento. Existem pensadores que avaliaram positivamente aquele momento, ressaltando que as mudanças propiciaram o desenvolvimento do comércio, da navegação e dos contatos com outros povos, bem como o crescimento urbano e o recrudescimento da produção artística e literária. Existem historiadores que perceberam aquela época como momento de grande turbulência social e política. As características marcantes do período foram a falta de unidade política e religiosa, os conflitos entre as nações que se formavam, as guerras intermináveis e as perseguições religiosas, na tentativa de conservar um mundo que agonizava. Havia, segundo Costa, um clima de fim de mundo visível nas obras artísticas da época, como na Divina Comédia de Dante Alighieri e no Juízo Final de Michelangelo. Para além dessas contradições, o fato é que, a partir de então, o homem ocidental passa a ter uma nova postura em relação à natureza e ao conhecimento. O fim do Teocentrismo e das explicações religiosas sobre os fatos possibilitou que aparecessem questões mais imediatistas e materiais, cujo foco principal era o homem. Ao abandonar as explicações sobrenaturais, os indivíduos passaram a utilizar a indagação racional e o método científico através da observação e experimentação. Foi no século XVI que ocorreu o movimento de Reforma Protestante. De acordo com Quintaneiro, ao contestar a autoridade da Igreja como instância última na interpretação dos textos sagrados e na absolvição dos pecados, a Reforma colocou sobre o fiel essa responsabilidade e, instituindo o livre exame, fez da consciência individual o principal nexo com a divindade. Para Quintaneiro, “O espírito secular impregnou distintas esferas da atividade humana. Generalizou-se aos poucos a convicção de que o destino dos homens também depende de suas ações. Críticas à educação tradicional nas universidades católicas levaram à substituição do estudo da Teologia pelo da Matemática e da Química.” (2002, p. 13) No século XVII, surge o Racionalismo e fortalece a ideia de que o homem produz a história e não a Divina providência. Essa concepção fundamentava a ideia de que a sociedade podia ser compreendida porque, ao contrário da natureza, ela é obra dos próprios indivíduos.O pensamento filosófico desse século contribuiu para a popularização do pensamento científico. Segundo Francis Bacon, a Teologia perdeu o posto de norteadora do pensamento. A autoridade, que exatamente constituía um dos alicerces da teologia, deveria, em sua opinião, ceder lugar a uma dúvida metódica, a fim de possibilitar um conhecimento objetivo da realidade. Os pensadores desse período defenderam, assim, o emprego sistemático da razão e do livre exame da realidade. Os pensadores desse período defenderam, assim, o emprego sistemático da razão e do livre exame da realidade.Outro movimento que contribuiu para a criação da Sociologia foi o Iluminismo, que teve início no século XVIII entre os pensadores franceses e ideólogos da burguesia.
É em meio a esse cenário de efervescência intelectual, política e social que observamos dois eventos históricos importantes: a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, também conhecidas como Revoluções Burguesas. REVOLUÇÃO INDUSTRIAL É um fenômeno histórico ocorrido na Inglaterra, por volta do meado do século XVIII, que trouxe profundas alterações no mundo do trabalho, desagregou a sociedade feudal, ao reordenar a sociedade rural e abolir a servidão, e consolidou a civilização capitalista. É nesse momento que nasce o proletariado, isto é, a classe dos trabalhadores livres assalariados, e se exacerbam os problemas urbanos.
REVOLUÇÃO FRANCESA Pode ser vista como a luta política da burguesia contra as classes que dominavam o mundo feudal, ou seja, a monarquia absolutista e a Igreja Católica. A burguesia, que já tinha o poder econômico, queria um Estado que assegurasse sua autonomia em relação à Igreja e que protegesse e incentivasse a empresa capitalista.  No século XIX, os pensadores burgueses já não mais desejavam que as ideias revolucionárias iluministas continuassem animando o homem comum, pois, como a burguesia havia chegado ao poder, deveria lutar para mantê-lo. Apesar da industrialização e urbanização crescentes na França, a situação do proletariado era extremamente precária, pois os trabalhadores viviam na miséria e estavam sempre ameaçados pelo desemprego, o que acabou intensificando as crises econômicas e a luta de classes naquela sociedade. Aquele era o momento de abandonar os ideais iluministas e fundar uma nova ciência para “reorganizar” e “higienizar” a sociedade. 
Dito de outra forma, a Sociologia nasceu dos interesses burgueses em manter a ordem social e a estabilidade, ligando-se aos movimentos de reforma conservadora da sociedade. A preocupação passou a ser a de fazer com que os indivíduos aceitassem a ordem existente, deixando de lado a sua negação. Auguste Comte é considerado o pai da Sociologia, também conhecida como Física Social.De acordo com Tomazi, Comte rompeu logo cedo com a tradição de sua família monarquista e católica, transformando-se em um republicano com ideias liberais, desenvolveu atividades políticas e literárias que lhe permitiram elaborar uma proposta para solucionar os problemas da sociedade de sua época. Vivendo no período imediatamente posterior à Revolução Francesa, preocupou-se em organizar a sociedade que, em sua opinião, estava caótica. Segundo Martins, Comte afirmava que: “a Sociologia deveria se orientar no sentido de conhecer e estabelecer as leis imutáveis da vida social, abstendo-se de qualquer consideração crítica, eliminando também qualquer discussão sobre a realidade existente, deixando de abordar, por exemplo, a questão da igualdade, da justiça e da liberdade.” (2001, p. 31) Comte, propôs uma reforma completa da sociedade, começando pela “reforma intelectual plena do homem”. Ao modificar a forma de pensar do homem, por consequência, as instituições se transformariam. O sociólogo, estudando os fenômenos sociais com o mesmo espírito que animava os astrônomos, os físicos, os químicos e os biólogos, deveria fornecer os resultados de suas pesquisas aos homens de Estado, para que esses evitassem ou atenuassem as crises sociais.  Para firmar a Sociologia como ciência, Comte utilizou as ciências naturais como modelo, pois essas já tinham credibilidade no meio científico. No Brasil, o Positivismo de Comte exerceu forte influência entre os homens que proclamaram a nossa república. O lema da Bandeira Nacional, Ordem e Progresso, é a maior prova disso. 1- Movimento que buscava modificar a sociedade e transformar as antigas formas de conhecimento. Iluminismo 2- Revolução que marcou a luta política da burguesia contra as classes que dominavam o mundo feudal. Francesa 3- Ruptura entre o mundo medieval e o mundo moderno urbano, burguês e comercial. Renascimento4- Principal forma de construção da realidade. Ciência5- Revolução que gerou profundas alterações no mundo do trabalho, desagregou a sociedade feudal e consolidou a civilização capitalista. Industrial 6- Exerceu forte influência entre os homens que proclamaram a nossa república. Positivismo
Síntese da Aula 02 –A Sociologia como Ciência Social Nesta aula, você atentou para o fato de que a Ciência é uma criação da cultura ocidental.Deu-se conta de que o surgimento da Sociologia não foi um fato isolado, pois está atrelado a acontecimentos históricos importantes, como a Revolução Industrial e a Revolução Francesa.Conheceu o Positivismo de Auguste Comte.
Aula 03 - Émile Durkheim e o Funcionalismo
Ao final desta aula, você será capaz de: caracterizar a concepção de ciência que orientou Émile Durkheim na sistematização da sociologia;definir o conceito de fato social, identificando as suas características e como o sociólogo deve estudá-lo;definir representações coletivas, consciência coletiva e solidariedade social.Nesta aula, vamos estudar a contribuição que Émile Durkheim deu para uma visão sociológica da educação. Durkheim, Max Weber e Karl Marx são chamados autores clássicos da Sociologia, porque forneceram as  linhas mestras de explicação da realidade social que fundamentaram grande parte das obras elaboradas por autores posteriores.As explicações sobre os fenômenos sociais diferem  segundo os autores.  Émile Durkheim, autor que mais produziu estudos sobre o tema da educação, propõe uma explicação funcionalista; já Weber opta por uma Sociologia compreensiva e Karl Marx vai em direção à dialética, conforme você verá nas próximas aulas.  Émile Durkheim foi quem sistematizou a Sociologia. 1858 Nasceu em 15 de abril em Épinal, França.1879 Entrou para a École Normale Supérieure, quando conheceu as obras de pensadores como Auguste Comte e Herbert Spencer, intelectuais que o influenciaram na busca por dotar a Sociologia de um caráter científico.  1887 Foi nomeado professor de Pedagogia e Ciência Social na Faculdade de Letras da Universidade de Bordeaux, onde ministrou o primeiro curso de Sociologia das universidades francesas. 1895 Lançou As Regras do Método Sociológico. 1897 Publicou O Suicídio. 1912 Publicou As Formas Elementares da Vida Religiosa.1913 A cadeira de que era titular passou a se chamar Cadeira de Sociologia da Sorbonne. 1915 Em meio à Primeira Guerra Mundial, seu único filho morreu no front de Salonique. 1917 Em 15 de novembro, muito abalado pela perda de seu filho, faleceu em Paris.
O século XIX foi marcado por várias mudanças importantes. Uma delas é o fato de alguns pensadores, inclusive Émile Durkheim, terem se dedicado à fundação de uma nova ciência, cujo objetivo era dar conta das coisas da sociedade, abandonando a arte política e a simples especulação.Alguns dos autores que influenciaram Durkheim: Saint-simon 1770-1825, Auguste Comte 1798-1857 Hebert Spencer 1820-1903.
Durkheim tratou de definir a Sociologia, seu objeto de estudo, seu método de trabalho e seus conceitos fundamentais. Transformou temas como o Direito, a Educação, a Religião, o Suicídio e a Moral em objetos de análise sociológica.Preocupado com os problemas de seu tempo e convicto de que a sociedade europeia passava por um período de anomia, Durkheim sentia a necessidade de construir as novas formas sociais e, na sua concepção, a Sociologia tinha importante papel nesta tarefa, pois apenas ela estava habilitada a restaurar a noção de unidade orgânica da sociedade.ANOMIA(Ausência de regras morais claramente estabelecidas.)ORGANICA(Durkheim via a sociedade como um organismo constituído por órgãos que devem se integrar garantindo um funcionamento harmônico. Para tanto, nenhuma das partes pode agir como se fosse o todo, sob pena de fazer adoecer o corpo social.) Dessa forma, a preocupação com a moral e a manutenção da ordem social foi constante em seu pensamento, o que resultou em críticas, aceitas por uns e questionadas por outros, que o caracterizaram como um sociólogo conservador, avesso mesmo às mudanças, interessado em ensinar aos homens a obedecer à ordem vigente.Consciente de que a França atribuía um peso muito grande ao senso comum (consciência coletiva difusa), Durkheim procurou criar uma nova ciência elaborada na universidade. Muito preocupado com a objetividade, o autor advertia que, a exemplo de cientistas de áreas como a Biologia e a Química, o sociólogo não devia fazer concessões às opiniões baseadas no senso comum.OBJETIVIDADE (Na opinião de Durkheim, um importante critério de cientificidade.)
 A nova ciência positiva: a Sociologia :Durkheim tinha como objetivo criar uma ciência positiva, autônoma (sobretudo em relação à Biologia e à Psicologia) e diferente das outras. Para tanto, esforçou-se em definir as suas bases, seu objeto de estudo e seu método, mas teve que recorrer ao exemplo de outras ciências já formadas, como a Biologia, a Química e a Física.
 
LEIS NATURAIS Aqui a palavra lei deve ser entendida em seu sentido científico e não no sentido jurídico ou legislativo. De acordo com Cervo e Bervian, “Duas são as principais funções da lei científica: resumir grande quantidade de fatos e de fenômenos e possibilitar a previsão de novos fatos e fenômenos.” (CERVO, Amado e BERVIAN, Pedro. Metodologia Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2002. p. 54). Leis naturais seriam leis invariáveis que independem, por exemplo, da vontade humana. Alguns exemplos dessas leis são: a água ferve a 100 graus; o calor dilata os metais etc.CONCEPÇÃO Apesar de esta concepção ter dominado durante muito tempo, Durkheim mostra que alguns pensadores como Aristóteles, Montesquieu e Condorcet viam a sociedade como algo natural, porém, estas ideias não tinham muito fôlego a ponto de fazer vingar uma ciência social orientada para o estudo das leis naturais que regem a sociedade.LEIS NECESSÁRIAS É importante ter em mente a ideia de necessário como algo que não poderia ser diferente daquilo que é. A chuva é necessária porque não pode deixar de acontecer, por mais que eu queira que faça sol. Comer é necessário porque não posso deixar de me alimentar, sob risco de morrer de inanição.
Objeto de estudo da Sociologia: os Fatos sociais
Em As Regras do Método Sociológico, Durkheim afirma que o objeto de estudo da Sociologia é o fato social. 
Veja as três características que tornam os fatos sociais realmente sociais.
Exterioridade: os fatos sociais agem sobre os indivíduos independentemente de suas vontades particulares. São maneiras de pensar, de agir e sentir que existem fora das consciências individuais.Antes de nascermos, as regras morais, os costumes e as leis já existiam e, a despeito de nossas vontades, continuarão existindo. Por exemplo, um devoto, ao nascer, já encontra prontas as crenças e as práticas da vida religiosa. Da mesma forma, o sistema de moedas que utilizamos para fazer as transações comerciais e as práticas seguidas nas diferentes profissões funcionam independentemente do uso que cada indivíduo faz delas. Durkheim ressalta que, embora a exterioridade seja condição necessária, não é condição suficiente para transformar os fenômenos em fatos sociais. Coercitividade: para que o fato seja considerado social, deve também exercer algum poder de coerção sobre os indivíduos. Nem sempre a coercitividade é sentida quando me conformo com ela, mas se tento resistir, sinto seu peso. Em outras palavras, quando eu infrinjo uma regra, sofro algum tipo de punição. O grau de coerção do fenômeno torna-se evidente pelas sanções a que o indivíduo é submetido ao ir contra o fato social. As sanções podem ser de dois tipos: legais ou espontâneas. As sanções legais ocorrem quando, ao “violar as leis do direito, estas reagem contra mim de maneira a impedir meu ato se ainda é tempo; com o fim de anulá-lo e restabelecê-lo em sua forma normal se já se realizou e é reparável; ou então que eu o expie se não há outra possibilidade de reparação” (As Regras do Método Sociológico, p. 2).  As sanções espontâneas, por outro lado, ocorrem quandodeixo de seguir as convenções “mundanas”. A educação possui um papel relevante na conformação do indivíduo à sociedade em que vive, fazendo com que, depois de algum tempo, as regras se internalizem e se transformem em hábitos.
Generalidade: todo fato social é geral, mas, não podemos dizer que todo fato geral é social. Para ser assim considerado, ele precisa ser coletivo (isto é, mais ou menos obrigatório). Daí decorre que este tipo de fenômeno deve ser estudado apenas em suas manifestações coletivas, como as crenças, as tendências e as práticas do grupo tomadas coletivamente, pois a sociedade não é o mero agregado dos comportamentos individuais. As tendências da moda e o idioma servem aqui como bons exemplos. Agora que você já sabe o que é fato social e quais são suas características veja, a seguir, como o sociólogo deve estudá-lo.Regras para o estudo dos fatos sociais-Depois de definir e caracterizar os fatos sociais, Durkheim se dedica a elaborar os principais passos, o método para o seu estudo.  Diz respeito às regras relativas à observação dos fatos sociais. O principal e mais importante passo é encarar o fato social como coisa. Assim, surgem dois corolários. FATO SOCIAL É importante, salientar que o autor não entende o fato social como coisa material. No Prefácio à Segunda Edição de As Regras do Método Sociológico, ele utiliza o termo “coisa” em contraposição à “ideia”, ou seja, é aquilo que só pode ser entendido por intermédio da observação e da experimentação. Corolário é a consequência direta de uma proposição demonstrada.O primeiro corolário consiste em afastar todas as noções prévias para estudar o fato social, pois os valores e sentimentos pessoais nada têm de científicos e possibilitam a distorção dos fenômenos. Dito de outra forma, os preconceitos, simpatias e caprichos do pesquisador devem ser afastados de suas análises. O segundo corolário consiste em definir os fatos que serão estudados. Logo no início da pesquisa devemos considerar os caracteres mais exteriores do grupo de fenômenos, pois, por serem mais imediatamente perceptíveis, são estes que nos levarão aos menos visíveis e profundos, porém, mais explicativos. Isto pretende fornecer ao método sociológico o seu caráter objetivo.
Na concepção de Durkheim, o que podemos chamar de normal e de patológico?
No início do terceiro capítulo de As Regras do Método Sociológico, Durkheim afirma que os fenômenos normais são “os que são como deviam ser”, e os patológicos são aqueles que “deveriam ser diferentes do que são”. Dito de outra forma, normal é tudo o que é comum a todos ou quase todos. Em contrapartida, o patológico é tudo ou quase tudo que se apresenta de forma excepcional. Durkheim alerta para o fato de o sociólogo se expor a erros quando não toma as devidas precauções metodológicas quanto à distinção entre normal e patológico. Uma falha desse tipo seria classificar o crime como algo patológico. É necessário, entender que o autor concebe crime como “um ato que ofende certos sentimentos coletivos dotados de energia e de nitidez particulares” (1972: p. 58), não se restringindo ao sentido jurídico. Se, à primeira vista, o crime parece patológico, após uma análise meticulosa pode-se afirmar que o crime é normal e isso se deve a dois motivos. Em primeiro lugar, porque é universal, isto é, acontece em todas as espécies sociais e em todos os estágios de desenvolvimento. Em segundo lugar, porque reforça sentimentos contrários, de repulsa ao agressor e aos fatores que o motivaram a cometer o crime. Há ainda um outro aspecto muito importante: em alguns casos, o criminoso é visto como agente de mudança e a ausência do crime tornaria a sociedade estática. Isso permitiu ao autor concluir que, além de normal, o crime é necessário e tem a sua utilidade.
Consciência coletiva e representações coletivas.Em A Divisão do Trabalho Social, Durkheim afirma que enquanto seres socializados possuímos, simultaneamente, uma consciência individual e uma consciência coletiva.  A consciência coletiva é o nível mais profundo da realidade social. É a soma de crenças e sentimentos comuns à média dos membros de certa comunidade, constituindo um determinado sistema que possui vida própria, persiste no tempo e une as gerações. É, em outras palavras, o sistema de Representações coletivas presente em determinada sociedade. Para Durkheim, não são os indivíduos que geram a consciência coletiva, ao contrário, é a consciência coletiva que molda as consciências individuais. A força que a consciência coletiva exerce sobre os indivíduos varia com o tipo de sociedade dependendo do seu estágio de evolução. CONCIÊNCIA COLETIVA Esse tipo de consciência não tem origem nas consciências individuais e está espalhada, difusa por toda a sociedade. REPRESENTAÇÕES COLETIVAS 
Solidariedade Social Em sua tese de doutorado A Divisão do Trabalho Social, Durkheim propõe-se a investigar a função da Divisão do Trabalho. O autor se preocupou em analisar, à luz da Morfologia Social, a evolução das sociedades e a coesão social que dela resulta, que o fez concluir que as sociedades caminham, natural e necessariamente, do estado mecânico em direção ao estado orgânico, apresentando uma solidariedade característica para cada um desses estágios. SOCIEDADES MECANICAS São aquelas de tipo pré-capitalista, muito “simples”, dotadas de forte consciência coletiva, onde a divisão do trabalho se baseia principalmente nos critérios de sexo e idade. Nesse tipo de sociedade, a identificação entre os indivíduos se dá por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes. A autoridade coletiva é absoluta e a consciência coletiva é tão forte que se sobrepõe à consciência individual. A solidariedade social de tipo mecânica é gerada pelas semelhanças entre os indivíduos que, partilhando os mesmos sentimentos e valores, diferem pouco entre si. SOCIEDADES ORGÂNICAS São mais extensas, mais complexas. Por possuírem estruturas econômicas avançadas, exigiam uma divisão do trabalho não mais baseada em sexo e idade, mas, na diversidade de funções que torna os indivíduos interdependentes. Se nas sociedades mecânicas a consciência coletiva gerava uma irresistível coesão social, nas sociedades orgânicas a divisão do trabalho social tem por função criar a solidariedade social, pois a complexidade da vida e a ausência de semelhanças acabam por aproximar as pessoas, fazendo com que se completem. Em sociedades com forte divisão do trabalho, as relações sociais se baseiam na especialização de tarefas. Assim, a educação tem caráter duplo, pois, ensina aos novos membros valores, crenças e conhecimentos que devem ser gerais à massa da sociedade e, por outro lado, fornece conhecimentos específicos da área profissional em que a pessoa deverá atuar.
a) Dedicou-se à fundação de uma nova ciência, cujo objetivo era dar conta das coisas da sociedade, abandonando a arte política e a simples especulação.  ÉMILE DURKHEIM.b) É a consequência direta de uma proposição demonstrada.  COROLÁRIO c) Segundo Durkheim é o objeto de estudo da Sociologia.  FATO SOCIAL d) Estava habilitada a restaurar a noção de unidade orgânica da sociedade.  SOCIOLOGIAe) Ausência de regras morais claramente estabelecidas. ANOMIA
Síntese da Aula 03 – Émile Durkheim e o Funcionalismo Nesta aula você conheceu a biografia de Émile Durkheim.Atentou para a concepção de Sociologia de Émile Durkheim.Deu-se conta de que, para Durkheim, a Sociologia é a ciência que estuda os fatos sociais e que o sociólogo deve ter cuidados e critérios metodológicos para estudá-los.Estudou as definições de representações coletivas, consciência coletiva e solidariedade social.

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