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Aspectos antropologicos e sociologicos da educação Aulas 06 e 07

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Aula 06 - A Teoria Marxista e as Práticas de Educação 
Ao final desta aula, você será capaz de: analisar as relações entre a teoria marxista e a dinâmica cultural da sociedade;demonstrar como se dão as relações entre os valores morais, as crenças, os princípios ideológicos e a base material da sociedade, na concepção de Marx; definir o conceito de alienação e suas relações com o projeto de educação sugerido por Marx.Na concepção de Marx, as ideias que os indivíduos incorporam, na sociedade capitalista, implicam numa visão imprecisa ou falsa da realidade. Isto acontece na medida em que a consciência que os trabalhadores constroem sobre o seu próprio modo de vida tende a ser profundamente influenciada pelos valores das elites burguesas. Numa posição diferente daquela assumida por Durkheim, Marx não percebe as representações coletivas como produto do conjunto da sociedade. Para ele, estas ideias — às quais chamou de ideologia — são o fruto de um processo de dominação, que leva as classes oprimidas a perceberem o mundo com as lentes de seus opressores, processo este denominado de alienação. Esta aula aborda o projeto de educação de Marx, que busca superar esta ausência de consciência, ou seja, um projeto que possa construir indivíduos integralmente desenvolvidos e emancipar os trabalhadores do seu processo de alienação.
Na concepção marxista, a partir da lógica do pensamento dialético, haveria uma reciprocidade de influências entre a consciência e as condições materiais da vida em sociedade.
A particularidade da concepção de Marx está no fato de ele perceber este grande conjunto das ideias representado pelos valores e crenças predominantes, no caso da sociedade capitalista, como o fruto de um processo de dominação das elites burguesas. Como consequência, por terem perdido o controle sobre a organização da produção, os trabalhadores teriam perdido, também, a possibilidade de construir uma visão adequada sobre a sua própria realidade. Eles perceberiam o mundo a partir dos valores da burguesia, como se esta fosse a única forma possível de trabalhar e viver.
Segundo Marx, no capitalismo existem os burgueses, proprietários dos meios de produção e aqueles que vendem o único bem que possuem, ou seja, a sua força de trabalho, em troca do pagamento de salário. Estes seriam os proletários, classe que representaria a maioria da sociedade. Para eles, o modo de vida estabelecido na sociedade capitalista parece algo natural. É como se trabalhar em troca de um salário fosse uma espécie modo de vida que sempre existiu e sempre existirá.
Um conceito fundamental, na concepção marxista, é o de alienação. O trabalho na sociedade capitalista é considerado como algo sobre o qual o próprio trabalhador não possui nenhum controle. Ou seja, um operário numa determinada linha de montagem executa muito bem a sua função, por exemplo, encaixar amortecedores na carroceria do veículo, sem ter a menor ideia sobre o procedimento para construir, de modo completo, um automóvel. Este saber lhe foi expropriado num processo histórico, juntamente com os meios de produção. Este mecanismo é definido por Marx como alienação. A organização do trabalho social na sociedade capitalista, segundo Marx, possuiria, portanto, uma considerável diferença em relação ao que era feito na sociedade feudal. Naquele período, em que predominavam as oficinas artesanais nas vilas e pequenas cidades, o Mestre Artesão era ao mesmo tempo executor e organizador do processo produtivo. Processo produtivo: Por exemplo, numa oficina de sapateiros, caberia a ele a compra da matéria prima, o planejamento dos modelos a serem fabricados, o corte do couro, a costura, o acabamento final e a própria venda do produto, ou seja, ele era responsável por todas as etapas do processo produtivo. Essa situação difere profundamente daquela presente na sociedade capitalista, na qual o dono da fábrica, que organiza e planeja a produção, não é quem executa o trabalho. Por exemplo, não vemos os executivos das grandes montadoras de automóveis encaixando as peças dos veículos na linha de montagem. No modelo civilizatório marcado pela presença do capitalismo, a fragmentação das atividades profissionais é a marca registrada. A divisão entre aqueles que realizam trabalhos exclusivamente intelectuais e a grande maioria que executa tarefas manuais e repetitivas, sem a exigência de uma elaboração mais complexa é, de fato, a regra. A causa da consciência distorcida construída pela grande maioria dos trabalhadores acerca do seu próprio modo de vida, é justamente esta divisão qualitativa do trabalho. Vamos conhecer, a seguir, mais sobre o pensamento de Marx. Marx considerava esta situação, além de injusta, a causa de todo o processo de alienação presente na sociedade de sua época, a Europa do século XIX. Para resolver este problema, além da ação de conscientização das massas pelos integrantes do partido comunista (que ele considerava o partido revolucionário da causa dos trabalhadores) Marx imaginou um projeto de educação que pudesse compensar estas diferenças. Marx e Engels percebiam as práticas de educação escolar como uma importante ferramenta que poderia ser utilizada, tanto para perpetuar o processo de alienação e de dominação existente na sociedade capitalista, quanto para emancipar os trabalhadores desta realidade. É fundamental que você procure deslocar o pensamento para o século XIX e tente imaginar como viviam as pessoas nas cidades industriais naquele momento, para poder entender o raciocínio de Marx com relação ao seu projeto educacional.
Em algumas citações de O Capital, sua obra mais importante, Marx relata algumas visitas a escolas localizadas em cidades na Inglaterra, cujas condições de ensino eram tão precárias, que só poderiam servir como espécie de engodo, para a nova legislação inglesa de 1844, que determinava que as crianças ao serem contratadas pelas fábricas deveriam estar devidamente matriculadas em algum estabelecimento de ensino. Projeto Educacional de Marx: as escolas deveriam formar indivíduos integralmente desenvolvidos, isto é, que ao longo da sua formação dividissem seu tempo entre o trabalho manual, as atividades intelectuais e o lazer;as crianças de até 12 anos deveriam passar ao menos 2 horas por dia trabalhando de modo a combinar o trabalho braçal com prática intelectual. Esta jornada de trabalho associada à educação deveria ser elevada até um período de 6 horas por dia, quando a criança completasse 16 anos.
 O Projeto Educacional de Marx pode ser representado pela equação abaixo.
Para Marx era fundamental que todos os indivíduos combinassem educação intelectual, educação profissional e educação física, na sua formação. Só assim, todos se tornariam indivíduos integralmente desenvolvidos, capazes de desenvolver diferentes tarefas e atividades sociais. Ele considerava injusto que alguns indivíduos trabalhassem apenas com a mente, desenvolvendo seu intelecto, enquanto outros passassem toda a vida presos a atividades manuais repetitivas e embrutecedoras, no que se refere ao espírito humano.Mesmo para os membros da burguesia, a educação fragmentada era considerada por Marx como prejudicial, na medida em que o indivíduo se via desprovido daquilo que ele considerava como conhecimento tecnológico.É importante ressaltar que este projeto de educação sugerido pela teoria marxista se apresentava para a realidade europeia no século XIX.Neste momento o acesso a escola, mesmo num sentido tradicional, era restrito a um pequeno número de crianças originárias das classes mais favorecidas.Além disso, a possibilidade de automação do processo produtivo, como conhecemos hoje, era algo inconcebível em termos tecnológicos. Sendo assim, na visão de Marx, a ideia de que todos pudessem, ao longo de seu dia, compartilhar todas as funções existentes na sociedade, tanto as mais enaltecedoras quanto as mais laboriosas, se apresentava como a alternativa mais justa.
Burgueses: Proprietários dos meios de produção
Práticas de educação escolar: Ferramenta que pode ser utilizada,tanto para perpetuar o processo de alienação e de dominação existente na sociedade capitalista, quanto para emancipar os trabalhadores desta realidade.
Proletários: Donos da força de trabalho, que é “vendida” em troca do pagamento de salário Alienação : Mecanismo no qual o trabalhador não possui nenhum controle sobre o trabalho que desempenha
Síntese da Aula 06 – A Teoria Marxista e as Práticas de Educação
Nesta aula você conheceu:Os conceitos de ideologia e de alienação do trabalho desenvolvidos por marx.A ideia da educação como instrumento de alienação ou emancipação.A proposta de ensino que forma indivíduos de uma educação intelectual, tecnológica e física.
Aula 07 - A Sociologia de Max Weber
Ao final desta aula, você será capaz de: analisar os principais conceitos relacionados a sociologia weberiana, explicando o conceito de sociologia compreensiva;definir os conceitos de ação social, relações sociais e também o significado dos tipos ideais. O sociólogo Max Weber parte do princípio de que a sociedade não é apenas algo exterior aos indivíduos. Ao contrário, ela seria o resultado de uma imensa rede de interações entre os seus membros. Para analisar esta rede de relações não basta observá-la de modo distante, é necessário se aproximar, interagir e, a partir daí, assimilar os diferentes tipos de racionalidade que motivam as ações sociais.  Esta compreensão do sentido subjetivo das ações dos indivíduos que se relacionam com os demais membros da sociedade ou grupo é a base da sociologia weberiana, que será abordada nesta aula.  Um importante conceito que é a base a partir da qual a sociologia weberiana pode ser estruturada é o conceito de ação social.Max Weber 1864-1920 Ação social, segundo Weber, é todo tipo de conduta humana relacionada a outros indivíduos e dotada de um sentido subjetivamente elaborado. Para Weber, a sociedade não seria um organismo com uma espécie de complementaridade entre as suas partes, como postulava Durkheim, nem tampouco uma espécie de prisão para as classes menos favorecidas, como imaginava Marx. Para ele, a sociedade se apresentava como uma grande teia formada por diversos tipos de ações sociais. A identificação do sentido subjetivo dessas ações, ou seja, do tipo de racionalidade que as motiva e que leva a este ou àquele comportamento é o que define a sociologia weberiana como compreensiva. De um modo diferente daquele empregado por seus contemporâneos, Weber rompe de forma mais sistemática com o cientificismo de influência positivista, muito presente nas obras de pensadores do século XIX, como Émile Durkheim.
Um traço marcante do pensamento weberiano é a sua ruptura radical com a lógica do cientificismo positivista. Auguste Comte definia a sociologia como a física social. Segundo ele, a lógica de pesquisa desta disciplina seria destinada a conhecer os processos sociais, para poder prever os seus desdobramentos. Ao contrário, Weber, ao perceber a sociedade como uma teia constantemente renovada de ações sociais, afirma ser esta realidade hipoteticamente infinita e que apenas um fragmento de cada vez pode ser objeto de conhecimento sistematizado, no sentido da pesquisa científica. Para a sociologia weberiana a sociedade concebida como esta totalidade, ou um “todo” monolítico seria algo absolutamente incompreensível “pela simples razão de que este todo reside na interação entre as partes e não é possível conhecer todas elas ao mesmo tempo, porque são muitas e porque se renovam a cada dia.” (Rodrigues, 2006: p. 61).É na simples escolha de uma das partes deste todo para ser estudada, que se encontram envolvidos os valores do pesquisador. A escolha de um caminho para a pesquisa envolve um tipo de racionalidade e, consequentemente, também se caracteriza como uma ação social.Com o objetivo de qualificar estas ações sociais, Weber desenvolve o conceito de tipos puros ou tipos ideais, sabendo que estas construções não espelhariam de forma fiel a realidade. Elas se apresentariam como pontos de referência, a partir dos quais seria possível se estabelecer níveis de comparação com o mundo concreto, funcionando, na prática, como um importante método de investigação para as ciências sociais. Todas as ações praticadas em sociedade implicam em um determinado nível de racionalidade, por parte do sujeito que as executa. Justamente a partir do seu caráter mais ou menos racional, Weber estabelece uma classificação para as ações sociais, segundo o princípio dos tipos ideais.
São aquelas cujo sentido subjetivo envolve os meios adequados para se atingir determinados objetivos, previamente estabelecidos. Ex.: uma pesquisa científica, um projeto econômico, fazer um curso de graduação etc.
São aquelas cujo princípio racional não se vincula tanto ao objetivo a ser alcançado, mas à afirmação de determinados valores. Ex.: participar de uma manifestação em defesa da natureza ou em prol dos direitos humanos, ou entrar para a universidade porque a família considera este um ponto importante.
São aquelas cujo sentido subjetivo racional se mistura a uma forte carga emocional, muitas vezes comprometendo a própria análise da racionalidade em questão. Ex.: ações motivadas por ciúme, cólera, paixão etc.
São aquelas cujo sentido subjetivo se constrói com vistas à observação de costumes ou tradições.  Ex.: o casamento religioso ou o batismo dos filhos em determinada igreja, para quem não é praticante daquela crença. Ir para a universidade porque todos na família assim o fizeram etc
 Para finalizar esta aula, vale ressaltar que a afirmação de que Weber considerava as situações descritas como tipos ideais, construídas para simples efeito de comparação é porque elas não representam a realidade num sentido fiel, mas sim para efeito de aproximação. Um rapaz pode ingressar na universidade para se graduar em Medicina, o que seria uma ação social racional com relação a fins. Entretanto, ao se matricular escolhe uma turma da manhã com o intuito de reencontrar uma ex-namorada. Além disso, todos na família são médicos e isto o faz sentir na obrigação de dar continuidade a esta cultura familiar. Neste caso, seriam misturadas à ação racional outras de caráter afetivo e tradicional. 
Ação social racional com relação a fins : São aquelas cujo sentido subjetivo envolve os meios adequados para se atingir determinados objetivos, previamente estabelecidos.
Ação social racional com relação a valores : São aquelas cujo princípio racional não se vincula tanto ao objetivo a ser alcançado, mas à afirmação de determinados valores.  
Ação social afetiva: São aquelas cujo sentido subjetivo racional se mistura a uma forte carga emocional, muitas vezes comprometendo a própria análise da racionalidade em questão.  
Ação social racional com relação ao regular ou ação social tradicional: São aquelas cujo sentido subjetivo se constrói com vistas à observação de costumes ou tradições.

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