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ANAIS VIII TURISMO EM DEBATE (1)

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VIII TURISMO EM DEBATE
ARTIGOS COMPLETOS
RESUMOS EXPANDIDOS DOS POSTERS
Reitor
Prof. Dr. Carlos Edilson de Almeida Maneschy 
Pró-Reitor de Extensão
Prof. Dr. Fernando Arthur de F. Neves
Pró-Reitora de Ensino e Graduação
Profª. Dra. Marlene Rodrigues Medeiros Freitas
Diretor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas
Prof. Dr. Marcelo Bentes Diniz
Diretora da Faculdade de Turismo
Profª. Dra. Silvia Helena Ribeiro Cruz
Coordenação do VIII Turismo em Debate
Coordenadora
Prof.ª Msc. Jéssika Paiva França
Vice-coordenação
Prof.ª Msc. Giselle Castro
Comissão Científica
Prof.ª Dr.ª Helena Doris de Almeida Barbosa Quaresma
Prof.º Dr. Raul Ivan Raiol de Campos
Prof.ª Msc. Diana Priscila Sá Alberto
Helena Doris de Almeida Barbosa Quaresma
Raul Ivan Raiol de Campos
Diana Priscila Sá Alberto
Organizadores
VIII TURISMO EM DEBATE
ANAIS
Belém – Pará
22-24 Outubro de 2012
Capa 
Diana Priscila Sá Alberto
Ricardo Augusto Vieira Matos
Editoração
Helena Doris de Almeida Barbosa Quaresma
Raul Ivan Raiol de Campos
Diana Priscila Sá Alberto
Ricardo Augusto Vieira Matos
Diagramação
Ricardo Augusto Vieira Matos
Fotos de Capas
Ricardo Augusto Vieira Matos
Revisão
Helena Doris de Almeida Barbosa Quaresma
Raul Ivan Raiol de Campos
Diana Priscila Sá Alberto
Dados Internacionais de Catalogação de Publicação (CIP)
 
Turismo em debate : turismo de base comunitária: debatendo experiências e desmistificando 
conceitos (8: 2012 : Belém)
VIII Turismo em debate: turismo de base comunitária: debatendo experiências e 
desmistificando conceitos / Helena Doris de Almeida Barbosa Quaresma, Raul Ivan Raiol de 
Campos, Diana Priscila Sá Alberto ; Organizadores . – Belém: UFPA, 2012.
214p.: il.; 23 cm(Anais)
 
Inclui bibliografias
ISBN: 978-85-61214-11-1
1. Turismo .2. Comunidades. 3. Gestão ambiental– Política governamental. I. Título.
 
 CDD 22. ed. 338.47
6Anais do VIII Turismo em Debate 22 a 24 de outubro de 2013 - Centro de Eventos Benedito Nunes/UFPA - Belém PA
Apresentação
As Instituições de Ensino Superior (IES) vivem hoje um novo momento de sua história, no qual os cursos 
investem em mudanças em sua infraestrutura, através de programas de modernização do ensino superior, 
que se efetiva não só através da reestruturação de seus planos políticos pedagógicos, com investimentos 
em equipamento, material bibliográfico e laboratórios para o ensino de graduação, bem como na realização 
de eventos acadêmicos regionais, nacionais e internacionais. Tais ações têm como objetivo comum oferecer 
e manter um ensino público como referência de qualidade no país, bem como oportunizar que a sociedade 
que transita ao largo desta IES possa também ter acesso a sua produção, a partir da divulgação científica 
que se efetiva nos eventos acadêmicos. Possibilitando não só a formação de profissionais mais qualificados 
ao mercado bem como, oportunizar uma aproximação efetiva com a sociedade, a prestação de serviços de 
maior qualidade e um atendimento mais efetivo e interativo com as instituições de ensino superior. 
Neste contexto, o Curso de Turismo da Universidade Federal do Pará, hoje com 37 anos desde sua 
criação em 1975 e reconhecimento pelo Ministério de Educação (MEC) em 1979, se constitui em um expoente 
no que diz respeito à formação de Bacharéis em Turismo na região norte. Seja por ser a primeira instituição 
pública a oferecer o curso de Turismo na região, seja por constituir-se em uma referência no que diz respeito 
a sua atuação em prol da formação de profissionais comprometidos com as questões amazônicas e com as 
especificidades locais. Neste sentido, encontra-se em um momento em que novas demandas acadêmicas e 
de mercado emergem no sentido de um redirecionamento da atuação do curso, e busca através de eventos 
científicos e projetos de pesquisa e extensão se aproximar cada vez mais da sociedade como um todo 
(Estado e mercado), além de outras instituições que trabalham com a temática do turismo na região.
O Turismo enquanto atividade interdisciplinar vem ao longo do tempo se consolidando e se ampliando 
não só como um segmento do terceiro setor, mas também, como um produto social que tem o seu viés 
acadêmico ampliando-se cada vez mais. O interesse em debater o Turismo perpassa não só pelas 
instituições de pesquisa e ensino, como também pelos segmentos de gestão e fomento da atividade e pelo 
setor empresarial direta e ou indiretamente relacionado a atividade. Neste sentido, surge o “Turismo em 
Debate”, enquanto possibilidade de se constituir um fórum permanente de trocas, de experiências e saberes 
de pessoas que tem na atividade turística sua razão de ser.
O Seminário “Turismo em Debate” constitui-se em um evento técnico - cientifico que ocorre desde 
o ano de 2002, organizado pela Faculdade de Turismo, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da 
Universidade Federal do Pará. Surgiu em virtude da necessidade de discutir o turismo de forma crítica e a 
partir das perspectivas acadêmica, política, mercadológica e social e a cada edição vem amadurecendo no 
sentido de acompanhar as mudanças e avanços que são impostos a sociedade contemporânea regional e 
os desafios do setor.
Até o ano de 2012, foram realizadas 08 edições, nas quais participaram mais de 1.700 pessoas, 
contando com palestrantes dos âmbitos local, regional, nacional e internacional. As temáticas selecionadas 
a cada evento envolveram ecoturismo, a importância da profissão do Turismólogo, a relação turismo e 
cultura, eventos, esporte e lazer, patrimônio, políticas públicas, entre outros. Tais temas foram definidos na 
tentativa de possibilitar que questões mais amplas pudessem ser debatidas com um caráter local. 
7Anais do VIII Turismo em Debate 22 a 24 de outubro de 2013 - Centro de Eventos Benedito Nunes/UFPA - Belém PA
O VIII “Turismo em Debate” ocorreu no período de 22 a 24 de outubro de 2012 e debateu a importância 
da participação das comunidades no processo de planejamento e comercialização da atividade turística. 
Nessa edição, o evento alcançou um público recorde de pouco mais de 500 participantes, constituídos não 
só por estudantes, como também por pesquisadores de renome nacional, representantes das instâncias 
públicas, e da sociedade civil organizada. Tal contexto lhe conferiu o status de maior evento técnico-científico 
de turismo realizado na cidade de Belém. 
A programação do evento estruturou-se em conferências, apresentações de trabalhos orais e em 
posters, minicursos, dentre outras atividades. Ao todo foram apresentados vinte e dois trabalhos orais nos 
cinco Grupos de Trabalho que integraram o evento e 16 posters. O público recorde desta edição do evento 
“Turismo em Debate” reflete diversas novidades implantadas naquele ano como a criação de um blog para 
divulgar notícias sobre o evento e produção técnica-científica; a publicação dos trabalhos selecionados/
apresentados no evento no formato de e-book; facilidades para inscrição on line, a expansão de atuação da 
Faculdade de Turismo para o campus de Bragança, dentre outras.
Busca-se fazer deste evento uma referência nos debates acadêmicos em prol do turismo regional. 
Espera-se que o “Turismo em Debate” se consolide como um espaço de integração acadêmica, de intercâmbio 
de experiências e construções de parcerias e redes de pesquisa. Um evento que estimule e oportunize 
a sociedade a perceber o fazer turístico como uma alternativa para o desenvolvimento sustentável das 
cidades amazônicas.
Profª. Drª. Helena Doris de Almeida B. Quasresma
Prof. Dr. Raul Ivan Raiol de Campos
Profª MSc. Diana Priscila Sá Alberto
(Comissão Científica do VIII Turismo em Debate)
SUMÁRIO
1 PROGRAMAÇÃO ...................................................................................................................................102 APRESENTAÇÃO DOS ARTIGOS COMPLETOS .................................................................................14
TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA E SEUS REFLEXOS A PARTIR DE MÚLTIPLOS OLHARES NA 
ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA ILHA DO COMBÚ, BELÉM - PARÁ ............................................16
ECOTURISMO COOPERATIVO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL SUSTENTÁVEL NA AMAZÔNIA: 
ANÁLISE DE UMA POSSIBILIDADE EM ACARÁ/PA ................................................................................36
O PARQUE AMBIENTAL ANTÔNIO DANÚBIO COMO ALTERNATIVA DE TURISMO E EDUCAÇÃO 
AMBIENTAL PARA O MUNICÍPIO DE ANANINDEUA/PARÁ. ...................................................................47
GESTÃO AMBIENTAL E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ECOTURISMO DENTRO DAS APPS NO 
MUNICÍPIO DE BAIÃO. ..............................................................................................................................54
GESTÃO PARTICIPATIVA E TURISMO NA RESEX MÃE GRANDE DE CURUÇÁ: MÚLTIPLAS 
PERCEPÇÕES...........................................................................................................................................68
A GESTÃO PÚBLICA DO TURISMO EM BELÉM ......................................................................................84
TURISMO, PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO E INCLUSÃO SOCIAL: A SITUAÇÃO DO TURISMO 
ARQUEOLÓGICO NA AMAZÔNIA .............................................................................................................102
LUGAR DE MEMÓRIA: O BAIRRO DA TERRA FIRME, BELÉM-PA, E SUAS PERSPECTIVAS PARA O 
TURISMO CULTURAL. ..............................................................................................................................118
CENTRO CULTURAL JOÃO FONA - SANTARÉM/PA: PROPOSTA DE UM PLANO INTERPRETATIVO 123
GEOGRAFIA, TURISMO E PATRIMÔNIO: UMA ANÁLISE DO PLANEJAMENTO E DA GESTÃO DO 
COMPLEXO FELIZ LUSITÂNIA EM BELÉM, NA AMAZÔNIA ...................................................................142
TURISMO E URBANIZAÇÃO TURÍSTICA NO LITORAL PARAENSE: O CASO DE SALINÓPOLIS/PA .. 159
FESTIVIDADE DO GLORIOSO SÃO BENEDITO: A MARUJADA E O PERFIL DO VISITANTE DE 
BRAGANÇA NO ANO DE 2011. .................................................................................................................171
3 RESUMOS EXPANDIDOS DOS POSTERS ...........................................................................................182
CONTRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA O TURISMO SUSTENTÁVEL NA ÁREA DE 
PROTEÇÃO AMBIENTAL DE ALGODOAL-MARACANÃ- PARÁ. ..............................................................184
TURISMO ALTERNATIVO E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: UMA EXPERIÊNCIA DE ROTEIROS GEO-
TURÍSTICOS NO CENTRO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE VIGIA-PA ..................................................188
LAZER, TURISMO E EDUCAÇÃO: UMA ANÁLISE SOBRE A EXPERIÊNCIA DO PROJETO DE 
EXTENSÃO,“LAZER, TURISMO E FORMAÇÃO CIDADÃ PARA O USUFRUTO DOS ESPAÇOS 
PÚBICOS.” .................................................................................................................................................192
PERFIL DA DEMANDA DO LAZER DA POPULAÇÃO LOCAL DE ALTAMIRA (PA) ..................................196
A GASTRONOMIA PARAENSE COMO ATRATIVO TURÍSTICO ..............................................................201
TEORIA E PRÁTICA EM PROL DA VALORIZAÇÃO DA CULINÁRIAAMAZÔNICA ..................................205
ANÁLISE DA PONTECILIDADE TURISTÍCA PARA O TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA, ASSIM COMO 
DO PROJETO “BRASIL MEU NEGÓCIO É TURISMO” NA VILA DE TARTURUGUEIRO, MARAJÓ- PA 211
1 - PROGRAMAÇÃO
11Anais do VIII Turismo em Debate 22 a 24 de outubro de 2013 - Centro de Eventos Benedito Nunes/UFPA - Belém PA
22/10/2012 – CENTRO DE EVENTOS BENEDITO NUNES
13h00 – CREDENCIAMENTO (Atração cultural: grupo de carimbo)
14h00 – ABERTURA
14h30 – CONFERÊNCIA DE ABERTURA: A construção do conhecimento acerca do Turismo de 
Base Comunitária: Prof. Dr. Davis Sansolo (UNESP)
15h40 – APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS (PÔSTER)
16h00 – Mesa de debate 1: “O Turismo de Base Comunitária: experiências de construções 
epistemológicas” 
Mediadora: Profª. Drª. Maria Goretti da Costa Tavares (UFPA)
Prof. Dr. Davis Gruber Sansolo (UNESP)
Profª. Drª Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano (UECE)
Prof. MSc. Paulo Moreira Pinto (UFPA)
Profª Drª. Neila Waldomira do Socorro Sousa Cabral (IFPA)
18h00 – Lançamento Programa de Formação de Empreendimentos Culturais Solidários Profª Drª. 
Maria José de Souza Barbosa
18h00 – ENCERRAMENTO
23/10/2012 – CENTRO DE EVENTOS BENEDITO NUNES
8h00 – APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS GT´S
14h00 – Palestra:. “Planejamento e Gestão do Turismo de Base Comunitária” Prof. Dr. Carlos 
Alberto Cioce Sampaio (UFPR)
15h00 – Mesa de Debate 2: “Atuação da comunidade no desenvolvimento do Turismo Comunitário” 
Mediador: Prof. MSc. Jorge Alex de Almeida Souza
Representante do Movimento de Mulheres da Ilha de Cotijuba (MMIB)
Representantes da comunidade de Curuçá
Representante da comunidade da RESEX de Soure
Prof. MSc. Eduardo Lima dos Santos Gomes (UFPA)
15h00 – Mesa de Debate 3: “TBC e políticas públicas”
Mediador: Prof. Dr. Carlos Alberto Cioce Sampaio (UFPR)
Representante do ICMbio (RESEX – MAPUÁ)
Representante Secretaria de Turismo do Estado do Pará (SETUR-PA)
Prof. Dr. Daniel dos Santos Fernandes (FIPI)
18h00 – Conferência de encerramento: “Turismo Comunitário e Desenvolvimento de Comunidades” 
Profª. Drª Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano (UECE)
19h00 – Programação cultural de encerramento
12Anais do VIII Turismo em Debate 22 a 24 de outubro de 2013 - Centro de Eventos Benedito Nunes/UFPA - Belém PA
24/10/2012 – BLOCO/SALA DE AULA
08h00 – OFICINAS
Oficina 1: Planejamento e Gestão de Trilhas Ecológicas. CH:8h (Prof. MSc. Adrielson Furtado – 
BELEMTUR) 
Oficina 2: Inventariação de Atrativos Turísticos. CH:8h (Secretaria de Turismo do Estado do Pará);
Oficina 3: Captação de Recursos Para a Realização de Projetos. CH:8h (Esp. Ricardo Matos – Diretor 
do Site “Eu Patrocino”);
Oficina 4: Como Proteger Suas Ideias, o Produto Turístico. CH: 8h (Prof. MSc. Antonio Pinheiro – 
Museu Emilio Goeldi)
2 - APRESENTAÇÃO DOS 
ARTIGOS COMPLETOS
GT 1 - TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA: 
construção de uma epistemologia.
16Anais do VIII Turismo em Debate 22 a 24 de outubro de 2013 - Centro de Eventos Benedito Nunes/UFPA - Belém PA
TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA E SEUS REFLEXOS A PARTIR DE MÚLTIPLOS 
OLHARES NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA ILHA DO COMBÚ, BELÉM - 
PARÁ.
Willa dos Prazeres1
Yasmin dos Santos2
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo analisar o turismo de base comunitária e a participação da comunidade 
nas políticas de organização, planejamento, implantação e implementação em Áreas de Proteção Ambiental 
(APA), tendo como foco sistemático a APA da Ilha do Combú (Localizada na região insular da cidade de 
Belém do Pará). Analisou-se os interesses da comunidade da Ilha do Combú em participar do corpo de 
atividades existentes e promovidas pela atual Gestão; e a utilização do espaço para o turismo de base 
comunitária e a possibilidade da implantação desse segmento, tal como o posicionamento das populações 
tradicionais a respeito dessa atividade para a fomentação de trabalho e renda. Tendo como pressuposto que 
a comunidade não é fator decisório no planejamento das atividades proposta pela gestão da APA, e que a 
mesma não utiliza o espaço para a fomentação da atividade turística.
PALAVRAS-CHAVES: Turismo de Base Comunitária, Políticas Públicas, APA da Ilha do Combú.
1 INTRODUÇÃO
O mundo perpassa por mudanças radicais, por meio de fenômenos climáticos, a fim de amenizar 
essas mudanças desastrosas, tem-se a criação de áreas protegidas ou regimes especiais de proteção para 
os recursos naturais, uma práticaantiga nas sociedades humanas. Essa concepção provem do século XIX, 
com o objetivo de preservar espaços com atributos ecológicos importantes ou de grande significados. A 
exemplo dessas áreas protegidas tem-se os parques, que inicialmente tinha a finalidade de resguardar sua 
riqueza natural e estética, não se permitindo a moradia de pessoas em seu interior.
Seguindo essa linha de raciocínio foram criadas as primeiras áreas protegidas legalmente nos 
Estados Unidos da América (EUA), como o Parque Nacional de Yellowstone, em 1872, resultando de ideias 
preservacionistas que se tornavam importante nos EUA desde o inicio do século XIX, sendo considerado o 
primeiro parque nacional no mundo.
Essa concepção de preservação de acordo com Morsello (2001, p. 22) antecede ao nascimento de 
Cristo, pois as civilizações do Oriente detinham de reservas. E na Europa Medieval, a palavra “parque” 
designava um local delimitado no qual animais viviam na natureza em áreas sob a responsabilidade do 
rei. Segundo Keith Thomas (1983 apud DIEGUES, 1994, p.19) na Inglaterra até o século XVIII, havia um 
conjunto de percepções que apreciavam o mundo natural domesticado, e os campos de plantação eram os 
únicos que tinham valor [...] e os animais, eram privados de seus direitos e sentidos.
Contudo, é a partir da criação do parque de Yellowstone, que o conceito que deu origem ao sistema de 
UCs evoluiu e foi reproduzido mundialmente levando em consideração a noção de “wilderness3” (vida natural/ 
selvagem). E posteriormente, a partir das fragilidades dos avanços tecnológicos, as questões ambientais, 
1 Bacharel em Turismo pela Universidade Federal do Pará. Discente do curso de Especialização em Agriculturas 
Amazônicas e Desenvolvimento Agroambiental/ DAZ/ NCADR/UFPA; 
2 Bacharel em Turismo pela Universidade Federal do Pará. Discente do curso de Especialização em Extensão Rural, 
Sistemas Agrários e Ações de Desenvolvimento/ AGIS/ NCADR/UFPA;
3 Wilderness: Tradução do inglês para o português significa lugar selvagem, selva.
17Anais do VIII Turismo em Debate 22 a 24 de outubro de 2013 - Centro de Eventos Benedito Nunes/UFPA - Belém PA
dos movimentos ambientalistas e das conferências internacionais, as UCs passaram a ser utilizadas como 
meio de garantir a proteção de espécies e de ecossistemas com o mínimo de impacto humano.
No Brasil não foi diferente, logo o modelo adotado foi o norte-americano que não permitia a permanência 
de pessoas no seu interior, entretanto esse conceito mostrou-se inadequado as florestas brasileiras 
geralmente ocupadas por populações tradicionais, as quais desenvolvem uma dinâmica interação com o 
meio ambiente, utilizando os seus recursos sem danificar o meio ou mesmo impactá-lo como as grandes 
indústrias o fazem.
Assim, a primeira UC instituída no Brasil foi o PARNA de Itatiaia, em 1937, no Estado do Rio de 
Janeiro, baseado no artigo 9 do Código Florestal de 1934, objetivando a pesquisa cientifica e o lazer às 
populações urbanas. Existindo hoje duas categorias de UCs: a de proteção integral e a de uso sustentável, 
como exemplo dessa última categoria temos as Áreas de Proteção Ambiental (APAs), espaços que possuem 
ecossistemas diversificados, junto à ação antrópica, os quais necessitam de ordenamento de manejo para 
o uso sustentável dos recursos naturais.
Como um meio de integração social e geração de renda para as comunidades residentes dessas 
APAs, pode- se propor o turismo de base comunitária, toda via, há um paradoxo entre a preservação e a 
utilização desses espaços, sem a perda do seu caráter conservatório e ambiental, e o manejo sustentável 
desse meio pelas populações tradicionais.
Diante do pressuposto, questiona-se a respeito da existência de comunicação entre a comunidade 
tradicional e os dirigentes? Será possível a utilização dessas APAs sem que as mesmas percam seu caráter 
conservatório? Qual o interesse da população tradicional na implantação do turismo de base comunitária 
nessas áreas?
Esse artigo teve por objetivo a análise a respeito do turismo de base comunitária e a participação da 
comunidade nas políticas de organização em Áreas de Proteção Ambiental (APA), tendo como foco sistemático 
a Área de Proteção Ambiental da Ilha do Combú, por ser uma localidade próxima da Área Metropolitana de 
Belém e composta por populações tradicionais, as quais desenvolvem atividades primárias – o extrativismo 
e a pesca - para seu sustento, e informalmente realiza um segmento turístico sem planejamento, por está 
aquém das políticas e ações públicas voltadas à população.
Além de aprofundar os conhecimentos existentes sobre o turismo de base comunitária em APAs, faz-
se uma analise sobre os interesses da comunidade da Ilha do Combú em participar do corpo de atividades 
existentes e promovidas pela atual Gestão, a utilização do espaço para o turismo de base comunitária; 
tal como uma avaliação sobre as possibilidades da implantação do segmento turístico em questão e uma 
analise do posicionamento das populações tradicionais a respeito do turismo de base comunitária como 
gerador de trabalho e renda.
2 CONCEITOS E DESENVOLVIMENTOS PARA FINS SOCIOAMBIENTAIS
Com a revolução industrial, surgem diversas teorias sobre a evolução do homem na sociedade, uma 
das principais teorias, seria a darwiniana, que se baseia nos princípios da seleção natural, na qual sobrevivem 
os membros da espécie que melhor se adaptam as condições impostas pela natureza (DARWIN, 1987 apud 
18Anais do VIII Turismo em Debate 22 a 24 de outubro de 2013 - Centro de Eventos Benedito Nunes/UFPA - Belém PA
HENRÍQUEZ; SAMPAIO, ZECHNER, 2008, p.02). Visando essa sobrevivência o homem retira a matéria-
prima para confecção do seu produto de mercado, retirando-a do meio ambiente.
Contudo a retirada desgovernada dessa matéria do meio ambiente, o alterou a tal ponto que hoje 
o planeta não tem mais capacidade de absorção ou regeneração dos impactos produzidos pela ação 
humana (gases efeitos estufas), o que vai provocar uma mudança significativa nos modos de vida que 
se convencionaram a chamar de moderno (sociedade urbana industrial) ou, para os mais futuristas, pós-
moderno (WMO-UNEP, 2007 apud HENRÍQUEZ et al., 2008, p. 04).
Nesse contexto, o homem é um ser mutável, o qual se adéqua com as modificações do planeta desde 
as civilizações antigas até a nossa atual realidade, no entanto o meio ecológico segue um processo único 
imutável como afirma Barry Commoner, no seguinte enunciado:
A civilização humana comporta uma série de processos cíclicos interdependentes, todos com 
uma tendência para o crescimento indefinido- todos, com exceção de um único: o processo 
natural. Processo que é insubstituível e absolutamente essencial pelo valor dos recursos 
provenientes das riquezas minerais, terrestres e da ecosfera. Um conflito entre esta tendência 
dos setores da atividade humana que procuram progredir no interior dos ciclos e as limitações 
insuperáveis do setor da natureza torna-se então inevitável. (COMMONER, 1971, p. 122).
No entanto o homem esquece-se da importância desses processos e agride o meio natural. Nesse 
aspecto homem tem buscado amenizar as agressões e danos causados ao meio ambiente a fim de diminuir 
o ritmo do acelerado processo de modificação ambiental (ou da biodiversidade), e consequentemente, a 
degradação da vida no planeta.
Pensando nessa perspectiva, os países desenvolvidos criaram as chamadas UC, forma consagrada 
de conservação in situ4, as quais inicialmente foram criadas para preservar espaços detentores de atributos 
ecológicos significativos. Segundo Brito (1998, p.2) e:
Unidades de Conservação são áreas espacialmente definidas, terrestres ou marinhas, 
estaduais, federais ou municipais, criadas e regulamentadas por meio de leis ou decretos. 
Seus objetivos são aconservação in situ da biodiversidade e da paisagem, bem como a 
manutenção do conjunto dos seres vivos em seu ambiente – plantas, animais, microrganismos, 
rios, lagos, cachoeiras, morros, picos etc. – de modo que possam existir sem sofrer grandes 
impactos das ações humanas. (BRITO et al., 1998, p. 02).
Hoje a estratégia da criação de UCs tende alcançar três objetivos segundo Quaresma (2003, p. 49):
A preservação de habitats naturais ou sítios culturais significativos, a proteção dos suprimentos 
de recursos de alto valor e a manutenção das características e da diversidade paisagística 
tendo em vista as geraçõesfuturas (QUARESMA, 2003, p. 49).
A fim de padronizar as áreas naturais já protegidas que contém amostras de biomas, ecossistemas 
e espécies, criou-se o SNUC, o qual pode ser entendido como o conjunto de leis que regem sobre as UCs 
federais, estaduais e municipais, cuja as categorias de manejo estejam previstas na Lei 9.985 de 18 de julho 
de 2000, e regulamentado em 22 de agosto de 2002 pelo Decreto nº 4.340. (GUATURA, 2000, p. 26).
As UCs integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos: as Unidades de Proteção Integral (Estação 
Ecológica, Reserva Biológica, Parques, Monumento Natural e Refúgio da Vida Silvestre) possuem maior 
grau de restrição tanto à visitação quanto principalmente à possibilidade de exploração de recursos naturais. 
E as Unidades de uso sustentável (Área de Proteção Ambiental, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, 
Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural) 
4 In Situ: Expressão que significa no lugar
19Anais do VIII Turismo em Debate 22 a 24 de outubro de 2013 - Centro de Eventos Benedito Nunes/UFPA - Belém PA
cujo objetivo básico é compatibilizar a conservação da natureza, possibilitando a exploração direta econômica 
parcelada dos seus recursos naturais sem a destruição do meio ambiente (GUATURA, 2000, p. 28).
Como exemplo de Unidade de Uso Sustentável tem-se as APAs de domínio público, no Brasil, sua 
implementação começou na década de 80, com base na Lei Federal nº 6.902, de 27 de abril de 1981, que 
estabelece no art. 8:
Havendo relevante interesse público, os poderes executivos Federal, Estadual ou Municipal 
poderão declarar determinadas áreas dos seus territórios de interesse para a proteção 
ambiental, a fim de assegurar o bem-estar das populações humanas, a proteção, a 
recuperação e a conservação dos recursos naturais (Brasil, Lei 6.902 de 27/04/1981, da 
política nacional do meio ambiente, 1981).
As APAs são consideradas como espaços de planejamento que possuem ecossistemas diversificados 
e de grande importância, que necessitam de ordenamento de manejo para o uso sustentável dos recursos 
naturais, elaborado por meio de processos transacionais, objetivando a melhoria da qualidade de vida das 
comunidades locais. Harmonizando conservação, recuperação ambiental e necessidades humanas.
Para Guatura (2000, p. 30) uma APA tem por objetivo:
Proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a 
sustentabilidades do uso dos recursos naturais, [para] visitação e pesquisas com condições 
estabelecidas pelo órgão gestor da unidade ou pelo proprietário nas áreas sob propriedade 
privada. Sendo uma área em geral extensa, com ocupação humana, com atributos bióticos5, 
abióticos6, estéticos ou culturais importantes para as populações humanas(GUATURA, 2000, 
p. 30).
A população residente na maioria das vezes sobrevive dos recursos naturais dessas áreas, no entanto 
sem o conhecimento de como devem fazer o manejo das mesmas, o qual deve ser uma iniciativa do Poder 
Público, que retém de recursos e profissionais, que deve reunir com a comunidade residente na APA e 
planejar esse manejo por meio de um processo transacional.
Entretanto, a criação dessas áreas de proteção nem sempre são bem vista pela população residente, 
pois as escolhas das decisões fundamentais partem apenas do Poder Público. O qual designa os por quês 
dessas políticas de proteção efetivadas no modelo tradicional de planejamento. Na maioria das vezes a 
população é apenas comunicada à respeito das novas medidas de “socialização do meio ambiente”.
2.1 TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA: UMA ALTERNATIVA PARA AS POPULAÇÕES TRADICIONAIS
O turismo como fenômeno social, com o transcorrer do tempo, passou a ser um instrumento de 
exploração, uma indústria do capital que tem em vista somente o lucro. Nesse sentido, o turismo de massa 
é o que se enquadra na concepção atual de turismo segundo Kassis (2005). Onde esse segmento turístico 
só agrega fatores negativos à comunidade, pois os turistas usufruem do espaço e o degradam, interferindo 
também no ambiente natural, logo um segmento malvisto pela comunidade local.
Diante desse contexto o turismo de base comunitária poderá ser uma alternativa de geração de 
trabalho e renda, podendo ser um instrumento importante na luta contra a pobreza, e uma atividade que 
poderá constitui-se como uma ferramenta para o desenvolvimento sustentável das populações tradicionais, 
a partir de políticas públicas adequadas e de planejamento participativo transacional.
5 Atributos Bióticos: Diz-se biótico dos recursos que são vivos e orgânicos como os animais, as bactérias e as plantas.
6 Atributos Abióticos: Diz-se abiótico dos recursos que são inorgânicos como a agua, a areia e o cascalho.
20Anais do VIII Turismo em Debate 22 a 24 de outubro de 2013 - Centro de Eventos Benedito Nunes/UFPA - Belém PA
Assim, a atividade turística pode abrir “novos leques” de oportunidades de trabalho em conjunto de 
mão-de-obra familiar, contribuindo para o aumento da renda e para a melhoria das condições de vida da 
população local. Tornando seu dia-a-dia um produto o qual se contrapõe ao seu meio de vida.
Em 2008, o Ministério do Turismo (MTur) passou a reconhecer institucionalmente a existência do 
turismo de base comunitária, ao publicar um edital (MTur, n. 001/2008 apud SANSOLO e BURSZTYN, 
2008?, ) voltado para o fomento a essas atividades. No edital, este Ministério define o turismo de base 
comunitária da seguinte forma:
O turismo de base comunitária é compreendido como um modelo de desenvolvimento turístico, 
orientado pelos princípios da economia solidária, associativismo, valorização da cultura 
local, e, principalmente, protagonizado pelas comunidades locais, visando à apropriação por 
parte dessas dos benefícios advindos da atividade turística (MTur, 2008 apud SANSOLO e 
BURSZTYN, 2008?,).
No Brasil, a partir das discussões no I Encontro Nacional de Turismo de Base Local (ENTBL), realizado 
em São Paulo, em 1997, o turismo passou a ser interpretado, no país, como alternativa para inclusão social, 
posteriormente no mercado foram surgindo novas tendências do turismo, modificando o perfil dos turistas, 
voltados para as temáticas da responsabilidade social e ambiental (IRVING, 2008?, p. 109), influenciando 
operadoras e agencias internacionais de turismo a promoverem destinos turísticos menos convencionais, 
com novas experiências e descobertas para o “ cidadão global”, que busca vivências e aprendizagem.
Desse modo, a atividade turística ganha um novo foco, a sustentabilidade, que preza a conservação 
dos recursos naturais e culturais, o compromisso de desenvolvimento socioeconômico das comunidades 
receptoras juntamente com os atores sociais em todas as etapas do planejamento, implementação e 
implantação dos projetos, gerando benefícios para a população local e sua autonomia no processo de 
decisão (IRVING, 2002a apud IRVING 2008?, p. 110).
Logo o turismo de base comunitária, segundo Irving (2008, p. 111):
[...] tende a ser aquele tipo de turismo que, em tese, favorece a coesão e o laço social e o 
sentido coletivo de vida em sociedade, e que por esta via, promove a qualidade devida, o 
sentido de inclusão, a valorização da cultura local e o sentimento de pertencimento (IRVING, 
2008, p. 111).
Nessa visão Irving (2008, p. 111) afirma que o turismo de base comunitária:
[...] implica não apenas a interpretação simplista e estereotipada de um grupo social 
desfavorecido que recebe “outsiders7” curiosos e ávidos pelo exotismo em seu convívio 
cotidiano, para o aumento de sua renda e melhoria social, mas, antes de tudo, significa 
encontro e oportunidade de experiência compartilhada (IRVING, 2008, p. 111).
O turismo comunitário possibilita que visitantes conscientes ou não - estudantes, professores, 
pesquisadores, simpatizantes e apenas turistas tradicionais - tenham contato com temas relacionados à 
preservação da natureza (sistemas ecológicos) e a sustentabilidade e, ao mesmo tempo, a conservação 
de modos de vida tradicionais (sistemas sociais), por meio da convivência com a comunidade e suas 
experiências adquiridas com os seus antepassados.
Para Coriolano (2006, p. 201-202), o primeiro passo para se iniciar o planejamento da atividade 
turística de cunho comunitário:
É elaborar um pacto interno com todos os residentes em defesa de suas propriedades. Todos 
7 Outsiders: Tradução do inglês para o português significa terceiros, “pessoas de fora”.
21Anais do VIII Turismo em Debate 22 a 24 de outubro de 2013 - Centro de Eventos Benedito Nunes/UFPA - Belém PA
se comprometem com a preservação de suas terras, delas não se desfazendo, e aqueles que 
precisam de fato vende-las submetem o negocio à apreciação da comunidade, que analisa 
quem é o comprador, verifica se ele pode ser um parceiro, e como pode ser feita a parceria. 
[...] os residentes exigem que este comprador se identifique com os objetivos da comunidade, 
mostrando que só assim tem sentido sua presença e de sua família no lugar (CORIOLANO, 
2006, p. 201 - 202).
Outra questão a ser levantada para implantação desse segmento é o fator tempo, logo a comunidade 
terá que amadurecer seu conhecimento diante da temática do turismo de base comunitária, assim como os 
temas que o permeiam, como meio ambiente, sustentabilidade, cultura e sociedade, entre outros. Em que 
a mesma terá que conhecer o básico deste segmento para as primeiras tomadas de decisões, onde a partir 
do conhecimento adquirido e de sua importância para comunidade, a mesma decidirá a favor ou contra essa 
opção para o desenvolvimento de sua localidade.
Deste modo cada comunidade de acordo com Mielke (2009, p. 23 - 24):
[...] tem sua própria dinâmica para discutir seus problemas e apresentar soluções. Todo 
processo envolve reuniões (oficinas) de trabalho, em que a participação de todos é 
fundamental, contudo, muitas vezes, os afazeres de cada um e a distancia de onde residem 
dificultam a criação e o desenvolvimento de uma agenda efetiva. Isso, na pratica, resulta 
que, se um determinado assunto não pode ser discutido em uma reunião, ele entrará em 
pauta somente no encontro seguinte, ou seja, no mês seguinte. Vale lembra ainda que o 
desenvolvimento turístico envolve um grande numero de pessoas. Isso significa que, na 
mesma hora em que uma reunião está acontecendo muitos deles estão deixando de trabalhar 
e atender seu próprio negócio (MIELKE, 2009, p. 23 - 24).
Partindo desse pressuposto, essa atividade turística não pode ser imposta as comunidades, as 
mesmas devem decidir e tomar suas decisões sem nenhuma interferência externa, pois caso não estejam 
preparadas para assumir essa atividade logo deixarão de lado, retomando suas antigas atividades ou até 
mesmo vendendo suas propriedades. Assim, para Irving (2008?, p. 112), se a iniciativa não tiver motivação 
endógena8 e expressar o desejo dos grupos sociais locais, ela certamente não atenderá às demandas de 
desenvolvimento local e nem contribuirá para o protagonismo social, condição essencial para esse tipo de 
turismo.
Ademais, o desenvolvimento local vem a ser a valorização da cultura, dos modos de vida, das tradições 
e das cosmologias locais (AZEVEDO, 2002 apud IRVING2008?, p.113). Com isso, o turismo de base 
comunitária é vinculado a uma proposta de desenvolvimento local capaz de contribuir para consolidação 
das dimensões da existência humana em sociedade, ou seja, do trabalho, do social, da política e da cultura, 
logo da vida em sociedade.
Onde as populações locais devem participar desde o planejamento, implementação, avaliação 
do projeto turístico até a efetivação do mesmo, garantindo assim a essência para a sustentabilidade e 
conservação do patrimônio natural e cultural. Confirmando assim a explanação da Irving (1998: 140 apud 
IRVING, 2008?, p. 114):
As vantagens da participação nos estágios iniciais de concepção de um projeto de 
desenvolvimento são inúmeras, a começar pelo saber compartilhado da problemática local 
e a identificação de necessidades essenciais a serem incorporadas na visão de projeto. Da 
mesma maneira, o processo participativo nesse estagio é capaz de nortear o “timing9” do 
projeto e sua adequação ao tempo de resposta do beneficiário. Nesse sentido, se abre a 
possibilidade de um engajamento efetivo dos diversos atores envolvidos e o desenvolvimento 
de uma postura pró-ativa na resolução de problemas sob a ótica da co-responsabilidade. Da 
mesma forma, o processo permite a avaliação realista de custo-benefício das intervenções 
8 Endógeno: adj. Que se forma no interior. Botânica. Diz-se de um elemento anatômico que se forma no interior do 
órgão que o engendra.
9 Timing: Tradução do inglês para o português significa cronometragem ou “escolha do momento”.
22Anais do VIII Turismo em Debate 22 a 24 de outubro de 2013 - Centro de Eventos Benedito Nunes/UFPA - Belém PA
propostas e, principalmente, a “apropriação” do projeto pelo próprio beneficiário, ponto 
fundamental para a sustentabilidade desejada (IRVING 1998: 140 apud IRVING, 2008?, p. 
114).
A participação social é um grande diferenciador na prática de projetos de base local, sendo democrático, 
integra a comunidade em todas as vertentes, contudo esses processos participativos são lentos, envolvem 
custos adicionais, grandes investimentos em recursos humanos e construção de arcabouço metodológico. 
Modificando de forma negativa ou positiva o futuro de uma população, principalmente o turismo internacional.
Esse segmento turístico não substituirá o tradicional turismo massivo em termos receita. Pelo contrario 
este segmento constitui uma alternativa aos pacotes padronizados pelo mercado, necessitando também 
de parcerias com a gestão pública, uma vez que existem medidas que só podem ser realizadas pelo poder 
público, como por exemplo, o saneamento básico. Contudo, gerando primeiramente, benefícios a população 
local.
Da mesma forma esse segmento não pode ser caracterizado como garantia de geração de emprego 
e renda, como exposto inicialmente, ele depende das atividades primárias. Constituído principalmente 
para valorização da cultura local e transmissão desses conhecimentos ou do saber endógeno por meio do 
encontro com outras identidades, ou seja, com os turistas.
Por fim, depois que o produto turístico estiver consolidado, deve-se articular juntamente com a 
comunidade como será a promoção deste produto, assim como a formação dos moradores para o bem 
receber dos turistas, pois a partir desse encontro que haverá a relação local-global definindo a excelência 
ou não do segmento turístico na localidade.
3 RESULTADO DA PESQUISA: UMA CONSTRUÇÃO DE MÚLTIPLOS OLHARES NA APA DA ILHA DO 
COMBÚ.
O presente trabalho teve como metodologia10 a técnica de pesquisa exploratória e descritiva com 
abordagem qualitativa e aplicação de questionários estruturados e semiestruturados e entrevistas em 
profundidade, o qual implicou em três etapas.
A primeira etapa realizou-se a aplicação de questionário estruturadojunto ao Órgão público responsável 
pela atual Gestão da APA do Combú, DIAP/CUC/SEMA, com intuito de se obter o conhecimento a respeito 
das ações públicas voltadas para APA, tal como: a forma de administração implantada pela Gestão; a relação 
da comunidade com os representantes públicos, a elaboração do Plano de Manejo e suas diretrizes, e; as 
atividades econômicas voltadas para a localidade.
A segunda etapa visitou-se a APA e realizaram-se as entrevistas em profundidades, a qual segundo 
10 A metodologia dessa pesquisa inicialmente seria realizada por meio da técnica de Grupo Focal, a qual implicaria na 
realização de uma oficina, para as representações comunitária, dividida em quatro encontros em que consistiria-se: 
apresentação do projeto de estudo; dinâmica de apresentação; discussão a respeito do entendimento da comunidade 
sobre o tema em questão; a relação existente entre dirigentes e comunidades, e; a explanação sobre o entendimento 
à respeito do que seria turismo comunitário (Líderes Comunitários). Todavia, por motivos externos a nossa pesquisa 
não foi possível realizar a técnica descrita a cima, sendo a mesma substituída pela técnica de Entrevistas em 
Profundidades para os residentes da APA e aplicação de questionário estruturado e semiestruturado para atual gestão 
da APA do Combú, DIAP/CUC/SEMA, pois antecedendo ao nosso período de pesquisa de campo foi diagnosticado 
um surto da Doença de Chagas, onde o Instituto de Pesquisa Clinica Evandro Chagas (IPEC) realizou nesse mesmo 
período uma campanha de conscientização da doença de Chagas na comunidade, impossibilitando a concentração 
dos representantes comunitários para a aplicação da oficina, já que os mesmos encontravam-se em mobilização da 
campanha em questão.
23Anais do VIII Turismo em Debate 22 a 24 de outubro de 2013 - Centro de Eventos Benedito Nunes/UFPA - Belém PA
ZEAL (2011, p. 270):
 ● Usualmente conduzida com um número relativamente pequeno de sujeitos;
 ● A entrevista é guiada por um roteiro de tópicos e não por um questionário formal
 ● As entrevistas muitas vezes são gravadas e transcritas;
 ● Entrevistas geralmente demoram pelo menos meia hora e podem se estender por 
diversas horas (ZEAL, 2011, p. 270).
Nessa etapa utilizou-se essa metodologia, pois a mesma permite investigar mais afundo o objeto 
de estudo do que uma entrevista baseada em questionários, sendo menos estruturada possibilitando a 
formulação de questões baseadas nas respostas dos entrevistados.
A terceira e última etapa efetivou-se a análise das informações obtidas por meio dos questionários, 
entrevistas e diálogos informais com intuito de legitimar a referida pesquisa. Os resultados estão dispostos 
em caixas de texto, nas quais subdividiu-se em dois subtópicos referentes a esse capítulo de resultados.
3.1 APA DA ILHA DO COMBÚ: CARACTERÍSTICAS E DELIMITAÇÕES.
A Área de Proteção Ambiental da Ilha do Combú localiza-se no município de Belém/Pará, mais 
especificamente na margem esquerda do rio Guamá, abrange uma área de aproximadamente de 15 
quilômetros quadrados (Km²), distante aproximadamente 1,5 Km da cidade de Belém. É habitada por quatro 
comunidades, as quais são: Comunidade Beira do Rio, Comunidade do Igarapé Combú, Comunidade São 
Benedito a Preservar e Comunidade Santo Antônio do Igarapé Piriquitaquara.
Figura 1: Mapa da APA da Ilha do Combú.
Fonte: Diretoria de Áreas Protegidas - DIAP/SEMA/PA, 2011.
Criada por meio do Decreto Lei nº 6083/97 de 13 de Novembro de 1997, com o intuito de proteção 
às palmeiras de açaí da derrubada intensiva e predatória gerada pela principal atividade econômica da ilha 
que é a extração do palmito e do fruto do açaizeiro (PARÁ, 2009, p. 02). A gestão é realizada pela Secretaria 
de Estado de Meio Ambiente (SEMA) por meio da Diretoria de Áreas Protegidas (DIAP) subordinada a 
24Anais do VIII Turismo em Debate 22 a 24 de outubro de 2013 - Centro de Eventos Benedito Nunes/UFPA - Belém PA
Coordenadoria de Unidades de Conservação (CUC).
De acordo com o SNUC (2000) APA é:
[...] uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos 
abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida 
e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade 
biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos 
recursos naturais (SNUC, 2000,CAP.III, ART.15 apud GUATURA, 2000, p.30).
Nesse sentido, de acordo com a lei de criação da APA da Ilha do Combú é restrito, em seu interior, a 
locação e o funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras; a realização de obras de terraplanagem 
e a abertura de canais, quando essas iniciativas não forem extremamente imprescindíveis para atividades 
afins; o exercício de atividades que ameacem extinguir as espécies da biota regional; o uso de biocidas, 
quando indiscriminados ou em desarmonia com as normas ou recomendações técnicas oficiais (PARÁ, 
2009, p. 02 - 03).
Em conformidade com o Art. 3º da Lei de Criação da APA de Combú Nº 6083, de 13/11/1997:
Art.3º - Na APA da Ilha do Combú ficam proibidos ou limitados:
1 A implantação e o funcionamento de industrias potencialmente poluidoras;
2 A realização de obras de terraplanagem e a abertura de canais, quando essas iniciativas 
não forem restritamente necessárias para atividades afins;
3 O exercício de atividades que ameacem extinguir as espécies da biota regional;
4 O uso de biocidas, quando indiscriminados ou em desacordo com as normas ou 
recomendações técnicas oficiais (PARÁ, SEMA, 2011, Lei de Criação da APA de Combú 
nº 6083, de 13/11/1997, art.3º).
Desse modo, as atividades desenvolvidas na ilha ou que virão a ser desenvolvidas, devem ocasionar 
o ínfimo impacto possível no meio ambiente, para que os recursos naturais existentes possam ser utilizados 
de maneira racional e preservados pela comunidade local.
De acordo com PARÁ (2009) a APA da Ilha do Combú caracteriza-se:
por apresentar atrativos naturais e beleza cênica de grande importância, com variados 
ecossistemas dotados de igarapés, furo, mata fechada e inúmeras espécies da fauna e 
flora Existem hoje quatro comunidades de moradores [...]onde se distribuem uma população 
de aproximadamente 1.300 pessoas. A atividade econômica local está na extração e 
comercialização de produtos como banana, coco, manga, pupunha, cacau, cupuaçu, 
andiroba, jambo, cupuaçu, limão, biribá, caju, além de plantas medicinais e principalmente o 
açaí (PARÁ, 2009).
Para que a gestão de uma UC seja eficaz e reproduza bons resultados é importante que os gestores 
da unidade tenham em mãos um “roteiro” que se possa seguir, um documento que informe sobre todos 
os aspectos da UC, documento esse conhecido como Plano de Manejo de Unidades de Conservação. 
Segundo o “Roteiro Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo das Unidades de Conservação do 
Estado do Pará” (PARÁ, 2009, p. 12):
o “Plano de Manejo, como instrumento de planejamento, vem sendo utilizado no Brasil desde 
os anos 1970, embora tenha sido legalmente reconhecido em 2000 no contexto do Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) (PARÁ, 2009, p. 12).
Por meio da Lei nº 9.985/00 o Plano de Manejo é um:
[...] documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma 
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unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o 
uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas 
necessárias à gestão da unidade (BRASIL, 2000).
Partindo desse pressuposto, o plano de manejo deve ser construído segundo os princípios do enfoque 
ecossistêmico da Convenção de Diversidade Biológica(CDB), (deve) ser contínuo e adaptativo, ligado ao 
ciclo de gestão da UC, e viabilizar a participação social (PARÁ, 2009, p. 03).
Sendo assim, PARÁ (2009, p. 20) indica para a elaboração de um plano de manejo para as UCs 
estaduais cinco etapas, as quais são:
 ● Etapa I: Organização do Planejamento, etapa esta que define as estratégias de elaboração 
do plano de manejo;
 ● Etapa II: Diagnostico da UC e da Região, realiza-se a caracterização da UC e de sua área 
de abrangência por meio da coleta de dados primários;
 ● Etapa III: Avaliação Estratégica: tem-se nessa etapa a avaliação estratégica da situação 
atual da UC, com intuito de realizar uma analise integrada ao diagnostico;
 ● Etapa IV: Identificação de Estratégias: elaboram-se as diretrizes e identifica-se as 
estratégias para o alcance dos objetivos do plano.
 ● Etapa V: Aprovação: analisa-se e aprova-se tecnicamente a versão final do plano 
de manejo, a SEMA reconhece e oficializa o documento como instrumento oficial de 
planejamento (Pará 2009, p.20).
Desde sua criação em 1997, a APA da Ilha do Combú, não detém de um plano de manejo para auxiliar 
na administração da unidade, ficando assim prejudicada, pois sem esse plano as diretrizes, recomendações 
e ações estratégicas que teriam o papel de facilitar a integração entre os diferentes atores sociais atuantes 
na APA ficam vulneráveis, dificultando a consolidação desses objetivos.
3.2 AÇÃO: GOVERNO X COMUNIDADE LOCAL
De acordo com a SEMA (PARÁ, 2009), 58% do território paraense é formado por áreas protegidas, 
totalizando 86 UCs, onde a SEMA e responsável pela criação, planejamento e gestão em conjunto com a 
comunidade local, sendo uma gestão descentralizada e participativa.
Em conformidade à essa análise, a Técnica em Gestão ambiental da SEMA explana:
[...] a administração das Unidades de conservação, que a APA é uma Unidade de Conservação 
né, ela é uma gestão descentralizada tá e participativa [...] porque não só a secretaria fica 
responsável pela gestão como também existe um conselho, que no caso da APA da Ilha do 
Combú ele é deliberativo. Ele é consultivo e deliberativo também, por que o conselho tem 
direito a voto em questões importantes na APA e é participativo porque permite que nesse 
conselho haja participação do quantitativo da população da APA.
Segundo o Gerente, o Conselho Gestor da APA da Ilha do Combú: “é formado por 20 membros e 
seus respectivos suplentes, sendo 10 cadeiras para Poder Públicos e as outras 10 para representantes 
da Sociedade Civil, dividido entre as quatro comunidades e as outras seis cadeiras são divididas entre 
associações e cooperativas, de acordo com a Portaria Nº 2.526/2008-GAB/SEMA, 22 de Dezembro de 
2008, publicado no Diário Oficial Nº 31323 de 23/12/2008”.
Contudo a realidade é distorcida, a SEMA de um lado expõe uma gestão transacional, onde a população 
tem voz e voto, colhendo as ideias das 04 comunidades por meio de reuniões promovidas pela mesma, nas 
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quais fazem propostas inovadoras, na maioria das vezes apenas promessas, assim como relata o barqueiro 
A11, morador da Comunidade Santo Antônio do Igarapé Piriquitaquara há 49 anos e integrante da Associação 
de Barqueiros da Ilha do Combú (ABIC), “essas reuniões nunca dão em nada, por que eles sempre falam, 
prometiam coisas e não cumpriam”.
Segundo a Técnica da APA da Ilha do Combú, a SEMA segue um planejamento estratégico voltado para 
participação, onde existe um envolvimento dos comunitários nas reuniões de implantação e implementação, 
entretanto pouco expressiva, assim como a mesma relata:
[...] lá na APA do Combú uma das principais preocupações que nós temos é quanto à 
participação da população que não é muito grande. Existem vários convites de reuniões, 
inclusive do conselho e outras para tratar do planejamento da APA e a participação às vezes 
ela é pequena [...].
Para os comunitários o envolvimento da SEMA com a população é totalmente baixo, de acordo com o 
barqueiro B12, morador da Comunidade do Igarapé Combú nascido e criado na ilha relata: “não vejo ninguém 
se movimentar para fazer nada, continua igual nesse tempo que moro aqui, nem sei o que é a SEMA”. 
No entanto, para o morador D13, residente da comunidade Igarapé Combú há 50 anos, “olha a SEMA tem 
aqui um pessoal andando há bastante tempo aqui, mas eu ainda não tive oportunidade de ir assim nessas 
reuniões deles, mas ele atua nessa área aqui”.
Para a técnica da SEMA essa situação ocorre:
[...] porque durante muito tempo o Combú, ele por exemplo foi alvo de pesquisas e trabalhos 
de inúmeros órgãos que muitas vezes iam lá e não traziam o retorno pra eles. Então eles 
começaram a perder a credibilidade em cima dessas pesquisas dessas entidades [...] fica 
complicado até deles comparecerem e a participação nem sempre é grande. Geralmente 
quem aparece são aquelas pessoas, as mesmas pessoas que já tem outra visão mais 
preocupada mesmo com a gestão, elas querem está se envolvendo, como é o caso mesmo 
da Prazeres.
Diante do exposto observou-se que a relação entre os representantes públicos e a comunidade local 
é delicada, por diversos motivos, promessas não cumpridas por parte do Órgão Gestor, como a criação de 
espaços de lazer às crianças da APA, como afirma o barqueiro A na sua fala:” a SEMA fez uma proposta e 
não cumpriu, como a criação de um espaço de lazer para as crianças, a criação de galpão em Piriquitaquara 
e no Combú, se você for na SEMA vai ver que a verba para isso já foi liberada.”
A técnica da SEMA relata que isso ocorre:
“porque as nossas atividades da gestão da SEMA, elas ocorrem de maneira lenta, só que o 
serviço público ele é muitas vezes caracterizado por isso, ele é excessivamente burocrático 
então as coisas acabam demorando mais do que deveriam pra acontecer”.
Toda ação realizada pela SEMA para APA deve ser pensada em conjunto com a comunidade como o 
planejamento do plano de manejo, que foi explanado em duas oficinas realizadas no Igarapé Combú e Beira 
do Rio e a outra realizada na Stº Antonio e São Benedito a Preservar, o mesmo esta sendo criado desde 
2009, conforme relato da técnica da SEMA isso ocorre por causa da demora do serviço público, a empresa 
11 Iv (informação verbal): por questões de preservação da imagem do entrevistado optou-se em ocultar os nomes 
verdadeiros dos entrevistados.
12 Iv (informação verbal): por questões de preservação da imagem do entrevistado optou-se em ocultar os nomes 
verdadeiros dos entrevistados.
13 Iv (informação verbal): por questões de preservação da imagem do entrevistado optou-se em ocultar os nomes 
verdadeiros dos entrevistados.
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que está desenvolvendo o plano é a Vida Meio Ambiente de Minas Gerais, em que a mesma ganhou a 
licitação para a execução do plano de manejo, por ser a que apresentou o menor custo pela prestação do 
serviço, conforme o edital para a criação do plano.
E segundo o Gerente da APA do Combú na SEMA, a licitação de liberação foi cancelada devido a 
empresa não está atendendo as demandas solicitadas em edital pela SEMA. Ademais segundo relato de 
alguns moradores houve sim reuniões com essa temática, contudo nenhuma deliberação foi tomada. De 
acordo com o mesmo existe apenas um Plano de Uso Temporário (sendo um acordo extraoficial).
Para população local a Secretaria está deixando muito a desejar, referente a infraestrutura por não 
existir uma fiscalização efetiva por parte do Poder Público responsável, onde empresas privadas de turismo 
exploram a APA, como explana o barqueiro A “os turistas entram e saem da ilha, eles têm que deixar 10% 
da renda para comunidade e nada dissoé feito, pois isso é importante”. Outro fato é a comercialização da 
APA sem o envolvimento da população, como passeios turísticos ou mesmo turistas transitando pelo espaço 
atrapalhando a vida dos moradores.
De acordo com o inciso V do Art.2º da Lei de Criação da APA do Combú Nº 6083, de 13/11/1997:
Aplicação, quando for necessário, das medidas legais destinadas a impedir ou evitar o 
exercício de atividades causadoras de sensível degradação da qualidade ambiental, em 
especial as atividades de derrubada dos açaizeiros, para a retirada do palmito (PARÁ, SEMA, 
20011, Lei de Criação da APA de Combú nº 6083, de 13/11/1997, inciso V do art.2º).
Conforme a técnica da Sema, isso resulta:
[...] nós temos um espaço pequeno, nós não temos computadores pra todo mundo, quer 
dizer que agente trabalha com uma estrutura precária né, a nossa lancha tá sem combustível 
porque não foi liberado o combustível pelo financeiro, então quer dizer nós temos todas essas 
dificuldades pra tá trabalhando. Então algumas pessoas não entendem isso, já outros eles 
ficam chateados, por que eles acham que a SEMA já deveria tá lá, deveriam sempre tá lá 
trazendo mais benefícios, eles acham que pelo menos é o que eu percebo que a gestão da 
SEMA pra eles não tem trazido muita diferença.
Outro ponto a se abordar da disparidade entre as ações do governo x comunidade local é a questão da 
própria população desconhecer que reside em uma APA e até mesmo o que seria uma UC, onde analisou-
se a partir das entrevistas realizadas com os moradores da APA do Combú, entre 04 entrevistados 03 não 
sabiam o que seria uma APA ou UC, ou descreveram de forma errada, como a definição que o morador C 
aponta, para ele uma UC “é a conservação da natureza, das árvores e dos animais da floresta”, já uma APA, 
o mesmo relata: “o que sei e que é preservar uma área de natureza, não derrubar as árvores”.
Todavia, os demais desconhecem que residem em uma APA, como afirma o morador B, ao ser 
perguntado se sabia que morava em uma APA, responde que não, que nem mesmo sabe o que seria isso. 
Segundo Guatura (2000, p. 30 – 31), uma Área de Proteção Ambiental caracteriza-se por ser: “área em geral 
extensa, com ocupação humana, com atributos bióticos, abióticos, estéticos ou culturais importantes para 
as populações humanas”.
Nesse ponto a técnica da SEMA concorda, aonde “muitas vezes alguns não conhecem o que seja uma 
APA né, por mais que se faça reuniões aparecem poucas pessoas, então é um processo que eu vejo como 
lento e gradual”. E ainda aponta que a causa dessas precariedades é pelo fato da APA ter sido legalizada 
posteriormente a sua criação que seria em 1997, e até 2003 (ou 2006/2007) só existia no papel, e que 
somente a partir da admissão do atual coordenador o Cristino e que foram a fazer os trabalhos de Educação 
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Ambiental, providenciou-se a lancha, foi se pensar o plano de manejo.
A mesma ainda ressalta que existem diversas políticas públicas e atividades voltadas para comunidade 
no geral como:
[...] atividades voltadas para educação ambiental, nós temos cursos, também de alternativas de 
renda, como hortas suspensas, artesanatos, existem, por exemplo, o projeto agroextrativista 
do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) [...] o Serviço de Apoio às 
Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) já implantou vários cursos lá, existe um posto de 
atendimento de saúde municipal [atualmente só conta com uma enfermeira para atender as 
04 comunidades], agente tem três escolas também municipais [...].
Confirmando o exposto o Gerente relata: “que essas políticas públicas são direcionadas por meios de 
programas (Uso Público, Plano de Manejo, Educação Ambiental, etc.)”.
Diante do exposto conclui-se que o relacionamento do Órgão Gestor a SEMA com os comunitários é 
delicada, de um lado o défice do poder público e de outro as necessidades da população, a qual tem pouca 
participação nas reuniões deliberativas da secretaria, de acordo com a mesma. E na visão da comunidade 
a Secretaria não participa massivamente nas ações da APA, participando quando lhe é mais conveniente, 
falhando em situações básicas como na saúde e na fiscalização.
3.3 O TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA COMO GERADOR DE TRABALHO E RENDA
Para se desenvolver o turismo como atividade geradora de trabalho e renda é necessário primeiramente 
ter-se a compreensão do que seria esse termo ou como o mesmo deve ser implementado e implantado na 
sociedade. Partindo desse pressuposto, Mielke (2009, p. 20) afirma que:
O Turismo, quando bem organizado é considerado uma grande força promotora de benefícios, 
tanto para o município especificamente, como para a região, em função da possibilidade que 
tem de proporcionar uma melhoria da situação econômica de cada elemento que compõe 
a oferta. O que se observa, independentemente do tamanho do município, é que há certa 
confiança e/ou expectativa de que o turismo realmente tenha condição de estimular a 
economia local (MIELKE, 2009, p. 20).
Todavia, esse conhecimento não é devidamente repassado para quem trabalha diretamente com esse 
segmento, como é caso da APA do Combú, segunda a pesquisa de campo realizada com alguns moradores 
da APA, conclui-se que de cada 04 entrevistados 02 disseram não entender nada sobre o assunto e os 
outros 02 definiram turismo como sendo uma coisa boa.
De acordo com relato do morador D, quando questionado sobre seu entendimento a respeito do 
turismo, o mesmo responde: “olha o turismo aqui no Combú é muito bom (sublinhado nosso) aqui, vem 
bastante gente de fora aqui”. Já na visão do morador A: “o turismo é uma coisa muito boa de trabalhar 
(sublinhado nosso) né, só que falta mais infraestrutura”.
Onde essa temática deveria ser debatida em reuniões com os comunitários coordenadas pela SEMA, 
sendo a mesma responsável pelo plano de manejo da APA, o que de fato não ocorre, a partir dos dados 
obtidos nessa pesquisa. Assim observou-se que os moradores possuem uma visão superficial do que seria 
turismo, ou mesmo desconhecem esse termo. Sabem que é bom e o praticam indiretamente, contudo 
desconhecem a base da atividade turística, o bem receber, assim com as estruturas mínimas para manter 
esse serviço.
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Pode-se observar essa ação na fala do morador D “o turismo é muito bom aqui, pena que é só 
restaurante não tem outra coisa aqui pra eles. Aqui tem os igarapés, aqui os furos, aqui eles acham bom, 
mas é pouco”. O morador B relata que “só existe o envolvimento dos donos de restaurantes, eles fazem 
as trilhas [dentro das suas propriedades], levam daqui do porto para ilha, só isso”. Logo, entende-se que a 
comunidade desconhece os benefícios que o turismo possa vir acarretar. Entretanto não o turismo massivo, 
mas sim o turismo comunitário, aonde ambos ganhariam - o turista e a própria comunidade.
Em presença da crise socioambiental e da massificação do turismo em escala mundial, o turismo 
de base comunitária vem ser a alternativa criada para se contrapor ao turismo de massa. Trata-se de um 
modo de desenvolvimento para grupos sociais com menores potenciais de acesso na cadeia produtiva do 
turismo. É uma segmentação do turismo que enfatiza o local, a conservação e a preservação ambiental e a 
identidade cultural da comunidade (ARAÚJO & GELBCKE, 2008, p.10).
Nesse sentido, o turismo de base comunitária oportuniza as comunidades tradicionais com 
desvantagens e desigualdades históricas a desenvolver uma estratégia de comunicação social que possa 
viabilizar seus respectivos modos de vida. Além de “abrir as portas” para visitantes ampliarem a relação 
com temáticas provenientes à preservaçãoe a conservação da natureza, e de modos de vida tradicionais 
(SAMPAIO, ALVES, FALK, 2008, p. 10).
Todavia, volta-se à problemática inicial: a falta de conhecimento da população local, agora a respeito 
do que seria turismo comunitário. Quando questionados a respeito de seu entendimento sobre essa temática 
os moradores responderam: “não sei o que é isso, nunca ouvi falar” diz morador B, da ilha há 25 anos 
e barqueiro há 10 anos. Mesmo posicionamento do barqueiro C também morador da ilha há 20 anos e 
comandante de embarcação há 10 anos quando questionado: “não entendo muita coisa não, eu apenas 
trabalho com os bares lá da ilha”.
Ademais se esse segmento fosse aderido pela comunidade como um todo, o mesmo poderia tornar-se 
uma fonte de trabalho e renda à população, a qual continuaria suas atividades cotidianas, constituindo um 
dos requisitos para realização do turismo de base comunitária. Entretanto essa prática deve estar incluída no 
plano de manejo da área, por ser a uma UC, logo deve haver um plano elaborado junto com a comunidade, 
no qual se deveria propor essa atividade, porém até o presente momento esse plano, segundo o Gerente da 
APA do Combú, encontra-se com a licitação cancelada por tempo indeterminado.
Um exemplo da ocorrência dessa atividade turística que obteve bons resultados está na localidade de 
Prainha do Canto Verde, localizada no litoral leste do estado do Ceará, no município de Beberibe a 126 km de 
Fortaleza. O turismo de base comunitária emergiu para essa pequena comunidade como uma oportunidade 
de desenvolvimento de mais uma atividade econômica para a localidade, de criação de trabalho e de renda.
Nesse sentido, Mendes & Coriolano (2005, p. 01):
Constatou-se que a comunidade alcançou um nível de organização capaz de decidir 
sobre seu destino, e isso só foi possível com trabalho de educação de base, que levou os 
pescadores e residentes a se organizarem em defesa da pesca artesanal, do fortalecimento do 
sentimento de luta, enfrentamento aos problemas de especulação imobiliária, a degradação 
ambiental e da criação da Cooperativa de Turismo e Artesanato da Prainha do Canto 
Verde - COOPECANTUR. A cooperativa vem contribuindo para implantação de pequenos 
empreendimentos turísticos gerenciados pelos próprios moradores, e que contribuem para 
melhorar o nível e a qualidade de vida desse lugar (MENDES & CORIOLANO, 2005, p.01).
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Assim, a localidade de Prainha de Canto Verde pode ser considerada um exemplo de sucesso para 
outras localidades que buscam a implantação da atividade turística de base comunitária. Desse modo, a 
comunidade tem por objetivo o desenvolvimento do turismo de forma sustentável, suprimindo a introdução 
de grandes cadeias hoteleiras e desenvolvendo o comércio local para que o lucro fique na comunidade.
Por fim, pode-se dizer que Canto Verde constitui-se como uma referência de turismo comunitário 
no estado do Ceará e no Brasil. Aonde este segmento vem sendo realizado de forma participativa e suas 
diretrizes estão sendo implementadas de “baixo para cima”. Tornando-se um processo produtivo social e 
economicamente para os residentes da localidade. O turismo vem sendo, sobretudo um complemento à 
renda das famílias de pescadores que ali residem, além de ter contribuído para a inclusão das mulheres 
no processo produtivo local, para a inclusão do trabalho dos pescadores na época do defeso e para a 
permanência dos jovens que passam encontrar oportunidades de trabalho e crescimento pessoal dentro do 
seu lugar.
Assim como Canto Verde o turismo comunitário poderia dar certo na APA do Combú, se houvesse 
iniciativas do poder público, assim como a dinamização do que seria essa atividade, seus pontos positivos e 
ganhos para população local, e por fim interesse da própria comunidade em aderir esta causa.
Diante das analises das entrevistas, para o morador A da comunidade do Piriquitaquara “a comunidade 
tem interesse mais falta muita infraestrutura [...] um barco mais adequado [...] a comunidade tinha que fazer 
alguma coisa para apresentar para os turistas, como venda do artesanato e visitação nos igarapés”. Quando 
questionado a respeito das ações da SEMA voltadas para atividade turística o mesmo explana: “a SEMA fez 
reuniões com propostas de barracões de lazer, mas nunca fez nada, o centro cultural, geralmente, geraria 
turismo, a proposta seria de criar 03 barracões, um no Piriquitaquara, no Combú e outro no São Benedito”.
Na visão do morador B:
[...] nessa parte tá difícil, pois a comunidade não tem um envolvimento, só existe o 
envolvimento dos donos de restaurantes, eles têm interesse, eles fazem trilhas ecológicas, 
levam daqui do porto para ilha, mas a comunidade não tem interesse em fazer esse tipo de 
turismo comunitário [...].
O mesmo relata que nas reuniões de lideres comunitários não há debate sobre o turismo, somente 
sobre saúde e educação. Logo, para a concretização do segmento em questão é de extrema importância a 
participação social, pois somente a comunidade tradicional, como um todo, pode iniciar essa atividade.
Segundo o morador C “há interesse da comunidade com turismo, mas só o de levar da praça e levar 
para os restaurantes e bares”. Para o morador D na comunidade como um todo não existe interesse, mas 
poderia ser uma boa proposta, pois “sempre vem gente procurar por trilhas, mas só tem aquela da Saudosa 
Maloca, mas a menina que leva às vezes ta trabalhando, ai não da pra fazer, por que só ela que leva eles”.
Vale ressaltar que o turismo, hoje é reconhecido como importante fomentador de divisas, capaz de 
gerar oportunidades de trabalho e renda e de contribuir para a diminuição das desigualdades regionais e 
sociais em diferentes pontos do território nacional, enquanto setor econômico, e é de grande valia ressaltar 
que o turismo não será a solução para o déficit mundial de pobreza.
Infelizmente, a partir das entrevistas realizadas com alguns moradores da APA que trabalham 
diretamente com os turistas, percebe-se que a comunidade de um modo geral não tem interesse nesse 
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segmento, uma vez que o conceito de turismo de base comunitária está aquém da realidade local e também 
pela incipiente ou quase nula intervenção das políticas públicas socioambientais na APA.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É de grande valia ressaltar, que o turismo de base comunitária não será a solução para o déficit mundial 
da pobreza. Mas sim, uma possibilidade paliativa para comunidades tradicionais que desejam interagir sua 
cultura e tradições por meio da atividade turística transacional, ou seja, pensado em conjunto – comunidade 
e Órgãos Públicos – contudo, mantendo suas atividades primárias. Uma atividade na qual a comunidade 
repassaria seus conhecimentos utilizados no seu cotidiano para os futuros turistas, afim de repassar suas 
vivencias e ações promovidas pela comunidade, além de ampliar a relação com temáticas provenientes à 
preservação e a conservação da natureza, e de modos de vida tradicionais.
No entanto, a falta de planejamento participativo para a implantação do turismo de base comunitária, 
faz com que os objetivos desse segmento não sejam atingidos, agravando-se quando trabalhando em uma 
APA, pois qualquer ação ou política pública voltada para uma área de proteção ambiental deve ser discutida 
no Conselho Gestor da mesma, tal como, incluída no seu plano de manejo.
Partindo desse pressuposto, e a partir do levantamento bibliográfico e da aplicação de questionários 
estruturados e semiestruturados, junto ao Órgão Gestor da unidade de conservação (DIAP/CUC/SEMA), 
assim como pesquisa de camporealizada com os moradores da APA do
Combú por meio de entrevista em profundidade e levantamento de documentos visuais, observou-se 
que a comunidade, mesmo detendo dez assentos no Conselho Gestor, a mesma não é fator decisório no 
desenvolvimento do planejamento das atividades proposta pela gestão da APA devido alguns fatores.
Esses fatores são: a falta da credibilidade na atual Gestão; o descrédito nas pesquisas desenvolvidas 
por diversas entidades e órgão públicos que não levam nenhum retorno os comunitários da unidade de 
conservação; a falta de união dos próprios comunitários, devido pequenas rixas motivadas pelo favorecimento 
de algumas comunidades no desenvolvimento das ações propostas pela Gestão da APA.
Portanto, analisou-se que o envolvimento entre a atual gestão da APA com os comunitários é fragilizada. 
A SEMA aponta como um dos fatores para a ocorrência dessa situação a demora no serviço público, o 
qual é lento devido a burocracia na liberação de recursos para a promoção de algumas atividades como: 
o abastecimento da lancha, que faz o transportes da equipe de técnicos até a APA e a falta de estrutura 
física tanto no prédio da Secretaria como na APA, pois deveria existir uma sede administrativa na própria 
localidade e mais recursos básicos como computador para todos os técnicos, impressora entre outros na 
sede em Belém.
Para a comunidade local, de uma maneira equivocada ou desconhecendo a realidade de uma 
Gestão Pública, a Secretaria está deixando muito a desejar, pois a mesma deveria oferecer o mínimo de 
infraestrutura para população, o que de fato não ocorre. Outro ponto existente é a questão da população 
residente desconhecer que habita em uma APA, tal como o que seria APA ou UC ou mesmo descrever de 
forma erronia, constatada a partir das entrevistas realizadas com os mesmos.
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A partir da análise das entrevistas em profundidade, observou-se que moradores quando questionados 
sobre o que entendem à respeito de turismo desconhecem o seu significado e seus benefícios quando 
planejado. Realizando um tipo de turismo que só agrega valores negativos à comunidade e ao meio 
ambiente, por ser uma ação apenas de consumismo realizado pela maioria das vezes pelos donos de bares 
e restaurantes centralizados na orla da comunidade do Igarapé Combú.
Uma alternativa para substituir esse segmento seria o turismo de base comunitária, que viria a agregar 
receita sem interferir diretamente na vida dos moradores e nem degradar o meio natural da APA. Todavia, 
a comunidade desconhece esse termo, o qual deveria ser abordado no plano de manejo, que por ventura o 
mesmo ainda encontra-se em fase de elaboração – atualmente está estagnado devido ao cancelamento da 
licitação.
Diante da análise dos resultados, observou-se que o segmento trabalhado nessa pesquisa não existe 
na APA do Combú. Devido à falta de iniciativa e interesse por parte da comunidade, logo a mesma detém 
interesses divergentes, onde o processo de união entre as comunidades como um todo não existe, com 
exceção das pessoas ligadas diretamente aos bares e
restaurantes, sendo que um dos pilares do turismo comunitário é que a comunidade em geral abrace 
essa causa para que posteriormente essa atividade não seja abandonada.
Todavia, observou-se que a APA do Combú possui elementos para a realização do turismo de base 
comunitária, tais com: recursos humanos – (associações e cooperativas), recursos culturais (artesanato, 
culinária, danças e o próprio cotidiano da comunidade) e recursos naturais (biótico e abiótico ). Além das 
parcerias com as supostas ações dos Órgãos Públicos (SEMA e a Prefeitura Municipal de Belém).
Conclui-se, a partir da pesquisa como um todo, que o Órgão Gestor e comunidade não caminham 
juntos, onde apenas alguns comunitários se interessam em participar das atividades propostas pela Gestão 
em quanto outros permanecem realizando suas atividades rotineiras. E que a SEMA não está cotidianamente 
presente na localidade devido a demora na realização do serviço público. Ademais, a comunidade local fica 
a margem de um verdadeiro e responsável turismo que seria uma alternativa econômica interessante para 
fortalecer as atividades primárias existentes e com isso, incentivar o sentimento participativo da comunidade 
local.
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