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Psicólogo em Instituições de Saúde

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
ESCOLA DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA SAÚDE
Curso de Psicologia
PSICÓLOGO EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE: A RELAÇÃO COM A EQUIPE INTERDISCIPLINAR, PACIENTES E COMUNIDADE
São Bernardo do Campo
2016
ÁGATA ALEIXO GIOLO PASSARELI
GABRIELA VIEIRA PITA
JULIA GOVETRI
KAROLINA SLINDVAIN FLORINDO
RAQUEL ALBIERI
Turma 2º semestre – Matutino
PSICÓLOGO EM INSTIRUIÇÕES DE SAÚDE: A RELAÇÃO COM A EQUIPE INTERDISCIPLINAR, PACIENTES, COMUNIDADE
Seminário de ética da temática de comportamento social do curso de Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP. Docente responsável: Prof.ª. Dr.ª. Adriana Regina Rubio.
São Bernardo do Campo
2016
A história da Psicologia Hospitalar
A separação Psicologia Hospitalar x Psicologia da Saúde existe somente no Brasil. Suas histórias se entrelaçam e se complementam, mas ainda sim são bem delineadas.
Em 1946, a Organização Mundial da Saúde (OMS) adota um novo conceito para o termo saúde: “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença ou enfermidade”. Essa inserção do psicológico fez com que o mercado de trabalho dos profissionais que atuavam com psicologia aumentasse nos hospitais.
As vagas nas redes ambulatorial e hospitalar foram expandidas, assim como os empregos para profissionais qualificados (Medici, Machado, Nogueira & Girardi, 1992 apud Pereira 2003). A regulamentação da profissão, aumento das Universidades particulares, estudos mostrando que a doença e a internação podem causar problemas psicológicos e admissão cada vez mais frequente de dependentes químicos no hospital, fez com que a procura por psicólogos também aumentasse.
Já em 2000, o título de Especialista em Psicologia Hospitalar é regulamentado pela resolução 014/2000 do CFP (Conselho Federal de Psicologia). Com isso, a psicologia hospitalar deixa de ser um oficio informal e passa a ser um campo reconhecido da ciência psicológica. 
Aspectos Éticos sobre a atuação em instituições de saúde
De acordo com Medeiros (2002) a eticidade do ser no que tange as instituições de saúde são diversas questões referentes aos limites e parâmetros na intervenção sobre os seres humanos. Para a constituição de uma ética profissional em instituições de saúde é imprescindível que o ser detenha de ética e seja familiarizado com o Código de Ética Profissional do Psicólogo.
Segundo Chauí (2000) os seres são sujeitos morais que devem pensar nas atitudes, para atender a sociedade como um todo. A ética é exercida pelo sujeito moral ou ético por conta da necessidade de pensar e refletir diante das mais variadas possibilidades de ações na vida deste. Um profissional capacitado é aquele que detém ética, este compreende a importância da ponderação de escolhas não só para bem estar próprio, mas como as ações deste dialogam com a sociedade.
De acordo com o Código de Ética Profissional do Psicólogo (2005) a criação deste é orientar e fazer com que o ser possa dialogar com o ser profissional. Os princípios e normas devem ser respeitados por conta de assegurarem ao sujeito humano respeito e direitos fundamentais. Neste instrumento de reflexões pode-se observar há presença de princípios e artigos que norteiam o psicólogo a se portar em instituições de saúde. No princípio fundamental II reforça a ideia de que o profissional não deve compactuar com preconceitos, negligências, violências e opressões, o foco será na promoção de saúde e qualidade de vida das pessoas. No princípio V aborda a universalização das informações científicas a todos com uma linguagem acessível e não acadêmica. O artigo 1º J diz respeito sobre uma possível interação de disciplinas e profissionais para que possam obter uma melhoria na vida do sujeito. O artigo 2º B informa como os profissionais não devem persuadir e induzir a convicções políticas, religiosas, políticas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito durante as funções profissionais. Logo, nas instituições em que os psicólogos se encontram não deverão perpetuar discursos incisivos aos pacientes. 
Para se exercer ética é necessária uma interação entre as normas ditadas por códigos deontológicos junto com preceitos obtidos a partir de experiências e vivências. Um ser que possui ética irá compreender o Código como uma síntese de pensamentos reflexivos, isso perpetuará profissionais que serão fundamentais para criação de seres pensantes e com uma boa qualidade de vida.
Segundo Souza (2013) a Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (SBPH) foi instaurada na década de 80, esta se iniciou por meio de encontros nacionais com profissionais que trabalhavam na área hospitalar. A SBPH não detém fins lucrativos, o compromisso desta é aprimorar e afeiçoar o psicólogo hospitalar, realizar congressos acerca desta temática e incentivar e encorajar pesquisas nesta área. Na resolução 014/2000 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) foi constatado que a psicologia hospitalar fosse uma especialidade reconhecida e que houvesse o título de especialista em psicologia hospitalar. Esta ocorreu por conta da interação da SBPH junto ao CFP. 
Psicólogo nas instituições de saúde
A psicologia da saúde começa a se expandir a partir dos anos 70, por conta de pesquisas e aplicações que, respectivamente, possuem como função compreender e atuar sobre a relação entre o comportamento e saúde e comportamento e doenças (Miyazaki, Domingos & Caballo, 2001; Barros, 2002; Almeida, Malagris, 2011). Diante disso, a atuação de psicólogos em hospitais vem crescendo, conforme o amadurecimento dessa área de trabalho. O papel do psicólogo nesse ambiente é trabalhar com a questão mental juntamente à questão física. E, além disso, com questões sociais e comportamentais. Entretanto, o psicólogo não exclui o trabalho do médico, pelo contrário trabalha em conjunto, porém o interesse do psicólogo não é como esse trabalha (Almeida, Malagris, 2011). O psicólogo analisará como o indivíduo encara a situação de saúde ou de doença, e suas relações interpessoais, com os outros e o meio (Almeida, Malagris, 2011). A função principal do psicólogo em hospitais é promover a saúde, prevenir a doença e garantir a manutenção de técnicas que possam contribuir no processo de adoecer e suas consequências (Barros, 1999; Almeida, Malagris, 2011).
A relação entre psicólogo e equipe multidisciplinar no ambiente hospitalar.
Não é novidade a inserção de um psicólogo em um ambiente hospitalar privado, onde se encontra usuários de classe social mais favorecida, sendo já uma prática estabelecida. Porém os hospitais gerais estão adotando esta forma de atenção integral à saúde, e, aos poucos, incluindo a atuação do psicólogo nos hospitais públicos.
Como em qualquer área de atuação presente nos hospitais, a psicologia deve caminhar junto com toda equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, etc.). É comum ouvir que existe muita dificuldade de inserir o psicólogo na equipe, talvez por haver incredulidade e um pré-conceito por parte dos demais profissionais em relação a sua atuação, pois alguns apresentam uma certa falta de conhecimento sobre a atuação do psicólogo, bem como o grau de importância atribuída a este trabalho.
Alguns psicólogos consideram que sua interação com os demais profissionais em um hospital depende de fatores hierárquicos. Entretanto, a ação conjunta de todos os profissionais pode ser caracterizada como uma interdisciplinaridade que implica em ações conjuntas, integradas e inter-relacionadas, gerando tomadas de decisões acerca de condutas, tendo como base a área básica do conhecimento, isto é, mantendo o mesmo objetivo e enfoque: o bem-estar do paciente e seus familiares, prezando a dignidade e integridade dos mesmos.
O papel do psicólogo hospitalar frente a questões como a eutanásia, abordando os aspectos éticos envolvidos, bem como a interação da equipe.
Seria absurdo pensar que, para alguns pacientes queestão fora de possibilidade terapêutica, a morte pode ser entendida como uma forma de cura? A princípio podemos observar que sim, visto que em todas as profissões são feitos juramentos com relação a preservação da vida e integridade física e psicológica dos seres humanos.
Ao se deparar com esse tipo de questionamento muitos profissionais não apresentam uma opinião formada a respeito. Grande parte desses profissionais não sabe lidar com a própria finitude, como lidariam, então, com a morte do outro? Ao gerar esse tipo de reflexão muitos podem sentir-se incomodados, pois percebem que essa possibilidade de findar um sofrimento irreversível não é de tudo absurdo, para alguns pacientes, seria a única forma de cura.
Por esse motivo, que pode ser interpretado como uma forma de impotência perante a morte, os médicos tendem a transmitir essa responsabilidade ao psicólogo, pois, de acordo com Angerami (1997), o objetivo principal do psicólogo hospitalar é minimizar o sofrimento decorrente da hospitalização.
Voltamos ao primeiro princípio do código de ética profissional do psicólogo onde se impõe que o psicólogo deverá basear seu trabalho no respeita à dignidade e à integridade do ser humano. Então, qual seria a função do psicólogo nos casos em que o paciente deseja a eutanásia?
Cabe ao psicólogo acolher o paciente, seja qual for sua decisão final, e seus familiares, respeitando ao máximo a dignidade e integridade dos envolvidos.
É importante esclarecer que, no Brasil, eutanásia é considerado homicídio e, portanto, crime (previsto no Art. 121, parágrafo 3°.). Em nenhum instante o psicólogo deverá tomar essa decisão, sendo uma decisão única e exclusiva do paciente ou familiares.
Essa é apenas uma das muitas questões de caráter ético encontradas em ambientes hospitalares, cabe ao psicólogo e aos outros profissionais manter a postura ética, visando sempre a integridade e dignidade do paciente. 
Cuidados Paliativos
	Os cuidados paliativos tratam-se de uma filosofia adotada dentro e fora de instituições de saúde, na qual psicólogos, médicos, enfermeiros, assistentes sócias, fisioterapeutas e outros profissionais atuam em conjunto. Nesse processo, deve-se valer além da dimensão físico-biológica e a visão médico-hospitalar, a inclusão dos aspectos sociais e psicológicos do indivíduo (Figueiredo, 2008; Porto, Lustosa, 2010). Este pode ser utilizado em domicílio junto com o paciente portador de uma doença crônica-degenerativa ou em fase terminal, na instituição de saúde, na qual esteja internado ou no “hospice”, cujo se refere a uma unidade específica dentro da instituição de saúde, que além de um espaço físico se estende ao acolhimento de familiares em luto, destinada somente para essa finalidade (Pessini, 2004; Porto, Lustosa, 2010). A medicina paliativa de Cicely Saunders consiste em focar no alivio dos sintomas, tanto físicos quanto emocionais, espirituais, sociais e morais decorrentes de cada doença, ao invés da cura dos sintomas. Para a psiquiatra americana Elizabeth Kübler-Ross, o paciente terminal passa por cinco estágios, os quais são: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. E, em decorrência a esses fatos, o psicólogo estará encaminhado a trabalhar com o paciente nesta fase envolvendo esses fatores e, na tentativa de fazê-lo compreender sobre a morte, fazer com que a fase terminal seja uma passagem digna. Vale ressaltar também que, esse método não é apenas aplicado a casos como câncer e sim, doenças incuráveis (Porto, Lustosa, 2010). 
 
Terapias Complementares	
“A partir da década de 70 do século passado, a utilização de terapias alternativas se popularizou, tendo sua adesão aumentada para aproximadamente 2 a 3% ao ano, passando a ser utilizada por vários grupos, entre eles os pacientes oncológicos” (JACONODINO; AMESTOY; THOFEHRN, 2008, p.62
No Brasil as chamadas Terapias Alternativas ganham gradativamente espaço nos principais hospitais, com salas de hipnose, acupuntura, entre outros; Algo que á alguns anos atrás jamais faria parte de ambientes hospitalares tradicionais brasileiros. 
Um dos principais hospitais públicos do estado de São Paulo, o Hospital das Clinicas é um dos centros dessas terapias, além do Hospital do Câncer e de hospitais em Porto Alegre, Rio de Janeiro e Curitiba. No Hospital das clinicas o chamado Centro da Dor recebe pacientes de varias clinicas do hospital, como ortopedia, oncologia, pediatria e etc.
Segundo Falcão (2015) o principal objetivo é dar mais conforto aos pacientes, amenizando o estresse comum neste período, acelerando assim a recuperação e agindo como coadjuvante no processo de cura.
Os efeitos no organismo de pacientes adeptos a terapias alternativas ainda é alvo de investigações cientificas, porem muitos médicos e pesquisadores acreditam que os pacientes se curam mais rapidamente do que pacientes não adeptos e de forma menos traumática. O tratamento alternativo não substitui o convencional, por exemplo, um paciente com câncer, não vai deixar de fazer quimioterapia para fazer acupuntura e sim acrescentar para obter mais benefícios.
A Hipnose também vem sendo utilizada regularmente nos principais centros médicos do estado de São Paulo como o Hospital do Câncer, tendo bons resultados, porem o preconceito com essas técnicas ainda é grande no meio medico do Brasil.
O Conselho Federal de Psicologia reconhece e considera a acupuntura e hipnose como recursos completares e auxiliares da Psicologia. Mas também essas práticas devem seguir condições de trabalho dignas e apropriadas, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional.
Referências 
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