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1 ESÔFAGO E ESOFAGITES – Flávia Marques Esofagites Agudas Podem ser causadas por: Bactérias (Staphyllo, strepto e salmonela) Vírus (influenza, herpes simplex, CMV) Fungos (cândida, Aspergillus) Alimentos quentes ou irritantes Substâncias cáusticas ou ácidas Traumatismos (sondas) Esofagite por Candida Infecção frequente na medicina. Algumas vezes é assintomática, então é encontrada através de endoscopia ou necropsia. Pode ser causa de morte Mais comum em MULHERES, especialmente portadores de infecção por cândida da boca ou da vagina. Surge principalmente nos estados de baixa imunidade AIDS Doenças crônicas debilitantes Transplantes de órgãos Uso de corticoides e imunossupressores Neoplasias malignas Mais frequentes do DIABETE ou após TRATAMENTO COM ANTIBIÓTICOS. Cerca de 75% dos pacientes com candidíase oral e 25% dos casos de infecção viral (CMV e herpes) se acompanham de esofagite por Cândida. Sintomas Disfagia (dificuldade para engolir) Odinofagia (dor ao engolir) Dor com irradiação para as costas Hemorragias Localização Terços médio e distal do esôfago. 2 Fatores de Risco Obesidade e número maior de gestações -> As duas condições favorecem o aumento da pressão abdominal. Infecção por fungos, como a cândida, ou por vírus, como o do herpes e o citomegalovírus. Doenças autoimunes (porque toma corticoides) como a esclerodermia e a esofagite eosinofílica. Cirurgia ou radiação na área do peito e pescoço Sistema imunitário deprimido Uso prolongado de medicamentos, por exemplo, os corticoides e os anti-inflamatórios Vômitos excessivos, como os que ocorrem nos casos de bulimia. Álcool e cigarro. Dieta inadequada Macroscopia Mucosa elevada, com nódulos e placas ou pseudomembrana brancas. Pequenas ulcerações circundadas por halo hiperêmico. Exsudato discreto -> predomina fenômenos necróticos. O diagnóstico é confirmado pelo encontro de hifas em cortes histológicas ou esfregaços celulares. pH da Boca: 6,8 pH do Duodeno: 8,3 pH do Estômago: 1,7 O pH pode mudar de acordo com alimentação, por exemplo. 3 Esofagite Herpética Causada pelo vírus Herpes simplex Encontrada em até 6% das autópsias. 1 em cada 100 mil indivíduos. Transmitida por contato direto. Pode coexistir com a esofagite da candidíase (Monilíase) Ocorre principalmente em indivíduos com neoplasias malignas, especialmente leucemias, linfomas, doenças crônicas ou transplantados. Sintomas Odinofagia Dor retroesternal. Febre. Disfagia Às vezes pode causar hemorragia e dores articulares. Em indivíduos com sistema imune normal, evolui para cura espontânea em três a cinco dias. Macroscopia Diagnóstico suspeito quando: Se encontra úlcera em vulcão à endoscopia Pequenas úlceras, múltiplas, rasas, dispersas ou confluentes pelo esofagogram de duplo contraste. Microscopia Além das ulcerações, podem ser encontrados: Inclusões nucleares, eosinofílicas (tipo A de Cowdry) nas células epiteliais. Agregados de grandes células mononucleares com núcleos convolutos, adjacentes ao epitélio inflamado. Células multinucleadas. 4 Esofagite Corrosiva Ingestão acidental ou não de produtos químicos cáusticos. Substâncias corrosivas, em geral BASES FORTES ou DETERGENTES usados para limpeza São as causas mais comuns de lesões químicas do esôfago Crianças abaixo de 5 anos: Ingestão acidental Adultos: Propósito suicida. Menos frequentemente, lesão corrosiva do esôfago é causada pela ingestão de ÁCIDOS FORTES. A mucosa esofágica é menos resistente às bases do que aos ácidos. Ácidos: Provocam necrose por coagulação, que forma uma camada protetora que dificulta a penetração mais profunda do agente corrosivo na parede esofágica. Bases: Causa necrose coliquativa dos tecidos, que progride em extensão e em profundidade. Por serem mais viscosos, as bases caminham mais lentamente pelo esôfago, produzindo lesões mais extensas e profundas. * No ácido, a área é maior, mas a profundidade menor. Com base é o contrário. Agentes corrosivos mais comuns Soda cáustica Fenol, lisol, cresol Permanganato de potássio Ácido sulfúrico, clorídrico, acético ou nítrico. As lesões provocadas pela soda cáustica, que é o protótipo dos agentes corrosivos, evoluem em três fases: 1. Necrose por liquefação associadas a intensa reação inflamatória, trombose, hemorragia e invasão bacteriana. Essa fase dura até o quarto dia. 2. Eliminação do epitélio necrosado e formação de úlcera, entre o terceiro e quarto dias. 3. A partir da segunda semana, inicia-se formação de tecido de granulação. Por volta da terceira semana, cessa a inflamação e inicia-se a reepitelização. Há duas possibilidades EVOLUTIVAS: 1. Cura com restituição da integridade (nas lesões de menor gravidade) 2. Cicatrização e estenose (esta é a sequela mais graves e importante da esofagite cáustica). Sintomas Azia ou queimação (pirose), que começa na altura do estomago e pode atingir a garganta. Dor no peito tão intensa que chega a ser confundida com a dor da angina e do infarto do miocárdio. Regurgitação, gosto amargo na boca, mau hálito, rouquidão, dor de garganta e tosse. 5 Diagnóstico Leva em conta a história, a avaliação clínica e o resultado de dois exames: Endoscopia digestiva alta (permite visualizar a mucosa do esôfago, estômago e de parte do intestino delgado). pHmetria: Possibilita medir a quantidade de ácido que sobe do estomago para o esôfago no período de 24 horas. Complicações Se não for convenientemente tratado a esofagite pode ser responsável pelo aparecimento de estenose do esôfago (dificulta a passagem dos alimentos e da saliva, e pela ocorrência de úlceras). Lesão que afeta a região inferior do esôfago e afeta seu revestimento interno. O esôfago de Barrett em parte dos casos pode representar risco de evoluir para uma lesão maligna. 6 DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) - ESOFAGITE DE REFLUXO Inflamação do esôfago causada pelo refluxo do conteúdo gástrico, podendo associar-se, em casos graves, ao refluxo intestinal (bile, suco entérico e suco pancreático). Bastante comum Provavelmente presente na maioria dos indivíduos com queimação persistente Acomete cerca de 7 milhões e americanos de qualquer idade, classe econômica ou grupo étnico. Incidência aumenta acima dos 40 anos de idade (mais de 50% dos pacientes estão na faixa de 45-64 anos). Com base em dados endoscópicos e hepatológicos, estima-se que 5% da população adulta tenha DRGE. Patogênese Está ligada a alteração nas barreiras anatômicas e funcionais existentes na transição ou junção esofagogástrica. Os responsáveis principais por essa barreira são o ESFÍNCTER INFERIOR DO ESTÔMAGO e a musculatura estriada da crura diafragmática. Sem essa válvula, o refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago seria constante porque a pressão intra-abdominal é maior do que a intratorácica. Hérnia de hiato favorece o refluxo porque o esfíncter inferior do esofágico fica descolado da sua posição normal intra- abdominal para o interior do tórax, não podendo mais ser protegido pela crura diafragmática. Sintomas Rouquidão, dor e inchaço na garganta e dificuldade para engolir. Dor do peito. Tosseseca. Azia. Regurgitação e refluxo de sulco gástrico. Náusea após refeições. Fatores que ajudam a manter a barreira anti-refluxo Pinçamento e deslocamento do esôfago para baixa e para a direita pela contração do diafragma, tornando mais agudo o ângulo de sua entrada no estômago. Ângulo agudo (ângulo de His) de entrada do esôfago no estômago: Em crianças, é praticamente ausente, o esôfago tende a formar uma linha reta com o estômago. Essa e uma das razões da maior frequência de refluxo em crianças. Ligamento frenoesofágico, que, por meio de suas fibras elásticas, ajuda a manter a junção esofagogástrica em posição normal. Artéria gástrica esquerda, que auxilia a fixação do estômago na sua posição normal. Posição ereta e gravidade, mantendo o conteúdo gástrico coletado no antro, diminuindo a possibilidade de refluxo. 7 Macroscopia FASE AGUDA: O esôfago pode ser normal ou apresentar a congestão, edema, erosão ou ulceração da mucosa. FASE CRONICA: Em consequência da fibrose, a superfície escavada por sulcos longitudinais separados por cristas ou elevações que correspondem aos espessamentos da mucosa. Pode haver fibrose circunferencial, estenose do órgão e fixação aos tecidos vizinhos. Microscopia Infiltrado de linfócitos, eosinófilos e neutrófilos na lâmina própria e na intimidade do epitélio. O epitélio escamoso é espessado e mostra hiperplasia da camada basal, que passa a constituir 20% de sua espessura. Apresenta edema intra e intercelular e alongamento das pápulas da lâmina própria, que se superficializam e contêm vasos congestos. Nos casos mais graves, há necrose e erosões (esofagite erosiva) ou ulcerações (esofagite ulcerada), com consequente aumento do infiltrado neutrofílico, tecido de granulação e fibrose. 8 ESÔFAGO DE BARRET O fluxo de ácido para o esôfago faz com que ele tente se defender, transformando as células que revestem o esôfago em células de origem intestinais (porque essas células são mais resistentes). Essas células tem um potencial de malignização maior do que as originais do esôfago. A substituição por um tipo celular mais resistente a agressão garante que o ácido não cause tantos sintomas na pessoa. Substituição do EPITÉLIO ESTRATIFICADO ESCAMOSO NORMAL do terço distal do esôfago por EPITELIO COLUNAR METAPLÁSICO DO TIPO INTESTINAL, podendo conter células caliciformes, associado a esofagite de refluxo crônico. É encontrado em 10 a 20% dos pacientes com doenças do refluxo gastresofágico (DRGE) Geralmente adultos acima de 50 anos A doença do refluxo esofagiano se torna esôfago de Barret quando o tecido epitelial estratificado escamoso não queratinizado por epitélio colunar, prismático. Classificação Segmento longo: Quando excede 3cm acima da junção gastresofágica. Segmento curto: Quando é menor que 3cm Lesões muito pequenas localizadas na junção gastresofágica tem sido denominadas de segmento ultracurto. Endoscopia: O diagnóstico por endoscopia se baseia no encontro de mucosa colunar de aspecto aveludado e cor salmão ou rosa- claro acima da junção esofagogástrica. Histologia: Histologicamente o achado característico é metaplasia intestinal. Patogênese Não está clara, mas a principal hipótese baseia-se em alteração na diferenciação das células-tronco pluripotenciais da porção basal do epitélio escamoso do esôfago distal. Participação do epitélio da cárdia e da JGE na gênese do processo tem sido também considerada. Tudo isso, por sua vez, associado ao refluxo gastresofágico. Sintomas: Os sintomas incluem refluxo gástrico, como azia, sabor ruim na boca, má digestão, sensação de queimação, tosse, rouquidão e dor e inflamação na garganta. Complicações Úlcera péptica profunda (úlcera de Barret): Evolução semelhante à da úlcera gástrica, que frequentemente sangra, perfura e estenosa. Adenocarcinoma: É a única condição de risco conhecida para o Adenocarcinoma do terço distal do esôfago. Risco de 30 a 40 vezes maior do que na população em geral. 9 ESTÔMAGO – GASTRITES Reação inflamatória na parede do estômago Podem ser agudas ou crônicas. Gastrites agudas Processo inflamatório agudo da mucosa gástrica Associado a causas exógenas Geralmente de curta duração. Predominam hemorragia gástrica e/ou erosões superficiais da mucosa e edema. Gastrites reativas: Gastrite crônica e antral: associa-se mais frequentemente a atrofia e metaplasia intestinal. Há discreto infiltrado inflamatório, edema, hiperplasia do epitélio glandular, sem associar-se a displasias. Mecanismos patogenéticos Aumento da secreção ácida Redução da produção de íons H2CO3 (bicarbonato) Lesão direta da barreira da mucosa gástrica, permitindo a retrodifusão de íons H+ 10 Etiopatogênese Medicamentos (aspirina, viagra e AINES): Inibem a biossíntese de PG, algumas como as da classe E, que são protetoras da mucosa gástrica porque estimulam a renovação no epitélio e a produção de muco. Bebidas alcoólicas: Um dos causadores mais comuns da aguda, porque causa dissolução do muco, do componente lipoproteico da membrana celular e dos complexos que unem as células epiteliais, afetando diretamente a capacidade protetora da mucosa. Sais biliares Uremia Álcalis e ácidos fortes Agentes biológicos (vírus e bactérias) Intoxicação alimentar Sintomas Podem ser assintomáticas ou ter início súbito. Dor epigástrica Náuseas e vômitos Hemorragia digestiva (melena ou hematêmese). Gastrites crônicas Forma mais comum de gastrite Reação inflamatória da mucosa com infiltrado de leucócitos mononucleados (linfócitos e monócitos) e polimorfonucleados (basófilos, eosinófilos e neutrófilos), em proporções e intensidades variáveis. Principais causas: infecção pelo Helicobacter pylori, gastrite autoimune e associada a estômagos operados. Gastrite antral: Acomete antro mais intensamente. Relaciona-se com a formação de úlcera péptica duodenal. Gastrite crônica e antral: Associa-se mais frequentemente a atrofia e metaplasia intestinal. Causas 1. Bacteriana -> Helicobacter pylori É a mais prevalente Redução da incidência em países desenvolvidos nos últimos anos (melhoria das condições socioeconômicas). Adquirida da infância -> indivíduos permanecem infectados por toda a vida. Correspondente a 80% dos casos de gastrite crônica no Brasil. Microscopia: Graus variáveis de inflamação, aumento da proliferação celular (que volta ao normal depois de erradicar a bactéria), alterações degenerativas, edema, congestão, erosões variáveis e formação de folículos linfoides. Após décadas, a mucosa gástrica apresenta hipotrofia, presença ou não de folículos linfoides e atividade com ou sem neutrófilos e focos de metaplasia intestinal -> correlaciona-se com idade dos pacientes. Sua intensidade e topografia correlacionam com o tipo de cepa infectante e características do hospedeiro. 11 2. Autoimune Mais frequente em mulheres Associa-se a anemia perniciosa 80 a 90% apresenta altas taxas de anticorpos anticélula parietal e antifator intrínseco (glicoproteína produzida pelas células parietais do estômago. É necessário para a absorção de Vitamina B12 no íleo terminal) Pacientes desenvolvem atrofia da mucosa rapidamente (40 a 50 anos), levando ao desaparecimento virtual das células parietais (células epiteliais do estômago que secretam ácido gástrico e fator intrínseco) e das principais (seus grânulosde secreção possuem a enzima inativada pepsinogênio, que é precursora da pepsina) Diagnóstico: Inflamação dependente do grau de atrofia (quanto menos células parietais, menos intensa é a inflamação). Podem ser identificados folículos linfoides e não haver atividade inflamatória. Microscopia: O epitélio glandular da mucosa do corpo e do fundo é atrófico, pode-se não identificar células parietais (mucosa de padrão indeterminado) e associam-se metaplasia pseudo-antral e focos de metaplasia intestinal (geralmente discreta). Pacientes com gastrite autoimune têm maior tendência de desenvolver carcinoide gástrico, que se origina, na maioria dos casos, das células enterochromafin-like (ECL) normalmente presentes na mucosa oxíntica (células parietais). 3. Químicas ÚLCERAS Inflamação do esôfago causada pelo refluxo do conteúdo gástrico, podendo associar-se, em casos graves, ao refluxo intestinal. Conceito: Solução de continuidade da mucosa que se estende através da muscular da mucosa até a submucosa ou mais profundamente. Úlcera péptica Lesão escavada, geralmente solitária e crônica, que se forma na mucosa esofagogastrintestinal em consequência da digestão ácido-péptica dos tecidos. Crônica, geralmente solitária, por ação clorídrica péptica Em cerca de 98% dos casos ocorre no bulbo duodenal ou na mucosa gástrica (antro). Locais menos frequentes: Terço inferior do esôfago, divertículo de Meckel, borda intestinal gastroenteroanastomose, síndrome de Zollinger-Ellison. Cerca de 5 a 10% da população adulta nos países ocidentais tenham ou venham a ter úlcera duodenal em algum momento da vida. A úlcera gástrica é menos frequente do que a duodenal (1:4) Frequência entre homem e mulher para úlcera duodenal: 3:1 Frequência entre homem e mulher para úlcera gástrica: 2:1 12 Epidemiologia Adultos, meia idade Duodenal: Homens 3x1 mulheres Gástrica: Homem 2x1 mulheres Probabilidades durante a vida: 4 a 10% Cura espontânea Recidiva frequente com Helicobacter pylori Jovens e velhos: Raras Sintomas Desconforto epigástrico (queimação, dor) Hemorragia Anemia Emagrecimento Náuseas e vômitos Etiopatogênese A lesão resulta a digestão da mucosa pela secreção ácido-péptica Ocorre quando se rompe o equilíbrio entre as defesas da mucosa e a ação agressiva do suco gástrico: Por queda das defesas locais Aumento da agressão Associação dos dois fatores Úlcera duodenal: Está relacionada com aumento da agressão da mucosa. Úlcera gástrica: Decorre da queda na defesa da mucosa. Tanto a úlcera duodenal como a úlcera gástrica têm etiopatogenese multifatorial, sendo alguns fatores ligados a constituição do indivíduo e outros, a componentes ambientais. Da interação entre eles, surge o desequilíbrio, representado seja pela hipersecreção ácida (úlcera duodenal), seja pela diminuição pela resistência da mucosa (úlcera gástrica). Macroscopia Em 90% dos casos a úlcera péptica é única, poucas vezes, é dupla ou múltipla. Na maioria das vezes, apresenta-se com lesão arredondada ou ovalada, com diâmetro em torno de 0,5 a 2,0cm. As bordas são regulares, poucas elevadas, tendendo a se afunilar à medida que se aprofundam na parede do órgão. O fundo geralmente é limpo, mas pode se apresentar coberto por material necrótico brancacento, por tecido de granulação avermelhado ou por tecido fibroso. 13 Microscopia – Úlcera Péptica Ativa Distinguem-se quatro camadas bem reconhecidas, embora nem sempre individualizadas 1. Tecido necrótico – é o sinal da digestão ácido-péptica 2. Exsudato inflamatório com predomínio de neutrófilos 3. Camada constituída principalmente por tecido de granulação, as vezes mais, as vezes menos florido. 4. Tecido fibroso cicatricial, variando de pouco a muito desenvolvido. Microscopia – Úlcera Péptica Inativa A camada superficial de necrose é escassa ou inexistente e, consequentemente, o exsudato de neutrófilos é discreto. Consequências e Complicações Hemorragia: É o mais comum e pode ser inclusive a primeira manifestação da úlcera péptica. Perfuração: Ocorre mais frequentemente nas de parede anterior do duodeno e da pequena curvatura do estomago. Estenose e deformação: Responsável por cerca de 80% - 90% das obstruções do duodeno e 60% - 70% das gástricas. Malignização: É muito rara. Estudos japoneses relatam frequência de 10% a 30% de câncer gástrico incipiente em pacientes com úlcera péptica gástrica submetidos a gastrectomia. H. pylori e Úlcera Péptica É fator de risco comum aos dois tipos de úlcera péptica Mais importante na duodenal (98%) do que na gástrica (70%). Apenas 10% a 20% dos indivíduos infectados pelo H. pylori desenvolvem úlcera péptica -> outros fatores predisponentes relacionados ao hospedeiro estão envolvidos e são diferentes nos indivíduos com úlcera duodenal e naqueles com úlcera gástrica. Úlcera Duodenal Pacientes com úlcera duodenal apresentam níveis mais elevados de secreção gástrica de ácido e pepsinogênio do que os indivíduos normais. As secreções gástricas aumentadas de ácido e pepsinogênio e em contato prolongado com a mucosa duodenal constituem elemento relevante na etiopatogenese da úlcera duodenal. A maior capacidade de secreção ácida do estomago no paciente com úlcera duodenal, pode estar relacionada com: Maior população de células parietais Hipergastrinemia Defeito nos mecanismos inibidores da secreção gástrica Maior sensibilidade das células parietais à gastrina H. pylori 14 Úlcera duodenal – H. pylori Vários estudos demostram que a infecção pela H. pylori pode se associar à hipergastrinemia. O H. pylori, principalmente da cepas cagA-positivas, reconhecidamente mais patogênicas, é encontrado na mucosa gástrica em 98% a 100% dos pacientes com úlcera duodenal (ausente na síndrome de Zollinger-Ellison e outras condições raras). Úlcera duodenal – Fatores Genéticos É mais comum nos indivíduos do grupo sanguíneo O Mais frequente em familiares próximos de ulcerosos do que na população em geral. Gêmeos monozigóticos de ulcerosos tem risco muito maior de desenvolver a doença do que o dizigóticos. Em membros de famílias de ulcerosos, foram detectados níveis séricos elevados de pepsinogênio I. Úlcera duodenal – Fatores Psicossomáticos Tende a ser compulsivo, agressivo, crítico, tenso, ambicioso e competitivo, compondo a assim chamada “personalidade ulcerosa”. Estas condições de estresse, ou de traumas psíquicos, podem provocar hipersecreção gástrica Úlcera duodenal – Fatores Controversos Fumo: Provoca vasoconstrição, reduz o fluxo sanguíneo e dificulta a cicatrização da úlcera. Medicamentos (sobretudo corticoides e aspirina): Diminui a síntese de prostaglandinas Álcool: Dissolve o muco protetor Úlcera Gástrica Associa-se a um espectro muito amplo de alterações anatômicas e funcionais da mucosa gástrica, que variam desde lesões mínimas até gastrite crônica, com atrofia e metaplasia intestinal ou, menos comumente, neoplasia gástrica. Apresenta variações de localização, embora se admita que a topografia clássica seja incisura angular (pequena curvatura no limite da mucosa antral com a oxíntica, secretora de ácido). Associa-se frequentemente a gastrite crônica do antro e do corpo, com ou sem atrofia estando ligada, portanto, à diminuição da resistência da mucosa. Úlcera gástrica pré-pilórica: Comporta-se como a úlcera duodenal, pois depende da hiperacidez. Ocorre também em áreas mais distais do antro gástrico, naregião limítrofe entre as mucosas antral e duodenal. 15 Úlcera Gástrica – H. pylori Tem papel também na gênese da úlcera gástrica. A associação é variável, podendo ser considerada aproximadamente igual à de pacientes dispépticos não-ulcerosos e, por tanto, a infecção não seria importante na gênese da úlcera gástrica. A atrofia do epitélio glandular do estomago e metaplasia intestinal encontradas nos estágios mais avançados da doença podem explicar, em parte, a diminuição da colonização bacteriana. Alterações do muco gástrico e lesões do epitélio provocadas diretamente pelo H. pylori parecem contribuir para a quebra da barreira da mucosa gástrica, facilitando a retrodifusão de H+ e, portanto, a digestão ácido-péptica da mucosa. Úlcera Gástrica – Outros Fatores Exposição da mucosa a agentes exógenos como aspirina, álcool e certas drogas, principalmente antiinflamatórios não- esteroides. Refluxo do conteúdo duodenal Redução local do fluxo sanguíneo da mucosa 16 CÂNCER DO TGI Considerações Gerais 1. Existem muitos fatores de risco conhecidos para o câncer de estômago Atrofia -> metaplasia -> câncer (neoplasia) Não se sabe como os fatores induzem as células de revestimento do estômago a se tornarem cancerígenas. Infecção aguda -> atrofia crônica -> metaplasia -> neoplasia 2. Gastrite atrofia crônica: Glândulas ou células normais diminuídas ou ausentes Apresenta certo grau de inflamação É geralmente causada pelo H. pylori ou por infecção autoimune Algumas desenvolverão anemia perniciosa ou outros, incluindo câncer, mas não se sabe como evolui para a formação de uma metaplasia. 3. Outra alteração é a metaplasia intestinal Revestimento normal do estômago (cúbico ou prismático de borda lisa) é substituído por células que se assemelham às do intestino. Nessa condição também tem gastrite atrófica crônica Como e porque essa mudança ocorre e progride para câncer de estômago não se sabe! 4. Também pode estar relacionado a infecção por H. pylori Fatores ambientais Predisposição genética Mucosa normal Gastrite crônica superficial Gastrite crônica atrófica Metaplasia intestinal Câncer gástrico Metástase Fatores genéticos H. pylori Dieta 17 Diagnóstico Precoce O estágio inicial raramente causa sintomas -> é difícil de ser detectado precocemente (apenas 20%) Alguns sintomas só são percebidos quando o câncer já está muito avançado. Sinais e Sintomas Hiporrexia (perda de apetite) Perda de peso Dor abdominal Azia / indigestão Náuseas e vômitos com ou sem sangue (hematêmese) *** Inchaço ou acúmulo de líquido no abdome (ascite) *** Sensação de plenitude após refeição leve *** Desconforto abdominal, principalmente acima da linha do umbigo. *** *** Específicos do câncer gástrico. H. pylori e alimentação Bactérias H. pylori A e E transformam alimentos em substâncias mutagênicas -> alteração de células do estômago. Carne processada e enlatada = aumento do risco para CA de estômago. Frutas e vegetais = protegem contra o câncer de estômago. Genética e câncer Alguns genes controlam o crescimento e divisão das células oncogênicas Genes que retardam a divisão celular ou levam as células a morte = genes supressores de tumores. Câncer = supressão ou gene supressor ou aumento dos oncogênes por transferência do DNA. Câncer de estômago = pouca prevalência da hereditariedade. Prevalência Homens > 65 anos em países menos desenvolvidos. Houve um declínio de 1930 até hoje em dia por causa de uso de antibióticos para tratar infeções por H. pylori, aumento de consumo de frutas e vegetais, diminuição de alimentos defumados ou salgados para conservar, aumento da conservação de carnes por refrigeração. 18 Carcinoma Gástrico De natureza epitelial É o mais frequente 95% dos tumores gástricos É o mais frequente do estômago dos tumores malignos Um dos mais comuns no Brasil. 3º tumor maligno mais frequente no mundo Menos mortalidade e incidência = Mudanças na exposição aos fatores de risco para doença = Melhores condições socioeconômicas. Classificação de Laurén 1. Intestinal Populações de alto risco = homens acimas de 65 anos Pessoas estressadas, ulcerosas, com gastrite, alimentação ruim. Associa-se a gastrite crônica atrófica e metaplasia intestinal. Presença de glândulas mais ou menos diferenciadas com diminuição da secreção de muco. Imita o tecido intestinal. Segue infecção -> atrofia -> metaplasia -> câncer (com DIMINUIÇÃO do MUCO). 2. Difuso População de baixo risco Igual em homens e mulheres na faixa etária de mais ou menos 50 anos Sem relação com gastrite atrófica e metaplasia intestinal. Origem no epitélio gástrico normal e é constituído por células isoladas com tendência a produzir e acumular muco intracelular. Etiopatogênese dos dois (mais comum para intestinal) Doença multifatorial Interação entre fatores ambientais (mais importantes, são H. pylori e alimentação) e do indivíduo (constitucionais, genéticos). Dieta: Alimentos salgados, alimentos com nitrato (cerveja e uísque), benzopireno e derivados (defumados), diminuição de vitaminas C e E (porque diminui os antioxidantes), alimentos com tonino (vinho, tomate, banana verde). H. pylori: Maior risco para câncer gástrico, tanto para o difuso quanto para o intestinal. Cepas que expressam o gene cag.A são os mais associados ao câncer gástrico. 19 Condições pré-cancerosas 1. Gastrite crônica atrófica 2. Úlcera gástrica da incisura angular (termino da curvatura menor do estômago, onde termina o corpo e começo o antro). 3. Adenomas 4. Gastrectomia parcial 5. Doença de Menétrier: Gastropatia hipertrófica de pregas gigantes. Causa náuseas, diarreias, perda proteica e aumento das pregas e dobras do estômago Leva ao edema generalizado Causa desconhecida. Lesões pré-cancerosas Alterações morfológica com risco de transformação maligna maior. 1. Metaplasia intestinal: Substituição do epitélio gástrico por intestinal, quase sempre associado a gastrite crônica atrófica. 2. Displasia (neoplasia intraepitelial): Lesão plana caracterizada por atipias citológicas e distúrbios da proliferação que se origina em focos de metaplasia. Precoce / in situ: Mucosa ou mucosa + submucosa (atinge só epitelial) Avançado: Mucosa + submucosa + muscular ou mucosa + submucosa + muscular + serosa Morfologia Verrucoide Verrucoide de vase larga, plana, plano escavada e muito escavada Tumores que podem aparecer no estômago Adenocarcinoma e de células escamosas: 90 a 95% das neoplasias de estômago. Tumor carcinoide: Se origina nas células que produzem hormônios. Não dá metástase. Linfoma Tumor gastrointestinal Tumores do Delgado Raros (de 1 a 6% de todos os tumores do tubo digestivo) - os malignos são cerca de 40% 60% são benignos Leiomioma (20%): Mais comum no jejuno, pequeno nódulo que cresce para a luz Lipoma (15%): Mais comum no íleo distal, pequeno, intramural. Hemangioma e fibroma (8%) 20 Tumores do Intestino Grosso Estágios de 0 a 4 0. In situ (só mucosa) 1. Mucosa + submucosa 2. Mucosa + submucosa + serosa 3. Ultrapassa a serosa 4. Ultrapassa a serosa + metástase por via linfáticapara outros órgãos
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