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Direito do Seguro - FUNENSEG

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19a edição
Rio de Janeiro
2017
DIREITO
DO SEGURO
É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele,
sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola.
REALIZAÇÃO
 Escola Nacional de Seguros
SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA
 Diretoria de Ensino Técnico
ASSESSORIA TÉCNICA
 Jonas Stipp de Andrade – 2016/2017
 Aluizio José Bastos Barbosa Junior – 2015
CAPA
 Coordenadoria de Comunicação Social
DIAGRAMAÇÃO
 Info Action Editoração Eletrônica
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da FUNENSEG
E73d Escola Nacional de Seguros. Diretoria de Ensino Técnico.
 Direito do seguro/Supervisão e coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; 
assessoria técnica de Jonas Stipp de Andrade. – 19. ed. – Rio de Janeiro: ENS, 2017.
 104 p.; 28 cm
 1. Seguro e direito. I. Andrade, Jonas Stipp de. II. Título. 
0016-1776 CDU 368:347(072)
A Escola Nacional de Seguros promove, desde 1971, diversas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitalização 
e resseguro cada vez mais qualificado. 
Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para 
profissionais que atuam nessa área, a Escola Nacional de Seguros 
oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e 
experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem 
sólida trajetória acadêmica.
A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho 
para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes 
e a competitividade é cada vez maior. 
Seja bem-vindo à Escola Nacional de Seguros.
DIREITO DO SEGURO4
SUMÁRIO 5
Sumário
2
1 DIREITO E O SEGURO NO BRASIL: NOÇÕES 9
Breves Noções sobre o Direito 11
O que É o Direito 11
Direito Objetivo e Subjetivo 12
Direito Público e Privado 12
Fontes do Direito 13
A Constituição Federal de 1988 14
As Normas Infraconstitucionais 14
O Seguro no Brasil 15
Generalidades sobre o Seguro 15
Fixando Conceitos 1 17
O CONTRATO DE SEGURO 19
Conceito Legal do Contrato de Seguro 21
Elementos do Contrato de Seguro 21
Risco 21
Interesse Segurável 22
Garantia 22
Prêmio 23
Empresarialidade 23
Partes do Contrato de Seguro 24
Proponente 24
Segurado 24
Seguradora 24
Beneficiário 24
Estipulante 24
Obrigações das Partes 25
Pagamento do Prêmio 25
Concessão da Garantia 26
Principais Características do Contrato de Seguro 28
Bilateral 28
Oneroso 28
Aleatório 29
Solene 29
Consensual 29
Nominado 29
Adesão 29
Instrumentos Contratuais 30
Proposta 30
Apólice 32
Endosso ou Aditivo 34
Averbação 34
Bilhete 34
Fixando Conceitos 2 35
DIREITO DO SEGURO6
3 O SEGURO E O CÓDIGO CIVIL 37
Considerações Iniciais 39
Disposições Comuns aos Seguros de Danos e de Pessoas 39
Riscos Predeterminados 39
Boa-Fé na Conclusão e na Execução do Contrato de Seguro 39
Efeitos do Descumprimento do Dever de Informação que Influi na Aceitação da Proposta 
ou na Tarifação do Prêmio 41
Ato Doloso do Segurado, do Beneficiário ou do Representante de um Deles 42
Agravamento do Risco 43
Contratação por Meio de Agente Autorizado da Seguradora 44
Renovação Automática 45
Mora do Segurado 45
Mora da Seguradora 47
Importância do Aviso de Sinistro 48
Aplicação Subsidiária do Código Civil aos Seguros Regidos por Leis Específicas 48
Disposições Relativas aos Seguros de Danos 49
Transferência do Contrato de Seguro a Terceiro 49
Rateio Proporcional 50
Novo Seguro sobre Mesmo Interesse Segurável e Mesmo Risco 51
Sub-Rogação 52
Seguro de Responsabilidade Civil 53
Disposições Relativas aos Seguros de Pessoas 54
Fixação do Capital Segurado e Contratação de Mais de um Seguro sobre o Mesmo Interesse 54
Instituição do(a) Companheiro(a) como Beneficiário(a) 55
Seguro sobre a Vida de Terceiro 56
Indicação e Substituição do Beneficiário 57
Efeitos da Não Indicação de Beneficiário ou da Invalidade (Parcial ou Total) da Cláusula Beneficiária 58
Transação para Pagamento Reduzido do Capital Segurado 59
Suicídio 59
Vedação à Exclusão de Certos Riscos 60
Sub-Rogação 60
Seguro Coletivo 61
A Exceção Contida no Artigo 802 do Código Civil 62
Prescrição 62
Prescrição do Segurado Contra a Seguradora no Seguro de Responsabilidade Civil 63
Prescrição do Segurado Contra a Seguradora nos Demais Seguros 64
Prescrição do Segurado em Grupo 65
Prescrição do Beneficiário 65
Prescrição do Terceiro Contra a Seguradora no Seguro de Responsabilidade Civil Obrigatório 66
Aviso de Sinistro como Causa Suspensiva da Prescrição 67
Fixando Conceitos 3 69
SUMÁRIO 7
4 O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 71
Origem e Objetivos 73
Conceito de Consumidor 73
Enquadramento da Atividade Securitária como Serviço 74
Vulnerabilidade e Hipossuficiência do Consumidor 75
Direitos Básicos do Consumidor 76
Direito à Informação 76
Direito à Proteção Contra a Publicidade Enganosa e Abusiva 77
Direito à Facilitação da Defesa dos Direitos, Inclusive com a Inversão do Ônus da Prova 78
Garantia de Cognoscibilidade 78
Responsabilidade Objetiva do Fornecedor pelo Fato do Serviço 79
Responsabilidade Subjetiva do Prestador de Serviço Profissional Liberal 81
Prescrição para a Ação de Responsabilidade Civil pelo Fato do Serviço 81
Desconsideração da Personalidade Jurídica 82
Oferta 82
Recusa do Fornecedor em Cumprir a Oferta 83
Solidariedade 84
Práticas Abusivas 84
Venda Casada 84
Seguro Não Solicitado 85
Comercialização de Seguro cujo Contrato Não Tenha Sido Submetido à Aprovação 
da SUSEP ou Esteja em Desacordo com as Normas Regulamentares 85
Prazo para Cumprimento da Obrigação 86
Cobrança de Dívida já Paga 86
Cláusulas Abusivas 87
Contrato de Adesão 87
Fixando Conceitos 4 89
TESTANDO CONHECIMENTOS 91
ESTUDOS DE CASO 97
GABARITO 99
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 101
DIREITO DO SEGURO8
UNIDADE 1 9
DIREITO E O SEGURO 
NO BRASIL: NOÇÕES11
Após ler esta unidade, você deve ser capaz de:
• Saber o que é o Direito e quais são as suas principais fontes.
• Conhecer a estrutura do ordenamento jurídico brasileiro.
• Compreender a importância da Constituição Federal de 1988.
• Identificar e distinguir as normas infraconstitucionais.
• Entender como o seguro surgiu no Brasil.
DIREITO DO SEGURO10
UNIDADE 1 11
 BREVES NOÇÕES SOBRE O 
DIREITO
 O que É o Direito
O Direito nasceu junto com a civilização, sob a forma de costumes que se 
tornaram obrigatórios. Por mais que mergulhemos no passado, sempre 
encontraremos o Direito, ainda que em estágio rudimentar, regulando as 
relações humanas. É que os homens, obrigados ao convívio, labutando uns 
ao lado dos outros, carecem de certas regras de conduta, de um mínimo 
de ordem e direção. 
Essas regras de procedimento, disciplinadoras da vida em sociedade, 
recebem o nome do Direito. 
O Direito é uma ciência social que tem por objeto o estudo das normas 
jurídicas, de seus elementos, de seus atributos, de sua interpretação e 
aplicação. São as normas jurídicas que regulam as situações entre os sujeitos 
e são capazes de assegurar a convivência e a paz social.
A vida em sociedade seria impossível sem a existência de um certo 
número de normas reguladoras do procedimento dos homens, por estes 
mesmos julgadas obrigatórias, e acompanhadas de punições para os seus 
transgressores. É a punição que torna a norma respeitada. A coação, ou 
possibilidade de constranger o indivíduo à observância da norma, torna-se 
inseparável do Direito.
O Direito é, também, um fenômeno social, pois surge, essencialmente, 
das relações sociais intersubjetivas, a exemplo do que ocorre com outros 
fenômenos sociais, como a religião e a política, entre outros.
O chamado Direito Positivo (ou Direito escrito) consiste num conjunto ordenado 
e sistemático de normas jurídicas obrigatórias que o Estado, fazendo uso de 
suas competências,impõe à sociedade.
As normas jurídicas possuem, portanto, um caráter coercitivo, ou seja, não 
estão sujeitas ao livre-arbítrio da vontade individual. Regem condutas essenciais 
para o convívio social, o bem coletivo, o equilíbrio das relações humanas e a 
manutenção da ordem. Dividem-se em regras e princípios.
As regras impõem, permitem ou proíbem uma conduta de forma imperativa. 
Um exemplo de regra está no inciso I do artigo 162 do Código de Trânsito 
Brasileiro (CTB – Lei no 9.503, de 23/09/1997), que trata das infrações de trânsito 
e prevê que dirigir veículo “sem possuir Carteira Nacional de Habilitação ou 
Permissão para Dirigir” constitui infração gravíssima, sujeitando o infrator a 
multa e apreensão do veículo.
Os princípios enunciam valores ou abrigam direitos, mas não qualificam 
juridicamente as condutas. Pode ser citado, como exemplo, o princípio da 
dignidade da pessoa humana, presente no artigo 1o, III, da Constituição Federal 
de 1988. Este princípio trata do respeito à identidade e à integridade de todo 
e qualquer ser humano.
DIREITO DO SEGURO12
 Direito Objetivo e Subjetivo
A palavra direito tem diferentes sentidos ou acepções, tornando-se praticamente 
impossível reuni-las numa única fórmula significativa. As mais importantes são 
traduzidas pelas expressões direito objetivo e direito subjetivo.
O Direito objetivo designa o Direito enquanto regra de ação, isto é, o conjunto 
de regras vigentes num determinado momento para reger as relações humanas, 
que são impostas, coativamente, à obediência de todos. Temos como exemplo 
o Código Civil, o Código Penal ou a Lei do Inquilinato.
O Direito subjetivo, a seu turno, encerra o poder de ação derivado da 
norma, isto é, a faculdade ou prerrogativa de o indivíduo invocar a lei em seu 
interesse. Assim, ao direito subjetivo de uma pessoa corresponde sempre o 
dever de outra, que, se não o cumprir, poderá ser compelida a observá-lo 
através de medidas judiciais. Desta forma, se um inquilino não paga o aluguel, 
o proprietário tem o direito subjetivo de promover o despejo.
 Direito Público e Privado
O Direito pode ser dividido em dois ramos básicos: Direito Público e Direito 
Privado. Esta famosa classificação do Direito já era, de certa forma, conhecida 
na antiga Roma. 
O Direito público disciplina os interesses gerais da coletividade e se caracteriza 
pela imperatividade de suas normas, que não podem nunca ser afastadas 
por convenção dos particulares. Já o Direito Privado versa sobre as relações 
dos indivíduos entre si, tendo na supletividade de seus preceitos a nota 
característica, isto é, vigora apenas enquanto a vontade dos interessados não 
disponha de modo diferente que o previsto pelo legislador.
Desta forma, ocorre que: 
• Direito Público – regula os interesses predominantes da sociedade, 
considerada como um todo. Nas relações de Direito Público, o Estado 
participa como sujeito ativo (titular do poder jurídico) ou como sujeito 
passivo (destinatário do dever jurídico), mas sempre como órgão da 
sociedade e, portanto, sem perder a posição de supremacia ou poder 
de império. Exemplos: cobrança de impostos, ação criminal, matéria 
constitucional, entre outros.
• Direito Privado – regula as relações entre particulares. Nas relações jurídicas 
de Direito Privado, o Estado pode participar como sujeito ativo ou passivo, 
em regime de coordenação com os particulares, isto é, dispensando sua 
supremacia ou poder de império. Exemplos: contrato de seguro, locação 
de bens, cobrança de dívidas, casamento, entre outros.
UNIDADE 1 13
 Fontes do Direito
As fontes do Direito são a sua origem primária e, também, o seu modo de 
expressão. A palavra fonte deriva do latim fons, fontis, que significa nascente, 
designando tudo o que origina ou produz algo. A expressão fontes do Direito, 
portanto, encerra uma metáfora para indicar a própria gênese do Direito, ou 
seja, os meios pelos quais se formam as regras jurídicas.
As principais fontes do Direito são as seguintes:
• lei – é a norma jurídica escrita, comum e obrigatória, emanada pelo Poder 
competente e provida de sanção (força coercitiva). A expressão “lei”, 
portanto, abrange toda e qualquer norma jurídica, esteja ela inserida na 
Constituição, em lei complementar, lei ordinária, decreto ou regulamento, 
entre outros;
• costume – as leis escritas não compreendem todo o Direito. Há normas 
costumeiras, também chamadas consuetudinárias, que obrigam, 
igualmente, ainda que não constem de preceitos aprovados por órgãos 
competentes. Quando o caso concreto não se enquadra em qualquer 
norma jurídica existente no ordenamento, esta omissão legislativa exige 
que o juiz dê a sentença com base nos costumes. O costume pode ser 
entendido como a “norma jurídica que resulta de uma prática geral, 
constante e prolongada, observada com a convicção de que é juridicamente 
obrigatória”;
• doutrina – é o resultado do estudo de pensadores (juristas e filósofos) 
sobre o Direito, expresso em livros, pareceres e outros trabalhos. A doutrina 
desempenha o papel de guia para o julgador e de subsídio e orientação 
para o legislador; e
• jurisprudência – é o conjunto de reiteradas decisões dos tribunais 
sobre determinada matéria. A interpretação e a aplicação das normas 
jurídicas pelos tribunais repetidas vezes sobre um mesmo assunto 
tendem a criar precedentes que poderão ser invocados pelas partes e 
aplicados pelos juízes a casos análogos. Pode haver decisões conflitantes 
dentro do mesmo tribunal até que a questão seja pacificada, o que em 
nada desnatura o valor das decisões proferidas pelo Poder Judiciário. 
O entendimento predominante sobre determinada matéria num tribunal 
pode ser pacificado por meio da chamada “súmula”, a qual, no entanto, 
não é imperativa.1
1 A única exceção é feita à chamada “Súmula Vinculante”, que versa exclusivamente 
sobre matéria constitucional e somente pode ser emitida pelo Supremo Tribunal 
Federal, devendo, necessariamente, ser observada pelos outros tribunais. Ressalte-se a 
Súmula Vinculante 32: “O ICMS não incide sobre alienação de salvados de sinistro pelas 
seguradoras”.
DIREITO DO SEGURO14
 A Constituição Federal de 1988
O ordenamento jurídico brasileiro é composto por inúmeras normas jurídicas, 
e a Constituição Federal de 1988 ocupa o ponto mais elevado de todo o 
sistema. Ela é a lei fundamental ou magna. 
“A Constituição deve ser entendida como a lei fundamental e suprema 
de um Estado, que contém normas referentes à estruturação do Estado, 
à formação dos poderes políticos, forma de governo e aquisição do 
poder de governar, distribuição de competências, direito, garantias e 
deveres dos cidadãos. Além disso, é a Constituição que individualiza 
os órgãos competentes para a edição de normas jurídicas, legislativas 
ou administrativas.”
(SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo).
Uma vez que a Constituição Federal é a lei fundamental e suprema do Estado 
brasileiro, é nela que está o fundamento de toda autoridade, e somente ela 
confere poderes e competências governamentais. Além disso, as normas que 
integram o ordenamento jurídico brasileiro somente serão válidas quando o 
seu conteúdo estiver em conformidade com as normas constitucionais.
A Constituição Federal pode ser objeto de alteração através de emenda, 
com a finalidade de se adaptar às modificações da sociedade e do Estado. 
São leis constitucionais que modificam parcialmente a Constituição. 
As Emendas à Constituição assumem o vértice da pirâmide do processo 
legislativo, demonstrando não somente a superioridade hierárquica, mas 
também a necessidade premente da adequação das normas jurídicas à 
evolução social. 
A emenda é promulgada pela mesa da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal, sendo necessário, para tal, a aprovação por 3/5 dos membros de 
ambas as Casas Legislativas emduas sessões.
Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a 
forma federativa de Estado; o voto direito, secreto, universal e periódico; a 
separação dos poderes; os direitos e garantias individuais.
 As Normas Infraconstitucionais
Abaixo da Constituição Federal estão todas as outras normas jurídicas, também 
chamadas de normas infraconstitucionais. 
Não há, entre os juristas, um consenso acerca da existência ou não de uma 
hierarquia entre as normas infraconstitucionais. Para fins meramente didáticos, 
consideraremos essa hierarquia, com base no artigo 59 da Constituição Federal 
de 1988:
• lei complementar – tem a finalidade de dispor sobre matérias que lhe 
são reservadas pela Constituição Federal, as quais, em sua maioria, são 
previstas em normas constitucionais de eficácia limitada ou reduzida. 
Sua edição depende de quórum privilegiado e maioria absoluta;
UNIDADE 1 15
• lei ordinária – elaborada pelo Poder Legislativo em sua função típica de 
legislar. Sua edição pode ocorrer por quórum simples, presente a maioria 
absoluta dos membros do Congresso Nacional. Para ser elaborada, 
passa a lei ordinária pelas seguintes fases: iniciativa, aprovação, sanção, 
promulgação e publicação;
• lei delegada – é aquela elaborada pelo Poder Executivo por delegação 
do Poder Legislativo. Refletem, sem dúvida, a contemporânea tendência 
do Direito Público quanto à admissibilidade de o Legislativo delegar 
ao Presidente da República poderes para elaboração de leis em casos 
expressos. Comparam-se às leis ordinárias, pelas quais podem ser alteradas 
ou revogadas;
• medida provisória – é emanada pelo Poder Executivo, com força de lei 
e validade por 60 dias, prorrogáveis uma única vez por igual período. 
Assim, a vigência máxima das medidas provisórias é de 120 dias. 
Tais normas devem ser, nesse prazo, apreciadas pelo Poder Legislativo, 
a fim de serem transformadas em lei ordinária ou revogadas. A medida 
provisória não apreciada pelo Poder Legislativo em 120 dias perde sua 
eficácia por decurso de prazo; e
• decreto e resolução – normas que regulamentam disposições previstas em 
lei. Ambos são redigidos por autoridades administrativas competentes.
É importante destacar que, antes da Constituição de 1988, havia a figura do 
decreto-lei, que era o ato normativo emitido unicamente pelo chefe do Poder 
Executivo, sem a necessidade de referendo do Congresso.
Com a atual Constituição, essa figura foi extinta. Contudo, aqueles decretos-lei 
cujo conteúdo não contraria a atual Constituição Federal permanecem válidos 
e são tidos como recepcionados constitucionalmente.
 O SEGURO NO BRASIL
 Generalidades sobre o Seguro
A expectativa do acontecimento de determinados riscos tornou praticamente 
imperativa uma atitude de constante prevenção, que veio a ser conhecida 
como previdência. 
No curso da história da civilização, várias técnicas de proteção social da pessoa 
humana contra eventuais contingências foram concebidas, mas nenhuma delas 
se mostra tão eficiente quanto o seguro, que, diante da incerteza sobre o que 
o futuro nos reserva, da precariedade da vida humana e da indefinição sobre a 
sua duração, bem como da possibilidade de destruição dos bens materiais que 
possuímos, surgiu para proporcionar a cobertura de determinados riscos.
O mutualismo constitui a base do seguro. Sem a cooperação de uma 
coletividade, seria impossível para cada indivíduo suportar os prejuízos 
isoladamente. 
Curiosidade
O incremento da atividade seguradora 
no Brasil ocorreu na mesma época da 
abertura dos portos para o comércio 
internacional por ato de D. João VI, que, 
em 1808, autorizou o funcionamento da 
primeira companhia seguradora brasileira, 
a Companhia de Seguros Boa-Fé, com 
sede na Bahia.
DIREITO DO SEGURO16
O auxílio de muitos para suprir as necessidades de poucos ameniza as 
consequências danosas e fortalece o grupo. É o amadurecimento do conceito 
de solidariedade. Diz Pedro Alvim:
“O seguro nasceu, portanto, de uma necessidade econômica, provocada 
pela instabilidade das coisas humanas. A partir daí nasce a finalidade 
primordial do seguro, a sua feição mais característica: a previdência.” 
(ALVIM, Pedro. O contrato de seguro)
O mesmo autor nos ensina que a previdência nada mais é do que a 
“fonte de inspiração de todos os processos imaginados para prevenir 
ou suavizar os efeitos negativos do risco para o patrimônio, a saúde 
ou a própria vida”. 
O contrato de seguro surgiu para formalizar as relações entre o segurado, a 
seguradora e, ainda em outros casos, também entre esses e outras figuras 
como o estipulante e o beneficiário.
FIXANDO CONCEITOS 1 17
Anotações:
Fixando Conceitos 1
MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA
[1] O Direito é caracterizado por um conjunto de regras obrigatórias 
chamadas:
(a) Normas jurídicas. 
(b) Condutas legais.
(c) Normas morais.
(d) Fenômenos sociológicos.
(e) Sanções.
[2] O conjunto de repetidas decisões judiciais dos tribunais sobre certa 
matéria, criando precedentes que podem ser aplicados a casos semelhantes, 
denomina-se:
(a) Doutrina.
(b) Costume.
(c) Subjetiva.
(d) Lei.
(e) Jurisprudência.
[3] A Constituição Federal somente pode ser alterada por meio de:
(a) Decreto. 
(b) Lei ordinária.
(c) Emenda.
(d) Lei delegada.
(e) Medida provisória.
DIREITO DO SEGURO18
Anotações:
Fixando Conceitos 1
[4] É correto definir o Direito como sendo: 
(a) O ato de elaborar leis pelo Congresso Nacional. 
(b) O conjunto de reiteradas decisões dos Tribunais sobre determinada 
matéria.
(c) Um complexo de normas reguladoras da conduta humana com força 
coercitiva. 
(d) Um conjunto normativo advindo do Congresso Nacional devidamente 
sancionado pelo Presidente da República. 
(e) O uso geral ou a prática reiterada de determinada conduta, de maneira 
uniforme e constante, pelos membros da comunidade.
[5] A norma legal infraconstitucional emanada pelo Poder Executivo, com 
Anotações: força de lei e validade por 60 dias, prorrogável uma única vez por 
igual período, é o(a):
(a) Lei complementar. 
(b) Constituição Federal.
(c) Medida provisória.
(d) Lei ordinária.
(e) Decreto.
[6] O Direito é um(a):
(a) Ciência humana. 
(b) Ciência social.
(c) Ciência exata.
(d) Conjunto de regras morais.
(e) Lei.
UNIDADE 2 19
O CONTRATO 
DE SEGURO22
Após ler esta unidade, você deve ser capaz de:
• Entender o que é o contrato de seguro e identificar seus elementos, suas partes, seus instrumentos 
e suas principais características.
• Compreender as obrigações dos contratantes.
• Distinguir as garantias concedidas nos Seguros de Danos e de Pessoas.
DIREITO DO SEGURO20
UNIDADE 2 21
 CONCEITO LEGAL DO CONTRATO 
DE SEGURO
O artigo 757 do Código Civil busca conceituar o contrato de seguro, permitindo 
identificar os principais elementos que o compõem:
“Art. 757. Pelo contrato de seguro o segurador se obriga, mediante 
o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, 
relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados.
Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como 
segurador, entidade para tal fim legalmente autorizada.”
Inicialmente, estudaremos os cinco elementos que compõem o contrato 
de seguro. 
Em seguida, identificaremos quem são as partes que integram do contrato e 
trataremos das obrigações dessas partes. 
Depois, conheceremos as principais características desse contrato, bem como 
seus principais instrumentos.
 ELEMENTOS DO CONTRATO 
DE SEGURO
O contrato de seguro é constituído de cinco elementos: o risco, o interesse 
segurável, a garantia, o prêmio e a empresarialidade.
 Risco
O risco é a causa do contrato de seguro, já que o proponente recorre à 
seguradora com a finalidade de reduzir ou eliminar as consequências negativas 
que possamser experimentadas em razão de sua ocorrência.
O risco deve ser um evento possível, futuro, incerto ou de data incerta, e que 
não depende somente da vontade das partes.
A possibilidade significa que o risco deve ser algo sujeito a se manifestar no 
plano físico. 
O risco deve ser futuro, porque o seguro, via de regra, não admite a cobertura 
de eventos verificados antes da celebração do contrato. 
O Código Civil prevê que a seguradora que, ao tempo do contrato, sabe 
estar passado o risco de que o segurado se pretende cobrir e, apesar disso, 
chega a expedir a apólice pagará em dobro o prêmio estipulado (artigo 773). 
Estabelece, ainda, que não se inclui na garantia o sinistro provocado por vício 
intrínseco da coisa segurada quando não declarado pelo segurado (artigo 784). 
Portanto, somente como exceção prevista em lei se pode admitir a cobertura 
de riscos já decorridos quando da celebração do contrato de seguro. 
DIREITO DO SEGURO22
Acrescente-se que a noção de risco está claramente vinculada à de interesse 
segurável ou segurado, já que é necessário que o proponente/segurado tenha 
interesse legítimo em minorar ou eliminar as perdas que possam advir pela 
verificação do risco.
O contrato de seguro deve especificar claramente os riscos cobertos, indicando, 
para isso, as coberturas (garantias) contratadas. Também os riscos excluídos 
(coberturas ou garantias) não contratados devem, igualmente, aparecer em 
destaque. 
A obrigação da seguradora somente abrange aqueles riscos expressamente 
contratados, que devem ser limitados e particularizados nas condições 
(cláusulas) do contrato de seguro, não se obrigando por outros (artigos 757 
e 760 do Código Civil).
Nos Seguros de Danos, o risco compreenderá todos os prejuízos resultantes ou 
consequentes das providências adotadas pelo segurado para evitar o sinistro, 
minorar o dano ou salvar a coisa (artigo 779 do Código Civil).
 Interesse Segurável
O interesse segurável é o objeto do contrato de seguro, pois é sobre ele que 
recai a garantia. 
Pela “teoria da necessidade”, é indispensável que aquele que propõe a 
contratação do seguro tenha interesse concreto – o qual deve ser sempre 
legítimo e, em alguns casos, também econômico – em prevenir os danos ou 
perdas que possam afetar o bem sobre o qual recai o risco. 
Nos Seguros de Pessoas, todavia, o Código Civil admite que o interesse seja 
presumido em certos casos (art. 790, parágrafo único, do Código Civil).
O interesse não é uma coisa, mas, sim, a relação existente entre o segurado 
e a coisa ou pessoa sujeita ao risco. 
Embora não coincida com a própria coisa a ser segurada, o interesse deve 
corresponder a um bem que esteja exposto a risco, ou seja, que possa 
desaparecer ou deteriorar-se (como é o caso, por exemplo, de mercadorias 
transportadas), perder-se, extinguir-se ou sofrer limitações (a exemplo do 
que ocorre com a vida e as faculdades humanas), ou, até mesmo, a um fato que 
pode não se realizar (como ocorre, por exemplo, nos seguros de crédito ou 
de garantia de obrigações contratuais).
 Garantia
É o terceiro elemento do contrato e consiste na obrigação da seguradora com 
relação à proteção do interesse legítimo do segurado: ela deve assegurá-la. 
O limite dessa garantia deve estar previsto no contrato, na forma do artigo 
760 do Código Civil. A prestação que corresponde à garantia somente deve 
ser entregue se o segurado não estiver em mora (atraso) no pagamento do 
prêmio quando ocorrer um sinistro coberto.
UNIDADE 2 23
 Prêmio
O prêmio é o quarto elemento do contrato de seguro e consiste na obrigação 
daquele que contrata o seguro para fazer jus à garantia que pretende obter 
da seguradora.
Para fixação do prêmio, além de serem considerados o risco, a importância 
segurada e a duração do seguro, são utilizados, também, elementos estatísticos 
e financeiros.
A seguradora, ao aceitar a proposta de seguro, leva em conta as informações 
prestadas pelo proponente para definir a taxa do prêmio, que considera, 
portanto, apenas os riscos e as coberturas que a seguradora pretende 
assumir.
A falta de seu pagamento nas condições legais e contratualmente estabelecidas 
gera a perda do valor segurado, na forma do artigo 763 do Código Civil. 
Entretanto, a aplicação desse dispositivo deve ser feita com muito cuidado, 
pois há situações excepcionais em que o inadimplemento do prêmio não 
acarretará a perda do direito à indenização ou capital segurado.
O prêmio pode ser classificado como:
• contributário – quando pago exclusivamente pelo segurado.
 Exemplo: seguro contratado por uma empresa para seus empregados, 
sendo que a totalidade do prêmio é paga pelos empregados;
• parcialmente contributário – quando pago pelo segurado e pelo 
estipulante na proporção que for ajustada.
 Exemplo: seguro contratado por uma empresa para seus contratados, sendo 
parte do prêmio paga pelos funcionários e parte pela empresa; e
• não contributário – quando o segurado não tem responsabilidade ou o 
ônus do pagamento.
 Exemplo: seguro contratado por uma empresa para seus empregados, 
sendo a totalidade do prêmio paga pela empresa.
 Empresarialidade
Trata-se do quinto elemento do contrato. Significa que a seguradora deve ser, 
necessariamente, uma entidade legalmente autorizada a exercer a atividade 
seguradora, ou seja, deve ser uma pessoa jurídica (art. 757, parágrafo único, 
do Código Civil).
O artigo 24 do Decreto-Lei no 73/66 já se referia a esse elemento ao colocá-lo 
como condição para o exercício da atividade securitária no país, prevendo 
que somente podem operar em seguros privados as sociedades anônimas e 
as cooperativas. 
O mesmo decreto-lei aponta as sociedades seguradoras como integrantes 
do Sistema de Seguros Privados, disciplinando a forma da autorização para o 
seu funcionamento, estabelecendo critérios para suas operações e fixando o 
regime de sua fiscalização e liquidação.
DIREITO DO SEGURO24
 PARTES DO CONTRATO DE SEGURO
 Proponente
É o titular do interesse legítimo segurável, relativo a pessoa ou coisa. 
Deve ser plenamente capaz de exercer os atos da vida civil para que possa 
assinar a proposta de seguro, sob pena de nulidade ou anulabilidade. 
O proponente pode acumular a condição de segurado, de beneficiário e de 
estipulante.
 Segurado
É a pessoa física ou jurídica sobre quem recai o risco. Pode, ou não, ser o 
proponente do seguro. Pode, também, acumular a condição de estipulante 
ou de beneficiário.
 Seguradora
É a empresa legalmente constituída sob a forma de sociedade anônima que 
concede a garantia.
 Beneficiário
É aquele em favor de quem se institui a garantia. Pode ser pessoa física ou 
jurídica. 
 Estipulante
É a pessoa física ou jurídica que contrata seguro por conta de terceiros, 
equiparando-se, por isso, ao segurado para efeito de celebração e 
de manutenção do contrato. Pode, eventualmente, acumular a condição de 
beneficiário. O estipulante representa os interesses do grupo segurado perante 
a seguradora.
De acordo com o artigo 2o da Resolução CNSP no 107, de 16/01/2004, é 
expressamente vedada a atuação, como estipulante ou subestipulante, 
de corretoras de seguros, bem como seus respectivos sócios, dirigentes, 
administradores, empregados, prepostos ou representantes, corretores 
autônomos, sociedades seguradoras, bem como seus dirigentes, administradores, 
empregados, prepostos ou representantes. A vedação não se aplica quando a 
estipulação, por tais pessoas, for feita na condição de empregadores em favor 
de seus empregados.
UNIDADE 2 25
 OBRIGAÇÕES DAS PARTES
A obrigação assumida por aquele que contrata o seguro é a de pagar o 
prêmio, e a obrigação assumida pela seguradora é a de conceder a garantia. 
Estudaremos essas obrigações, detalhadamente, a seguir.
 Pagamento do Prêmio
A obrigação de pagar o prêmio éassumida por aquele que contrata o seguro, 
ou seja, o proponente. 
Normalmente, essa obrigação incumbe ao segurado, já que, via de regra, o 
seguro é contratado pela própria pessoa sobre a qual recai o risco de que ela 
pretende se proteger por meio seguro. 
No entanto, há casos em que uma pessoa pode deter interesse legítimo 
em contratar seguro para proteção contra um risco que recai sobre outra 
pessoa ou sobre o patrimônio de outra pessoa. Nesse caso, a obrigação 
de pagar o prêmio é da pessoa que propôs a contratação do seguro e pode, 
eventualmente, acumular a condição de beneficiária.
Já nos seguros estipulados por uma pessoa física ou jurídica (e não 
importando se o seguro é totalmente contributário, parcialmente 
contributário ou não contributário), a obrigação de repassar o prêmio à 
seguradora é do estipulante, que representa o grupo segurado na forma 
do § 1o do artigo 801 do Código Civil.
O Código Civil trata da obrigação de pagamento do prêmio no artigo 763:
“Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em 
mora no pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua 
purgação.”
Assim, em princípio, na hipótese de o sinistro ocorrer em uma data na qual o 
pagamento do prêmio não esteja em dia, segurado ou beneficiário não terão 
direito à indenização ou capital. 
Contudo, a interpretação e a aplicação desse artigo serão objeto, neste manual, 
de seção específica: “Mora do Segurado”.
É importante esclarecer que o fato de o risco não se verificar no curso da 
vigência da garantia não afasta a obrigação de pagamento do prêmio, a não 
ser que o contrário tenha sido ajustado entre as partes ou esteja previsto em 
lei especial. É o que estabelece o artigo 764 do Código Civil:
“Art. 764. Salvo disposição especial, o fato de se não ter verificado o 
risco, em previsão do qual se faz o seguro, não exime o segurado de 
pagar o prêmio.”
Tal dispositivo legal protege o segurador em função da própria natureza 
do negócio, tendo por resultado final a proteção do grupo segurado. 
Pelo princípio do mutualismo, mesmo que o risco não se verifique em 
razão do segurado, o prêmio servirá para indenizar outros segurados 
integrantes do grupo. Desta forma, não se justifica, em hipótese alguma, a 
recusa de seu pagamento ou devolução.
DIREITO DO SEGURO26
O artigo 758 do Código Civil prevê que o comprovante de pagamento do 
prêmio, na falta da apólice ou do bilhete, serve para provar a existência 
do contrato de seguro:
“Art. 758. O contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou 
do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento comprobatório 
do pagamento do respectivo prêmio.”
Neste artigo, a lei aumenta a possibilidade do consumidor de provar a existência 
do contrato de seguro, além da apólice ou do bilhete, através de qualquer 
documento que comprove o pagamento do prêmio. 
Na realidade, a lei cria apenas uma presunção relativa de existência do contrato 
de seguro, que pode ser afastada por prova em contrário. Nesse sentido, a 
interpretação do artigo mencionado deve ser feita em conjunto com a Circular 
SUSEP no 251/04.
O artigo 8o dessa circular prevê que somente os contratos de seguro cujas 
propostas tenham sido recepcionadas com adiantamento de valor pelo 
proponente terão início de vigência a partir da recepção da proposta 
pela seguradora, com a exceção de algumas hipóteses citadas na mesma 
circular.
Nada impede, no entanto, que a seguradora prove que recusou a proposta, 
dentro dos prazos estabelecidos no artigo 2o da Circular SUSEP no 251/04, de 
que restituiu ao proponente, na forma do § 3o do artigo 8o, o valor do prêmio 
que havia sido pago e de que o sinistro ocorreu depois disso. 
Em se tratando de Seguros de Danos, a seguradora deverá comprovar, também, 
que o sinistro ocorreu depois do prazo mencionado no §2o do artigo 8o da 
Circular SUSEP no 251/04. Com isso, fica afastada a presunção de existência do 
contrato de seguro que decorre do comprovante do pagamento do prêmio.
A presunção de existência do contrato de seguro que decorre da exibição do 
comprovante do pagamento do prêmio pode ser afastada, ainda, no caso de a 
seguradora provar que o prêmio foi pago por meio de cheque não compensado.
 Concessão da Garantia
A obrigação que a seguradora assume no contrato de seguro consiste em 
conceder uma garantia em prazo e condições que serão estabelecidos pelas 
partes. Todavia, o Código Civil traz algumas disposições específicas sobre 
o tema.
 Garantia nos Seguros de Danos
Nos Seguros de Danos, a prestação que vai representar a concessão da garantia 
pela seguradora, no caso de um sinistro coberto, pode se caracterizar pelo 
pagamento de uma indenização ou pela reposição da coisa, se prevista no 
contrato:
“Art. 776. O segurador é obrigado a pagar em dinheiro o prejuízo resultante 
do risco assumido, salvo se convencionada a reposição da coisa.”
A prestação devida pela seguradora, na ocorrência de sinistro coberto, consiste, 
a rigor, no pagamento de determinado valor. 
UNIDADE 2 27
Excepcionalmente, o Código Civil autoriza a reposição da coisa segurada, 
possível apenas nos Seguros de Danos, desde que prevista em cláusula 
contratual. 
Quando o contrato de seguro for de adesão, a reposição da coisa, se prevista 
em cláusula contratual, deve contar com a concordância do segurado no 
momento da regulação.
O valor da garantia concedida pela seguradora, também, não pode 
ultrapassar o valor do interesse segurado no momento da celebração do 
contrato (“conclusão do contrato”), sob pena da perda do direito ao valor 
do seguro pelo segurado. É o que prevê o artigo 778 do Código Civil, que 
veda o chamado sobresseguro:
“Art. 778. Nos seguros de dano, a garantia prometida não pode 
ultrapassar o valor do interesse segurado no momento da conclusão 
do contrato, sob pena do disposto no art. 766, e sem prejuízo da ação 
penal que no caso couber.”
Tal fato vem corroborar a máxima de que o objetivo do seguro não é o de 
enriquecer o segurado, mas, sim, assegurar a reposição do interesse segurável 
ou uma compensação por sua avaria ou perda.
Essas vedações decorrem do chamado princípio indenitário, típico dos 
Seguros de Danos, que consiste na noção de que o segurado deve receber 
da seguradora indenização que permita a recomposição do estado anterior 
(status quo ante) do seu patrimônio. Portanto, o segurado não deve receber 
indenização superior ao seu efetivo prejuízo.
Existe uma exigência de caráter técnico que justifica tal medida. 
Trata-se do princípio do mutualismo, viabilizado através da aplicação da lei dos 
grandes números, determinando que cada componente do grupo efetue um 
pequeno pagamento. Tal contribuição é somada a centenas ou milhares de 
outras, objetivando a satisfação de prejuízos comuns a qualquer grupo. Portanto, 
não é possível o pagamento que exceda o valor dos prejuízos ocorridos.
Excepcionalmente, é admitida a contratação do seguro por um percentual 
estimado do valor do interesse segurável, permitindo um ajuste do valor 
da garantia para mais ou para menos. Nos Seguros de Automóveis, o 
valor da garantia pode ser fixado com base num percentual sobre o valor do 
bem calculado por uma determinada instituição. Exemplo disso são os Seguros 
de Automóveis cuja garantia pode ser fixada entre 90% e 110% da tabela 
divulgada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE).
De acordo com o artigo 779 do Código Civil, a garantia deve, necessariamente, 
abranger os prejuízos que o segurado sofrer para evitar o sinistro, minorar o 
dano ou salvar a coisa:
“Art. 779. O risco do seguro compreenderá todos os prejuízos 
resultantes ou consequentes, como sejam os estragos ocasionados 
para evitar o sinistro, minorar o dano, ou salvar a coisa.”
Este artigo traça norma de natureza técnica, determinando a abrangência 
da cobertura. Assim, acobertura alcançará também os prejuízos oriundos 
das despesas no sentido de se evitar o sinistro, quando possível, ou reduzir a 
extensão do dano, já que o objetivo foi salvar a coisa. 
Finalmente, nos Seguros de Responsabilidade Civil, a garantia deve abranger 
as perdas e danos que o segurado causou a terceiro na forma do artigo 787 
do Código Civil, conforme será estudado oportunamente.
DIREITO DO SEGURO28
 Garantia nos Seguros de Pessoas
Nos Seguros de Pessoas, a prestação que representará o cumprimento da 
obrigação da seguradora corresponderá a um capital, fixado no contrato, cujo 
caráter não é indenizatório, mas meramente compensatório, já que a vida e 
as faculdades humanas são inapreciáveis economicamente.
O proponente tem a liberdade de fixar o valor da garantia e de contratar 
mais de um seguro sobre o mesmo interesse, com a mesma ou com mais 
de uma seguradora (artigo 789 do Código Civil). Todavia, o exercício desses 
direitos deve observar a boa-fé.
Nos Seguros de Pessoas, o capital segurado que representa a garantia não 
pode ser consumido pelas dívidas do beneficiário nem integrar o inventário do 
segurado falecido, por não constituir herança, conforme estabelece o artigo 
794 do Código Civil:
“Art. 794. No Seguro de Vida ou de Acidentes Pessoais para o caso 
de morte, o capital estipulado não está sujeito às dívidas do segurado, 
nem se considera herança para todos os efeitos de direito.”
Este artigo expressa a finalidade do seguro, sua importância e os valores a 
ele relativos. Determina que o capital segurado não responderá por dívidas, 
não sendo considerado herança. Fica aqui caracterizada a finalidade social do 
contrato de seguro, pois será o único valor, decorrente da morte do segurado, 
que o beneficiário receberá livre de qualquer desconto.
 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS 
DO CONTRATO DE SEGURO
No Direito Civil brasileiro, os contratos se classificam em: unilaterais ou 
bilaterais; onerosos ou gratuitos; comutativos ou aleatórios; nominados 
ou inominados; consensuais ou reais; solenes ou não solenes; e de adesão.
O contrato de seguro é classificado, por sua natureza jurídica, em: 
 Bilateral
O contrato de seguro é bilateral porque gera obrigações para ambas as partes. 
A obrigação da seguradora é de garantia, e a do proponente é de pagamento 
do prêmio. O não cumprimento (inadimplemento) da obrigação por uma 
das partes, ao menos como regra, impede que a mesma exija da outra o 
cumprimento da obrigação que lhe compete.
 Oneroso
O contrato de seguro é oneroso porque ambas as partes almejam um benefício. 
O proponente busca uma garantia, que se traduz na proteção de um interesse 
legítimo contra determinados riscos. A seguradora almeja o recebimento do 
prêmio com o qual formará o fundo comum destinado a saldar a prestação 
correspondente à garantia.
UNIDADE 2 29
 Aleatório
O contrato de seguro é aleatório porque não há correspectividade entre as 
prestações das partes, relacionadas às obrigações que assumiram. 
Quando da celebração do contrato, enquanto a seguradora tem a certeza 
de que receberá o prêmio do segurado, este último (ou o beneficiário por 
ele designado) não tem a certeza de que receberá a indenização ou capital 
segurado, pois tal prestação (que materializa a obrigação da seguradora) só 
se verificará na hipótese de ocorrer um sinistro coberto. 
 Solene
O contrato de seguro é solene porque o consentimento das partes deve ser 
dado na forma prescrita pela lei. 
Em geral, esse consentimento é manifestado de forma escrita: o proponente 
apresenta proposta em formulário impresso, preenchido e assinado, e a 
seguradora manifesta sua aceitação mediante a emissão do bilhete, certificado 
ou apólice.
O consentimento da seguradora no sentido de aceitar a proposta poderá, 
igualmente, prescindir da forma escrita. Isto ocorrerá quando a seguradora 
deixar decorrer, sem manifestação formal, o prazo estabelecido nas normas 
regulamentares para aceitar ou recusar a proposta. O decurso desse prazo 
sem manifestação da seguradora acarretará a aceitação.
 Consensual
Contratos consensuais são os que se formam com a simples anuência das 
partes, não se exigindo nenhuma outra formalidade. 
O contrato de seguro é consensual porque a manifestação de vontade de ambas 
as partes, no mesmo sentido, faz surgir o contrato. Assim, a apresentação da 
proposta pelo próprio segurado (ou um terceiro), somada à aceitação dela 
pela seguradora, configura o vínculo contratual. 
 Nominado
O contrato de seguro é nominado (ou típico) porque se trata de espécie de 
contrato regulamentada pela legislação.
 Adesão
O contrato de seguro é contrato de adesão, pois a seguradora, na maioria dos 
casos, redige unilateralmente as cláusulas e as submete à aprovação do órgão 
regulador competente, restando ao proponente aderir ao seu conteúdo. 
A exceção ocorre nos seguros de grandes riscos, nos quais as partes, em razão 
da complexidade do risco e do envolvimento econômico do interesse segurável, 
discutem e ajustam conjunta e previamente as cláusulas contratuais.
DIREITO DO SEGURO30
 INSTRUMENTOS CONTRATUAIS
 Proposta
É o instrumento pelo qual o proponente manifesta, perante a seguradora, 
a sua vontade de contratar o seguro. Nesse documento, o proponente deve 
descrever o mais detalhadamente possível o interesse segurável e os riscos a 
que está sujeito, conforme estabelece o artigo 759 do Código Civil:
“Art. 759. A emissão da apólice deverá ser precedida de proposta 
escrita com a declaração dos elementos essenciais do interesse a ser 
garantido e do risco.”
As informações constantes da proposta, sejam aquelas previamente impressas 
no formulário pela seguradora, sejam aquelas prestadas pelo proponente, 
integram o contrato de seguro. 
A proposta é um instrumento poderoso para a adequada seleção de risco 
pelo segurador, pois pode ser acompanhada de questionário de avaliação de 
risco. Nos Seguros de Automóveis, por exemplo, o questionário de avaliação 
de risco é conhecido como “perfil”. Nos Seguros de Pessoas, o questionário 
de avaliação de risco é chamado de “declaração de saúde e atividade”.
A proposta não precisa, necessariamente, ser assinada pelo proponente. 
Pode ser assinada pelo corretor de seguros ou pelo representante legal 
do proponente, conforme o artigo 13 da Lei no 4.594/64, o artigo 9o do 
Decreto-Lei no 73/66 e o artigo 1o da Circular SUSEP no 251/04:
Lei no 4.594/64:
“Art. 13. Só ao corretor de seguros devidamente habilitado nos 
termos desta lei e que houver assinado a proposta deverão ser pagas 
as corretagens admitidas para cada modalidade de seguro, pelas 
respectivas tarifas, inclusive em caso de ajustamento de prêmios.”
Decreto-Lei no 73/66:
“Art. 9o. Os seguros serão contratados mediante propostas assinadas 
pelo segurado, seu representante legal ou por corretor habilitado, 
com emissão das respectivas apólices, ressalvado o disposto no artigo 
seguinte.”
Circular SUSEP no 251/04:
“Art. 1o. A celebração ou alteração do contrato de seguro somente 
poderá ser feita mediante proposta assinada pelo proponente, seu 
representante legal ou por corretor de seguros habilitado, exceto 
quando a contratação se der por meio de bilhete.” (Redação publicada 
no D.O.U., S.I., p.17, de 10/05/04)
Já o questionário de avaliação de riscos deve, necessariamente, ser preenchido 
e assinado pelo segurado, única pessoa capaz de prestar de forma verdadeira 
e completa as informações solicitadas pela seguradora por meio desse 
documento.
A Lei no 4.594/64 regula a profi ssão de 
corretor de seguros. Todo profissional 
que atue em corretagem de seguros deve 
conhecer essa lei. 
www.planalto.gov.br
Vale a pena ler 
na íntegra
Circular SUSEP no 251/04 – dispõe 
sobre a aceitação da proposta e sobre 
o início de vigência da cobertura 
nos contratos de segurose 
dá outras providências.
www.susep.org.br
UNIDADE 2 31
As declarações inexatas, se resultarem de má-fé do proponente, do corretor 
ou de seu representante legal, podem implicar a perda do direito ao valor 
do seguro, conforme o artigo 766 do Código Civil, dispositivo a ser estudado 
oportunamente.
A seguradora dispõe de um prazo específico para se manifestar sobre a 
proposta. O artigo 2o da Circular SUSEP no 251/04 aborda tal prazo, que é 
de 15 dias contados a partir da data do recebimento da proposta, seja para 
seguros novos ou renovações, bem como para alterações que impliquem 
modificação do risco. O § 5o daquele artigo reduz o prazo para sete dias 
quando se tratar de contrato de Seguro do Ramo Transportes, cuja cobertura 
se restrinja a uma viagem apenas.
O prazo para a seguradora se manifestar sobre a proposta admite suspensão 
na forma dos parágrafos 1o a 3o do mencionado artigo.
De acordo com o § 4o, ficará a critério da seguradora a decisão de informar, 
ou não, por escrito, ao proponente, ao seu representante legal ou ao corretor 
de seguros sobre a aceitação da proposta. Contudo, em se tratado de recusa, 
deve haver comunicação formal e justificada.
Decorrido o prazo para manifestação sem que a seguradora se manifeste, tal 
silêncio implicará a aceitação tácita, conforme se infere do § 6o do referido 
artigo, bem como do artigo 432 do Código Civil.
Com base nessas premissas, o artigo 4o da mesma circular define a data 
em que a proposta é considerada aceita:
Art. 4o. A data de aceitação da proposta será:
I – aquela em que a sociedade seguradora se manifestar expressamente, 
observados os prazos previstos no artigo 2o desta Circular;
II – a de término dos prazos previstos no artigo 2o desta Circular, em 
caso de ausência de manifestação formal, por parte da sociedade 
seguradora.
Os Seguros de Danos e os Seguros de Pessoas com cobertura de risco 
submetem-se a essa sistemática, uma vez que as Circulares SUSEP no 256/04 
e 302/05 não tratam do tema. 
É importante mencionar que os seguros contratados por meio de bilhete 
dispensam a proposta escrita, como, por exemplo, o Seguro DPVAT.
Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados na contratação do seguro, 
sobretudo no que diz respeito aos negócios jurídicos. 
DIREITO DO SEGURO32
O contrato é um negócio jurídico e requer, para sua validade, a observância dos 
requisitos do artigo 104 do Código Civil: agente capaz; objeto lícito, possível, 
determinado ou determinável; e forma prescrita ou não defesa em lei. 
Sendo o contrato um negócio jurídico bilateral, a vontade das partes é, 
também, um requisito para sua validade. Para que a manifestação de vontade 
das partes seja válida, é indispensável que elas tenham capacidade de fato.
A capacidade de fato é a aptidão da pessoa para exercer seus direitos na vida 
civil por si mesma, sem necessidade de assistência ou de representação por 
um terceiro. 
Uma vez que o exercício dos direitos (capacidade de fato) pressupõe que a pessoa 
tenha consciência e vontade para tanto, a lei exige que o exercício dos direitos por 
determinadas pessoas se verifique com a observância de certas formalidades. 
Dispõe o artigo 5o do Código Civil Brasileiro: 
“Art. 5o. A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a 
pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.”
Desta forma, as pessoas que firmarem a proposta, bem como os corretores 
de seguro, para exercerem suas atividades, deverão ser pessoas maiores e 
capazes. 
No tocante às pessoas jurídicas, a proposta de seguro deve ser assinada por 
quem tenha poderes para administrá-la (artigo 47 do Código Civil). 
Considerando que a contratação por pessoa jurídica de Direito Público dispensa 
a intermediação de corretor, interessa, para efeito deste estudo, a pessoa 
jurídica de Direito Privado.
Os atos constitutivos da pessoa jurídica de Direito Privado (contrato ou estatuto 
social) indicam quem são os seus administradores, estabelecendo os limites 
dos poderes que lhes são outorgados.
 Apólice
A apólice, a exemplo do bilhete, é emitida pela seguradora para formalizar a 
aceitação da proposta e, consequentemente, a contratação do seguro.
Por isso é que o artigo 758 do Código Civil prevê que a apólice é um dos meios 
de provar a existência do contrato de seguro:
“Art. 758. O contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou 
do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento comprobatório 
do pagamento do respectivo prêmio.”
A existência da apólice de seguro, portanto, presume a existência do contrato 
de seguro e, por conseguinte, de garantia na vigência nela especificada. 
Contudo, essa presunção é relativa e pode ser afastada, por exemplo, no caso 
de a seguradora provar que o contrato de seguro foi cancelado antes do prazo 
previsto para término de sua vigência por determinado motivo.
UNIDADE 2 33
O artigo 760 do Código Civil estabelece que a apólice deve ser nominativa, 
à ordem ou ao portador: 
 
“Art. 760. A apólice ou o bilhete de seguro serão nominativos, à ordem 
ou ao portador, e mencionarão os riscos assumidos, o início e o fim de 
sua validade, o limite da garantia e o prêmio devido, e, quando for o 
caso, o nome do segurado e o do beneficiário.
Parágrafo único. No Seguro de Pessoas, a apólice ou o bilhete não 
podem ser ao portador.”
A apólice nominativa é aquela que contém o nome do segurado e, quando 
for o caso, do beneficiário por ele indicado.
A apólice à ordem contém o nome do segurado, e a cláusula à ordem permite 
que ela seja transferida pelo segurado a terceiro, mas somente pelo chamado 
endosso em preto, que é aquele datado e feito com assinatura do endossante 
e do endossatário (conforme o § 2o do art. 785 do Código Civil).
A apólice ao portador é aquela que confere os direitos por ela garantidos a 
quem a portar, ou seja, a possuir.
A emissão de uma apólice à ordem ou ao portador deve ser objeto de acordo 
entre o proponente e a seguradora. Se a apólice é emitida à ordem ou ao 
portador, a sua transmissão implica a transferência do crédito decorrente da 
garantia.
É importante observar que o artigo mencionado veda a emissão de apólices 
ou bilhetes ao portador nos Seguros de Pessoas.
O mesmo dispositivo prevê que a apólice deve conter informações essenciais: 
riscos assumidos; o início e o fim de sua validade; o limite da garantia e o prêmio 
devido; e, quando for o caso, o nome do segurado e o do beneficiário.
O artigo 761 do Código Civil deixa claro que, quando houver cosseguro, 
a apólice deverá conter as informações sobre ele e informar o nome da 
seguradora que administrará o contrato:
“Art. 761. Quando o risco for assumido em cosseguro, a apólice indicará 
o segurador que administrará o contrato e representará os demais, para 
todos os seus efeitos.”
O cosseguro é uma forma utilizada pelo segurador para a pulverização do 
risco que lhe foi transmitido pelo segurado. Sob a ótica do segurado, ele estará 
contratando com várias seguradoras ao mesmo tempo, ficando configurada 
a divisão de responsabilidades entre várias companhias. 
A apólice também deve estar acompanhada das suas condições, ou seja, das 
cláusulas que regem o contrato de seguro.
As condições de apólice se dividem em condições gerais, que se referem aos 
ramos de seguro; condições especiais, que se referem às modalidades do 
ramo; e condições particulares, que dispõem sobre ajustes específicos feitos 
entre segurado e seguradora. As condições particulares estão presentes, via 
de regra, nos seguros de médios e grandes riscos. 
Isto é básico
Verifica-se o cosseguro quando duas 
ou mais sociedades seguradoras, em 
determinada apólice e com a anuência do 
segurado, distribuem percentualmente o 
risco entre si. Cada seguradora responderá 
por sua cota-parte no pagamento da 
indenização securitária na proporçãodo 
risco que assumiu. 
DIREITO DO SEGURO34
Assim, as cláusulas das condições particulares prevalecem sobre as das 
condições especiais. As cláusulas das condições especiais, por sua vez, 
prevalecem sobre as cláusulas das condições gerais. 
As condições de apólice não devem contrariar as normas legais nem as 
regulamentares e precisam ser previamente aprovadas pelo órgão regulador 
competente.
 Endosso ou Aditivo
São instrumentos contratuais utilizados em função da necessidade de se 
modificarem dispositivos contratuais, de se acrescentarem dispositivos novos 
ou de se incluírem bens na cobertura.
O endosso ou aditivo é utilizado para formalizar modificações, correções ou 
acréscimos na apólice. Exemplos: substituição de um veículo segurado, aumento 
da importância segurada, alteração de um dado pessoal do segurado.
 Averbação
A averbação é o instrumento típico das apólices denominadas abertas ou de 
averbação e é usada para individualizar detalhes variáveis sobre o risco. 
Nos seguros de transportes, por exemplo, por meio da apólice aberta, o 
segurado faz as averbações dos embarques realizados, agilizando, deste modo, 
a contratação do seguro.
Pode ser provisória ou definitiva. 
 Bilhete
O artigo 10 do Decreto-Lei no 73/66 autoriza a contratação de seguros 
por simples emissão de bilhete mediante solicitação do interessado. 
Contudo, cabe ao Conselho Nacional de Seguros Privados, órgão encarregado 
de estabelecer a Política Nacional de Seguros Privados, regulamentar 
as hipóteses em que se admite a contratação de seguro por bilhete, 
padronizando as suas cláusulas e os impressos necessários:
“Art. 10. É autorizada a contratação de seguros por simples emissão 
de bilhete de seguro, mediante solicitação verbal do interessado. 
§ 1o O CNSP regulamentará os casos previstos neste artigo, padronizando 
as cláusulas e os impressos necessários.”
Exemplos de seguros contratados por bilhete: Danos Pessoais causados por 
Veículos Automotores Terrestres – DPVAT –, Acidente Pessoal Individual e 
Incêndio Residencial.
O bilhete, a exemplo da apólice, é emitido pela seguradora para formalizar 
a contratação do seguro. A principal diferença é que os seguros contratados 
por bilhete dispensam a apresentação de proposta, bem como a emissão 
de apólice.
O já citado artigo 758 do Código Civil prevê que o bilhete é um dos meios de 
provar a existência do contrato de seguro.
FIXANDO CONCEITOS 2 35
Fixando Conceitos 2
Anotações:
[1] MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA
A pessoa física ou jurídica que contrata um seguro por conta de terceiros 
é o(a):
(a) Beneficiário. 
(b) Estipulante.
(c) Ressegurador.
(d) Seguradora.
(e) Segurado.
[2] ANALISE SE AS PROPOSIÇÕES SÃO VERDADEIRAS OU FALSAS E DEPOIS 
MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA:
( ) Nos Seguros de Danos, a garantia pode, excepcionalmente, consistir na 
reposição da coisa segurada.
( ) Nos Seguros de Danos, vigora a regra de que o valor da garantia 
concedida pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento 
da contratação.
( ) Nos Seguros de Pessoas, a garantia tem natureza indenizatória.
( ) Nos Seguros de Pessoas, o capital segurado constitui herança.
(a) V,F,V,F
(b) V,F,F,F
(c) F,V,F,V
(d) F,V,V,F
(e) F,V,V,V
MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA
[3] O instrumento no qual devem ser descritos para a seguradora o interesse 
segurável e o risco é o(a):
(a) Proposta. 
(b) Apólice.
(c) Endosso.
(d) Averbação.
(e) Bilhete.
DIREITO DO SEGURO36
Anotações:
Fixando Conceitos 2
[4] A pessoa sobre a qual recai o risco segurável é a (o):
(a) Seguradora. 
(b) Estipulante.
(c) Segurado.
(d) Beneficiário.
(e) Ressegurador.
[5] Pelo princípio indenitário, que vigora nos Seguros de Danos, é correto 
afirmar que:
(a) É lícito ao segurado auferir lucro com o seguro.
(b) O seguro serve como uma espécie de investimento.
(c) A indenização visa à recomposição do estado anterior do patrimônio 
do segurado. 
(d) O segurado pode receber indenização superior ao prejuízo sofrido.
(e) O segurado deve contratar garantia que supere o valor do interesse 
segurável.
UNIDADE 3 37
O SEGURO E O 
CÓDIGO CIVIL33
Após ler esta unidade, você deve ser capaz de:
• Entender que a seguradora responde apenas pelos riscos predeterminados no 
contrato de seguro.
• Compreender a importância da boa-fé para o contrato de seguro.
• Conhecer os efeitos do ato doloso praticado pelo segurado, pelo beneficiário ou 
por seus representantes.
• Identificar a ocorrência do agravamento do risco.
• Saber no que consiste a sub-rogação e quando ela ocorre.
• Ter uma visão geral sobre os principais dispositivos do Código Civil aplicáveis 
aos Seguros de Danos e de Pessoas.
DIREITO DO SEGURO38
UNIDADE 3 39
 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O contrato de seguro está disciplinado de forma especial no Código Civil (Lei no 10.406/02), que contém um capítulo inteiramente dedicado a ele (artigos 757 a 802). 
Esta unidade divide-se em três seções: uma contendo disposições gerais 
aplicáveis tanto aos Seguros de Danos quanto de Pessoas (artigos 757 a 777), 
outra contendo disposições específicas sobre Seguros de Danos (artigos 778 
a 788) e, finalmente, outra contendo disposições específicas sobre Seguros 
de Pessoas (artigos 789 a 802).
O estudo do contrato de seguro feito a seguir é baseado, essencialmente, 
nesses artigos (dispositivos).
 DISPOSIÇÕES COMUNS AOS 
SEGUROS DE DANOS E DE PESSOAS
 Riscos Predeterminados
A seleção de riscos é indispensável para o sucesso da atividade seguradora. 
Por esse motivo, o artigo 757 do Código Civil prevê, claramente, que a 
seguradora somente está obrigada a cobrir os riscos predeterminados no 
contrato de seguro:
“Art. 757. Pelo contrato de seguro o segurador se obriga, mediante 
o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, 
relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados.
Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como 
segurador, entidade para tal fim legalmente autorizada.”
 Boa-Fé na Conclusão e na Execução 
do Contrato de Seguro
A boa-fé é um princípio que rege todos os contratos. Ela se divide em duas 
acepções: uma objetiva e outra subjetiva.
 Boa-Fé Objetiva
Na sua acepção objetiva, a boa-fé desempenha várias funções. A mais 
importante delas corresponde a um padrão de comportamento, um modelo 
de conduta que deve ser observado pelos contratantes e os obriga a observar 
e cumprir determinados deveres. 
Aprenda mais
sobre este assunto
Estude o capítulo do 
Seguro no Código Civil. 
Leia: TEPEDINO, Gustavo 
(et al.). Código Civil 
interpretado conforme a 
Constituição da República. 
Rio de Janeiro: Renovar, 2004. 
Art. 757 a 802.
DIREITO DO SEGURO40
Esses deveres dividem-se, basicamente, em três grupos: 
• deveres de informação e esclarecimento. 
 Exemplo: o dever do proponente de informar à seguradora, na proposta, 
tudo o que souber sobre o interesse segurável e o risco, conforme se extrai 
do artigo 759 do Código Civil. Se descumprir, de algum modo, esse dever 
de informação, o proponente estará violando a boa-fé objetiva;
• deveres de lealdade e cooperação. 
 Exemplo: o dever do segurado de cooperar com a seguradora no sentido 
de adotar todas as providências que estejam ao seu alcance para minorar 
o dano ou salvar a coisa segurada, conforme estabelece o artigo 779 do 
Código Civil. Se o segurado descumprir esse dever, ele estará violando a 
boa-fé objetiva; e
• deveres de proteção. 
 Exemplo: o dever da seguradora de proteger os dados pessoais fornecidos 
pelo segurado, impedindo que eles sejam indevidamente acessados por 
terceiros ou transferidos a estes. Se a seguradora deixar de adotar todas as 
medidas que estiverem ao seu alcance para, razoavelmente, evitar que isso 
ocorra, estará descumprindo a boa-fé objetiva.O artigo 765 do Código Civil trata, especificamente, da boa-fé objetiva no 
contrato de seguro e deixa claro que as partes devem considerá-la tanto no 
momento da celebração do contrato (fase de “conclusão”) quanto durante 
sua vigência, quando as partes devem cumprir suas obrigações (fase de 
“execução”):
“Art. 765. O segurado e o segurador são obrigados a guardar, na 
conclusão e na execução do contrato, a mais estrita boa-fé e veracidade, 
tanto a respeito do objeto como das circunstâncias e declarações a ele 
concernentes.”
A boa-fé objetiva, no contrato de seguro, é exigida com mais energia, 
consistência e profundidade do que em outros contratos. Isto porque, no 
seguro, o elemento da confiança tem maior peso, já que a seguradora aceita 
conceder a garantia baseada nas informações que lhe são prestadas pelo 
proponente sobre o interesse segurável, o objeto do contrato.
 Boa-Fé Subjetiva
Na sua acepção subjetiva, a boa-fé contrapõe-se à noção de má-fé. 
De acordo com o entendimento predominante na doutrina e na 
jurisprudência, age contrariamente à boa-fé (ou seja, age de má-fé) quem 
procede com dolo.
O dolo consiste em manobras ou maquinações feitas com o propósito de 
obter uma declaração de vontade que não seria emitida se o declarante não 
fosse enganado por outra pessoa.
UNIDADE 3 41
Assim, age dolosamente o contratante que procede de forma a enganar, iludir 
e prejudicar o outro contratante.
Como a boa-fé deve ser presumida, quando a seguradora se recusar a pagar a 
indenização ou o capital segurado baseada na suspeita de má-fé do segurado 
ou do beneficiário, ela deverá fazer prova dessa alegação se for acionada 
judicialmente.1
 Efeitos do Descumprimento do Dever de 
Informação que Influi na Aceitação da 
Proposta ou na Tarifação do Prêmio
O artigo 766 do Código Civil estabelece as consequências para o descumprimento 
do dever de informação pelo segurado ou pelo seu representante no caso de 
a informação inexata ou omitida influir na decisão da seguradora de aceitar 
a proposta ou na tarifação do prêmio.
“Art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer 
declarações inexatas ou omitir circunstâncias que possam influir na 
aceitação da proposta ou na taxa do prêmio, perderá o direito à 
garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido.
Parágrafo único. Se a inexatidão ou omissão nas declarações não resultar 
de má-fé do segurado, o segurador terá direito a resolver o contrato, 
ou a cobrar, mesmo após o sinistro, a diferença do prêmio.”
Nesse dispositivo, o legislador distinguiu, claramente, duas hipóteses e seus 
respectivos efeitos:
• na hipótese de a omissão de uma informação ou prestação de uma 
informação inexata decorrer comprovadamente de má-fé do segurado 
ou de seu representante, o segurado perderá o direito à garantia e ficará 
obrigado ao pagamento do prêmio vencido;
• na hipótese de a omissão ou inexatidão não decorrer de má-fé do segurado 
ou de seu representante (ou seja, se for fruto de um mero descuido), a 
seguradora, na altura em que descobrir o problema: 
– se ainda não tiver ocorrido um sinistro, poderá optar por resolver (ou 
seja, “cancelar”) o contrato de seguro, ou mantê-lo em vigor, cobrando 
a diferença de prêmio; e
– se já tiver ocorrido um sinistro, não poderá cancelar o contrato, 
restando-lhe como única alternativa pagar a indenização ou capital, 
abatendo, do valor a ser pago, a diferença de prêmio.
1 Enunciado 372 do Conselho da Justiça Federal espelha claramente essa realidade quando 
prevê o seguinte: “Enunciado 372 – em caso de negativa de cobertura securitária por 
doença preexistente, cabe à seguradora comprovar que o segurado tinha conhecimento 
inequívoco daquela”.
DIREITO DO SEGURO42
 Ato Doloso do Segurado, do Beneficiário 
ou do Representante de um Deles
O dever de proteção recíproco dos contratantes, derivado da boa-fé objetiva, 
exige do segurado, do beneficiário e dos representantes de ambos que se 
abstenham da prática de determinados atos. 
Um dos princípios típicos do contrato de seguro é o princípio do absenteísmo, 
segundo o qual tais pessoas devem se portar, em relação ao interesse segurado, 
como se seguro não houvesse. Isto significa que sua conduta deve ser no 
sentido de não querer, de não aumentar e de não provocar o risco.
O artigo 762 do Código Civil torna nulo o contrato de seguro especificamente 
em relação aos atos dolosos do segurado, do beneficiário e de seus 
representantes:
“Art. 762. Nulo será o contrato para garantia de risco proveniente de 
ato doloso do segurado, do beneficiário, ou de representante de um 
ou de outro.”
Desse modo, os atos do segurado, do beneficiário ou de seus representantes 
que decorrerem de dolo direto (também chamado de dolo puro) ou de 
dolo indireto (também chamado de dolo eventual) irão gerar a nulidade 
do contrato. 
No dolo puro ou direto, o agente tem a intenção de alcançar o resultado 
danoso, ou seja, quer produzi-lo. Exemplo disso ocorre quando, nos Seguros de 
Pessoas, o beneficiário encomenda a terceiro a morte do segurado, fazendo-o 
com o propósito de receber o capital segurado por morte acidental.
No dolo eventual ou indireto, o agente não tem a intenção de alcançar o 
resultado danoso, mas este é mencionado e, apesar disso, a pessoa se porta 
de maneira indiferente, ou seja, assume o risco da produção desse resultado. 
Exemplo disso ocorre nos Seguros de Automóveis, quando o segurado, apenas 
com o objetivo de cortar caminho para chegar ao seu destino, decide seguir 
por uma via na contramão e acaba provocando uma colisão.
É importante observar que estão fora do alcance do artigo 762 do Código 
Civil os atos culposos, que são aqueles por meio dos quais o agente não 
quer alcançar o resultado danoso, mas atua com imprudência, negligência 
ou imperícia.
• a negligência evidencia-se, usualmente, pela omissão. Relaciona-se, 
principalmente, com a desídia. É a ação necessária que se deixou de 
praticar, como, por exemplo, consertar uma marquise que está em mau 
estado de conservação; deixar de efetuar manutenção obrigatória em 
equipamentos, conforme determinação do fabricante; viajar sem fazer 
revisão no veículo; e demais condutas assemelhadas;
• a imprudência é a ação que não deveria ser praticada. Na imprudência, 
o sujeito procede precipitadamente ou sem prever integralmente as 
consequências da ação, como, por exemplo, colocar objetos soltos no 
parapeito da janela de um apartamento; 
UNIDADE 3 43
 • a imperícia é a ação praticada sem a habilidade ou competência necessária 
para fazê-lo, ou seja, o sujeito age ou deixa de agir com ou sem a habilidade 
técnica que deveria possuir como profissional habilitado (médico, 
motorista, engenheiro), como no caso de instalação elétrica realizada por 
quem não tem conhecimento de eletricidade.
A prática de ato doloso pelo segurado, pelo beneficiário ou pelo representante 
de um deles é difícil de ser provada de forma contundente. Por isso, a 
jurisprudência tem admitido que a seguradora, para o fim de demonstrar 
que a indenização ou o capital segurado não devem ser pagos com base 
nesse dispositivo, utilize-se da chamada prova indiciária, consistente em 
fortes evidências, em flagrantes indícios de dolo.2
 Agravamento do Risco
O agravamento do risco caracteriza-se pela alteração do estado original 
de risco, ou seja, pela modificação, na vigência do contrato de seguro, 
da situação de risco original, isto é, presente quando da celebração do 
contrato.
O agravamento do risco pode decorrer de vários fatores. Por exemplo, de 
um ato doloso ou culposo do segurado, ou, ainda, como resultado de uma 
conduta do segurado que não seja culposa, bem como de um fato totalmente 
alheio à sua vontade.
O agravamento do risco é tratado nos artigos 768 e 769 do Código Civil.
O artigo 768 trata do agravamento intencional dorisco:
“Art. 768. O segurado perderá o direito à garantia se agravar 
intencionalmente o risco objeto do contrato.”
Recente decisão do Superior Tribunal de Justiça se deu no sentido de que 
a intencionalidade citada no artigo está vinculada à própria ocorrência do 
sinistro.3 
2 Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça entendeu que a participação em disputa 
automobilística – “racha” – configura agravamento intencional do risco, por ato consciente 
e voluntário, ensejando a perda da cobertura securitária. (STJ REsp 1368766/RS. Recurso 
Especial 2012/0251038-0. Dje 06/04/2016. Disponível em: www.stj.jus.br. Acesso em 03 
out. 2016). 
3 Em julgamento mais recente sobre o tema, o Superior Tribunal de Justiça enfrentou 
hipótese na qual o segurado caiu de uma alta torre metálica, onde subira para ter acesso 
à vista panorâmica, tendo ficado paraplégico. O tribunal entendeu que não caracteriza 
agravamento de risco o ato do segurado que constitui “comportamento aventureiro 
razoável e previsível na vida das pessoas, como também acontece com escalada de 
árvores, pedras, trilhas íngremes, e coisas semelhantes” (BRASIL. Superior Tribunal de 
Justiça. Recurso Especial 795.027/RS. Relator: Ministro Aldir Passarinho Júnior. Brasília, 
18 de março de 2010. Disponível em: www.stj.jus.br. Acesso em 28 out. 2010).
DIREITO DO SEGURO44
Isso significa que o agravamento do risco, na forma do artigo 768 do Código 
Civil, só se caracteriza quando o segurado age com dolo; portanto, com o 
intuito de aumentar o risco ou desencadear o sinistro.
O artigo 769 do Código Civil trata do agravamento do risco decorrente de 
um “incidente”:
“Art. 769. O segurado é obrigado a comunicar ao segurador, logo 
que saiba, todo incidente suscetível de agravar consideravelmente o 
risco coberto, sob pena de perder o direito à garantia, se provar que 
silenciou de má-fé.
§ 1o O segurador, desde que o faça nos 15 dias seguintes ao 
recebimento do aviso da agravação do risco sem culpa do segurado, 
poderá dar-lhe ciência, por escrito, de sua decisão de resolver o 
contrato.
§ 2o A resolução só será eficaz trinta dias após a notificação, devendo 
ser restituída pelo segurador a diferença do prêmio.”
Para incidência do dispositivo, o agravamento deve ser “considerável”, ou 
seja, aumentar substancialmente o estado original de risco. O segurado, tão 
logo constate o agravamento, deve comunicar o fato à seguradora.
Feita a comunicação pelo segurado, a seguradora poderá, até 15 dias depois 
de avisada e desde que não tenha havido sinistro, optar por resolver (cancelar) 
o contrato, comunicando sua decisão ao segurado, ou poderá mantê-lo, caso 
em que deverá cobrar a diferença de prêmio. Se tiver ocorrido sinistro, a 
seguradora poderá descontar a diferença de prêmio da indenização.
No caso de resolução (cancelamento), esta somente produzirá efeitos após 
30 dias do recebimento da notificação pelo segurado. Portanto, se nesse 
intervalo ocorrer um sinistro, o pagamento da indenização ou capital é devido. 
Findo esse prazo, e se não tiver ocorrido sinistro, a resolução (cancelamento) 
produzirá seus efeitos, cabendo ao segurado o direito à restituição da diferença 
de prêmio.
Se o segurado não informar o agravamento e um sinistro ocorrer, o segurado 
somente perderá o direito à indenização ou capital se a seguradora puder 
provar que o silêncio do segurado sobre o agravamento foi intencional 
(proposital).
 Contratação por Meio de Agente 
Autorizado da Seguradora
A contratação de seguros pode ocorrer de forma direta, entre segurado e 
seguradora, e mediante intermediação.
A contratação intermediada pode ser feita por um corretor de seguros ou por 
um agente autorizado da seguradora.
UNIDADE 3 45
O agente autorizado da seguradora mantém com esta última uma relação 
contratual. Tal figura está prevista no art. 775 do Código Civil:
“Art. 775. Os agentes autorizados do segurador presumem-se 
seus representantes para todos os atos relativos aos contratos que 
agenciarem.”
Assim, o agente autorizado representa os interesses da seguradora, podendo 
intermediar operações de seguro diretamente com o segurado interessado. 
Esse agente autorizado pode ser pessoa física ou jurídica, e a seguradora 
responde solidariamente pelos atos praticados por esse representante caso 
ele cause dano ao segurado ou a terceiros.
O agente autorizado da seguradora não se confunde, portanto, com a figura 
do corretor de seguros, o qual, por força do artigo 17 da Lei no 4.594/64 e 
de normas regulamentares, não pode ser sócio, administrador, procurador, 
despachante ou empregado de sociedade seguradora. Na qualidade de 
intermediário com total independência em relação à seguradora, o corretor 
de seguros deve ter em vista os interesses do proponente/segurado.
 Renovação Automática
De acordo com o artigo 774 do Código Civil, a renovação automática 
(“recondução tácita”) do contrato de seguro, por força de cláusula contratual, 
somente poderá ocorrer uma única vez:
“Art. 774. A recondução tácita do contrato pelo mesmo prazo, mediante 
expressa cláusula contratual, não poderá operar mais de uma vez.”
Tal norma possui como objetivo a proteção do segurado relativa ao 
cálculo do prêmio ou dos aspectos de mudança do risco. Dessa forma, a 
renovação automática por prazo indeterminado constituiria obstáculo no 
acompanhamento constante do risco e sua eventual modificação. 
Portanto, excetuados o Seguro-Saúde e os seguros celebrados por prazo 
indeterminado, a renovação dos demais seguros com base em cláusula de 
renovação automática e pelo mesmo prazo ajustado originalmente somente 
poderá ocorrer uma única vez e por igual prazo. Depois disso, a renovação 
dependerá da concordância do segurado.
 Mora do Segurado
O artigo 763 do Código Civil estabelece o seguinte:
“Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em 
mora no pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua 
purgação.”
Esse artigo, no entanto, deve ser interpretado em conjunto com as normas 
regulamentares editadas pela SUSEP, que abrandam a sua aplicação quando 
presentes algumas condições.
O artigo 7o da Circular SUSEP no 251/04 prevê que, nos contratos de seguro 
cujas propostas tenham sido recepcionadas sem pagamento do prêmio, o 
início da vigência da cobertura deverá coincidir com a data de aceitação da 
proposta ou com outra data acordada entre as partes. 
DIREITO DO SEGURO46
Assim, se antes da aceitação ocorrer um sinistro, não haverá cobertura. 
Porém, se depois da aceitação ocorrer um sinistro e o segurado ainda não tiver 
pago o prêmio apenas porque a primeira parcela ainda não venceu, haverá 
cobertura. Numa outra hipótese, se depois da aceitação a primeira parcela 
de prêmio vencer e não for paga, não haverá cobertura.
As normas regulamentares estabelecem, também, situações em que haverá a 
chamada cobertura técnica. Exemplo disso está no § 1o do artigo 8o da mesma 
circular, segundo o qual, nos Seguros de Automóveis, a vigência da garantia 
tem início, via de regra, a partir da realização da vistoria, independentemente 
de ter havido pagamento do prêmio. 
Já quando se tratar de veículo novo, ou de renovação junto ao mesmo segurado, 
a vigência começa desde a recepção da proposta, independentemente de 
pagamento do prêmio.
Nos Seguros de Danos, se a recusa da proposta ocorrer no prazo regulamentar, 
a cobertura prevalecerá por mais dois dias úteis, contados da data em que o 
proponente, seu representante ou corretor tiverem ciência formal da recusa, 
conforme o § 2o do artigo 8o da mencionada circular.
O problema maior se situa naqueles casos em que, na vigência da garantia, 
o pagamento dos prêmios, que vinha sendo feito de forma regular, deixa 
de ocorrer.
Na visão da seguradora, essa inadimplência acarreta, num primeiro momento, 
a chamada suspensão de cobertura, que,

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