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O PROCESSO PENAL BRASILEIRO

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O PROCESSO PENAL BRASILEIRO 
O CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
* Ordenações do Reino de Portugal – Séc. XVI até Séc. XIX;
* Código de Processo Criminal de Primeira Instância, em 1832 e Constituição Imperial de 1824; 
A perspectiva histórica que nos interessa é a do Séc. XX, 1941 <> Nosso CPP é o DECRETO-LEI Nº 3.689/1941 <>
inspirado na legislação processual italiana da década de 30, em pleno regime fascista, com bases absolutamente autoritárias
<> Projeto do Ministro Francisco Campos <>
<> Exposição de Motivos <> 
Características:
sentença absolutória não era suficiente para restituir a liberdade do réu;
dependendo da pena abstratamente cominada ao fato, uma vez recebida a denúncia, era decretada, automaticamente, a prisão preventiva do acusado, a denúncia era indício de culpa – presunção de culpabilidade. 
VEDAM A CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA  Lei no 9.034/95 – Organizações Criminosas <> Lei no 9.613/98 – Crimes de Lavagem de Dinheiro <> Lei no 10.826/03 – Estatuto do Desarmamento.
 * Vale registrar: Lei no 11.464/2007 que altera o artigo 2o, II da Lei dos Crimes Hediondos – Lei no 8.072/90 – passou a permitir a aplicação do artigo 310, parágrafo único do CPP (liberdade provisória sem fiança). 
* STF  vem definindo os limites da moldura constitucional em que se permite a restituição da liberdade ao preso em flagrante delito. 
* Presunção de Culpabilidade  Manzini apontava uma suposta inconsistência lógica nos que afirmavam a presunção de inocência  como justificar uma ação penal contra quem seria presumivelmente inocente?
* Conflito: necessidade da aplicação da lei penal x exercício da liberdade individual. 
 Características relevantes do CPP de 1941:
-         O acusado é tratado como potencial culpado;
-         Na balança entre tutela da segurança pública e a tutela da liberdade individual, prevalece a preocupação quase que exclusiva com a primeira, com o estabelecimento de uma fase investigatória agressivamente inquisitorial, com exacerbação dos poderes dos agentes policiais;
-         A busca da verdade real legitimou diversas práticas autoritárias e abusivas por parte dos poderes públicos; ampliou-se a liberdade de iniciativa probatória do juiz, descaracterizando o perfil acusatório do Processo Penal brasileiro;
-         O interrogatório do réu era realizado, efetivamente, em ritmo inquisitivo, sem intervenção das partes, e exclusivamente como meio de prova e não de defesa, estando o juiz autorizado a valorar, contra o acusado, o seu comportamento no aludido ato (silencia ou não comparecimento). A Lei n o 10.792/03 produziu profundas mudanças na matéria, alterando, especialmente, os artigos 186 e 198 do CPP.
Nos anos de 1973 e 1977 houve grandes alterações no CPP, iniciadas com a Lei n º 5.349/67. 
1.1.         A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988 E O PROCESSO CONSTITUCIONAL 
* Mudanças radicais na perspectiva teórica do CPP;
* Instituiu-se um sistema de amplas garantias fundamentais <> artigo 5o, LVII <> estado ou situação jurídica de inocência;
* Processo não é visto apenas como veículo de aplicação da lei penal <> transforma-se em instrumento de garantia do indivíduo em face do Estado;
* O processo penal constitucional busca igualdade efetiva entre os litigantes <> o processo justo deve atentar para a desigualdade material que normalmente ocorre no curso de toda a persecução penal, em que o Estado ocupa posição de proeminência, respondendo pelas funções investigatórias e acusatórias <> processo justo a ser realizado sob a instrução contraditória, perante juiz natural da causa, e no qual seja exigida a participação efetiva da defesa técnica, com única forma de construção válida do convencimento judicial, que deverá ser sempre motivado, como garantia do adequado exercício da função judicante e para que se possa impugná-lo com maior amplitude perante o órgão recursal <> processo ético – vedação das provas obtidas ilicitamente (art. 5o, LVI da CF) <> Judiciário e MP devem atuar com imparcialidade.
* Recentes mudanças introduzidas pela Lei n º 11.689 de 09/06/2008.
O SISTEMA ACUSATÓRIO 
* O critério utilizado para separar o sistema processual inquisitório de modelo processual acusatório é questionando as funções atribuídas ao órgão da acusação. Quando o sistema confere a um único órgão ou pessoa a função de acusar e de julgar é dito acusatório. Quando as funções de julgar e a de acusar são conferidas a entes ou órgãos distintos, disse que o sistema é acusatório.
* Dentro desta perspectiva o nosso sistema é acusatório.
* Algumas questões criam algumas dificuldades em classificar o nosso modelo como sendo essencialmente acusatório. Senão vejamos: a) mutatio libelli (art. 384 do CPP); b) o STF já decidiu pela impossibilidade de o juiz requisitar de ofício novas diligências probatórias quando o Ministério Público manifestar-se pelo arquivamento do Inquérito (HC 82.507/SE – Sepúlveda Pertence); c) distribuição do ônus da prova entre o juiz e o acusador, necessária uma leitura constitucional do processo – imparcialidade – a iniciativa probatória do juiz deve limitar-se as questões e pontos duvidosos sobre o material já trazido pelas partes (art. 156 do CPP); d) possibilidade que o juiz criminal investigue, quando for necessário a possível, eventuais provas de inocência em favor do acusado (não se pode vincular a decisão judicial à qualidade da atuação das partes; e) redimensionamento do interrogatório do réu através da Lei no 10.792/03 – agora é meio de defesa e não meio de prova (ver artigo 5o, LXIII da CF e Lei no 10.792/03 que alterou o disposto no artigo 186 do CPP e 198 do CPP). 
HC 82507 / SE - SERGIPE
HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE
Julgamento: 10/12/2002
Órgão Julgador: Primeira Turma
EMENTA: I. STF: competência originária: habeas corpus contra decisão individual de ministro de tribunal superior, não obstante susceptível de agravo. II. Foro por prerrogativa de função: inquérito policial. 1. A competência penal originária por prerrogativa não desloca por si só para o tribunal respectivo as funções de polícia judiciária. 2. A remessa do inquérito policial em curso ao tribunal competente para a eventual ação penal e sua imediata distribuição a um relator não faz deste "autoridade investigadora", mas apenas lhe comete as funções, jurisdicionais ou não, ordinariamente conferidas ao juiz de primeiro grau, na fase pré-processual das investigações. III. Ministério Público: iniciativa privativa da ação penal, da qual decorrem (1) a irrecusabilidade do pedido de arquivamento de inquérito policial fundado na falta de base empírica para a denúncia, quando formulado pelo Procurador-Geral ou por Subprocurador-Geral a quem delegada, nos termos da lei, a atuação no caso e também (2) por imperativo do princípio acusatório, a impossibilidade de o juiz determinar de ofício novas diligências de investigação no inquérito cujo arquivamento é requerido.
1.1. SISTEMAS PROCESSUAIS INCIDENTES: O MODELO BRASILEIRO 
* Sistema brasileiro segundo a doutrina é de natureza mista, isto é, tem feições acusatórias e inquisitórias. Uns dizem que isso se deve ao fato de existir uma fase pré-processual, outros dizem que isso se deve a certos poderes atribuídos aos juízes no CPP;
* A atuação judicial na fase do inquérito policial há de ser para fins exclusivos de tutela das liberdades públicas. Durante o IP não há possibilidade de decretação de prisão preventiva ex officio, embora parte da doutrina a aceite no curso da ação penal;
* O MP pode requerer, em alegações finais, a absolvição do acusado (art.385 do CPP), e o juiz pode proferir decisão condenatória;
* Decisão sem fundamentação racional ou com fundamento em prova constante unicamente do inquérito é radicalmente nula;
* Iniciativa probatória do juiz: limitada à  esclarecimento de dúvidas surgidas a partir da provas produzidas pelas partes; ressalvada a possibilidade de produção ex officio daquela (prova) para a demonstração da inocência do acusado;
* Inadequação de determinadas
prerrogativas atribuídas ao MP, por exemplo, posição por ele ocupada na sala de audiência.

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