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RESUMO CP 2 ESTAGIO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS 
UNIDADE ACADÊMICA DE DIREITO 
MONITORIA DE CIÊNCIA POLÍTICA 
PROFESSOR: GILIARD CRUZ TARGINO 
MONITORA: MARIA EMELLYNE VIEIRA ROCHA 
 
MATERIAL DE APOIO PARA O 2º ESTÁGIO 
 
 
1. Dos Elementos Constitutivos do Estado 
Ao adotar o conceito de Estado proposto por Jellinek, qual seja, ‘‘a 
corporação de um povo assentada num determinado território e dotada de 
um poder originário de mando’’, logo depreende-se quais são os principais 
elementos da constituição do Estado. Respectivamente: povo, território e 
soberania. 
 
1.1 O Povo 
Inicialmente, cabe diferenciar povo de população. Esta diz respeito à 
totalidade dos indivíduos presentes no território de um Estado em dado 
momento. Tal afirmação significa que, além dos nacionais (brasileiros natos 
e naturalizados), o conceito de população, enquanto critério quantitativo, se 
estende, abrangendo também os estrangeiros e apátridas. Distinta da noção 
de povo, que supõe um laço jurídico de sujeição ao poder estatal, população 
é um conceito essencialmente demográfico com fins estatísticos. Por outro 
lado, povo representa o resultado natural do vínculo estabelecido entre o 
indivíduo e o Estado, por meio da nacionalidade e da cidadania (capacidade 
de votar e ser votado), sendo importante ressaltar o caráter substancial desse 
elo. 
No anseio de compreender o conceito de povo, deve-se, antes, levar em 
consideração que este pode ser trabalhado sob três prismas distintos: o 
político, o jurídico e o sociológico. 
 
Conceito Político de Povo 
De certa forma, a noção de povo é uma consequência da evolução histórica 
das sociedades ocidentais que em sua maioria, desde a ascensão do Estado 
liberal constitucional e representativo, passaram a atribuir aos governados o 
papel de sujeito, e não mais de objeto do processo da ordem política. Aqui o 
direito ao sufrágio (voto) foi a razão principal. E se a CF/88 todo poder emana 
do povo, este, que é o componente humano do conceito de Estado, deve ser 
entendido como aquela porção de população capaz de participar do processo 
democrático, através do voto. 
 
Conceito Jurídico de Povo 
Neste caso, deve-se fazer menção novamente ao conceito de povo exposto 
quando da necessidade de distingui-lo de população, ou seja: a totalidade 
das pessoas vinculadas a um determinado Estado, que, em decorrência do 
elo de nacionalidade e cidadania, converteram-se em sujeitos de direitos e 
obrigações. De modo que toda ênfase deve ser dada à cidadania, tendo em 
vista que apresenta-se incompleto o conceito que define tão somente o 
elemento pessoal como sujeito de direitos e obrigações. É preciso se ater ao 
status civitatis (cidadania). Sendo suscetível a variações interindividuais, 
contudo, delimitador do vínculo de nacionalidade, bem como, dos direitos e 
dos deveres perante o poder do Estado, que acompanham os indivíduos ao 
longo de toda a vida; a exemplo, especialmente, do direito de votar e ser 
votado e da observância das leis do Estado. Portanto, conforme disciplina a 
Constituição Federal em seu artigo 12, povo em sentido jurídico é a soma dos 
brasileiros natos e naturalizados, a saber: 
 
Art. 12. São brasileiros: 
 
I - natos: 
 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais 
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; 
 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que 
qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; 
 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde 
que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a 
residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois 
de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 54, de 2007) 
 
II - naturalizados: 
 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos 
originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano 
ininterrupto e idoneidade moral; 
 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República 
Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação 
penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) 
 
Conceito Sociológico de Povo 
Por fim, está-se diante do conceito mais lato possível de povo. Neste último 
sentido, a ideia de povo se encontra mais próxima de um sentimento de nação 
que transcende barreiras jurídicas, territoriais e de tempo. Engloba as 
populações do passado, da contemporaneidade e do futuro, ai quais se 
identificam na mesma cultura, em semelhantes valores e em indistintas 
aspirações. 
 
Obs.: A rigor, o ordenamento jurídico brasileiro (a Constituição) não permite 
distinções entre brasileiros natos e naturalizados, com base no princípio da 
isonomia; salvo nas hipótese taxativas previstas na Carta Magna. Sendo a 
extradição uma delas, faz-se necessário reconhecer suas peculiaridades e 
diferenciá-la de expulsão, deportação, banimento, asilo político e refúgio. 
 
Extradição 
Segundo Accioly, Nascimento e Silva e Casella, “extradição é o ato mediante 
o qual um estado entrega a outro estado indivíduo acusado de haver cometido 
crime de certa gravidade ou que já se acha condenado por aquele, após haver-
se certificado de que os direitos humanos do extraditando serão garantidos. 
A instituição da extradição tem por objetivo principal evitar, mediante a 
cooperação internacional, que um indivíduo deixe de pagar pelas 
consequências de crime cometido. Atualmente, a extradição procura garantir 
ao acusado um julgamento justo, de conformidade com o art. XIX da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, segundo o qual ‘Todo homem 
acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que 
a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento 
público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias 
a sua defesa’”. 
Assim, a extradição pode dar-se de duas formas: 
Extradição ativa: Ao tratar da extradição ativa (aquela em que o Estado 
brasileiro solicita a Estado estrangeiro a entrega de indivíduo), o art. 20, 
caput, do Decreto-lei n. 394/38 estabelece que, quando se tratar de indivíduo 
reclamado pela justiça brasileira e refugiado em país estrangeiro, o pedido de 
extradição deverá ser transmitido ao Ministério da Justiça, que o examinará 
e, se o julgar procedente, encaminhará ao Ministério das Relações Exteriores 
para formalização da solicitação (cf. Ext 1.011, Rel. Min. Eros Grau, decisão 
monocrática, j. 10.10.2005, DJ de 25.10.2005). 
Extradição passiva: De acordo com o art. 5.º, LI, o brasileiro nato nunca 
poderá ser extraditado (refere-se aqui à extradição passiva). Já o naturalizado 
poderá ser extraditado em duas situações: crime comum: o naturalizado 
poderá ser extraditado somente se praticou o crime comum antes da 
naturalização; tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins: no caso de 
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, 
na forma da lei, o brasileiro naturalizado poderá ser extraditado, não 
importando o momento da prática do fato típico, seja antes, seja depois da 
naturalização. 
 
 Expulsão 
O art. 65 da Lei n. 6.815/80 entende passível de expulsão o estrangeiro que, 
de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou 
social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo 
procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais. 
Compete exclusivamente ao Presidente da República, por decreto, resolver 
sobre a conveniência e a oportunidade da expulsão ou de sua revogação,ficando, contudo, o ato expulsório sujeito ao controle de constitucionalidade 
e legalidade pelo Judiciário, por meio de habeas corpus. 
Diferentemente da extradição passiva, que se funda na prática de delito fora 
do território nacional, a hipótese de expulsão dar-se-á quando o delito ou 
infração (ato que atentar contra a segurança nacional, a ordem política ou 
social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo 
procedimento torne o estrangeiro nocivo à conveniência e aos interesses 
nacionais, além das hipóteses do parágrafo único do art. 65 da Lei n. 6.815/80) 
for cometido dentro do território nacional, caracterizando-se como verdadeiro 
instrumento coativo de retirada do estrangeiro do território pátrio, nas 
hipóteses descritas na lei (art. 22, XV, da Constituição Federal). A expulsão, 
portanto, prescinde (dispensa) de provocação da autoridade estrangeira, ao 
contrário do que ocorre com a extradição. 
 
 Deportação 
Assim como os outros dois institutos estudados, é outro modo de devolução 
do estrangeiro ao exterior. A diferença baseia-se no fato de não estar a 
deportação ligada à prática de delito, mas sim aos casos de entrada ou estada 
irregular de estrangeiro, se este não se retirar voluntariamente do território 
nacional no prazo fixado, consubstanciando verdadeira saída compulsória do 
1872 estrangeiro, para o país de sua nacionalidade ou de procedência, ou 
para outro que consinta em recebê-lo. Como se sabe, o art. 5.º, XV, da CF/88 
estabelece ser livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, 
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele 
sair com seus bens. Assim, a permanência irregular ou clandestina justifica a 
deportação. 
 
 Banimento 
O envio compulsório de brasileiros ao estrangeiro, que caracterizaria a pena 
de banimento, é inadmitido pelo ordenamento jurídico pátrio (art. 5.º, XLVII, 
“d”, da Constituição Federal). 
 
Asilo político e refúgio (direito de permanecer no Brasil) 
Agora a análise se dá no que respeita ao direito de permanecer no Brasil, seja 
pelo visto, seja em razão das regras decorrentes de tratados, seja pelo asilo 
político ou refúgio. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas 
relações internacionais, dentre outros, pelo princípio de concessão de asilo 
político, regulado em diversos tratados dos quais o Brasil é signatário (art. 
4.º, X). 
Segundo Rezek, asilo político “... é o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro 
perseguido alhures — geralmente, mas não necessariamente, em seu próprio 
país patrial —, por causa de dissidência política, de delitos de opinião, ou por 
crimes que, relacionados com a segurança do Estado, não configuram quebra 
do direito penal comum”. 
O asilo político é gênero do qual são espécies o asilo territorial e o asilo 
diplomático: asilo territorial: concedido ao estrangeiro no âmbito espacial da 
soberania estatal; asilo diplomático: concedido ao estrangeiro pela 
autoridade diplomática brasileira no exterior, ficando protegido, por exemplo, 
na Embaixada, no Consulado, em navio, aeronave, acampamento militar etc. 
O asilo político não se confunde com o refúgio. Enquanto o asilo político 
relaciona-se ao indivíduo perseguido, o refúgio decorre de um abalo maior 
das estruturas de determinado país e que, por esse motivo, possa gerar 
vítimas em potencial. 
O refúgio é solicitado ao Comitê Nacional para os Refugiados, que funciona 
no Ministério da Justiça e está regulamentado na Lei n. 9.474/97, que dispõe, 
em seu art. 1.º, ser reconhecido como refugiado todo indivíduo que: devido a 
fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, 
nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas encontre-se fora de seu país 
de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país; 
não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua 
residência habitual, não possa ou não queira regressar a ele, em função das 
circunstâncias descritas no inciso anterior; devido a grave e generalizada 
violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade 
para buscar refúgio em outro país. 
 
1.2. O Território 
Havendo pouca discordância, o território constitui a base geográfica do poder 
político, aquele sem este inexistiria. Em sua definição mais limitada, 
corresponde ao espaço dentro do qual o Estado exercita seu poder de império 
(soberania). Esta é a concepção jurídica de território. De acordo com 
Pergolesi, ‘‘a parte do globo terrestre na qual se acha efetivamente fixado o 
elemento populacional, com exclusão da soberania de qualquer outro 
Estado.’’ Logo, são componentes territoriais: a terra firme, com as águas aí 
compreendidas, o mar territorial, o subsolo e a plataforma continental, bem 
como o espaço aéreo. 
Na concepção política, adota-se uma perspectiva na qual o meio físico atua 
como um forte determinante da natureza das instituições políticas, visão esta, 
exposta da melhor forma por Montesquieu. Atualmente, o ramo dos estudos 
sociais que se ocupa em teorizar de modo concernente ao modelamento do 
Estado pelas condições geográficas, como o relevo e os limites do território, 
é a Geopolítica. 
Resumidamente, em Bonavides, existem quatro espécies de território: 
Território-patrimônio: o território seria propriedade do Estado. É uma 
concepção um tanto medieval, em função do sistema feudalista. Foi logo 
extinta, pois confrontava com a noção de propriedade privada. 
Território-objeto: teoria em que o Estado exerceria o domínio eminente sobre 
o território (direito real de caráter público), que poderia se combinar com o 
domínio útil exercido pelo cidadão. Também foi descartada, porque não se 
pode ter dois direitos de propriedade sobre a mesma coisa. 
Território-espaço: o poder do Estado sobre o território é decorrência de seu 
poder sobre as pessoas que nele vivem. Essa teoria tem dificuldade para 
explicar o poder exercido sobre áreas desabitadas do Estado. 
Território-competência: território é o limite do espaço em que o Estado exerce 
as suas competências jurídicas. Onde não exerce, não é território. 
• Território marítimo: é delimitado por aspectos de segurança, política e 
economia. No Brasil, vai até 200 milhas além da praia. 
• Território aéreo: determina que aeronaves de passageiros tenham livre 
poder de circulação. As de espionagem ou satélite, mesmo não 
podendo estar circulando sem permissão, não podem ser 
simplesmente abatidas, ou seja, as consequências devem ser outras. 
 
Limites do território 
TERRITÓRIO EM SENTIDO RESTRITO – também chamado de território real, 
território propriamente dito – é a porção circunscrita pelas fronteiras 
nacionais. Dentro desde conceito estão contidos os seguintes elementos: 
solo; subsolo; mar territorial, espaço aéreo nacional e plataforma continental. 
Sendo o Brasil um Estado delimitado em grande parte de seu território pelo 
mar, torna-se importante abordar a Lei n. 8.617, de 4 de janeiro de 1993, 
quando o Brasil adaptou suas normas internas às da Convenção das Nações 
Unidas sobre Direito do Mar (Convenção de Montego Bay), delimitando os 
espaços marítimos, os deveres e direitos em cada parte, aos termos fixados 
internacionalmente, que passaram a integrar o nosso ordenamento jurídico. 
Inclusive coma revogação de todas as normas que lhe fossem contrárias. 
Assim, pela Lei n. 8.617/93, as águas externas brasileiras compreendem três 
faixas distintas: a) o mar territorial, que é a faixa de 12 milhas marítimas 
medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular 
brasileiro (art. 1º); b) zona contígua, compreendendo uma faixa que vai das 12 
às 24 milhas marítimas, ‘‘a partir das linhas de base que servem para medir a 
largura do mar territorial’’ (art. 4º); e c) a zona econômica exclusiva, que é a 
faixa que se estende das12 milhas do mar territorial até 200 milhas. 
No mar territorial, ainda segundo a Lei n. 8617, arts. 2º e 3º, inclusive em seu 
leito, subsolo e espaço aéreo, o Brasil exerce sua soberania, admitida a 
‘‘passagem inocente’’ de navios de qualquer nacionalidade – o que se define 
como a passagem ‘‘contínua e rápida’’, além de ‘‘não prejudicial à paz, à boa 
ordem ou à segurança’’ do País. 
Na zona contígua o Brasil exerce fiscalização para evitar infrações às leis e 
aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários, podendo 
mesmo reprimir quaisquer dessas infrações, no seu território ou no seu mar 
territorial. 
Na zona econômica exclusiva o Brasil exerce ‘‘direitos de soberania para fins 
de exploração e aproveitamento, conservação e gestão de recursos naturais, 
vivos ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar e seu subsolo’’ 
(art. 6º). Os arts. 8º a 10 dessa Lei estabelecem normas sobre proteção, 
investigação e preservação do meio marinho, construção e operação de 
instalações ilhas artificiais, exercícios e manobras militares, navegação e 
sobrevoo dessa zona do mar. 
O espaço aéreo não dispõe de definição formal, comumente se entende que 
seu limite é até onde as aeronaves civis ou militares possam sobrevoar, daí 
em diante, o espaço pertence à humanidade. 
A plataforma continental é o solo e o subsolo do mar territorial, segundo o 
art. 20 da CF/88. 
TERRITÓRIO FICTO – Também chamado de território por extensão, são 
determinadas situações jurídicas às quais a lei atribui o status de território. 
Ex.: Art. 5º do Código Penal – embarcação pública nacional onde quer que 
esteja; embarcação particular nacional no mar territorial nacional e no mar 
internacional; aeronave pública nacional onde quer que esteja; aeronave 
particular nacional no espaço aéreo nacional e no espaço aéreo internacional. 
Obs.: Representação diplomática (embaixadas e consulados) não é território 
ficto (por extensão). 
 
1.3. O governo soberano 
É uma característica essencial do poder do Estado (Jellinek). Só o poder do 
Estado é soberano e não há Estado sem poder soberano. É a qualidade que 
torna o poder do Estado supremo internamente. Externamente, a soberania 
significa que o Estado é igual e independente em relação aos demais. 
 
Formação histórica do conceito de soberania 
O conceito de soberania não era conhecido na Antiguidade nem na Idade 
Média, pois, segundo Jellinek, faltava a oposição do poder do Estado frente 
aos demais poderes. A noção de soberania surge com o Estado Moderno, 
como consequência da afirmação do poder exclusivo e supremo do monarca 
sobre o território e o povo do Estado. O primeiro teórico a tratar do assunto 
foi Bodin (1576). Com relação ao aspecto externo da soberania, o pioneiro foi 
Grocio (1609). 
Traços característicos da soberania 
Para Bodin, soberania é o poder absoluto e perpétuo num Estado, 
pertencente ao monarca (legibus solutus, superiorem non recognoscens). 
Para Rousseau, a soberania pertence ao povo, expressa a vontade geral e é 
una, indivisível, inalienável, imprescritível. A concepção de soberania evoluiu 
de uma base exclusivamente política (força, vontade) para uma justificativa 
jurídica (direito), culminando com uma combinação dos dois fundamentos. 
Em suma, não se pode esquecer: a soberania é indivisível (unidade), 
intransferível (inalienabilidade), imprescritível, comandante e independente. 
Concepção política de soberania: Poder é força, dominação, eficácia (Jhering: 
“a força produz o Direito”). Segundo essa concepção, soberania é o poder 
incontrastável de querer coercitivamente e de fixar competências 
(preocupação com a plena eficácia do poder). 
Concepção jurídica de soberania: O poder é originado pelo Direito (O 
normativismo de Kelsen e sua Teoria Pura do Direito: a norma hipotética, 
suposta, como fundamento da ordem jurídica). Soberania é o poder de decidir 
em última instância sobre a atributividade das normas (preocupação com a 
eficácia do Direito – Estado de Direito). 
Concepção culturalista de soberania: Segundo a Teoria Tridimensional de 
Miguel Reale, o Estado é ao mesmo tempo um fenômeno social (fato), político 
(valor) e jurídico (norma). O poder é substancialmente político, mas não há 
organização social sem direito (ubi societas, ibi jus; ubi jus, ibi societas). O 
que há são graus de juridicidade: a presença do Direito vai de um mínimo (a 
força ordenadamente exercida) até um máximo (força empregada 
exclusivamente como um meio de realização do Direito), conforme o grau de 
evolução cultural de uma sociedade. 
Conceito jurídico-político: Soberania é a capacidade de um povo de 
organizar-se juridicamente e de fazer valer, dentro de seu território, a 
universalidade de suas decisões, nos limites dos fins éticos da convivência 
humana (Miguel Reale). 
 
Justificação da soberania 
Doutrina teocrática: O poder vem de Deus, sendo transmitido ao monarca ou 
ao povo, conforme a ideologia política predominante; 
Doutrina democrática: O poder se origina do povo, sendo por ele exercido 
diretamente ou por meio de representantes. 
 
Significação 
SOBERANIA INTERNA: Internamente, em relação ao povo do Estado e quem 
se encontre em seu território, soberania é o poder supremo. É o poder 
emanado da constituição, expressado em decisões judiciais de caráter 
absoluto. 
SOBERANIA EXTERNA: Externamente, soberania significa igualdade e 
independência de um Estado em relação aos outros. É a liberdade de atuar 
no âmbito internacional independentemente da aprovação ou não de outras 
nações. 
Conclusões 
A soberania surge em um momento de demanda pela centralização do poder, 
dispondo de caráter absoluto justamente para conseguir cumprir a sua 
função. Por conseguinte, soberania não é o poder, mas sim qualidade do 
essencial do poder do Estado. É expressão do poder máximo, mas não do 
poder absoluto, pois tem regras e limites para o seu exercício. 
Obs.: O pluralismo jurídico oferece riscos à soberania interna, visto que o 
poder deixa de emanar somente do Estado soberano em questão. 
 
 
2. O Estado e seu Governo 
2.1 Formas de Estado 
Forma de Estado é expressão que indica maior ou menor descentralização do 
poder político. O Estado pode ter forma centralizada/centrípeta (unitário) ou 
descentralizada/centrífuga (composto). 
Estado Unitário: Dentro deste território existe um único centro de poder, ou 
seja, um única pessoa jurídica que pode editar leis. Ex.: Uruguai. 
Estado Composto: Dentro deste território incidem duas ou mais espécies de 
leis, possuindo mais de um centro de poder, ou seja, mais de uma pessoa 
jurídica que pode editar leis (União, Estados e Municípios, no caso brasileiro). 
 
CARACTERÍSTICAS DA FEDERAÇÃO 
a) indissolubilidade do vínculo (art. 1º da CF) – mecanismos de proteção 
dessa característica: intervenção federal (art. 34 da CF), direito penal (art. 109, 
IV, da CF – crime político – Lei 7.170/83); 
b) divisão constitucional de competência (ex. competência da União – arts. 21 
e 22 da CF, competência dos Estados Membros – art. 25 da CF, competência 
do Distrito Federal – art. 32 da CF, competência dos Municípios – arts. 29 e 30 
da CF); 
c) participação das unidades parciais na formulação da vontade geral 
(Senado Federal – art. 46 da CF, proposta de Emenda Constitucional por mais 
da metade das Assembleias Legislativas – art. 60, inciso III, da CF); 
d) existência de um tribunal encarregado de manter a supremacia da 
constituição (STF – art. 102 da CF); 
e) a própria existência da constituição. 
 
CONFEDERAÇÃO vs. FEDERAÇÃO 
➢ A confederação nasce através de um tratado internacional, a federação 
nasce a partir de uma constituição. 
➢ Na confederação as unidades parciais tem direito de secessão 
(separação), na federação as unidades parciais não tem direitode 
secessão 
➢ Na confederação as unidades parciais tem soberania, na federação as 
unidades parciais não são dotadas de soberania e sim de autonomia. 
Obs.: Unidade parcial é a denominação da parte na forma de Estado. Unidade 
parcial pode ser chamada de Cantão (Suíça), Laender (Alemanha), Província 
(Argentina), Estados membros (Brasil). 
No processo histórico de formação da federação norte-americana, vemos que 
ela é uma federação por agregação ou federação centrípeta (tem maior 
autonomia); no Brasil, tivemos um Estado unitário, daí porque a federação 
brasileira é considerada por desagregação ou centrífuga (tem menos 
autonomia). 
Jamais esquecer: A forma federativa de Estado é cláusula pétrea, portanto 
irrevogável! 
2.2 Formas de Governo 
Segundo Aristóteles, havia três formas de governo: a monarquia (ou realeza), 
a aristocracia e a democracia (ou república). Monarquia seria a forma de 
governo em que apenas um indivíduo detém o poder. Aristocracia aquela em 
que um grupo reduzido de indivíduos detêm o poder (o grupo dos melhores). 
E república seria a forma exercida por todo o povo, no interesse da sociedade. 
Para Aristóteles a monarquia se degenera em tirania, a aristocracia em 
oligarquia e a república em demagogia. 
Maquiavel propõe nova classificação das formas de governo, baseado na 
teoria que desenvolve na obra Discursos sobre a Primeira Década de Tito 
Lívio, em que defende a teoria dos ciclos de governo. Nesse sentido, tal teoria 
considera que o ponto de partida da sociedade é um Estado anárquico, que 
evolui para uma organização chefiada pelo indivíduo mais forte e depois pelo 
mais justo. Este último passa o poder para seus descendentes, degenerando 
o sistema em tirania. A tirania é substituída por um governo aristocrático, que, 
por sua vez, se degenera em uma oligarquia. Em etapa posterior, a oligarquia 
dá lugar a um governo do povo, que, no entanto, degenera e retorna ao 
sistema anárquico primitivo. Para Maquiavel, a única forma de quebrar esse 
ciclo seria pela reunião de monarquia, aristocracia e democracia em um único 
governo. 
Montesquieu classifica as formas de governo em: republicano, monárquico e 
despótico. No governo republicano, o povo, ou uma parcela dele, possui o 
poder soberano; no monárquico apenas um indivíduo detém o poder e 
governa segundo leis pré-existentes; já no despótico, um indivíduo governa 
conforme sua própria vontade. 
Para Montesquieu, a república se realiza em território relativamente reduzido, 
ao passo que a monarquia exige território de grandes dimensões, e o 
despotismo maior ainda. Ainda seguindo o raciocínio do Barão de 
Montesquieu, a república poderia existir de duas formas: aristocrática ou 
democrática. 
2.3 Sistemas de Governo 
Via de regra, existem dois sistemas de governo: presidencialismo e 
parlamentarismo. Vejamos as principais distinções: 
No sistema presidencialista, as funções de Chefe de Estado e Chefe de 
Governo encontram-se nas mãos de uma única pessoa, o Presidente da 
República. Já no parlamentarismo, a função de Chefe de Estado é exercida 
pelo Presidente da República (República parlamentarista) ou Monarca 
(Monarquia parlamentarista), enquanto a função de Chefe de Governo, pelo 
Primeiro-Ministro, chefiando o Gabinete; 
No presidencialismo existe independência política do executivo em relação 
ao legislativo, diferentemente do que ocorre no parlamentarismo em que 
existe dependência política do executivo em relação ao legislativo; 
No presidencialismo o mandato do chefe do executivo é determinado, 
diferentemente do que ocorre no parlamentarismo em que o mandato do 
chefe do executivo pode ser reduzido pelo legislativo. 
Existem duas espécies de parlamentarismo: a) parlamentarismo monárquico 
constitucional (temos o rei exercendo a função de chefe de Estado e primeiro-
ministro exercendo a função de chefe de governo); b) parlamentarismo 
republicano (temos presidente exercendo a função de chefe de Estado e 
primeiro-ministro exercendo a função de chefe de governo). 
Obs.: O Brasil teve experiência parlamentarista entre setembro de 1961 e 
fevereiro de 1963. 
 
2.4 Regime Político 
Em geral, a doutrina aborda três espécies de regime político, quais sejam, a 
democracia, o autoritarismo e o totalitarismo. 
Embora não exista consenso definitivo sobre o conceito de "democracia", é 
possível assinalar as principais características do regime político 
democrático, que são: a) livre participação dos governados nas decisões 
fundamentais dos governantes, que agem como verdadeiros mandatários; b) 
eleições livres e periódicas; e c) garantias legais de efetiva proteção aos 
direitos dos cidadãos, tais como liberdade de associação, de informação e de 
deslocamento. 
No regime político autoritário, determinado grupo governante exerce o poder 
dentro de um regime de legalidade preexistente, por eles estabelecido e 
imposto à sociedade, com pouca ou nenhuma participação popular nas 
decisões. 
No regime político totalitário, existe uma corrente ideológica única, imposta 
por partido de massa, também único, de forma que o poder político é exercido 
de forma concentrada e centralizada, por um grupo dominante, que se 
perpetua no governo, somente podendo ser dele afastado por meio de 
processos de ruptura, frequentemente com emprego de violência, como 
guerra civil, guerrilha, ou revolução. 
Como se sabe, no Brasil vigora um regime político democrático, na sua forma 
semidireta, o que significa que, via de regra, temos uma democracia 
representativa, na qual o povo escolhe indivíduos que o representarão nas 
grandes deliberações do Estado. No entanto, há algumas situações 
específicas em que a democracia brasileira torna-se direta, são elas: 
plebiscito, referendo e iniciativa popular. 
Nos plebiscitos, a população é convocada para opinar sobre o assunto em 
debate antes que qualquer medida tenha sido adotada, fazendo com que a 
opinião popular seja base para elaboração de lei posterior. 
No caso do referendo, o Congresso discute e aprova inicialmente uma lei e 
então os cidadãos são convocados a dizer se são contra ou favoráveis à nova 
legislação. 
Por fim, quando se trata de Iniciativa Popular de Lei, os eleitores têm o direito 
de apresentar projetos ao Congresso Nacional desde que reúnam assinaturas 
de pelo menos 1% do eleitorado nacional, localizado em pelo menos cinco 
Estados brasileiros, sendo obrigatória ainda, a participação de três décimos 
por cento do eleitorado de cada Estado (3 a cada 1000). Esse percentual 
representa a coletânea de aproximadamente 1,3 milhão de assinaturas em 
todo o País. 
 
 
 
 Boa sorte!

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