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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL ENF 383 – FLORESTAS URBANAS Profª Drª Angeline Martini FUNÇÕES, HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DO PAISAGISMO 1. FUNÇÕES DO PAISAGISMO ESTÉTICA – proporciona ordenação harmoniosa dos elementos arquitetônicos, flora e fauna; PSICOSSOCIAL – relacionado com bem-estar do homem, promovendo local de relaxamento, recreação e lazer; ECOLÓGICA – proporciona o manejo do ambiente considerando a relação de seus componentes. Permite a redução de fatores adversos (temperatura, vento, ruídos, poluição) e promove a conservação de espécies vegetais e animais 2. HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DO PAISAGISMO Durante muito tempo a história e a evolução do paisagismo esteve atrelada à história dos jardins. As cidades existem desde 4.000 anos a.C. e, a partir de então, os jardins passam a representar uma preocupação de caráter mais amplo que apenas o ornamental. Períodos da história: JARDIM DE ÉDEN Segundo a Bíblia – a história dos jardins começou no início da humanidade Gênesis II: 8 E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, para os lados do leste, e ali colocou o homem que formara. 9 O Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida. 2.1 ANTIGUIDADE JARDINS DO EGITO 2000 a.C. Região de solo fértil Rico conhecimento em matemática, astronomia e medicina Necessidade de determinar as estações e épocas de cheia e de vazante do Rio Nilo construção de esfinges e pirâmides, que visavam à perpetuação e à glória dos faraós Avançado sistema de agricultura e irrigação Os jardins seguiam critérios de plantio baseados na agricultura desenvolvida, utilizando os canais de irrigação (ou tanques) Exploravam o sentido religioso e simbólico Ornamentar residências e templos Traçado em linhas retas e formas geométricas com simetria rigorosa Obediência aos 4 pontos cardeais Desconhecimento da perspectiva - desenvolvido e planos horizontais acompanhando o Rio Nilo; Uso de tanques ou canais de irrigação (plantas aquáticas) Elementos de composição: escadarias, esculturas, tanques, vias de acesso, terraços superpostos, água com e sem artifícios Espécies: limoeiros, tamareiras, romãzeiras, figueiras, palmeiras, ciprestes e plantas aquáticas JARDINS SUSPENSOS DA BABILÔNIA 604 a 562 a.C. contemporâneo à civilização egípcia e sem influência Jardins mais famosos da Antiguidade sete maravilhas do mundo antigo Construídos pelo rei Nabucodonosor II, para sua esposa preferida Amytis, que nascera em um reino vizinho, e vivia com saudades dos campos e florestas de sua terra grande número de terraços suspensos sistema de irrigação para subir a água (rega e repuxos) área de 16.000 m2 a uma altura de 90 metros forte dominância dos elementos arquitetônicos cultivo de palmeiras (tamareiras), álamos, jasmins, pinus, canteiros de flores (rosas, malvas-rosas, tulipas) JARDINS DA PÉRSIA 3500 a.C. a 500 a.C Os jardins eram exuberantes, destinados ao prazer, saúde e luxo – com objetivo de fornecer tranquilidade espiritual e recreativa - paraíso na terra Valorização decorativa da vegetação mais do que utilitário - (introdução de espécies floríferas) Foram os primeiros a utilizar as plantas por seu valor estético – forma e aroma Traçado geométrico, de aspecto cruciforme, representados em quatro quadrantes e cortado por dois canais - alimentados por fontes Espécies: ciprestes, jacintos, jasmins, narcisos, palmeiras, pinus, plátanos, rosas e tulipas TAJ MAHAL JARDINS DA GRÉCIA ANTIGA VII a.C. a V a.C. Templos e esculturas para os deuses – locais sagrados Muita simplicidade Com influência egípcia mas com característica própria – sem rigidez das linhas Não usavam simetria O traçado acompanhava as formas naturais do terreno Imitavam a natureza (recintos abertos para pórticos e colunas nas entradas - pátios Usavam esculturas humanas e animais (tamanho e formas naturais) Espécies: hortaliças e frutíferas (figueiras, macieiras, oliveiras, pereiras, romãzeiras e videiras) Surgimento dos vasos com flores JARDINS DE ROMA ANTIGA I a III d.C. pouca originalidade (seguindo o estilo Grego) - pátios uso metódico e ordenado dos elementos de composição luxo, pompa na composição e valorização da arquitetura número grande de elementos de composição (estátuas, monumentos, mesas) jardim com aspecto social (recreação) árvores plantadas em grupos Invenção da arte da topiaria espécies: amendoeira, amoreira, buxos, ciprestes, figueiras, louro, macieiras, pessegueiro, plátanos e videiras. JARDINS DA CHINA 200 a.C. retratam a natureza - a concepção do jardim budista, que representava a paisagem em escala reduzida - pintura paisagística Contam uma história e buscam fazer a ligação entre o céu, a terra e a natureza, criando harmonia num todo. Traçado com linhas e curvas suaves plantas com função decorativa (pedras, riachos e lagos) Trabalhavam com diferentes desníveis lago centralizado com plantas aquáticas Japoneses = simplificação do chinês 2.2 IDADE MÉDIA JARDINS MEDIEVAIS: pouca criatividade desenvolvidos em recintos fechados – mosteiros e castelos traçados ortogonais (alamedas e caminhos) plantas de valor ornamental e utilitário JARDINS MONACAIS divisão do jardim em canteiros quadrados ou retangulares (pomar, horta, plantas medicinais e floríferas) Plantas com maior valor utilitário áreas gramadas cercadas por arbustos elementos de composição: viveiros de peixes, pássaros e local de banho JARDINS MOURISCOS (Espano-árabe) surgimento dos "jardins da sensibilidade“ presença de águas em canais e fontes, uso de cores e aromas das flores destinadas ao encantamento e a sedução As cores eram bem valorizadas através dos pisos e paredes com placas de cerâmica Utilizavam plantas com perfume - jasmins, cravos, jacintos, alfazemas, rosas PRAÇAS Enquanto os jardins diminuíram na paisagem urbana, ficando confinados entre muros, apareceram as praças, que se tornaram espaços importantes na cidade (500 a 1500 d.C) 2.3 MODERNISMO JARDINS DA ITÁLIA Renascentista - ricos em detalhes Os jardins eram centros de retiro intelectual para sábios e artistas trabalharem e discutirem ideias Inspirados nos jardins da Roma Antiga (Grécia) Predomínio de simetria e linhas geométricas; A composição feita com poucos elementos (porém interessantes) Estátuas e fontes monumentais tinham maior destaque, a vegetação era utilizada para dar contraste a esses elementos, sendo as flores pouco visualizadas – predomínio de topiarias A água era largamente empregada com a construção de repuxos, chafarizes e cascatas Exploravam ao máximo o relevo acidentado, criando culturas em terraços e formando escalinatas espécies: pinheiros, ciprestes, louro etc. JARDINS DA FRANÇA Renascentista - ricos em detalhes inicialmente inspirados nos jardins medievais + novas ideias dos italianos apogeu do estilo formal - traçado com escala de complexidade rígida distribuição axial, simetria e perspectiva; Geometria presente nos caminhos, passeios e na vegetação; vegetação densa para formar barreira (delimitação das áreas do jardim) a composição predominante era constituída por topiarias, que podiam conter canteiroscom plantas floríferas para maior destaque na primavera-verão. Uso de plantas de porte baixo para dar ênfase as construções Apogeu do uso dos parterres Espécies: ciprestes, buxinhos, louros e azinheiros Jardim do Palácio de Versalhes JARDINS DA INGLATERRA influência do movimento romântico inspirados nos jardins chineses – buscou a volta à natureza em seu traçado livre e sinuoso Traçado assimétricos com linhas grandiosas irregularidade e a falta de simetria nos caminhos, que passam a ser planejados com maior liberdade; amplas extensões de áreas com gramado ruas amplas, cômodas e em pequeno número pequenos bosques (diferentes espécies e cores) grupos de árvores não muito numerosas ou árvores isoladas deu origem aos parques e jardins públicos 2.4 JARDINS CONTEMPORÂNEOS Século XIX - XX Influenciados por todas as tendências que se desenvolveram no passado Diferenciação entre jardins públicos e residenciais Extensão da casa (residenciais) lazer (públicos) Incorporação dos conceitos ecológicos, botânicos e climáticos Maior liberdade estética e funcionalidade O PAISAGISMO TRATADO COMO CIÊNCIA Século XX O desenho paisagístico moderno surgiu em 1938, quando Christopher Tunnard foi aos Estados Unidos para dar aulas na Universidade de Harvard Primeiro curso universitário – Harvard 1990 O curso de Composição Paisagística faz parte da Escola de Belas Artes da UFRJ e é o único em nível de graduação no país. Criado em 1972
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