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. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA INSTITUTO SÓCIO-AMBIENTAL E DE RECURSOS HÍDRICOS DISCIPLINA: QUÍMICA RUTH GRANHEN TAVARES/CRISTINA DIB TAXI/ROSA SANTA ROSA ASSUNTO: ELETRÓLITOS, NÃO-ELETRÓLITOS, EQUILÍBRIOS 1. OBJETIVOS • Distinguir eletrólitos de não-eletrólitos. • Explicar a razão e as formas para uma substância liberar íons em solução. • Distinguir eletrólitos fortes de eletrólitos fracos. • Conceituar e classificar ácidos e bases e conceituar sais. • Caracterizar reações reversíveis, equilíbrio químico e equilíbrio iônico. • Escrever expressões de constantes de ionização de ácidos e bases. • Conceituar grau de ionização e identificar seu valor para eletrólitos fortes e fracos. 2. ELETRÓLITOS / NÃO-ELETRÓLITOS No fim do século passado Arrhenius verificou que algumas soluções aquosas conduziam corrente elétrica e outras não, e explicou essa diferença da maneira descrita a seguir: O açúcar, por exemplo, quando dissolvido na água, subdivide-se em moléculas (C12H22O11), que são eletricamente neutras, portanto, insensíveis ao campo elétrico. Sendo assim, a corrente elétrica não pode fluir pela solução. As substâncias que apresentam esse tipo de comportamento são denominadas não-eletrólitos e as soluções com elas obtidas de soluções não-eletrolíticas ou moleculares. O sal comum(NaCl), por exemplo, quando dissolvido na água, subdivide-se em partículas carregadas eletricamente e denominadas de íons (para este sal, os íons são Na+ e Cl-). Os íons positivos (cátions) caminham em direção ao pólo negativo, e os íons negativos (ânions) em direção ao pólo positivo. Desse modo, a corrente elétrica flui pela solução. As substâncias que apresentam esse tipo de comportamento são denominadas não-eletrólitos e as soluções com elas obtidas de soluções não-eletrolíticas ou iônicas. Dentre os eletrólitos, existem substâncias iônicas e moleculares. Alguns eletrólitos, como o sal comum, já são formados por íons (no caso, Na+ e Cl-) no estado sólido. Então, quando o NaCl é dissolvido na água, esta apenas separa os íons já existentes. Essa separação é denominada de dissociação (iônica ou eletrolítica). Em outros casos (como, por exemplo, o HCl), o eletrólito é formado por moléculas. Então, quando o HCl entra em contato com a água, esta irá quebrar as moléculas produzindo os íons. Essa “quebra” é denominada ionização. Nesse caso, a água poderá “quebrar” todas as moléculas e o eletrólito é denominado eletrólito forte (ionização total), ou apenas parte delas, quando o eletrólito é denominado eletrólito fraco (ionização parcial). Os ácidos, as bases e os sais são os tipos de substâncias químicas que serão utilizadas ou estudadas durante nosso curso. Todas são eletrólitos. Os ÁCIDOS, segundo Arrhenius, são compostos que – em solução aquosa – se ionizam produzindo como único íon positivo o cátion hidrogênio (H+). De acordo com o nº de hidrogênios ionizáveis os ácidos classificam-se em: ⇒ monoácidos – que ionizam produzindo apenas um íon H+. Ex. HCl, HNO3, etc. ⇒ poliácidos – que ionizam produzindo dois ou mais íons H+. Dentre esses temos: diácidos, que ionizam produzindo dois íons H+. Ex. H2CO3, H2SO4, etc.; triácidos, que ionizam produzindo três íons H+. Ex. H3PO4, H3BO3, etc.; tetrácidos, que ionizam produzindo quatro íons H+. Ex. H4P2O7, H4SiO4, etc. De acordo com a presença, ou não, de oxigênio na molécula os ácidos classificam-se em: ⇒ hidrácidos – que não contêm oxigênio. Ex. HCl, HBr, H2S, etc.; ⇒ oxiácidos – que contêm oxigênio. Ex. HNO3, H2SO4, H3PO4, etc. Ruth Granhen Tavares/Cristina Dib Taxi/Rosa Santa Rosa 2 1 2 . Disciplina: QUÍMICA / ISARH / UFRA 3 Assunto: Eletrólitos, Não-eletrólitos, Equilíbrios Ruth Granhen Tavares/Cristina Dib Taxi/Rosa Santa Rosa De acordo com a extensão com que ionizam os ácidos classificam-se em: ⇒ ácidos fortes – que ionizam completamente. Ex. HCl, HNO3, etc.; ⇒ ácidos fracos – que ionizam parcialmente. Ex. HCN, HF, H3C-COOH , etc. As BASES, segundo Arrhenius, são compostos que – por dissociação iônica – liberam como único íon negativo o ânion hidroxila, ou oxidrila (OH-). De acordo com o nº de hidroxilas as bases classificam-se em: ⇒ monobases – que possuem apenas um íon OH-. Ex. NaOH, KOH, etc.; ⇒ dibases – que possuem dois íons OH-. Ex. Ca(OH)2, Ba(OH)2, etc.; ⇒ tribases – que possuem três íons OH-. Ex. Al(OH)3, Fe(OH)3, etc.; ⇒ tetrabases – que possuem quatro íons OH-. Ex. Sn(OH)4, Pb(OH)4, etc.; De acordo com a solubilidade em água as bases classificam-se em: ⇒ bases solúveis – o hidróxido de amônio (NH4OH) e as dos metais alcalinos. Ex. NaOH, KOH, etc.; ⇒ bases pouco solúveis – todas as demais. De acordo com a extensão com que ionizam as bases classificam-se em: ⇒ bases fortes – que ionizam completamente. São as bases dos metais alcalinos e dos alcalino-terrosos, que já são substâncias iônicas por natureza. Ex. NaOH, KOH, Ca(OH)2, Ba(OH)2, etc.; ⇒ bases fracas – que ionizam parcialmente. É o caso do hidróxido de amônio (NH4OH) e dos hidróxidos dos metais em geral, excluídos os alcalinos e os alcalino-terrosos, que são moléculas por natureza. Os SAIS são compostos que possuem pelo menos um cátion diferente do H+ e um ânion diferente da OH-. São compostos formados na reação entre um ácido e uma base de Arrhenius. São eletrólitos fortes. 3. EQUILÍBRIO QUÍMICO Uma reação é caracterizada como reversível quando se processa simultaneamente, e em extensão apreciável, nos dois sentidos: A + B C + D , ou seja, uma reação reversível é constituída de duas semi-reações. No sentido 1, A reage com B, formando C e D (A e B são reagentes e C e D são produtos). No sentido 2, C reage com D, formando A e B (C e D são reagentes e A e B são produtos). Guldberg e Waage, através de estudos de cinética química (estudo da velocidade das reações químicas e dos fatores que nela influem), enunciaram uma lei, a qual é denominada Lei da Ação das Massas, que diz o seguinte: “A velocidade de uma reação química é diretamente proporcional ao produto das massas ativas das substâncias reagentes” Para efeito de nossos estudos iremos considerar massa ativa como tendo o mesmo significado que concentração. Podemos, então, constatar que, à medida que duas substâncias reagem, produzindo outras, as concentrações das substâncias reagentes diminuem, diminuindo, portanto, a velocidade com que essa reação ocorre. Assim, quando a reação é reversível, observamos que a velocidade da semi-reação 1 diminui com o tempo, e a da semi-reação 2 aumenta. Logicamente, como as semi-reações estão ocorrendo simultaneamente, haverá um momento (um tempo t) em que as duas velocidades se igualam. Nesse momento, a reação atinge o que denominamos de equilíbrio químico. A partir daí, se nenhuma perturbação for causada ao sistema, as concentrações de todas as espécies, reagentes e produtos, não irão mais se alterar. Tudo se passa como se a reação tivesse chegado ao fim. No entanto, o equilíbrio é um estado dinâmico; as concentrações não se alteram porque as semi-reações estão ocorrendo com a mesma velocidade, mas a reação não chega ao fim, ou seja, os reagentes não se esgotam, pois as velocidade tempo v1 v2 v1 = v2 velocidade da rea- ção no sentido 1 velocidade da rea- ção no sentido 2 t 1 2 . Disciplina: QUÍMICA / ISARH / UFRA 4 Assunto: Eletrólitos, Não-eletrólitos, Equilíbrios Ruth Granhen Tavares/Cristina Dib Taxi/Rosa Santa Rosa semi-reações nos dois sentidos continuam ocorrendo e todos os componentes continuam a ser produzidos. O gráfico abaixo representa o fenômeno: A representação matemática do equilíbrio químico para a reação reversível sob estudo será: ⇒para a semi-reação 1: v1 = k1 . [A] . [B] ⇒ para a semi-reação 2: v2 = k2 . [C] . [D] Como, no equilíbrio, v1 = v2, concluímos que k1 . [A] . [B] = k2 . [C] . [D], ou, ]B].[A[ ]D].[C[ k k 2 1 = Como k1 e k2 são constantes, o quociente 2 1 k k também o é. Esse quociente é representado por K, e é chamado de constante de equilíbrio. Portanto, ]B].[A[ ]D].[C[K = , que representa a Lei da Ação das Massas, de Gulberg e Waage, para o equilíbrio químico. Generalizando para uma reação qualquer, aA + bB + cC + ... xX + yY + zZ + … , temos: ...]C.[]B.[]A[ ...]Z.[]Y.[]X[ K cba zyx = 4. EQUILÍBRIO IÔNICO Equilíbrio iônico é um caso particular de equilíbrio químico. É o equilíbrio químico estabelecido entre uma molécula e seus íons. Vimos, anteriormente, que as substâncias que liberam íons em solução são chamadas de eletrólitos. Vimos, também, que – dentre os eletrólitos – existem aqueles que liberam completamente seus íons, que são os eletrólitos fortes, e os que liberam parcialmente, que são os eletrólitos fracos. Os sais (que são eletrólitos fortes) e os ácidos e as bases fortes dissociam (ou ionizam) completamente. Esse fenômeno se dá através de uma reação irreversível. Por exemplo: NaCl → Na+ + Cl- HCl → H+ + Cl- NaOH → Na+ + OH- Os ácidos e as bases fracos ionizam parcialmente e essa reação é reversível. Por exemplo: HCN H+ + CN- NH4OH +4NH + OH - . Disciplina: QUÍMICA / ISARH / UFRA 5 Assunto: Eletrólitos, Não-eletrólitos, Equilíbrios Ruth Granhen Tavares/Cristina Dib Taxi/Rosa Santa Rosa Considerando a definição de equilíbrio químico, e que equilíbrio iônico é um caso particular do equilíbrio químico, podemos concluir que os ácidos e bases fortes e os sais não apresentarão equilíbrio iônico (suas dissociações ou ionizações são irreversíveis). Somente os ácidos e as bases fracos apresentarão equilíbrio iônico e, conseqüentemente, constante de equilíbrio, que receberá o nome particular de constante de ionização. Para um ácido fraco a constante de ionização é representada por Ka. Para o HCN, por exemplo, cuja ionização está representada acima, temos: ]HCN[ ]CN].[H[ Ka −+ = Para uma base fraca a constante de ionização é representada por Kb. Para o NH4OH, por exemplo, cuja ionização está representada acima, temos: ]OHNH[ ]OH].[NH[ Kb 4 4 −+ = Quanto menores os valores das constantes de ionização, mais fracos são os eletrólitos. Os valores das constantes são diferentes para cada eletrólito, porém, esses valores não variam com a variação da concentração do eletrólito. Os poliácidos, ou ácidos polibásicos, ionizam-se por etapas, sendo o nº de etapas de ionização igual ao nº de hidrogênios ionizáveis que o ácido possui. Todos os ácidos polibásicos são fracos, pois, mesmo que a primeira etapa de ionização ocorra em grande extensão, ela nunca será total, e a segunda etapa será mais fraca que a primeira, a terceira mais fraca que a segunda, e assim sucessivamente. Tais ácidos irão apresentar tantas constantes de ionização quantos forem os hidrogênios ionizáveis. Por exemplo: para o H2SO4 ⇒ H2SO4 H+ + HSO −4 ⇒ ]SOH[ ]HSO].[H[ Ka 42 4 1 −+ = HSO −4 H + + SO −24 ⇒ ]HSO[ ]SO].[H[ Ka 4 2 4 2 − −+ = (Ka1 > Ka2) para o H3PO4 ⇒ H3PO4 H+ + H2PO −4 ⇒ ]POH[ ]POH].[H[ Ka 43 42 1 −+ = H2PO −4 H + + HPO −24 ⇒ ]POH[ ]HPO].[H[ Ka 42 2 4 2 − −+ = HPO −24 H + + PO −34 ⇒ ]HPO[ ]PO].[H[ Ka 2 4 3 4 3 − −+ = (Ka1 > Ka2 > Ka3) A extensão com que um eletrólito ioniza pode, também, ser medida através de um outro parâmetro, que é o grau de ionização, representado pela letra grega α. O grau de ionização representa a relação entre o número de moles dissociados e o número inicial de moles. Ou seja, a relação entre a concentração do íon liberado pelo ácido (ou pela base) e a concentração total (também chamada de concentração analítica) do ácido (ou da base). Assim, temos: ⇒ para um ácido: α = HAC ]H[ + . Disciplina: QUÍMICA / ISARH / UFRA 6 Assunto: Eletrólitos, Não-eletrólitos, Equilíbrios Ruth Granhen Tavares/Cristina Dib Taxi/Rosa Santa Rosa ⇒ para uma base: α = BOHC ]OH[ − O grau de ionização é, no entanto, um parâmetro que varia com a concentração do eletrólito. É, como pode ser observado nas equações acima, inversamente proporcional à concentração do eletrólito. OBSERVAÇÃO: Quando se utiliza a Lei da Ação das Massas, as concentrações têm que ser expressas em molaridade e a lei só é válida para soluções diluídas (concentrações de, no máximo, 1 M) . Com base nas informações já fornecidas, qual seria o valor do grau de ionização (α) para um eletrólito forte? Resp: Um eletrólito forte ioniza, ou dissocia, completamente. Então, a concentração do íon liberado pelo ácido (ou pela base) é exatamente igual à concentração total do ácido (ou da base). Portanto, a relação HAC ]H[ + (ou BOHC ]OH[ − ) é igual a 1. Ou seja, todo eletrólito forte possui α = 1. Qual o valor do grau de ionização (α) para um eletrólito fraco? Resp: Um eletrólito fraco ioniza parcialmente. Então, a concentração do íon liberado pelo ácido (ou pela base) será sempre menor que a concentração total do ácido (ou da base). Portanto, a relação HAC ]H[ + (ou BOHC ]OH[ − ) será sempre um número menor que 1 (e maior que 0). Ou seja, todo eletrólito fraco possui 0 < α < 1. Qual o valor do grau de ionização (α) para um não-eletrólito? Resp: Um não-eletrólito não libera íons em solução. Então, a concentração do íon liberado pelo ácido (ou pela base) será sempre 0 (zero). Portanto, a relação HAC ]H[ + (ou BOHC ]OH[ − ) será sempre 0 (zero). Ou seja, todo não-eletrólito possui α = 0. Observação: A extensão de ionização pode, ainda, ser expressa em porcentagem. Assim, quando se diz que um eletrólito apresenta-se 100% ionizado, significa que α = 1; o eletrólito ioniza completamente. Se o eletrólito apresenta uma porcentagem de ionização menor do que 100%, por exemplo, 70%, significa que α < 1, no caso, α = 0,07. Então, % de ionização = α x 100 ou α = 100 ionizaçãode%
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