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CRIOCIRURGIA NO TRATAMENTO DE CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS OCULAR EM VACA NELORE RELATO DE CASO

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I Congresso Brasileiro de Pecuária Bovina, VIII Congresso Capixaba de Pecuária Bovina: dias 09 a 12 de novembro de 2016. Local: Cine Teatro da UVV – Vila Velha, ES
CRIOCIRURGIA NO TRATAMENTO DE CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS OCULAR EM VACA NELORE - RELATO DE CASO
Autores: Anna Clara Rollemberg MESQUITA; Ana Paula Chaves LOBATO; Lara Poly AZEVEDO; Sarah Stocler LOPES; Marcel Ferreira Bastos AVANZA.
Instituição: Departamento de Medicina Veterinária - Universidade de Vila Velha - ES.
Subárea: Manejo, Sanidade e Produção.
Resumo: Este trabalho tem como objetivo relatar o sucesso no tratamento do carcinoma de células escamosas ocular em vaca Nelore com cirurgia associada a crioterapia, bem como mostrar sua importância econômica na bovinocultura. Este é o segundo câncer que mais acomete esses animais, sendo de suma relevância para os produtores devido a perdas econômicas. Essas são geradas por menor produtividade, custos com tratamentos e eventuais óbitos. Está relacionado com áreas de menor pigmentação, sendo a exposição a radiação ultravioleta possivelmente o estímulo carcinógeno mais relevante; uma vez que a conjuntiva está mais exposta a irradiação solar e agressões físicas. Sendo mais comum em bovinos que possuem despigmentação ao redor dos olhos como as raças Simental e Hereford.
Palavras-chave: Bovino, crioterapia, nitrogênio líquido, tumor, olho
Introdução
O globo ocular aloja-se na órbita ocular sustentado pelos músculos retrator do bulbo ocular, oblíquo dorsal, oblíquo ventral, reto dorsal, reto ventral, reto lateral e reto medial. (DYCE et al., 2010).
Carcinomas de células escamosas, são tumores malignos das células da camada espinhosa do epitélio. Macroscopicamente, os carcinomas de células escamosas podem ser produtivos ou erosivos e histologicamente, caracterizam-se por cordões de queratinócitos que podem apresentar diferentes graus de queratinização. Podem aparecer em qualquer parte do corpo, com predomínio em áreas despigmentadas. (FERNANDES, 2007). 
Nos bovinos ocorrem principalmente em junções muco-cutâneas, particularmente pálpebras. Algumas formas específicas dessas neoplasias é o carcinoma que atinge o globo ocular. As lesões precursoras contêm células descamativas, queratinizadas anucleadas e células nas camadas mais profundas com núcleos aumentados e aglomerações grosseiras de cromatina (KELLER et al., 2008)
Neoplasias do globo ocular ou de estruturas circum-oculares têm sido descritas em diversas raças de bovinos, incluindo bovino de corte de vários continentes e países. A incidência é maior em áreas geográficas com maior número de horas de sol por ano e com radiação ultravioleta, (ANDERSON & BADZIOCH, 1991; DEN OTTER et al.,1995). 
As lesões ocorrem mais nas porções medial e lateral do globo ocular, onde geralmente não há cobertura pelas pálpebras, indicando que a exposição ao sol é um fator no desenvolvimento das lesões. Nos primeiros sinais clínicos são apresentados dermatose solar nas junções mucocutâneas, áreas com baixa pigmentação ou pele que apresenta pouco pelo. Há então a ocorrência em sequência de eritema, edema e descamação, seguidos de formação de crosta e posteriormente ulceração. Conforme o tumor vai atingindo a derme, a área atingida ganha aspecto mais denso e firme. Infecções bacterianas secundárias por conta das ulcerações resultam em um extravasamento de líquido purulento na superfície da massa tumoral (MERTENS, 2013) podendo haver posteriormente a presença de miíases (RIET-CORREA & SCHILD, 1995). 
Há duas possíveis classificações para esse tipo de tumor, podendo ser produtivo ou erosivo. Os produtivos possuem aspecto papilar e/ou formato de couve-flor, podendo variar de tamanho e geralmente acompanhado de ulcerações na superfície de fácil sangramento. Os erosivos são os mais frequentes e inicialmente são caracterizados por rasas ulcerações que são cobertas por crostas, que lentamente se aprofundam (PULLEY & STANNARD 1990).
A maior incidência de carcinomas é no globo ocular e menor na membrana nictante. Cerca de 75% dessas lesões acometem o limbo ou a própria córnea, as lesões são placas, papilomas de células escamosas, carcinoma de células escamosas iniciais e células escamosas invasivas. A idade dos bovinos afetados está entre 5-7 anos, porém animais mais velhos também podem ser acometidos (SPADBROW & HOFFMANN,1980; ANDERSON% BADZIOCH,1991; DUBIELZIG,2002), fêmeas são afetadas com maior frequência. Metástases são raras e quando observadas são em animais com tumores grandes, nesses casos atingem linfonodos da cabeça antes de alcançarem a circulação sanguínea pelo ducto torácico (BLOWEY & WEAVER, 2006). É raro o relato de invasões intracranianas por carcinoma de células escamosas (BARROS et al, 2006).
Carcinoma ocular de células escamosas em bovinos é uma patologia de grande impacto na economia, é o segundo tumor que causa mais prejuízo na bovinocultura devido ao menor desempenho dos animais, gasto com tratamento, e eventuais óbitos. Há uma predisposição a determinadas raças: Hereford, Holandesa, Simmental. Uma forma de se tentar evitar essa neoplasia , seria selecionar animais com pigmentação ocular.
A questão da influência da raça é relacionada ao grau de pigmentação da conjuntiva bulbar relacionada com cada raça (RADOSTITS et al., 2002)
A crioterapia é um método utilizado há mais de 100 anos para o tratamento das diversas patologias. Utilizada em técnicas cirúrgicas, consiste na aplicação de substâncias criogênicas em temperaturas extremamente baixas, com a finalidade de destruir o tecido atingido (TURJANSKY; STOLAR, 1995). A técnica com a utilização do nitrogênio líquido é utilizada por diversos fatores como baixo custo, facilidade de utilização e ausência de dor e cicatrizes (SANTOS, 2002; SILVA; 2003, BELTRÃO, 2003; SCORTEGAGNA, 2004; BORGES, 2005; BORGES, 2005). Dentre as outras vantagens estão relacionadas a ausência de sangramentos durante o tratamento e baixa incidência de infecções secundárias (SANTOS, 2003). Essa técnica possui indicação em casos de determinadas lesões malignas como carcinomas basocelulares e carcinomas de células escamosas. Por ser um tratamento não cirúrgico, não envia-se o material para o histopatológico, não sendo possível avaliar com certeza a cura, devido à isso, a crioterapia é mais indicada para carcinomas de células escamosas bem definidos e não invasivos. (BATISTA, 2006; SMIDT, 2007).
Esse procedimento promove a destruição dos tecidos-alvo através do congelamento, usa-se com maior frequência o nitrogênio líquido, por apresentar o mais baixo ponto de ebulição (-196°C) , permitindo grande congelamento das lesões. O dano causado nos tecidos é de corrente do congelamento do líquido intra e extracelular , formando cristais de gelo, rompendo a membrana celular, alterações do pH e choque térmico e também devido a isquemia dos vasos que nutrem o tecido , causando necrose tissular. A falta de suporte sanguíneo causa a morte das células. Este método utiliza agentes terapêuticos em temperaturas extremamente baixas para tratamento de patologias, causando destruição tecidual de forma não-seletiva, mas controlada. A ausência de dor está provavelmente relacionada à destruição das fibras nervosas. A cicatrização é livre de complicações como dor, hemorragia, infecção e dano inadvertido a estruturas adjacentes (EMMING; KOEPF; GAGE, 1967; HURT; NABERS; ROSE, 1972; POSWILLO, 1975; GONGLOFF; GAGE, 1983; TAL, 1992; BORGES, 2005).
Os efeitos nocivos dessa técnica são divididos em diretos e indiretos. Dentre os diretos podemos citar desidratação e distúrbios eletrolíticos da célula, alteração de pH, inibição enzimática, desnaturação proteica e ruptura da membrana celular. Os efeitos indiretos, referem-se problemas vasculares e imunológicos (LEOPARD, 1975; TAL, 1992; GONGLOFF; GAGE, 1983).
Para o tratamento efetivo dos tumores cutâneos precisa-se que a temperatura de congelamento do tecido seja de no mínimo -50 em dois ciclos de congelamento. A crioterapia apresenta taxa de recidiva menor de 10% sendo uma excelenteopção de tratamento em casos selecionados.Apresenta algumas contra–indicações: crioglobulinemia, criofibrinogenemia, fenômeno de Raynauds e doenças das plaquetas (MARTINS, 2007).
Material e métodos
Bovino, fêmea, Nelore, 6 anos de idade, apresentando aumento de volume em olho direito e olho esquerdo. No exame físico foi observado que havia uma massa em região de córnea do olho direito e em região de terceira pálpebra no olho esquerdo. (sugestivo de carcinoma de células escamosas, fragmento encaminhado para o histopatológico). 
Com auxilio de um fio de nylon 0 foi realizado ressecção de massa de olho direito a ponto de deixa-la o menos protusa possível. No olho esquerdo foi realizado ressecção da terceira pálpebra.
No pós-operatório foi prescrito oxitetraciclina na dose de 20 mg/kg a cada 48 horas, 3 aplicações e flunixim meglumine na dose de 1.1 miligrama/kg a cada 24 horas por 3 dias. Após uma semana foi realizado crioterapia com nitrogênio líquido sobre a massa do olho direito.
Conclusão
O tratamento preconizado até o presente momento não apresentou recidiva, evitando a retirada do olho do animal.
Literatura citada
KELLER, D.; RÖNNAU, M.; GUSMÃO, M. A.; TORRES, M. B. A. M. Casuística de Carcinoma Epidermóide Cutâneo em bovinos do Campus Palotina da UFPR. Acta Scientiae Veterinarie. Porto Alegre: 36(2): 155-159, 2008
FERNANDES, C. G. Neoplasias em Ruminantes e Equinos. In: RIET-CORREA, F.; SCHILD, A. L.; MÉNDEZ, M. C.; LEMOS, R. A. A. (Ed.) Doenças de ruminantes e equinos. 3ª ed. São Paulo: Varela, 2007. v. 2, p. 650-656
MERTENS, L. Carcinoma De Células Escamosas. MilkPoint: Radar técnico: ovinos e caprinos, 2013. Acesso em: 28 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/ovinos-e-caprinos/carcinoma-de-celulas-escamosas-84129n.aspx#
RADOSTITS, O.M., GAY, C.C., BLOOD, D.C., HINCHCLIFF, K.W., Clínica Veterinária – Um Tratado de Doenças dos Bovinos, Ovinos, Suínos, Caprinos e Eqüinos. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002, 1737p.
RIET-CORREA F. & SCHILD A.L. 1995. Doenças diagnosticadas pelo Laboratório Regional de Diagnóstico no ano de 1994 e comentários sobre algumas doenças. Bolm Lab. Regional Diagn., Pelotas, 15:8-20.

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