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Concurso de Crimes no Direito Penal

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FACULDADES INTEGRADAS BARROS MELO
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO PENAL II
WENDERSON GOLBERTO ARCANJO
FICHAMENTO 2 – CONCURSO DE CRIMES.
 
1 – INTRODUÇÃO: O concurso de crimes é retratado em nosso código penal pelos artigos 69, 70 e 71, visando qualificar a pena do ou dos acusados que agem em pluralidade de crime. Essa pluralidade, pode ser formal (real), material (ideal) ou continuada.
2 – CONCURSO MATERIA OU REAL DE CRIMES: 
2.1 Conceitos Introdutórios: Antes de tudo é preciso relembra alguns conceitos com relação a ação. A ação pode ser dividida em três correntes, a corrente causal ou naturalista, finalista e social. Para a corrente causal, a ação seria todo evento humano voluntário que produz modificação no mundo exterior. Para Welzel, a ação finalista consiste em um exercício de uma atividade final, já a teoria social, busca amenizar entre as duas, dizendo esta que a ação é toda conduta pratica que seja ao mesmo tempo relevante a sociedade.
	Em tempo, é imprescindível saber a distinção existente entre um ato e uma ação, o primeiro consiste em um meio para se atingir o resultado final, esse resultado final é o objetivo da ação, assim sendo, quando o agente comete um homicídio e efetua 6 (seis) disparos, sua ação é o homicídio, mas seu ato será 6 (seis) disparos.
	2.2 Requisitos e consequências do concurso material ou real: Para que seja constatado o concurso material ou real de crimes, é preciso que alguns pré-requisitos sejam atendidos, entre eles:
Mais de uma ação ou omissão;
A prática de dois ou mais crimes.
Dessa forma quando tivermos mais de uma ação ou omissão, e a produção de dois ou mais crimes (resultado final), estaremos diante da hipótese de concurso material ou real de crime, isso quer dizer quer, pode haver concurso material quando o agente praticar somente uma ação, mas essa ação resultar na pratica de dois ou mais crimes. A doutrina minoritária, entende que para haver um concurso de crime é necessário ainda uma relação de conexão entre os crimes, neste caso, os crimes investigados em processos penais diferentes, não seriam considerado como concurso, imagine o seguinte exemplo:
	Um homem comete um sequestro em pleno transito, após insuficiente negociação, o agente decide por eliminar a vítima, neste caso existe uma conexão entre o sequestro e o homicídio, devendo o agente neste caso o juiz aplicar a regra do cúmulo material, efetuando uma soma das penas e não uma unificação.
	Observe que existe uma diferença entre soma e unificação, na primeira, o juiz condena se for o caso o acusado por dois ou mais crimes, em seguida define as penas de forma isolada e por último soma as mesmas, diferente do que ocorre na unificação, nesta o juiz visando respeitar o limite de pena de 30 (trinta) anos, aplica a sanção penal de forma unificada, dessa forma ele estabelece o limite de pena.
	Por sua vez a doutrina majoritária, entende que para haver um concurso de crimes, não necessariamente precisa haver uma conexão entre os mesmo, podendo ainda ser objeto de processos diferentes.
	2.3 Concurso material homogêneo e heterogêneo: A diferença existente é quanto a natureza dos crimes cometidos. Quando os crimes são de natureza idêntica, falamos em concurso material homogêneo, por sua vez, quando os crimes não de natureza diferente, estamos diante da situação de concurso material heterogêneo, que por regra, deverá ser aplicada a regra do cúmulo material.
	2.4 Concurso material e penas restritivas de direitos: Neste tópico, o § 1º do art. 69, estabelece que em caso de concurso material de infrações, aplicada uma pena cumulativa de restrição de liberdade, não poderá uma das penas ser relaxada para restrição de direitos a menos que a outra também seja, o mesmo ocorre com as restrições de direitos.
	No caso das penas restritivas de direitos, poderá o condenado cumprir ambas, se for possível, caso não, será determinado que seja cumprido de forma sucessiva.
 3 – CONCURSO FORMAL OU IDEAL DE CRIMES: Ocorre o concurso formal ou ideal de crimes, quando o agente com uma ação, pratica mais de um ilícito penal, é o que ocorre quando um atirador atira contra uma pessoa e por sua arma ser de alto poder de fogo, acaba por atingi uma outra pessoa, neste caso a pena imputada será diferente do concurso material.
	3.1 Requisitos e consequências do concurso formal ou ideal: Vejamos agora alguns requisitos e as consequências de um concurso formal:
	Requisitos:
Uma só ação ou omissão;
Prática de dois ou mais crimes.
Consequências:
Aplicação da mais grave das penas, aumentada de um sexto até metade;
Aplicação de somente uma das penas, se iguais, aumentada de um sexto até metade;
Aplicação cumulativa das penas, se a ação ou omissão é dolosa, e os crimes resultam de desígnios autônomos.
Fazendo ume estudo detalhado das consequências, pegaremos a primeira delas. A aplicação da mais grave das penas, ocorre quando um agente pratica uma só ação ou omissão, não sendo dolosa, e o resultado são dois ou mais crimes distintos ou idênticos, neste caso aplicar-se-á a mais grave das penas e a mesma deverá ser aumentada de um sexto até a metade, dependendo do juízo de reprovação da conduta.
No segundo caso o agente pratica dois ou mais crimes iguais, neste caso aplica-se somente uma delas e a mesma é aumentada de um sexto até metade.
No terceiro caso, o agente age dolosamente, e pratica o mesmo crime ou crimes diferentes, sendo-lhe imputada a pena na forma cumulativa, ou seja, somada as penas das duas infrações penais.
3.2 Concurso formal homogêneo e heterogêneo: O concurso homogêneo é aquele em que o agente por uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes idênticos, no caso do heterogêneo, os crimes praticados são diferentes.
3.3 Concurso formal próprio (perfeito) e impróprio (imperfeito): Neste tópico é valorado o aspecto subjetivo da conduta do agente, assim sempre que o agente agir com culpa ou o resultado aberrante imputado ao mesmo, também for de culpa, estaremos diante da hipótese de concurso formal próprio, imagine o caso em que um agente culposamente atropela duas pessoas, ou ainda, atira com dolo contra uma vítima e acaba por atingir uma outra.
O concurso formal impróprio, por sua vez, ocorre quando o agente atua com vontade finalística na produção de dois ou mais resultados, ou seja, ele age dolosamente.
3.4 Concurso material benéfico: Este instituto visa favorecer o agente que praticou o delito, quando a sanção imposta ao mesmo for maior que no concurso material, isso por que o parágrafo único do Art. 70 do Código Penal, se encarregou de limitar a pena ao modelo material de aplicação da mesma.
Por exemplo, um agente que dispara uma arma de fogo com intensão de matar e por descuido, acaba por atingir uma outra vítima, sendo-lhe imputada a pena de lesão corporal leve. Se avaliarmos a pena pelo modelo material e considerarmos as aplicações mínimas, o agente pegará 12 (doze) anos pelo homicídio doloso qualificado somando a 2 (dois) meses por lesão corporal leve, porém no modelo formal, o agente pegará os mesmo 12 (doze) anos, sendo-lhe acrescida um sexto, totalizando 14 (quatorze) anos. Diante dessa situação o código penal diz que deve ser utilizado para efeito de soma, o modelo materialista.
4 – CRIME CONTINUADO: O conceito de crime continuado é exposto quando o agente pratica mais de uma ação ou omissão resultando em mais de um crime da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira, etc, devem as demais ações subsequentes serem consideradas como continuação do primeiro.
	4.1 Natureza jurídica do crime continuado: Três teorias discorrem sobre este assunto. A primeira delas, teoria da unidade real, defende que o crime seria único mesmo quando fosse praticado por várias ações, já a teoria da ficção jurídica, defende que as várias ações já realizadas pelo agente, quando reunidas, tornariam um crime único.
	4.2 Requisitos e consequências do crime continuado: 
	Requisitos:
Mais de uma ação ou omissão;
Prática de dois ou mais crimes, da mesma espécie;
Condições de tempo,lugar, maneira de execução e outras semelhantes;
Os crimes subsequentes devem ser havidos como continuação do primeiro.
Consequências:
Aplicação da pena de um só crime, se idênticas, aumentada de um sexto a dois terços;
Aplicação da mais grave das penas, se diversas, aumentada de um sexto a dois terço;
Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, aplicação da pena de um só dos crimes, se idêntica, aumentada até o triplo;
Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, aplicação da mais grave das penas, se diversas, aumentada até o triplo.
4.2.1 Crimes da mesma espécie: Existe uma divergência doutrinária sobre o que seriam crimes de mesma espécie, a primeira das doutrinas defende que o crime será de mesma espécie quando mais de uma ação ou omissão ofender o mesmo bem juridicamente tutelado, dessa forma o crime de roubo e furto, seriam continuados. 
Em sentido contrário assevera Aníbal Bruno, para o renomado autor, o crime será continuo quando atingir a mesma tipificação penal, assim o crime de roubo e furto não seriam continuados, uma vez que o tipo penal é diferente. As cortes superiores, acatam a primeira definição.
4.2.2 Condições de tempo, lugar, maneira de execução ou outras semelhantes: Além do critério espécie, para que seja aferida a continuidade de um crime, se faz mister a verificação de alguns elementos, tais como o tempo da ação ou omissão, o lugar, a maneira da execução do crime, entre outros fatores.
As divergências doutrinárias são notórias, quanto ao tempo, por exemplo, o STF entende que o prazo máximo é de um mês entre um crime e outro, porém os doutrinadores asseveram que não é possível contabilizar esse espaço, assim ocorre também com o lugar, uma vez que não é possível delimitar uma área, etc.
4.2.3 Os crimes subsequentes devem ser havidos como continuação do primeiro: A aferição de continuidade é prevista no Art. 71, onde fala que os atos deverão ser subsequentes para que haja continuação de crime, nesse sentido a doutrina prevê três teorias:
A primeira das teorias é a chamada teoria objetiva, para essa teoria, haverá continuação no crime quando for respeitado todos os elementos previstos na lei, não sendo importante a existência da relação de contexto entre os crimes.
A segunda das teorias também conhecida como teoria subjetiva, assevera que para existir continuação do crime é pouco importante os elementos objetivos, essa teoria busca valorar os elementos subjetivos, assim sendo, mesmo que não seja cumprido o que diz a lei quanto a lugar, tempo, etc, se for comprovada que existe uma relação de contexto entre os crimes, esse crime será considerado contínuo.
Por fim temos a chamada teoria objetivo-subjetiva, para essa teoria é preciso que sejam respeitados os critérios objetivos da lei, bem como os critérios subjetivos, dessa forma os autores aceitam a mesma como sendo a mais justa.
	4.3 Crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa: Neste momento o código assevera que o juiz deverá respeitando as condições de tempo, modo, conexão, aumentar a pena dos crimes cometidos de forma dolosa ou com violência e grave ameaça à pessoa, sendo nos casos de crimes idênticos aumentada a pena de um só crime e no caso de crimes diferentes, aumentada em até o triplo a pena do mais grave.
	4.4 Consequências do crime continuado: O crime continuado na forma simples, terá aumento de pena de um sexto até dois terços, porém se for na forma qualificada, poderá o juiz levando em consideração os diversos aspectos do autor, como: culpabilidade, antecedentes, motivos do crime, circunstâncias do mesmo, etc, aumentar a pena de um só dos crimes, se idêntico, ou do mais grave em até o triplo se diversos.
	4.5 Concurso material benéfico: O mesmo que ocorre nos casos de concurso formal, se o juiz perceber que a pena imposta em um crime continuado é superior a do concurso material, deverá a pena deste último ser imposta, uma vez que este instituto visa assim como o concurso formal beneficiar o agente.
	4.6 Crime continuado e novatio legis in pejus: Pode acontecer que durante um crime continuado a lei sofra uma alteração, passando a ser mais severa que a lei anterior, nesse caso foi determinado por súmula vinculante que deverá ser aplicada a sanção in pejus réu, uma vez que o mesmo tem ciência da maior reprovabilidade de seus atos.
5 – APLICAÇÃO DA PENA NO CONCURSO DE CRIMES: Neste momento deve o juiz se preocupar ao aplicar a pena, analisando cada pena de forma isolada, inclusive para efeitos prescricionais, assim sendo, imagine um agente que comete o crime de homicídio culposo e lesão corporal culposa, agora imagine que aplicaremos a regra de concurso formal e a pena será bastante reduzida (somente a título de exemplo), imaginando que a pena total tenha sido de um ano e dois meses, o prazo prescricional será de quatro anos, agora se analisarmos cada crime de forma isolada o prazo prescricional será de três anos para o crime de homicídio e quatro anos para a lesão corporal.
6 – MULTA NO CONCURSO DE CRIMES: Quando o concurso é formal ou material, a aplicação da pena de multa é simples, deverá portanto ser aplicada de forma individual a cada conduta do agente, porém nos casos de concurso formal perfeito e crime continuado, existe uma certa divergência doutrinária, uma vez que o crime seria único, é preciso que a pena seja calculada de forma diferente.

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