Buscar

AULA - 1 a 4 Planejamento Regional

Prévia do material em texto

DISCIPLINA: PLANEJAMENTO REGIONAL 
 
 
 
 
 
Aula1: Introdução ao tema 
 
 
 
 
 
PROFESSORA: FABIANA OLIVEIRA ARAÚJO 
PROFESSORA SUPERVISORA: HELOISA SOARES DE MOURA COSTA 
 
 
 
 
 
BELO HORIZONTE, 04 DE FEVEREIRO DE 2014 
Conhecimento Projeto de 
arquitetura 
Projeto 
urbanístico 
Intervenção 
urbana 
Planejamento 
territorial 
O que é 
necessário 
conhecer 
- Código de 
obras; 
- LPUOS 
- Cliente 
- LPUOS 
- Plano Diretor 
- Usuário 
coletivo 
- Legislação 
ambiental 
- Plano viário 
- Idem + 
análises 
(diagnóstico, 
programa) 
- Inserção na 
cidade 
etc 
Idem + 
conceitos mais 
complexos 
(espaço, 
cidade, 
urbano, região, 
metrópole) 
- Papel do 
Estado, 
sociedade, 
participação 
Natureza do 
conhecimento 
Espaço físico, pessoal, individual, comunitário 
O CONCEITO DE ESPAÇO 
Metamorfose no espaço habitado: 
 
-Paisagem não é espaço; 
-Espacialização (espacialidade) não é espaço; 
- Espaço = paisagem + sociedade 
 
Espaço socialmente produzido (Edward Soja): 
 
1) A estrutura do espaço organizado não é uma estrutura separada da 
sociedade, com suas leis autônomas, próprias de formação e 
transformação (viés espacialista); 
2) Também não é simplesmente uma expressão (reflexo) da estrutura de 
classes da sociedade (visão a-espacial) OU: 
2.1) Espaço enquanto um continente de processos sócio-econômicos 
(comum na economia regional) 
 
3) Mas sim, simultaneamente social e espacial 
O CONCEITO DE ESPAÇO 
Aplicações do conceito: 
 
 
ESPAÇO: geográfico (lugar) 
 histórico (tempo) 
 matemático (ponto, plano, volume) 
 econômico (homens e coisas) 
 urbano (cidade) 
 
Elementos básicos do espaço: homens (mão-de-obra; sociedade) e coisas 
(insumos) 
 
O CONCEITO DE ESPAÇO 
Metamorfose no espaço habitado: 
 
-Paisagem não é espaço; 
-Espacialização (espacialidade) não é espaço; 
- Espaço = paisagem + sociedade 
 
Espaço socialmente produzido (Edward Soja): 
 
1) A estrutura do espaço organizado não é uma estrutura separada da 
sociedade, com suas leis autônomas, próprias de formação e 
transformação (viés espacialista); 
2) Também não é simplesmente uma expressão (reflexo) da estrutura de 
classes da sociedade (visão a-espacial) OU: 
2.1) Espaço enquanto um continente de processos sócio-econômicos 
(comum na economia regional) 
 
3) Mas sim, simultaneamente social e espacial 
E A REGIÃO? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
URBANO REGIONAL 
Artes urbanas Geografia 
Urbanismo Economia regional 
Sociologia urbana Economia urbana 
Administração Administração 
 ESPACO 
 CIÊNCIA REGIONAL 
REGIÃO: 
 
O que é região? 
É o que você quiser que seja. 
 
Milton Santos: “[...] as regiões são subdivisões do espaço: do espaço total, 
do espaço nacional e mesmo do espaço local; são espaços de 
conveniência, lugares funcionais do todo, um produto social” 
 
Por que regionalizar uma área? 
 
Tomando como exemplo a atual regionalização do Brasil, ela é capaz de 
atender às demandas brasileiras? 
 
Itens para pensar: 
 
-Integração com América do Sul; 
-Desigualdades regionais; 
-Diversidade natural e cultural; 
-Integração do território; 
-Mudanças contemporâneas na economia; 
 
 
 
 
 
 
PROPOSTA DE REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL (CEDEPLAR, 2009) 
 
Áreas estratégicas: bioma amazônico, litoral norte-nordeste, centro-norte, 
semiárido, centro-oeste, litoral sul-sudeste 
 
Heterogeneidade econômica, diversidade dos critérios, biomas, 
acessibilidade (malha viária) 
 
 
 
 
 
 
 
PLANEJAMENTO URBANO NO BRASIL 
A experiência brasileira de planos urbanos remonta ao final do século XIX. 
Algumas cidades novas como Belo Horizonte, na virada do século XIX para 
o século XX, e Goiânia, na década de 1930, foram construídas a partir de 
desenhos urbanos influenciados pelos padrões culturais do período 
barroco; Planejamento urbano visto como um projeto acabado, ou seja, 
como uma obra a ser construída e edificada em sua totalidade 
 
Primeiros planos: anos 70: - município 
 - normativas 
 - saber técnico 
 
Fase “ausência”: +/- anos 80 
 
Reforma urbana: - iniciativa popular (CF/88) 
 - função social da propriedade (deveria ser da terra) 
 - gestão democrática da cidade: participação 
 
PLANEJAMENTO URBANO NO BRASIL 
-2ª Safra (CARDOSO): 
 
2001: Estatuto da Cidade 
 
-3ª Safra: Campanha para elaboração de planos diretores (2005) 
 proposta de metodologia: leitura técnica; 
 leitura comunitária 
 
 
A DUPLA HERANÇA DO PLANEJAMENTO 
O PLANEJAMENTO 
COMPREENSIVO 
•Centralizado; 
•Crença no Estado e nas instituições 
 Institucionalização do 
planejamento 
•Produto: Plano; 
•Auge: anos 70/80; 
•Saber técnico é priorizado 
•Leitura uniforme da cidade. 
 
 
 
Diagnósticos urbanos e regionais 
Experiências criativas 
X 
Homogeneização planos 
OS MOVIMENTOS 
 POPULARES 
•Ênfase na organização autônoma 
•Contra o Estado, visto como a 
serviço da elite e do capital 
•Início nos anos 80: resgate de uma 
tradição pré-64 
•Saber técnico secundarizado e, às 
vezes, até desautorizado 
•Protestos e reivindicações 
 
 
 
Incorporação lenta, mas progressiva 
ao planejamento 
 
 
A DUPLA HERANÇA DO PLANEJAMENTO (cont.) 
O PLANEJAMENTO 
COMPREENSIVO 
•Associado a uma política 
centralizadora de recursos; 
•Estado: legítimo responsável pela 
gestão do espaço e promotor de uma 
ordem justa; 
•Nesse tipo de planejamento há 
pouco espaço para o não-formal, 
para a cidade legal; 
•Produtos: excelentes diagnósticos 
•Diferença entre países 
desenvolvidos e Brasil: “planejamento 
incompleto”, assim como urbanização 
incompleta 
OS MOVIMENTOS 
 POPULARES 
Consequências: 
 
1ª FASE: 
•Experiências pioneiras; 
•Incorporação progressiva de formas 
“participativas” de planejamento 
•Certo pioneirismo de MG: 
PRODECOM, PROFAVELA, PROEC, 
etc. 
2ª FASE: 
•Processo constituinte; 
•Constituições estaduais; 
•Leis orgânicas municipais 
 Gestão democrática da cidade; 
reforma urbana e seus instrumentos 
 
TENTATIVA DE SÍNTESE DAS HERANÇAS 
ANTERIORES 
Década de 90: Reconhecimento de que a cidade e seu planejamento 
são formados por múltiplos atores 
 
 
Como ouvi-los? Como envolvê-los? 
 
As respostas variam: 4 tendências 
 
I – Do planejamento compreensivo ao estratégico; 
II – Dos movimentos sociais urbanos à gestão democrática; 
III – Das propostas disciplinadoras ao planejamento flexível; 
IV – Globalização de ações e criação de “agendas”. 
TENTATIVA DE SÍNTESE DAS HERANÇAS 
ANTERIORES 
I – DO PLANEJAMENTO COMPREENSIVO AO ESTRATÉGICO: 
Planejamento compreensivo: 
 
- Diagnóstico – prognóstico – propostas; 
- Espaço planejado: 
 setorização de funções (zoneamento por uso + zoneamento especial) 
 noção de uso: - predominante 
 - permitido/tolerado 
 
No caso de Belo Horizonte: corredores de comércio e serviços 
Maior parte da cidade com uso misto realidade social 
 
-Centralidades: comércio/serviço/equipamentos espalhados de forma 
descentralizada:sub-centros regionais 
 evitar deslocamentos desnecessários 
 
- Modelos de assentamento: associar uma determinada volumetria aos tipos 
de uso (e ocupação). 
• Mapeamento de valorização dos imóveis 
• Maior parte da cidade fora dos parâmetros legais 
 
 
 
TENTATIVA DE SÍNTESE DAS HERANÇAS 
ANTERIORES 
I – DO PLANEJAMENTO COMPREENSIVO AO ESTRATÉGICO: 
 
Planejamento compreensivo (cont.): 
 
Modelo BH – atual plano diretor: 
 
-Macrozoneamento a partir de 4 variáveis 
 
 
-Uso flexibilizado; 
 
-Controle da ocupação e do adensamento: 
• ZAP; 
•ZAR; 
• ZA (adensável); 
•ZEIS (locais de aplicação de mecanismos e instrumentos do 
Estatuto da Cidade). 
 
Gestão: Conferências de Política Urbana + Conselhos 
 
 
 
-Mapeamento geotécnico; 
- Capacidade de infra-estrutura; 
- Capacidade do sistema viário; 
- Topografia/declividades. 
TENTATIVA DE SÍNTESE DAS HERANÇAS 
ANTERIORES 
I – DO PLANEJAMENTO COMPREENSIVO AO ESTRATÉGICO (cont.): 
 
Da tradição do compreensivo, surge o estratégico 
 
-Eleger setores estratégicos e não abordar o todo; 
-Pactos com setores da sociedade todos? 
-Há uma polêmica se formando em torno de qual o pacto possível; 
-Eleger determinados projetos/imagens fortes; 
-Exemplo: Barcelona, Curitiba qualidade de vida, meio ambiente; 
 
 
Urbanismo e projeto urbano (desenho urbano) ganham força; 
Ênfase na recuperação/revitalização/requalificação urbana 
 Associação: - com o turismo 
 - com o consumo do espaço 
 - com o marketing urbano 
 
 
 
 
Brasil+internacional 
Rótulo para diferentes 
estratégias 
TENTATIVA DE SÍNTESE DAS HERANÇAS 
ANTERIORES 
I – DO PLANEJAMENTO COMPREENSIVO AO ESTRATÉGICO (cont.): 
 
Perigosa mistura de cultura (com o rótulo de turismo cultural)/consumo e 
lazer, como se tudo fosse a mesma coisa: 
 espaço do consumo/consumo do espaço; 
 faz com que as relações acima sejam tidas como naturais: 
 - parcerias são de mão dupla; 
 - privatização do espaço público. 
 necessidade de se repensar o Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TENTATIVA DE SÍNTESE DAS HERANÇAS 
ANTERIORES 
I – DO PLANEJAMENTO COMPREENSIVO AO ESTRATÉGICO (cont.): 
 
-Diferenciação ou homogeneização 
-A crítica feroz: - as estratégias são sempre com as elites; 
 - marketing é excludente. 
 
A nível internacional: várias recuperações de áreas centrais e históricas são 
idênticas turismo “Presépios”? Uniformes? 
 
- A crítica da crítica estratégico é um rótulo; inúmeras experiências 
progressistas usam este nome depende do recheio 
 
- Antes da estratégia é preciso ter uma política, uma decisão, uma definição. 
 
 
 
 
 
 
 
TENTATIVA DE SÍNTESE DAS HERANÇAS 
ANTERIORES 
I – DO PLANEJAMENTO COMPREENSIVO AO ESTRATÉGICO (cont.): 
 
Metodologias usadas no planejamento estratégico: 
 - SWOT: pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças 
 identificar problemas e limitações; 
 não é decisão de política; 
 fica limitada a quem participa 
 
A crítica ao planejamento funcionalista: - centralizado 
 - plano discurso 
 - excessivamente abrangente 
 - homogeneizante 
 - cidade formal 
 Algumas respostas 
 
 
Planej. Participativo Planej. Estratégico 
 
 
 
-Elege setores para atuar; 
- Elege áreas físicas; 
- empreendedorismo urbano 
TENTATIVA DE SÍNTESE DAS HERANÇAS 
ANTERIORES 
I – DO PLANEJAMENTO COMPREENSIVO AO ESTRATÉGICO (cont.): 
 
Exemplos: 
 
1) “Planão” de vilas e favelas: a política já estava traçada: 
 -intervenção estrutural; 
 - risco como prioritário; 
 - evitar remoções desnecessárias; 
 - outras formas de parceria (ex.: auto-construção, mutirão, etc) 
 
Plano define formas de estabelecer que áreas são mais problemáticas , quais 
receberão intervenção, etc. Metodologia de como fazer os planos específicos 
de cada favela. Grupos de referência 
 
2) Conferência de política urbana: 
 
 utiliza metodologia do planejamento estratégico, mas é na verdade 
uma forma de organizar a discussão com as representações; 
 há todo um diagnóstico já feito que orienta e direciona 
 talvez funcione para avaliar políticas e projetos em andamento 
 
 
 
 
 
TENTATIVA DE SÍNTESE DAS HERANÇAS 
ANTERIORES 
II – DOS MOVIMENTOS SOCIAIS URBANOS À GESTÃO DEMOCRÁTICA 
 
- Inúmeras instâncias de gestão/deliberação (principalmente brasil): 
conselhos, fóruns, etc. PARTICIPAÇÃO; 
- Metodologias de envolvimento dos principais atores: CRIATIVAS, mas ao 
se institucionalizarem, perdem seu potencial libertário; 
- Instrumentos poderosos: OP, OP Cidade, OPH 
 para áreas carentes ≠ áreas formais e bem servidas 
- Planos diretores como processos de (re)conhecimento e de negociação 
entre os atores; 
 
Todos estes instrumentos e propostas partem do RECONHECIMENTO DAS 
DIFERENÇAS entre os pedaços da cidade tentativa de inverter 
prioridades, priorizar os mais pobres, necessitados, etc... O planejamento 
reconhece sua incapacidade de fazer uma leitura única e uniforme sobre a 
cidade 
 
 
 
TENTATIVA DE SÍNTESE DAS HERANÇAS 
ANTERIORES 
III – DAS PROPOSTAS DISCIPLINADORAS AO PLANEJAMENTO FLEXÍVEL 
 
- Desde questões associadas ao uso e ocupação do solo até... 
- ... Ênfase no local, no lugar associado à descentralização, ao 
planejamento de bairro; 
- Volta ao micro (sem perder de vista o estrutural); 
- As negociações entre comunidades 
 
Ex.: - planejamento metropolitano 
 - consórcios entre municípios 
 
 
TENTATIVA DE SÍNTESE DAS HERANÇAS 
ANTERIORES 
IV – GLOBALIZAÇÃO DAS AÇÕES E CRIAÇÃO DE AGENDAS 
 Respostas a eventos internacionais 
 
Priorizar temas a partir de eventos internacionais. 
- HABITAT I e II (Istambul); 
- Conferência do campo (população); 
- Cúpulas ambientais; 
- Davos e anti-Davos, etc. 
 
Ex.: AGENDA 21 e a definitiva incorporação da questão ambiental ao 
planejamento grande diferença entre o 1º e o 3º mundo 
 
 
 Exemplo: cidades sustentáveis 
 
 
- Agenda formal: documentos 
brasileiros e compromissos 
internacionais 
- Agenda paralela 
-Cidade compacta + energia e 
padrão urbanização 
-Saneamento básico, etc... Além das 
demais questões 
O MOMENTO ATUAL 
 
Momento importante: 
 há um retorno ao planejamento via novas formas de gestão da cidade? 
 há um grande número de experiências 
 há novas formas de envolvimento em trabalhos associados ao 
planejamento? 
 
3 partes: - qual a nossa herança? 
 - o que caracteriza o momento atual? 
 - qual o papel dos arquitetos (e estudantes)? 
O MOMENTO ATUAL 
 
OS DESAFIOS 
 Nós nos sentimos preparados? 
 Os arquitetos têm quedecidir se vão se limitar a trabalhar para o 
mercado que pode pagar os se vão trabalhar para toda a sociedade. 
 O ensino está preparado para assumir este desafio? Sabemos dar 
solução para habitações de risco? Sabemos projetar com e não para o 
usuário? 
 Sabemos utilizar plenamente nosso potencial tecnológico e energético? 
Sabemos olhar para nossos vizinhos e projetar bem não para aparecer, 
mas pata o projeto se integrar ao entorno? Sabemos poupar energia e usar 
plenamente os materiais? Sabemos o que fazer com uma favela? Sabemos 
quais as mudanças demográficas e quais as mudanças no padrão de 
família para orientar os projetos? Ou vamos deixar que o mercado 
imobiliário dite como e onde devemos morar? Vamos fazer coro com as 
elites e projetar fortalezas ou v 
O MOMENTO ATUAL 
 
OS DESAFIOS (cont.) 
 
 Aprofundar as conquistas – garantir continuidade das ações; 
 De fato, assumir nossa urbanização incompleta como prioridade, não só 
nos instrumentos para população de baixa renda; 
 Desafio para além dos municípios: gestão regional/metropolitana.

Outros materiais