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1 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO (UFRRJ) INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS (ICE) DEPARTAMENTO DE QUíMICA (DEQUIM) ÁREA DE BIOQUÍMICA BBiiooqquuíímmiiccaa EExxppeerriimmeennttaall Farmácia (IC 627) Roteiros de Práticas e Fundamentos Teóricos 2016 2 SUMÁRIO 1. Espetrofotometria ............................................................................... 3 2. Titulação de aminoácidos .................................................................. 10 3. Análises qualitativas de biomoléculas ................................................ 13 4. Determinação da concentração de proteínas em uma amostra .......... 21 5. Propridades físico-químicas de proteínas ........................................... 24 6. Cinética enzimática ............................................................................ 29 7. Análises qualitativas de carboidratos ................................................. 37 8. Fermentação ..................................................................................... 45 3 ESPECTROFOTOMETRIA INTRODUÇÃO: A espectrofotometria é uma técnica analítica que avalia a capacidade de solutos absorverem luz em comprimentos de onda específicos. A medida da luz absorvida permite, entre outras coisas, inferir sobre a concentração do soluto em determinada solução. Radiação Eletromagnética - Uma radiação eletromagnética, como a luz visível, pode ser descrita (Figura 1): Como uma onda constituída por um componente vetor elétrico e por um componente vetor magnético Como uma série de pacotes discretos de energia (fótons) No primeiro caso, pode-se aplicar à radiação os parâmetros característicos de um movimento ondulatório (comprimento de onda, frequência e número de ondas). Figura 1: Representação esquemática de uma radiação eletromagnética. O campo elétrico e o campo magnético são perpendiculares entre si e ambos oscilam perpendicularmente à direção de propagação da onda, onde E é o campo elétrico e M o campo magnético. A energia eletromagnética não precisa de um meio material para se propagar, sendo definida como uma energia que se move na forma de ondas eletromagnéticas à velocidade da luz (300.000 km/s). Dado que a velocidade de propagação das ondas eletromagnéticas é diretamente proporcional à sua frequência e comprimento de onda, esta pode ser expressa por c = f x λ (1) 4 onde: c: velocidade da luz (m/s) f: freqüência (ciclos/s ou Hz) λ: comprimento de onda Comprimento de onda (λ) é a distância linear entre dois picos de ondas. As unidades usadas para o comprimento de onda de uma radiação eletromagnética: 1 nanômetro (nm) = 10-9 m 1 micrômetro (µm) = 10-6 m 1 angstrom (Å) = 10-10 m = 10-8 cm Frequência (f) é o número de ondas completas (ciclos) que passam por um determinado ponto por segundo. Unidade: s-1 Número de ondas é o número de ciclos (ondas) por cm. Unidade: cm-1 Teoria de Planck e o espectro eletromagnético - A distribuição das radiações eletromagnético existentes na natureza pela ordem dos seus comprimentos de onda ou número de onda constitui o espectro eletromagnético. E = h x f (2) Em que h é a constante de Planck = 6,62 x 10-27 erg.s. Combinando (1) e (2), temos: E = h x f = (hxc)/λ (3) Assim a energia de cada fóton é proporcional à frequência e ao número de onda e inversamente proporcional ao comprimento de onda (Figura 2). Figura 2: Representação do espectro eletromagnético. OBJETIVO GERAL DA PRÁTICA: Quantificação de espécies químicas mediante a absorção de luz. 5 I. DETERMINAÇÃO DO ESPECTRO DE ABSORÇÃO: 1. Objetivo: Determinar o comprimento de onda ótimo (pico de absorção máximo) para o corante indicado. 2. Princípio do método: A Colorimetria e a Espectrofotometria podem ser conceituadas como um procedimento analítico através do qual se determina a concentração de espécies químicas mediante a absorção de energia radiante (luz). Fotometria é uma técnica de análise quantitativa que envolve a medida de intensidade de absorção de luz monocromática de um composto químico em solução. Serve para identificar o comprimento de onda característico para cada composto e para quantificação do composto através de: 1) absorção direta e 2) através de método colorimétrico. As relações quantitativas nesta técnica são dadas pela combinação de duas leis (Lei de Lambert-Beer): Lei de Lambert: quando um feixe de luz passa através de um meio absorvente (sólido ou líquido), porções iguais deste meio irão absorver luz. Lei de Beer: a absorção da luz é proporcional à concentração do soluto na solução. Então, a intensidade de absorção depende: • do comprimento de onda escolhido (normalmente usa o λmáx – onde o composto absorve mais luz); • do percurso que o feixe de luz percorrerá na solução; • da concentração do composto nessa solução. A lei de Lambert-Beer relaciona esses três fatores e estabelece que: A = . l . c onde: A = absorvância (definida pela relação adimensional: A = - log I t /I 0 ), sendo I o a intensidade da luz incidente e I t a intensidade da luz transmitida; ε = absortividade molar (característico de cada substância), em L.(mol.cm) -1 ; l = caminho óptico (percurso da luz monocromática na solução), em cm (Figura 3); c = concentração da substância em mol/L. 6 Figura 3: luz atravessando a solução da amostra com caminho óptico l. Desta forma, mantendo-se o caminho óptico constante, a absorvância torna-se diretamente proporcional à concentração da substância no respectivo λmáx. A fração de luz que passa por uma amostra é a transmitância (T) = I t /I 0 , e está relacionada logaritmicamente, e não linearmente, com a concentração da amostra. Então, estabelecendo a relação: A = log Io/It log 100/It log 100 – log It A = 2 – log It Ou seja: Quando Io = 100% A = 2 – log It Quando It = 1 A = 2 Quando It = 100% A = 0 Quando It = zero A = ∞ A intensidade da radiação transmitida por uma substância é utilizada para a sua determinação quantitativa. Essa é a base dos ensaios colorimétricos e espectrofotométricos. Para descontarmos a absorvância do meio em que o soluto está solubilizado utiliza-se um branco (que vai conter tudo que se tem no meio a ser medido a absorvância menos o soluto). • Espectrofotômetros – instrumento utilizado para medir a quantidade de luz de um dado comprimento de onda que é transmitida por uma amostra (Figura 4). Figura 4: Principais componentes de um espectrofotômetro. Uma fonte (lâmpada) emite a luz com uma grande faixa de espectro. Essa luz é selecionada por um monocromador que transmite em um comprimento de onda específico. A luz monocromática passa através da amostra em uma cubeta com caminho óptico l. Uma parte da luz é absorvida pela amostra Lâmpada Monocromador Cubeta com amostra com c moles/litros da espécie a ser analisada Intensidade da luz incidente I0 Intensidade da luz transmitida I Detector 7 dependendo da concentração (quanto maior é a concentraçãoda amostra maior será a luz absorvida). A luz transmitida é medida por um detector. Cubetas: uma vez selecionado o λ no qual se deseja fazer a análise, essa radiação específica atravessará um recipiente, com caminho ótico definido, que contem a amostra (cubeta). As cubetas de vidro são as mais baratas do que as de quartzo e por isso devem ser usadas sempre que possível. No entanto o vidro absorve radiação na faixa do UV e tem sua utilização limitada para a faixa de 360 a 800nm, enquanto as cubetas de quartzo podem ser usadas de 200 a 800nm. 3. Reagentes e preparo das soluções: - azul de metileno, alaranjado de metila, violeta cristal e vermelho de metila (0,001% em água). Solubilizou-se 0,001g do corante em 100mL de água destilada. 4. Procedimento: Branco: pipetar 3,0mL do solvente (água) utilizado para solubilizar o corante na cubeta de vidro; Realizar a leitura no espectrofotômetro (zerar a leitura - branco); Pipetar 3 mL da solução contendo o corante designado na cubeta de vidro; Realizar as leituras e anotar as absorvâncias nos comprimentos de onda relacionados abaixo: • Corante: λ (nm) 400 420 440 470 500 530 570 600 630 660 690 Abs II. CONSTRUÇÃO DA CURVA PADRÃO (Aplicação da Lei de Lambert-Beer): 1. Objetivo: Construir uma curva padrão e determinar a concentração de uma amostra de corante desconhecida. 2. Princípio do método: Podemos utilizar uma solução de concentração conhecida do composto a ser analisado (ou outra substância de características químicas semelhantes) para construir um gráfico de absorvância em função da concentração da substância em questão. Com 8 este gráfico, denominado curva padrão, pode-se calcular a quantidade do soluto que absorve um determinado comprimento de onda da luz em amostras de concentração desconhecida; desde que, estas estejam nas mesmas condições utilizadas para a construção da curva padrão (mesmos reagentes, mesma temperatura, etc.) (Figura 5). Figura 5: Um exemplo de uma curva padrão. Abs x concentração (mol/L). 3. Reagentes e preparo das soluções: - Idem seção anterior. 4. Procedimento: Identificar 7 tubos de ensaio e colocá-los em uma estante; Adicionar os reagentes conforme a tabela abaixo; Tubos B 1 2 3 4 5 D corante 0,001% (mL) 0 1 2 3 4 5 0 amostra (mL) 0 0 0 0 0 0 5 água destilada (mL) 5 4 3 2 1 0 0 Abs concentração (%) Zerar o aparelho com o tubo B (branco) contendo apenas água; Realizar as leituras no espectrofotômetro (tubos 1-5 e D) no comprimento de onda ideal para o seu corante e anotar os valores obtidos; Calcular as concentrações dos tubos 1 ao 5; A amostra D, contendo o mesmo corante, possui concentração desconhecida. Você deverá determinar a concentração da solução através da Lei de Lambert- Beer. 9 Após a construção da curva padrão temos as absorvâncias para diferentes diluições de uma solução de concentração conhecida (solução padrão). A absorvância de uma solução é proporcional à concentração da solução e a distância percorrida pelo feixe de luz através da solução (Lei de Lambert-Beer). Então, ao se construir o gráfico com os dados obtidos acima (curva padrão), temos: C1 A1 C2 A2 C3 A3 ... CN AN Teoricamente, A1/C1 = A2/C2 = A3/C3 = AN/CN No entanto, há dispersão dos pontos na prática, então, se traça a melhor reta, ou se determina o coeficiente angular médio: Segundo a equação da reta: y = ax + b (sendo a o coeficiente angular da reta e b o coeficiente linear) Ou seja: A = . C + b (b = 0) ou = A/ C Calcula-se o para cada concentração (1 = A1/C1; 2 = A2/C2 ....) O médio é obtido a partir da média de todos os calculados e representa a inclinação da reta. Pode-se calcular a Cd (desconhecida) com os seguintes dados: Cd = Ad /médio Onde: A = absorvância; C = concentração conhecida do padrão C2 CN AN A3 A2 A1 C1 C3 10 TITULAÇÃO DE AMINOÁCIDOS (Método Potenciométrico) INTRODUÇÃO: Muitas substâncias orgânicas são dissociáveis, podendo apresentar características ácidas ou básicas. Os ácidos graxos e nucleotídeos, por exemplo, se apresentam assim. Por outro lado, os fosfolipídios, os aminoácidos e as proteínas apresentam caráter ácido e básico simultaneamente, ou seja, comportam-se como íons anfóteros. A acidez e a basicidade dessas moléculas dependem, entre outros fatores, do pH do meio onde se encontram. Dessa forma, o pH do meio define a forma iônica desses compostos e, analogicamente, a forma iônica desses compostos também interfere no pH do meio. 1. Objetivo: Identificar através de uma curva de titulação as características químicas do aminoácido desconhecido. 2. Princípio do método: A curva de titulação tem duas fases diferentes, correspondendo cada uma à remoção de prótons dos seus dois diferentes grupos. Em pH muito baixo, a espécie iônica predominante do aminoácido é a sua forma completamente protonada. No meio da primeira fase da titulação, na qual o grupo carboxila perde o seu próton, as concentrações do doador e do recebedor de prótons são equivalentes. Nesse caso, segundo a equação de Henderson-Hasselback o pH é igual ao pK do grupo protonado que está sendo titulado. Continuando a titulação, outro ponto importante é alcançado, no qual o primeiro próton já foi praticamente removido e inicia-se a remoção do segundo próton. A segunda fase da titulação corresponde à remoção do próton do grupo NH3+, onde no meio desta segunda fase o pH toma valor equivalente ao pK do grupo amina. A titulação fica praticamente completa quando o pH atinge o valor de 12. Neste ponto a forma predominante é totalmente desprotonada. Na titulação do aminoácido glicina (Figura 6) podemos tirar diversas informações importantes. Primeiro dá-nos uma medida quantitativa do pKa de cada um dos grupos ionizáveis: 2,34 para o grupo carboxila e 9,60 para o grupo amina. Note-se que o grupo carboxila da glicina é cerca de 100 vezes mais ácido (mais facilmente ionizável) do que o grupo carboxila do ácido acético, o qual tem um valor de pKa de 4,76. A diferença de pKa do grupo carboxila na glicina é causado pela repulsão entre o próton que sai e o 11 grupo amina carregado positivamente ligado ao carbono . As cargas opostas ao estabilizarem-se deslocam o equilíbrio para a direita. À semelhança deste, o pKa do grupo amina da glicina fica abaixo do seu valor médio. Este efeito é devido parcialmente à eletronegatividade dos átomos de oxigênio do grupo carboxila, que tende a atrair elétrons, aumentando a tendência de o grupo amina ceder um próton. Daí o grupo amina ter um pKa que é inferior ao de um grupo amina alifático, como por exemplo o da metilamina. Figura 6: Curva de titulação do aminoácido glicina. Representação dos valores de pK da carboxila, do grupo amino e do pI (ponto isoelétrico) da glicina. De forma geral, o pKa de qualquer grupo funcional é majoritariamente afetado pelo ambiente químico, um fenômeno por vezes explorado no centro ativo das enzimas para promover mecanismos de reação que dependem dos valores do pKa dos grupos doadores/receptores de resíduos específicos. O pH característico onde todas as espécies químicas da glicina apresentam carga líquida nula chama-se ponto isoelétrico (pI). Para a glicina, que não tem nenhum grupo ionizável na sua cadeialateral, o pI é simplesmente a média aritmética dos dois valores de pKa: pI= ½ (pK1 + pK2 ) = ½ (2,34 + 9,60 ) = 5,97 3. Reagentes e preparo das soluções: - 2 alíquotas de 50mL de solução de um L-aminoácido 0,1M em solução salina fisiológica (NaCl 0,89% p/v); - 100mL de solução de HCl 0,1M e 100mL de solução de NaOH 0,1M. 4. Procedimento: Monte o esquema para as titulações (Figura 7); 12 Meça o pH inicial da solução do L-aminoácido e mantenha o sistema montado com o potenciômetro funcionando; Dependendo do pH da solução escolha se a titulação vai ser feita com o ácido ou a base; Obrigatoriamente o grupo deverá titular a faixa de pH entre 2.00 e 12.00; ou seja, você provavelmente fará uma titulação ácida e outra básica; Figura 7: Esquema da aparelhagem para a titulação potenciométrica. Transfira a solução de HCl ou NaOH para a bureta, primeiramente rinsando-a e, posteriormente, ajustando adequadamente seu volume para o início da titulação (não esqueça de verificar a presença de bolhas antes de aferir o menisco no ponto zero da bureta); Titule a solução do aminoácido contra HCl ou NaOH, aferindo e anotando o pH do sistema a cada 0,2mL adicionado (lembre-se que você deve aguardar até a estabilização do potenciômetro para efetuar a leitura). Prossiga a titulação até valores de pH próximos a 1.50; Descarte a alíquota do L-aminoácido já titulada e lave a barra magnética com água destilada; Transfira a barra magnética lavada para a outra alíquota do L-aminoácido; Meça novamente o pH inicial da solução de L-aminoácido e mantenha o sistema montado com o potenciômetro funcionando; Transfira a outra solução titulante (NaOH ou HCl) para a bureta lavada, primeiramente rinsando-a e, posteriormente, ajustando adequadamente seu volume para o início da titulação (não esqueça de verificar a presença de bolhas antes de aferir o menisco no ponto zero da bureta); Titule a solução do aminoácido contra o NaOH ou HCl, aferindo e anotando o pH do sistema a cada 0,2mL adicionado (lembre-se que você deve aguardar até a estabilização do potenciômetro para efetuar a leitura). Descarte a segunda alíquota do L-aminoácido já titulada. 13 ANÁLISES QUALITATIVAS DE BIOMOLÉCULAS INTRODUÇÃO: Muitas moléculas biológicas são macromoléculas, que são polímeros de alto peso molecular constituídos pela repetição de unidades menores, chamados monômeros. Estas macromoléculas se apresentam em grande variedade quanto ao tamanho e também quanto aos seus monômeros constituintes. Entre as macromoléculas de maior importância estão as proteínas, formadas por aminoácidos; os polissacarídeos (carboidratos), polímeros de açúcares simples, como a glicose; e os ácidos nucléicos (DNA e RNA), constituídos por nucleotídeos. Além destas macromoléculas, moléculas menores como lipídios, água, sais minerais e vitaminas também possuem um importante papel na constituição e função celular. Embora moléculas individuais de lipídios sejam muito menores do que proteínas, ácidos nucléicos e carboidratos, estes também apresentam unidades monoméricas e muitos podem se associar não covalentemente formando agregados maiores. A bioquímica preocupa-se com o estudo tanto da constituição destas biomoléculas como a importância biológica dos processos e interações envolvendo estas. A identificação destas biomoléculas, assim como o conhecimento de suas características e propriedades é um passo essencial para o entendimento destes processos. OBJETIVO GERAL DA PRÁTICA: Identificar a presença de diferentes biomoléculas (proteínas, lipídios, ácidos nucleicos, carboidratos e também aminoácidos) em amostras biológicas através de reações específicas. Nesta prática cada grupo irá receber um conjunto com 5 amostras e deverá identificar para cada amostra se esta é um lipídio, uma proteína, um aminoácido, um carboidrato ou um ácido nucléico. A. TESTE PARA LIPÍDIOS (TESTE DE SOLUBILIDADE EM ÁGUA): 1. Objetivo: Identificação da presença de lipídios nas amostras desconhecidas. 2. Princípio do método: Os lipídios são moléculas com grande variedade estrutural e funcional, no entanto, estas substâncias são caracterizadas pela baixa solubilidade em água e outros solventes polares, e alta solubilidade em solventes apolares. 14 3. Procedimento: Identificar os tubos de ensaio necessários e colocar em uma estante; Adicionar os reagentes conforme a tabela abaixo: Obs. Note que você fará um “controle positivo do teste” usando uma amostra de óleo. Tubos óleo (mL) amostra (mL) água (mL) Resultados CP 1,0 - 2,0 A no__ - 1,0 2,0 A no__ - 1,0 2,0 A no__ - 1,0 2,0 A no__ - 1,0 2,0 A no__ - 1,0 2,0 Legenda: CP (controle positivo); A (amostra). No teste é considerado positivo para a presença de lipídios quando houver a formação de duas fases. B. TESTE PARA PROTEÍNAS (REAÇÃO DO BIURETO) 1. Objetivo: Identificar a presença de proteínas nas amostras desconhecidas. Obs. Agora que você identificou uma amostra como sendo lipídio, esta amostra pode ser eliminada nos testes seguintes. Assim será para os próximos testes: a cada teste realizado uma amostra pode ser eliminada. 2. Princípio do método: Proteínas e peptídeos com no mínimo três aminoácidos, na presença do “Reativo de Biureto” desenvolvem uma coloração púrpura. Este método é baseado na reação do sulfato de cobre em meio alcalino (Reativo de Biureto) com proteínas e peptídeos. O nome do método provém do fato de que a uréia aquecida a 180 oC forma um composto chamado biureto. Este composto na presença de íons de cobre em meio fortemente alcalino formará um composto de cor azul (Figura 8). 15 Figura 8: Reação do biureto. Quando o composto contém duas ou mais ligações peptídicas, produz um complexo cobre-proteína ou cobre-peptídeo de cor púrpura ou azul-violeta, que absorve luz a 545nm. A intensidade de cor produzida é proporcional ao número de ligações peptídicas que estão reagindo, portanto, a quantidade de proteínas presentes pode ser determinada. Quando a solução possuir elevada concentração de peptídeos (tri-, oligo- e polipeptídeos) a coloração desenvolvida será rosa a avermelhada. A sensibilidade do método é de 0,5 a 5,0mg/mL. 3. Reagentes e preparo das soluções: Reagente de Biureto: - Dissolver 1,5g de CuSO4.5H2O e 6,0g de tartarato duplo de sódio e potássio (C4H4O6.Na.K.4H2O) em 500 mL de água; - Adicionar 300mL de NaOH 10%; - Adicionar água destilada suficiente para completar o volume final para 1 litro de solução. Conservar a temperatura ambiente protegido da luz. Solução padrão de caseína 1% (10mg/mL): - Dissolver 2,0g de caseína em 200mL de água destilada. Aliquotar em frações de 10mL e conservar a – 20 oC. 4. Procedimento: Identificar os tubos de ensaio necessários e colocar em uma estante; Adicionar os reagentes conforme a tabela abaixo: Obs. Note que você fará um “branco de reação” usando apenas água e um “controle positivo do teste” usando caseína (uma proteína encontrada no leite). 16 Tubos água (mL) caseína (mL) amostra (mL) biureto (mL) Resultados B 1,0 - - 4,0 CP - 1,0 - 4,0 A no__ - - 1,0 4,0 A no__ - - 1,0 4,0 A no__ - - 1,0 4,0 A no__ - - 1,0 4,0 Legenda: B (branco); CP (controle positivo); A (amostra). Após a adição do reagente de biureto, homogeneizar os tubos e deixar em repouso por aproximadamente 20 min; Neste teste éconsiderado positivo se a amostra desenvolver uma coloração púrpura de forma semelhante ao controle positivo (a intensidade depende da concentração de proteínas). C. TESTE PARA AMINOÁCIDOS (REAÇÃO DA NINHIDRINA) 1. Objetivo: Identificar a presença de aminoácidos nas amostras desconhecidas. 2. Princípio do método: O grupo amino dos aminoácidos é muito resistente à hidrólise, porém pode ser removido facilmente por oxidação. A ninhidrina (hidrato de tricetohidrindeno) é um poderoso agente oxidante causando a desaminação oxidativa de -aminoácidos produzindo CO2, NH3 e um aldeído com um carbono a menos que o aminoácido inicial (Figura 9). Então, a ninhidrina reduzida (hidridantina) reage com NH3 liberado e outra molécula de ninhidrina, formando um complexo arroxeado que apresenta absorção máxima a 570 nm. A intensidade de cor, sob condições padrão, é a base para um teste quantitativo extremamente útil. Outras aminas, além dos -aminoácidos, também reagem com a ninhidrina dando uma coloração azul, mas sem a liberação de CO2. Cabe ressaltar que o produto da reação de iminoácidos, como a prolina e hidróxiprolina, com ninhidrina apresenta coloração amarela ao invés de roxa, cujo máximo de absorção ocorre em 440nm. Neste caso não há liberação de NH3, porém há produção de teores quantitativos de CO2. 17 C C O O OH OH H2N C COOH H R + HN C COOH R C C O O H OH H2O+ + HN C COOH R H2O + + O C COOH R NH3 O C H R CO2 C C O O H OH NH3 C C O O OH OH+ + C C O O C H N C C O O C H2O3+ NH3 C C O C H N C C O O C O -NH4 + Complexo de Ruherman Abs a 570 nm (coloração roxa) Figura 9: Esquema geral da reação de aminoácidos com ninhidrina. 3. Reagentes e preparo de soluções: - Pesar 0,25g de ninhidrina e dissolver em acetona até completar o volume de 100mL. (solução 0,25%) - Pesar 0,890g de L-alanina dissolver em água destilada. Completar com água q.s.p 100mL. (solução 0,1M) 4. Procedimento: Identificar os tubos de ensaio necessários e colocar em uma estante; Adicionar os reagentes conforme a tabela abaixo: Obs. Note que você fará um “branco de reação” usando apenas água e um “controle positivo do teste” usando o aminoácido alanina. Tubos água (mL) alanina (mL) amostra (mL) ninhidrina 0,1% (gotas) Resultados B 1,0 - - 5 CP - 1,0 - 5 A no ___ - - 1,0 5 A no ___ - - 1,0 5 A no ___ - - 1,0 5 18 A pós a adição da solução de ninhidrina, aquecer os tubos em banho-maria a 100 ºC por 3 minutos; Neste teste é considerado positivo para a presença de aminoácidos quando ocorre a formação de uma coloração roxa (maioria dos aminoácidos) ou amarela (iminoácido – prolina). D. TESTE PARA CARBOIDRATOS (REAÇÃO DA ANTRONA): 1. Objetivo: Identificar a presença de carboidratos nas amostras desconhecidas. 2. Princípio do método: O reagente de antrona contém antranol em meio de H2SO4 concentrado. O calor liberado pela diluição do H2SO4 é suficiente para que a reação ocorra. No caso de oligo e polissacarídeos, o ácido atua como catalisador de hidrólise convertendo-se a monossacarídeos (hexoses e pentoses) e também como agente desidratante levando à formação de hidróximetilfurfural e furfural que, na presença de antranol, dão produtos de condensação coloridos (Figura 10). Figura 10: Reação de Antrona. O hidróximetilfurfural proveniente da desidratação de hexoses produz uma substância de coloração verde musgo relativamente estável enquanto que o furfural proveniente da desidratação de pentoses fornece um produto de cor análoga, mas que em alguns minutos se torna vermelho-amarelada ou rubi. 3. Reagentes e preparo das soluções: - Pesar 0,1g de antrona (C14H10O) e dissolver em 100mL de ácido sulfúrico (H2SO4). O C C H OH H O H OH O C C H OH H H OH OH O C C H OH H H OH OH hidróximetilfurfural antranol Complexo verde musgo 19 - Pesar 0,2g de glicose e solubilizar em 100mL de água destilada. (solução 2,0mg/mL). 4. Procedimento: Identificar os tubos de ensaio necessários e colocar em uma estante; Adicionar os reagentes conforme a tabela abaixo: O reagente de antrona deve ser adicionado em banho de gelo, e permanecer no gelo por 5 minutos antes de levar à fervura; Obs. Note que você fará um “branco de reação” usando apenas água e um “controle positivo do teste” usando glicose. Tubos água (mL) glicose (mL) amostra (mL) banho de gelo reagente de antrona (mL) Resultados B 0,1 - - 0,5 CP - 0,1 - 0,5 A no__ - - 0,1 0,5 A no__ - - 0,1 0,5 Legenda: B (branco); CP (controle positivo); A (amostra). Após adição de todos os reagentes, aquecer em banho fervente (100 oC) e observar até o desenvolvimento de uma coloração verde (de 2 a 5 minutos); No teste é considerado positivo para a presença de carboidratos quando ocorre a formação de uma coloração verde. E. TESTE PARA ÁCIDOS NUCLEICOS (Teste para caracterização de pentoses - REAÇÃO DE BIAL): 1. Objetivo: Identificar a presença de ácidos nucleicos nas amostras desconhecidas. 2. Princípio do método: Ácidos nucléicos (DNA e RNA) podem ser evidenciados pela reação do orcinol para pentoses (Figura 11). Neste caso, o ácido nucleico é submetido a um meio fortemente ácido, criado pelo reativo do orcinol, promovendo a hidrólise tanto das ligações N-glicosídicas quanto fosfodiésteres. Portanto, os produtos de hidrólise formados são: a pentose, na forma livre, bases purínicas (adeninas e guanina), bases 20 pirimidínicas (citosinas, timinas e uracilas) e ácido fosfórico. A pentose neste meio fortemente ácido sofre desidratação gerando como produto o furfural, que por sua vez, reage com o orcinol, gerando como produto um complexo de cor verde (com absorvância máxima a 670nm), indicando a presença de ácidos nucleicos. Figura 11: Reação da D-ribose com o orcinol em meio ácido. 3. Reagentes e preparo das soluções: - Solubilizar 0,2g de orcinol em 60mL de HCl concentrado. Adicionar 0,2mL de cloreto férrico (FeCl3) 10%. 4. Procedimento: Identificar os tubos de ensaio necessários e colocar em uma estante; Adicionar os reagentes conforme a tabela abaixo: Obs. Note que você fará um “branco de reação” usando apenas água e um “controle positivo do teste” usando extrato hepático. Tubos Água (mL) extrato hepático (mL) amostra (mL) reativo de orcinol (mL) Resultados B 0,5 - - 1,0 CP - 0,5 - 1,0 A no__ - - 0,5 1,0 A no__ - - 0,5 1,0 Legenda: B (branco); CP (controle positivo) e A (amostra). Agitar os tubos e colocar em banho-maria a 100 ºC/5 min; retirar em seguida e deixar resfriar; No teste é considerado positivo para a presença de ácidos nucleicos quando ocorre a formação de uma coloração esverdeada. OH COH HH CH3 OHHO O H H CH2 OH OH H OH H OH D-ribose (RNA) Meio fortemente ácido + Fe+2 Furfural + 3 H2O Complexo de condensação de cor verde Orcinol 21 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE PROTEÍNAS EM UMA AMOSTRA (Método do Biureto) INTRODUÇÃO: Proteínas são moléculas orgânicasque apresentam diversas funções celulares (transporte, catálise enzimática, defesa, estrutural, etc.). A função e a estrutura de uma proteína estão fortemente correlacionadas, por isso observa-se uma grande variedade de estruturas protéicas que acompanham a variedade de funções desempenhadas por estas. Proteínas são caracterizadas por sua estrutura básica, formada por aminoácidos unidos por ligações peptídicas. As ligações peptídicas são formadas entre o grupo carboxila de um aminoácido e o grupo amino do aminoácido seguinte com a eliminação de uma molécula de água (Figura 12A). O número, a identidade e a disposição destes aminoácidos no espaço (devido às interações entre estes) variam entre diferentes proteínas e determinam as diferentes estruturas tridimensionais e funções destas (Figura 12B). Figura 12: A - Formação de uma ligação peptídica. B - Estrutura tridimensional de uma proteína (citocromo c). A determinação da concentração de proteínas em materiais biológicos é necessária em diversas situações, como na purificação de uma determinada proteína a partir de um extrato de material biológico para o estudo de suas propriedades e funções; ou na avaliação quantitativa de certas proteínas que têm suas quantidades alteradas em determinadas situações patológicas. A B 22 Existem diversos métodos para a determinação do conteúdo total de proteínas em uma amostra. Suspensões puras de proteínas apresentam absorção de luz de comprimento de onda abaixo de 230 nm com absorção máxima a 220 nm, correspondente principalmente às ligações peptídicas. Entretanto, já que outros compostos como ácidos carboxílicos, íons de tampão, alcoóis, bicarbonato e substâncias aromáticas também absorvem nesta região, os resultados obtidos devem ser interpretados com cuidado. As proteínas também absorvem luz ultravioleta em comprimentos de onda próximos a 280 nm que correspondem a presença de tirosina (275 nm), triptofano (280 nm) e fenilalanina (260 nm) nas moléculas. Como o teor destes aminoácidos varia entre diferentes proteínas, a absorção a 280 nm será particular de cada grupo de proteínas. A quantificação de proteínas através da absorção a 280 nm é uma técnica rápida e eficiente, entretanto ela está sujeita a interferências, particularmente de ácidos nucléicos que exibem absorção máxima a 260 nm. Outros métodos bastante comuns baseiam-se no conteúdo de nitrogênio de proteínas (todas as proteínas possuem um conteúdo médio de nitrogênio de 16%), como o “método de Kjeldahl”, ou na reação de sulfato de cobre em meio alcalino com proteínas, que fornece um produto de coloração púrpura, como no “método do Biureto”. Também bastante utilizado, o “método de Folin-Lowry” apresenta modificações ao método do Biureto. Neste método, após a realização do método do Biureto é adicionado à reação o reagente de Ciocalteau (ácido fosfotúngstico fosfomolibídico) que é reduzido pela tirosina presente nas moléculas de proteínas. Nesta reação a coloração desenvolvida é muito mais intensa, tornando o método 100 vezes mais sensível do que o método do Biureto, sendo este bastante útil para amostras muito diluídas. Todos os métodos possuem vantagens e limitações, portanto a escolha deve ser cautelosa e levar em consideração os diversos fatores relativos àquela análise, como, por exemplo, as características da amostra e a disponibilidade de recursos como equipamentos e reagentes. Nesta prática será realizado o método do Biureto, que será descrito em maiores detalhes a seguir. 1. Objetivo: Determinação da concentração de proteínas através da formação de produtos com coloração que poderão ser quantificados por espectrofotometria. 2. Princípio do método: Este método é baseado na reação do sulfato de cobre em meio alcalino (reativo de Biureto) com proteínas e peptídeos (no mínimo tripeptídeos). Maiores detalhes podem ser encontrados no roteiro da aula “Análise Qualitativa de Biomoléculas”. 23 3. Reagentes e preparo das soluções: Reagente de Biureto: - Solubilizar 1,5g de CuSO4.5H2O e 6,0g de tartarato duplo de sódio e potássio (C4H4O6.Na.K.4H2O) em 500mL de água; - Adicionar 300 mL de NaOH 10% e água destilada para 1 litro de solução. Conservar a temperatura ambiente protegido da luz. Solução padrão de caseína 1% (10mg/mL): - Pesar 1,0g de caseína, dissolver em aproximadamente 70mL de água destilada e depois adicionar hidróxido de sódio 1M até a solução tornar-se límpida, e completar o volume para 100mL. Aliquotar em frações de 10mL e conservar a – 20 oC. 4. Procedimento: Identificar 7 tubos de ensaio e colocar em uma estante; Adicionar os reagentes conforme a tabela seguinte: Tubos H2O (mL) caseína 10 mg/mL (mL) amostra reagente de biureto (mL) Abs (540 nm) B 1,0 0 - 4,0 1 0,8 0,2 - 4,0 2 0,6 0,4 - 4,0 3 0,4 0,6 - 4,0 4 0,2 0,8 - 4,0 5 - 1,0 - 4,0 6 - - 1,0 4,0 Após a adição do reagente de biureto, agitar os tubos e deixar em repouso por aproximadamente 20 min; Calcular a concentração de proteínas na amostra de concentração desconhecida que seu grupo recebeu. 24 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DE PROTEÍNAS INTRODUÇÃO: A solubilidade das proteínas é muito variável e depende da distribuição e da proporção de grupos polares (hidrofílicos) e apolares (hidrofóbicos) na molécula. Fatores como pH do meio, concentração de sais e a constante dielétrica do solvente também afetam a solubilidade. Muitas proteínas são solúveis em água ou soluções salinas. Uma vez que as proteínas podem possuir muitos grupos carregados positiva ou negativamente provenientes das cadeias laterais dos aminoácidos, as moléculas podem interagir umas com as outras, com pequenos íons de carga oposta e com a água. Assim ocorrem interações proteína-proteína, proteína-água e proteína-íons. Se a interação proteína- proteína é grande e a interação proteína-água é pequena, as proteínas tenderão a se tornarem insolúveis. Por outro lado, se a interação proteína-água for grande, as proteínas tenderão a serem solúveis. Qualquer condição que altere estas interações poderá afetar a solubilidade das proteínas. Em geral a desnaturação diminui a solubilidade das proteínas. A redução da solubilidade pode ser explicada pela exposição de radicais hidrofóbicos e outros que prejudiquem as interações proteína-água e favoreçam as interações proteína-proteína. Existem várias condições desnaturastes tais como, temperaturas elevadas, valores de pH extremos, sais de metais pesados e solventes orgânicos. Temperaturas elevadas aumentam a agitação térmica, afetando as interações que estabilizam a estrutura tridimensional da proteína (pontes de hidrogênio, interações hidrofóbicas). Condições extremas de pH, por causa da adição de ácidos ou bases fortes alteram o estado de ionização dos aminoácidos, afetando as interações iônicas que estabilizam a estrutura tridimensional da proteína. Além disso, bases provenientes de certos ácidos fortes podem interagir com as cargas positivas presentes na proteína, formando sais que resultam na desnaturação e precipitação. 25 A precipitação de proteínas por causa da adição de sais de metais pesados é atribuída à combinação do cátion metálico (Pb+2, Hg+2, etc) com cargas negativas que podem estar na proteína, resultando na formação de sais insolúveis (proteinato de chumbo, proteinato de mercúrio, etc). A precipitação é favorecida quando o pH está do lado alcalino do ponto isoelétrico da proteína graças ao aumento do número de cargas negativasna proteína. Solventes orgânicos também podem interferir nas interações que estabilizam a estrutura tridimensional (pontes de hidrogênio e interações hidrofóbicas), promovendo desnaturação e precipitação. Entretanto neste caso há um fator adicional envolvido no mecanismo de precipitação, a constante dielétrica do solvente. A força das interações eletrostáticas (F) depende da magnitude das cargas envolvidas (q1, q2), da distância entre os grupos carregados (r) e de uma propriedade física do solvente conhecida como constante dielétrica (). A relação entre a força de atração eletrostática e os parâmetros mencionados é dada pela lei de Coulomb: F = q1 x q2/ x r2 A constante dielétrica é uma medida derivada do momento dipolar da molécula e pode ser determinada por medidas de capacitância. Em termos simples, a constante dielétrica é uma medida da assimetria de cargas intrínseca ou induzida em um campo elétrico. A água apresenta uma constante dielétrica alta, = 80, atenuando as interações iônicas. Assim, a força de atração entre moléculas protéicas contendo radicais com cargas opostas é baixa, fazendo com que predominem as interações proteína-água em vez de interações proteína-proteína. Solventes orgânicos apresentam constantes dielétricas inferiores à da água (por exemplo, benzeno = 2,3, etanol = 24, clorofórmio = 4,8). Conseqüentemente as interações iônicas nestes solventes são muito mais fortes do que com a água. Portanto, a adição de um solvente orgânico a uma solução aquosa de proteína favorece as interações proteína-proteína, conduzindo à precipitação. As proteínas também podem ser precipitadas sem desnaturação ao se variar o pH e por alterações da força iônica do meio. Muitas proteínas podem ser precipitadas ao se variar o pH da solução até seu ponto isoelétrico. O ponto isoelétrico de uma proteína é definido como o valor de pH no qual a carga líquida da molécula é zero. Neste pH, a solubilidade das proteínas em solução aquosa é mínima, pois a presença de um número equivalentes de cargas positivas e negativas na superfície da molécula aumenta a atração iônica, minimizando a repulsão eletrostática entre as cadeias. 26 A solubilidade das proteínas também pode se alterada pela presença de sais. A capacidade de sais neutros de influenciar a solubilidade de muitas proteínas é uma função da força iônica (m). A força iônica de uma solução salina é uma função tanto da concentração quanto da valência dos cátions e ânions que formam o sal, sendo definida como: = 1/2∑Mi x Zi2 Onde Mi é a molaridade do íon i, e Zi é a sua valência. A soma é feita para todos os íons. Para NaCl, por exemplo, ZNa = +1 e ZCl = -1 e uma vez que MNa+ = MCl-l para uma solução NaCl a força iônica equivale à concentração (NaCl = MNaCl). Assim, para eletrólitos 1:1 a força iônica é igual à molaridade do sal, mas isso não ocorre quando íons divalentes ou de valência maior estão envolvidos. Estes íons multivalentes conferem uma maior contribuição individual à atmosfera iônica do que íons monovalentes, uma vez que o quadrado da carga iônica é incluído no cálculo da força iônica e neste caso, M. Em baixa força iônica, os sais aumentam a solubilidade das proteínas, um fenômeno denominado “salting-in”. O efeito é atribuído à interação da proteína com o sal, causando diminuição da interação proteína-proteína. Um efeito oposto na solubilidade das proteínas é obtido em altas concentrações de sal em elevada força iônica. As proteínas podem ser precipitadas sem desnaturação por meio da adição de sal, fenômeno conhecido como “salting-out”, podendo ser explicado pela retirada da camada de solvatação (água de hidratação) das moléculas, resultando na predominância das interações proteína-proteína. 1. Objetivo: Comparar as diferentes situações desnaturantes entre as soluções proteicas, utilizando a mesma solução padrão de proteínas. 2. Reagentes e preparo das soluções Solução de proteína-padrão 2% (20mg/mL): - Pesar 2 g de proteína-padrão (caseína, gelatina, hemoglobina ou ovoalbumina) dissolver com aproximadamente 70mL de água destilada e depois adicionar hidróxido de sódio 1M até a solução tornar-se límpida e completar o volume para 100mL. Aliquotar em frações de 10 mL e conservar a – 20 oC. Solução de ácido tricloroacético 12,5% (p/v): - Pesar 12,5g de TCA (ácido tricloroacético) dissolver com aproximadamente 100mL de água. Conservar a temperatura ambiente. 27 Solução de cloreto de sódio (NaCl) 1M: - Pesar 40g de NaCl e solubilizar em 1000mL de água. Conservar a temperatura ambiente. Solução saturada de sulfato de amônio: - Em um becker de 100mL ir adicionando sulfato de amônio até precipitar o sal no fundo do becker. Conservar a temperatura ambiente. 3. Procedimento: Ação do calor: Em um tubo de ensaio coloque 2,0mL da solução proteica; Leve o tubo ao banho-maria a 100 ºC por 10 minutos. Ação de ácido forte: Em um tubo de ensaio coloque 1,0mL da solução protéica e 1,0mL de TCA (12,5%); Observe e conclua o que ocorreu. Ação de solventes orgânicos: Prepare 3 tubos de ensaio com 1,0mL da solução protéica, e em cada tubo adicione 1,0mL de acetona (tubo 1), 1,0mL de etanol (tubo 2) e 1,0mL de éter etílico (tubo 3); Agite os tubos vigorosamente, observe e conclua o que ocorreu. Precipitação reversível de proteínas: Salting-in: em um becher, coloque 5,0mL da solução de clara de ovo, diluída em água destilada, mexendo lentamente com um bastão de vidro (até aparecer um precipitado = globulinas). Em seguida adicione a solução de NaCl (1M) até a redissolução do precipitado de proteína não desnaturada. Salting-out: em um tubo de ensaio, coloque 2,0mL da solução de clara de ovo, adicione 2,0mL da solução saturada de sulfato de amônio e observe a formação do precipitado, aos poucos, agitando lentamente, adicione água destilada a fim de dissolver novamente o precipitado. 28 4. Curva de Solubilidade da Caseína em Função do pH: Fazer um gráfico o inverso da turbidez (absorvância) contra o pH; Analisar o gráfico obtido indicando a faixa onde se situa o PI da caseína. Tubos B 1 2 3 4 5 6 7 H2O (mL) 5,0 4,4 4,3 4,0 3,5 2,5 0,5 3,9 Ác. Acético 0,1M (mL) - 0,1 0,2 0,5 1,0 2,0 4,0 - Ácido Acético 1M (mL) - - 0,6 Caseína 0,3% (mL) - 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 pH Abs (570nm) 5. Curva de Solubilidade da Caseína em Função da Força Iônica: Fazer um gráfico logaritmo do inverso da turbidez (absorvância) contra a força iônica; Analisar o gráfico obtido indicando as regiões de “salting in” e “salting out”. Tubos B 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 H2O (mL) 5,0 4,0 3,9 3,7 3,4 3,2 3,0 2,5 2,0 0,5 - Ác. Acét. 0,1M (mL) - 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 MgSO4 1,25M (mL) - - 0,1 0,3 0,6 0,8 1,0 1,5 2,0 3,5 4,0 Caseína 0,3% (mL) - 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 Força Iônica Abs (570nm) 29 CINÉTICA ENZIMÁTICA INTRODUÇÃO: Enzimas são catalisadores biológicos que aceleram a velocidade das reações químicas, diminuindo a energia de ativação. Possuem, em geral, estrutura protéica, sendo que algumas moléculas de RNA (ribozimas) foram descritas com atividade catalítica. As enzimas não alteram a constante de equilíbrio nem a variação de energia livre das reações, sendo regeneradas, sob a forma original, ao final da catálise. As moléculas reagentes são denominadas substratos (S) e produtos (P) são formados ao final das reações. As enzimas são,geralmente, bastante específicas com relação aos substratos, formando um complexo denominado ES (enzima-substrato) durante a catálise: A grande maioria das reações biológicas não ocorre, ou ocorre em velocidades baixíssimas nas condições fisiológicas de pH e temperatura. Logo, as reações biológicas, em geral, necessitam de um catalisador para que possam ocorrer, isto é, necessitam de enzimas. Diversos são os fatores que influenciam a velocidade de uma reação enzimática. O pH ótimo de uma enzima não é necessariamente idêntico ao pH de seu meio normal. Acima ou abaixo desse pH, a atividade se reduz. Ainda que os perfis de atividade em função do pH de muitas enzimas tenham a forma de um sino, eles podem variar consideravelmente em forma. Pode-se observar pela figura 13 que a enzima abaixo apresenta um pH ótimo entre os valores 7,0 e 9,0. 4 5 6 7 8 9 10 11 0 1 2 3 4 5 pH [g lic os e] ( g /m L/ m im ) Figura 13. Perfil típico do efeito da variação de pH sobre uma atividade enzimática. E + S ES E + P 30 Tal como ocorre para a maioria das reações químicas, a velocidade das reações catalisadas por enzimas aumenta geralmente com a temperatura, dentro de certa faixa de temperatura na qual a enzima é estável e mantém atividade integral, até que se atinja a temperatura ótima. A partir dessa temperatura, a atividade enzimática diminui à medida que a temperatura é elevada, uma vez que as enzimas são desnaturadas pelo calor (Figura 14). 0 20 40 60 0 3 6 9 12 temperatura (C) [g lic os e] ( g /m L/ m im ) Figura 14. Perfil típico do efeito da variação de temperatura sobre uma atividade enzimática. Dentro de limites bastante amplos, a velocidade de uma reação enzimática é proporcional à concentração de enzima. Este princípio pode ser aplicado a uma grande variedade de enzimas, desde que não haja interferentes na reação e a concentração de substrato seja mantida constante (Figura 15). 0.0 0.2 0.4 0.6 0 2 4 6 enzima (mL) [g lic os e] ( g /m L/ m im ) Figura 15. Perfil típico do efeito da variação de enzima sobre a atividade enzimática. A formação e ruptura de ligações químicas por uma enzima são precedidas pela formação de um complexo enzima-substrato. Em concentração constante da enzima, a (mg) 31 velocidade de reação aumenta com o aumento da concentração de substrato até que a velocidade máxima é alcançada (Figura 16). Em concentração de substrato suficientemente alta, os centros catalíticos estão ocupados e assim a velocidade da reação alcança um máximo. Figura 16. Efeito da variação de substrato (sacarose) sobre a atividade de invertase de Saccharomyces cerevisiae. Em 1913, L. Michaelis e M. L. Menten desenvolveram estudos considerando as principais propriedades das enzimas e aplicando as teorias conhecidas de Cinética Química para um modelo simplificado, o qual envolvia a enzima livre (E), o substrato (S), o complexo enzima-substrato (ES) e o produto (P). Esse modelo pode ser expresso pela equação química: Após tratamentos matemáticos e aproximações a equação de Michaelis-Menten é esta: A figura 16 representa uma curva de velocidade inicial de reação em função da concentração de substrato para uma enzima que siga o modelo proposto por Michaelis 32 O CH2OH H OH H H OH H OH H O H OHH OH CH2 CH2OH HOHO SACAROSE (NÃO REDUTOR) O CH2OH H OH H H OH OH H OH H HO H OHH OH CH2 CH2OH HO H GLICOSE + FRUTOSE REDUTORES e Menten. Essa enzima é dita de características michaelianas e obedece à expressão de velocidade apresentada acima. Nesta curva pode-se facilmente identificar o efeito de saturação do substrato. Nestas circunstâncias, o sistema tende a adquirir velocidade de reação máxima (Vmáx), grandeza que é função da concentração inicial da enzima livre (E). Podemos também definir uma concentração de substrato na qual se obtém metade de Vmáx. Esse valor de [S] é numericamente igual ao KM, parâmetro que dentro de certos limites mede a afinidade da enzima pelo substrato. O método mais preciso para a determinação gráfica dessas grandezas é através do gráfico de duplo-recíproco (Lineweaver-Burk). Para tanto se deve plotar 1/V em função de 1/[S] (Figura 17). Figura 17. Gráfico de Lineweaver-Burk da invertase de Saccharomyces cerevisiae. OBJETIVO GERAL DA PRÁTICA: Determinação da atividade enzimática da invertase de levedura. CONSTRUÇÃO DA CURVA PADRÃO DE AÇÚCAR REDUTOR: 1. Objetivo: A construção da curva padrão de açúcar redutor (glicose) servirá para determinar a concentração de glicose produzida pela reação da invertase. 2. Princípio do experimento: A invertase é uma enzima hidrolítica que catalisa a hidrólise da sacarose, dando como produto a glicose e a frutose. A sacarose é um dissacarídeo não-redutor assim para cada molécula de sacarose hidrolisada, duas moléculas redutoras são formadas (Figura 18). Figura 18: Esquema geral da reação da invertase. -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 1/S 1/ V 33 O nome da invertase foi dado a esta enzima porque ao hidrolisar a sacarose liberando glicose e frutose, ocorre uma inversão do sinal da rotação óptica de positivo para negativo sendo denominado açúcar invertido. A sacarose tem um desvio de +66,5, a glicose de +52,7 enquanto o desvio da frutose é de -92, portanto após a hidrólise, a rotação óptica que era de 66,5 passa a ser -39,3. As propriedades químicas da sacarose e do açúcar invertido são bem diferentes quanto ao poder edulcorante, solubilidade e poder redutor. As enzimas que catalisam a hidrólise da sacarose são largamente distribuídas. As mais conhecidas são a invertase de leveduras e a sacarase intestinal. Sendo um açúcar não redutor, pode-se medir a atividade hidrolítica da enzima pelo aparecimento de açúcar redutor (glicose mais frutose) após a incubação com a enzima. Para determinar a quantidade de açúcar redutor formado, basta utilizar uma curva-padrão de açúcar redutor elaborado nas mesmas condições. 3. Reagentes e preparo das soluções: Reativo de Somoggy - Solubilizar 28g de fosfato dissódico anidro (Na2HPO4) e 40g de tartarato duplo de sódio e potássio (C4H4O6NaK) em 500mL de água destilada; adicionar 100mL de hidróxido de sódio (NaOH) 1M, dissolver 8,0g de sulfato de cobre cristalizado em 80mL de água destilada e adicionar lentamente com agitação. Após, acrescentar 180g de sulfato de sódio anidro (Na2SO4), homogeneizar e completar o volume para 1000mL em um balão volumétrico. Deixar em repouso por 2 dias e filtrar se necessário. Manter em frasco âmbar. Reativo de Nelson - Solubilizar 50g de molibdato de amônio [(NH4).MoO4] em 800mL de água destilada; adicionar 52mL de ácido sulfúrico (H2SO4) concentrado lentamente com agitação. Após, dissolver 3,0g de arseniato de sódio (Na2HAsO4.7H2O) em 50mL de água destilada, adicionar à solução acima e homogeneizar. Completar o volume para 1000mL em um balão volumétrico. Deixar em repouso por 2 dias, manter em frasco âmbar. Glicose 0,02% (0,2 mg/mL) - Pesar 0,02g de glicose, solubilizar em água destilada e completar o volume para 100mL em um balão volumétrico. 34 4. Procedimento: Identificar 6 tubos de ensaio, colocar em uma estante e adicionar os reagentes conforme a tabela abaixo:Tubos H2O (mL) glicose (mL) Somoggy (mL) Agitar bem e levar ao banho-maria fervente (100C) por 10 min Nelson (mL) H2O (mL) glicose (mg/mL) Abs (530 nm) B 1,0 0 1,0 1,0 7,0 1 0,8 0,2 1,0 1,0 7,0 2 0,6 0,4 1,0 1,0 7,0 3 0,4 0,6 1,0 1,0 7,0 4 0,2 0,8 1,0 1,0 7,0 5 0 1,0 1,0 1,0 7,0 Esta curva servirá para determinar a concentração do açúcar redutor produzido a partir da sacarose por ação da invertase; Com os dados obtidos construir a curva-padrão (absorvância x concentração de glicose). DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA NA AMOSTRA PROTÉICA DESCONHECIDA 1. Objetivo: Neste experimento será determinada se a amostra protéica entregue anteriormente possui atividade de invertase. 2. Reagentes e preparo das soluções: Sacarose 0,4M - Pesar 0,412g de sacarose (C12H22O11), dissolver em tampão fosfato 0,1M (pH 5,0) e completar o volume para 100 mL em um balão volumétrico. Preparo da enzima padrão (invertase) - Pesar 10 g de levedura seca (Saccharomyces cerevisiae), colocar num balão de 50mL e completar o volume com água destilada; - Levar ao banho-maria a 37 C para autólise por 1,5h. A seguir, centrifugar a suspensão por 40 min a 3.500rpm, desprezar o sedimento e centrifugar novamente; - Guardar o sobrenadante para os ensaios enzimáticos (os ensaios serão realizados com a enzima diluída 500 x (1:500). 35 3. Procedimento: Adicionar os reagentes em tubos de ensaio conforme a tabela abaixo: Tubo tampão fosfato de sódio 0,1M pH 5.0 (mL) sacarose (mL) amostra (mL) enzima (mL) Agitar bem e levar ao banho- maria por 15 min/ 37oC Somoggy (mL) Agitar bem e levar ao banho- maria fervente (100C) por 10 min Nelson (mL) H2O (mL) B 0,5 2,0 0 0 1,0 1,0 5,5 CP 0 2,0 0 0,5 1,0 1,0 5,5 A 0 4,0 0,5 0 1,0 1,0 5,5 Legenda: B (branco), CP (controle positivo) e A (amostra desconhecida). Ler as absorvâncias em 530nm; Determinar a concentração de açúcar redutor através da curva padrão. 36 CONSTRUÇÃO DA CURVA DE MICHAELIS-MENTEN E CÁLCULO DO GRÁFICO DE LINEWEAVER-BURK: 1. Objetivo: Determinação dos parâmetros cinéticos KM (constante de Michaelis) e Vmáx (velocidade máxima). 2. Procedimento: Adicionar os reagentes em tubos de ensaio conforme a tabela abaixo: Tubo tampão (mL) sacarose (mL) enzima (mL) Agitar bem e levar ao banho- maria por 15 min/ 37oC Somoggy (mL) Agitar bem e levar ao banho- maria fervente (100C) por 10 min Nelson (mL) H2O (mL) Abs (530 nm) B1 2,4 0,1 - 1,0 1,0 5,5 1 1,9 0,1 0,5 1,0 1,0 5,5 B2 2,3 0,2 - 1,0 1,0 5,5 2 1,8 0,2 0,5 1,0 1,0 5,5 B3 2,1 0,4 - 1,0 1,0 5,5 3 1,6 0,4 0,5 1,0 1,0 5,5 B4 1,7 0,8 - 1,0 1,0 5,5 4 1,2 0,8 0,5 1,0 1,0 5,5 B5 0,9 1,6 - 1,0 1,0 5,5 5 0,4 1,6 0,5 1,0 1,0 5,5 B6 0,5 2,0 - 1,0 1,0 5,5 6 0 2,0 0,5 1,0 1,0 5,5 Construir os gráficos de Michaelis-Menten (velocidade inicial x concentração de sacarose) e de Lineweaver-Burk (1/V0 x 1/S); Calcular as constantes cinéticas. 37 ANÁLISES QUALITATIVAS DE CARBOIDRATOS INTRODUÇÃO: Muitas moléculas biológicas são macromoléculas, que são polímeros de alto peso molecular constituídos pela repetição de unidades menores, chamados monômeros. Estas macromoléculas se apresentam em grande variedade quanto ao tamanho, função e características químicas. Os carboidratos são as biomoléculas mais abundantes da terra. A cada ano, a fotossíntese converte mais de 100 bilhões de toneladas e CO2 e H2O em celulose e outros componentes vegetais. Certos carboidratos (açúcar comum e amido) são a base da dieta na maior parte do mundo e a oxidação dos carboidratos é a principal via metabólica fornecedora de energia para a maioria das células não fotossintéticas. Além disso, essas moléculas podem apresentar um papel estrutural como na síntese de paredes celulares, material de reserva como o amido e glicogênio e ainda serem utilizados na síntese de compostos não glicídicos, ácidos nucleicos e cofatores. Os carboidratos são, predominantemente, polihidroxialdeídos ou polihidroxicetonas cíclicos, ou substâncias que liberam esses compostos por hidrólise. Muitos carboidratos, mas não todos, têm fórmulas empíricas (CH2O)n; alguns também contêm nitrogênio, fósforo ou enxofre. Os carboidratos estão divididos em três classes principais de acordo com o seu tamanho: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos (a palavra “sacarídeo” é derivada do grego sakcharon que significa “açúcar”). Os monossacarídeos, ou açúcares simples, consistem em uma única unidade de poliidroxialdeído ou cetona (Figura 19). O monossacarídeo mais abundante na natureza é o açúcar com seis átomos de carbono na molécula, a D-glicose, também chamada dextrose. Figura 19: Dois açúcares de seis carbonos (hexoses). O grupo carbonila aparece sombreado em vermelho em cada uma das estruturas. A glicose é uma aldoexose ao passo que a frutose é uma cetoexose. 38 Os monossacarídeos podem ser oxidados por agentes oxidantes relativamente suaves, tais como os íons férrico (Fe3+) e cúprico (Cu2+). Tal característica faz dos monossacarídeos agentes redutores. Observa-se que os açúcares que apresentam a hidroxila livre no C-1 são bons agentes redutores (Figura 20). Por esse motivo a extremidade que contém a hidroxila livre passa a ser chamada extremidade redutora e o açúcar, de AÇÚCAR REDUTOR. A capacidade que esses compostos apresentam de reduzir íons metálicos em soluções alcalinas é um bom método de identificação desses compostos. Figura 20: Açúcares redutores e não redutores. Os oligossacarídeos são compostos por cadeias curtas de unidades monossacarídicas, unidas entre si por ligações características, chamadas ligações glicosídicas. Os mais abundantes são os dissacarídeos, formados por duas unidades de monossacarídeos (Figura 21). Figura 21: O dissacarídeo lactose. A lactose é um dissacarídeo muito comum, encontrado no leite. Ela é formada por duas unidades monossacarídicas distintas (galactose e glicose) unidas por uma ligação glicosídica. 39 Outro dissacarídeo extremamente abundante é a sacarose, ou açúcar de cana. A sacarose é composta pelos monossacarídeos, com seis átomos de carbono, glicose e frutose. Todos os monossacarídeos e dissacarídeos comuns têm nomes que terminam com o sufixo “-ose”. Os polímeros de açúcares têm uma variação progressiva de tamanho de cadeia. Aqueles que contêm mais de 20 unidades são chamados polissacarídeos. Os polissacarídeos podem ter cadeias contendo centenas ou milhares de unidades monossacarídicas unidas por ligações glicosídicas (Figura 22). Alguns como a celulose, têm cadeias lineares, enquanto outros, como o amido, têm cadeias ramificadas. Os polissacarídeos de origem vegetal, amido e celulose, consistem em unidades repetitivas de D-glicose, mas diferem entre si no tipo de ligação glicosídica, consequentemente, têm propriedades e funções biológicas diferentes. Figura 22: Os dois polissacarídeos do amido, a amilose e a amilopectina. (a) Um pequeno segmento de amilose, um polímerolinear composto por unidades de D-glicose unidas por ligações glicosídicas do tipo (α14). Uma única cadeia do polímero pode conter vários milhares de unidades de glicose. A amilopectina tem ligações semelhantes à amilose nas unidades entre os pontos de ramificação. (b) No ponto de ramificação, a amilopectina tem uma ligação (α16). (c) Um agregado de amilose e amilopectina como se acredita que ocorra nos grânulos de amido. As fibras de amilopectina (vermelho) formam estruturas em dupla hélice umas com as outras ou com as fibras de amilose (azul). OBJETIVO GERAL DA PRÁTICA Identificar os carboidratos presentes em diferentes amostras dadas. Determinar algumas de suas propriedades químicas. 40 I. TESTE DE BENEDICT: 1. Objetivo: Identificar se amostra apresenta açúcar redutor (monossacarídeos e dissacarídeos redutores) em sua composição. 2. Princípio do método: O “Reagente de Benedict” (também chamado de Solução de Benedict) é um reagente químico de cor azulada, desenvolvido pelo químico americano Stanley Rossiter Benedict, geralmente usado para detectar a presença de açúcares redutores, nos quais se incluem os monossacarídeos glicose, frutose, galactose e manose, bem como os dissacarídeos maltose e lactose. O Reagente de Benedict consiste, basicamente, de uma solução de sulfato cúprico em meio alcalino, podendo ser preparado através do carbonato de sódio, citrato de sódio e sulfato cúprico. A reação é complexa e influenciada por uma série de fatores podendo ser esquematizada de forma simplificada como mostrado a seguir: 3. Reagentes e preparo das soluções: Reagente de Benedict - Pesar 17,3g de sulfato de cobre (CuSO4.5H2O), 173g de citrato de sódio (Na3C6H5O7), 100g de carbonato de sódio anidro (Na2CO3), dissolver em água destilada e completar o volume para 1000mL em um balão volumétrico. 4. Procedimento: Adicionar os reagentes em tubos de ensaio conforme a tabela abaixo: Tubos H2O (mL) Soluções de Carboidratos (mL) Reagente de Benedict (mL) Resultados B 0,2 ----- 1,0 CP ----- 0,2 1,0 CN ----- 0,2 1,0 A ----- 0,2 1,0 Legenda: B (Branco); CP (Controle Positivo - açúcar redutor); CN (Controle Negativo – açúcar não redutor) e A (Amostra). Cu+2 + glicídio Composto oxidado + Cu2O Precipitado vermelho 41 Aquecer os tubos em banho fervente (100 oC) por 5 minutos; O teste é positivo se houver o desenvolvimento da coloração vermelho. II. TESTE DE SELLIWANOFF: 1. Objetivo: Identificar se a amostra é uma aldose ou uma cetose. A reação é positiva para cetoses. Aldoses também reagem, no entanto, de forma muito mais lenta do que as cetoses. 2. Princípio do método: O teste de Selliwanoff segue os mesmos princípios teóricos que embasam a reação de Molisch, onde há formação de furfural e hidroximetilfurfural (HMF). Como esses dois produtos, isoladamente, são incolores, adiciona-se um composto fenólico ao meio para que seja desenvolvida coloração visível (vermelho intenso). A reação de Seliwanoff só diferencia-se da reação de Molisch nos reagentes utilizados: o ácido que causará a desidratação do carboidrato é o ácido clorídrico (HCl) e o fenol que reage como o furfural e com o hidroximetilfurfural é o resorcinol (Figura 23). Esse teste permite diferenciar aldoses de cetoses porque a reação com a cetose é mais rápida e mais intensa. Figura 23: Formação do hidroximetilfurfural e resorcinol. 3. Reagentes e preparo das soluções: Reativo Seliwanoff - Dissolver 0,5g de resorcinol (C6H6O2) em 1000 mL de ácido clorídrico (HCl) 6M. Ácido clorídrico 6M (utilizar banho de gelo) - Adicionar aproximadamente 350mL de água destilada em um balão volumétrico de 1000mL e em banho de gelo adicionar 510mL de ácido clorídrico (HCl) P.A cuidadosamente. Completar o volume para 1000mL. cetohexose OHOH2C H H CH2OHOH H OHH OHOH2C COH HH hidroximetilfurfural H2O OH OH resorcinol Produto de coloração vermelha 42 4. Procedimento: Em um tubo de ensaio, adicionar os reagentes de acordo com a tabela abaixo: Tubo H2O (mL) Soluções de Carboidratos (mL) Reagente de Selliwanoff (mL) Resultados B 0,2 ----- 1,0 CP ----- 0,2 1,0 CN ----- 0,2 1,0 A ----- 0,2 1,0 Legenda: B (Branco); CP (Controle Positivo - cetose); CN (Controle Negativo - aldose) A (Amostra). Aquecer os tubos em banho fervente (100 oC) por 2 minutos; Observar os tubos durante a fervura; O teste é positivo se houver o desenvolvimento de coloração vermelha. III. TESTE DO IODO 1. Objetivo: O objetivo do teste é permitir que o aluno seja capaz de identificar uma amostra contendo o polissacarídeo amido. 2. Princípio do método: O amido é um polissacarídeo composto por dois tipos de cadeia: amilose e amilopectina. Moléculas de alto peso molecular (como a amilose e a amilopectina) podem sofrer reações de complexação, com formação de compostos coloridos. Um exemplo importante é a complexação da amilose e da amilopectina com o iodo (Figura 24), resultando em complexo verde azulado e vermelho-violáceo, respectivamente. A figura a seguir esquematiza a interação do iodo com a estrutura do amido. Figura 24: Complexação do iodo à estrutura supramolecular do amido. 43 O grau de adsorção do I2 a partir da solução diluída de KI-I2 pela amilose nativa é de 19-20% enquanto a amilopectina adsorve 0,5%. O mecanismo de reação envolve a inclusão de um arranjo linear de poli KI-I2 na hélice da amilose. Para que a cor azul apareça é necessário que a amilose tenha no mínimo 40 resíduos de glicose. Cadeias pequenas de amilose ou amilopectina também adsorvem o I2 desde que sejam utilizadas soluções mais concentradas de KI-I2. 3. Reagentes e preparo das soluções: Lugol (KI-I2) - Pesar 5,0g de iodo (I2) e 10g de iodeto de potássio (KI), dissolver em água destilada e completar o volume para 1000mL em um balão volumétrico. 4. Procedimento: Em um tubo de ensaio, adicionar os reagentes de acordo com a tabela abaixo: Tubo H2O (mL) Soluções de Carboidratos (mL) LUGOL (gotas) Resultados B 2,0 ----- 2 CP ----- 2,0 2 CN ----- 2,0 2 A ----- 2,0 2 Legenda: B (Branco); CP (Controle Positivo - amido); CN (Controle negativo – glicose); A (Amostra). Aguardar 30 segundos à temperatura ambiente; O teste é positivo se houver o desenvolvimento da coloração roxo-azulada. IV. TESTE DE BARFOED MODIFICADO: 1. Objetivo: Identificar monossacarídeos. 2. Princípio do método: A reação é feita utilizando acetato de cobre em meio de ácido láctico (reagente de Barfoed) à quente por 30 segundos. O produto formado nesta primeira etapa é posteriormente revelado com solução de fosfomolibdato. Apenas os monossacarídeos formam o produto de coloração azul. A adição de ácido fosfomolíbdico leva à formação de um complexo corado de azul escuro. A reação também ocorre com dissacarídeos 44 redutores, mas de forma mais lenta. Desta forma, o teste permite diferenciar monossacarídeos redutores de dissacarídeos redutores. 3. Reagentes e preparo das soluções: Reagente de Barfoed modificado - Dissolver 48g de acetato cúprico ((CH3COO)2.Cu.H2O) em 900mL de água destilada quente, adicionar lentamente 50mL de ácido lático (C3H6O3) 8,5%. Resfriar e completar o volume para 1000 mL em um balão volumétrico. Filtrar se necessário. ReagenteFosfomolíbdico - Dissolver 150g de ácido molíbdico (H2MoO4) e 75g de carbonato de sódio anidro (Na2CO3) em 500mL de água destilada quente com agitação. Aquecer até ebulição. Filtrar. - Adicionar 300mL de ácido fosfórico (H3PO4) 85%. Completar o volume para 1000mL em um balão volumétrico. 4. Procedimento: Em um tubo de ensaio, adicionar os reagentes de acordo com a tabela abaixo: Tubo H2O (mL) Soluções de Carboidratos (mL) Reagente de Barfoed (mL) Aquecer os tubos a 100ºC/30seg Reagente Fosfomolíbdico (mL) Resultados B 0,2 ----- 1,0 0,5 CP ----- 0,2 1,0 0,5 CN ----- 0,2 1,0 0,5 A ----- 0,2 1,0 0,5 Legenda: B (Branco); CP (Controle Positivo – monossacarídeo redutor); CN (Controle negativo – dissacarídeo redutor); A (Amostra). O teste é positivo ocorre se houver o desenvolvimento da coloração azul escuro. Cu+2 + glicídio Composto oxidado + Cu2O H3PO4.12 MoO3 Complexo de cor azul escuro 45 FERMENTAÇÃO INTRODUÇÃO: Os seres vivos transformam energia química dos alimentos em energia sob a forma de ATP que poderá ser utilizado para realizar trabalhos que permitem a manutenção do estado vital das células e dos órgãos (biossíntese de macromoléculas, contração muscular, transporte através de membranas, etc.). A esse conjunto de reações de transformações energéticas que ocorre em uma célula dá-se o nome de metabolismo. O metabolismo pode ser aeróbico ou anaeróbico. No primeiro caso, as reações ocorrem na presença de oxigênio e a síntese de ATP ocorre em mitocôndrias operantes no caso de células eucarióticas. Esse processo denominado respiração celular, quando completo, transforma a matéria ingerida em CO2 e H2O. Quando a degradação ocorre parcialmente e não chegando aos produtos finais CO2 e H2O e o metabólito intermediário é excretado, temos a fermentação, um processo independente de mitocôndria, podendo ser aeróbico ou anaeróbico. Um exemplo é a fermentação da glicose pela levedura gerando álcool que ocorre em anaerobiose, onde o álcool é excretado para o meio de cultura. A fermentação pode ser considerada um processo de obtenção de energia a partir da oxidação de compostos orgânicos utilizando um aceptor de elétrons endógeno. Como o processo é parcial, há apenas uma pequena fração de energia liberada. Nas fermentações, o ATP é gerado a partir da fosforilação ao nível de substrato Praticamente todas as células conhecidas metabolizam glicose e várias hexoses através da via glicolítica (Figura 25). Esta via metabólica é composta de uma sequência de 10 reações catalisadas por diferentes enzimas e resumidamente, é a via de conversão de glicose em piruvato. Seus produtos finais, além do piruvato, são duas moléculas de ATP e duas moléculas de NAD reduzido. 46 Glicose Frutose 6-fosfatoGlicose 6-fosfato hexoquinase ATP ADP Mg+2 Fosfoglicose isomerase Frutose 1,6-difosfato fosfofrutoquinase ATP ADP Mg+2 aldolase Gliceraldeído 3-fosfato Dihidroxiacetona fosfato Fosfotriose isomerase 1,3- difosfoglicerato Gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase NAD+ NADH + H + Fosfoglicerato quinase ATP ADP Mg+2 3-fosfoglicerato Fosfoglicerato mutase 2-fosfogliceratofosfoenolpiruvato enolase Mg+2 H2O piruvato ATP ADP Mg+2 Piruvato quinase Figura 25: Via glicolítica. O ATP produzido na via glicolítica será rapidamente utilizado nos processos celulares que demandam energia, sendo convertidos em ADP + Pi, substratos necessários para a via glicolítica. O NAD reduzido deve ser re-oxidado a NAD+ para que a via glicolítica possa continuar operando. Depois de produzido, o piruvato pode ter os seguintes destinos: 34 ATP Alcoólica Láctica Fermentação Glicose 2 piruvato 2 ATP Respiração aeróbica Ciclo de Krebs Cadeia transportadora 2 ATP 47 A fermentação difere da respiração celular, pois nesta última o aceptor de elétrons é exógeno (oxigênio) e sua captação é realizada via uma cadeia transportadora de elétrons. Dessa forma, após a quebra da glicose originando piruvato, este pode ser convertido a outro composto orgânico. Por esse motivo, a fermentação é um processo que não depende do ciclo de Krebs, ou da cadeia transportadora de elétrons. Neste tipo de reação, os elétrons são transferidos das coenzimas reduzidas (NADH, NADPH e FADH2) ao piruvato ou derivados, regenerando-os para novos ciclos de glicólise. A fermentação não precisa necessariamente ocorrer em ambiente anaeróbico (sem oxigênio). Mesmo em presença de grandes quantidades de oxigênio, leveduras preferencialmente realizam a fermentação em detrimento da fosforilação oxidativa. Carboidratos são os substratos mais comuns da fermentação e os dois principais tipos de fermentação são a alcoólica e a láctica, mas vários microrganismos utilizam a fermentação produzindo compostos diferentes como o ácido butírico e acetona. Fermentação alcoólica (leveduras e algumas espécies de bactérias): Figura 26: Fermentação alcoólica. A quebra do piruvato leva a produção de etanol e dióxido de carbono. É um tipo importante de processo para a fabricação de pães, cerveja e vinho (Figura 26). Fermentação láctica A quebra do piruvato leva a formação de ácido láctico (Figura 27). Ocorre em músculos de animais quando há necessidade de geração de energia rápida. Em repouso a célula muscular produz um excesso de ATP, que transmite sua energia para outro composto, a creatina fosfato, que é mais estável, permanecendo por mais tempo armazenado na célula. Em uma contração, este composto cede energia para a produção de ATP. 48 Figura 27: Fermentação láctica. Ocorre também em bactérias (como lactobacilos) e alguns fungos. Bactérias que convertem lactose em ácido láctico dão o sabor característico dos iogurtes. Estas bactérias podem ser classificadas como homofermentativas (produzem apenas lactato) ou heterofermentativas (produzem além do lactato, outros produtos como dióxido de carbono, acetato, ácido fórmico, etc.). Existem vários outros tipos de fermentação, além da alcoólica e da láctica, que são observados em diferentes microrganismos: Propiônica: produtos finais: ácido propiônico, ácido acético e CO2 (Propionibacterium, Veillonella). Acetona-Butírica: ácido butírico, acetona, butanol, isopropanol, ácido acético, ácido fórmico, etanol, H2 e CO2 (Clostridium, Eubacterium, Bacillus). Acética: acético, glucônico (Acetobacter). Aerogenes-coli-tífico: ácidos fórmico, acético, láctico e succínico, etanol, 2,3- butilenoglicol, H2 e CO2 (Escherichia, Enterobacter, Salmonella). Certas substâncias complexas como algumas enzimas, antibióticos e vitaminas, cuja obtenção por síntese química é bastante onerosa, e às vezes até impossível, podem ser obtidas através de processos fermentativos. Os processos fermentativos têm apresentado um significativo desenvolvimento, tanto em relação aos microrganismos fermentativos como o processo fermentativo em si, sendo estes objetos de estudo de áreas como microbiologia, bioquímica e engenharia bioquímica. 1. Objetivo: Analisar o consumo temporal de glicose por células de Saccharomyces cerevisiae como uma forma indireta de se determinar a capacidade fermentativa dessas células. 49 2. Princípio
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