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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA – UNOESC ENGENHARIA MECÂNICA ESTUDO DE CASO FALHA DO MANCAL FLANGE Caio Julio Mattiolo Douglas Cavalheiro de Jesus Lucas Antunes Pereira Joaçaba-SC 2017 Caio Julio Mattiolo Douglas Cavalheiro de Jesus Lucas Antunes Pereira ENSAIOS MECÂNICOS ESTUDO DE CASO: MANCAL FLANGE. Relatório apresentado como parte das exigências da disciplina Ensaios Mecânicos, do curso de Engenharia Mecânica da Universidade do Oeste de Santa Catarina, Campus de Joaçaba. Docente: Sérgio L.Marquesi Empresa: Celulose Irani SA. Joaçaba-SC 2017 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1- Exemplo de micrografia do ferro fundido cinzento. ............................. 7 Figura 2- Exemplo de micrografia do ferro fundido branco. ............................... 8 Figura 3- Exemplo de micrografia do ferro fundido maleável. ............................ 8 Figura 4- Exemplo de micrografia do ferro fundido nodular. .............................. 9 Figura 5-Aparelho de medição ......................................................................... 10 Figura 6- Representação da fórmula para cálculo da dureza HB com seus indicativos no desenho. .................................................................................... 11 Figura 7- Representação dos passos da medição. .......................................... 11 Figura 8-Mostrador acoplado na máquina com as escalas de medição. .......... 12 Figura 9-Representação esquemática com um penetrador de diamante. ........ 12 Figura 10-Desenho dos penetradores usados no ensaio Rockwell. ................. 13 Figura 11-Tabela com algumas escalas, suas informações e aplicações. ....... 13 Figura 12- Diagrama TensãoxDeformação. ..................................................... 14 Figura 13- Máquina de ensaio universal. ......................................................... 15 Figura 14- Corpos de prova.............................................................................. 15 Figura 15- Tipos de fixação. ............................................................................. 16 Figura 16- Limite de proporcionalidade A´ ....................................................... 17 Figura 17- Limite de escoamento. .................................................................... 18 Figura 18- Gráfico TxD na prática. ................................................................... 19 Figura 19- Gráfico TxD ..................................................................................... 19 Figura 20- Gráficos genéricos para diferentes materiais. ................................. 21 Figura 21- Microscópio acoplado ao computador na metalografia. .................. 22 Figura 22- Exemplo de polimento com politriz.................................................. 23 Figura 23- Exemplo de amostra no ataque químico. ........................................ 23 Figura 24- Microscópio. .................................................................................... 24 Figura 25- Mancal original de fábrica. .............................................................. 25 Figura 26- Mancal quebrado. ........................................................................... 25 Figura 27- Dados Técnicos do mancal. ............................................................ 26 Figura 28- Pontos marcados na medição da dureza Brinell. ............................ 26 Figura 29- Lixas utilizadas. ............................................................................... 27 Figura 30- Durante o processo de lixamento.................................................... 28 Figura 31- Corpo de prova finalizado. .............................................................. 28 Figura 32- Microscópio acoplado ao computador(UNOESC) ........................... 29 Figura 33- Imagem do eixo/fuso do mancal. .................................................... 30 Figura 34- Mancal acoplado ao eixo de transmissão(fuso). ............................. 30 Figura 35- Partes da máquina que o fuso movimenta. ..................................... 31 Figura 36- Cálculo da dureza HB. .................................................................... 31 Figura 37- Imagens antes do ataque químico. ................................................. 32 Figura 38- Após ataque químico com ampliação 100x. .................................... 32 Figura 39- Após ataque químico com ampliação 200x. ................................... 33 Figura 40- Após ataque químico com ampliação de 400x. ............................... 33 Figura 41- Composições de ferros fundidos. .................................................... 33 Figura 42- Representação 3D do mancal. ........................................................ 34 Figura 43- Mancal em 3D na sua forma deformada em análise estática. ........ 34 Figura 44- Demonstração com os locais que sofrem mais tensões. ................ 35 Figura 45- Representação dos máximos deslocamentos quando aplicada uma força. ................................................................................................................ 35 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 5 1.1 OBJETIVOS .............................................................................................. 6 1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................. 6 1.1.2 Objetivos Específicos ..................................................................... 6 2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................... 7 2.1 FERRO FUNDIDO .................................................................................... 7 2.2 ENSAIO DE DUREZA ............................................................................... 9 2.2.1 Ensaio de dureza Brinell ................................................................... 10 2.2.2 Ensaio de dureza Rockell ................................................................. 11 2.3 ENSAIO DE TRAÇÃO ............................................................................. 14 2.3.1 Módulo de Elasticidade (E) ............................................................... 16 2.3.2 Limite de Escoamento (σe) ............................................................... 17 2.3.3 Limite de Resistência Mecânica (σu) ................................................ 18 2.3.4 Limite de Ruptura (σr) ....................................................................... 19 2.3.5 Módulo de Tenacidade (UT ) ............................................................ 20 2.3.6 Módulo de Resiliência (UR) .............................................................. 20 2.3.7 Alongamento Total (A) ...................................................................... 20 2.3.8 Estricção () ...................................................................................... 20 2.3.9 Fratura .............................................................................................. 21 2.5 ENSAIO METALOGRÁFICO ................................................................. 22 3. METODOLOGIA .......................................................................................... 25 3.1 MEDIÇÃO DA DUREZA. ......................................................................... 26 3.2 METALOGRAFIA .................................................................................... 27 3.2.1 Preparação do corpo de prova .........................................................27 3.2.2 Ataque químico ................................................................................. 29 3.2.3 Análise metalográfica ....................................................................... 29 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 30 4.1 DADOS DO LOCAL PARA ESTUDO ...................................................... 30 4.2 RESULTADO DA MEDIÇÃO DE DUREZA ............................................. 31 4.3 RESULTADOS DA METALOGRAFIA ..................................................... 32 4.4 MÉTODO DE ANÁLISE COMPUTACIONAL ......................................... 34 5. CONCLUSÕES ............................................................................................ 36 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 37 1. INTRODUÇÃO O presente estudo de caso visa avaliar o motivo do acontecimento da falha do componente, bem como adquirir conhecimentos e buscar meios alternativos para conclusão do mesmo. Será apresentado no decorrer do estudo uma base teórica, que servirá como apoio científico, ensaios nos quais será possível a identificação do material, e também métodos alternativos que serão explicados adiante. Este estudo é de fundamental importância para a base acadêmica do curso, já que é por meio dos ensaios que se verifica se os materiais apresentam as propriedades que os tornarão adequados ao seu uso, logo, uma das características a serem avaliadas. 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral Fazer a avaliação da falha do mancal utilizando conhecimentos adquiridos e aprofundados em pesquisa. 1.1.2 Objetivos Específicos Obter dados para comprovação dos resultados a partir da base teórica; Reconhecer o material estudado a partir do ensaio metalográfico; Realizar o ensaio de dureza; Realizar, se necessário, outros métodos para resolução do problema; Apresentar uma possível causa do problema. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 FERRO FUNDIDO Ferro fundido é a liga ferro-carbono-silício, de teores de carbono geralmente acima de 2,0%, em quantidade superior à que é retida em solução sólida na austenita, de modo a resultar carbono parcialmente livre, na forma de veios ou lamelas de grafita. Dentro da denominação geral de “ferro fundido”, podem ser distinguidos os principais tipos de liga: Ferro fundido cinzento ( 2,5% - 4,0% ) – cuja fratura mostra uma coloração escura (por isso a sua denominação), caracterizada por apresentar como elementos de liga fundamentais o carbono e o silício e estrutura em que uma parcela relativamente grande do carbono está no estado livre (grafita lamelar) e outra parcela no estado combinado (Fe3C); Figura 1- Exemplo de micrografia do ferro fundido cinzento. Fonte: Airton Morassi(2014) Ferro fundido branco ( 2,5% - 3,0% ) – cuja fratura mostra uma coloração clara (donde a sua denominação), caracterizado por apresentar ainda como elementos de liga fundamentais o carbono e o silício, mas cuja estrutura, devido às condições de fabricação e menor teor de silício, apresenta o carbono quase inteiramente na forma combinada (Fe3C); Figura 2- Exemplo de micrografia do ferro fundido branco. Fonte: Robson Alves - Ferro fundido/ebah.com (2013) Ferro fundido maleável ( 2% - 2,8% )– caracterizado por ser obtido a partir do ferro fundido branco, mediante um tratamento térmico especial (maleabilização), resultando numa transformação de praticamente todo o ferro combinado em grafita na forma de nódulos (em vez de veios ou lamelas); Figura 3- Exemplo de micrografia do ferro fundido maleável. Fonte: Robson Alves - Ferro fundido/ebah.com (2013) Ferro fundido nodular ( 3,2% - 4,0% )– caracterizado por apresentar, devido a um tratamento realizado ainda no estado líquido, carbono livre na forma de grafita esferoidal, o que confere ao material característica de boa ductilidade, por isso a denominação frequente para esse material de ferro fundido dúctil. Figura 4- Exemplo de micrografia do ferro fundido nodular. Fonte: Robson Alves - Ferro fundido/ebah.com (2013) 2.2 ENSAIO DE DUREZA A dureza é a propriedade de um material que permite a ele resistir à deformação plástica (permanente), usualmente por penetração. O termo dureza também pode ser associado à resistência à flexão, risco, abrasão ou corte. A maioria dos ensaios de dureza estáticos consiste na impressão de uma pequena marca feita na superfície da peça, pela aplicação de força, com uma ponta de penetração. A medida da dureza do material é dada em função das características da marca de impressão e da carga aplicada. Os valores da dureza são relativos, dependendo, assim, do tipo de técnica utilizada. Os ensaios de dureza são realizados frequentemente, porque são simples e baratos, não destrutivos (o corpo de prova não é fraturado e nem deformado drasticamente) e permitem determinar outras propriedades do material. Principais métodos de ensaio de dureza por penetração: → Dureza Brinell → Dureza Meyer → Dureza Vickers → Dureza Rockwell 2.2.1 Ensaio de dureza Brinell Proposta por Brinell em 1900, leva o seu nome e é simbolizada por HB (Hardness Brinell), é o tipo mais usado na engenharia. É definida por N/mm² ou kgf/mm². Para determinar a dureza um pequeno penetrador é forçado contra uma superfície do material a ser testado. A partir desse resultado, mede-se a profundidade ou o tamanho da impressão relacionando a um número, índice de dureza. Assim, quanto mais macio for o material, maior e mais profunda será a impressão e menor será o índice. Figura 5-Aparelho de medição Fonte:Autor O aparelho consiste em fazer penetrar lentamente a superfície do material com uma esfera de aço endurecido ou metal duro de diâmetro “D”, sob a ação de uma força “F”. A carga é aplicada por 10 ou 15 segundos no caso de FoFo ou aço, e pelo menos 30 segundos para outros metais. Quanto menor a impressão (calote esférico) de diâmetro “d” maior é a dureza do material. Figura 6- Representação da fórmula para cálculo da dureza HB com seus indicativos no desenho. Fonte: DEMEC/UFPR Figura 7- Representação dos passos da medição. Fonte: Engbrasil/IFSP. 2.2.2 Ensaio de dureza Rockell Existem dois tipos de dureza Rockell, o superficial e o normal/convencional, que utiliza o mesmo equipamento usado para medir a dureza Brinell, mas com um método de leitura diferente. Neste método, a carga do ensaio é aplicada em etapas, ou seja, primeiro se aplica uma pré-carga, para garantir um contato firme entre o penetrador e o material ensaiado, e depois aplica-se a carga do ensaio propriamente dita. A leitura do grau de dureza é feita diretamente num mostrador acoplado à máquina de ensaio, de acordo com uma escala predeterminada, adequada à faixa de dureza do material. Figura 8-Mostrador acoplado na máquina com as escalas de medição. Fonte:Autor. O valor indicado na escala do mostrador é o valor da dureza Rockwell. Este valor corresponde à profundidade alcançada pelo penetrador, subtraída a recuperação elástica do material, após a retirada da carga maior, ea profundidade decorrente da aplicação da pré-carga. Em outras palavras: a profundidade da impressão produzida pela carga maior é a base de medida do ensaio Rockwell. Veja a seguir a representação esquemática da profundidade produzida por um penetrador cônico de diamante. Figura 9-Representação esquemática com um penetrador de diamante. Fonte: Engbrasil/IFSP. Os penetradores utilizados na máquina de ensaio de dureza Rockwell são do tipo esférico (esfera de aço temperado) ou cônico (cone de diamante com 120º de conicidade). Figura 10-Desenho dos penetradores usados no ensaio Rockwell. Fonte: Engbrasil/IFSP As escalas de dureza Rockwell foram determinadas em função do tipo de penetrador e do valor da carga maior. Nos ensaios de dureza Rockwell normal utiliza-se uma pré-carga de 10 kgf e a carga maior pode ser de 60, 100 ou 150 kgf. Nos ensaios de dureza Rockwell superficial a pré-carga é de 3 kgf e a carga maior pode ser de 15, 30 ou 45 kgf. Figura 11-Tabela com algumas escalas, suas informações e aplicações. Fonte: DEMEC/UFPR. 2.3 ENSAIO DE TRAÇÃO O ensaio de tração é um experimento que consegue extrair alguns dados importantes de diversos materiais, por ser estritamente empírico o que existe sobre os ensaios de tração é um gráfico, bastante peculiar, que pode explicar o comportamento de ensaio de vários tipos de materiais. A figura a seguir mostra um gráfico de ensaio de tração bastante comum, os pontos de maior importância são apresentados a seguir e explicados em breve. Figura 12- Diagrama TensãoxDeformação. Fonte: Ensaios dos Materiais-URI(2007) O ensaio de tração geralmente é realizado na máquina universal, que tem este nome porque se presta à realização de diversos tipos de ensaios. A máquina de tração é hidráulica ou eletromecânica, e está ligada a um dinamômetro ou célula de carga que mede a força aplicada ao corpo de prova. Possui um registrador gráfico que vai traçando o diagrama de força e deformação, em papel milimétrico , à medida em que o ensaio é realizado. Figura 13- Máquina de ensaio universal. Fonte: Ensaios dos Materiais-URI(2007) Os corpos de prova possuem características especificadas de acordo com normas técnicas. Suas dimensões devem ser adequadas à capacidade da máquina de ensaio. Normalmente utilizam-se corpos de prova de seção circular ou de seção retangular, dependendo da forma e tamanho do produto acabado do qual foram retirados, como mostram as ilustrações a seguir. Figura 14- Corpos de prova. Fonte: Ensaios dos Materiais-URI(2007) A parte útil do corpo de prova, identificada na figura anterior por Lo, é a região onde são feitas as medidas das propriedades mecânicas do material. As cabeças são as regiões extremas, que servem para fixar o corpo de prova à máquina de modo que a força de tração atuante seja axial. Figura 15- Tipos de fixação. Fonte: Ensaios dos Materiais-URI(2007) Após realizarmos o ensaio utilizamos as medidas e o gráfico para determinarmos as propriedades mecânicas do material, são elas: 2.3.1 Módulo de Elasticidade (E) Esta é uma propriedade específica de cada metal e corresponde à rigidez deste. Quanto maior o módulo menor será a deformação elástica. Para determinarmos experimentalmente esta propriedade utilizamos os dados obtidos através da leitura do relógio ao aplicarmos uma carga. Através da fórmula o módulo de elasticidade será E = σ / ε (Lei de Hooke) , onde σ é a tensão dada por Força/ Área e ε é a deformação dada por ΔL / L0. Graficamente podemos achar E pela tangente da reta que representa a deformação elástica do corpo. A Lei de Hooke só vale até um determinado valor de tensão, representado no gráfico pelo ponto A’, a partir da qual a deformação deixa de ser proporcional à carga aplicada. Figura 16- Limite de proporcionalidade A´ Fonte: Ensaios dos Materiais-URI(2007) 2.3.2 Limite de Escoamento (σe) O escoamento corresponde a transição entre a deformação elástica e a plástica. O limite de escoamento superior é a tensão máxima durante o período de escoamento, essa tensão é seguida por uma queda repentina da carga que representa o início da deformação plástica. Após isso a curva se estabiliza e o valor desta tensão equivale ao limite de escoamento inferior. Tais resultados não dependem apenas do material mas também de outros fatores como a geometria e as condições do corpo de prova. O limite de escoamento pode ser obtido pela intersecção da curva tensão x deformação com uma reta paralela a parte que representa a deformação elástica do gráfico deslocada de 0,2%. Figura 17- Limite de escoamento. Fonte: Ensaios dos Materiais-URI(2007) 2.3.3 Limite de Resistência Mecânica (σu) O limite de resistência à tração é a tensão no ponto máximo da curva tensão x deformação. É a máxima tensão que pode ser sustentada por uma estrutura que se encontra sob tração Após o escoamento, a tensão necessária para continuar a deformação plástica aumenta até um valor máximo (ponto M) e então diminui até a fratura do material. Para um material de alta capacidade de deformação plástica, o diâmetro do CP decresce rapidamente ao ultrapassar o ponto M e assim a carga necessária para continuar a deformação, diminui até a ruptura final. Figura 18- Gráfico TxD na prática. Fonte: Introdução aos Ensaios Mecânicos dos Materiais (Ruckert) 2.3.4 Limite de Ruptura (σr) O limite de ruptura corresponde à tensão na qual o material se rompe. Note que a tensão no limite de ruptura é menor do que no limite de resistência, devido à diminuição de área que acontece no corpo de prova depois que se atinge a carga máxima. Na figura abaixo se pode analisar todos esses elementos representados num mesmo diagrama de tensão deformação. Figura 19- Gráfico TxD Fonte: Ensaios dos Materiais-URI(2007) 2.3.5 Módulo de Tenacidade (UT ) Tenacidade de um metal é a sua habilidade de absorver energia na região plástica. Já o módulo de tenacidade é a quantidade de energia absorvida por unidade de volume até a fratura. Esse valor corresponde à área total abaixo da curva de Tensão x Deformação. 2.3.6 Módulo de Resiliência (UR) Resiliência de um metal é a sua capacidade de absorver energia e depois descarregá-la quando deformado elasticamente. Já o módulo de resiliência é a energia de deformação por unidade de volume necessária para tencionar o metal até o final da região elástica. Esse valor corresponde a área total abaixo do gráfico até o final da região elástica. 2.3.7 Alongamento Total (A) Corresponde ao aumento percentual de comprimento na região útil do corpo de prova observado até a ruptura do corpo de prova. Pode ser determinado pela expressão: A = ( Lf – L0) / L0 x 100 2.3.8 Estricção () É uma medida do estrangulamento da seção.Também pode caracterizar a ductilidade do material, pois quanto maior for a estricção mais dúctil será o metal. É obtida pela fórmula: = (S0 – Sf) / S0 x 100 2.3.9 Fratura Consiste separação ou fragmentação de um corpo sólido em duas ou mais partes, sob ação de uma tensão, e pode ser considerada como sendo constituída da nucleação e propagação da trinca. Pode ser classificada em duas categorias gerais: fratura dúctil e frágil. A fratura dúctil é caracterizada pela ocorrência de uma apreciável deformação plástica antes e durante a propagação da trinca.A fratura frágil é caracterizada pela rápida propagação da trinca, sem nenhuma deformação macroscópica e muito pouca micro deformação. Uma boa maneira de se observar a diferença no comportamento entre os materiais é submetendo-os a um ensaio de tração. Fazendo-se um gráfico da tensão em função do alongamento, é possível caracterizar um material entre os dois grupos. Materiais frágeis rompem-se com alongamento tipicamente menor do que 5% e mostram maior resistência mecânica, como na figura. Figura 20- Gráficos genéricos para diferentes materiais. Fonte: Introdução aos Ensaios Mecânicos dos Materiais (Ruckert) 2.4 ENSAIO METALOGRÁFICO É o estudo dos produtos metalúrgicos, com o auxílio do microscópio visando a determinação de seus constituintes e de sua textura microscópica. Também é estudado em superfícies polidas e geralmente atacadas por um reagente tornando assim possível a revelação dos aspectos particulares do material como nódulos, veios, agulhas, glóbulos etc. Este exame é muito importante, visto que as propriedades mecânicas de um material dependem não só de sua composição química, mas também de sua textura. Ou seja, um mesmo aço pode tornar-se mole, duro, duríssimo, quebradiço, elástico, tenaz, e estas propriedades devido sua textura que pode ser modificada através de trabalhos mecânicos ou tratamentos térmicos. Figura 21- Microscópio acoplado ao computador na metalografia. Fonte: Microscopia e análise metalográfica (IPT) São os passos para o ensaio: Lixamento; Polimento; Ataque químico; Analise metalográfica. O lixamento e polimento consistem em técnicas não tão fáceis de se obter. É utilizada uma Politriz para efetuar os procedimentos a fim de se obter uma superfície lisa e sem riscos, para uma melhor visualização via microscópio. Figura 22- Exemplo de polimento com politriz. Fonte: Relatório de metalografia (EST)2012. Após ser realizado o polimento realiza-se o ataque químico na amostra, este pode ser realizado utilizando-se de vários reagentes, como o nital. Com a realização do ataque pode-se verificar a presença de fases distintas existentes na amostra, sendo o reconhecimento dessas fases fundamentais para o entendimento das propriedades mecânicas do material. Figura 23- Exemplo de amostra no ataque químico. Fonte: Relatório de metalografia (EST)2012. A análise metalográfica é o processo com a utilização de um microscópico, que tem como finalidade tornar mais fácil e nítida a microestrutura em observação, durante a análise deve-se tomar alguns cuidados, como o correto posicionamento das amostras, iluminação apropriada e técnicas fotográficas adequadas, com o objetivo de melhorar a qualidade das imagens em estudo, ocasionando em um melhor reconhecimento das propriedades micro gráficas da amostra. Figura 24- Microscópio. Fonte: METALOPLAN Comércio de instrumentos. 3. METODOLOGIA Para obter os resultados, foi seguido alguns procedimentos que serão mostrados adiante. Abaixo, segue uma imagem ilustrativa do mancal, e outra com o mancal quebrado. Ainda, as especificações técnicas do mancal, que tem a denominação FRM- FC 205, como mostrado em catálogo. Figura 25- Mancal original de fábrica. Fonte: Rolauto Rolamentos-Mancal Tipo Flange FC205. Figura 26- Mancal quebrado. Fonte: Autor. Figura 27- Dados Técnicos do mancal. Fonte: Mancais FRM. 3.1 MEDIÇÃO DA DUREZA. Foi realizada a medição em Brinell, em três pontos distintos da peça, como se pode ver a seguir: Figura 28- Pontos marcados na medição da dureza Brinell. Fonte: Autor. Nos três pontos a medida do diâmetro da marcação foi de 1,1 milímetros. 3.2 METALOGRAFIA Como já explicado, deve-se seguir alguns passos para a analise metalográfica: 1) Preparação do corpo de prova; 2) Ataque químico; 3) Analise metalográfica. 3.2.1 Preparação do corpo de prova A preparação do corpo de prova foi a parte mais demorada do ensaio, uma vez que tivemos que cortar um pedaço da peça com uma serra e depois, com a ajuda do estagiário da Unoesc fizemos o lixamento e polimento do corpo de prova com uso da Politriz, conforme as imagens abaixo. Na sequência de lixa: 220, 320, 400, 600. Figura 29- Lixas utilizadas. Fonte: Autor. Figura 30- Durante o processo de lixamento. Fonte: Autor. Após o lixamento, foi efetuado o polimento, ainda com a Politriz e com disco de polimento, com a finalidade de retirada de todas as marcas ainda existentes na amostra, melhorando assim o seu acabamento superficial. O resultado final do corpo de prova ficou com a aparência como mostrado na figura a seguir. Figura 31- Corpo de prova finalizado. Fonte: Autor. 3.2.2 Ataque químico Após o polimento realizamos o ataque químico na amostra, este pode ser realizado utilizando-se de vários reagentes, sendo utilizado nesta amostra em estudo, o nital. Com a realização do ataque pode-se verificar a presença de fases distintas existentes na amostra, sendo o reconhecimento dessas fases fundamentais para o entendimento das propriedades mecânicas do material. 3.2.3 Análise metalográfica A análise metalográfica foi efetuada com o microscópio acoplado a um computador. Figura 32- Microscópio acoplado ao computador(UNOESC) Fonte: Autor. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 DADOS DO LOCAL PARA ESTUDO O mancal estava acoplado a um eixo de fuso que fazia parte de um conjunto mecânico que movia duas partes de uma máquina, como mostrado em algumas imagens abaixo: Figura 33- Imagem do eixo/fuso do mancal. Fonte: Autor. Figura 34- Mancal acoplado ao eixo de transmissão(fuso). Fonte: Autor. Figura 35- Partes da máquina que o fuso movimenta. Fonte: Autor. 4.2 RESULTADO DA MEDIÇÃO DE DUREZA Como a medição do diâmetro da marcação foi de 1,1 mm, e recorremos a equação de Brinell, a dureza calculada foi de 187 HB, como mostrado a seguir: Figura 36- Cálculo da dureza HB. Fonte: Autor. 4.3 RESULTADOS DA METALOGRAFIA Foi efetuada a análise estudando as imagens antes do ataque químico e depois do ataque químico, ampliando em 100, 200 e 400x. Figura 37- Imagens antes do ataque químico. Fonte: Autor. Figura 38- Após ataque químico com ampliação 100x. Fonte: Autor. Figura 39- Após ataque químico com ampliação 200x. Fonte: Autor. Figura 40- Após ataque químico com ampliação de 400x. Fonte: Autor. Buscando meios confiáveis e ajuda do docente, constatamos que o material estudado se trata de Ferro Fundido cinzento–perlítico, de alta resistência mecânica (conforme figura abaixo). Figura 41- Composições de ferros fundidos. Fonte: Cadernos UniFOA (Ed. 28 - Agosto de 2015) 4.4 MÉTODO DE ANÁLISE COMPUTACIONAL Com o objetivo de respostas para o real motivo da quebra do mancal, buscamos métodos alternativos para a análise de esforços. O meio utilizado foi via SOLIDWORKS, usando a ferramenta de análisede esforços. Apresentaremos a seguir os dados coletados com essa análise, em forma de desenhos 3D, onde os pontos máximos são em cores quentes e os pontos mínimos em cores frias. Figura 42- Representação 3D do mancal. Fonte: Autor. Figura 43- Mancal em 3D na sua forma deformada em análise estática. Fonte: Autor. Figura 44- Demonstração com os locais que sofrem mais tensões. Fonte: Autor. Figura 45- Representação dos máximos deslocamentos quando aplicada uma força. Fonte: Autor. 5. CONCLUSÕES Após a análise metalográfica pudemos definir que o material em estudo é um ferro fundido cinzento perlítico, pois apresenta mais perlita em sua estrutura cristalina. Sabendo que o material é de alta resistência mecânica e sem saber ainda o motivo da quebra, fizemos um estudo computacional utilizando uma ferramenta de análise de esforços do SOLIDWORKS, a fim de se obter resultados. Com a análise de esforços foi possível constatar que ao aplicarmos uma força no mancal, esse sofria uma deformação, como qualquer outro material. O que ressaltamos é que o local onde aconteciam as maiores tensões e os maiores deslocamentos são, e não por coincidência, os mesmos locais de ruptura do mancal. Sendo assim, uma das possíveis causas da quebra do mancal foi o excesso de força/pressão aplicada no eixo do mancal, visto que o mancal FC 205 é de ferro fundido cinzento perlítico de alta resistência mecânica, que suporta uma carga de 22KN na posição em que estava montado. REFERÊNCIAS CABRAL, Ricardo de Freitas et al. Avaliação da microestrutura e da microdureza do ferro fundido cinzento. Cadernos UniFOA, Volta Redonda, n. 28, p. 17-23, ago. 2015. Acesso em: 10 jun. 2017. MÉRCIO FILHO,. Relatório de Ensaio Metalográfico. 2014. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgUC4AE/relatorio-metalografiaaa>. Acesso em: 10 jun. 2017. RODRIGUES, Prof. Msc. Luiz Eduardo Miranda J.. Ensaios Mecânicos de Materiais. Disponível em: <http://www.engbrasil.eng.br/pp/em/aula4.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2017. IMFOMET. Ferros Fundidos - Generalidades. Disponível em: <http://www.infomet.com.br/site/acos-e-ligas-conteudo- ler.php?codConteudo=134>. Acesso em: 17 jun. 2017. RUCKERT, Prof. Dr. Cassius O.f. Terra. Ensaios Mecânicos dos Materiais - Tração: Universidade de São Paulo Escola de Engenharia de São Carlos. Disponívelem:<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/217019/mod_resource/c ontent/1/Ensaio de Tração.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2017. DALCIN, Gabrieli Bortoli. ENSAIOS DOS MATERIAIS: URI. Disponível em: <http://www.urisan.tche.br/~lemm/arquivos/ensaios_mecanicos.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2017. FRM. F200 Mancal tipo Flange-serviço normal. Disponível em: <http://www.frm.ind.br/f200.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2017. FRM. Catálogo de produtos FRM. Disponível em: <http://www.santarol.com.br/catalogo/FRM - Mancais e Rolamentos.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2017.
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