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GLAUCOMA Glaucoma é uma das mais importantes causas de baixa de visão no mundo, acometendo cerca de 67 milhões de pessoas. Apresenta um quadro clinico variável de acordo com a fisiopatologia da doença (tipo de glaucoma). Na maioria dos casos, tem um início insidioso e uma progressão lenta podendo levar à cegueira em 27% dos pacientes. Grande parte das pessoas portadoras de glaucoma crônico não sabe que têm a doença, uma vez que os pacientes acometidos raramente são sintomáticos antes de apresentarem um grau avançado de lesão das células ganglionares e consequentemente de alterações no campo visual. O caráter irreversível das lesões torna o diagnóstico e o tratamento precoces indispensáveis. Durante muito tempo a tonometria (medida da pressão intraocular) foi utilizada preferencialmente no rastreamento e diagnóstico de pacientes com glaucoma. Porém, verificou-se que a sensibilidade e especificidade deste exame não eram satisfatórias. Vários estudos populacionais mostraram que pelo menos metade dos pacientes com glaucoma crônico simples apresentava pressão intraocular (PIO) abaixo de 22 mmHg, sendo considerados como portadores de glaucoma de pressão normal. Mesmo assim, a PIO ainda é considerada o fator mais importante no desenvolvimento da doença e o único passível de controle. Os fatores mais importantes na manutenção da pressão intraocular são a produção e a drenagem do humor aquoso. PRODUCAO: • Produzido pelo epitélio não pigmentado do corpo ciliar • Combinação de processo ativo (70% a 80%) e passivo (ultrafiltração e difusão) DRENAGEM: • via trabecular (convencional) -90%- drenagem através do trabeculado que fica situado no ângulo iridocorneano, na câmara anterior do olho • via uveoescleral (não convencional)-10%- drenagem ocorre através do corpo ciliar e superfície da iris Definição de glaucoma: Designação genérica de um grupo de doenças que leva a um aumento progressivo da escavação do nervo óptico e envolvem a perda de células ganglionares da retina associados a um padrão característico de comprometimento do campo visual. O aumento da pressão intraocular acima dos níveis normais da população é o principal fator predisponente, não existindo contudo, uma relação causal direta entre um determinado valor da pressão intraocular e o aparecimento da doença. Classificação dos glaucomas: PRIMÁRIOS Ângulo aberto - crônico simples - pressão normal Ângulo fechado - crônico - agudo Congênito - verdadeiro - infantil - juvenil SECUNDÁRIOS • Ângulo aberto - inflamatório - pseudo-esfoliativo - pigmentar -induzido por corticóide - hemolítico - traumático -facolítico • Ângulo fechado - neovascular - síndr. Irido-endotelio-corneana(ICE) - desordens do cristalino - tumores oculares -inflamatório Nesta capítulo iremos descrever apenas os glaucomas primários do adulto Glaucoma Crônico de Angulo Aberto Neuropatia óptica crônica progressiva do adulto na qual ocorre uma atrofia característica do nervo óptico com aumento da sua escavação associado a perda de células ganglionares da retina e de seus axônios. Desenvolvem-se defeitos característicos de campo visual, o ângulo da câmara anterior é aberto e não há fatores causais identificáveis Tipo mais comum de glaucoma primário Fisiopatologia não esclarecida Inicia-se na idade adulta (após 40 anos) Perda característica de campo visual com visão central preservada até estágios avançados da doença Ângulo da câmara anterior aberto (deve ser avaliando através do exame de gonioscopia) Perda de visão ocorre de forma lenta e progressiva (nunca súbita) Há um aumento de 3 a 9 vezes na chance de desenvolvimento da doença se a pessoa tiver parentes de 10 grau com glaucoma Medida da pressão intraocular : A média da PIO no homem é 16 mmHg, variando de 10 a 21 mmHg - glaucoma crônico simples (PIO >21mm Hg) - glaucoma de pressão normal (PIO< 21mm Hg) Se uma pessoa apresenta uma PIO>21mm Hg sem alteração de campo visual ela é classificada como portadora de hipertensão intraocular. FUNDOSCOPIA A figura mostra o aumento progressivo da escavação do nervo óptico que ocorre no glaucoma. Note como os vasos vão sendo empurrados para a periferia do nervo. CAMPO VISUAL Os defeitos decorrentes do glaucoma crônico de ângulo aberto iniciam-se mais frequentemente na região superior do campo visual. As fibras do feixe arqueado são as mais susceptíveis ao dano glaucomatoso. As principais alterações de campo visual são : Degrau nasal Escotoma paracentral Escotoma arqueado Ilha residual temporal Demonstração do feixe de fibras arqueadas da Retina e o defeito de campo visual correspondente Campo visual do olho esquerdo mostrando degrau nasal inferior (seta) Campo visual do olho direito mostrando escotoma arqueado superior (seta) TRATAMENTO Medicações que aumentam o fluxo de drenagem do humor aquoso: - Colinérgicos – cloridratode pilocarpina - Análogos de prostaglandina – latanoprosta, bimatoprosta, travoprosta Medicações que reduzem a quantidade de humor aquoso produzido: - Beta bloqueadores – maleato de timolol, levobunolol, betaxolol - Inibidores de anidrase carbônica – Diamox, dorzolamida, brinzolamida Medicações que agem por ambos os mecanismos: - Agonistas adrenérgicos – tartarato de brimonidina, apraclonidina CIRÚRGICO Realizado em pacientes com intolerância à medicação tópica ou com glaucoma refratário ao tratamento clínico. São eles a trabeculoplastia a laser, cirurgia filtrante (trabeculectomia), implantes de drenagem e processos ciclodestrutivos Campo visual do olho direito mostrando ilha residual central (seta) Glaucoma Agudo de Angulo Fechado É causado pelo fechamento do ângulo da câmara anterior por aposição ou por sinéquias (aderências) no ângulo da câmara anterior causado por um bloqueio pupilar. Fisiopatogenia Bloqueio pupilar: superfície anterior do cristalino está anterior ao plano de inserção da íris no corpo ciliar, causando aumento na resistência do aquoso ao passar pela pupila. O gradiente de pressão entre as câmaras anterior e posterior leva ao abaulamento da íris de modo que ela cobre parte ou todo o trabeculado levando aumento da PIO. Quadro clínico: Aumento rápido da PIO, geralmente acima de 40mmHg Dor hiperemia ocular intensa Pupila em midríase média (bloqueio pupilar) Câmara anterior rasa Edema corneano (córnea fica opaca) náuseas e vômitos Tratamento A crise aguda de glaucoma é uma emergência médica e deve ter seu tratamento iniciado o mais precocemente possível. Acetazolamida (diamox) – 500 mg seguido de 250 mg 12/12 horas Agentes hiperosmóticos (manitol-10% 250ml - EV) Figura representativa da fisiopatogenia do bloqueio pupilar no glaucoma agudo Pilocarpina colirio a cada 15 minutos Outras drogas hipotensoras oculares (após sair da crise aguda) Iridotomia a laser (deve ser realizada nos dois olhos) O Glaucoma agudo pode evoluir após o tratamento para um glaucoma crônico de angulo fechado que deve ser tratado com as mesmas medicações ou cirurgias utilizadas para o glaucoma crônico de angulo aberto
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