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RECURSOS GENÉTICOS VEGETAIS Prof.ª Marta Bruno Loureiro UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – UFBA INSTITUTO CE CIÊNCIAS DA SAÚDE – ICS DEPARTAMENTO DE BIOFUNÇÃO DISCIPLINA: BIOTECNOLOGIA VEGETAL A humanidade sempre dependeu dos recursos naturais para sua sobrevivência Bióticos ou abióticos História da humanidade Uso dos recursos sofreu transformações De caça e coleta Domesticação de animais e plantas Seleção de variedades Interessantes Variedades ou espécies interessantes? Aquelas que possuem características desejáveis para o uso do homem. Espécie vegetal - produz mais frutos, ou que resiste melhor às condições adversas do ambiente. Raça de uma espécie animal que produz mais carne ou leite. No decorrer da história, os recursos biológicos passaram a ser considerados mercadorias e objetos de troca e comércio. Atualmente Parte importante do comércio mundial está baseada nos recursos naturais Madeira, papel, celulose, produtos da atividade agropecuária, da atividade extrativista Estima-se que haja no território brasileiro cerca de 20% do número total de espécies do planeta. Várias das espécies importantes para a economia mundial são originárias do Brasil. Madeireiras, medicinais e frutíferas, entre outras. BIODIVERSIDADE NO BRASIL Carnaúba Seringueira BIODIVERSIDADE Variabilidade de organismos vivos de todas as origens. Compreende os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte. Diversidade genética, específica, ecossistêmica. IMPORTÂNCIA SERVIÇOS AMBIENTAIS BASE DA ALIMENTAÇÃO MATÉRIA PRIMA VALOR CULTURAL •CDB, 1992 / Brasil/ Decreto Legislativo nº 2, de 8.11.1994 A utilização dos componentes da biodiversidade (originária de vários países) responsável por (+ ou -) 45% do PIB brasileiro. Negócios: Agrícola (40%) Florestal (4%) Turístico (2,7%) Pesqueiro (1%) UTILIZAÇÃO DA BIODIVERSIDADE RECURSOS BIOLÓGICOS Recursos genéticos, organismos, partes destes, ou qualquer outro componente biótico de ecossistemas, de real ou potencial utilidade ou valor para a humanidade. RECURSOS GENÉTICOS Fração da biodiversidade que tem previsão de uso atual ou potencial. MATERIAL GENÉTICO Todo o material de origem vegetal, animal, microbiana ou outra, que contenha “unidades funcionais da hereditariedade” CONCEITOS GERAIS RECURSOS BIOLÓGICOS RECURSOS GENÉTICOS BIODIVERSIDADE RECURSOS GENÉTICOS VEGETAIS Conjunto de materiais vegetativos ou reprodutivos de uma espécie, população ou variedade com finalidade de pesquisa e melhoramento genético para uso atual ou futuro. Os Recursos Genéticos devem representar a variabilidade genética de determinada espécie ou variedade e ter capacidade de reprodução. ETAPAS DO ESTUDO EM RECURSOS GENÉTICOS VEGETAIS Bioprospecção Coleta e/ou introdução Multiplicação Preservação/conservação Avaliação/caracterização Uso 1) BIOPROSPECÇÃO Método ou forma de localizar, avaliar e explorar sistemática e legalmente a diversidade de vida existente em determinado local. PRINCIPAL OBJETIVO Busca de recursos genéticos e bioquímicos para fins comerciais. BIOPROSPECÇÃO PRINCÍPIOS Prevenção se houver dúvida quanto a possíveis danos que podem ser causados a biodiversidade, não deve iniciar-se ou prosseguir com a exploração do recurso. Preservação para que não se esgote o recurso Equidade Distributiva os benefícios devem ser partilhados a todos os que participam da exploração do recurso. Ex: País, pessoa física PRINCÍPIOS Publicidade os atos desta atividade devem ter total transparência e caráter público (a biodiversidade de um país é bem de uso comum do povo). Controle público e privado o processo deve ser controlado pelos órgãos de fiscalização assim como pelas entidades particulares. Compensação a comunidade ou a pessoa fornecedora da matéria prima ou do conhecimento (Ex. os pajés) devem receber compensações em dinheiro ou em bens. BIOPROSPECÇÃO 1. Inventário da biodiversidade base de dados concreta. OBJETIVO: conhecimento da diversidade a fim de fornecer subsídios para se conhecer seu potencial. 2. Fomento a conscientização da importância da biodiversidade Garantir a sobrevivência dos ecossistemas e das próprias espécies em geral. AÇÕES BIOPROSPECÇÃO Programas AÇÕES BIOPROSPECÇÃO 3. Adequação da bioprospecção a legislação preservação, exploração econômica dos bens naturais, utilização, sigilo, patente. 4. Fomentar a investigação científica Desenvolvimento de novas tecnologias, novos compostos, dar condições de aprendizado e aperfeiçoamento ao cientista/pesquisador. 5. Incentivar o desenvolvimento das relações formais e informais Entre a comunidade científica, as ONGs, as comunidades tradicionais (grupos indígenas, quilombolas) e a coletividade em geral VANTAGENS OU BENEFÍCIOS Propicia conhecimento da biodiversidade e seu potencial de uso Descoberta de substâncias importantes para o homem Favorece o crescimento econômico Gera de empregos Fundos para a conservação (Geração de impostos) Melhora o nível científico de determinado país – fomento a pesquisa Favorece utilização correta dos recursos naturais BIOPROSPECÇÃO ETAPAS DO ESTUDO EM RECURSOS GENÉTICOS VEGETAIS Bioprospecção Coleta e/ou introdução Multiplicação, Preservação/conservação, Avaliação/caracterização Uso 2) COLETA DE GERMOPLASMA Objetivos: (1) Preservar ex situ segmentos da variabilidade útil (em paralelo à conservação in situ. (2) Buscar materiais necessários para programas de melhoramento (coletas com esta finalidade não são necessariamente restritas ao país ou região de origem) (3) Ampliar e completar a representatividade da diversidade genética disponível de espécies autóctones com uso potencial (direto ou através de pré-melhoramento) insuficientemente representadas em bancos ativos de germoplasma. ESPÉCIE AUTÓCTONE (nativo ou indígena) Espécie originária do próprio território onde habita. Mais adaptadas às condições edafo-climáticas do território. Mais resistentes a pragas, doenças e a períodos longos de estio e chuvas intensas, em comparação com as espécies introduzidas Striphnodendron adstringens “barbatimão” Cerrado. Cicatrizante, bactericida e fungicida, abortivo. (taninos, saponinas) Fitoscar (medicamento cicatrizante) Aprovado pela Anvisa Onde realizar a coleta? •Centros de origem e/ou dispersão da espécie alvo •Locais de maior diversidade (dentro de espécies). Espécies Agrícolas Contribuiu para o conhecimento de centros de origem e expansão. Diversas expedições Nikolai Ivanovich Vavilov Biólogo russo (Sistemata) 1887-1943 PINHÃO MANSO Jatropha curcas L Distribuição: Américas, África e parte da Ásia. Cultivo: Largamente cultivado no México, Nicarágua, Tailândia e algumas regiões da Índia Centros de Origem: Provavelmente Américas do Sul e Central Detalhe do indivíduo adulto em frutificação Locais de maior diversidade entre espécies Como pode ser realizada a utilização dos recursos genéticos no melhoramento? 1. Escolha e domesticação de novas espécies para incorporação à matriz agrícola. 2. Incorporação de modificações genéticas pela introgressão de genes (via reprodutiva). 3. Incorporação de modificações genéticas (transgenia). 24 Grande diversidade morfológica e variabilidade genética(BELTRÃO e OLIVEIRA, 2011) Origem: Ásia e/ou Africa Mamona (Ricinus communis L.) Incorporação de modificações genéticas pela introgressão de genes (via reprodutiva). 2) INTRODUÇÃO DE GERMOPLASMA Permite a obtenção de variedades mais produtivas, resistentes à pragas e adaptadas a diferentes condições edafoclimáticas. Pode mudar a condição econômica de determinado país. Passa de importador a exportador Aspectos positivos CAFÉ (Coffea arabica L.) Cultura originária da Etiópia (Continente Africano) Efeito estimulante No século XVI o café era utilizado no oriente. Foi torrado pela primeira vez na Pérsia. Brasil 1727: (a cultura já tinha grande valor comercial) Sargento-mor Francisco de Melo Palheta Foi em missão a Guiana Francesa (pedido do governador do Estado do Grão- Pará), para conseguir mudas de café. Primeiros Plantios Região Norte Expansão para outras regiões 1860: Brasil passou a líder na exportação mundial de café * Café é o 3º produto mais exportado (soja, carne de frango) Centro de origem Região leste da China Domesticação por volta do século XI a.C. SOJA Glicine max (L.) Merr. Brasil 1882: registro da introdução na Bahia por Gustavo Dutra. Desenvolvimento de novos cultivares adaptados às diferentes regiões agroclimáticas Brasil tornou-se o segundo maior produtor mundial de soja * 1º Produto de exportação Produtos Proteinas e Lipídeos Farinha e óleo 2) INTRODUÇÃO DE GERMOPLASMA Aspectos Negativos Introdução de pragas e patógenos Sigatoka negra Bananeira Venezuela/ Colômbia Ferrugem Cafeeiro Mosca-negra citros Caribe Ferrugem asiática Soja Paraguai Introdução de espécies exóticas nos ecossistemas naturais – podem tornar-se invasoras Gramíneas Forrageiras – Espécies invasoras Capim-gordura Mellinis minutiflora África Capim Brachiaria África INTRODUÇÃO DE GERMOPLASMA Aspectos Negativos Ameaça a diversidade natural do cerrado no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Quarentena latim "quarantum" Período onde as plantas permanecem em observação fitossanitária, o qual pode variar segundo o ciclo de vida da planta e/ou da praga quarentenária. Histórico Período de observações de 40 dias Peste bubônica, cólera e febre amarela - ocorria a detenção de navios oriundos de países com epidemias Liberação •Posterior ao período no qual nenhuma praga tenha sido detectada •Após ter sido limpo fitossanitariamente (muitas pragas ainda não detectadas no Brasil) ETAPAS DO ESTUDO EM RECURSOS GENÉTICOS VEGETAIS Bioprospecção, Coleta e/ou introdução, Multiplicação, Preservação/conservação, Avaliação/caracterização Uso 3) MULTIPLICAÇÃO Reprodução de um acesso para atender à demanda. Pode ser realizada para: 1 - Intercâmbio através da seleção de uma amostra do acesso que é germinada (ou repicada) sob condições ambientais controladas. OBS: O tamanho da amostra a ser multiplicada vai variar e depender dos objetivos da demanda (ex.: caracterização ou avaliação de uma coleção, para experimento científico ,etc.). 2 - Acessos incorporados à coleção base A multiplicação é feita quando o número de sementes está reduzido. ETAPAS DO ESTUDO EM RECURSOS GENÉTICOS VEGETAIS Bioprospecção, Coleta e/ou introdução, Multiplicação, Preservação/conservação, Avaliação/caracterização Uso A curto e médio prazo: Bancos ativos de germoplasma (BAGs) 4) PRESERVAÇÃO/CONSERVAÇÃO A longo prazo: Conservação in situ - na natureza Conservação sob cultivo (“on farm”) Coleção de base por sementes (ex situ) Coleção de base in vitro – (ex situ) Banco de cultivares Banco de base BANCOS DE BASE (Ex situ) (Longe do local de trabalho, longos períodos) Câmara fria (1 a 20ºC) In vitro (meio de cultura) Criopreservação (-196ºC) BANCOS ATIVOS (Ex situ) (Próximos do pesquisador, curtos e médios períodos ) Intercâmbio de germoplasma Plantios frequentes para caracterização TIPOS DE BANCO DE GERMOPLASMA PRESERVAÇÃO/CONSERVAÇÃO LONGO PRAZO CURTO E MÉDIO PRAZO Banco Ativo de CAFÉ (BAG) Reservatório de variabilidade genética natural, potencial. Indispensável para os programas de melhoramento das espécies cultivadas. Coleção de recursos genéticos do gênero Coffea (coletados em instituições públicas, empresas privadas e em lavouras particulares nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Espírito Santo) Conservação in situ x Conservação ex situ CONSERVAÇÃO EX SITU Manutenção e proteção dos componentes da diversidade biológica e sua variabilidade genética fora de sua área de ocorrência original (CDB, 1992) CONSERVAÇÃO IN SITU A conservação de ecossistemas, habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seu meio natural ou no caso de espécies domesticadas e cultivadas no meio em que desenvolveram suas propriedades distintas. (CDB, 1992) CONSERVAÇÃO “ON FARM” Manejo sustentável da diversidade genética de variedades agrícolas tradicionais, localmente desenvolvidas, associadas as formas e parentes selvagens e desenvolvidas por agricultores dentro de um sistema de cultivo agrícola, hortícula ou agroflorestal tradicional. Maxted et al. (1997) Coleção base de sementes - Câmara fria BANCOS BASE Criopreservação (Nitrogênio líquido/ -196ºC) BANCOS BASE Coleção base de sementes - Câmara fria Cultivo In vitro (meio de cultura) BANCOS BASE ETAPAS DO ESTUDO EM RECURSOS GENÉTICOS VEGETAIS Bioprospecção, Coleta e/ou introdução, Multiplicação, Preservação/conservação, Avaliação/caracterização Uso AVALIAÇÃO/CARACTERIZAÇÃO Curadorias Sistemas Nacionais de Curadoria de Germoplasma Coordenam e monitoram atividades com recursos genéticos para a pesquisa e criam a conscientização nacional sobre a importância do enriquecimento e disponibilização da variabilidade e de sua conservação integral para o futuro. Aspectos: Taxonômicos, Morfológicos, Geográficos, Reprodutivos, Genéticos, Fitopatológicos Etapas do processo de caracterização e avaliação: 1. Correta identificação botânica O nome científico de uma espécie é a chave para toda a literatura disponível a seu respeito 2- Elaboração do cadastro de acessos disponíveis por espécie Etapa baseada no preenchimento dos chamados descritores de Passaporte de dados. * Identificação de duplicações entre os acessos reunidos (muitas vezes reincidentemente introduzidos no país) Deve ser apoiada pelo processamento eletrônico de dados Etapas do processo de caracterização e avaliação: 3 - Caracterização Observação e anotação de caracteres de alta herdabilidade, facilmente visíveis ou mensuráveis e que se expressam coerentemente em todos os ambientes. Aspectos morfológicos e fenológicos - observados de forma sistemática nos diferentes acessos, através do confronto com listas de características descritivas ou "descritores". Etapas do processo de caracterização e avaliação: 4 - Avaliação aprofundada ou complementar •Metodologia extremamente variável •Número de acessos obrigatoriamente reduzido •Repetições necessárias (incluindo multilocacionais e plurianuais) Ex: Resistência ao frio Aspectos que mais exigem testes multilocacionais: (1) Resistência a doenças e pragas (2) Reações a estresses abióticos (3) Fatores ligados à produtividade e rendimentoAspectos de Considerável interesse dos melhoristas Etapas do processo de caracterização e avaliação: Novos métodos científicos utilizados nas atividades de caracterização: Caracterização citogenética Etapas do processo de caracterização e avaliação: Marcadores bioquímicos e moleculares •Composição de proteínas, carboidratos, ácidos graxos •Eletroforese de proteínas, principalmente enzimas •Marcadores de DNA: RAPD, RFLP, AFLP, SSR ... ETAPAS DO ESTUDO EM RECURSOS GENÉTICOS VEGETAIS Bioprospecção, Coleta e/ou introdução, Multiplicação, Preservação/conservação, Avaliação/caracterização Uso USO/ UTILIZAÇÃO Finalidade: Agronômica, Fisiológica, Fitoquímica, Nutricional Conceito Uso da variabilidade genética presente em uma coleção de germoplasma de uma determinada cultura. Pode ser tanto o germoplasma domesticado quanto àquele não- domesticado e abrange o material conservado sob qualquer condição ex situ.
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