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Resumo JEFAula1

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Juizados Especiais Federais – Aula 01 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Juizados Especiais Federais – Aula 01 
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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Sumário 
1. Juizados Especiais Federais – JEF – Considerações iniciais ......................................... 3 
2. Juizado Especiais Federais - JEF .................................................................................. 4 
2.1 Histórico ................................................................................................................ 4 
2.2 Normas aplicáveis ................................................................................................. 5 
2.3 Principiologia do JEF .............................................................................................. 8 
2.4 Competência do JEF ............................................................................................ 11 
2.5 Capacidade de ser parte ativa ............................................................................. 22 
2.6 Capacidade de ser parte passiva ......................................................................... 25 
2.7 Procedimento no JEFs ......................................................................................... 27 
2.8 Intervenção de terceiros no JEF .......................................................................... 30 
 
 
 
 
Juizados Especiais Federais – Aula 01 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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1. Juizados Especiais Federais – JEF – Considerações iniciais 
A bibliografia recomendada pelo professor: 
 
Manual dos Recursos dos Juizados Especiais Federais - JOSÉ ANTONIO SAVARIS e 
FLAVIA DA SILVA XAVIER: livro que trata muito bem dos recursos nos juizados e dos 
incidentes de uniformização. Também trata nos procedimentos na TRU (Turma Regional de 
Uniformização) e na TNU (Turma Nacional de Uniformização). Este livro está atualizado com 
os enunciados do FONAJEF1, pois isso é importante, tendo em vista que a ideia do direito 
jurisprudencial abraçada pelo CPC/2015 é algo que já existe há muito tempo nos juizados. 
Para a fase de conhecimento não existe até o momento nenhum livro atualizado de 
acordo com o CPC/2015. O problema disso será que nas provas de concursos os 
examinadores irão abordar as influências do CPC/2015 geradas no microssistema dos 
Juizados Especiais. Dificilmente o tema Juizado será abordado de forma isolada, uma vez que 
o tema da moda é a influência principiológica do CPC/2015 alterando a normatividade dos 
JEFs. 
Não é um simples conflito de leis no tempo. Não basta afirmar que prevalece o 
critério cronológico – CPC/2015 – por ser lei superveniente a ser aplicada. Isso decorre do 
princípio da especialidade das leis, o conflito de leis no tempo conforme os três critérios de 
Noberto Bobbio: a) hierarquia; b) especialidade; c) cronológico. Nesse aspecto, lei especial 
anterior não é derrogada por lei geral superveniente. Logo, permanece a normativa da Lei nº 
9.099/95 e da Lei nº 10.259/2001. 
O problema é que o CPC/2015 traz uma principiologia extrema, rente com a CF, com 
a ideia de deformalização, de instrumentalidade das formas, o princípio da primazia do 
julgamento do mérito. Questiona-se se isso será aplicado nos juizados. A abordagem desses 
temas que irá tornar este curso especial, porque o professor irá trazer todo esse debate 
acerca da influência do CPC/2015 no microssistema nos juizados especiais. 
Os livros anteriores ao CPC/2015, que tratam dos juizados especiais, não 
“encantaram” o professor, por isso que não recomenda nenhum. Há um livro da Juspodivm, 
uma coletânea sobre o impacto do CPC/2015 no processo penal, no processo coletivo e no 
processo dos Juizados. O livro é uma coletânea de artigos, que também não é recomendada 
pelo professor. Este livro é longo e o concursando tem que fazer um uso racional do tempo. 
 
 
1 De acordo com o professor, os enunciados do FONAJEF são mais importantes para o JEF do que os 
enunciados do FONAJE para os juizados especiais cíveis. 
Juizados Especiais Federais – Aula 01 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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2. Juizado Especiais Federais - JEF 
2.1 Histórico 
Todo manual de juizado começa fazendo citação a uma obra clássica de MAURO 
CAPPELLETTI BRYANT GARTH chamada Acesso à Justiça, traduzido pela ex-ministra ELLEN 
GRACIE. O professor tem severas restrições a esta obra, por ser uma obra datada, que não 
visualiza os problemas que no Brasil nós temos de acesso à justiça. 
Nessa obra, os autores falavam de três necessidades de alteração da forma de se 
trabalhar com o processo: 
➢ 1ª A necessidade de assistência judiciária aos hipossuficientes 
 Na Europa na década de 70 e nos EUA, os hipossuficientes tinham um sistema 
absolutamente precário de assistência judiciária. Hoje, nos EUA, inexiste assistência 
judiciária gratuita no processo civil e no processo criminal tem direito a um advogado dativo. 
O professor conta um caso que chegou à Suprema Corte Americana em que uma 
mulher perdeu a guarda da criança. O caso chegou à Suprema corte mesmo sem a mulher 
possuir advogado constituído. A Suprema Corte afirmou que a Constituição Americana não 
garante o direito à assistência judiciária, salvo quando houver possibilidade de restrição ao 
direito à liberdade. 
Esse primeiro momento renovatório está vinculado à assistência aos hipossuficientes. 
Isso não é um problema no Brasil, pois a legislação brasileira, no que tange à assistência 
judiciária, é um modelo exemplar para ser copiado no exterior. Tivemos grandes avanços no 
processo civil como, por exemplo, o processo coletivo brasileiro é muito superior ao 
processo coletivo Europeu. É inferior sob o ponto de vista técnico e prático ao modelo 
americano. 
➢ 2ª Aborda a tutela dos direitos transindividuais e metaindividuais 
As grandes questões referentes ao processo coletivo são as escolhas do 
representante adequado. Quem seria o portador ideológico desses litígios metaindividuais? 
Como escolher esse representante para a classe que não vai exercer o seu contraditório no 
processo? Essa segunda onda renovatória é a ideia de acesso à justiça dos novos direitos, 
dos direitos do consumidor, do meio ambiente, do direito da concorrência. 
➢ 3ª Novo enfoque de acesso à justiça. 
Esse tema é de grande relevância. É muito fácil definir e descrever as duas primeiras 
ondas. Essa terceira onda que aborda o novo enfoque de acesso à justiça é um grande 
“guarda-chuva”,a qual abarca a simplificação do direito material. 
Exemplo dado por Cappelletti é a exigibilidade de prazo para divórcio. Isso seria 
absurdo, uma violação ao direito de acesso à justiça pelo fato da pessoa não ter 02 (dois) 
anos de ruptura. Outro exemplo é a deformalização do processo. Os processos mais 
sumários com um encurtamento do arco procedimental fazem parte também dessa terceira 
onda. A ideia de fomento aos meios alternativos de resolução de controvérsias através de 
Juizados Especiais Federais – Aula 01 
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processos simplificados, com oportunidade das partes debaterem litígios de pequena monta. 
Essa é a “pegada” do microssistema dos JEFs, descrita na obra Acesso à Justiça. 
Isso reverberou nos EUA, primeiramente em Nova York, na corte chamada Poor 
Man´s Court. A ideia era garantir o acesso à justiça às pessoas hipossuficientes. O acesso à 
justiça nos juizados começou com as vistas postas no hipossuficiente, naquele que não 
possui condições de pagar às custas processuais ou contratar um advogado. Em seguida, 
evoluiu para o chamado Small Claim Courts (Cortes de Pequenas Causas). O enfoque não 
seria mais apenas o hipossuficiente se não os litígios de pequena complexidade. 
Houve uma evolução no sentido de sair de um prisma subjetivo, focado na 
hipossuficiência do autor (isso é fundamental no estudo da legitimidade ativa). Depois evolui 
para litígios de pequena monta, uma perspectiva objetiva. Isso reverberou no Brasil, 
inicialmente no Rio Grande do Sul sem qualquer previsão legal. O TJRS implementou o 
conselho de conciliação e arbitramento, no final da década de 80. 
O fenômeno da redemocratização na década de 80 gerou uma oxigenação muito 
grande do Judiciário. Isso gerou um movimento chamado direito alternativo (esse tema não 
será abordado pelo professor por ser muito extenso). A ideia do direito alternativo é romper 
com as amarras legais. O direito seria uma ideia burguesa, uma visão de Karl Max, um 
instrumento de imposição da burguesia. É uma superestrutura a serviço de uma 
infraestrutura que seria as relações econômicas. 
O direito alternativo chegou ao judiciário e começou a se fazer audiências em um 
procedimento fora do procedimento comum. Foi criado sem lei os conselhos de conciliação 
e arbitramento os quais funcionavam aos finais de semana e durante a noite. Isso foi uma 
experiência extremamente exitosa de modo a ecoar no legislador, o que gerou a primeira lei 
que disciplinou o sistema dos juizados no Brasil, a Lei nº 7.244/84. 
Essa lei disciplinou os Juizados de Pequenas Causas com o enfoque de tutelar os 
interesses e os direitos dos litigantes eventuais. Essa é uma expressão muito utilizada na 
doutrina Norte Americana. Os litigantes eventuais são aqueles que poucas vezes irão litigar 
ao longo de toda a sua vida. Esses litigantes eventuais se contrapõem aos litigantes habituais 
que são, por exemplo, o Poder Público, as concessionárias e permissionárias de serviço 
público, o INSS. Os litigantes habituais estão sempre litigando, violando o paradigma da 
legalidade. 
Os juizados vêm para atender não os interesses dos litigantes habituais, mas sim para 
tutelar os litigantes eventuais que temem um processo. É por isso que a União não tem 
legitimidade ativa ad causam por ser um litigante habitual. Esse é um escorço histórico 
importante para entendermos melhor a dogmática da Lei nº 10.259/2001. 
 
2.2 Normas aplicáveis 
É fundamental salientar que a Lei nº 10.259/2001 não caminha sozinha, por fazer 
parte de um microssistema chamado microssistema dos Juizados Especiais Federais. Há 
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diversos microssistemas como o de tutela coletiva, formado basicamente, pela Lei de Ação 
Civil Pública, Lei de Ação Popular e o CDC. Há também o microssistema de demandas 
repetitivas no CPC/2015, formado pelas normas do IRDR, os recursos especiais e 
extraordinários repetitivos. 
Também temos o microssistema dos Juizados. O microssistema é aquele que se 
retroalimenta e quando há uma lacuna ele se autossupre. Isso significa que quando há uma 
lacuna na Lei nº 10.259/2001, em primeiro lugar, deve-se procurar colmatá-la com outras 
normas que pertencem a esse microssistema, quais sejam, a Lei nº 9.099/95 (Lei dos 
Juizados Especiais Cíveis), Lei nº 10.259/2001 (Lei dos JEFs) e a Lei nº 12.153/2009 (Lei dos 
Juizados Especiais da Fazenda Pública). 
Art. 1º da Lei nº 10.259/2001: 
Art. 1o São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e Criminais da Justiça Federal, aos 
quais se aplica, no que não conflitar com esta Lei, o disposto na Lei no 9.099, de 26 de 
setembro de 1995. 
 
Art. 27 da Lei nº 12.153/2009: 
Art. 27. Aplica-se subsidiariamente o disposto nas Leis nos 5.869, de 11 de janeiro de 
1973 – Código de Processo Civil, 9.099, de 26 de setembro de 1995, e 10.259, de 12 de 
julho de 2001. 
 
➢ O Código de Processo Civil aplica-se subsidiariamente ao microssistema do Juizado? 
Essa pergunta é de uma banalidade suprema. É óbvio que se aplica. Como é que se 
aferirão as condições da ação, os pressupostos processuais, o valor da causa, a litigância de 
má-fé, o litisconsórcio, como se aplicaria esses institutos no microssistema sem se valer do 
CPC? Essa questão é relevante por existir uma posição da Ministra Nancy Andrighi de que o 
CPC não seria aplicável aos Juizados Especiais. 
A Ministra já afirmava isso antes do CPC/2015 e voltou a afirmar recentemente 
quando se debateu a aplicação da norma que prevê a contagem dos prazos em dias úteis 
nos juizados. Isso relembra a discussão que houve no Brasil na década de 60, se o CPC de 
1939 era aplicável à Lei do Mandado de Segurança, mas ao fim aplicava-se o CPC. 
Com o advento da Lei do Juizado da Fazenda Pública encerrou essa discussão ao 
afirmar no art. 27 a aplicação subsidiária do CPC. Nada obstante esse dispositivo há quem 
afirma que o CPC não se aplica aos Juizados Especiais e por isso a contagem em dias úteis 
não prevalece no âmbito dos juizados. É um posicionamento isolado da Ministra, de modo a 
não prevalecer nos JEFs essa contagem, todavia, prevaleceu no FONAJE na Justiça Estadual. 
Para fins de JEC, foi enunciado o entendimento do FONAJE de que não se aplica o 
entendimento em dias úteis. No FONAJE isso não se aplica por existir no microssistema da 
tutela coletiva no qual não prevê a contagem do prazo, de modo que a norma subsidiária 
seria o CPC/2015. 
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O CPC/2015 será aplicado sempre que existir uma lacuna dentro do microssistema, e 
este será o primeiro requisito. O segundo requisito é a necessidade do dispositivo do CPC 
seja compatível com a principiologia reitora do microssistema. A contagem do prazo em dia 
útil é compatível. É absurda a afirmação de que a contagem em dias úteis gerará um dano à 
duração razoável do processo. Isso não faz sentido, falta de base empírica para isso. O 
problema da duração razoável do processo é algo mais complexodo que isso. 
Desse modo, a afirmação de que o CPC/2015 não estaria preocupado com a duração 
razoável por prever o prazo em dias úteis não possui base empírica. O problema da 
celeridade processual decorre de outros problemas mais complexos, como o tempo morto 
do processo o qual fica perdido na Secretaria, os despachos “vai e volta”. Não decorre dos 
prazos em dias úteis. 
A primeira observação é a existência do microssistema do JEF e, subsidiariamente, 
aplicação do CPC/2015 ante a existência de uma lacuna no microssistema, desde que a 
norma do CPC não for incompatível com a principiologia do juizado. 
É importante salientar que a CF/1988 não trouxe originariamente previsão do JEF. 
Isso ocorreu apenas com a Emenda Constitucional 22 de 1999. O constituinte fez um 
experimento, primeiro tentou na Justiça Estadual e, caso fosse uma experiência bem 
sucedida, seria aplicável na Justiça Federal. Isso se chama de Leis Processuais Experimentais. 
No Brasil isso é absolutamente ignorado. 
No Brasil, se dita uma lei sem olhar para realidade por acreditar que a lei mudará a 
prática. Uma ideia é o nosso IRDR (Incidente de Resolução de Demanda Repetitiva), 
considerada a grande novidade do CPC/2015, possui uma fonte em dois institutos: a) a GLO 
(Global Litigation Order) Inglesa, previsto no CPC Inglês de 1999; b) o Musterverfahren 
Alemão. O Musterverfahren começou no processo administrativo Alemão, como teste, e 
caso desse certo seria aplicável. 
Isso é algo usual em outros países. A Argentina fez isso com a mediação obrigatória. 
Na Argentina a mediação é pré-processual obrigatória de modo que não se consegue 
ingressar no judiciário sem tentar uma mediação prévia. Logo, foi feita uma Lei, em 1995, 
para treinar os advogados e aparelhar o judiciário. Na dúvida, em caso de sucesso, foi 
editada uma nova lei para tentar novamente em um prazo de cinco anos. 
No Brasil isso não é feito normalmente. Todavia, isso foi feito no caso do Juizado 
Especial Cível. Como deu certo, quatro anos após a Lei nº 9.099/95 promulgou a EC 22/1999, 
a qual acrescentou o §1º do art. 98 da CF: 
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: 
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para 
a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e 
infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e 
sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de 
recursos por turmas de juízes de primeiro grau; 
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II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal 
e secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar 
casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de 
habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras 
previstas na legislação. 
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça 
Federal. 
 
Com isso fizemos um panorama da Lei nº 10.259/2001 e agora vamos ingressar na 
principiologia. 
 
2.3 Principiologia do JEF 
Está previsto no art. 2º, da Lei nº 9.099/1995 
Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, 
economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a 
transação. 
 
Para o professor, o princípio mais importante e que gera maiores reflexos na Lei dos 
Juizados Especiais Federais é o princípio da oralidade. 
O princípio da celeridade é uma ideia de uma tramitação que não seja morosa do 
feito. A economia processual é com o mínimo de atos processuais gerar o maior benefício 
para o processo. A informalidade traz a ideia de instrumentalidade das formas, romper com 
o formalismo exacerbado do processo civil. 
O professor recorda uma frase de Liebman2 “as formas são importantes, mas o 
formalismo é uma aberração.” Isso traz uma ideia de informalidade, tendo em vista que a 
simplicidade consiste em acabar com os incidentes processuais, de modo a diminuir esses 
desvios de curso. Não existe fases extremamente complexas, como a fase de saneamento 
que inexiste no juizado, como mencionado pelo art. 357 do CPC/2015: 
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em 
decisão de saneamento e de organização do processo: 
I - resolver as questões processuais pendentes, se houver; 
II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, 
especificando os meios de prova admitidos; 
 
2 Nota do Monitor: O professor defende que Liebman trouxe um grande prejuízo para o Brasil com a 
ideia de condições da ação, a qual continua vigorando com o CPC/2015. Malgrado ter sido afastada a ideia de 
possibilidade jurídica do pedido, que era algo sem sentido. O CPC/2015 mantém a legitimidade e interesse, 
essas categorias, mesmo sem falar em condições de ação de forma literal, entretanto, mantém essas categorias 
processuais que ainda vigoram na Itália. São categorias que não reverberam no direito comparado. A 
Alemanha, por exemplo, a categoria das condições da ação se subsume dentro dos pressupostos processuais. A 
Espanha foi extremamente influenciada pelo Processo Civil Italiano, todavia, não copiou as condições da ação. 
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III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373; 
IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito; 
V - designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento. 
 
O princípio da oralidade é o que mais influencia a dogmática e a prática da lei dos 
JEFs. Esse princípio foi proposto como o grande valor reitor do projeto de Código de 
Processo Civil de 1920 de Chiovenda. Sempre que se fala em oralidade, a primeira figura que 
vem à mente é Chiovenda, o maior jurista Italiano do século XX. Para ele, a oralidade detém 
subprincípio, quais sejam: 
a) princípio da concentração dos atos processuais: essa concentração aplica-se 
perfeitamente ao JEF, pois a ideia da audiência de instrução e julgamento do JEF é 
apresentar a contestação em audiência que pode ser apresentada oralmente (ideia de 
simplicidade). A petição inicial pode ser oral, reduzida a termo. A contestação pode ser oral, 
os embargos de declaração também podem ser orais. Na própria audiência há a colheita de 
provas e a sentença. Há uma concentração dos atos processuais. É o primeiro subprincípio 
da oralidade que influencia o JEFs. 
b) princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias: isso é algo que, de 
certa forma, foi abraçado pelo CPC/2015 no art. 1015: 
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem 
sobre: 
 
Entretanto, é algo que foi mitigado, pois trouxe um rol taxativo de hipóteses de 
cabimento de agravo de instrumento. Assim, o fez à semelhança do legislador de 1939 que 
já defendia um rol taxativo de cabimento deste recurso. 
No JEF o art. 4º e 5º assim dispõe: 
Art. 4o O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes,deferir medidas cautelares 
(agora o termo correto seria tutela provisória que pode ser de urgência ou evidência) 
no curso do processo, para evitar dano de difícil reparação. 
Art. 5o Exceto nos casos do art. 4o, somente será admitido recurso de sentença definitiva. 
 
No âmbito do JEF só cabe agravo de instrumento de decisões que versem de tutela 
provisória, antecipada ou cautelar. As demais decisões não estão submetidas à preclusão? 
Há muitos doutrinadores afirmando que o que não está no rol do art. 1015 do CPC/2015 não 
está submetido à preclusão. Ou seja, esta afirmação está errada, pois está submetida à 
preclusão, mas a uma preclusão diferida, visto que a impugnação se dá a posteriori, no bojo 
da apelação. Caso não seja impugnado em preliminar de apelação há preclusão. Esta mesma 
premissa se aplica no juizado. 
Se a matéria versar sobre tutela antecipada cautelar, cabe agravo. Se não versa sobre 
tutela provisória, não cabe agravo. Neste caso, deve ser impugnado em sede preliminar de 
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recurso inominado. Não é que não haja preclusão, pois há preclusão, só que é uma 
preclusão diferida/postergada, temporalmente retardada. 
A ratio desse princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias é acabar com 
a morosidade gerada pelos recursos. Isso sem considerar os juízos de primeiro grau que não 
dão andamento ao processo enquanto há agravo no tribunal, mesmo no caso de agravo sem 
efeito suspensivo. Isso é algo comum. Muitas vezes quando há agravo, o juízo de primeiro 
grau para não contrariar eventual entendimento do Tribunal, para o processo. 
c) princípio da imediatidade: significa que o juiz que prolata a sentença é aquela que 
deve ter colhido a prova. É o contato do juiz com a testemunha ou depoimento pessoal da 
parte autora ou ré que o juiz terá uma maior possibilidade de aferição da verdade. 
d) princípio da identidade física do juiz: é uma decorrência da imediatidade. Como o 
juiz é aquele que teve o contato imediato com a prova deve ser o responsável para proferir 
sentença. Esse princípio da identidade física do juiz caiu com o CPC/2015, estava insculpido 
no art. 132 do CPC/1973: 
Art. 132. O juiz, titular ou substituto, que iniciar a audiência, concluirá a instrução, 
julgando a lide, salvo se for transferido, promovido ou aposentado; casos em que 
passará os autos ao seu sucessor. Ao recebê-los, o sucessor prosseguirá na audiência, 
mandando repetir, se entender necessário, as provas já produzidas. 
 
e) princípio do livre convencimento motivado: se o juiz que sentencia é aquele que 
tem que ter contato imediato com a prova, deve possuir uma discricionariedade regrada 
para fazer uma valoração dos meios de prova. Isso é a aplicação do princípio do livre 
convencimento motivado. 
Existe uma expressão usual na doutrina chamada de filosofia da ordinariedade. Os 
juizados vêm para fazer uma ruptura com essa filosofia, que é aquele procedimento no qual 
se garante uma cognição exauriente à custa da efetividade da tutela jurisdicional. Há uma 
série de atos ou fases processuais no procedimento ordinário, previsto no CPC/1973 no qual 
o procedimento comum poderia ser ordinário ou sumário. 
O procedimento sumário não existe mais, caiu com o CPC/2015. A filosofia da 
ordinariedade é garantir o máximo de contraditório e de ampla defesa. O problema gerado 
foi que no Brasil a tutela exacerbada de direito processuais possui custos, tais como: o custo 
financeiro, o custo relativo à máquina judiciária, além dos custos endoprocessuais. Então, os 
direitos processuais geram custos pró-processuais e custos endoprocessuais. O principal 
custo endoprocessual é a morosidade do feito. 
O legislador do microssistema rompeu com essa ordinariedade trazendo esses 
princípios que visam gerar uma maior sumariedade da tutela jurisdicional. A ideia é que a 
tutela jurisdicional seja prestada de forma mais célere. 
 
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2.4 Competência do JEF 
Art. 3º da Lei nº 10.259/2001: 
Art. 3o Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de 
competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como 
executar as suas sentenças. 
 
A primeira observação a ser feita é a de sessenta salários mínimos. Não se pode 
confundir com o limite de quarenta salários mínimos da Lei nº 9.099/1995. Essa 
competência é para a fase cognitiva e para a fase executiva. 
A competência é absoluta, nos moldes do §3º do art. 3º: 
§ 3o No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competência é 
absoluta. 
 
A competência absoluta pode ser reconhecida de ofício. Uma remissão deve ser feita 
ao art. 20: 
Art. 20. Onde não houver Vara Federal, a causa poderá ser proposta no Juizado Especial 
Federal mais próximo do foro definido no art. 4o da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 
1995, vedada a aplicação desta Lei no juízo estadual. 
 
O art. 20 criou uma abertura, caso inexista Vara Federal na Comarca a parte pode 
socorrer-se do JEF mais próximo do foro. Não existe local no território nacional que não 
esteja abrangido pela Justiça Federal. O fato de não existir na comarca Vara da Justiça 
Federal não quer dizer que não esteja abarcado pelo âmbito de competência de uma Vara 
Federal. 
O art. 20 garante que mesmo na Comarca que não possui Vara Federal estará 
submetida ao âmbito de competência de uma determinada Vara Federal, logo a parte pode 
se valer do JEF mais próximo. A Lei nº 10.259/2001 não se aplica ao Juizado Especial Cível. Se 
a Comarca não tem Vara da Justiça Federal, não precisa ir à sede da subseção judiciária onde 
tem uma Vara Federal que cobre a sua Comarca. Basta procurar o JEF mais próximo. Isso é 
uma faculdade, pois a parte pode ajuizar a ação na Vara Federal que abranja a Comarca. Isso 
visa proporcionar esse procedimento mais célere. 
Imagine que o juiz de Juizado queira julgar uma ação de 100 salários mínimos. O juiz 
da Turma Recursal decide julgar causas que ultrapassem o valor de 60 salários mínimo. O 
problema gerado é que o juiz do Juizado não pode julgar contra a sua competência, pois é 
necessário ter uma forma de controle da competência do JEF. 
➢ Quem é que vai fazer o controle dessa competência? 
Isso gerou uma discussão intensa. O STJ, em um primeiro momento, afirmou que 
para controlar a competência, em caso de conflito de competência entre o Juiz de Juizado e 
um Juiz Comum Federal, por serem juízes a estruturas distintas – um vinculado a um TRF e 
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outro vinculado a uma Turma Recursal – de modo que seria de competência do STJ para 
julgar esses conflitos. Esse entendimento foi sumulado na súmula 348: 
Compete ao Superior Tribunal de Justiça decidir os conflitos de competência entre 
juizado especial federal e juízo federal, ainda que da mesma seção judiciária. 
 
Menos de um ano após a edição da súmula,essa controvérsia chegou ao STF que em 
sede de RE afirmou que em caso de conflito de competência entre Juízes Federais da mesma 
seção judiciária, estejam vinculados ou não ao sistema do JEF, estes Juízes vão digladiar sua 
competência perante o TRF. Isso fez com que o STJ editasse a súmula 428, a qual revogou 
expressamente a súmula 348: 
Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado 
especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária. 
 
Em regra, as decisões do Juiz de primeiro grau do JEF serão examinadas pela turma 
recursal, nos moldes do art. 98 da CF, por uma turma formada por juízes de primeiro grau. 
Há uma exceção no caso de estabelecimento da competência. O conflito de Juízo de JEF com 
Justiça Federal Comum irá para o TRF. 
Em caso de dois juízes do JEFs vinculados a mesma turma recursal, esse conflito de 
competência é resolvido pela Turma Recursal de acordo com o enunciado 91 do FONAJE: 
ENUNCIADO 91 (Substitui o Enunciado 67) – O conflito de competência entre juízes de 
Juizados Especiais vinculados à mesma Turma Recursal será decidido por esta. 
Inexistindo tal vinculação, será decidido pela Turma Recursal para a qual for distribuído 
(nova redação – XXII Encontro – Manaus/AM). 
 
• JEF do RJ x JEF RJ → Turma Recursal do RJ. 
• Caso o JEF do RJ tenha conflito com o JEF do ES (estão vinculados a turmas recursais 
distintas – um vinculado a Turma Recursal do Rio de Janeiro e outro à Turma Recursal de 
Vitória) → será julgado pela TRU (Turma Regional de Uniformização). 
• JEF do RJ versus RJ de AL (vinculados a TRF’s distintos) → será julgado pelo STJ 
No caso dos 60 salários mínimos deve-se analisar o enunciado 15 do FONAJEF: 
Aferição do valor da causa, deve-se levar em conta o valor do salário mínimo em vigor 
na data da propositura de ação. 
 
O princípio subjacente a este enunciado é o da perpetuatio jurisdictionis. Aferem-se 
os elementos identificadores no momento da propositura da ação. 
Exemplo: Os dois servidores públicos querem pleitear um determinado adicional, 
cada benefício no valor de 40 salários mínimos, como deve ser feito no caso de 
litisconsórcio. O valor de 60 salários mínimos é por demanda ou por autor? Essa foi uma 
discussão enorme. Atentar-se que todo discurso técnico está subjacente a um discurso 
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ideológico. Se defender que no caso de litisconsórcio a aferição dos 60 salários mínimos é 
por demanda, está a se restringir o acesso ao JEF, pois não se podem somar as quantias. 
Caso se defenda o valor seria por autor se fomenta o acesso à Justiça. Esse entendimento, 
que prestigia o acesso à justiça, foi encampado no enunciado 18 do FONAJEF: 
No caso de litisconsorte ativo, o valor da causa, para fins de fixação de competência 
deve ser calculado por autor. 
 
Esses enunciados estão pacificados. 
➢ Como deve ser o cálculo dos 60 salários mínimos no caso de prestações vencidas e 
vincendas? 
Neste caso, deve-se aplicar o art. 3º, § 2º, da Lei nº 10.259/2001: 
§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência 
do Juizado Especial, a soma de doze parcelas não poderá exceder o valor referido no art. 
3o, caput. 
 
Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas (futuras) se soma doze 
prestações, não podendo ultrapassar os 60 salários mínimos. Quando versa apenas 
obrigações vencidas é mais fácil, somam-se as vencidas de modo a não poder ultrapassar 60 
salários mínimos, salvo se houve renúncia. É possível renúncia às prestações vencidas. 
Exemplo: A União está devendo R$ 100.000,00, pode-se renunciar o valor excedente 
a 60 salários. 
No caso de prestações vincendas não se admite renúncia, porque ainda não foi 
incorporado ao patrimônio jurídico da pessoa. Não se pode renunciar algo que não foi 
incorporado ao patrimônio jurídico. O professor acha equivocado esse entendimento, de 
modo a fragilizar o acesso ao juizado. Entretanto, esse é enunciado do FONAJEF: 
Enunciado nº. 17 Não cabe renúncia sobre parcelas vincendas para fins de fixação de 
competência nos Juizados Especiais Federais. 
 
No caso em que se têm prestações vencidas e vincendas? Aplica-se o art. 2º, § 2º, da 
Lei nº 12.153/2009: 
Art. 2o É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública processar, conciliar e 
julgar causas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos 
Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos. 
(...) 
§ 2o Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, para fins de competência 
do Juizado Especial, a soma de 12 (doze) parcelas vincendas e de eventuais parcelas 
vencidas não poderá exceder o valor referido no caput deste artigo. 
 
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No caso de prestações vencidas e vincendas, devem-se pegar as prestações vencidas 
e somar com as 12 prestações vincendas. Essa soma deve ser menor ou igual a 60 salários 
mínimos. 
Não se admite renúncia tácita no juizado. Se ingressar com a ação no juizado cujo 
pedido seja maior que 60 salários mínimos, não há que se falar em renúncia. Nessa situação, 
o juiz deve intimar a parte autora, informar se pretende renunciar ou extinguir o feito. O que 
não pode ser feito é extinguir de plano o feito, por ferir o dever de consulta inerente ao 
princípio da cooperação processual. Por isso não há renúncia tácita no JEF3. 
Também não se admite o fracionamento da ação para que se cobre parcela em uma 
demanda e outra parcela em outra demanda. Exemplo: no caso de um passivo de R$ 
100.000,00, nesse caso, não se pode ingressar com uma ação cobrando R$ 50.000,00 e outra 
demanda cobrando R$ 50.000,00, conforme enunciado 20 do FONAJEF: 
Enunciado nº. 20 Não se admite, com base nos princípios da economia processual e do 
juiz natural, o desdobramento de ações para cobrança de parcelas vencidas e vincendas. 
 
Esse enunciado dá uma ideia de que não é possível o fracionamento apenas quando 
há essas duas parcelas. Também não se pode fracionar para cobrar um passivo de R$ 
1.000.000,00 em vinte ações de R$ 50.000,00. 
Uma observação no que tange ao direito comparado é que existe um instituto no 
EUA que se chama claim preclusion, o qual possui a ideia de se ingressar no judiciário fará o 
pedido de uma única vez. Por exemplo, em caso de acidente de trânsito tudo deve ser 
pedido de uma vez só. Pede o dano material, mas esquece de pedir o dano estético e moral. 
Pelo claim preclusion, a ação estaria preclusa ao se acionar o judiciário, pois aquele fato da 
realidade deve ser exaurido. Todos os pedidos decorrentes de um evento devem ser 
exauridos, justamente para impedir essa fragmentação da litigiosidade. Esse entendimento 
está subjacente de certa forma no enunciado 20 do FONAJEF. 
Esse entendimento do claim preclusion não foi abraçado pelo CPC. O que temos no 
Brasil é a eficácia preclusiva da coisa julgada para o réu. Caso o réu esqueça de alegar o 
pagamento ou nulidade há preclusão, já para o autor é diferente. Caso o autor deduza uma 
ação com causa de pedir como, por exemplo, o despejo com base no inadimplemento e o 
feito é julgado improcedente, pode ingressar com outra ação alegandoo despejo com base 
em violação contratual. Isso é admitido. 
No caso da ação de trânsito, pode-se pedir em uma ação o dano material e em outra 
o dano moral. Neste caso, não existe a tríplice identidade. Para o professor, isso mostra que 
o nosso processo está muito atrasado. O CPC/2015 avançou, mas poderia ter ido muito 
 
3 Nota do monitor: há um enunciado do FONAJEF sobre isso: Enunciado nº. 16 - Não há renúncia tácita 
nos Juizados Especiais Federais para fins de fixação de competência. 
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além. No enunciado 20 do FONAJEF abraçou de forma mitigada a claim preclusion que não 
prevalece no CPC/2015. 
O enunciado 17 do FONAJEF, o tal direito não ingressou no patrimônio da parte: 
Enunciado nº. 17 Não cabe renúncia sobre parcelas vincendas para fins de fixação de 
competência nos Juizados Especiais Federais. 
 
Para o professor esse é um caso de discurso técnico encobrindo o discurso 
ideológico. Sabe-se que aquelas parcelas irão ingressar ao patrimônio e não se admite a 
renúncia. Entretanto, caso essas parcelas não venham ingressar, pode-se fazer uma renúncia 
condicional. 
 
Questão de Prova 
A respeito dos juizados especiais cíveis no âmbito da justiça federal, assinale a opção 
correta: 
a) Contra as sentenças proferidas pelos juizados especiais federais em desfavor da 
fazenda pública da União deve haver o reexame necessário. 
b) A opção pelo procedimento dos juizados especiais federais importa em renúncia 
tácita ao valor que exceder aos sessenta salários mínimos previstos em lei. 
c) O STJ firmou entendimento no sentido de ser cabível a impetração de mandado de 
segurança com a finalidade de promover o controle de competência dos juizados 
especiais federais. 
d) Nos juizados especiais federais, a União, as autarquias, as fundações públicas e as 
empresas públicas federais podem ser rés, mas a atuação como autor está limitada às 
pessoas físicas. 
e) A produção de prova pericial não é admitida nos juizados especiais federais, cuja 
competência está restrita a causas de menor complexidade. 
 
Resposta: alternativa C. 
Comentários: A alternativa A está errada, pois a principiologia dos juizados é a 
celeridade de modo a afastar o reexame necessário. Afasta os privilégios processuais da 
Fazenda Pública, visto que dentro do sistema do JEF não há reexame necessário. 
A alternativa B está errada, pois não se admite a renúncia tácita, conforme enunciado 
do FONAJEF. 
A alternativa C está correta, pois o mandado de segurança é cabível no sistema do 
JEF para o TRF com o escopo de fazer o controle da competência. Em regra, o MS irá para 
turma recursal. Malgrado vigorar o princípio irrecorribilidade das decisões interlocutórias, 
em caso de atos que causam excepcional gravame (será estudado detalhadamente 
posteriormente) admite-se mandado de segurança para a Turma Recursal. Já o mandado de 
segurança para o TRF é em caso de controle de competência. Essa é a única hipótese em que 
se admite MS para o TRF. 
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A alternativa D está errada, pois esse tema será abordado em outro momento. As 
microempresas, empresas de pequeno porte também possuem a capacidade processual 
ativa. 
A alternativa E está errada, pois nos termos do art. 12, da Lei nº 10.253/2001 prevê 
expressamente a realização de exame técnico que nada mais é do que a prova pericial: 
Art. 12. Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou ao julgamento da 
causa, o Juiz nomeará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até cinco dias antes 
da audiência, independentemente de intimação das partes. 
§ 1o Os honorários do técnico serão antecipados à conta de verba orçamentária do 
respectivo Tribunal e, quando vencida na causa a entidade pública, seu valor será 
incluído na ordem de pagamento a ser feita em favor do Tribunal. 
§ 2o Nas ações previdenciárias e relativas à assistência social, havendo designação de 
exame, serão as partes intimadas para, em dez dias, apresentar quesitos e indicar 
assistentes. 
 
A letra E nos remete a uma questão: a competência do juizado especial federal está 
restrita à causa de menor complexidade? 
Esse é um campo bastante interessante por ser usual a doutrina falar que o juizado é 
para causas simples, sem grande complexidade. Essa discussão é muito palpitante no JEC, 
que não prevê a possibilidade de realização de prova pericial. O que fala é que o juiz pode 
inquirir um expert de sua confiança. No JEF é possível a realização de prova pericial. 
Nada obstante, no que se refere a esse entendimento existe uma grande discussão 
sobre a possibilidade de se discutir no juizado causas complexas. Por exemplo, ações que 
versam sobre medicamentos poderiam ser debatidas no juizado? 
O professor menciona que recentemente houve um RE no STF, o qual se afirmou que 
a decisão da Turma Recursal (esses assuntos serão estudados em momento oportuno) teria 
violado o art. 98, da CF, pela complexidade da demanda. Para o STF, a ofensa à CF seria 
meramente reflexa e inadmitiu o recurso extraordinário. Neste caso, afirmou a violação que 
perpassaria pelo art. 3º da Lei do Juizado, e por isso a ofensa seria reflexa de modo a não 
admitir do RE. 
➢ A grande polêmica do tema é a seguinte: juizado admite matéria de alta 
complexidade? 
O professor cita um relato pessoal em que uma das causas mais complexas e mais 
importantes da vida de sua vida foi julgada quando era juiz de juizado. No caso, a Assembleia 
Legislativa do Estado de Alagoas, por volta do ano de 2013, tinha uma conta na CEF, uma 
conta que nenhum deputado teria acesso à conta, salvo a mesa diretora e o presidente da 
Assembleia. Pairavam suspeitas das maiores falcatruas. 
Um determinado Deputado Estadual ingressou com uma ação contra o Estado de 
Alagoas para ter acesso a essa conta. Logo, perdeu a demanda na Justiça Estadual, pois a 
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parte colocou a CEF no polo passivo e ingressou com ação na Justiça Federal, a qual fora 
distribuída para o professor, de modo a apreciar quem poderia ter acesso à conta. Envolvia 
questões sigilosas, questão de segurança pública, algo extremamente complexo, teve até 
repercussão da mídia. 
A sentença deferiu o pedido, quebrando o sigilo da conta. Desse modo, havia 
servidor que recebeu em um ano 37 (trinta e sete) salários em vários períodos do mês. Isso 
também aconteceu com deputado. 
Em sede de contestação nessa demanda, foi alegado que a matéria seria complexa o 
que impediria de ser julgada no juizado. Após reflexão, o professor se convenceu de que o 
critério para a aferição da competência do juizado é um critério baseado estritamente no 
valor da causa. A Lei nº 10.259/2001 quando quis excluir determinadas ações o fez de forma 
expressa. A União não pode ser parte autora, o cidadão não pode ingressar com Mandado 
de Segurança, o MPFnão pode ingressar com ação civil pública. A Lei nº 10.259/2001 excluiu 
essas situações, o que foi excluído cabe na lei, desde que compatível com a sua 
principiologia. 
No âmbito do JEF, pode-se afirmar que o critério de aferição da competência é um 
critério baseado no valor da causa. A complexidade da demanda é extraída a partir do valor 
da causa. Se o valor for até 60 salários mínimos será julgado pelo JEF. 
Enunciado nº 91 Os Juizados Especiais Federais são incompetentes para julgar causas 
que demandem perícias complexas ou onerosas que não se enquadrem no conceito de 
exame técnico (art. 12 da lei n. 10.259/2001). 
 
ENUNCIADO 54 – A menor complexidade da causa para a fixação da competência é 
aferida pelo objeto da prova e não em face do direito material. 
 
Tanto os enunciados FONAJEF e do FONAJE afirmam que perícias extremamente 
complexas não cabem no âmbito do juizado especial. 
CONTRA: STJ, Nery 
(...) são da sua competência as causas com valor de até sessenta salários mínimos 
(art.3º). A essa regra foram estabelecidas exceções ditadas(a) pela natureza da 
demanda ou do pedido (critério material), (b) pelo tipo de procedimento (critério 
processual) e (c) pelos figurantes da relação processual (critério subjetivo). É certo que a 
Constituição limitou a competência dos Juizados Federais, em matéria cível, a causas de 
"menor complexidade" (CF, art. 98, § único). Mas, não se pode ter por inconstitucional o 
critério para esse fim a dotado pelo legislador, baseado no menor valor da causa, com as 
exceções enunciadas. A necessidade de produção de prova pericial, além de não ser o 
critério próprio para definir a competência, não é sequer incompatível com o rito dos 
Juizados Federais, que prevê expressamente a produção dessa espécie de prova (art. 12 
da Lei 10.259/01). (CC97.273/SC, Rel. Teori Albino Zavascki, j.08/10/2008). 
 
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Diferentemente do que ocorre no âmbito dos Juizados Especiais Estaduais, admite-se, em 
sede de Juizado Especial Federal, a produção de prova pericial, fato que demonstra a 
viabilidade de que questões de maior complexidade sejam discutidas nos feitos de que 
trata a Lei 10.259/01. (AgRgnoCC95.890, Rel. Eliana Calmon, j.10.09.2008) 
 
A jurisprudência do STJ é tranquila neste sentido. Entretanto, há enunciado do 
FONAJEF em sentido contrário. Em prova objetiva, deve-se optar pela opção do STJ, em 
segunda fase deve-se mostrar a divergência, mostrar que tem conhecimento desse debate. 
Como foi visto a lei exclui determinadas causas, quais sejam: 
§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas: 
 
O fato do JEF não ter competência para julgar essas causas significa que o juiz do 
juizado não pode violar critério de competência absoluta. 
I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado 
de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais 
e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, 
coletivos ou individuais homogêneos; 
II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais; 
III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza 
previdenciária e o de lançamento fiscal; 
IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores 
públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares. 
 
Caso o juiz do juizado viole o inciso II, por exemplo, está a violar um critério de 
competência absoluta. Entretanto, isso não significa a impossibilidade do juiz do JEF apreciar 
questões que não sejam afetas à sua competência. Exemplo: em casos de pensão por morte 
em que se discute a união estável, o juiz do juizado pode conhecer essa questão prejudicial. 
É uma questão de direito de família que pode ser apreciada, o que se veda é que tal questão 
seja principal, o que se veda é o exercício do iudicium, mas pode exercer o cognitium. É por 
isso que a questão prejudicial não fará coisa julgada. 
O CPC/2015 admite que a questão prejudicial faça coisa julgada em determinadas 
circunstâncias, nos moldes do art. 503, entretanto, o juiz deve ter a competência absoluta. 
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites 
da questão principal expressamente decidida. 
§ 1o O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa 
e incidentemente no processo, se: 
I - dessa resolução depender o julgamento do mérito; 
II - a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de 
revelia; 
III - o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como 
questão principal. 
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Caso não possua a competência fará apenas o cognitio, e não o iudicium. Ele vai 
conhecer da questão, mas não irá julgá-la. Conhecerá de forma incidental e não principal. De 
igual modo, a questão da inconstitucionalidade, o juiz não julga a inconstitucionalidade 
apenas conhece a inconstitucionalidade. 
O dictum recaíra apenas sobre a pretensão processual, nunca sobre a questão 
prejudicial a qual o juiz não tem competência para conhecer em sede principal. Exercerá o 
cognitio sendo que a certificação da norma jurídica concreta não recai sobre a união estável. 
Neste sentido, o enunciado 124 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: 
"A Justiça Federal é competente para apreciar, incidentalmente, a existência de união 
estável.“ (Enunciado 124 das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro). 
 
Em regra, o juiz pode conhecer de questões prejudiciais que não sejam afetas à sua 
competência. Entretanto, há exceções. 
O professor comenta uma exceção trazida pelo Direito Espanhol, através do Jordi 
Nieva Fenoll. Na Espanha, a prejudicial penal não pode ser julgada pelo juiz do cível e 
tampouco pela esfera administrativa. Na Espanha, à semelhança de Portugal, Itália e 
Alemanha, há uma dualidade de jurisdição, diferente do Brasil o qual impera a unidade da 
jurisdição. 
No Brasil o poder público é julgado na justiça e não perante a própria administração 
pública, pois o Poder Executivo é submetido ao Poder Judiciário. Diferentemente é na 
França, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha que possui um sistema de dualidade de 
jurisdição. Julgar a administração faz parte da própria competência do Poder Executivo. 
Nestes casos temos um contencioso administrativo que abarca as causas tributárias, 
social, previdenciário, assim como o juiz do cível, não podem conhecer prejudicialmente 
questões penais. O processo deve ser suspenso. Exemplo: um caso de ação rescisória 
porque o juiz é corrupto, caso não tenha sentença criminal, processo penal, inquérito 
policial, mesmo assim é possível ingressar com a ação rescisória. Assim sendo, o TRF 
incidentalmente apreciará se o juiz é ou não corrupto, exercerá o juízo rescindente, em 
seguida, fará o juízo rescisório. O juiz não será preso, nem perderá o cargo, pois a apreciação 
é feita de forma incidental. 
Continuando com as causas que não são de competência do JEF, art. 3º, §1º daLei nº 
10.259/2001: 
§ 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas: 
I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado 
de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais 
e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, 
coletivos ou individuais homogêneos; 
II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais; 
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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza 
previdenciária e o de lançamento fiscal; 
IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores 
públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares. 
 
• As causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa 
domiciliada ou residente no País; 
• Fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo 
internacional; 
• A disputa sobre direitos indígenas. 
 
O próprio legislador já faz uma exclusão em abstrato das causas complexas. No caso 
da ação de mandado de segurança o problema é o rito adotado para o MS. A lei do juizado é 
um rito diferente. A ideia é facilitar a serventia judicial, um rito contribui para essa ideia. Por 
isso não se admite ação possessória, ação de consignação em pagamento, habeas data, 
mandado de injunção, homologação de sentença estrangeira. Todos são procedimentos que 
não se coadunam com o procedimento do juizado. 
A ideia é admitir apenas uma forma de sucessão dos atos processuais. Por isso que 
inadmite determinados tipos de procedimentos, dentre eles: mandado de segurança, 
desapropriação, ação de divisão e demarcação, ação popular, execução fiscal, ação de 
improbidade administrativa. 
I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado 
de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais 
e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, 
coletivos ou individuais homogêneos; 
 
No caso da execução, esta é ajuizada pela União, pois se a lei exclui a União do polo 
ativo não há necessidade de mencionar execução fiscal. Seria a lógica da redundância. 
A ideia do JEF é facilitar o trabalho na Secretaria com a adoção de procedimento 
único. Quando se possui vários procedimentos em uma Vara isso complica o andamento. Por 
exemplo, uma Vara de competência plena, possui o supervisor da fase de conhecimento, um 
da fase de execução, outro para área criminal. O problema ocorre quando há servidores de 
férias atrasa a vara por existir vários procedimentos. Quando se tem procedimento único a 
produção é mais célere. Esse é o grande impasse do calendário processual do art. 190 do 
CPC/2015: 
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às 
partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às 
especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e 
deveres processuais, antes ou durante o processo. 
 
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Não haverá tempo morto no processo, mas complica o andamento da Secretaria. A 
possibilidade das partes alterarem os ônus, deveres, prerrogativas e gera sérios problemas 
cartorários. O professor é amplamente a favor das convenções processuais, pois acredita 
que isso deve ser permitido, de modo a conceder maiores poderes às partes. Romper com o 
paternalismo estatal, decorrente da tradição ibérica. Entretanto, na Secretaria isso gera 
problemas. 
Outras demandas excluídas: 
• Demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos; 
A ação popular é tipicamente uma modalidade de ação que busca tutelar direitos 
difusos. O primeiro artigo escrito no Brasil sobre o processo coletivo foi escrito por Barbosa 
Moreira sobre a ação popular no Direito Brasileiro. É uma ação que tutela interesse difuso. 
Após a ação popular veio a ação ambiental em 1981, sendo a ação sobre direitos difusos. 
• Sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais; 
Atentar-se para a “pegadinha” que o art. 6º da Lei nº10.259/2001 afirma: 
Art. 6o Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível: 
(...) 
II – como rés, a União, autarquias, fundações e empresas públicas federais. 
 
O art. 3º, §1º, II, da Lei nº10.259/2001 não fala sobre empresas públicas federais. 
Então, é necessário ter cuidado, pois o que exclui ações que versem sobre bens imóveis da 
União, autarquias e fundações públicas federais, não se menciona sobre bens imóveis de 
empresas públicas federais. 
• Para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza 
previdenciária e o de lançamento fiscal; 
É o caso clássico em que se pede benefício no INSS, pode ir para o JEF. O grande 
campo temático do JEF é o direito previdenciário, o qual busca anular um ato administrativo 
previdenciário, consistente no indeferimento de um benefício. 
• Que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores 
públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares; 
Outro dispositivo redundante. Não cabe ação no JEF para anulação de ato 
administrativo, isso já seria suficiente, pois a pena de demissão é um ato administrativo. 
Há também a criação jurisprudencial: 
Enunciado nº. 9 Além das exceções constantes do § 1º do artigo 3º da Lei n. 10.259, não 
se incluem na competência dos Juizados Especiais Federais, os procedimentos especiais 
previstos no Código de Processo Civil, salvo quando possível a adequação ao rito da Lei n. 
10.259/2001. 
 
Segundo esse enunciado, são inadmissíveis habeas data, mandado de injunção, ação 
de consignação em pagamento, possessória e depósito. 
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O art. 3º afirma que não cabe demanda que verse sobre interesses difusos, coletivos 
ou individuais homogêneos. Na verdade, o que não cabe é uma pretensão de tutela de um 
interesse transindividual, ou seja, um interesse difuso, coletivo em sentido estrito ou 
individual homogêneo através de uma ação coletiva. Seriam aquelas ações que fixam uma 
tese jurídica geral, para em uma fase de liquidação ser personificada a demanda. 
Entretanto, é possível a tutela de um direito individual por parte do particular que 
detém uma origem comum com outros direitos individuais. O que se veda é a tutela coletiva 
do direito individual. 
O professor menciona uma expressão de Teori Zavacski que uma coisa seria a tutela 
de direitos coletivos a qual se refere a direitos difusos e coletivos em sentido estrito. Outra 
coisa completamente diferente seria a tutela coletiva de direito que se aplica ao individual 
homogêneo. O direito individual homogêneo é um direito cuja natureza jurídica é de um 
direito acidentalmentecoletivo, porque é tratado como coletivo apenas para fins 
processuais. 
Em âmbito de juizado não se pode ter tutela de direitos coletivos. Inadmite-se, 
igualmente, em sede de juizado a tutela coletiva de direitos. Todavia, é lícito que um 
particular cujo direito pode ser tutelado em uma ação coletiva para a tutela de direitos 
individuais homogêneos, ingresse com sua ação individual pretendendo a tutela de seu 
direito. Exemplo: a parte pede um reajuste salarial junto ao JEF. 
O que é importante perceber é que não pode tutelar coletivamente um direito. 
Entretanto, um direito que tem causa de pedir com semelhantes e que, em tese, se habilita a 
ser tutelado mediante uma ação coletiva, esse direito por si só pode ser tutelado no JEF. 
 
Questão de Prova 
Inclui-se na competência dos juizados especiais cíveis federais: 
a) ação de desapropriação; 
b) execuções fiscais; 
c) ação de anulação de lançamento fiscal; 
d) ação sobre bens imóveis da União; 
e) as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou 
organismo internacional. 
Resposta: alternativa C. 
Não é possível ingressar no JEF para anular ato administrativo, salvo se for um ato 
administrativo previdenciário ou para o lançamento fiscal. 
 
2.5 Capacidade de ser parte ativa 
Art. 6º da Lei nº10.259/2001: 
Art. 6o Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível: 
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I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte, 
assim definidas na Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996; 
II – como rés, a União, autarquias, fundações e empresas públicas federais. 
 
Podem ser parte autora os litigantes eventuais. A grande empresa, a concessionária e 
a permissionária de serviços públicos não podem ser parte. 
Atenção que a Lei nº 9.099/1995 dispõe: 
 Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, 
as pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa falida e o 
insolvente civil. 
 
Os incapazes não podem ser parte. O JEF é omisso, no microssistema do juizado 
recorre à Lei nº 9.099/95 nesse ponto. O problema é que a Lei nº 9.099/95 é restritiva de um 
direito de acesso à justiça. O que prevalece? Prevaleceu que não se aplica a restrição da Lei 
nº 9.099/95 na Lei nº 10.259/2001. 
“Os incapazes podem ser parte no JEF, sendo obrigatórias a assistência por 
advogado e a intimação do MPF, podendo haver conciliação”. (Enunciado 5 TRRJ) X art. 8º, 
LJEC. 
É algo comum um menor de idade pedindo a pensão do pai. Esse é um entendimento 
bem tranquilo no JEF, de modo a afastar o art. 8º, da Lei nº 9.099/95. Outro impasse seria o 
impasse da Lei nº 9.099/95 que exclui o preso. A ideia do JEC é gerar celeridade e a parte 
autora presa pode gerar problemas com intimação. Essa restrição aplica-se à Lei nº 
10.259/2001? Isso é algo controverso. Há duas correntes: 
➢ 1ª corrente: a Lei nº 10.259/2001 é omissa, logo seria suprida essa lacuna com a lei 
9099/1995, de modo a excluir o preso; 
➢ 2ª corrente: a previsão de exclusão do preso é uma norma restritiva de um direito 
fundamental de acesso a uma justiça facilitada. Por essa corrente não se aplica essa norma 
restritiva. 
O rol mencionado não é taxativo. Deve-se sempre utilizar da Lei nº 9.099/95 quando 
ampliar um direito fundamental. Então, aplica-se para a Lei nº 10.259/2001 o art. 8º, III e IV, 
da Lei nº 9.099/95. 
III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse 
Público(entidade do terceiro setor – dentro do marco de desregulamentação do 
Estado), nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999; (Incluído pela Lei nº 
12.126, de 2009) 
IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos termos do art. 1o da Lei 
no 10.194, de 14 de fevereiro de 2001. 
 
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Além disso, não está previsto no JEC e aplica-se no JEF, de modo a ter legitimidade 
para ser parte o espólio. Essa questão chegou ao STJ e ficou decidido que o espólio possui 
capacidade ativa para figurar no JEF. 
PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ESPÓLIO. LEGITIMIDADE ATIVA PARA 
LITIGAR NO JUIZADO ESPECIAL. COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITANTE. 1. Conforme 
entendimento já aflorado em decisões desta Corte, o espólio pode figurar no polo ativo 
em feitos dos Juizados Especiais Federais, aplicando-se, subsidiariamente, por ausência 
de expressa previsão na Lei n. 10.259/2001, as normas previstas na Lei n. 9.099/95. 2. 
Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal do Juizado Especial Cível 
de Santos - SJ/SP, o suscitante. (CC 97.520/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, 
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/11/2008, DJe 09/12/2008) 
 
Isso é algo recorrente em provas de concurso. 
 
Questão de Prova 
Assinale a alternativa correta, acerca dos Juizados Especiais Federais. 
A) Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível, como autores, as pessoas físicas, 
as microempresas e as empresas de pequeno e médio porte e, como rés, a União, 
autarquias e fundações públicas, exclusivamente; 
B) Tendo em vista a indisponibilidade do interesse público, inviável que representantes 
judiciais da União, autarquias e fundações públicas desistam nos processos da 
competência dos Juizados Especiais Federais. 
C) Há previsão legal expressa prevendo o reexame necessário em certas hipóteses, em 
causas submetidas ao Juizado Especial Federal. 
D) Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas 
pessoas jurídicas de direito público. 
E) Nenhuma correta. 
 
Resposta: alternativa D. 
Comentários: A alternativa A está errada, pois não consta a empresa pública, que 
será visto adiante, art. 6º, II, da Lei nº 10.259/2001: 
Art. 6o Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível: 
I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte, 
assim definidas na Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996; 
II – como rés, a União, autarquias, fundações e empresas públicas federais. 
 
A alternativa B está errada, pois quem desiste é a parte autora, a parte ré nunca 
desiste do processo. Esse ato pode ser unilateral ou bilateral, dependendo se já houve a 
triangularização processual. Esta é uma assertiva sem sentido no âmbito do juizado. 
A alternativa C está errada, pois a ideia do juizado é a celeridade do feito, com isso se 
exclui as prerrogativas processuais da Fazenda Pública. 
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A alternativa D está correta de acordo com o art. 9º, da Lei nº 10.259/2001, que 
transmite a ideia de celeridade e simplicidade, de modo a inexistir prazo diferenciado. 
Art. 9o Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas 
pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a 
citação para audiência de conciliação ser efetuadacom antecedência mínima de trinta 
dias. 
 
2.6 Capacidade de ser parte passiva 
Art. 6º, II, da Lei nº 10.259/2001: 
Art. 6o Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível: 
I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte, 
assim definidas na Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996; 
II – como rés, a União, autarquias, fundações e empresas públicas federais. 
 
➢ Há uma discussão importante: cabe pedido contraposto no JEF? 
A reconvenção não se admite. A Lei nº 9.099/19954 não admite. Entretanto, o art. 17 
da Lei nº 9.099/1995 admite o pedido contraposto: 
Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, instaurar-se-á, desde logo, a 
sessão de conciliação, dispensados o registro prévio de pedido e a citação. 
Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá ser dispensada a contestação 
formal e ambos serão apreciados na mesma sentença. 
 
➢ Seria possível que a União ou a fundação no polo passivo faça um pedido 
contraposto? 
É amplamente majoritário o entendimento de que não se admite o pedido 
contraposto formulado pela União, autarquia, fundação e empresa pública. Isso se deve ao 
fato de que a ideia é viabilizar toda a estrutura do JEF para o litigante eventual, não para o 
litigante habitual. Não pode a União “pegar carona” no processo e deduzir um pedido 
contraposto. 
Enunciado nº. 12 No Juizado Especial Federal, não é cabível o pedido contraposto 
formulado pela União Federal, autarquia, fundação ou empresa pública federal. 
 
Há uma questão a qual paira uma confusão jurisprudencial vergonhosa: cabe 
litisconsórcio passivo no JEF? 
 
4 Nota do Monitor: Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na contestação, formular 
pedido em seu favor, nos limites do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem 
objeto da controvérsia. 
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É obvio que entre União, autarquia, fundação e empresa pública cabe. O problema 
seria com quem não tem capacidade de figurar no polo passivo. É possível litisconsórcio da 
União com particular ou Estado e Município? 
Isso é importante porque temos muitas ações de JEF sobre medicamentos. Neste 
caso, a parte ingressa contra União, Estados e Município ante a solidariedade no polo 
passivo. A controvérsia sobre a entrega do medicamento deve ser resolvida entre os entes 
públicos, de modo a não descaracterizar esta solidariedade. 
Esse questionamento é algo de direito material muito simples. Imagine a celebração 
de um contrato de mútuo em face de Ângela e Mariângela e empresta-se R$ 10.000,00.. 
Neste caso, pode-se demandar apenas contra a Ângela, a Mariângela ou contra as duas. 
Caso se chame apenas uma, pode ser feito um chamamento ao processo. Isso é um 
litisconsórcio passivo facultativo, pois a solidariedade passiva gera um litisconsórcio passivo 
facultativo. 
Para o professor, o STJ confundiu esse tema: 
“Os Juizados Especiais Federais ostentam competência para o julgamento das ações de 
fornecimento de medicamento sem que haja litisconsórcio passivo necessário entre a 
União, o Estado e o Município, cujo valor da causa não exceda sessenta salários-mínimo, 
a teor do que dispõem os arts. 3º e 6º da lei 10.259/2001, coadjuvada pela ratio essendi 
dos arts. 196 e 198, da Constituição Federalde 1988”. Precedentes do STJ: CC104544/RS, 
PRIMEIRA SEÇÃO, DJ de 28/08/2009; AgRg no CC 102919/SC, PRIMEIRA SEÇÃO, DJ de 
11/05/2009; AgRg na Rcl 2991/SC, PRIMEIRA SEÇÃO, DJ de 07/04/2009 (CC 107.369–SC, 
REL. MINISTRO LUIZ FUX) 
 
Para manter a uniformidade, a coerência e a integridade do direito, deveres previstos 
no art. 9265 do CPC/2015, o STJ afirma: 
Cinge-se a controvérsia à legitimidade ad causam para figurar no polo passivo de 
demanda que objetiva a garantia do acesso a medicamentos para tratamento de 
problema de saúde. (...) Nesse contexto, verifica-se não se tratar de litisconsórcio passivo 
necessário, podendo a parte intentar a demanda contra qualquer um dos entes 
federativos (solidariamente passivos) para responder pela totalidade da dívida; a 
faculdade do autor-credor de litigar com qualquer um dos co-obrigados é decorrência 
legítima da solidariedade passiva. (AgRg no Resp 1584691/PI, Min. Napoleão Nunes 
Maia Filho, j. 25/10/2016). 
 
O STJ admitiu a competência para julgar contra Município e Estado porque seria um 
litisconsórcio passivo necessário. É necessário entender que a competência para julgar 
particulares pressupõe um litisconsórcio passivo necessário. Caso tenha um litisconsórcio 
 
5 Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. 
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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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facultativo, não pode demandar o particular ou ente porque o juiz não possui competência 
absoluta para apreciar aquela demanda. É a mesma lógica aplicável na Vara Federal Comum. 
É possível ter um litisconsórcio passivo em uma ação a qual a União esteja no polo 
passivo com uma empresa privado? Sim, mas esse litisconsórcio passivo deve ser necessário. 
Frequentemente será em virtude da unitariedade da relação jurídica. 
No litisconsórcio há um consórcio de sujeitos. Se há uma pluralidade de sujeitos, há 
uma pluralidade de ações, ou seja, um cúmulo de ações, duas demandas que estão ligadas 
em uma só ligação jurídica de direito processual. Essa pluralidade de ações decorre: 
➢ 1ª - pluralidade de pedidos: há um cúmulo objetivo. Por exemplo: pedido de dano 
moral e material, há duas pretensões, uma cumulação de ações em um único processo; 
➢ 2º - causa de pedir. Por exemplo: uma ação anulatória ante a existência de coação 
e dolo. Temos duas causas de pedir. 
➢ 3º - cumulação de parte: neste caso, há um cúmulo subjetivo. Por exemplo: no 
caso de duas ações, com a mesma causa de pedir e mesmo pedido para sujeitos diversos. 
Neste caso, se o juiz não possui competência absoluta para julgar uma ação é evidente que 
não terá competência para julgá-la apenas porque foi aglutinada por outra pretensão que 
teria competência para julgar. 
É possível litisconsórcio passivo necessário dos entes enunciados no art. 6º, II da L. 
10.259/2001, com pessoa jurídica de direito privado e pessoa física. (Enunciado 4 das 
Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro) 
 
2.7 Procedimento no JEFs 
Pontos importantes: 
➢ 1º - Paridade de armas: art. 9º + Def: o JEF preconiza uma isonomia processual 
entre os litigantes: 
Art. 9o Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas 
pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a 
citação para audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de trinta 
dias. 
 
Isso gera uma isonomia material, pois no polo ativo há um litigante eventual. Em 
razão disso, não se pode gerar uma maior tutela para Fazenda Pública por ser um litigante 
habitual. Com isso se retira os privilégios processuais da Fazenda Pública com o escopo de 
gerar uma maior isonomia dentro do processo. 
A Defensoria possui prazo em dobro, nos moldes da Lei Complementar,

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