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Direito Penal
Conflito Aparente de Normas Penais
Conceitos elementares
Não ocorre o real conflito, pois é aparente. Surge quando existem várias possibilidades de leis penais aplicáveis a um fato. 
Não se trata de um conflito efetivo de normas, sob pena de o Direito Penal deixar de construir um sistema ordenado e harmônico. 
A solução para o conflito aparente de normas se dá por meio da interpretação (pressupondo a unidade de conduta ou de fato, pluralidade de normas coexistentes e relação de hierarquia ou de dependência entre essas normas). 
Requisitos
É um fato único; são duas ou mais normas penais aparentemente aplicáveis. 
Exemplo: pessoa atropela, com uma bicicleta, um idoso.
Deve aplicar o Código de Trânsito ou o Código Penal (lesão corporal). Aparentemente, existe um conflito de qual norma aplicar. Aplica-se a do CP, art. 129, pois, para aplicar a do Código de Trânsito precisa ser veículo automotor.
Distinções
Não pode ser confundido com conflito de leis no tempo (retroatividade ou irretroatividade), pois as duas estão vigentes. Também não pode ser confundido com concurso de crimes (art. 69, 70, 71) – vários fatos e vários crimes. 
Princípios aplicáveis 
Princípio da especialidade (Lex Specialis Derogat Lex Generali)
Foram criados a partir de dados valorativos, não constam no Código Penal. A lei especial derroga a lei geral. A lei é especial quando contemplar todos os requisitos descritivos do tipo da lei mais outros princípios especializados. 
Deve ser aplicado sempre que houver relação entre gênero e espécie. 
“Toda ação que realiza o tipo do delito especial realiza também, necessariamente, ao mesmo tempo, o tipo do geral, enquanto que o inverso não é verdadeiro”. A regulamentação especial tem a finalidade, precisamente, de excluir a lei geral e, por isso, deve precedê-la. 
Há relação de especialidade entre o tipo básico e os tipos derivados, sejam qualificados ou privilegiados. Assim, os furtos qualificados e privilegiados constituem preceitos especiais em relação ao furto simples. 
Princípio da subsidiariedade (Lex Primaria Derogat Legi Subsidiarie)
Crime secundário vinculado a uma conduta principal. Regra principal derroga a regra secundária. A subsidiariedade só tem lugar quando não está presente o principal. Pode ser:
Expressa: quando o próprio Código Penal diz. (crime de perigo não é aplicado quando ocorre também o crime de dano)
Tácita: é implícita, quando um delito menor integra a descrição de outro mais grave. Ex: furto e roubo com violência; roubo com latrocínio. 
Princípio da absorção 
Regra: o fato de maior entidade absorve o de menor graduação. 
Exemplo: tentativa de homicídio e após é consumado, só considera o consumado; participação em um crime, e depois se torna coautor.
Progressão criminosa e crime progressivo
Progressão criminosa - agente modifica seu intento durante a execução do fato. Exemplo: invasão de domicílio (planejada) e após executado resolve subtrair bens da casa, o sujeito responderá somente por furto.
Crime progressivo – agente possui desde o princípio o mesmo objetivo e o perseguirá até o final. Exemplo: homicídio praticado através de lesões corporais. 
Princípio da alternatividade
Aplicado ao crime de conteúdo variado (ação múltipla), crimes com vários verbos núcleos do tipo.
A Lei Penal no Espaço
Considerações iniciais
Art. 5º ao 9º do Código Penal.
A lei penal, em decorrência do princípio de soberania, vige em todo o território de um Estado politicamente organizado. No entanto, pode ocorrer, em certos casos, para um combate eficaz à criminalidade, a necessidade de que os efeitos da lei penal ultrapassem os limites territoriais para regular os fatos ocorridos além de sua soberania, ou, então, a ocorrência de determinada infração penal pode afetar a ordem jurídica de dois ou mais Estados soberanos. Surge, assim, a necessidade de limitar a eficácia espacial da lei penal, disciplinando qual lei deve ser aplicada em tais hipóteses.
Conceito de Direito Penal Internacional e Direito Internacional Penal
Direito Penal Internacional – conjunto de regras que disciplina o direito de punir de determinado Estado em suas relações com outros Estados. 
Direito Internacional Penal – integra o âmbito internacional; aplicação do direito de punir por órgãos internacionais.
O princípio da territorialidade temperada ou relativa
Regra: “Para os crimes ocorridos em território brasileiro, aplica-se a lei penal brasileira, independentemente da nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico lesado”. O fundamento desse princípio é a soberania política do Estado. 
Exceções: agentes diplomáticos e Tribunal Penal Internacional
Agentes diplomáticos: embaixador que comete homicídio não responde pelo delito no Brasil, mas sim, em seu Estado.
Entes abrangidos pela imunidade diplomática: agentes diplomáticos (embaixadores, secretários da embaixada, pessoal técnico e administrativo das representações), componentes da família dos agentes diplomáticos, funcionários das organizações internacionais quando em serviço, chefe de Estado estrangeiro que visita o país e os membros de sua comitiva.
A Convenção de Viena foi ratificada (internalizada) pelo Brasil. (Decreto 56.435/1965)
O Tribunal Penal Internacional (origem, competência, composição)
Órgão jurisdicional supranacional (está acima dos órgãos nacionais). Julga crimes de lesa humanidade, de guerra, genocídio, de organizações internacionais.
Princípio da intraterritorialidade
Diz respeito, então, às imunidades diplomáticas citadas anteriormente. Estas, são julgadas em seus respectivos Estados (exceção do princípio da territorialidade)
Conceito de território nacional 
Compreende superfície terrestre (solo e subsolo), águas interiores, mar, espaço aéreo. (mar territorial: 12 milhas marítimas – art 1º da Lei 8.617/1993)
– Zona Contígua – são as outras 12 milhas posteriores as que fazem parte do território nacional. (nenhum país exerce atos de soberania)
– Coluna atmosférica - espaço aéreo em que o Brasil exerce soberania
– Espaço cósmico – nenhum país exerce atos de soberania, é de uso comum. Decreto 64.362/19 9. (crime brasileiro no espaço cósmico, a lei penal aplicada é a brasileira – conforme a origem do agente)
Extensão do território nacional e o princípio da bandeira 
Art 5, p 1º e 2º - distinção entre embarcações/aeronaves públicas: independentemente de se encontrarem em alto-mar, são considerados território nacional. Por isso, qualquer crime cometido dentro de um desses navios, indiferentemente de onde se encontrem, deverá ser julgado pela Justiça brasileira.
- embarcações/aeronaves privadas: quando estiverem em alto-mar, seguem a lei da bandeira que ostentam; quando estiverem em portos ou mares territoriais estrangeiros, seguem a lei do país em que se encontrem. 
{Espaço aéreo – absoluta liberdade do ar, nenhum Estado domina o ar, sendo permitido a qualquer um utilizar o espaço aéreo, sem restrições; soberania limitada ao alcance das baterias antiaéreas: representaria, concretamente, os limites do domínio do Estado; soberania sobre a coluna atmosférica: o país subjacente teria domínio total sobre seu espaço aéreo, limitado por linhas imaginárias perpendiculares, incluindo o mar territorial}
Lugar do crime
Nem sempre será fácil apurar o lugar do crime, tarefa importante para possibilitar a adoção do princípio da territorialidade, suas exceções, e definir, enfim, os demais princípios reguladores de competência e jurisdição. 
Teoria da Ubiquidade ou Teoria Mista – adotada pelo CP (art 6º). Considera o lugar do crime como o da ação ou omissão do resultado, ou ainda o lugar do bem jurídico atingido. “Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou a omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir o resultado”.
Teoria da atividade (da ação, ou da conduta) – lugar do delito é aquele em que se realiza a conduta típica. 
Teoria do resultado – lugar do delito é aquele em que ocorreu o evento ou o resultado, ou seja, onde o crime se consumou.Princípio da Extraterritorialidade 
Incondicionada – aplicação da lei brasileira sem qualquer condição, na hipótese de crimes fora do território nacional, ainda que o agente tenha sido julgado no estrangeiro, com fundamento nos princípios de defesa e da universalidade. Os casos de extraterritorialidade incondicionada referem-se a crimes: 1) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 2) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, Território, Município, empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 3) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 4) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. 
Nesses crimes, o Poder Jurisdicional brasileiro é exercido independentemente da concordância do país onde o crime ocorreu. 
Condicionada – aplica-se a lei brasileira quando satisfeito certos requisitos, com base nos princípios da universalidade, da personalidade, da bandeira e da defesa.*
As hipóteses de extraterritorialidade condicionada referem-se a crimes:
 1) que, por tratado ou convenção, o Brasil obrigou-se a reprimir – refere-se a cooperação internacional que deve existir entre os povos para prevenir e reprimir aquelas infrações penais que interessam a toda comunidade internacional. Os tratados e convenções internacionais firmados pelo Brasil ganham característica de legislação interna e devem ser obrigatoriamente aplicados. 
2) praticados por brasileiros – no exterior; pelo princípio da nacionalidade, o Estado tem o direito de exigir que o seu nacional no estrangeiro tenha comportamento de acordo com o seu ordenamento jurídico. Por outro lado, em hipótese alguma o Brasil concede extradição de brasileiro nato. Assim, para evitar a impunidade, não se concedendo a extradição, é absolutamente correto que se aplique a lei brasileira.
3) praticados em aeronaves ou em embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados – neste caso, o agente está sujeito à soberania do Estado onde o crime foi praticado. No entanto, se o referido Estado não aplicar sua lei, é natural que o Brasil o faça, para evitar a impunidade. Essa orientação se fundamente no princípio da representação e é aplicada quando houver deficiência legislativa ou desinteresse de quem deveria reprimir. 
c) Hipercondicionada
* Princípios 
Princípio da nacionalidade (ou da personalidade) – a lei penal do Estado é aplicável ao cidadão onde quer que se encontre; o que importa é a nacionalidade do sujeito. Se atingir bem jurídico brasileiro ou outro brasileiro, o sujeito será punido pela legislação brasileira. 
Princípio da defesa
É também chamado princípio real.
Leva em conta a nacionalidade do bem jurídico lesado pelo crime, independentemente do local de sua prática ou da nacionalidade do sujeito ativo. Assim, p. ex., seria de aplicar-se a lei brasileira a um fato criminoso cometido no estrangeiro, lesivo de interesse nacional, qualquer que fosse a nacionalidade de seu autor. Modernamente, enorme é o prestígio de que vem tendo esse princípio, haja vista a necessidade dos Estados de proteger seus interesses que são lesados no estrangeiro.
Princípio da justiça penal universal
É também denominado princípio universal, da universalidade da justiça cosmopolita, da jurisdição mundial, da repressão universal e da universalidade do direito de punir.
Preconiza o poder de cada Estado de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do delinquente e da vítima, ou o local de sua prática. Para a imposição da pena basta encontrar-se o criminoso dentro do território de um país. É aplicado quando não for aplicado os outros princípios. É residual. Representa uma cooperação entre os Estados. 
Princípio da representação
A lei penal de determinado país é também aplicável aos delitos cometidos em aeronaves e embarcações privadas, quando realizados no estrangeiro e aí não venham a ser julgados. 
Dupla condenação e o direito a compensação
Ne bis idem – fenômeno “coisa julgada”, ou pela Litis Pendência.
Exceções: dois processos em países diferentes, sobre o mesmo crime – aplica-se o Direito de Compensação (Art 8º CP).
Dispõe o art. 8.º do CP que “a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas”.
O dispositivo cuida de diversidade qualitativa e quantitativa das penas. A primeira parte trata da diversidade qualitativa; a segunda, da quantitativa.
Temos, pois, duas regras:
1.ª) a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil
pelo mesmo crime, quando diversas;
2.ª) a pena cumprida no estrangeiro pelo mesmo crime é computada
na imposta no Brasil, quando idênticas.
Assim, o fato de ter o sujeito cumprido a pena imposta pelo julgado estrangeiro influi, no Brasil, de duas formas: 1.ª) na determinação da pena concreta, atenuando-a, se a pena já cumprida for diversa em qualidade da que a lei brasileira comina para o mesmo crime (pena de multa cumprida no estrangeiro e privativa de liberdade a ser imposta no Brasil); 2.ª) na execução da pena imposta no Brasil, sendo nela computada, se idênticas.
No primeiro caso, a atenuação é obrigatória, mas o quantum fica a critério do juiz. No segundo, cabe ao julgador apenas abater da pena a ser executada, se maior, o quantum já cumprido no estrangeiro.
Exemplo de diversidade qualitativa: um sujeito, no estrangeiro, praticado crime contra a fé pública da União (brasileira), incidindo a extraterritorialidade incondicional de nossa lei penal (art. 7.º, I, b). É condenado nos dois países (art. 7.º, § 1.º): multa no estrangeiro e reclusão no Brasil. Satisfeita a multa no estrangeiro, fica atenuada a pena imposta no Brasil.
Extradição “uma obrigação resultante da solidariedade internacional na luta contra o crime”, por meio do qual um Estado entrega a outro alguém acusado ou condenado pela prática de determinado crime, para que seja julgado, ou para que a pena seja executada. Dessa definição, constata-se que extradição é um instrumento de cooperação internacional de repressão de combate à criminalidade, que se globalizou muito antes da própria economia. 
“ato pelo qual um Estado entrega um indivíduo acusado de fato delituoso ou já condenado como criminoso à justiça de outro Estado, competente para julgá-lo e puni-lo.”
Espécies:
- ativa: Estado que a reclama
- passiva: Estado que a concede
- voluntária: com anuência do extraditando
- imposta: sem anuência do extraditando
- re extradição: requerida por terceiro Estado
No passado, sustentava-se que se não houvesse lei ou tratado não se poderia conceder a extradição. Nos tempos modernos, o princípio da reciprocidade assumiu a condição de dispensar a existência de lei ou tratado internacional para viabilizar a extradição. 
O Brasil não extradita brasileiros natos. Do mesmo modo, não extradita estrangeiros em caso de crime político.
Requisitos – O Estado estrangeiro deverá se adequar à lei brasileira. A pena aplicada pelo outro país deve se adequar à legislação do Brasil.
Exame prévio do STF: pela Constituição Federal, a decisão jurídica sobre os pedidos de extradição cabe ao Supremo Tribunal Federal. 
(a ação de extradição é de natureza constitutiva; o poder Executivo tem autorização para entregar estrangeiro a outro país soberano para responsabiliza-lo por crime; mas se o STF negar, não poderá o Executivo extraditar)
Existência de convenção ou tratado firmado com o Brasil ou, na sua falta, o oferecimento de reciprocidade de tratamento. 
Existência de sentença final condenatória ou decreto de prisão cautelar 
Ser o extraditanto estrangeiro – a CF não permite a extradição de brasileiros, independentemente de ser nato ou naturalizado. Para o brasileiro naturalizado, há duas exceções: a) ter sido obtida a naturalização após o fato que motivou o pedido de extradição; b) quando for comprovado o envolvimento com tráfico de drogas – nesses casos, será permitidaa extradição.
“Os nacionais de um Estado, que não admite a extradição de nacionais, devem ser punidos por tais delitos pelos tribunais do seu próprio país. O mesmo se aplica caso não seja admitida a extradição de estrangeiro acusado do tráfico de pessoas ou latrocínio”
O fato imputado deve constituir crime perante o Estado brasileiro e o Estado requerente: dupla tipicidade, dupla incriminação. 
Expulsão
Quando estrangeiro ingressa no território de forma irregular ou quando praticar atentado à ordem pública, à segurança nacional ou praticar fato nocivo a algum interesse da nação.
A expulsão deve ser realizada pelo Ministério da Justiça, e a decisão final fica a cargo do presidente da república.
A expulsão não é pena, mas medida preventiva de polícia. 
Logo,
Ocorre expulsão quando o estrangeiro atentar, de qualquer forma, “contra a segurança nacional, à ordem pública ou social, a tranquilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses nacionais. É passível, também, de expulsão o estrangeiro que: a) praticar fraude a fim de obter sua entrada ou permanência no Brasil; b) havendo entrado no território nacional com infração à lei, dele não se retirar o prazo que lhe for determinado para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação; c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro. 
Eficácia da sentença estrangeira
Art 9º, CP “A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:
I – obrigar o condenado à reparação do dano, as restituições e a outros efeitos civis.
II – sujeitá-lo a medida de segurança
Parágrafo único. A homologação depende:
Para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
Para outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado de requisição do Ministro da Justiça. 
Então, isso ocorre apenas se a lei brasileira prever os mesmo efeitos da lei estrangeira. Assim, não é necessário entrar com outro processo – entra diretamente com a execução (liquidação). 
Para que a sentença seja válida, os requisitos são: a) obrigar o condenado à reparação do dano; b) sujeitá-lo a medida de segurança. 
Contagem do Prazo
Considerações iniciais
Há várias consequências jurídico-penais condicionadas ao fator tempo: cumprimento da pena, extinção da punibilidade (decadência, prescrição, reabilitação), lapso temporal de sujeição às condições do sursis, do livramento condicional, vigência da execução das medidas de segurança etc. São reguladas pelo prazo, espaço de tempo, fixo e determinado, entre dois momentos: o inicial e o final. Termo é o instante determinado no tempo: fixa o momento da prática de um ato, designando, também, a ocasião de início do prazo. O prazo se desenvolve entre dois termos: o termo inicial (termo a quo, dies a quo) e o termo final (termo ad quem, dies ad quem). 
Contagem do prazo para efeitos penais – políticas criminais públicas a fim de favorecimento do réu.
As regras materiais
O Código Penal possui regras em seu art. 10:
“Art 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.” Sempre deve-se favorecer o réu. Nesse caso, menos prazo sempre favorecerá. 
As regras processuais
Código de Processo Penal
“Art 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
§ 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. (...)”. Nesse caso, mais prazo sempre favorecerá.
Frações não computáveis
Conforme o art. 11, do Código Penal. “Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos as frações de dia (...)” Assim, não existe “meio”; sempre arredondará para menos. Exemplo: 15 dias mais metade = 22 dias. 
CP – dia a menos
CPP – dia a mais
Quando o Código Penal e o Código de Processo Penal tratarem da matéria, aplica-se o Código Penal. (Exemplo: decadência do direito de queixa ou de representação (CP, art. 103, e CPP, art. 38)
Lembrar: prazo penal começa num dia e termina no dia anterior de determinado mês.
A legislação especial 
Art 12, CP “As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso”. 
Princípio da especialidade – conflito aparente de normas. Excepcionalmente, quando a legislação penal especial ditar princípio diverso do contido no CP, prevalece aquele.
Lei especial pode pontuar a exceção. 
Em caso de antinomias, é necessário processo de filtragem constitucional. 
Notas – Damásio de Jesus
Qualquer que seja a fração do primeiro dia, dia do começo, é computada como um dia inteiro. Assim, se o réu começa a cumprir a pena privativa de liberdade às 15h, esse dia é contado por inteiro, não se levando em conta que, realmente, durante ele, ficou encarcerado somente nove horas. Ex.: A, condenado a vinte dias de prisão, é detido às 22h do dia 6 de determinado mês: terá cumprido a pena às 24h do dia 25. Diversa é a forma da contagem dos prazos processuais. Nos termos do art. 798, § 1.º, do CPP, não se inclui no prazo o dia do começo, computando-se o do vencimento. Qual a razão da diferença? Os dois dispositivos (CP, art. 10, e CPP, art. 798, § 1.º), embora diversos, não são de coexistência inconciliável, pois se justificam em face do fundamento político-criminal que os informa. Procurou o legislador penal e processual penal estabelecer um critério de favorecimento aos réus, em atenção aos seus interesses regulados por aqueles estatutos. No Processo Penal, quanto mais longo o prazo ou demorado o seu início, tanto mais beneficiará o réu. Daí não ser incluído o dia do começo. Assim os prazos para a defesa prévia, alegações finais e interposição de recursos. Ao contrário, no que respeita aos prazos determinados do CP em relação a certos efeitos jurídicos do crime, quanto mais curtos, mais favoráveis serão ao agente. Dessa forma, os prazos de cumprimento de pena, de suspensão condicional de sua execução, de livramento condicional, de prescrição, de medidas de segurança, quanto mais curtos, mais favoráveis. Daí incluir-se o dia do começo.
Os meses não são contados como sendo o período sucessivo de 30 dias (ex numero), mas sim de acordo com o número característico de cada um (ex numeratione dierum). Em outros termos: para o CP, o mês não tem 30 dias, mas 28, 29, 30 ou 31, conforme o calendário. A mesma regra é aplicada em relação ao ano. Assim, terá 365 dias, ou 366, se bissexto. Dessa forma, se o juiz tiver de condenar o réu a dois meses ou dois anos, não poderá se referir a 60 dias ou 730 dias.
Conceito de crime – possui três vertentes:
Material
“É a ação ou omissão lesiva ou perigosa a um bem ou interesse penalmente protegido”. Considera o dano e o perigo de dano. O crime é visto sob o ângulo ontológico.
“O conceito material do crime é de relevância jurídica, uma vez que coloca em destaque o seu conteúdo teleológico, a razão determinante de constituir uma conduta humana infração penal e sujeita a uma sanção.”
“Como se nota, sob o ponto de vista material, o conceito de crime visa aos bens protegidos pela lei penal. Dessa forma, nada mais é que a violação de um bem penalmente protegido.”
Formal
Crime é definido como aquilo que a lei prevê como tal, é aquilo que o legislador proibiu por lei.
Analítico
Estabelece aspectos estruturais do delito. Considera o elemento humano (conduta humana: ação ou omissão, prescrita em lei como proibida). Os aspectos são os seguintes:
Tipicidade: conduta prevista na lei como proibida, impondo como sanção uma pena privativa de liberdade. A tipicidade também está para o elemento formal do conceito de crime.
Ilicitude ou antijuricidade: característica de contrariedade à ordem jurídica, funcionando como conjunto harmônico que se comprovapela ausência de permissões.
Culpabilidade: é a característica de reprovabilidade do injusto. 
Sistemas que definem crimes: bipartido, tripartido
Nem todos os sistemas consideram a culpabilidade como elemento estrutural do crime. O Sistema Bipartido é um deles. Para esse sistema, a culpabilidade é mero pressuposto de aplicação da pena. Todavia, no Sistema Tripartido, a culpabilidade é considerada elemento integrante dos aspectos analíticos.
Art 23 a 38, CP – nem toda conduta antijurídica é delito. Nesses casos, não se aplica pena, mas medidas de segurança.
Os elementos e circunstâncias do crime
Conceitos elementares e circunstâncias
Dados constitutivos específicos de um crime.
Elementares: dados essenciais de uma figura típica; sem as elementares não haverá crime ou ensejará a existência de outro crime. (Chamados crimes decomponíveis, quando for possível o seu fracionamento).
Exemplos (o fato continua sendo criminoso em ambos os casos): 
Art. 157 CP (roubo) – art. 155 (furto): os dois possuem o mesmo verbo núcleo do tipo: subtrair. A diferença se dá na elementar violência. Retirando essa elementar do roubo, tem-se o furto = ATIPICIDADE RELATIVA. 
Art 312 (peculato). A elementar é “funcionário público”; retirando-a, tem-se a apropriação indébita (Art. 168).
Circunstâncias: dados acessórios da figura típica que, agregados à figura fundamental, podem elevar ou diminuir a pena. 
Exemplos:
Art 121 (matar alguém) + circunstâncias (§ 4º menor de 14 anos ou idoso) = a pena é agravada de 1/3. OU (matar alguém) + circunstâncias (valor social ou moral, ou sob domínio de violenta emoção) = diminuição da pena. 
Art 157 – roubo + circunstância (uso de arma) = aumento de pena.
Elementos objetivos, subjetivos e normativos
Objetivos - são dados de natureza concreta, perceptíveis pelos sentidos, visível. Podem estar vinculados com o verbo núcleo do tipo ou dados circunstanciais. Pode apontar o local ou momento do cometimento do crime, ou o modo de execução do delito. Também dizem respeito ao objeto material – a coisa ou pessoa sob a qual recai a conduta.
Art. 123 – Infanticídio, elemento objetivo momento: “durante o parto ou logo após”
Art 157 – Roubo, elemento objetivo modo de execução do delito: “mediante grave ameaça ou violência a pessoa”
Subjetivos – estado anímico ou psíquico do sujeito = referem-se a INTENÇÃO. Exemplo: dolo, vontade. Art 155 – vontade de subtrair.
Normativo – prescindem de um juízo de valor, que é realizado pelo juiz. 
Exemplo: culpa. (o juiz vai verificar se o sujeito agiu de forma imprudente).
Podem ser:
Jurídicos: previstos no próprio CP. 
Exemplos – art. 297 “documento”
 art. 327 “funcionário público”
 art. 140 “decoro, dignidade”
Extrajurídicos: conceito religioso, moral – além do campo jurídico.
Circunstâncias judiciais e legais
Judiciais – previstas no art. 59: culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente, motivos, circunstâncias, consequências do crime, comportamento da vítima.
Legais
- genéricas (parte geral do CP – art. 61, 62, 63, 64, 65, agravantes, reincidência e atenuantes): causas de aumento ou diminuição de pena da Parte Geral (art. I, § 2º), concurso de crimes (art. 69, 70, 71 – material, formal e crime continuado).
Causas de aumento ou diminuição de pena na Parte Especial – art. 157, §2º, I a V)
*{complemento abaixo}
A comunicabilidade das elementares no concurso de agentes (regras fundamentais)
Art. 30 “Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime” – Do concurso de pessoas, circunstâncias incomunicáveis.
Art. 123, infanticídio – o terceiro, que por ventura, contribuiu para o crime, mesmo não estando em estado puerperal (caráter pessoal), não responderá por homicídio. Em vez disso, responderá por infanticídio, uma vez que o estado puerperal é elementar do crime do infanticídio.
Art. 312, peculato – funcionário público é uma elementar desse crime.
REGRAS:
Todas as elementares do crime se comunicam a todos os agentes, se por eles forem conhecidas.
Exemplo: três sujeitos cometem roubo (com uso de arma - elementar). No entanto, apenas um estava a portando. O segundo, tinha conhecimento e o terceiro não. Se for provado que o terceiro não tinha conhecimento do uso da arma, a pena dele não será agravada em razão da elementar. Por outro lado, o sujeito que tinha conhecimento, mas não estava portando a arma, irá responder pelo crime de roubo com a pena agravada, em razão da elementar uso de arma.
Se as circunstâncias são subjetivas, serão incomunicáveis, assim, as circunstâncias da infração penal comunicam-se apenas quando objetivas e quando forem de conhecimento dos demais coautores. (há controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais)
Exemplo: pai mata homem que estuprou a filha, com ajuda de amigo. (Circunstância subjetiva – forte emoção) – apenas o pai terá a pena diminuída, porque a filha é dele. 
COMUNICABILIDADE E INCOMUNICABILIDADE DE CONDIÇÕES, ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS, segundo Damásio de Jesus:
Segundo dispõe o art. 30 do CP, não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. 
Circunstâncias são dados acessórios (acidentais) que, agregados ao crime, têm função de aumentar ou diminuir a pena. Não interferem na qualidade do crime, mas sim afetam a sua gravidade. Não se consideram circunstâncias as causas de exclusão da antijuridicidade e da culpabilidade.
Condições pessoais são as relações do sujeito com o mundo exterior e com outras pessoas. 
A rigor, tais condições já funcionam como circunstâncias na Parte Geral ou Especial do CP, ou como elementares da figura típica, pelo que, segundo entendemos, torna-se supérflua a referência a elas.
Elementares são os elementos típicos do crime, dados que integram a definição da infração penal.
As circunstâncias podem ser 
a) objetivas (materiais ou reais); - se relacionam com os meios e modos de realização do crime, tempo, ocasião, lugar, objeto material e qualidades de vítima.
b) subjetivas (ou pessoais) - são as que só dizem respeito com a pessoa do participante, sem qualquer relação com a materialidade do delito, como os motivos determinantes, suas condições ou qualidades pessoais e relações com a vítima ou com outros concorrentes.
Sob outro aspecto, as circunstâncias dividem-se em:
1.º) judiciais, previstas no art. 59 do CP
2.º) legais, que se subdividem em:
A) gerais, comuns ou genéricas, que são:
a) agravantes (circunstâncias qualificativas), previstas nos arts. 61 e 62;
b) atenuantes, descritas no art. 65;
c) causas de aumento e de diminuição da pena (p. ex.: a do art. 26,
parágrafo único);
B) especiais ou específicas (previstas na Parte Especial do CP), que podem ser:
a) qualificadoras (ex.: arts. 121, § 2.º, e 155, § 4.º);
b) causas de aumento ou de diminuição da pena, em quantidade fixa
ou variável (ex.: arts. 226 e 221).
Observando que a participação de cada concorrente adere à conduta e não à pessoa dos outros participantes, devemos estabelecer as seguintes regras:
1.ª) não se comunicam as condições ou circunstâncias de caráter pessoal (de natureza subjetiva);
2.ª) a circunstância objetiva não pode ser considerada no fato do partícipe ou coautor se não ingressou na esfera de seu conhecimento;
3.ª) as elementares, sejam de caráter objetivo ou pessoal, comunicam-se entre os fatos cometidos pelos participantes, desde que tenham ingressado na esfera de seu conhecimento.
Assim, quando um dado é simplesmente circunstância ou condição do crime, aplicam-se as duas primeiras regras; quando é elementar (elemento específico), aplica-se a última.
Vejamos a aplicação das três regras:
a) Incomunicabilidade das circunstâncias de caráter pessoal
Em caso de coautoria ou participação, os dados inerentes à pessoa de determinado concorrente não se estendem aos fatos cometidos pelos outros
participantes. Exs.:
1.º) A (reincidente) induz B (primário) a cometer um delito. A agravante prevista noart. 61, I, do CP (recidiva) não se estende a B.
2.º) A, por motivo de relevante valor moral, comete um crime com o auxílio de B, que desconhece a circunstância. Ao agente B não se aplica a atenuante do art. 65, III, a.
b) A circunstância objetiva não pode ser considerada no fato do partícipe ou coautor se não entrou na esfera de seu conhecimento
Hoje, a regra do art. 30, que trata da comunicabilidade das elementares e circunstâncias, deve ser interpretada à luz do art. 29, caput, parte final, do CP, segundo o qual a pena deve ser medida de acordo com a culpabilidade de cada um dos participantes, levando-se em conta a presença do dolo e da culpa.
É esse o princípio a ser seguido: as circunstâncias objetivas só alcançam o partícipe ou coautor se, sem haver praticado o fato que as constitui, houverem integrado o dolo ou a culpa. Em se tratando de circunstância objetiva agravante, não pode ser considerada em relação ao coautor ou partícipe se não agiu pelo menos com culpa em relação à mesma; cuidando-se de qualificadora ou causa de aumento de pena (prevista na parte geral ou especial do CP), a agravação não alcança o terceiro senão quando (em relação
a ela) tiver agido, pelo menos, culposamente. Ex.:
A aconselha B a praticar homicídio contra C. B, para a execução do crime, emprega asfixia. O partícipe não responde por homicídio qualificado (art. 121, § 2.º, III, 4.ª figura), a não ser que o meio de execução empregado pelo autor principal tenha ingressado na esfera de seu conhecimento. As circunstâncias atenuantes de natureza objetiva são aplicáveis aos participantes segundo a sua própria culpabilidade.
c) As elementares, sejam de caráter objetivo ou pessoal, comunicam-se entre os fatos cometidos pelos participantes desde que tenham ingressado na esfera de seu conhecimento
O princípio decorre do requisito da identidade de infração para todos os participantes. Qualquer elemento que integra o fato típico fundamental comunica-se a todos os concorrentes. Ex.:
1.º) A, funcionário público, comete um crime de peculato (art. 312), com a participação de B, não funcionário público. Os dois respondem por crime de peculato. A elementar de natureza pessoal (funcionário público) comunica-se ao partícipe.
2.º) A, solteiro, induz o sujeito B, casado, a praticar crime de bigamia (art. 235). Ambos respondem por bigamia, embora o indutor A não seja casado. A elementar de natureza subjetiva (“casado”) estende-se ao fato do partícipe.
Suponha-se que um estranho participe de um crime de peculato desconhecendo a qualidade pessoal de funcionário público do autor principal. Puni-lo por peculato é injusto, sendo autêntica aplicação do princípio da punibilidade sem culpabilidade. 
Esse princípio está hoje consagrado em nosso CP, ao determinar que a pena deve ser medida pela culpabilidade de cada um dos participantes do delito.
Os sujeitos do crime
– Sujeito ativo
É quem pratica a conduta proibida. 
Utiliza-se a expressão “agente” – arts. 14, 15, 18, 19, 59, 61, etc.
CPP:
- sujeito ativo no âmbito do inquérito policial = indiciado (arts. 5, 6, 8, 9, etc)
- sujeito ativo no âmbito do processo criminal = acusado/réu/denunciado (arts. 185, 195, 260, 264, 366)
- sujeito ativo no âmbito da sentença condenatória = sentenciado, condenado. E, no processo de execução = preso, recluso, detento (aspecto psíquico: delinquente ou criminoso).
A conduta é produto exclusivo do homem. A capacidade de ação, e de culpabilidade, exige a presença de uma vontade, que somente o ser humano pode ter. 
Sujeito ativo é quem pratica o fato descrito como crime na norma penal. É preciso executar parcialmente ou totalmente a figura descritiva de um crime. 
 Pode ser sujeito ativo apenas a pessoa humana, com mais de 18 anos.
Art. 228 – CF: “São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.” + art. 27 do CP. Assim, menores de 18 anos não cometem crimes, mas sim, atos infracionais, ficando sujeitos às sanções do ECA (medidas socioeducativas).
– Capacidade especial do sujeito ativo 
De regra, então, qualquer pessoa que tiver mais de 18 anos. 
Crimes comuns: praticados por qualquer pessoa.
Crimes próprios: sujeito ativo com qualidades especiais (auto-aborto, peculato, infanticídio)
Crimes de mão própria: atuação pessoal, somente podem ser realizadas por uma pessoa que possua as condições exigidas em lei. Não admite coautoria. f(falso testemunho – apenas testemunhas) 
“A diferença entre estas espécies de crime é a seguinte:
No crime próprio, o tipo exige determinada qualidade pessoal do agente. Ex: funcionário público (no caso do crime de peculato), admitindo coautoria. No crime de mão própria, não se exige qualidade pessoal do agente, trata-se de crime comum. Contudo, é impossível que o delito seja cometido em coautoria, pois somente o agente em pessoa pode praticar este tipo de crime. Ex: falso testemunho (somente a testemunha pode praticar o delito, não se admitindo coautoria).OBS: cuidado, muito embora não possa o crime de mão própria ser praticado em coautoria, admite-se a participação . Ex: a testemunha foi instruída pelo advogado a mentir. Nesse caso o advogado torna-se partícipe da figura típica.”
A distinção entre crime próprio e de mão própria, segundo Damásio, consiste no fato de que, “nos crimes próprios, o sujeito ativo pode determinar a outrem a sua execução (autor), embora possam ser cometidos apenas por um número limitado de pessoas; nos crimes de mão própria, embora possam ser praticados por qualquer pessoa, ninguém os comete por intermédio de outrem”.
– Capacidade penal
Conjunto das condições exigidas para que um sujeito possa se tornar titular de direitos e obrigações do campo penal. Capacidade distingue-se de imputabilidade. A capacidade se refere ao momento anterior ao crime, enquanto a imputabilidade se refere ao momento atual. O sujeito pode se tornar incapaz durante o próprio ato delituoso.
– Responsabilidade penal da Pessoa Jurídica
Utilizava-se três argumentos para negar a responsabilidade penal da pessoa jurídica:
Falta de capacidade natural de ação
Carência de culpabilidade
Falta de indução(?) clara dos tipos penais que a pessoa jurídica poderia incorrer. 
Responsabilidade Penal da PJ, na CF: 
Art. 173 §5º (A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.)
Art. 225 §3º (§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.)
A lei 9205/98, dos Crimes Ambientais trouxe, pioneiramente, a possibilidade de responsabilidade penal da pessoa jurídica (arts. 21 a 24 – sanções aplicadas a pessoa jurídica)
O TSJ, RE 564.960 afasta os três primeiros argumentos, e traz que deve ser apurada, além da responsabilidade penal da pessoa jurídica, a responsabilidade penal dos sócios. 
A partir disso, constituem-se duas teorias:
Ficção: nega a responsabilidade penal da PJ - a figura da pessoa jurídica é uma ficção, não tem vontade própria. Nesse caso, quem será penalmente responsabilizado são os sócios. 
Realidade (Organicista): pessoa jurídica como um ser real, como um organismo com vontade própria. A pessoa jurídica tem uma tendência criminológica especial, em razão dos meios e recursos que ela pode mobilizar (possibilidade de alavancar recursos) – adotada no Brasil.
– Sujeito passivo
É quem sofre a ação de um crime.
Sujeito Passivo Formal (constante) – Estado. Quem comete um crime, automaticamente viola uma norma jurídica.
Sujeito Passivo Material ou Eventual – titular do bem jurídico protegido, sofre as consequências da infração penal. Ser humano (desde a concepção), Pessoa Jurídica, ente sem personalidade (família), coletividade (saúde pública). 
Nada impede, noentanto, que o próprio Estado seja sujeito passivo imediato, material, como ocorre quando o Estado é o titular do interesse jurídico lesado, como, por exemplo, nos crimes contra a Administração Pública. 
Incapaz – sujeito passivo de crime (feto, recém-nascido).
Cadáver – não pode ser sujeito passivo de crime, mas objeto material de crime (sobre ele recai a conduta). Art. 212 CP. (SP: Estado, família, e até coletividade)
Animais – não podem ser sujeito passivo de crime, mas objeto material de crime. 
Sujeito passivo é diferente do prejudicado, pois este último é aquele que sofrer prejuízo em decorrência da prática do crime. Exemplo: Homicídio, sujeito passivo é o morto, mas o prejudicado é a família. 
Objeto do crime
– Objeto material
Pessoa ou coisa sob a qual recai a conduta.
Exemplo: homicídio e lesão corporal (pessoa)
– Objeto jurídico
Bem jurídico que a lei protege.
 Exemplo: homicídio (vida); lesão corporal (saúde)
Resultado do crime
– Teoria naturalística: resultado é a modificação no mundo exterior provocado por uma ação/omissão.
7.2 – Teoria jurídica: resultado é a lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico tutelado pela norma penal.
Crime sem resultado – são os chamados crime de mera conduta (proíbe-se simplesmente a prática daquela conduta, só faz referência ao comportamento). Pode-se citar como exemplo o crime de violação de domicílio, previsto no artigo 150, do Código Penal, em que a lei tipifica a conduta de ingressar ou permanecer em domicílio alheio sem autorização do morador, independente da ocorrência de qualquer resultado naturalístico.
Fato Típico
Fato típico é o comportamento humano (positivo ou negativo) que provoca um resultado (em regra) e é previsto na lei penal como infração.
Elementos estruturais – crime doloso e culposo
Vemos que o fato típico é composto dos seguintes elementos:
a) a conduta dolosa ou culposa;
b) o resultado (salvo nos crimes de mera conduta);
c) o nexo de causalidade entre a conduta e o resultado (salvo nos crimes de mera conduta e nos formais);
d) a imputação objetiva; 
e) a tipicidade.
Assim, fato típico do homicídio é a conduta humana que causa a morte de um homem. Nesse exemplo, encontramos os quatro elementos. Há uma conduta, qual seja, a de o sujeito esfaquear a vítima. O resultado morte. O nexo entre a conduta e o resultado, uma vez que a vítima faleceu em consequência das lesões produzidas pelas facadas. E o acontecimento se enquadra no art. 121 do CP.
Elementos estruturais do fato típico nos crimes dolosos:
Conduta dolosa (atrelada à finalidade)
Resultado (crimes de ação e resultado, crimes materiais)
Nexo causal
Tipicidade
Imputação objetiva
Elementos estruturais do fato típico nos crimes culposos:
Conduta voluntária
Resultado involuntário 
Nexo causal
Tipicidade
Relação de imputação objetiva
Quebra do dever de cuidado objetivo: age de forma imprudente ou negligente
Previsibilidade objetiva 
Para a integração do fato típico concorre, primeiramente, uma ação ou omissão, uma vez que, consistindo na violação de um preceito legal, supõe um comportamento humano.
A ação humana, porém, não é suficiente para compor o primeiro requisito do crime. É necessário um resultado, que é o efeito do comportamento (nos crimes materiais).
Todavia, entre a conduta e o resultado se exige uma relação de causalidade objetiva. A desfere facadas em B, que, transportado para um hospital, vem a falecer. Surge, dessa maneira, outro elemento do fato típico: a relação de causalidade ou nexo causal.
A seguir, é preciso que esteja presente a imputação objetiva, exigindo-se que o sujeito tenha realizado uma conduta relevante e juridicamente proibida, tendo afetado um bem jurídico.
Por último, para que um fato seja típico, é necessário que os elementos acima expostos estejam descritos como crime.
Aparece um último elemento, a tipicidade, que é a adequação daqueles requisitos na definição legal do crime.
Faltando um dos elementos do fato típico a conduta passa a constituir um indiferente penal. É um fato atípico.
A conduta (conceito)
“Ação/omissão humana consciente, voluntária e dirigida a uma finalidade”. 
Só existe se for derivada de comportamento humano
Só existe se for dirigida a uma finalidade.
– Elementos da conduta
Exteriorização (comportamento humano deriva de um pensamento exteriorizado e causa modificação no mundo exterior)
Ato consciente (Ex: sonambulismo é um ato inconsciente)
Ato voluntário do agente, presença do elemento vontade (Ex: coação física irresistível, atos reflexivos, atos instintivos – controvérsias doutrinárias pois alguns dizem que sempre existe o elemento vontade, mesmo que primitivo. 
– Formas de conduta
Positiva (ação) – causa modificação no mundo exterior
Negativa (omissão) - indevida abstenção de movimento
– As teorias da conduta (ação)
Teoria causalista ou causal naturalista: a ação é mera exteriorização do pensamento, consiste simplesmente na modificação causal do mundo exterior. Não leva em consideração a vontade – renega-se ao plano da culpabilidade. A conduta é o efeito da vontade, sem considerar o seu conteúdo, que corresponde à finalidade do comportamento. A falha então, foi conceber a conduta como mera exteriorização do pensamento, sem vontade. Era apenas um fenômeno físico, bastava a ocorrência do resultado. (Ex: matar sempre seria crime). De acordo com o moderno Direito Penal, porém, o centro de interesse não é o efeito jurídico produzido pelo resultado, mas sim a natureza do comportamento reprovável. Diante disso, cai por terra a teoria naturalista da ação, uma vez que se importa somente com o aspecto causal da questão, encontrando enormes dificuldades para mal explicar o delito omissivo.
Como diz Welzel, “a tentativa não é um mero processo causal que não produz seu efeito, mas uma conduta que aponta a um resultado escolhido previamente; por conseguinte, uma ação na qual o conteúdo da vontade é um elemento constitutivo. Como se poderia definir de outro modo a tentativa de homicídio, a não ser como uma ação com a qual o autor quer matar a um homem? Se o conteúdo da vontade é uma parte integrante, necessária, da ação, na tentativa, seguirá sendo assim quando se produz o resultado. Em face desse fato, fracassa toda interpretação causal da ação.”
Teoria finalista da ação: ação é a conduta humana positiva consciente e voluntária dirigida a uma finalidade. Ação e finalidade são conceitos inseparáveis. (teoria adotada pela legislação brasileira).
“A finalidade, diz Welzel, ou atividade finalista da ação, baseia-se em que o homem, consciente dos efeitos causais do acontecimento, pode prever as consequências de sua conduta, propondo, dessa forma, objetivos de distinta índole. Conhecendo a teoria da causa e efeito, tem condições de dirigir sua atividade no sentido de produzir determinados efeitos. A causalidade, pelo contrário, não se encontra ordenada dessa maneira. Ela é cega, enquanto a finalidade é vidente. Daí a diferença entre um homicídio e um raio mortal. No homicídio há uma série de condutas humanas tendentes à produção do resultado morte da vítima: compra da arma, escolha do local, emboscada, pontaria e disparo; no raio mortal o resultado morte é efeito cego dos componentes causais dispostos pela natureza. Por isso, a vontade finalista pertence à ação, quer dizer, aquilo que os mecanicistas chamam de conteúdo da vontade, que corresponde à vontade tendente à produção de determinado fim, pertence à conduta, primeiro elemento do fato típico.” Assim, a vontade abrange o objetivo que o agente pretende alcançar, os meios empregados e as consequências secundárias.
Teoria social (da adequação social): ação é a conduta positiva socialmente relevante dominada ou dominável pela vontade e dirigida a uma finalidade (apenas acrescentou-se a adequação social da conduta). Reconheceu a necessidade de situar o problema numa relação valorativa com o mundo sicial. Nessa teoria, o conceito de adequação social elidiria a imposição da lei. No entanto, é uma questão de costume, e este,por sua vez, não revoga a lei penal. (Ex: art. 229 “manter, por contra própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente”)
A omissão penalmente relevante
– Teorias da omissão (naturalística e normativa)
Naturalística (causal) – omissão produziria um resultado, havendo um nexo causal entre o não agir e o resultado. Equipara a omissão a um fazer.
Normativa – mais aceita. Parte do princípio de que a omissão é um nada, e do nada, nada vem. Não produz resultado material algum, não traz modificação no mundo exterior. O nexo entre a omissão e o resultado, nesse caso, é uma invenção. Por esse mesmo viés, é por isso que um indivíduo pode ser responsabilizado quando se omite: porque o direito é uma invenção do homem.
 - Espécies de crimes omissivos (próprios e impróprios)
Próprios (puros) – o legislador descreve no Código Penal a conduta omissiva. Exemplos: (Art ..... – omissão de socorro; art. 244 – abandono material; art. 269 – omissão de notificação de doença)
Impróprios (impuros ou comissivos por omissão) – é a prática de uma ação e uma omissão. Ex.: a mãe mata o filho mediante privação de alimentos. O tipo penal descreve uma conduta positiva. A lei impõe o dever de evitar o resultado. Para que alguém responda por crime comissivo por omissão é preciso que tenha o dever jurídico de impedir o resultado.
Art 13, §2º a,b,c 
“tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância” (relacionada a tutela, curatela)
“de outra forma, assumiu responsabilidade de impedir o resultado” (obrigações contratuais)
“com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado”
Resultado – é a modificação no mundo exterior provocada pelo comportamento humano voluntário. 
– Teoria naturalística e jurídica 
Naturalística: resultado é a modificação no mundo exterior por uma ação ou omissão (crimes materiais, formais, de mera conduta).
Jurídica: concede o resultado como lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico protegido pela norma penal. (crimes de dano e crimes de perigo)
O nexo da causalidade e a Teoria da Equivalência dos antecedentes
Teoria – caput do art. 13 (todos os antecedentes causais podem ser uma causa para alcançar a conduta proibida). No entanto há um limite para a utilização dessa teoria: o sujeito deve ter contribuído diretamente. Exemplo: morte ocorre em razão do capotamento da ambulância e não do tiro recebido, pois é necessária uma culpa direta.
É irrelevante saber o momento causal, que podem ser preexistentes a ação do agente, concomitantes ou posteriores. O que importa é saber se produziu por si só o resultado. 
Art. 13 - Relação de Causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Superveniência de causa independente
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
 Uma conduta será criminosa quando a lei, ao descrevê-la, comina uma pena oponível a quem a pratica. Este é um conceito estritamente formal de crime.
 Sob o aspecto material, o crime consiste numa conduta ofensiva a um determinado bem jurídico tutelado pela norma.
A análise do crime em seus elementos constitutivos, de outro lado, considera criminosa a conduta típica, antijurídica e culpável.
O fato típico (a conduta típica) é a ação ou omissão promovida pelo seu autor e prevista em lei como crime.
A antijuridicidade se verifica quando se estabelece uma relação de antagonismo entre a conduta do autor e a norma jurídica, que se caracteriza quando não verificadas as circunstâncias excludentes da ilicitude.
A culpabilidade, por sua vez, ocorre quando é possível opor ao autor do fato a responsabilidade penal pelo que praticou. Aqui se verifica se o autor é imputável, tem potencial consciência da ilicitude e, na ocasião do fato, teve a possibilidade de realizar conduta diversa.
A culpabilidade deve ser entendida como condição para a imposição da pena.
Mas para a análise do artigo 13 do Código Penal o que mais interessa é o estudo dos primeiros elementos do crime, contidos no fato típico.
Os elementos do fato típico contemplam inicialmente a conduta do autor (a ação ou omissão, que pode ser dolosa ou culposa), também o resultado, que é a lesão ao bem jurídico e não apenas o resultado naturalístico (não verificado nos crimes de mera conduta) e, finalmente, o nexo de causalidade entre a conduta e o resultado. Matéria esta disciplinada pelo artigo 13 em análise.
Há também a tipicidade propriamente dita, que consiste na previsão da conduta em lei.
A norma do art. 13 do Código Penal, ao disciplinar o nexo de causalidade entre a conduta do autor e o resultado criminoso, contempla a teoria da equivalência dos antecedentes. Nesta, todas as condutas que concorrem para o evento criminoso são consideradas causas dele.
Assim, a verificação das causas de um crime requer a realização de um raciocínio hipotético de eliminação. Se a ausência de uma das causas impedir a ocorrência do evento, ela deve ser considerada como causa do crime. Noutros termos, causa é toda a conduta cuja hipotética supressão na cadeia de eventos impediria a ocorrência do fato criminoso.
{Tem-se ainda como concausas aquelas que, aliadas às demais, concorrem para o resultado. Elas podem ser antecedentes, concomitantes ou supervenientes (conforme o momento em que ocorrem) sendo também classificadas como relativamente independentes e absolutamente independentes, quando considerada sua importância na eclosão do evento. As concausas absolutamente independentes sempre excluem a ação do agente como causa do fato, já que sua importância na ocorrência do evento é tamanha que as demais causas se tornam irrelevantes. Em verdade, nestas situações as demais concausas não podem ser consideradas como tais, já que o fato ocorreria indepentemente da verificação delas. As concausas relativamente independentes que forem antecedentes e concomitantes, por sua vez, não excluem o crime, sendo consideradas causas que concorrem com a do autor do fato e, por isso, estão contempladas no caput, do artigo 13 do Código Penal. As concausas que forem relativamente independentes e supervenientes, por sua vez, também não excluem o crime, salvo quando, por si só, forem responsáveis pelo resultado. Essa é a exceção contida no § 1.º do art. 13 do Código Penal. Neste caso, contudo, a norma destaca que o autor dos fatos responde pelos eventos anteriores à concausa superveniente, que provocou o resultado. A expressão "por si só", contida no § 1.º do art. 13 não quer fazer entender que se trata de uma causa autônoma, pois assim ela seria absolutamente independente. De fato, o que se compreende da leitura do dispositivo legal é que tal causa dependeu das demais, mas, por fugir do desdobramento normal dos fatos e assumir relevância preponderante no resultado, ela exclui a responsabilidade do autor. Neste caso, contudo, este ainda suporta a responsabilidade pelos atos que praticou (outro delito mais brando ou uma tentativa delitiva, se for o caso). O que se pretende com tal dispositivo é afastar a responsabilidade objetiva do autor por fatos posteriores que, mesmo decorrendo do primeiro, não podiam ser esperados e assumiram relevância preponderante no resultado. A importância da concausa superveniente, relativamente independente, deve ser aferida caso a caso. Destaca-se, contudo, que, via de regra, situações patológicas preexistentes da vítimanão bastam para provocar a incidencia de tal exceção.}
Outro elemento do fato típico, também disciplinado no artigo 13 do Código Penal é a ação do homem na realização do crime, que pode se dar através de uma ação física propriamente dita ou de uma omissão, uma abstenção de algo que deveria ser feito.
Em alguns delitos, o próprio tipo penal já determina que a conduta omissiva será a criminosa, nestes casos a doutrina fala em crimes omissivos próprios.
Os crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão, de outro lado, ocorrem quando o sujeito assume a posição de garantidor, de responsável por evitar a lesão ao bem jurídico. Nas hipóteses previstas nas alíneas do § 2.º do art. 13 do Código Penal, a omissão do autor equivale à própria prática do delito comissivo, justamente porque, na presença das circunstâncias das alíneas "a" a "c" do § 2.º do art. 13 do Código Penal, o autor fica obrigado a evitar o resultado. Isso acontece mesmo que o tipo penal contemple no texto legal apenas uma ação para sua realização.
Art. 5º - Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
Como regra geral, como expressão da soberania, no Brasil se adota o princípio da territorialidade. Independentemente da nacionalidade do autor e da vítima do delito, aplica-se a lei brasileira ao crime praticado no território nacional. A exceção, entretanto, está prevista no próprio caput do art. 5.º (convenções, tratados e regras de direito internacional podem prever exceções à territorialidade), o que se considera como uma territorialidade temperada.
Como exemplo de exceção ao princípio da territorialidade da lei brasileira, tem-se as imunidades diplomáticas.
 Para efeitos penais, o §1.º do art. 5.º do CP estabelece como extensão do território nacional as embarcações ou aeronaves brasileiras nas seguintes condições:
a) as de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro consideram-se parte do território nacional onde quer que se encontrem;
b) as mercantes ou de propriedade privada consideram-se parte do território nacional desde que estejam no alto-mar ou no espaço aéreo correspondente ao alto-mar.
É o que se chama de lei da bandeira (ou do pavilhão), resume ela que a nacionalidade sustentada pela embarcação ou aeronave define a incidência da lei brasileira. O mar territorial compreende a faixa de 12 milhas náuticas medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro. Para as aeronaves se compreende como espaço aéreo nacional a coluna atmosférica, até o limite do mar territorial.
O §2.º estabelece que:
a) As aeronaves estrangeiras de natureza privada em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente ao território nacional (dentro da coluna atmosférica correspondente ao território) submetem-se à lei brasileira;
b) As embarcações estrangeiras de natureza privada submetem-se à lei brasileira quando em porto ou em mar territorial do Brasil.
Art. 6º - Lugar do Crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Quanto ao local do crime o Código Penal considera a teoria da ubiquidade.O local do crime é tanto o da ação criminosa como o do seu resultado.
Obs: O Código de Processo Penal estabelece regra diversa acerca da competência territorial para processar e julgar o crime (art. 70, caput, do CPP).
Art. 7º - Extraterritorialidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Este dispositivo descreve situações em que a lei brasileira se aplica a fatos que não foram praticados dentro do território nacional, mas que ainda assim o Brasil se reserva o direito de julgá-los.
As hipóteses arroladas no inciso I do art. 7.º do Código Penal elencam situações em que se aplica a lei brasileira, ainda que tribunal estrangeiro já tenha conhecido o fato e condenado, ou absolvido, o seu autor (conforme §1.º do art. 7. do CP). Considera-se aqui a extraerritorialidade incondicionada.
As hipóteses arroladas no inciso II do art. 7.º do Código Penal contêm situações em que o Brasil também pune fatos praticados fora do território nacional. Contudo, a incidência da norma penal brasileira e a ação penal em tribunal pátrio impõem a implementação das condições previstas no §2.º do art. 7.º do Código Penal.
É o que doutrina chama de extraterritorialidade condicionada.
Art. 8º - Pena cumprida no estrangeiro
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
Há situações em que os crimes cometidos fora do Brasil, ainda que já julgados no estrangeiro, serão novamente processados no Poder Judiciário brasileiro. Essa é a regra da extraterritorialidade, das hipóteses do art. 7.º do Código Penal, acima descrito.
Nestes casos, quando houver nova condenação, agora pela lei brasileira, a pena cumprida no estrangeiro abaterá a pena que for imposta no Brasil, na forma deste artigo.
Noutros termos - Admitindo-se que o réu seja condenado no Brasil por crime ao qual já foi processado no exterior (nas hipóteses de extraterritorialidade do art. 7.º do CP), a pena cumprida no estrangeiro detrairá a pena imposta no Brasil:
Se forem idênticas as penas - a pena cumprida no estrangeiro será abatida na que restar fixada no Brasil (ex. duas privativas de liberdade).
Se elas forem diversas - aquela cumprida no estrangeiro deve atenuar a pena imposta no Brasil, a critério a ser adotado pelo juiz (ex. uma pena restritiva de direitos e outra privativa de liberdade).
Art. 9º - Eficácia da sentença estrangeira
Art. 9º - A sentençaestrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
Parágrafo único - A homologação depende: 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
Em determinadas hipóteses, o Brasil reconhece em seu território os efeitos da sentença proferida por outra nação.
Alguns desses efeitos são incondicionais, já que não dependem de qualquer provimento judicial para que se tornem efetivos.
Como exemplo tem-se:
- A reincidência (art. 63 do Código Penal);
- Detração em relação ao tempo de prisão em país estrangeiro (art. 42 do Código Penal).
Outros efeitos, os constantes no dispositivo em análise, só serão reconhecidos no território nacional quando a sentença condenatória estrangeira for homologada pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme art. 105, inciso I, alínea "i" da Constituição Federal (antes da Emenda Constitucional n.º45/2004 a competência para apreciação de pedidos de homologação de sentença estrangeira era da Corte Suprema - o Supremo Tribunal Federal - STF, após, restou atribuída ao Superior Tribunal de Justiça - STJ).
O objetivo da homologação da sentença deve voltar-se à pretensão de se obrigar o condenado à reparação dos danos civis, restituições e outros efeitos civis, ou, ainda, quando se pretende sujeitar o condenado à imposição de medida de segurança. 
Vale destacar que, para ser homologada pelo STJ, a sentença penal estrangeira deve produzir em seu país de origem a mesma eficácia que se pretende obter aqui (reparação de danos civis, restituições ou outros efeitos civil ou ainda a imposição de medida de segurança).
Se não houver essa simetria de eficácias, a homologação pela corte não será possível e as pretensões civis ou de imposição de medida de segurança, em face do condenado, não serão passíveis de cumprimento no Brasil.
Por fim, a rigor do parágrafo único do art. 9.º do Código Penal, a homologação postulada com base no inciso I (reparação de danos civis, restituições, etc) depende de requerimento da parte interessada, sendo que a formulada sob o fundamento do inciso II (imposição de medida de segurança), impõe a existência de tratado de extradição entre o Brasil e o país de origem da sentença ou requisição do Ministro da Justiça.
Art. 10 - Contagem de Prazo
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
A contagem de prazos para os institutos de direito material penal (prescrição, decadência, sursis, livramento condicional) ocorre de forma diversa do modo como se contam os prazos do direito processual penal (prazo para a conclusão do inquérito policial, para oferecimento da denúncia pelo Ministério Público, para a conclusão da ação penal, para interposição de recursos, etc).
Os prazos de direito penal começam sua contagem no mesmo dia em que os fatos ocorreram, independentemente de tratarem-se de dia útil ou feriado, encerrando-se também desse modo. Não se considera se são dias úteis ou não.
Ex: A prescrição do direito de promover a ação penal contra o autor do fato começa a contar no dia em que ocorreu o delito (na esfera penal a prescrição é considerada como garantia de direito material do autor). Assim, segue a contagem de prazos prevista no Código Penal.
A contagem dos prazos de direito processual se inicia no primeiro dia útil seguinte ao seu marco inicial e, caso se encerrem em feriados ou finais de semana, têm o final de sua contagem prorrogado para o primeiro dia útil subsequente.
Analisando os questionamentos até então sobre a contagem de prazos no Código Penal, deparei-me com a obrigação de voltar à pesquisa sobre o assunto, principalmente porque parte daquilo que já foi dito não estava efetivamente correto, notadamente com relação ao que se deve considerar como o último dia de contagem dos prazos.
O entendimento sobre o uso do calendário comum, mencionado pelo código penal, pode, efetivamente, confundir o leitor da norma, e isso foi ignorado anteriormente por este redator.
Por aquele, de fato, a contagem de anos e meses deve considerar o primeiro dia da contagem e excluir o último, já que este é o método que usamos para contar os prazos de anos e meses no calendário.
Um exemplo: o prazo de um ano, que se inicia no dia 15 de janeiro de 2013, terminará dia 14 de janeiro de 2014.
Portanto, é correto afirmar que na contagem dos prazos do Direito Penal se deve considerar o primeiro dia e ignorar o último.
Art. 11 - Frações não computáveis na pena
 Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.
As horas, os minutos e os segundos (frações de dias) não são consideradas para efeito de contagem da pena. Para efeito de contagem de prazos, as frações de dias são irrelevantes.Considera-se apenas os dias de contagem da pena, pouco importando o momento do dia que iniciou ou terminou (horas, minutos etc).
Nas penas de multa, as frações de Reais (R$), seus centavos, também não são considerados.
Art. 29 - Concurso de pessoas
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Pela redação do caput deste artigo a doutrina refere que, sobre o concurso de agentes, o Código Penal adotou de forma preponderante a teoria monista ou unitária, na qual a atuação de autor e co-autores resulta na pratica de um crime único e todo aquele que concorre para ele é considerado seu autor, devendo suportar a mesma sanção oponível aos demais. 
Percebe-se, aqui, que a disciplina do concurso de agentes mantém simetria com a teoria adotada para explicar a relação de causalidade do crime, onde se considera causa do crime toda aquela necessária para sua realização. A par disso, o reconhecimento do concurso de agentes exige uma convergência de vontades, ainda que não haja um acerto entre os autores, deve haver um liame psicológico e uma adesão entre as condutas.
 A participação, por seu turno, consiste na prática de outros atos que não aqueles necessários para a realização do crime. Pode, então, haver uma instigação da vontade do autor ou prestação de um auxílio material a ele. Contudo, o partícipe só manterá essa condição se não auxiliar o autor diretamente na execução do delito. Se promover qualquer dos atos necessários para a prática do crime, será tido como co-autor.
De outro lado, § 2º do artigo 29 do Código Penal admite uma exceção à regra da teoria unitária, prevendo a possibilidade de responsabilização por crime menos grave se o dolo do co-autor não foi além do previsto para o delito mais brando, havendo, contudo, um aumento de pena se o resultado mais grave era previsível. Serão, então, dois crimes, a destacar na hipótese deste parágrafo a incidência da teoria pluralista.
Art. 30- Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
A redação do artigo 30 do Código Penal quer impedir que circunstâncias e condições de caráter pessoal de um dos autores ou partícipes sirva para beneficiar ou prejudicar os demais. Admite, contudo, uma comunicabilidade delas a todos, se ditas condições for em elementares do tipo penal.
Um exemplo corrente é o de co-autoria no crime de peculato. Para efeitos penais, a circunstância de o autor ser funcionáriopúblico se comunica ao particular que concorreu para a prática do delito, que também responderá pelo crime do artigo 312 do Código Penal. Se, hipoteticamente, o tipo penal não contivesse a condição de funcionário público como elementar, ela seria uma condição pessoal que não se comunicaria aos demais, na hipótese de concurso de agentes.

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