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APOSTILA PERÍCIA CONTÁBIL 1 usuario Cross-Out SUMÁRIO 1) Introdução 1.1) Funções Fundamentais e/ou complementares da Contabilidade 2) Perícia Contábil 2.1) Necessidades de se fazer uma Perícia Contabil. 2.2) Classificação da Perícia Contábil. 2.3) Requisitos Fundamentais. 2.4) Normas. 2.5) Laudo Pericial. 2.6) Parecer Pericial. 2.7) Honorários. 2.8) Prazo e Pontualidade. 2.9) Considerações Finais. 3) Resolução nº 858/99 – CFC. 3.1) Conceituação e Objetivos. 3.2) Planejamento. 3.3) Execução. 3.4) Procedimentos. 3.5) Laudo Pericial Contábil. 3.6) Parecer Pericial Contábil. 4) Estudos de Casos. 4.1) Perícia Trabalhista 4.2) Perícia Bancária 4.3) Perícia de Cartão de Crédito 4.4) Perícia de Financiamento/Arrendamento (Método de Gauss). Bibliografia. 2 1) Introdução A Perícia é concebida como uma atividade de examinar as coisas e os fatos, reportando sua autenticidade e opinando sobre as causas, essências e efeitos da matéria examinada. Pode haver em qualquer área, sempre onde existir a controvérsia ou a pendência, inclusive em algumas situações empíricas. Sua origem está ligada aos mais remotos tempos da humanidade, onde iniciou- se o processo civilizatório, que alias, até hoje continua, um indivíduo que por sua experiência ou por maior poderio físico, comandava a sociedade primitiva era, a bem dizer juiz, legislador e executor ao mesmo tempo, já que examinava, por sua ótica, julgava, fazia e executava as leis. Na Índia surgiu a figura do árbitro, que na verdade era o perito e juiz ao mesmo tempo, pois fazia a verificação dos fatos, o exame do estado das coisas e lugares, e também tinha o poder da decisão judicial. Os primeiros vestígios da Perícia surgiram no Egito e na Grécia, onde existiam especialistas em determinados campos para proceder à verificação e ao exame de determinadas matérias. O objetivo da Perícia, é o estado do fato característico e peculiar, que está sendo objeto de litígio extrajudicial ou judicial, e que ocorre dentro do âmbito de qualquer uma das ciências em questão, fornecendo mediante um Laudo, Parecer ou Relatório, em linguagem acessível ao ser humano normal, condições para o julgamento e apreciação jurídica do fato estudado. 1.1) Funções Fundamentais e/ou complementares da Contabilidade. a) Funções fundamentais • subfunção escritural ou de registro; • subfunção expositiva ou demonstrativa; • subfunção interpretativa ou de análise. b) Funções Complementares • Função administrativa – As normas de vigilância sobre os elementos patrimoniais, dos cálculos das operações, do inventário de bens e dos seus processos de avaliação, da elaboração de orçamentos, enfim do que signifique colaboração justificada com os meios da contabilidade e aptidões de seus técnicos. 3 • Função revisora – O exame dos lançamentos, a verificação dos cálculos, o rigor das transações, a crítica e formulação das partidas fazem parte da função revisora. • Função pericial – é a informação esclarecedora do contador que orienta os litigantes. 2) Perícia Contábil É uma ramificação da Contabilidade, utiliza-se das mesmas técnicas empregadas por essa ciência de forma genérica. É uma modalidade superior da profissão contábil, que fornece informações sobre o patrimônio das entidades físicas e jurídicas . Funciona com objetivos específicos de: a) Informação fiel. b) Certificação, exame e a análise do estado circunstancial do objeto. c) Esclarecimento e a eliminação das dúvidas suscitadas sobre o objeto. d) Fundamento cientifico da decisão. e) Formulação de uma opinião ou juízo técnico. f) Mensuração, análise e a avaliação ou o arbitramento sobre o “ quatum” monetário do objeto. g) Trazer à luz o que está oculto por inexatidão, erro, inverdade, má-fé, astúcia ou fraude. 2.1) Necessidades de se fazer Perícia Contábil. a) Irregularidades Administrativas: • Generalidades – Pela função de revisão ou perícia, são descobertas e evidenciadas irregularidades administrativas, fundamentado-se medidas acauteladoras ou sanções, e estabelecendo-se a verdade dos fatos, com definições de responsabilidade e justa atribuição de direitos e obrigações pecuniárias. • Imperfeições – Por várias causas e fatores a ação administrativa, em qualquer de suas manifestações, pode contaminar-se de imperfeições, conscientes e inconscientes, que perturbam a normalidade, pois esta é que deve predominar no uso dos meios e na realização de negócios. 4 São imperfeições administrativas, o acúmulo de funções incompatíveis, as falas na aquisição, guarda, conservação e alienação dos bens materiais. • Negligências – As negligências tem efeitos imediatos ou remotos. Dos efeitos exigem-se investigações de causas e identificações dos culpados. Quando conscientes, ressaltam a responsabilidade dos causadores, sendo falta culposa a originada da displicência ou negligência inconsciente, em que atuam fatores físicos ou psíquicos. • Erros – São expressões generalizadas de irregularidades. Objetivamente, os erros traduzem-se em omissão, imprevisão, incompreensão, cálculos inexatos, técnica mal aplicada, decisões inconvenientes, interpretações irreais, falsas situações de direito etc. • Infrações – A ação da administração deve processar-se de conformidade com normas gerais estatuídas, originalmente, pelo órgão volitivo ou de deliberação. • Simulações – A simulação consiste em aparentar regularidade em determinado ato ou negócio, quando em realidade, atos ou negócios simulados contrariam as normas jurídicas e a ética. • Adulterações – Consistem na alterações de coisas e fatos, com o fim preconcebido de enganar a outrem em proveito próprio. • Fraudes – Fraudar é enganar ou burlar. Engana-se a outrem para proveito próprio; burla-se a lei em proveito próprio. A fraude não se presume, deve ser provada por quem acusa. Variantes da fraude são: furto, roubo, lesão, desfalque, alcance, estelionato, falsificação. • Culpas - é causa de dano pela qual responde moralmente seu autor, quando ineficiente e de boa-sé, e de direito, quando deixa de cumprir obrigações explícitas ou com tendências para a má-fé. • Responsabilidades - em matéria administrativa, responsável é aquele que se obriga pela boa guarda e conservação das coisas e pela execução de atos como agente de litígio dono da coisa administrada. b) Irregularidades Contábeis. • Generalidades – A organização contábil e suas respectivas escritas devem assegurar e confirmar a regularidade 5 administrativa. Entretanto, falha administrativa, por sua vez, pode ser causa de irregularidades contábeis. • Imperfeições técnicas – A organização do trabalho de contabilidade obedece a planos previamente elaborados e sua execução é guiada por normas predeterminadas. • Principais imperfeições técnicas: - desordem geral na escrituração, confusão e atraso; - ausência de evidências (peças justificativas) - Falta de balancetes e conferências - Frequência exagerada de estornos. • Negligência profissional – Ainda que as negligências profissionais se originem na inépcia ou incapacidade técnica ou pessoal do contador, os efeitos serão sempre de inferioridade moral na justificação de atos de gestão, defesa de interessesperante terceiros ou justificação de infrações das leis. • Erros técnicos de escrituração – A primeira distinção a fazer é a do erro substancial ou formal. Por definição, substancial é o que se refere à essência. Erro de forma é a representação gráfica defeituosa ou viciada de fatos. • Infrações – Não cumprimento de uma determinação administrativa e, principalmente, legal; cumpri-la parcialmente, com desvirtuamento ou deformação, é infringir normas ou preceitos a serem observados na contabilidade. • Simulações – Quando coisas e fatos administrativos não correspondem à verdade. Simulação de inventário, de operações ou negócios, de débitos e créditos, de despesas ou prejuízos. • Adulterações – As adulterações podem ser de contas, históricos, datas, quantias, lançamentos ou peças contábeis já elaboradas. • Fraudes – Falsificações de lançamentos nas falências, as falsas situações de contas, lucros líquidos alterados, erros 6 de classificação de receita e despesa, omissão de entrada de dinheiro. • Culpas profissionais - as imperfeições técnicas de organização e execução de contabilidade, as negligências profissionais, os erros técnicos e de escrituração e outras irregularidades de escrita poder ser causa determinante ou concorrente, direta ou indiretamente, de prejuízos materiais e morais contrario ao dono de um patrimônio ou de terceiros em relações comerciais. • Responsabilidades profissionais – quer sejam involuntárias as falhas e culpas do contador , quer sejam intencionais, que seja ação de dolo ou fraude, o profissional contábil sofre as respectivas consequências, que se traduzem em perda de emprego, ressarcimento de prejuízos ou responsabilidade criminal. 2.2) Classificação da Perícia Contábil – a Perícia classifica-se : I – Por vontade ou consentimento do proprietário - Voluntária II – Por ordem judiciária ...................................... - Perícia Judicial As espécies de Perícia contábil, identificáveis e definíveis segundo os ambientes em que são instaladas a atuar : a – Perícia Judicial – a perícia judicial é aquela realizada dentro dos procedimentos processuais do poder judiciário, por determinação, requerimento ou necessidade de seus agentes ativos, e se processa segundo regras legais específicas (Justiça do Trabalho e Justiça Civil, Poder Judiciário). b- Perícia Semijudicial - a perícia semijudicial é aquela realizada dentro do aparato institucional do Estado, porém fora do poder judiciário (Em âmbito Policial e na área de Administração Tributária, Tribunal de Contas). c – Perícia Extrajudicial – a perícia extrajudicial é aquela realizada entre pessoas físicas e privadas, fora do Estado e fora do poder judiciário. d – Perícia Arbitral – é aquela realizada no juízo arbitral, instancia decisória criada pela vontade das partes, tem características especialíssima de atuar parcialmente como se judicial e extrajudicial – Tribunais de Mediação e Arbitragem. 7 O Perito, especialmente o perito contador , é o encarregado de exercer a perícia, e deve considerar os efeitos em benefício da sociedade, propiciando bem estar a todos os que tem interesse no deslinde da controvérsia. Aristóteles define algumas características que devem compor o perfil do profissional, que são essenciais: a excelência moral (honestidade, moderação, equidade), excelência intelectual ( inteligência, conhecimento, discernimento, etc.). Exigem também do perito, capacidade de estar sempre atualizado, pesquisando novas técnicas e sempre preparado para execução de trabalho de boa qualidade. 2.3) Requisitos Fundamentais: a) a) Jurídicos Formais – o Código do Processo Civil art. 156 determina: - Que tenham grau de nível universitário na matéria que deverão opinar. - Que estejam registrados, no órgão de classe regulador da profissão a que se refere à especialidade da matéria submetida a apreciação pericial. b) Pessoalidade – a perícia possui caráter de pessoalidade do exercício, na forma judicial, é permitido somente como pessoa física, conforme o Código do Processo Civil preceitua. O Conselho Federal de Contabilidade incumbe privativamente ao Contador, ou seja o Bacharel em Ciências Contábeis, devidamente registrado como tal no Conselho Regional de Contabilidade a execução de perícias judiciais, extrajudiciais ou arbitrais. c) Saber Técnico Científico – Para que se aprofunde cientificamente na interpretação do fato em sua especialidade. d) Conhecimentos Jurídicos – Para que conheça em profundidade o roteiro legal, notadamente o processual, como também a legislação que recai sobre a matéria examinada. e) Português Instrumental - deve o profissional dominar com segurança o instrumento básico de transmissão e percepção de ideias, a língua portuguesa segundo a norma culta. 2.4) Normas As atividades de Perícia Contábil são prerrogativas do Contador e reguladas pelas Resoluções NBC PP 01, DE 27 de 27 de fevereiro de 2015, dá nova redação à Norma Brasileira de Contabilidade PP 01 – Perito Contábil e NBC TP 01, de 27 de fevereiro de 2015, dá nova redação à Norma Brasileira de Contabilidade TP 01 – Perícia Contábil. 2.5) Laudo Pericial Segundo Antônio Lopes de Sá: “O Laudo Pericial é o julgamento, ou pronunciamento, baseados no conhecimento que tem o profissional da contabilidade, em face de eventos ou fatos que são submetidos a sua apreciação.” O Laudo é o relatório onde o perito poderá ouvir testemunhas, obter informações e documentos que estejam em poder das partes ou de repartições públicas, podendo instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias, balancetes, balanços, cópias do livro diário, relatórios gerenciais etc. É entendido sobre dois aspectos: a) Materialização do trabalho pericial desenvolvido pelo perito contábil. b) E a prova pericial Deve obedecer a certos requisitos “ extrínsecos uns, intrínsecos outros “ Extrínsecos – o Laudo Contábil deve ser lavrado na forma escrita e assinado pelo perito contábil, além de ser rubricado, evitando-se qualquer possibilidade de substituição de folhas. Intrínsecos – ser completo, claro, circunscrito ao objeto da perícia e fundamentado. O Laudo é elaborado pelo Perito Contador nomeado pelo Juiz, é o profissional de sua confiança, de sua livre escolha conforme consta nos arts. 465 e 477 do Código do Processo Civil. 9 2.6) Parecer Pericial É o documento escrito mediante o qual o perito da parte, expressa sua opinião de forma clara, objetiva e circunstanciada sobre o conteúdo do Laudo. A contratação desse Perito Contador Assistente é de iniciativa privativa da parte, e indica-lo como seu assistente técnico é facultativo. Para que o parecer tenha fundamentação há que ter procedido a pesquisa, exame verificação, diligências ou qualquer medida que tenha por escopo a busca da verdade ou da realidade do fato em exame. Ele realiza uma perícia, da mesma forma que realiza o perito contador, contudo a lei não os impedem de trabalharem em conjunto, conforme previsto na NBC TP 01. 2.7) Honorários O perito deverá apresentar por meio de petição a sua proposta, recomenda-se um plano de trabalho, estimado no número de horas previstas para a execução do trabalho, mediante avaliação dos serviços. (NBC-PP 01). Se acordados, poderá haver depósito total ou parcial de honorários. Os honorários serão pagos pela parte que solicitou a perícia, ou pela parte autora, conforme art.95 CPC. Os honorários o perito assistente serão pagos pela parte que o contratar. Concluído o Laudo Pericialdentro do prazo previamente definido pelo juiz, o perito do juízo fará, por meio de petição o seu encaminhamento e a restituição do processo, solicitando a liberação do Alvará de Levantamento referente ao depósito de honorários. 2.8) Prazo e Pontualidade O Juiz fixará o prazo para entrega do Laudo Pericial, o que deverá ser entregue em cartório no prazo fixado. A pontualidade propiciará o andamento normal do processo. Caso, por motivo justificado, o perito contador não possa apresentar o Laudo Pericial no prazo assinalado, ele deverá solicitar ao juiz, com fulcro no art.476 do CPC, a prorrogação deste prazo por uma vez. 2.9) Considerações Finais O mercado de trabalho na área das Ciências Contábeis, é um universo sem fronteiras. O profissional qualquer que seja sua área, não pode ser visto tão 10 NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE – NBC TP 01, DE 27 DE FEVEREIRO DE 2015 Dá nova redação à NBC TP 01 – Perícia Contábil. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais e com fundamento no disposto na alínea “f” do Art. 6º do Decreto-Lei n.º 9.295/46, alterado pela Lei n.º 12.249/10, faz saber que foi aprovada em seu Plenário a seguinte Norma Brasileira de Contabilidade (NBC): NBC TP 01 – PERÍCIA CONTÁBIL Objetivo 1. Esta Norma estabelece regras e procedimentos técnico-científicos a serem observados pelo perito, quando da realização de perícia contábil, no âmbito judicial, extrajudicial, mediante o esclarecimento dos aspectos e dos fatos do litígio por meio de exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação. Conceito 2. A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio ou constatação de fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer técnico-contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais e com a legislação específica no que for pertinente. 3. O laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil têm por limite o próprio objeto da perícia deferida ou contratada. 4. A perícia contábil é de competência exclusiva de contador em situação regular perante o Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição. 5. A perícia judicial é exercida sob a tutela do Poder Judiciário. A perícia extrajudicial é exercida no âmbito arbitral, estatal ou voluntária. A perícia arbitral é exercida sob o controle da lei de arbitragem. Perícias oficial e estatal são executadas sob o controle de órgãos de Estado. Perícia voluntária é contratada, espontaneamente, pelo interessado ou de comum acordo entre as partes. Execução 6. Ao ser intimado para dar início aos trabalhos periciais, o perito do juízo deve comunicar às partes e aos assistentes técnicos: a data e o local de início da produção da prova pericial contábil, exceto se designados pelo juízo. (a) Caso não haja, nos autos, dados suficientes para a localização dos assistentes técnicos, a comunicação deve ser feita aos advogados das partes e, caso estes também não tenham informado endereço nas suas petições, a comunicação deve ser feita diretamente às partes e/ou ao Juízo. (b) O perito-assistente pode, tão logo tenha conhecimento da perícia, manter contato com o perito do juízo, colocando-se à disposição para a execução da perícia em conjunto. (c) Na impossibilidade da execução da perícia em conjunto, o perito do juízo deve permitir aos peritos-assistentes o acesso aos autos e aos elementos de prova arrecadados durante a perícia, indicando local e hora para exame pelo perito-assistente. (d) O perito-assistente pode entregar ao perito do juízo cópia do seu parecer técnico-contábil, previamente elaborado, planilhas ou memórias de cálculo, informações e demonstrações que possam esclarecer ou auxiliar o trabalho a ser desenvolvido pelo perito do juízo. 7. O perito-assistente pode, logo após sua contratação, manter contato com o advogado da parte que o contratou, requerendo dossiê completo do processo para conhecimento dos fatos e melhor acompanhamento dos atos processuais no que for pertinente à perícia. 8. O perito, enquanto estiver de posse do processo ou de documentos, deve zelar por sua guarda e segurança e ser diligente. 9. Para a execução da perícia contábil, o perito deve ater-se ao objeto e ao lapso temporal da perícia a ser realizada. 10. Mediante termo de diligência, o perito deve solicitar por escrito todos os documentos e informações relacionadas ao objeto da perícia, fixando o prazo para entrega. 11. A eventual recusa no atendimento a diligências solicitadas ou qualquer dificuldade na execução do trabalho pericial deve ser comunicada, com a devida comprovação ou justificativa, ao juízo, em se tratando de perícia judicial; ou à parte contratante, no caso de perícia extrajudicial. 12. O perito deve utilizar os meios que lhe são facultados pela legislação e normas concernentes ao exercício de sua função, com vistas a instruir o laudo pericial contábil ou parecer técnico-contábil com as peças que julgarem necessárias. 13. O perito deve manter registro dos locais e datas das diligências, nome das pessoas que o atender, livros e documentos ou coisas vistoriadas, examinadas ou arrecadadas, dados e particularidades de interesse da perícia, rubricando a documentação examinada, quando julgar necessário e possível, juntando o elemento de prova original, cópia ou certidão. 14. A execução da perícia, quando incluir a utilização de equipe técnica, deve ser realizada sob a orientação e supervisão do perito do juízo, que assume a responsabilidade pelos trabalhos, devendo assegurar-se de que as pessoas contratadas sejam profissionais e legalmente capacitadas à execução. 15. O perito deve documentar os elementos relevantes que serviram de suporte à conclusão formalizada no laudo pericial contábil e no parecer técnico-contábil, quando não juntados aos autos, visando fundamentar o laudo ou parecer e comprovar que a perícia foi executada de acordo com os despachos e decisões judiciais e as Normas Brasileiras de Contabilidade. Procedimentos 16. Os procedimentos periciais contábeis visam fundamentar o laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil e abrangem, total ou parcialmente, segundo a natureza e a complexidade da matéria, exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação. 17. O exame é a análise de livros, registros de transações e documentos. 18. A vistoria é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação, coisa ou fato, de forma circunstancial. 19. A indagação é a busca de informações mediante entrevista com conhecedores do objeto ou de fato relacionado à perícia. 20. A investigação é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contábil ou parecer técnicocontábil o que está oculto por quaisquer circunstâncias. 21. O arbitramento é a determinação de valores, quantidades ou a solução de controvérsia por critério técnico-científico 22. A mensuração é o ato de qualificação e quantificação física de coisas, bens, direitos e obrigações. 23. A avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações, despesas e receitas. 24. A certificação é o ato de atestar a informação trazida ao laudo ou ao parecer pelo perito. 25. Concluídos os trabalhos periciais, o perito do juízo apresentará laudo pericial contábil e o perito-assistente oferecerá, querendo, seu parecer técnico-contábil, obedecendo aos respectivos prazos. 26. O perito do juízo, depois de concluído seu trabalho, deve fornecer, quando solicitado, cópia do laudo ao perito-assistente, informando-lhe com antecedência a data em que o laudo pericialcontábil será protocolado em cartório. 27. O perito-assistente não pode firmar o laudo pericial quando o documento tiver sido elaborado por leigo ou profissional de outra área, devendo, neste caso, oferecer um parecer técnico-contábil sobre a matéria periciada. 28. O perito-assistente, ao apor a assinatura, em conjunto com o perito do juízo, em laudo pericial contábil, não pode emitir parecer técnico-contábil contrário a esse laudo. 29. O perito-assistente pode entregar cópia do seu parecer, planilhas e documentos ao perito do juízo antes do término da perícia, expondo as suas convicções, fundamentações legais, doutrinárias, técnicas e científicas sem que isto implique indução do perito do juízo a erro, por tratar-se da livre e necessária manifestação científica sobre os pontos controvertidos. Planejamento 30. O planejamento da perícia é a etapa do trabalho pericial que antecede as diligências, pesquisas, cálculos e respostas aos quesitos, na qual o perito do juízo estabelece a metodologia dos procedimentos periciais a serem aplicados, elaborando-o a partir do conhecimento do objeto da perícia. Objetivos 31. Os objetivos do planejamento da perícia são: (a) conhecer o objeto e a finalidade da perícia, a fim de permitir a adoção de procedimentos que conduzam à revelação da verdade, a qual subsidiará o juízo, o árbitro ou o interessado a tomar a decisão a respeito da lide; (b) definir a natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos a serem aplicados, em consonância com o objeto da perícia; (c) estabelecer condições para que o trabalho seja cumprido no prazo estabelecido; (d) identificar potenciais problemas e riscos que possam vir a ocorrer no andamento da perícia; (e) identificar fatos importantes para a solução da demanda, de forma que não passem despercebidos ou não recebam a atenção necessária; (f) identificar a legislação aplicável ao objeto da perícia; (g) estabelecer como ocorrerá a divisão das tarefas entre os membros da equipe de trabalho, sempre que o perito necessitar de auxiliares; (h) facilitar a execução e a revisão dos trabalhos. Desenvolvimento 32. Os documentos dos autos servem como suporte para obtenção das informações necessárias à elaboração do planejamento da perícia. 33. Em caso de ser identificada a necessidade de realização de diligências, na etapa de elaboração do planejamento, devem ser considerados, se não declarada a preclusão de prova documental, a legislação aplicável, documentos, registros, livros contábeis, fiscais e societários, laudos e pareceres já realizados e outras informações que forem identificadas como pertinentes para determinar a natureza do trabalho a ser executado. 34. Quando necessário, o planejamento deve ser realizado pelo perito do juízo ainda que o trabalho venha a ser realizado de forma conjunta. 35. Quando necessário, o planejamento da perícia deve ser mantido por qualquer meio de registro que facilite o entendimento dos procedimentos a serem aplicados e sirva de orientação adequada à execução do trabalho. 36. Quando necessário, o planejamento deve ser revisado e atualizado sempre que fatos novos surjam no decorrer da perícia. Riscos e custos 37. O perito, na fase do planejamento, com vistas a elaborar a proposta de honorários, deve: (a) avaliar os riscos decorrentes das suas responsabilidades e todas as despesas e custos inerentes; (b) ressaltar que, na hipótese de apresentação de quesitos suplementares, poderá estabelecer honorários complementares. Equipe técnica 38. Quando a perícia exigir a necessidade de utilização de trabalho de terceiros (equipe de apoio, trabalho de especialistas ou profissionais de outras áreas de conhecimento), o planejamento deve prever a orientação e a supervisão do perito, que responderá pelos trabalhos executados, exclusivamente, por sua equipe de apoio. Cronograma 39. O perito do juízo deve levar em consideração que o planejamento da perícia, quando for o caso, inicia-se antes da elaboração da proposta de honorários, considerando-se que, para apresentá-la ao juízo ou aos contratantes, há necessidade de se especificarem as etapas do trabalho a serem realizadas. Isto implica que o perito deve ter conhecimento prévio de todas as etapas, salvo aquelas que somente serão identificadas quando da execução da perícia. 40. No cronograma de trabalho, devem ficar evidenciados, quando aplicáveis, todos os itens necessários à execução da perícia, como: diligências a serem realizadas, deslocamentos, necessidade de trabalho de terceiros, pesquisas que serão feitas, elaboração de cálculos e planilhas, respostas aos quesitos, prazo para apresentação do laudo e/ou oferecimento do parecer, de forma a assegurar que todas as etapas necessárias à realização da perícia sejam cumpridas. Termo de diligência 41. Termo de diligência é o instrumento por meio do qual o perito solicita documentos, coisas, dados e informações necessárias à elaboração do laudo pericial contábil e do parecer técnico- contábil. 42. Serve também para determinar o local, a data e a hora do início da perícia, e ainda para a execução de outros trabalhos que tenham sido a ele determinados ou solicitados por quem de direito, desde que tenham a finalidade de orientar ou colaborar nas decisões, judiciais ou extrajudiciais. 43. O termo de diligência deve ser redigido pelo perito, ser apresentado diretamente ao peritoassistente, à parte, a seu procurador ou terceiro, por escrito e juntado ao laudo. 44. O perito deve observar os prazos a que está obrigado por força de determinação legal e, dessa forma, definir o prazo para o cumprimento da solicitação pelo diligenciado. 45. Caso ocorra a negativa da entrega dos elementos de prova formalmente requeridos, o perito deve se reportar diretamente a quem o nomeou, contratou ou indicou, narrando os fatos e solicitando as providências cabíveis Estrutura 46. O termo de diligência deve conter os seguintes itens: (a) identificação do diligenciado; (b) identificação das partes ou dos interessados e, em se tratando de perícia judicial ou arbitral, o número do processo ou procedimento, o tipo e o juízo em que tramita; (c) identificação do perito com indicação do número do registro profissional no Conselho Regional de Contabilidade; (d) indicação de que está sendo elaborado nos termos desta Norma; (e) indicação detalhada dos documentos, coisas, dados e informações, consignando as datas e/ou períodos abrangidos, podendo identificar o quesito a que se refere; (f) indicação do prazo e do local para a exibição dos documentos, coisas, dados e informações necessários à elaboração do laudo pericial contábil ou parecer técnico-contábil, devendo o prazo ser compatível com aquele concedido pelo juízo, contratante ou convencionado pelas partes, considerada a quantidade de documentos, as informações necessárias, a estrutura organizacional do diligenciado e o local de guarda dos documentos; (g) a indicação da data e hora para sua efetivação, após atendidos os requisitos da alínea (e), quando o exame dos livros, documentos, coisas e elementos tiver de ser realizado perante a parte ou ao terceiro que detém em seu poder tais provas; (h) local, data e assinatura. Laudo pericial contábil e parecer técnico-contábil 47. O Decreto-Lei n.º 9.295/46, na alínea “c” do Art. 25, determina que o laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil somente sejam elaborados por contador ou pessoa jurídica, se a lei assim permitir, que estejam devidamente registrados e habilitados em Conselho Regional de Contabilidade. A habilitação é comprovada mediante Certidão de Regularidade Profissional emitida pelos Conselhos Regionais de Contabilidade. 48. O laudo pericial contábil e o parecer técnico-contábil são documentos escritos,nos quais os peritos devem registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova necessários para a conclusão do seu trabalho. 49. Os peritos devem consignar, no final do laudo pericial contábil ou do parecer técnico- contábil, de forma clara e precisa, as suas conclusões. Apresentação do laudo pericial contábil e oferta do parecer técnico-contábil 50. O laudo e o parecer são, respectivamente, orientados e conduzidos pelo perito do juízo e pelo perito-assistente, que adotarão padrão próprio, respeitada a estrutura prevista nesta Norma, devendo ser redigidos de forma circunstanciada, clara, objetiva, sequencial e lógica. 51. A linguagem adotada pelo perito deve ser clara, concisa, evitando o prolixo e a tergiversação, possibilitando aos julgadores e às partes o devido conhecimento da prova técnica e interpretação dos resultados obtidos. As respostas devem ser objetivas, completas e não lacônicas. Os termos técnicos devem ser inseridos no laudo e no parecer, de modo a se obter uma redação que qualifique o trabalho pericial, respeitadas as Normas Brasileiras de Contabilidade. 52. Tratando-se de termos técnicos atinentes à profissão contábil, devem, quando necessário, ser acrescidos de esclarecimentos adicionais e recomendada a utilização daqueles consagrados pela doutrina contábil. 53. O perito deve elaborar o laudo e o parecer, utilizando-se do vernáculo, sendo admitidas apenas palavras ou expressões idiomáticas de outras línguas de uso comum nos tribunais judiciais ou extrajudiciais. 54. O laudo e o parecer devem contemplar o resultado final alcançado por meio de elementos de prova inclusos nos autos ou arrecadados em diligências que o perito tenha efetuado, por intermédio de peças contábeis e quaisquer outros documentos, tipos e formas. Terminologia 55. Forma circunstanciada: a redação pormenorizada, minuciosa, efetuada com cautela e detalhamento em relação aos procedimentos e aos resultados do laudo e do parecer. 56. Síntese do objeto da perícia e resumo dos autos: o relato ou a transcrição sucinta, de forma que resulte em uma leitura compreensiva dos fatos relatados sobre as questões básicas que resultaram na nomeação ou na contratação do perito. 57. Diligência: todos os atos adotados pelos peritos na busca de documentos, coisas, dados e informações e outros elementos de prova necessários à elaboração do laudo e do parecer, mediante termo de diligência, desde que tais provas não estejam colacionadas aos autos. Ainda são consideradas diligências as comunicações às partes, aos peritos-assistentes ou a terceiros, ou petições judiciais. 58. Critério: é a faculdade que tem o perito de distinguir como proceder em torno dos fatos alegados para julgar ou decidir o caminho que deve seguir na elaboração do laudo e do parecer. 59. Metodologia: conjunto dos meios dispostos convenientemente para alcançar o resultado da perícia por meio do conhecimento técnico-científico, de maneira que possa, ao final, inseri- lo no corpo técnico do laudo e parecer. 60. Conclusão: é a quantificação, quando possível, do valor da demanda, podendo reportar-se a demonstrativos apresentados no corpo do laudo e do parecer ou em documentos. É na conclusão que o perito registrará outras informações que não constaram na quesitação, porém, encontrou-as na busca dos elementos de prova inerentes ao objeto da perícia. 61. Apêndices: são documentos elaborados pelo perito contábil; e Anexos são documentos entregues a estes pelas partes e por terceiros, com o intuito de complementar a argumentação ou elementos de prova. 62. Palavras e termos ofensivos: o perito que se sentir ofendido por expressões injuriosas, de forma escrita ou verbal, no processo, poderá tomar as seguintes providências: (a) sendo a ofensa escrita ou verbal, por qualquer das partes, peritos ou advogados, o perito ofendido pode requerer da autoridade competente que mande riscar os termos ofensivos dos autos ou cassada a palavra; (b) as providências adotadas, na forma prevista na alínea (a), não impedem outras medidas de ordem civil ou criminal. 63. Esclarecimentos: havendo determinação de esclarecimentos do laudo ou do parecer sem a realização de audiência, o perito deve fazer, por escrito, observando em suas respostas os mesmos procedimentos adotados quando da feitura do esclarecimento em audiência, no que for aplicável. 64. Os peritos devem, na conclusão do laudo e do parecer, considerar as formas explicitadas nos itens seguintes: (a) omissão de fatos: o perito do juízo não pode omitir nenhum fato relevante encontrado no decorrer de suas pesquisas ou diligências, mesmo que não tenha sido objeto de quesitação e desde que esteja relacionado ao objeto da perícia; (b) a conclusão com quantificação de valores é viável em casos de: apuração de haveres; liquidação de sentença, inclusive em processos trabalhistas; resolução de sociedade; avaliação patrimonial, entre outros; (c) pode ocorrer que, na conclusão, seja necessária a apresentação de alternativas, condicionada às teses apresentadas pelas partes, casos em que cada uma apresenta uma versão para a causa. O perito deve apresentar as alternativas condicionadas às teses apresentadas, devendo, necessariamente, ser identificados os critérios técnicos que lhes deem respaldo; (d) a conclusão pode ainda reportar-se às respostas apresentadas nos quesitos; (e) a conclusão pode ser, simplesmente, elucidativa quanto ao objeto da perícia, não envolvendo, necessariamente, quantificação de valores. Estrutura 65. O laudo deve conter, no mínimo, os seguintes itens: (a) identificação do processo e das partes; (b) síntese do objeto da perícia; (c) resumo dos autos; (d) metodologia adotada para os trabalhos periciais e esclarecimentos; (e) relato das diligências realizadas; (f) transcrição dos quesitos e suas respectivas respostas para o laudo pericial contábil; (g) transcrição dos quesitos e suas respectivas respostas para o parecer técnico-contábil, onde houver divergência das respostas formuladas pelo perito do juízo; (h) conclusão; (i) termo de encerramento, constando a relação de anexos e apêndices; (j) assinatura do perito: deve constar sua categoria profissional de contador, seu número de registro em Conselho Regional de Contabilidade, comprovado mediante Certidão de Regularidade Profissional (CRP) e sua função: se laudo, perito do juízo e se parecer, perito- assistente da parte. É permitida a utilização da certificação digital, em consonância com a legislação vigente e as normas estabelecidas pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras - ICP-Brasil; (k) para elaboração de parecer, aplicam-se o disposto nas alíneas acima, no que couber. Assinatura em conjunto 66. Quando se tratar de laudo pericial contábil, assinado em conjunto pelos peritos, há responsabilidade solidária sobre o referido documento. Laudo e parecer de leigo ou profissional não habilitado 67. Considera-se leigo ou profissional não habilitado para a elaboração de laudo e parecer contábeis qualquer profissional que não seja contador habilitado perante Conselho Regional de Contabilidade. Esclarecimentos sobre laudo e parecer técnico-contábil em audiência 68. Esclarecimentos são informações prestadas pelo perito aos pedidos de esclarecimento sobre laudo e parecer, determinados pelas autoridades competentes, por motivos de obscuridade, incompletudes, contradições ou omissões. Os esclarecimentos podem ser prestados de duas maneiras: (a) de forma escrita: os pedidos de esclarecimentos deferidos e apresentados ao perito, no prazo legal, devem ser prestados por escrito; (b) de forma oral: os pedidos de esclarecimentos deferidose apresentados, no prazo legal, ao perito para serem prestados em audiência podem ser de forma oral ou escrita. Quesitos e respostas 69. O perito deve observar as perguntas efetuadas pelo juízo e/ou pelas partes, no momento próprio dos esclarecimentos, pois tal ato se limita às respostas a quesitos integrantes do laudo ou do parecer e às explicações sobre o conteúdo da lide ou sobre a conclusão. 4) Estudos de Casos. 4.1) Estudo de Caso – Perícia na Justiça do Trabalho Módulo de Perícia Contábil Um empregado foi admitido pela empresa comercial Antunes & Saraiva Ltda, para atuar na função de serviços gerais, em 01/04/2006. Sua jornada de trabalho na empresa é de segunda a sexta das 08:00 às 18:00 horas, com intervalo para descanso e refeições de 02:00 horas, e aos sábados das 08:00 às 12:00, perfazendo um total de 44 horas semanais. Em 01/05/2007, o empregado recebeu o Aviso de Dispensa do Empregador sem justa causa, cientificando-o do fato, e estabelecendo a data de 30/05/2007 como seu último dia de trabalho na empresa, data prevista para a rescisão contratual e pagamento das verbas salariais devidas. Na data em questão, na sede do sindicato da categoria, o empregado tomou conhecimento dos valores que lhe seriam pagos, constante da Rescisão de Contrato de Trabalho, e considerou que a empresa não lhe pagou todas as verbas a ele devidas. 17 Obs: Saldo FGTS na data da dispensa do empregado Abril/07 – R$ 433,04 Síntese da Rescisão: Isto posto, em 01/06/2007 dirigiu-se a um escritório de advocacia com o objetivo de obter maiores informações quanto ao caso, e solicitar a interveniência de profissional junto a Justiça do Trabalho para pleitear o pagamento das verbas devidas. Os dados a seguir descriminados, servem de base para a determinação das verbas salariais contestadas: a) Salários de Abril/2006 a Mar/2007 – R$ 400,00 e de Abril/2007 e Mai/2007 – R$ 440,00. 18 Descrição da Verba Valor R$ Aviso Prévio Trabalhado 440,00 Férias Integrais 440,00 1/3 Férias Integrais 146,67 Férias Proporcionais – 2/12 avos 73,33 1/3 Férias Proporcionais – 2/12 avos 24,44 13º Salário – 5/12 avos 183,33 Sub-Total 1.307,77 FGTS – Maio/2007 35,20 FGTS – Férias Indenizadas e 13º Salário 69,42 FGTS – Multa 40,0 % ( Saldo Base R$ 433,04) 173,22 Total Bruto 1.585,61 INSS – Aviso Prévio 35,20 INSS – 13º Salário 14,67 Total Líquido 1.535,74 b) Horas extras mensais no período de Abril/2006 a Abril/2007 – 40 horas, sendo 20 de segunda a sexta e 20 aos domingos e feriados, nunca pagas pelo empregador, e registradas no cartão de ponto do empregado. O advogado do reclamante consubstanciou a petição inicial em 05/06/2007, com base nos valores devidos de horas extras e demais verbas calculadas em forma de reflexos, chegando a um montante global de R$ 5.000,00. O jurídico da reclamada em suas alegações, contestou a petição formulada pelo advogado do reclamante, manifestando-se no sentido de tentar comprovar a inexistência das horas extras, afirmando que a empresa trabalha apenas no horário de funcionamento normal, e as possíveis excedentes foram compensadas com folgas programadas. Na audiência de conciliação e julgamento, ocorrida em 30/09/2007 não houve acordo, motivo pelo qual o magistrado julgou a ação considerando-a procedente, nomeando um perito para emitir um Laudo Pericial – Cálculo de Reclamação Trabalhista, para avaliar tecnicamente os valores devidos. Isto posto, baseado nos dados fornecidos faça um cálculo dos valores devidos ao reclamante. Resolução: 19 20 21 22 4.2 ) Estudo de Caso Perícia Bancária Módulo de Perícia Contábil Elaborar uma perícia bancária utilizando o extrato fornecido pelo banco, conforme a seguir descriminamos: Dados adicionais : Selic Dez/2008 = 1,12 % Utilizando-se o extrato acima, elabore: a) Anexo 1; b) Anexo 2 : Resolução: 23 Data Histórico Débito Crédito Saldo 01/01/09 Saldo inicial 1.000,00 05/01/09 Cheque 001 500,00 500,00 07/01/09 Pagamento 2.000,00 -1.500,00 10/01/09 Depósito 5.000,00 3.500,00 15/01/09 Cheque 002 10.000,00 -6.500,00 20/01/09 Pagamento 5.000,00 -11.500,00 25/01/09 Depósito 8.000,00 -3.500,00 26/01/09 Tarifa Pacote 35,00 -3.535,00 30/01/09 Enc.Financeiros 588,50 -4.123,50 24 4.3) Estudo de Caso – Cartão de Crédito Módulo de Perícia Contábil Um determinado usuário de cartão de crédito utilizava normalmente o citado instrumento creditício, comprando e pagando as faturas mensais nas datas aprazadas. Em 15/10/2005, data de vencimento da fatura, o usuário apresentando problemas financeiros, deixou de quita-la, pagando o valor mínimo nela estabelecido, R$ 125,00 (cento e vinte e cinco reais). Em 15/11/2005 sua fatura apresentava a seguinte situação: 25 Fatura - Vencimento 15/10/2005 – Encargos Mês – 12,9 % Valores Valor da fatura anterior – 15/09/2005 0,00 Compras do mês 1.250,00 Valor Pago em 15/10/2005 125,00 Saldo da Fatura em 15/10/2005 1.125,00 Demonstrativo da fatura apresentada em 15/11/2005: Em 15/11/2005, o usuário pagou parte do valor apresentado na fatura, correspondente ao saldo devido deduzidos os encargos debitados, no valor de R$ 1.125,00 (hum mil cento e vinte e cinco reais). Em 15/12/2005, a administradora enviou a fatura mensal conforme a seguir descriminamos: O usuário tentou discutir com a administradora o saldo apresentado, ponderando sobre o valor dos encargos cobrados sem êxito, deixando de pagar os valores cobrados. Durante o mês seguinte, o usuário utilizou normalmente seu cartão de crédito fazendo compras, e em 15/01/2006 a administradora apresentou nova fatura de cobrança assim descriminada: 26 Fatura - Vencimento 15/11/2005 – Encargos Mês – 12,9 % Valores Valor da fatura anterior – 15/10/2005 1.250,00 Valor pago em 15/10/2005 125,00 Encargos do Cartão 145,13 Total da Fatura em 15/11/2005 1.270,13 Fatura - Vencimento 15/12/2005 – Encargos Mês – 12,9 % Valores Valor da fatura anterior – 15/11/2005 1.270,13 Valor pago em 15/12/2005 1.125,00 Encargos do Cartão 18,72 Total da Fatura em 15/12/2005 163,85 Novamente o usuário tentou negociar os encargos cobrados junto a administradora, Na data o usuário pagou parcialmente o valor da fatura apresentada quitando em 15/01/2006 R$ 1.150,00 ( hum mil cento e cinqüenta reais). Nos meses subsequentes o usuário não utilizou seu cartão de crédito, nemtampouco quitou os débitos apresentados, e as faturas mensais demonstraram a seguinte situação: novamente não obtendo êxito. 27 Fatura - Vencimento 15/01/2006 – Encargos Mês – 12,9 % Valores Valor da fatura anterior – 15/12/2005 163,85 Valor pago em 15/12/2005 0,00 Encargos do Cartão 21,14 Compras do mês 1.150,00 Total da Fatura em 15/01/2006 1.334,99 Fatura - Vencimento 15/02/2006 – Encargos Mês – 12,9 % Valores Valor da fatura anterior – 15/01/2006 184,99 Valor pago em 15/01/2006 0,00 Encargos do Cartão 23,86 Compras do mês 0,00 Total da Fatura em 15/02/2006 208,85 Fatura - Vencimento 15/03/2006 – Encargos Mês – 12,9 % Valores Valor da fatura anterior – 15/02/2005 208,85 Valor pago em 15/02/2006 0,00 Encargos do Cartão 26,94 Compras do mês 0,00 Total da Fatura em 15/03/2006 235,79 Isto posto, preocupado com o crescimento de sua dívida, decidiu recorrer as vias judiciais na tentativa de solucionar o problema. O jurídico contratado, após uma análise da situação, formulou uma petição inicial com base no fato da administradora de cartão de crédito não ser uma instituição financeira, estando sujeita a aplicação de juros legais máximos previstos pelo Código Civil – Art. 406 (Lei 10406/02), a qual define que as taxas de juros moratórios (legais), nelas incluídas comissões de permanência e quaisquer outras remunerações direta ou indiretamente referidas à concessão de crédito, não poderão ser superiores ao cobrado pela Fazenda Nacional ; cobrança acima deste limite será conceituada como crime de usura, punido, em todas as suas modalidades, nos termos que a lei determinar. A capitalização dos juros, também verificada, só pode ocorrer anualmente (art.591 do Código Civil), e a sua incidência fora do prazo legal indica a prática do anatocismo (juros sobre juros) vedada pela citada lei, além da administradora ferir o Código de Defesa do Consumidor, e alegar estar investida na cláusula de mandato. Outrossim, baseada nestes dispositivos legais a inicial ainda carecia de um laudo pericial, que informasse os cálculos dos valores em litígio, motivo pelo qual foi solicitado de um perito tal providência. Resolução: 28 29 4.4) Estudo de Caso de Arrendamento Mercantil Módulo de Perícia Contábil Contrato do Banco: BFB Leasing Arrendamento Mercantil Objeto Financiado: Volkswagen Gol 16V 1.0 MI - 1999 Placa: CNG 0382 Chassis nº 9BWZZZ373YT106818 Valor do Bem: R$ 18.000,00 - Antecipado R$ 6.000,00 - Parcelado R$ 13.821,35 Plano de Arrendamento: 36 meses Taxa – 2,02 % a.m – 28,35 % a.a. Contrato nº : s/nº 00000999-9 Tarifas Cadastro/Serviços 1.821,35 Valor da Parcela R$ 544,70 Nº Parcelas Pagas = 8 Data do Arrendamento : 22/06/2009 30 Resolução: 31 32 MÉTODO DE GAUSS Em se tratando de cálculos para fins judiciais, com o objetivo de calcular os juros devidos a serem cobrados de financiamentos oferecidos por instituições financeiras em geral, é comum e usual a utilização do conhecido Método de Gauss. Este método baseia-se num modelo de cálculo cujo objetivo é determinar o encargo incidente sobre financiamentos com base em juros simples, conforme a seguir descriminamos: a) Inicialmente devemos calcular o valor da parcela acrescida de juros simples: Capital x [ 1 + ( i x n ) ] Encargos a Juros Simples(EJS) = n x a1 + (n – 1 ) x ( i ) 2 33 Onde : i = taxa de juros n = período a1 = parcela 1, a2 = parcela 2, ........ an = parcela n Exemplo: Capital = R$ 445,18 n = 5 meses i = 4,0 % 445,18 X [ 1 + ( 0,04 x 5 ) ] 534,22 EJS = = = R$ 98,92 5 x 1 + (5 – 1) x ( 0,04) 5,40 2 R$ 98,92 = Valor da Parcela Mensal b) Cálculo do valor a ser amortizado e montante dos juros mensais. Utilizando o exemplo fornecido, passamos a apurar: 1) Total Geral Pago = R$ 98,92 X 5 = R$ 494,60 2) Total dos Juros Pagos = R$ 494,60 – R$ 445,18 = R$ 49,42 34 EM x ( n ) - Capital Índice Ponderado de Juros (IPJ) = (n+1) x (n) 2 98,92 x (5) - 445,18 IPJ (a1) = = 3,2946 (5+1) x (5) 2 Juro a1 = 3,2946 x 5 = R$ 16,47 Juro ay = Índice Ponderado x (n – y + 1) Juro a2 = 3,2946 x ( 5 – 2 + 1) = R$ 13,1784 Juro a3 = 3,2946 x (5 -3 +1) = R$ 9,8838 Juro a4 = 3,2946 x ( 5 – 4 + 1) = R$ 6,5892 Juro a5 = 3,2946 x ( 5 – 5 + 1 ) = R$ 3,2946 35 Bibliografia Conselho Federal de Contabilidade. NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE – NBC PP 01, DE 27 DE FEVEREIRO DE 2015. Conselho Federal de Contabilidade. NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE – NBC TP 01, DE 27 DE FEVEREIRO DE 2015. SÁ, Antônio Lopes de. Perícia Contábil. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1997. ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de. Perícia Contábil. – 2. Ed.- São Paulo: Atlas, 1995. Internet – site do INPECON – http:/www.tba.com.br.pages/inpecon
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