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Microbiologia Clínica - Aula do dia 21/03 Faringite Estreptocócica - A causa da faringite por Streptococcus pyogenes pode ser sugerida clinicamente observando-se uma mucosa faringeal edematosa e inflamada, em um paciente que relata dor de garganta, dificuldade em engolir e sintomas secundários como febre, cefaléia, sensibilidade dos linfonodos... As manifestações clínicas da faringite estreptocócica e não-estreptocócica são muito superpostas (suporte laboratorial). Os estreptococos do grupo A são as espécies mais patogênicas para o ser humano, embora o mesmo seja o seu hospedeiro natural. Podem causar infecção estreptocócica da orofaringe, tonsilite, infecções de feridas e da pele, septicemia e pneumonia. Esse grupo pode causar infecções não supurativas como doença reumática, Coréia de Sydenham (Dança de São Vito) e glomerulonefrite difusa aguda. Porém inclusive pode causar a morte do indivíduo acometiodo em cerca de 1 mês. • Faringite por Estreptococos dos grupos B: causam mais frequentemente infecções perigosas nos recém-nascidos (ex: sépsis neonatal) e infecções articulares (artrite séptica) e cardíacas (endocardite); • Faringite por Estreptococos dos grupos C e G: frequentemente são transportados por animais, mas também crescem na orofaringe, no intestino, na vagina e no tecido cutâneo do ser humano. Esses estreptococos podem causar infecções graves, como a faringite estreptocócica, pneumonia, infecções cutâneas, sépsis pós-parto e neonatal, endocardite e artrite séptica. Após uma infecção por uma dessas bactérias, pode ocorrer inflamação dos rins. • Faringite por Estreptococos dos grupos D: crescem normalmente no trato digestivo baixo, na vagina e na pele adjacente. Faringite por Arcanobacterium haemolyticum - Causa faringite aguda, geralmente em adolescentes e jovens adultos (diferente da faringite estreptococos β-hemolíticos, que tipicamente causam doença em crianças pequenas. Faringite Gonocócica - Infecção na orofarínge por Neisseria gonorrhoeae; É um diplococo gram-negativo, não flagelado, não formador de esporos, não hemolítico, aeróbio ou facultativamente anaeróbio que habita o trato respiratório superior do homem, sendo responsável pela gonorréia - doença sexualmente transmissível, com formato de rim; Geralmente assintomática. INFECÇÕES BACTERIANAS DO TRS DIFTERIA – Corynebacterium diphtheriae Extremamente rara nos EUA, membrana espessa branco-azulada ou acinzentada que recobre a faringe posterior, difere da faringite que apresenta vermelho fogo para o diagnóstico; A Corynebacterium diphteriae é uma bactéria com formas pleomórficas bacilares Gram-positivas, agrupando-se em configurações semelhantes a "caracteres chineses" A Corynebacterium diphteriae não é invasiva e limita-se à multiplicação local na faringe. Contudo, a doença tem efeitos sistémicos potencialmente mortais, devido à produção e disseminação pelo sangue da sua poderosa toxina da difteria. Apenas as cepas toxigênicas são capazes de causar a infecção. Produz um exsudato escurecido nas amígdalas, eritema e inflamação local grave. A toxina diftérica pode causar obstrução respiratória, insuficiência cardíaca e polineurite. A difteria pode ser prevenida através de imunização (Vacina Tetravalente: DTP + Hib) Como distinguir clinicamente uma faringite estreptocócica de uma difteria? R: As regiões da orofaringe estarão esbranquiçadas, mas quando o paciente tem difteria, existe uma linha negra ou azulada na região. O problema da difteria é a toxina liberada pelo Corynebacterium diphtheriae, que pode levar á uma insuficiência cardíaca. Otite média e sinusite - Streptococcus pneumoniae Haemophilus influenzae tipo b Moraxella catarrhalis, S. pyogenes Ouvido médio e seios paranasais são conectados às vias respiratórias por ductos; Infecção ocorre quando vírus e bactérias caminham em direção às vias estéreis do ouvido e seios nasais; As infecções agudas são causadas por vírus e por algumas bactérias; Infecção crônica outros bacilos e fungos assumem o papel proeminente em uma infecção polimicrobiana. É virtualmente impossível obter uma amostra passível de ser interpretada por meio de amostras das vias aéreas; Felizmente os patógenos nas doenças agudas são previsíveis e o uso de antimicrobianos é necessário. Em ambos os casos, otite média e sinusite, são regiões de difícil coleta. Nesses casos, o médico prescreve antibiótico, que vai atingir todos os microorganismos. Na otite média o diagnóstico é geralmente clínico. Faz-se uma anamnese e um exame físico com otoscopia. Cultura é realizada quando o tratamento não está tendo efeito. Logo, cultura não é exame de rotina. Otite externa - Fatores predisponentes: calor, ambiente úmido, usos de aparelho de amplificação sonora, uso de cotonetes e natação; Cor esverdeada é comum ser infecção por Pseudomonas aeruginosa (pigmento piocianina); Presente no ambiente. Epiglotite - Infecção grave da epiglote, potencialmente fatal mas que felizmente foi praticamente eliminada pela imunização è Problema do edema bloquear as vias aéreas (traqueostomia= abertura na região anterior ao pescoço); Mais comumente causada por Haemophilus influenzae do tipo B; Diagnóstico clínico para não causar agravamento da doença. Melhor forma de evitar é com a vacina contra H. influenzae tipo B. Na infância, tomamos a vacina da meningite. Essa vacina é produzida a partir de H. influenzae tipo B. Por isso são raros os casos de epiglotite, pois já estamos imunizados. Laringite - Mais comumente causada por vírus. A cultura bacteriana é raramente indicada, exceto para descartar difteria ou infecção estreptocócica. CULTURA DE AMOSTRAS DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR: Precisa-se de um ambiente adequado para a coleta. Luz na cavidade oral. Solicita-se que o paciente abra bem a boca e diga “aaa” (serve para levantar a úvula e não deixar dar ânsia de vômito). Língua é pressionada com uma espátula de língua e um swab é orientado sobre a língua até a faringe posterior especialmente nas áreas edemaciadas, adjacentes aos pontos com pus ou placas; Cuidado para não encostar nas paredes laterais da cavidade bucal ou a língua para minimizar a contaminação com bactérias comensais; Após a coleta o swab deve ser colocado imediatamente em um tubo estéril; Encaminhar ao laboratório em até 12 horas em temperatura ambiente Para melhorar o isolamento de Streptococcus pyogenes, a extremidade do swab pode ser colocada em um desidratante, tal como sílica gel. Serão necessários dois swab: um para cultura e outro para microscopia. Teste Rápido - Detecção direta de antígeno de estreptococo do grupo A (S. Pyogenes); Teste disponível comercialmente e pode ser liberado em 20 minutos após a chegada do material ao laboratório; Detecção é por coaglutinação, ELISA ou aglutinação em partículas de látex (possuem anticorpos); Vantagem: rapidez e possibilidade de fazer o diagnóstico da infecção mesmo em pacientes com uso de antimicrobianos; Desvantagem: Pode dar negativo quando o número de bactérias é reduzido. É recomendável que o teste negativo seja confirmado com a cultura. Exames Microscópicos - Diagnóstico de candidíase oral: Principalmente em recém-nascidos e adultos debilitados. Candida albicans; Coletar a amostra com swab e introduzi-lo em 0,5 ml de solução fisiológica estéril. Preparar uma lâmina a partir da solução homogeneizada e cobrir com lamínula. Observar ao microscópio com objetiva de 10x a presença de células leveduriformes. Exame para o método de GRAM também pode ser utilizado. Diagnóstico de Angina de Vincent: Gengivite ulcerativanecrosante aguda (GUNA) Ulceração da faringe ou gengiva e causada pela associação entre espiroquetas e bacilos fusiformes; Exame laboratorial direto em lâmina corada pelo método de Gram; Coletar a amostra da região ulcerada com swab e confeccionar uma lâmina para coloração; A presença de numerosos leucócitos polimorfonucleares, espiroquetas e bacilos fusiformes confirma essa infecção. Cultura - Semeadura:Rolar o swab em uma pequena área de uma placa contendo o meio de cultura; Se a amostra for líquida, depositar de 3 a 4 gotas sobre a pequena área da placa do meio de cultivo selecionado; Estriar com o auxílio de uma alça bacteriológica em três direções próximas uma da outra para obter colônias isoladas e para, se necessário, semiquantificar; Semeadura em meios sólidos em tubos: Estria sinuosa: semear com alça ou agulha bacteriológica, em zig-zag, partindo da base para a extremidade do bizel (superfície inclinada do meio). Objetivo: obtenção de intensa massa de microorganismos. Estria Reta: semear com agulha bacteriológica, fazendo uma linha reta, com cuidado de não ferir o Agar, partindo da base para a extremidade do bizel (superfície inclinada do meio). Objetivo: obtenção de pequena massa de microorganismos. Picada Central (mais utilizada): semear com agulha bacteriológica, no centro do Agar. Dependendo da finalidade, o inóculo deve penetrar até 2/3 do tubo ou até o fundo deste. Objetivo: é utilizado para verificar fermentação e motilidade em algumas técnicas. Não usar alça bacteriológica pois ela pode rasgar o meio de cultura. Em alguns casos, pode-se fazer estrias na superfície, para ver a fermentação da bactéria e seu metabolismo. Picada em Profundidade: semear com agulha bacteriológica, no centro do Agar. Dependendo da finalidade, o inóculo deve penetrar até 2/3 do tubo ou até o fundo deste. Objetivo: é utilizado para verificar fermentação e motilidade em algumas técnicas. Semeadura em meios sólidos em placas de petri: Pour-plate ou disseminação (método em profundidade): Transferir 1 ml da cultura para placa de Petri vazia, colocar 10 – 20 ml do meio fundido (e resfriado a cerca de 45 – 50°C) sobre a cultura e homogeneizar suavemente com movimentos circulares. Objetivo: contagem bacteriana. É utilizado também para análise de microorganismos anaeróbios, adicionando uma outra camada de meio fundido após o endurecimento da primeira camada. Estria simples (mais utilizado): transferir uma alçada da cultura para meio sólido em placa e estriar com a alça bacteriológica sobre o meio. A estria pode ser realizada em movimento de zig- zag (estria sinuosa) ou como uma linha reta sobre o meio (estria reta). Objetivo: Essa técnica é muito utilizada para visualização de determinadas propriedades metabólicas, como a produção de enzimas hidrolíticas (hidrólise de substâncias do meio - gema de ovo, sangue...), e produção de pigmentos. A intenção das estrias é visualizar múltiplas colônias individualizadas. Esgotamento em estrias ou estrias múltiplas: transferir uma alçada da cultura para meio sólido em placa e estriar com a alça bacteriológica sobre o meio. A placa é dividida em 4 quadrantes e a inoculação pode ser feita de 2 tipos: 3 estrias: estriar em metade da placa, com movimentos de zig-zag. Quando atingir a metade, girar a placa 90° e estriar até a metade (1/4 da placa), girar mais 90° e estriar o meio restante. 4 estrias: estriar até 2/3 da metade da placa, girar 90°, estriar 2/3 do próximo quadrante (1/4 da placa), girar 90°, estriar mais 2/3 do próximo quadrante (1/4 da placa), girar 90° e estriar o restante do meio. Objetivo: obtenção de colônias isoladas. É importante não cruzar as estrias (não tocar a alça na estria anterior), para reduzir o inóculo a cada estria e obter as colônias isoladas. Pode-se, alternativamente, flambar a alça entre as estrias e tocar a ponta da estria anterior, arrastando um pequeno inóculo para a próxima estria. Spread-plate ou distensão: Transferir 0,1 ml da cultura para o meio sólido na placa e espalhar uniformemente com a própria ponta da pipeta, ou alça bacteriológica/swab/alça Drigalsky. Objetivo: obtenção de crescimento confluente, ou para contagem bacteriana. Esta técnica é muito utilizada na realização de antibiogramas. Semeadura em meios líquidos: Difusão: uma alçada da colônia (Agar em placa) ou da cultura (de outro meio ou líquido) é introduzida no meio líquido, com agitação da alça, para maior difusão dos microorganismos (da alça para o meio e homogeneização no meio). Pode-se inclinar o tubo a 30° e esfregar o inóculo na parede do mesmo, quando o tubo retornar à posição original o inóculo se difundirá no meio. Objetivo: é um repique genérico para crescimento bacteriano em meio líquido. Incubação Placas em estufa com 5 a 10% de CO2 a 35 graus por 24 a 48 horas. No caso de suspeita de Arcanobacterium haemolyticus, N. meningitidis e N. gonorrhoeae, as placas devem ficar 72 horas na estufa. Avaliação das Culturas Após 18h e 24h de incubação, realizar a primeira leitura das placas para verificar a presença de microrganismos. Cultura de material de garganta Objetivo: Dirigido para infecção causada por estreptococos hemolíticos do grupo A; Diagnóstico da difteria e da coqueluche; Pesquisa de portadores de Neisseria meningitidis. Flora normal da garganta: Inclui estreptococos alfa-hemolíticos e mesmo beta-hemolíticos não pertencentes ao grupo A, Moraxella catrrhalis e neisserias saprófitas, Staphylococcus epidermidis (eventualmente Staphylococcus aureus), bacilos difteróides e enterobactérias. Finalidade: Detectar estreptococos beta-hemolíticos do grupo A; Detectar meningococos; Verificar predominância de Staphylococcus aureus; Haemophillus influenzae; Isolamento de Corynebacterium diphtheriae; Diagnóstico da angina de Vincent. Resultado do exame: Dependerá não somente do organismo presente mas também do número relativo de colônias. Testes diagnósticos para Estafilococos Prova da catalase: Catalase é a enzima que quebra H202, gerando H20 + O2. Podemos fazer esse teste em uma lâmina, colocando o material nela. Esfregue a colônia na lâmina, coloque uma gota de peróxido de hidrogênio. Se por acaso houver a formação de bolhas, o teste será positivo. Se não formar bolhas, o teste é negativo. No caso de trato respiratório superior com material de orofaringe, se der bolhas, será positivo para staphylococcos (o primeiro a se pensar é no aureus). Se não der bolhas, começamos a pensar em outras bactérias. Prova da coagulase: Identifica a capacidade do microorganismo formar coágulos no plasma. Existe o teste ''livre'' e o ''ligado''. Ligado: Coloca-se plasma humano ou de coelho, diluido 1:5 em solução fisiológica estéril. O plasma pode ser liofilizado. Coloca a bactéria com o plasma na lâmina, esperar 5min á temperatura ambiente e olha. Se por acaso em alguma bactéria for observada a presença de grumos esbranquiçados, o teste será positivo para staphylococcos aureus. Caso não forme nada, será negativo. Só fazemos isso quando o teste da catalase der positivo. Livre: Usar o tubo de ensaio estéril. Colocar a colônia e incubar á 37°C, em banho-maria. Essa incubação pode ter resultado em até 24h. Inverte-se o tubo de ensaio e se ele ainda estiver líquido, é um teste negativo. Se inverter o tubo e ele estiver sólido, o resultado é positivo para staphylococcos aureus. Esse teste é o mais indicado pois é o mais controlado e coloca a bactéria em condições ótimas. Prova da DNAase: Usado para identificar staphylococcos. Semeia-se a bactéria em um meio com DNA. As colônias que suspeitamos que sejam staphylococcos crescerão. Se forem mesmo staphylococcos, eles secretam DNAase, que quebra DNA do meio. Uma maneira de evidenciar o DNA é colocar ácido clorídrico, mas vai condensar o DNA. Se por acaso a bactéria secreta DNAase, na hora em que colocarmos o HCl, há a formação de um halo, pois o DNA já foi degradado (não foi condensado). Nesse caso, o teste é positivo para S. Aureus. Se por acaso, quando o HCl for colocado, condensando o DNA e o que estiver ao redor das colônias, significa que a bactéria não secretou DNAase, tornando o teste negativo. Testes diagnósticos para Estreptococos Prova da CAMP: Para identificar Streptococcos agalactiae. É realizado sempre em ágar-sangue. Teremos uma placa de petri, que é ágar-sangue. Semeia-se a bactériaem ágar-sangue, mas primeiro é preciso semear a bactéria S. aureus. Coloca o S. aureus, coloca a bactéria que não sabemos qual é e semeia-a perpendicularmente, sem encostar no aureus. Incubar á 37°C e deixar por 24h, esperando a bactéria crescer. Se por acaso a bactéria formar ''setas'', o teste é positivo para S. agalactiae. A seta, como está em ágar-sangue, significa a hemólise das hemácias. Isso porque o S. agalactiae é beta-hemolítico. Quando ele está perto do aureus, as hemolisinas do mesmo potencializa a hemólise total do agalactiae. Prova da bile-solubilidade: Para identificar S. pneumoniae. Utiliza a bile de boi. Se tiver presença de pneumococos, a bile de boi acaba ativando enzimas autolíticas do pneumococos, que fazem degradação da bactéria. Coloca-se a bile de boi em um tubo de ensaio e aguarde. Se o tubo continuar turvo, o teste é negativo. Se o tubo ficar limpo, com depósitos de bactérias apenas, o teste será positivo para S. pneumoniae. Prova da optoquina: Também serve para identificar pneumococos. A optoquina é um antibiótico. Semeia a bactéria de maneira confluente na placa de petri, contendo a optoquina. Incuba-se o material. Se na incubação houver a formação de um halo de inibição ao redor do disco, significa que a bactéria é sensível á esse antibiótico. Com isso, se ela for sensível, o teste é positivo para pneumococos. Testes diagnósticos para Haemophilus influenzae Prova do satelismo: Identifica H. influenzae do tipo B. Pega-se uma placa de petri e utiliza ágar-sangue para cultivar. O H. influenzae B não cresce nesse meio (cresce em ágar-chocolate). Utilizamos o S. epidermidis e o semeamos. Eles secretam fator V de crescimento, que ajudam o H. influenzae a crescer. Se houver mesmo crescimento junto ao S. epidermidis, chegamos ao diagnóstico de H. influenzae B. Teste dos discos com fatores de crescimento: A bactéria não cresce muito bem em ágar-sangue, a não ser que possuam fatores de crescimento. Semeia a bactéria em um meio que não seja ágar-chocolate e vai colocar discos que contenham fator X e fator V. Se por acaso houver crescimento da bactéria ao redor desses discos, o teste é positivo para H. influenzae.
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