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Professor Me. José Renato de Paula Lamberti Professor Me. Olirio Sperandio TEORIA DA CONTABILIDADE gRADuAçãO CIêNCIAs CONTáBEIs MARINgá-pR 2012 Reitor: Wilson de Matos Silva Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva Coordenação pedagógica: Gislene Miotto Catolino Raymundo Coordenação de Marketing: Bruno Jorge Coordenação Comercial: Helder Machado Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha Coordenação de Curso: José Renato de Paula Lamberti supervisora do Núcleo de produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura Capa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Jaime de Marchi Junior, José Jhonny Coelho, Luiz Fernando Rokubuiti e Thayla Daiany Guimarães Cripaldi supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo Revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina Kutsunugi e Maria Fernanda Canova Vasconcelos Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a distância: C397 Teoria da contabilidade / José Renato de Paula Lamberti, Olirio Sperandio. Maringá - PR, 2012. 162 p. “Graduação Ciências Contábeis - EaD”. 1. Teoria da contabilidade. 2. Patrimônio líquido. 3 .EaD. I.Título. CDD - 22 ed. 657 CIP - NBR 12899 - AACR/2 “As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites pHOTOs.COM e sHuTTERsTOCK.COM”. Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br NEAD - Núcleo de Educação a Distância - bl. 4 sl. 1 e 2 - (44) 3027-6363 - ead@cesumar.br - www.ead.cesumar.br TEORIA DA CONTABILIDADE Professor Me. José Renato de Paula Lamberti Professor Me. Olirio Sperandio 5TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância ApREsENTAçãO DO REITOR Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-ex- tensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referên- cia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe- tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação continuada. Professor Wilson de Matos Silva Reitor 6 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância Caro(a) aluno(a), “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 25). Tenho a certeza de que no Núcleo de Educação a Distância do Cesumar, você terá à sua disposição todas as condições para se fazer um competente profissional e, assim, colaborar efetivamente para o desenvolvimento da realidade social em que está inserido. Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação, determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que, independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento. Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente, você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa. Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados, pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma comunidade mais universal e igualitária. Um grande abraço e ótimos momentos de construção de aprendizagem! Professora Gislene Miotto Catolino Raymundo Coordenadora Pedagógica do NEAD- CESUMAR 7TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância ApREsENTAçãO Livro: TEORIA DA CONTABILIDADE Professor Me. José Renato de Paula Lamberti Professor Me. Olirio Sperandio Olá, prezado(a) acadêmico(a)! Seja bem-vindo(a) ao livro de Teoria da Contabilidade. Este livro foi feito especialmente para seu estudo, em que procuro mostrar aspectos teóricos da contabilidade em suas diversas abordagens para proporcionar maior aproveitamento para atividade profissional. Agora, faço um pequeno relato para facilitar o entendimento das unidades. Na Unidade I, chamada INTRODUÇÃO À TEORIA DA CONTABILIDADE, procurarei trazer os aspectos conceituais sobre a contabilidade como ciência. Além disso, será apresentada toda evolução histórica da contabilidade que ajuda a compreender o desenvolvimento do profissional contábil até os dias atuais com o desenvolvimento das escolas de pensamento contábil. Nesse contexto, será mencionada uma breve história da contabilidade no Brasil. Além disso, apresentar-se-ão aspectos conceituais da teoria da contabilidade e todas as abordagens que a teoria da contabilidade possui. Na Unidade II, caro(a) acadêmico(a), vamos estudar os objetivos da contabilidade que serve de base para a execução do seu trabalho profissional por meio dos diversos usuários que você como contador tem que prestar informações com qualidade. A Unidade III trará a estrutura conceitual básica que serve de arcabouço teórico por meio dos postulados,princípios e convenções que atualmente é tratado como os princípios da contabilidade segundo a Resolução 750/93 com atualização da 1282/2010. Na Unidade IV, chamada de ATIVO, PASSIVO, PATRIMÔNIO LÍQUIDO, RECEITAS E DESPESAS apresentar-se-ão conceitos, características, mensuração e reconhecimentos de todos os componentes patrimoniais de uma entidade. Para finalizar, a Unidade V denominada EVIDENCIAÇÃO EM CONTABILIDADE, apresentará o conceito de evidenciar, os tipos de evidenciação que pode ser tanto obrigatório como 8 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância voluntária e os níveis de evidenciação e as várias formas de evidenciação que são feitas por meio das demonstrações contábeis. Caro(a) acadêmico(a), é isso que será apresentado no decorrer das unidades e esperamos que esse material facilite para o conhecimento sobre a Teoria da Contabilidade para sua vida profissional. Qualquer dúvida, estarei à disposição juntamente com a nossa equipe! Sucesso! Professor José Renato suMáRIO uNIDADE I INTRODUÇÃO À TEORIA DA CONTABILIDADE A CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA.....................................................................................16 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE .....................................................................21 ESCOLAS DO PENSAMENTO CONTÁBIL ............................................................................28 BREVE HISTÓRIA DA CONTABILIDADE NO BRASIL ..........................................................33 TEORIA DA CONTABILIDADE ...............................................................................................37 ABORDAGENS DA CONTABILIDADE....................................................................................38 uNIDADE II OBJETIVOS DA CONTABILIDADE OBJETIVOS DA CONTABILIDADE ........................................................................................43 USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL ............................................................................45 ANÁLISE DAS QUALIDADES DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS .......................................50 uNIDADE III POSTULADOS, PRINCÍPIOS E CONVENÇÕES E RESOLUÇÃO 750/1993 E 1281/2010 PRINCÍPIOS CONTÁBEIS ......................................................................................................66 AS CONVENÇÕES CONTÁBEIS (NORMAS E RESTRIÇÕES) .............................................72 TEORIA DA AGÊNCIA ............................................................................................................79 uNIDADE IV ATIVO, PASSIVO, PATRIMÔNIO LÍQUIDO, RECEITAS E DESPESAS ATIVO ......................................................................................................................................87 PASSIVO .................................................................................................................................94 PATRIMÔNIO LÍQUIDO ..........................................................................................................95 BASES PARA A MENSURAÇÃO DA RECEITA....................................................................101 DESPESAS ...........................................................................................................................104 O GRAU DE ASSOCIAÇÃO DAS DESPESAS COM AS RECEITAS ...................................107 GANHOS E PERDAS EXTRAORDINÁRIOS (ITENS EXTRAORDINÁRIOS) ...................... 113 uNIDADE V A EVIDENCIAÇÃO EM CONTABILIDADE EVIDENCIAÇÃO ...................................................................................................................121 AS VÁRIAS FORMAS DE EVIDENCIAÇÃO .........................................................................123 BALANÇO PATRIMONIAL ....................................................................................................124 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ........................................................125 DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS ....................................127 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO .....................................127 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ...........................................................................129 DEMONSTRAÇÃO DE VALOR ADICIONADO .....................................................................131 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE .........................................................132 NOTAS EXPLICATIVAS ........................................................................................................133 RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO .....................................................................................133 PARECER DO CONSELHO FISCAL ....................................................................................134 RELATÓRIO DOS AUDITORES INDEPENDENTES ............................................................135 CONCLusãO ........................................................................................................................139 REFERêNCIAs .....................................................................................................................140 ANEXO ..................................................................................................................................141 uNIDADE I INTRODuçãO À TEORIA DA CONTABILIDADE Professor Me. José Renato de Paula Lamberti Professor Me. Olirio Sperandio Objetivos de Aprendizagem • Apresentar os principais conceitos de Ciências dos números. • Dissertar uma breve história da Contabilidade. • Demonstrar os principais conceitos sobre Teoria da Contabilidade. • Estudar as abordagens da Teoria da Contabilidade. plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Definição de ciências • Definição de ciências contábeis • História da Contabilidade • Teoria da Contabilidade • Abordagens da Contabilidade 15TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância INTRODuçãO Prezado(a) acadêmico(a), em Ciências Contábeis, em nossa primeira unidade situaremos a Ciências Contábeis na concepção da humanidade pensante, a qual fazemos parte. Fo nt e: S HU TT ER ST OC K. CO M A primeira pergunta que gostaria de fazer aqui é a seguinte: como seria o mundo sem a Contabilidade? O que seria das empresas financeiras e não financeiras, do governo, dos empresários, dos acionistas, esses entes denominados stakeholders, caso a Contabilidade não gerasse documentos que pudessem ser interpretados para descobrir a essência de investimentos, financiamentos, riqueza? Seria possível tomar decisões em um ambiente cada vez mais competitivo? É aqui o ponto de partida: estamos em um mundo cada vez mais competitivo, em que a tomada de decisão correta e rápida favorece-nos, isto é, proporciona as empresas o que chamamos de vantagem competitiva, o que faz uma pessoa se interessar pela nossa empresa e não pela 16 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância do vizinho. E as informações contábeis são de suma importância nesse novo âmbito de mundo empresarial. Muitos autores, referências em Contabilidade e até mesmo do mundo do negócio, declaram que a Ciências Contábeis é a profissão do futuro, uma das profissões que as empresas têm necessidade de mão de obra qualificada. No entanto, deixo claro que para entrar nesse mundo corporativo depende muito de você, de sua busca incessante de conhecimentos relacionados à contabilidade. A contabilidade como veremos a partir de agora é uma ciência, e suas teorias sempre estão em constante aperfeiçoamento, o que significa para nós que nunca deixaremos de estudar. Seremos eternos estudantes da Contabilidade. A CONTABILIDADE COMO CIêNCIA Caro(a) aluno(a), você já pensou no significado da palavraContabilidade? E o que essa palavra significa para toda a evolução da nossa sociedade do conhecimento? Como seria um mundo sem a Contabilidade? Vamos pedir auxílio aos nossos ilustres mestres de nossa grandiosa profissão. O primeiro deles é o saudoso mestre Antônio Lopes de Sá, que faleceu em 2010. No entanto, nos deixou preciosas obras que servem como fonte inspiradora para a prática das Ciências Contábeis. Lopes de Sá (2010, p.46) define a contabilidade do seguinte modo: “a Contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos patrimoniais, preocupando-se com realidades, evidências e comportamentos dos mesmos, em relação a eficácia funcional das células sociais”. Para Lopes de Sá (2010, p. 39), a Contabilidade deve ser enquadrada como ciências, pois “atende a todos os requisitos necessários para tal qualificação”. Além disso, para o saudoso mestre o conhecimento contábil é por essência experimental, assim como ocorre em todas as outras ciências. 17TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância Mas quando ouvimos a palavra ciência, nós não percebemos a força dessa palavra que está concentrada em nossas mãos. A palavra ciência deriva do latim scientia, que podemos traduzir como conhecimento. E é o que estamos fazendo agora, produzindo conhecimento sobre contabilidade. Observe a tradução de ciência para Rubem Alves (1981, p.21): Quando um cientista enuncia uma lei ou uma teoria, ele está contando como se processa a ordem, está oferecendo um modelo da ordem. Agora ele poderá prever como a natureza vai se comportar no futuro. É isto que significa testar uma teoria: ver se, no futuro, ela se comporta da forma como o modelo previu. Esse trecho é profundo demais. Pena que poucos percebem essa tangibilidade inserida nos fatos contábeis. Quando ouvimos a palavra ciência, nós não percebemos a força dessa palavra nas teorias que desenvolveremos e que estará concentrada em nossas mãos. Outros autores, também, sustentam a Contabilidade como Ciências. Franco (1977, p.58) argumenta que a característica científica da Contabilidade é visualizada na “possibilidade de previsão dos efeitos gerados por determinados fenômenos patrimoniais”. Já no CFC – NBC T, a Contabilidade é definida como ciência social: A Contabilidade, na sua condição de ciência social, cujo objeto é o patrimônio, busca, por meio da apreensão, da quantificação, da classificação, do registro, da eventual sumarização, da demonstração, da análise e relato das mutações sofridas pelo patrimônio da entidade particularizada, a geração de informações quantitativas e qualitativas sobre ela, expressas tanto em termos físicos, como monetários. Herrmann Júnior (1978, p. 29) define a contabilidade como: “Ciência autônoma que tem por objetivo o estudo do patrimônio aziendal sob o ponto de vista estático e dinâmico”. Desse mesmo modo, Hendriksen e Breda (2010, p.29) descrevem: “a Contabilidade é a ciência que cuida do registro, classificação e sintetização, de maneira significativa e em termos monetários, de transações e eventos que são em parte, de natureza financeira, e de interpretação de seus resultados”. 18 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância Essas afirmações só reforçam as razões científicas da Contabilidade. Lopes de Sá sabia o que estava falando e para comprovar sua teoria, argumentou em favor do conhecimento contábil como científico, utilizando o quadro abaixo: Quadro: Contabilidade como ciência Possui fontes de informação organizadas sistematicamente. Pode enunciar verdades sobre fatos verificáveis. Tem condições de descobrir novos fatos e de estabelecer modelos de situações ainda não constatáveis. Por meio de sua doutrina e experimentação, pode enunciar leis científicas, válidas universalmente. Contribui para a evolução da humanidade por seus postulados de eficiência no uso da riqueza, militando em favor do bem-estar material das células sociais, de seus componentes e de toda a sociedade. Fonte: Adaptado de Lopes de Sá (2010) E observando os fatos, a própria palavra teoria se correlaciona em sua essência com a ciência. Observe como Carqueja (2007, p.10) sintetiza o que significa teoria: O significado do termo “teoria” foi apurado no segundo terço do século passado, pelas muitas referências à célebre “Teoria da relatividade”, de Einstein, e à equação E=mc². Socialmente o termo acabou muito ligado à ideia de explicação abrangente, embora num dicionário, do tipo de um dicionário escolar para o ensino médio, encontremos este significado, mas também outros: conhecimento especulativo, princípios básicos de uma ciência ou doutrina, sistema ou doutrina que trata de princípios básicos, opiniões sistematizadas, conjectura, hipótese, explicação possível. Dessa forma, apenas para finalizarmos esse primeiro tópico, verifique o quadro feito por Lopes de Sá (2011) que responde a todos os questionamentos sobre a natureza do reconhecimento contábil. Possuir objetos de estudos. O Patrimônio é o objeto de estudos. Aspecto peculiar. A eficácia é o aspecto observado. 19TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância Levantar hipóteses válidas. Potencialidades do patrimônio, como con-tingências, por exemplo. Estudar fenômenos com rigor Analítico. Análise de liquidez, custos, retornos de inves-timento. Métodos básicos de estudo do objeto. Fenomenológico e Indutivo Axiomático. Verdades de valor universal. Quanto maior a velocidade do capital circu- lante, tanto menor a necessidade de capital próprio. Permitir previsões. Orçamentos financeiros, de custos, de lucros. Acolher correntes doutrinárias. Contismo, personalismo, controlismo, reditua- lismo, patrimonialismo, aziendalismo, neopatri- monialismo. Possuir teorias próprias. Teoria: das aziendas, rédito, valor, equilíbrio patrimonial, funções, etc. Basear-se em conhecimentos de na- tureza. Milenar é a acumulação do conhecimento contábil. Prestar utilidade. Aplicam-se os modelos de comportamento da riqueza para gestão empresarial e institucional a orientação de investimentos; ao controle orçamentário e fiscal, etc. Fonte: Lopes de Sá (2011) Sabe o que Lopes de Sá falaria agora, se estivéssemos em uma aula com esse saudoso mestre, ele nos esclareceria: Antônio Lopes de Sá Fonte: <pt.wikipedia.org/wiki/Antônio_Lopes_de_Sá> 20 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância - “PRESTEM ATENÇÃO NO QUADRO ANTERIOR. NÃO HÁ DÚVIDAS, A CADA EXIGÊNCIA DA LÓGICA DAS CIÊNCIAS, RESPONDE A CONTABILIDADE COM CONCRETAS E OBJETIVAS ARGUMENTAÇÕES DE ENQUADRAMENTO”. E assim terminaria mais uma grande aula. Caro(a) amigo(a) aluno(a), assista a essa grande homenagem ao professor Lopes de Sá. É uma recomendação para a sua vida! <http://www.youtube.com/watch?v=wff4N2bRPtU>. Vale a pena ler o texto a seguir que de maneira singular dá forma a Ciências Contábeis. Foi retirado do artigo de Carqueja (2007, p.10 apud STAMP, 1993, p.295). Assim parece razoável afirmar que enquanto nós temos uma interessante “realidade aparente” quer na contabilidade quer na economia, consistindo de bens, edifícios, pessoas, transações financeiras, etc., só a podemos organizar, para ficar com os dados simplificados da contabilidade, excluindo mui- tos dos elementos dessa realidade. Ao procedermos assim pagamos um alto preço – não só porque temos que tomar muitas decisões acerca do significados das entidades envolvidas (tal como o do con- ceito legal de negócio), bastante arbitrários (poderíamos falar de atribuição de custos, da depreciação, etc.), mas também porque perdemos contato com a base, a muito complexa realidade de base, dos desejos humanos, do conhecimento, de processos dependentes do clima, e de outros aspectos sem conta sobre os quais repousam os aspectos económicos. Quando na biologia pretendemos estudar a evolução não há grande problema porque sabemos que só alguns aspectos interessam.Na economia procurei demonstrar que não é assim, especialmente no 21TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância campo da microeconomia. Os sistemas com os quais a contabilidade pretende lidar, desde armazéns de milho até multinacionais do petróleo são fundamentalmente sistemas abertos, interagindo intensa- mente com o exterior a todos os níveis (para manter a analogia de observação com a física). Esta análise pouco promissora da realidade econômica não satisfaz nem o contabilista nem o filósofo. Só posso encorajar os contabilistas otimistas a procurar uma teoria. Ao filósofo a minha análise pa- recerá supersimplificada. Em particular a maior parte das minhas anotações sobre realidade faz com que esta pareçam teorias consistentes de sistemas fechados (ou quando não fechados relacionados subsidiariamente com teorias de outros sistemas fechados). Contudo esta é forma como um cientista tem que olhar para a realidade – cada vez que uma teoria muda é alterada a perspectiva de observa- ção da realidade a que respeita. Mesmo que o filósofo não nos diga que é frágil a nossa percepção da realidade a continua mudança de teorias bastaria para o evidenciar. Neste sentido todas as realidades que estudamos têm que ser consideradas como convenções (pes- soais ou não), como poeira no vento, ou, como Platão via o problema, sombras na parede duma caverna. EVOLuçãO HIsTÓRICA DA CONTABILIDADE Prezado(a) acadêmico(a), nesse tópico pensaremos na evolução histórica da Contabilidade, com o objetivo de demonstrar a sua importância na história da civilização, do homem como conhecemos hoje, que busca o seu bem-estar social. Para Iudícibus (2010), a Contabilidade é tão remota quanto o homem que pensa e conta, pois a sua necessidade de acompanhar a evolução dos patrimônios foi o grande motivo para o seu desenvolvimento. Conforme Iudícibus (2010) afirma, a Contabilidade é tão antiga quanto a origem do Homo Sapiens, sendo que alguns historiadores creditam os primeiros sinais objetivos da existência da contabilidade a aproximadamente 2.000 anos a.C. Outros historiadores determinam que até antes da era Cristã, surgiram diversos registros de transações contábeis na China, Egito, Assíria, Fenícia, Pérsia etc., claro que de forma rudimentar. 22 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância Com o desenvolvimento do comércio com as Índias, deu-se o surgimento do Mercantilismo, da burguesia, a descoberta de diversos campos de conhecimento (Renascimento), ocorrendo daí a maturidade da contabilidade no tocante ao registro e controle das operações, que foi ocorrendo muito lentamente ao longo dos séculos. Nessa época, pela influência da Inquisição, os números negativos eram considerados bruxaria e apenas os números positivos representavam algo cristão, o que explica a aposição do sinal de menos para os números negativos e o sinal da cruz ou soma para os positivos. Para evitar a Inquisição, era necessário criar-se um método de escrituração das transações comerciais que demonstrasse a relação de causa e efeito das operações. Essa expansão da contabilidade ganha novo ímpeto a partir da era industrial, especialmente pela complexidade na geração de informações. Nesse período, desenvolve-se um campo fértil para o desenvolvimento de novas teorias, especialmente àquelas relacionadas a custos industriais. Finalmente, o período pós-industrial apresenta-se como um novo desafio aos contadores. Agora já não era mais os custos das mercadorias ou produtos o alvo de controle por parte da contabilidade. Surge a figura dos custos dos serviços, com grau de complexidade ainda maior que aquele apresentado no período industrial. Como mensurar o custo dos serviços? Como avaliar o capital intelectual? Como contabilizar “Recursos Humanos”? São questões de uma nova era que a contabilidade precisa encontrar respostas se quiser continuar sendo relevante para as entidades. Analisando o processo evolutivo da contabilidade ao longo da história pode-se perceber que, em cada época, a contabilidade procurou ou tem procurado gerar informações que pudessem atender aos requisitos dos usuários. 23TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância Fo nt e: S HU TT ER ST OC K. CO M No momento em que o homem passa a ter bens, mesmo em épocas muito longínquas, a contabilidade aparece como um instrumento eficaz no controle desses bens. E, assim permanece durante muitos anos, utilizando o método das partidas simples. Qual era fundamentalmente o objetivo da contabilidade nesse período? – informar, mesmo que de forma rudimentar, o objetivo da contabilidade estava direcionado ao registro e controle dos bens e das transações com vistas a informar o proprietário. Na era mercantilista, provavelmente no século XIII ou XIV, na Itália que floresceu a Contabilidade, nas cidades de Veneza, Florença e Pisa. Essas cidades, entre outras, fervilhavam de atividade mercantil, econômica e cultural, então foi nesse período, por volta de 1494, que o frei franciscano chamado Luca Pacioli escreveu seu famoso livro Tractatus de Computis et Scripturis, que descrevia o sistema de partidas dobradas, e apresentava o raciocínio em que buscavam os lançamentos contábeis, onde que para todo crédito há um débito. Na era mercantilista, mas precisamente entre os séculos XIII e XIV começam a florescer no norte da Itália centros de comércio e, paralelamente a essa expansão comercial surgem os primeiros registros contábeis pelo método das partidas dobradas. Esse método desenvolvido pelo Frei Luca Pacioli provoca uma revolução na forma de controle e escrituração, especialmente por reconhecer na contabilidade de cada uma das entidades envolvidas, as relações de débito e crédito, ou em outra ótica, as fontes e as aplicações de recursos. 24 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância Os vários fatores que contribuíram e até mesmo facilitaram o surgimento do método das partidas dobradas foram: a) a escrita – o desenvolvimento da comunicação por meio da escrita (impressa) foi talvez o fato que provocou maior reflexo em toda a história da humanidade, pois o acesso ao conhecimento foi a alavanca propulsora do desenvolvimento econômico e social; b) o surgimento da moeda – a moeda como instrumento de troca veio substituir o escambo e fez surgir um campo fértil para a compilação de valores e suas análises frente às ope- rações realizadas; c) a aritmética – a utilização dos fundamentos da aritmética na busca de soluções para pro- blemas de controle contábil deu origem ao método das partidas dobradas, cuja evolução da escrita e da moeda proporcionou condições favoráveis à expansão da contabilidade em todo o mundo. A aritmética teve grande influência no desenvolvimento da contabilidade, pois a obra de Luca Pacioli, “Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalita”, editada em 1494, em que se apresenta toda a fundamentação sobre o método das partidas dobradas é basicamente um tratado de matemática. Em decorrência de uma fundamentação lógica de fácil compreensão e aplicabilidade o método das partidas dobradas pode ser considerado como um divisor de águas entre a antiga e a nova contabilidade, visto que desde a sua publicação tem sido o direcionador do raciocínio contábil ao longo da história. Muitos anos já se passaram desde o desenvolvimento do método das partidas dobradas, o ambiente empresarial sofreu inúmeras modificações ao longo desses anos todos, entretanto, a base para a geração de informações contábeis permanece inalterada, o raciocínio contábil fundamenta-se na relação de fontes e aplicações de recursos, e desta forma tem contribuído para a geração de informações mesmo nos contextos mais complexos como os que vivemos atualmente. 25TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância A história nos evidencia que o mercantilismo que floresceu na Europaa partir dos séculos XIV, principalmente nas cidades de Gênova, Florença e Veneza provocou um ambiente favorável à expansão da contabilidade. Nesse período, as características do comércio diferem em grau de complexidade daquelas existentes em épocas anteriores. Mas, nesse novo ambiente, o objetivo da contabilidade permanece o mesmo? Sim, continua sendo informar. Evidentemente que em um contexto mais abrangente que aquele apresentado no início da contabilidade. Com o advento da indústria os fatores determinantes do custo que permaneceram praticamente inalterados desde os primórdios da contabilidade até o fim da era mercantilista, tornam-se mais complexos. Na era mercantilista o custo era basicamente o valor de aquisição das mercadorias, sendo calculado da seguinte forma: Estoque inicial + Compras – Estoque final = Custo das Mercadorias Vendidas. Na era industrial surge uma nova característica de empresa: a indústria. Essa nova modalidade de empreendimento modifica substancialmente o cenário contábil, especialmente no tocante a formação de custos, na medida em que ao invés de comprar a mercadoria ou produto acabado, passa a adquirir a matéria-prima, sobre a qual agrega a mão de obra e os custos indiretos de fabricação de forma a gerar um novo produto com características próprias e específicas. Neste contexto as pesquisas avançam no sentido de dotar as empresas de sistemas que pudessem informar o consumo de matéria-prima por produto, o nível de desperdício, o tempo de produção, o volume de gastos complementares, a forma de incorporação desses gastos aos produtos em elaboração, acabados etc., ou seja, foi necessário o desenvolvimento de teorias que propiciassem condições para que a contabilidade pudesse informar adequadamente os gestores sobre o desempenho da indústria. A busca de mecanismos de informação acerca de custos contribuiu para o surgimento de teorias, como: absorção, RKW; ABC; Direto e outras similares, todas direcionadas a geração de informações com vistas a atender as necessidades informacionais de usuários internos e externos. 26 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância Atribui-se também a era industrial o surgimento das grandes corporações que muito contribuíram para a evolução da contabilidade, especialmente pelo grau de qualidade exigida das informações contábeis. Nesse ambiente, a ótica de geração de informações também sofre um impacto com o advento das grandes corporações. Começa nesse período o desenvolvimento de teorias que distinguem a contabilidade direcionada aos usuários externos daquela direcionada aos usuários internos. Desses estudos subdivide-se a contabilidade em duas vertentes: a contabilidade financeira ou societária, cuja finalidade é gerar informações para os usuários externos dentro de requisitos específicos e legais. Vale lembrar que a contabilidade financeira ou societária não é a contabilidade fiscal. A contabilidade financeira ou societária deve ser elaborada para atender os interesses da entidade no que tange à geração de informações externas e os ajustes para atender os interesses do governo, de acordo com a legislação fiscal devem ser efetuados à parte. Ou seja: o governo é um usuário da informação contábil, tal qual fornecedores, bancos, sindicatos e muitos outros, só diferindo pelas exigências quanto à forma e conteúdo das demonstrações contábeis. Fo nt e: S HU TT ER ST OC K. CO M A contabilidade gerencial foi organizada para ser um instrumento de apoio à gestão utilizando para tanto conhecimentos de custos, análises de balanços e sistema de informação. Em decorrência de suas peculiaridades a contabilidade gerencial utiliza procedimentos, muitas vezes, diferentes daqueles utilizados pela contabilidade financeira, especialmente por estar 27TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância disponibilizada como uma ferramenta que pode gerar informações direcionadas aos diversos setores, unidades, departamentos etc., da organização com vistas a proporcionar condições adequadas de controle, análise e tomada de decisões. Finalmente tem-se a era pós-industrial, em que os fatores de formação de custos e gerenciamento apresentam-se cada vez mais complexos. Paralelamente ao surgimento do mercado de serviços tem início o processo de globalização que em conjunto com o mercado de serviços proporciona condições adequadas para uma análise dos conteúdos teóricos contábeis disponibilizados até então. A contabilidade precisava continuar informando, e quanto mais agressivo e complexo o ambiente, maior a necessidade de velocidade e precisão. As teorias de custos e os sistemas de informações advindas da era mercantil e industrial já não eram capazes de satisfazer as necessidades informacionais das empresas, especialmente pela necessidade de teorias que pudessem responder aos problemas de uma nova configuração de ambiente empresarial. A necessidade de uma contabilidade de custos industrial avançada ganha então um aliado de peso, a contabilidade de custos das empresas prestadoras de serviços. Os fatores de custos que na indústria são a matéria-prima, mão de obra direta e os custos indiretos de fabricação, nas empresas de serviços ficam restritos ao custo da mão de obra e alguns gastos complementares. O que se abstrai dessa pequena reflexão sobre a evolução da contabilidade dentro da ótica da evolução do comércio, da indústria e da prestação de serviços é que, em cada época, independente do maior ou menor grau de complexidade, ou mesmo dos fatores internos ou externo às organizações, o objetivo da contabilidade permaneceu praticamente inalterado. O que mudou, dependendo da época, foi a necessidade informacional dos diversos usuários. 28 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância EsCOLAs DO pENsAMENTO CONTáBIL Prezado(a) graduando(a), com a disseminação do conhecimento da contabilidade e as pesquisas feitas em torno dela, principalmente, após a obra de Luca Pacioli, começou a ser criado um arcabouço teórico capaz de fundamentar em ciência o que nós escolhemos hoje como profissão. Dessa forma, teorias são defendidas por diversas correntes de pensadores, que nós chamamos de escola. Segue abaixo um breve resumo das escolas contábeis realizada por Coelho e Lins (2010): Escola contista: surgiu no século XV, com a obra de Luca Pacioli, e foi impulsionada pelos primeiros livros impressos de contabilidade. Suas teorias ficaram inalteradas até o século XVIII, e foi conhecida como a era da estagnação contábil. A preocupação central era explicar o funcionamento das contas, esquecendo-se que a conta é apenas consequência das operações que ocorreram na entidade. Sendo que Degranges enumera os cinco principais efeitos: 1º mercadorias; 2º dinheiro; 3º efeito a receber; 4º efeito a pagar e 5º lucros e perdas. Nesta corrente de pensamento contábil, os pensadores que mais se destacaram foram: Jacques Savovy e Edmund Degrange (pai) (FAVERO et al., 1997). A escola contista perdeu influência devido à falta de suporte e enunciação. Escola Personalista: essa escola do pensamento contábil é conhecida, também, como escola Toscana e surge em reação aos conceitos e propostas da escola contista. Essa corrente tem com objetivo explicar as relações de direitos e obrigações. Para defender suas teses os autores dessa época criaram os axiomas, que são premissas que admitem serem verdades sem exigência de demonstração. Essa linha de pensamento foi amplamente analisada pela escola aziendalista, como será visto mais adiante. Seguem os axiomas: • 1°AXIOMA: toda azienda (conjunto de obrigações, bens materiais e direitos que cons- tituem um patrimônio) deve ser administrada, todas possuem um ou mais proprietários, 29TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância e estes não podem conseguir uma gestão se não entrarem em contato com agentes e correspondentes.• 2°AXIOMA: uma coisa é desfrutar a propriedade, outra é administrar. • 3°AXIOMA: uma coisa é administrar a azienda, e outra custodiar sua substância e por ela responder materialmente. • 4°AXIOMA: não se pode criar um devedor sem, simultaneamente, criar-se um credor e vice-versa. • 5° AXIOMA: o proprietário, administrado ou não a azienda, é, de fato, credor da substân- cia e devedor das passividades pertinentes àquela, ao contrário do que ocorre com os agentes e com os correspondentes. • 6° AXIOMA: o débito e o crédito do proprietário não variam senão em razão de perdas ou lucros, ou ainda por acréscimos ou reduções do capital originário. Escola Administrativa: vários são os nomes para nomear essa escola de pensamento contábil: escola administrativa, Lombarda, materialista ou ainda materialista substancial. Essa escola originou-se no norte da Itália, no século XIX, e a administração das entidades passou a ser o foco dos estudos. Aqui nasce a ideia de que todo empreendimento deve ser precedido de um estudo de viabilidade econômica. Dessa forma, nota-se que a contabilidade ligada à administração, destinada a interpretar a dinâmica das empresas. Escola Controlista: os estudiosos dessa época entediam a contabilidade como a ciência do controle econômico. A administração econômica era dividida: gestão (que visa à administração do patrimônio); direção (que harmoniza a administração econômica e as relações internas e externas da entidade); e controle (que visa impedir o desperdício). Escola Reditualista: era o pensamento contábil que enunciava ser o resultado (lucro ou prejuízo) o objeto de estudo da contabilidade. Fato é que os estudiosos dessa corrente estudavam a dinâmica da riqueza patrimonial, sem se preocupar com os elementos desse 30 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância mesmo patrimônio. A grande contribuição feita por essa corrente foi a dinâmica do movimento patrimonial associada ao ciclo operacional e não ao ano-calendário. Escola Matemática: surgiu em 1901, por meio de um estudioso italiano chamado Giovani Rossi. Para esse autor, a contabilidade era uma ciência matemática na sua essência. Escola Norte-Americana: com a criação da AAPA (American Association of Public Accountants) em 1887, que centrou a melhoria da informação contábil, na padronização dos processos contábeis. Essa escola procurava metodologias que permitissem uma clara visão dos relatórios contábeis e dos lançamentos que lhe deram origem, a fim de facilitar o entendimento dos conceitos e teorias contábeis. Escola Neocontista ou Moderna Escola Francesa: o neocontismo do início do século XX procurou restituir a contabilidade o seu verdadeiro objeto: a riqueza patrimonial e, em consequência, trouxe grande avanço para o estudo da análise patrimonial e dos fenômenos decorrentes da gestão empresarial. Escola Alemã: surgiu na Alemanha a partir de 1919, concentrando-se em duas visões: teoria econômica das empresas e o sistema de cálculo. A contabilidade era considerada como o conjunto de registros para fornecer elemento de gestão. Escola Aziendalista: nessa corrente, que surgiu em 1922, a contabilidade é considerada como a ciência da administração econômica das entidades e estuda não só os resultados de uma gestão, mas também seus princípios e constituição harmônica das pessoas da organização. Nessa concepção, a azienda se constitui de dois elementos: pessoas (elemento humano) e a riqueza (patrimônio). Escola Patrimonialista: a primeira proposta de formulação de uma corrente contábil, que defendia a contabilidade como ciência do patrimônio. Seu grande autor foi Vicenzo Masi, que começou a escrever teorias em 1923. 31TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância Os principais fundamentos dessa escola, que são referência da contabilidade, são: • A contabilidade é uma ciência social. • O objeto da contabilidade é o patrimônio aziendal. • Os fenômenos patrimoniais são fenômenos contábeis e podem ser divididos em: estática patrimonial, dinâmica patrimonial e levantamento patrimonial. • O patrimônio deve ser observado em seus aspectos qualitativos e quantitativos. • O fenômeno patrimonial conceitua-se como todo acontecimento que se verifica no patri- mônio. Escola Neopatrimonialista: pode-se dizer que é a primeira escola de pensamento contábil originada no Brasil. Seu início ocorreu em 1978, a partir dos estudos do Professor Antônio Lopes de Sá, que foram expostos pela primeira vez em 1987 na Universidade de Sevilha, na Espanha. Tem o mesmo enfoque a teoria patrimonialista, mas com claro objetivo de torná-la mais atual face às mudanças tecnológicas e científicas do nosso mundo. Século XX – ênfase no controle (1ª fase): do ponto de vista conceitual, a escola presente até hoje é a patrimonialista, que teve sua concepção na década de 20. Nessa mesma época, nos Estados Unidos, houve a queda da Bolsa de Nova York, com a crise de 29, que tornou uma grande depressão e atingiu vários níveis mundiais, afetando a economia de vários países durante anos. A contabilidade não conseguiu prever a crise e nem seus efeitos. Dessa forma, houve muitas críticas sobre a falta de uma uniformidade das práticas contábeis. A partir desse momento, surge a necessidade dos pareceres da auditoria e de diversas análises dos demonstrativos contábeis. Essas metas aumentam o controle das empresas e regras de padronização. Nasce a SEC (Security and Exchange Comission), órgão fiscalizador independente do governo federal para fiscalizar se as empresas estavam cumprindo as novas regras, principalmente, as vinculadas aos títulos e valores mobiliários. 32 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância sugestão de Vídeo 1 Prezado(a) aluno(a), assista ao vídeo sobre a depressão de 1929. É muito interessante para enten- dermos como a Contabilidade, naquele momento, não conseguiria prever a quebra das empresas e estava desatualizada. <http://www.youtube.com/watch?v=sXyKhYQPp1w>. sugestão de Vídeo 2 Prezado(a) aluno(a), assista a um dos melhores fi lmes que já assisti na minha vida. Essa é uma recomendação minha. Esse vídeo mostra a grande depressão de 1929, mas de uma maneira muito particular. Título original: It’s a Wonderful life Título no Brasil: A felicidade não se compra Dirigido por: Frank Capra Com: James Stewart, Donna Reed, Ward Bond e outros Gênero: Comédia dramática, Fantasia Nacionalidade: EUA 33TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância sinopse: George Bailey (James Stewart) é um homem que nunca quis seguir a benevolente carreira de banqueiro do seu pai. Ele queria sair, para conhecer o mundo e seus segredos. Porém, por causa da necessidade de todos ao seu redor, ele nunca conseguiu realizar o seu sonho. Até que pensou em se matar, por causa de uma dívida, e recebeu uma mãozinha lá de cima. Segue o link: <http://www.youtube.com/watch?v=ekWb0g4-zmQ>. Século XX – a busca pela harmonização internacional (2ª fase): Prezado(a) acadêmico(a), com a evolução da globalização da economia, avanço da tecnologia, o fortalecimento do mercado de capitais, dentre outros fatores, a contabilidade necessitava ter padrão internacional. Imagine a seguinte situação: como um investidor internacional investiria em uma empresa brasileira, caso não soubesse entender os documentos contábeis que lhe demonstrariam a sua rentabilidade financeira? Perceba que a contabilidade, via de regra, está se ajustando a essa teoria. BREVE HIsTÓRIA DA CONTABILIDADE NO BRAsIL O Brasil não possui uma escola de pensamento contábil, mas inicialmente a nossa contabilidade foi baseada no método italiano e posteriormente migrou-se para o método norte-americano, na qual persiste até os dias atuais. Na primeira fase, utilizou o método italiano, cuja época vai de 1915 a 1964 contando com ilustres autores, como: Carlos de Carvalho,Francisco D`Auria e Frederico Herrmann Júnior. Atualmente, são poucos os autores que seguem a corrente de pensamento italiano, dentre eles destacamos o professor Antônio Lopes de Sá. 34 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância A segunda fase foi marcada com adoção do método didático norte-americano pela USP, em 1964 e a FEA/USP elaborou o Livro Contabilidade Introdutória que tornou o livro básico adotado no curso de Ciências Contábeis do país. Favero et al. (1997) mencionam que no Brasil inicialmente foi fortemente influenciado pela escola italiana e com a chegada das multinacionais norte-americanas e inglesas foi necessária a incorporação do método de ensino da escola norte-americana, ou seja, com a instalação dessas empresas no Brasil, surgiram empresas de auditoria que tiveram que adotar uma nova metodologia. Caro(a) aluno(a), entende-se que é necessário conhecer a evolução histórica dessa ciência, para se entender quais foram os caminhos trilhados até se chegar ao momento atual. Portanto, entender a evolução das sociedades, em seus aspectos econômicos, sociais e culturais é a melhor forma de entender e definir os objetivos da contabilidade que será visto na próxima unidade. Prezado(a) aluno(a), no youtube tem um vídeo muito interessante sobre a História da Contabilidade no Brasil. Segue o link: <http://www.youtube.com/watch?v=qw5wbbPwXTg>. 35TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância Prezado(a) acadêmico(a), segue abaixo um texto do Professor José Carlos Marion, muito interessante sobre o nascimento da Contabilidade como a conhecemos hoje. Preste atenção! Fo nt e: S HU TT ER ST OC K. CO M Um Frei Franciscano é o Pai da Contabilidade Científi ca Prof. José Carlos Marion Ainda que a Contabilidade remonte os primeiros sinais de existência há 4.000 anos Antes de Cristo, ela atinge a sua fase adulta e completa, nas cidades italianas de Veneza, Gênova, Florença e Pisa. O desenvolvimento da Contabilidade está associado com o desenvolvimento social, comercial (econômi- co) e institucional das sociedades. A Itália apresentava tais desenvolvimentos principalmente em torno do século XV, tornando-se conhecida como o berço da Contabilidade. O início da era científi ca da Contabilidade ocorre exatamente neste século. O que marca o início desta fase é a obra de Fra Luca Pacioli, com seu monumental livro Tractatus de Computis et Scripturis, em Veneza, em 1494. A obra de Pacioli dá início ao que ainda se denomina hoje de Escola Contábil Italiana de Contabilidade. Luca Pacioli nasceu em Borgo S. Sepolcro, hoje Sansepolcro, provincia de Arezzo, por volta de 1445 a 1450. Dedicou-se à matemática escrevendo Summa de Arithmetica, Geometria, Proportione et Pro- portionalità que deu origem à obra acima referida. 36 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância No tratado de Pacioli, pela primeira vez, é explicado integralmente o método contábil, conhecido hoje como processo das partidas dobradas. Iniciou-se assim a introdução da Contabilidade como ciência, fi cando ele conhecido como “o pai dos autores de Contabilidade” ou ainda “o pai da Contabilidade Científi ca”. Depois de Pacioli, os que lhe sucederam limitaram-se quase que a copiar o que ele havia escrito. Sua obra, surpreendentemente atual, foi reeditada no século passado a uma linguagem atual por Vicenzo Gitti. Em plena era da tecnologia da informação, da reengenharia, das maiores invenções da história do homem, nada se avançou em termos do método contábil ofi cializado por Pacioli. Até mesmo os termos tão complexos de se entender, Débito e Crédito, usados por Pacioli, não encontraram qualquer varia- ção. Conseguimos, sim, acelerar, dar uma velocidade espantosa na aplicação do método de Veneza na era da informática, porém, sem mudar a sua base estrutural um milímetro se quer. Quem foi este gênio que revolucionou o mundo contábil? Que em 500 anos de predomínio absoluto em nada foi superado ou contestado? Será que em qualquer outra área existe um método que perdura tanto tempo, mantendo-se intacto, soberano, absoluto, sem concorrência? Pacioli foi matemático, teólogo, geômetra, mestre, arquiteto, poeta, publicista, místico etc., tendo es- crito várias obras sobre diversos assuntos, especialmente matemática. Viveu no período áureo que se denominou Renascença. Foi uma fi gura ímpar, de grande relevo das artes e das ciências ao ponto de sua fi sionomia ser transposta do natural para a tela, pelos pincéis de Giacomo Barbari, de Leonardo Da Vinci e de Pierro Della Francesca. Aliás, Leonardo da Vinci foi seu amigo, companheiro de estudos e colaborador de Pacioli. Possivelmente pelos seus conhecimentos de Contabilidade foi secretário de vários cardeais e mere- ceu a proteção e estima dos papas Júlio II e Leão X, mecenas da Renascença, que lhe reconheceram méritos incontestáveis. Os méritos devido a Pacioli é também em função de ter sido mestre, exercendo o magistério com toda a dedicação de apóstolo, tendo modifi cado os hábitos pedagógicos da sua época. Existia na cidade natal de Pacioli um convento da Ordem fundada por São Francisco de Assis, il pove- rello, do qual chegou a ser comissário, recebendo também as ordens sacras. Assim o monge, vestindo o hábito franciscano, tem proteção e apoio nas suas peregrinações. Creio que o monge franciscano nunca poderia imaginar que passados cinco séculos seria tão famoso principalmente no meio contábil; certamente não poderia supor que jamais a sua obra seria superada. Ele termina a sua Suma com a seguinte frase na sua maior obra: Frater Lucas de Burgo Sancti Se- pulchri ordinis minorum et sacre theologie humilis professor suo parvo ingenuo ignaris compatiens hanc summan arithmetice, proportionumque et proportionalitatum edidit. “Irmão Lucas de Burgo Santo Sepulcro, da Ordem dos Menores e humilde professor da sagrada teologia deu lume este compêndio de aritmética, geometria, proporções e proporcionalidades com seu pouco engenho, por compaixão dos ignorantes”. 37TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância TEORIA DA CONTABILIDADE Prezado(a) acadêmico(a), discutiremos abaixo conceitos sobre a teoria da Contabilidade que valem a pena ser refletidos. De acordo com Hendriksen (2010, p.33): A teoria da contabilidade tem sido definida como um conjunto coerente de princípios lógicos que: 1. Oferece uma compreensão melhor das práticas existentes a contadores, investidores, administradores e estudantes. 2. Oferece um referencial conceitual para a avaliação de práticas contábeis existentes. 3. Orienta o desenvolvimento de novas práticas e novos procedimentos. Como podemos observar nesse trecho, a teoria nos ajudará a entender melhor a nossa profissão e nossas práticas profissionais, assim como incentivará a criarmos novos procedimentos. Dessa forma, perceba que muitas vezes você já praticou da contabilidade sem ter o conhecimento teórico, não foi? Mas perceba que você consegue fazer, mas não consegue explicar como foi feito. Então, com a teoria ganhamos um argumento para explicarmos aos nossos clientes o que será ou foi feito, com a linguagem contabilística. Segundo Hermman Jr. e Herrmman Jr. (apud PADOVEZE, 2003, p. 05) Fayol enquadrou a Contabilidade entre as seis operações administrativas fundamentais, emitindo a esse respeito os seguintes conceitos: ‘É o órgão visual das empresas’. Deve permitir que se saiba a todo instante onde estamos e para onde vamos. Deve fornecer sobre a situação econômica da empresa ensinamentos exatos, claros e precisos. Uma boa contabilidade, simples e clara, fornecendo uma ideia exata das condições da empresa, é um poderoso meio de direção. Então, temos uma arma poderosa em nossas mãos. E se soubermos explicar o que fazemos, didaticamente, aos nossos clientes, teremos muito trabalho a fazer. No fundo é bem isso que todos nós queremos,pois muito trabalho significa prosperidade. 38 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância ABORDAgENs DA CONTABILIDADE Caro(a) aluno(a), neste tópico será discutido as abordagens clássicas das Ciências Contábeis, presente no livro de Hendriksen e Breda (2010) e Iudícibus (2010), tais como: • Abordagem ética: a contabilidade deve ser pautada na justiça, verdade e equidade. To- davia, Iudícibus (2010) diz que a abordagem ética por ser subjetiva, apresenta pontos de cuidado, visto que contadores diferentes podem ter diferentes ideias sobre esse conceito. • Abordagem comportamental: confiar nas informações nas visões da psicologia e da so- ciologia. Nessa abordagem, a preocupação reside na relevância da informação transmiti- da a responsáveis pela tomada de decisões e no comportamento de indivíduos ou grupos diversos em consequência da apresentação das informações contábeis. • Abordagem macroeconômica: utiliza-se da contabilidade com as teorias macroeconômi- cas, com o objetivo de dirimir questões sobre recessão, taxa de juros, no processo de elaborar relatórios contábeis. Essa abordagem é muito semelhante à teoria do compor- tamento. • Abordagem sociológica: a contabilidade é julgada por seus efeitos no campo sociológico. É uma abordagem do tipo bem-estar social. • Abordagem sistêmica: o método de identificar, mensurar e comunicar informação econômica, financeira, física e social, a fim de permitir decisões e julgamentos por parte dos usuários da informação. • Dedução: raciocínio dedutivo em contabilidade é o processo de iniciar com objetivos e pos- tulados e, destes, derivar princípios lógicos que proveem as bases para a aplicação prática ou concreta. • Indução: este processo consiste em obter conclusões generalizadas a partir das observa- ções e mensurações parciais detalhadas. Muitas descobertas no campo da Física e em outras ciências foram possíveis pelo uso do processo indutivo. 39TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância CONsIDERAçÕEs FINAIs Prezado(a) aluno(a), observamos nesta primeira unidade a importância do termo Ciências Contábeis. Dessa forma, inferimos as razões para que o nosso objeto de estudo seja considerado uma ciência à luz de escolas que influenciaram as teorias contábeis. Além disso, essa primeira unidade nos apresentou um histórico da contabilidade e sua evolução que sempre caminhou junto com o nosso processo evolutivo, pois como Lopes de Sá (2010) mesmo disse, a contabilidade sempre existiu, mesmo antes dos números e das letras. Pense agora se não existisse a Contabilidade, como você verificaria o seu patrimônio? Nesse contexto, nasceu essa primeira unidade que já nos acena o seu objetivo e os princípios que serão estudados logo mais. Sendo assim, um ótimo estudo para você! ATIVIDADE DE AuTOEsTuDO 1. Com base no livro e utilizando de uma citação de autor, demonstre por que devemos considerar a Contabilidade como uma ciência. 2. Faça uma síntese das principais escolas contábeis. 3. Faça um quadro resumo e comparativo das abordagens da Contabilidade. Não se esqueça de apresentar suas principais características. Prezado(a) aluno(a), verifi que este artigo que descreve a Teoria da Contabilidade. É minha sugestão para você que também será pesquisador. <http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/tek/n7/v4n7a02.pdf>. uNIDADE II OBJETIVOs DA CONTABILIDADE Professor Me. José Renato de Paula Lamberti Professor Me. Olirio Sperandio Objetivos de Aprendizagem • Compreender os objetivos da contabilidade. • Classificar os tipos de usuários. • Apresentar as qualidades das informações contábeis. plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Objetivos da Contabilidade • Usuários da Informação Contábil • Análise das qualidades das informações contábeis 43TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância INTRODuçãO Caro(a) acadêmico(a), o ponto de partida para o estudo da teoria de uma ciência social como a Contabilidade é estabelecer seus objetivos. Na verdade, tudo na vida começa com um objetivo, não é mesmo? Você tem um objetivo determinado e por isso escolheu o curso de Ciências Contábeis. Nesse mesmo caminho, como veremos adiante, nós buscamos, nas Ciências Contábeis, respostas que as nossas empresas necessitam, para tomarem decisões operacionais ou estratégicas. OBJETIVOs DA CONTABILIDADE Fo nt e: P HO TO S. CO M Na Contabilidade, segundo Favero et al. (1997), os objetivos da contabilidade estão relacionados às informações que deverão ser geradas para que os diversos usuários possam tomar conhecimento da situação da organização em dado momento, com a finalidade de tomar decisões que consideram necessárias. 44 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância Então, o problema é que muitos contadores não pensam em dar lucratividade para as empresas que eles trabalham ou prestam serviço. Aqui surge um problema que trataremos mais adiante e que, também, será tratado na disciplina de Ética Profissional. Mas temos que já entender o objetivo contábil, que nunca mudou, apenas evoluiu. É o que diz Hendriksen e Breda (2010). Para os autores, o objetivo principal da Contabilidade é fornecer informação econômica, física de produtividade e social relevante para que cada usuário possa tomar suas decisões e realizar seus julgamentos com segurança. Já Iudicíbus (2010, p.22) diz que a contabilidade tem: a capacidade de gerar relatórios de exceção para finalidades informativas especiais. Os relatórios financeiros tradicionais deveriam ter poder preditivo e vir acompanhados de quadros suplementares, demonstrando informações históricas e preditivas sobre indicadores de interesse para os vários usuários. Percebe que os dois autores sustentam a ideia de que a Contabilidade gera informações para os usuários? Esse é o mesmo discurso da Associação Americana de Contabilidade (1973), que diz que a função fundamental da contabilidade tem permanecido inalterada desde seus primórdios. Sua finalidade é prover os usuários das demonstrações contábeis com informações que os ajudarão a tomar decisões. Sem dúvida, tem havido mudanças substanciais nos tipos de usuários e nas formas de informação que têm procurado. Todavia, esta função das demonstrações contábeis é fundamental e profunda, ou seja, o objetivo básico dessas peças contábeis é prover informação útil para a tomada de decisões. Para fecharmos esse diálogo entre autores, Marion (2010) diz que o objetivo principal da Contabilidade é fornecer informação econômica, física, de produtividade e social relevante para que cada usuário possa tomar suas decisões e realizar seus julgamentos com segurança. 45TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância usuáRIOs DA INFORMAçãO CONTáBIL Caro(a) aluno(a), cabe a nós respondermos essa questão: e quem são os usuários da informação contábil ? Conforme Iudícibus (2010), os usuários são: Usuário da Informação Contábil Tipo de informação mais importante. Acionista minoritário Fluxo regular de dividendos. Acionista majoritário Fluxo regular de dividendos, valor de mercado da ação, lucro por ação. Emprestadores em geral Geração de fluxo de caixa futuros suficientes para receber de volta o capital mais juros, com segurança. Entidades governamentais Valor adicionado, produtividade, lucro tributável. Empregados em geral Fluxo de caixa futuro capaz de assegurar bons aumentos ou manutenção de salários, com segurança, liquidez. Média e alta administração Retorno sobre o ativo, retorno sobre o patrimônio líquido, situação de liquidez e endividamento. Fonte: Iudícibus (2010) Uma vez estabelecidos os objetivos, teremos que verificar a metodologia/abordagem que deveremos utilizar. Veja no quadro que segue os principais usuários internos, as informações que necessitam:ALguNs usuáRIOs INTERNOs ALguMAs INFORMAçÕEs REQuERIDAs Diretor ou encarregado de finanças Fluxo de caixa Fluxo de caixa projetado Controle de movimentação bancária Controle de contas a receber (por idade, por região, por vendedor, liquidez e solvência etc.) Controle de contas a pagar (por idade, fornecedor etc.) Planejamento financeiro 46 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância Diretor ou encarregado de produção Desempenho no consumo de matéria-prima Desempenho de pessoal dos diversos setores Nível de desperdício Nível adequado de produção para redução de custos Análise das variações entre orçado e real Análise da evolução dos custos Análise do fluxo de produção – parte contábil Diretor ou encarregado de vendas Percentual de vendas não recebidas por vendedor e região Percentual de vendas canceladas por vendedor e região Volume de vendas e comissões pagas por vendedor Custo por vendedor Retorno por vendedor e região Análise de tendências de vendas e resultados por produto e região Diretor ou gerente administrativo Análise de desempenho na área financeira Análise de desempenho da produção Análise de desempenho das vendas Análise da condição de geração de caixa futura Análise da necessidade de caixa frente desembolsos período a período Análise gerencial do resultado Fonte: O autor (2012) Vale lembrar que a geração de informações para os usuários internos está no contexto da contabilidade gerencial, portanto são informações geradas por meio de procedimentos específicos. São informações não padronizadas e direcionadas. Na sua elaboração são assumidos que a relevância e a compreensibilidade são pressupostos fundamentais para o alcance do objetivo proposto. No que tange aos procedimentos específicos tem-se que os usuários internos possuem necessidades informacionais diferentes daquelas inerentes aos usuários externos e, neste sentido, a contabilidade é elaborada dentro de uma abordagem descritiva, levando para o 47TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância campo prático teorias como o custeio-alvo, custeio variável, correção monetária integral, custo corrente de reposição e outras que não são aceitas pela contabilidade financeira ou societária. Em relação à padronização verifica-se que pelo fato de requerer um nível maior de detalhamento, as informações para os usuários internos fogem aos modelos utilizados pela contabilidade financeira. Para os usuários internos os relatórios contábeis tradicionais como a Demonstração do Resultado do Período, Balanço Patrimonial e outros, tem pouco valor visto que foram elaborados com ferramentas como custeio por absorção, custo histórico e outras que desvirtuam os resultados para fins gerenciais. O direcionamento da informação levando-se em conta a capacidade de compreensão dos usuários e as limitações da contabilidade representa um dos pontos mais relevantes da informação para o usuário interno. É nesse ponto que o contador percebe que o seu valor como profissional está exatamente na medida de relevância que o usuário destina à informação contábil por ele gerada. Os usuários externos são aqueles que não possuem relação direta com a empresa, mas que de alguma forma necessitam da informação contábil para a tomada de decisões. São informações padronizadas e, na maioria das vezes, não direcionada. Os usuários externos poderiam ser subdivididos em duas categorias: a) uma representada pelo governo que tem uma série de exigências no tocante à informa- ção contábil, para o qual tem-se como pêndulo da contabilidade financeira ou societária, a contabilidade fiscal; b) outra representada pelos demais usuários externos em que a contabilidade deve seguir os parâmetros legais que nem sempre são os fiscais. Ou seja: para esses usuários tem- -se a contabilidade financeira ou societária. Veja no quadro que segue os principais usuários externos, as informações que necessitam e as possíveis decisões. 48 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância ALguNs usuáRIOs EXTERNOs ALguMAs INFORMAçÕEs REQuERIDAs Entidades governamentais Lucro tributável, produtividade e valor adicionado Bancos e demais instituições financeiras Capacidade de pagamento Capacidade de geração de caixa Nível de endividamento Sindicatos Resultado do período rentabilidade Capacidade de geração de caixa Fornecedores Capacidade de pagamento Nível de endividamento Capacidade de geração de caixa Acionistas ou cotistas minoritários Retorno sobre o capital investido Fluxo regular de distribuição de lucros Capacidade de geração de caixa Fonte: O autor (2012) O fato de as informações contábeis dirigidas aos usuários externos serem praticamente padronizadas e, na maioria das vezes, não direcionadas, não significa falta de qualidade. Ao elaborar os relatórios contábeis deve-se tomar o cuidado para não agrupar valores em contas diversas ou mesmo utilizar terminologias não adequadas. As demonstrações devem ser concisas mais suficientemente claras para refletirem a situação da entidade em determinado período. As notas explicativas não devem ser utilizadas para explicar aquilo que é possível de ser apresentado no corpo dos relatórios. Finalmente, pode-se afirmar que a discussão sobre os objetivos da contabilidade e os usuários da informação tem grande relevância no contexto da teoria contábil especialmente porque representam o fio condutor do desenvolvimento de quaisquer fundamentos. A busca de conhecimentos para levar as informações aos usuários de forma que eles possam compreender 49TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância a real dimensão e importância da contabilidade em suas organizações é o grande desafio dos pesquisadores no momento atual e no futuro. Nesse sentido, Padoveze et al. (2011) enfatizam que podemos verificar, principalmente nas empresas que negociam ações em bolsa de valores, uma estrutura padrão dessas informações, conforme figura abaixo: Relatório Anual Relatório da Administrção Demonstração Contábeis Notas Explicativas Parecer dos Auditores Independentes Parecer do Conselho Fiscal Balanço Patrimonial Demonstração do Resultado do Exercício Demonstração do Resultado Abrangente Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Demonstração do Fluxo de Caixa Demonstração do Valor Adicionado Balanço Social Fonte: Padoveze et al. (2011) Você pôde observar na figura acima, que o Relatório Anual é composto por cinco partes, sendo: 1ª parte: Relatório da administração: nessa parte são evidenciadas informações gerenciais sobre o desempenho econômico-financeiro da empresa e atividades corporativas. 2ª parte: Demonstrações contábeis: são relatórios com finalidades específicas que apresen- tam a situação patrimonial, econômica e financeira. 3ª parte: Notas explicativas: são notas de elementos das demonstrações contábeis que vi- sam a apresentar um maior detalhamento sobre os mesmos. 4ª parte: Parecer dos auditores independentes: expressa a opinião independente sobre o exame das demonstrações contábeis. 50 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância 5ª parte: Parecer do conselho fiscal: expressa a opinião do conselho fiscal sobre os atos administrativos do conselho de administração. ANáLIsE DAs QuALIDADEs DAs INFORMAçÕEs CONTáBEIs Caro(a) acadêmico(a), já vimos com diversos autores que as informações contábeis podem ser tanto quantitativos (por meio dos números) e qualitativos (por meio de sentenças), então devido a isso será tratado esse tópico sobre a qualidade da informação contábil e depois mais a frente será tratado a evidenciação em contabilidade. O que contribui para que a informação contábil seja desejável aos diversos usuários são os ingredientes qualitativos que a compõem. Qualquer que seja o direcionamento dainformação, a compreensibilidade parece ser o ponto de partida para que se consiga sucesso no propósito de informar. Desta forma, acredita-se que uma explicação sobre os requisitos de qualidade da informação contribuirá substancialmente para que haja um maior entendimento do processo informacional, resultando em melhor aproveitamento da contabilidade como instrumento de apoio ao processo decisório nas entidades. Assim sendo, o que segue é uma explicação até mesmo sucinta, mas necessária dos requisitos de qualidade da informação envolvendo inclusive os tomadores de decisão, a relação custo- benefício e outras na seguinte ordem, presentes no livro de Favero: a) Tomadores de decisão e suas principais características. b) A relação custo x benefício. c) A compreensibilidade. d) A utilidade da decisão. e) A relevância. f) A confiabilidade. 51TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância g) O valor preditivo e o valor do feedback. h) A oportunidade ou Tempestividade. i) A verificabilidade. j) A fidelidade representacional. k) A neutralidade. l) A comparabilidade e a consistência. m) A materialidade. Usuários da informação contábil Limites permeáveis Qualidade de usuários específicos Qualidades esenciais de decisões específicas Ingredientes das qualidades esseciais Qualidades secundárias e interativas Limites para fim de reconhecimento Tomadores de decisões e suas características Relevância Valor preditivo Valor de retorno Tempestividade Verificabilidade Neutralidade Fidelidade representacional Confiabilidade Benefícios > Custos Compreensibilidade Utilidade da decisão Comparabilidade (incluindo consistência) Materialidade Fonte: Financial Accounting Standards Board – FASB: Statement of Financial Accounting Concepts no 2 – Qualitative Characteristics of Accounting Information, May 1980, p. 9069. 52 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância a) Os tomadores de decisão e suas principais características O conhecimento de quem são os tomadores de decisão dentro de uma entidade e quais são as suas principais características, especialmente no tocante à tomada de decisões é muito importante para o sucesso no processo de informar bem. As pessoas diferem entre si, tanto em aspectos culturais como comportamentais e neste contexto quanto mais informações sobre as características dos decisores maior a possibilidade de acerto. Na verdade, todos nós damos mais atenção para o que consideramos mais importante segundo o nosso julgamento. No caso da informação contábil o procedimento não é diferente. Nesse sentido, ao gerar a informação o contador deve ponderar pelo menos os seguintes aspectos: 1. Quando a decisão deve ser tomada. 2. Os métodos utilizados para a tomada de decisões. 3. As informações já obtidas de outras fontes. 4. A capacidade de processamento da informação. A observação desses pontos evitará muitos dissabores por parte do contador e dos tomadores de decisão, visto que a preocupação em informar bem contribuiu para que se tomassem precauções no sentido de avaliar a geração de informação visando a sua utilidade no processo decisório. b) A relação custo x benefício Muitas vezes, essa análise não tem sido realizada no campo informacional, o que pode ser justificado na medida em que nesse processo normalmente há o envolvimento de várias pessoas com interesses e capacidades decisoriais diferenciadas, o que tem dificultado a avaliação dos resultados. Existem situações nas quais informações de excelente qualidade perdem o seu valor informacional pela falta de compreensão da sua importância por parte dos decisores. 53TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância O que se espera é que em uma relação normal de negócio os benefícios esperados superem os custos, quer seja em uma operação de venda, em um processo de produção ou na execução de um determinado serviço. A dificuldade está em medir a contribuição da informação nesse processo. Como medir a participação da informação contábil no sucesso ou fracasso de uma determinada transação? Como visualizar o benefício de uma informação? Fo nt e: S HU TT ER ST OC K. CO M A verdade é que o segredo para o sucesso de um processo informacional está na relação entre a geração de informação e o tomador de decisão. Se houver entre ambos a preocupação de executarem suas funções da maneira coerente, respeitando-se suas limitações tem-se grande possibilidade da informação contábil ser útil e necessária ao processo de gestão. c) Compreensibilidade A compreensão tem sido um dos maiores problemas de relacionamento humano. Quantas vezes acreditamos que estamos sendo o mais claro possível em uma determinada discussão 54 TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância ou análise, e nem sempre alcançamos o objetivo almejado. O problema é que estamos sendo claros e muitas vezes concisos de acordo com o nosso padrão de conhecimento. E é aí que reside o problema da compreensibilidade. Informar significa levar a informação a outros sem ruídos de forma que possam compreender aquilo que está sendo transmitido. Informar em contabilidade significa combinar as características do usuário e as características inerentes à informação. Nesse sentido, para informar bem é preciso que estejamos atentos às características dos usuários, especialmente no que se refere aos aspectos cultural e comportamental, pois somente teremos sucesso com a informação se a nossa linguagem for compreensível àqueles aos quais estamos nos dirigindo. d) Utilidade da informação A utilidade da informação está ligada a fatores já comentados anteriormente como a compreensibilidade, a relação custo-benefício e especialmente o usuário e suas características. O segredo de qualquer sistema informacional está em conhecer detalhadamente as características dos usuários, visto que são eles quem utilizarão as informações no processo decisório. A partir do conhecimento das características e do equilíbrio na linguagem com vistas a eliminar possíveis ruídos, o caminho está aberto para que a informação torne-se relevante para esse usuário e, consequentemente, útil no processo de gestão. e) Relevância Relevante pode ser considerado como aquilo que faz diferença, ou seja, o que é imprescindível para qualquer decisão que venhamos a tomar. No caso da contabilidade a informação relevante é aquela que contribui para a tomada de decisão, podendo inclusive, demonstrar tendências de resultados que permitam corrigir expectativas anteriores e ajudem a formar juízos a respeito de um resultado futuro. Uma informação relevante normalmente está revestida das características de compreensibilidade, confiabilidade e oportunidade, ou seja, a informação contábil que não possuir esses requisitos não poderá ser útil no processo decisório. 55TEORIA DA CONTABILIDADE | Educação a Distância f) Confiabilidade A confiabilidade relaciona-se ao crédito que é atribuído à informação e sustenta-se na fidelidade com a qual ela representa e o que se propõe a representar, combinando com a garantia para os usuários de que ela tem essa qualidade. Para ser útil, a informação tem de ser confiável e relevante. Mesmo que uma informação seja relevante sua utilidade pode ser comprometida pelo grau de confiabilidade dos usuários acerca do trabalho desenvolvido pelo contador. Diferentes graus de confiabilidade podem ser reconhecidos, todavia, vale lembrar que a utilidade da informação está relacionada ao quanto ela é útil ao processo decisório. Destaca-se ainda que a confiabilidade é uma qualidade inerente à informação, todavia alcança também o responsável pela sua geração. Uma vez prejudicada a qualidade da informação em decorrência de falhas que comprometam a confiabilidade, torna-se difícil recuperar o terreno perdido. A confiança
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