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PIGMENTOS Profa: Viviane Lansky Universidade Federal de Pernambuco Curso: Nutrição (2013.2) Disciplina: Bioquímica dos Alimentos CONCEITOS • COR → percepção humana de materiais coloridos. • CORANTE → produto químico, natural ou sintético, que confere cor. • PIGMENTOS → substâncias naturais de células e tecidos de plantas e animais que conferem cor. COR DOS ALIMENTOS • Atributo sensorial que determina aceitabilidade do produto, relacionada a qualidade. • Resulta da presença de compostos coloridos já existentes no produto natural (pigmentos naturais) ou da adição de corantes sintéticos. PIGMENTOS Pigmentos são instáveis e participam de diferentes reações durante armazenamento e processamento → luz, O2, metais, agentes redutores e antioxidantes, T°C, Aw, pH. Adição de corantes artificiais. CLASSIFICAÇÃO De acordo com a estrutura química: Heterocíclicos com estrutura tetrapirrólica Isoprenóides Flavonóides Betalaínas Taninos Pigmentos quinoidais COMPOSTOS HETEROCÍCLICOS COM ESTRUTURA TETRAPIRRÓLICA Denominados metaloporfirinas Principais pigmentos: Clorofilas Hemecompostos (Hemoglobina e mioglobina) N N N N 1 2 3 4 56 7 8 M Metaloporfirina (onde M é um metal) CLOROFILA Cor verde dos vegetais Essencial ao processo de fotossíntese (fotorreceptor) Encontra-se como suspensão coloidal nas célula de cloroplastos, associada com carotenóides, lipídeos e proteínas Diferenças de cor → presença de outros pigmentos associados (carotenoides) Frutas → maturação → degradação da clorofila e aumento da síntese de carotenoides Estrutura química Proporção de 3:1 Metila Formila Derivados da Clorofila Derivado Estrutura Fitol Álcool com estrutura isoprenóide (C20H39) Forbina Porfirina + anel C9-C10 Feoforbídeo Clorofila sem Mg2+ e sem fitol Feofitina Clorofila sem Mg2+ e com H+ Fitina Derivado de um feoforbídeo ou clorina contendo Mg2+ Clorofilina Clorofila com radical ácido propiônico em C7 resultante da hidrólise do éster fitílico Propriedades Químicas As clorofilas sofrem alterações por vários fatores: pH Aquecimento Presença de luz e oxigênio Presença de metais bivalentes Enzimas Efeito do pH Clorofila verde Clorofilida verde Feofitina Verde-castanho Feoforbídeo Verde-castanho OH- (fraco) pH ≤ 8,0 H+ (fraco) pH= 4 - 6 fitol H+ (fraco) pH= 4-6 OH- (fraco) pH ≤ 8,0 Mg2+ fitol Mg2+ H+ (forte) pH<3 Mg2+ fitol Alteração de cor das clorofilas em função do pH Cocção com bicarbonato (degradação da pectina) Cocção com vinagre Aquecimento Clorofila + proteínas CALOR Clorofila desprotegida Desnaturação das proteínas Ação do H+ do meio Mg2+ Feofitina Presença de Luz e O2 Em tecidos vivos a clorofila está protegida da degradação pela luz – lipídeos e carotenóides associados Senescencia, processamento → extração do pigmento do tecido ou danos celulares → fotodegradação (abertura de anéis pirrólicos e fragmentação) Clorofila Catabólito incolor O2 Presença de Metais Bivalentes Mg2+ Cu2+ ou Zn2+ Mg2+ Cu2+ ou Zn2+ Formação de complexos estáveis de cor verde brilhante (mais estáveis em meios ácidos do que alcalinos) Enzimas Degradação da clorofila que ocorre durante maturação Clorofila Clorofilase (estearase) Clorofilidas Feofitina Feoforbídeo fitol fitol dioxigenase Catabólito incolor fluorescente Clivagem da porfirina Catabólito incolor não fluorescente Preservação da cor Processamento → perda de cor em meio ácido Métodos que evitam formação de cor verde castanho em hortaliças e frutas: Adição de álcalis (bicarbonato de sódio ou tampões de fosfato e citrato) Atmosferas modificadas ricas em CO2 e baixa temperatura retardam ação enzimática (CO2 inibe produção e ação do etileno→ inibe degradação clorofila) Inconveniente: pH > 8 e aquecimento resultam na perda da rigidez do vegetal, devido a hidrólise da pectina nas paredes celulares PIGMENTOS HEME Cor vermelha da carne → presença de 2 proteínas cujo grupo prostético é o heme O grupo heme é uma metaloporfirina contendo ferro, se complexa com oxigênio. Hemoglobina – encontradas no sangue e hemácias Mioglobina – encontradas na carne (músculo) Estrutura Mioglobina → possui um átomo de íon ferroso (Fe2+) ligado a 5 átomos de N (um deles na histidina da globina) e a água. Hemoglobina → formada por 4 mioglobinas ligadas. O2 substitui H2O = oximioglobina Estrutura da Mioglobina N N N N H3C CH2CH2COOH CH2CH2COOH CH3 CH3H2C=HC H3C H2C=HC Fe 2+ Globina OH2 Globina: proteína de baixo peso molecular que envolve a molécula de mioglobina Estrutura da Hemoglobina Cor e características químicas A cor da carne é determinada: pelo estado químico da mioglobina; estado de oxidação da mioglobina; tipos de ligantes ao grupo heme; conformação da globina presente. O ferro do anel porfirínico pode existir de duas formas: íon ferroso(Fe2+) – oxiemoglobina – cor vermelha íon férrico(Fe3+) – metamioglobina – cor castanha Esquema de alteração de cor da mioglobina Fe 2+ N N N N Globina OH2 oxidação redução Fe 3+ N N N N Globina OH2 Mioglobina (vermelho púrpura) Metamioglobina (marrom) + O2 - O2 oxidação redução e + O2 Fe 2+ N N N N Globina O2 Oximioglobina (vermelho) Cor e características químicas Descoloração da mioglobina: Crescimento microbiano H2O2 H2S Coleglobina Sulfomioglobina Aquecimento Metamioglobina desnaturada Produtos Curados Adição de nitrito e/ou nitrato na carne Evita desenvolvimento de bactérias patogênicas do gênero Clostridium Confere à carne cor rósea o O nitrito se reduz a óxido nitroso, que, por sua vez, retarda o crescimento do Clostridium botulinum e a consequente produção da neurotoxina o O nitrato não apresenta atividade bacteriostática. No entanto, o nitrato pode ser convertido à nitrito pelas bactérias da carne o O nitrito é mais tóxico que o nitrato. NO2 - em altas concentrações interage com aminas secundárias e ternárias formando nitrosaminas (cancerígenas) Reações envolvidas NaNO3 bactérias 2 NaNO2 + O2 NaNO2 HNO2 + NaOH (nitrato) (nitrito) (nitrito) (ácido nitroso) 3 HNO2 2 NO + H2O + HNO3 (ácido nitroso) (óxido nitroso) NO + mioglobina nitrosomioglobina Nitrosomioglobina + calor nitrosohemocromo (rósea) (rosa - escuro) Fe 2+ N N N N Globina OH2 + O2 - O2 Fe 2+ N N N N Globina O2 Mioglobina (vermelho púrpura) oximioglobina (vermelho) oxidação redução oxidação redução e + O2 Fe 3+ N N N N Globina OH2 Metamioglobina (marrom) Fe 3+ N N N N Globina OH2 Fe 3+ N N N N Globina OH2 desnaturada Metamioglobina desnatuada (marrom) Fe 2+ N N N N Globina ON Nitrosomioglobina (vermelho) (rosa - escuro) Fe 2+ N N N N Globina ON Nitrosohemocromo (rosa) calor desnaturada NO oxidação redução + NO COMPOSTOS DE ESTRUTURAISOPRENÓIDE Pigmentos denominados de CAROTENÓIDES Cor varia de amarelo para vermelho Ocorrência em vegetais (animais não sintetizam) Estrutura Estrutura básica: 8 unidades de isopreno unidas de tal forma que os dois grupos metílicos centrais ficam separados por três carbonos CH2 CH3 CH2 isopreno Licopeno (carotenóide) Classificação Há + de 300 carotenoides, 2 grupos: Carotenos Xantofilas (derivados obtidos por oxidação dos carotenos com formação de hidroxila, carboxila, metoxila e cetona). Cor amarela = resultado de 7 ligações conjugadas Cor alaranjada a vermelha = + de 7 ligações luteína licopeno zeaxantina β-caroteno Propriedades Ocorrem nos alimentos na forma de misturas simples (animais) e misturas complexas (vegetais) Frutas: formados durante maturação (presença de luz) Usados como corantes em alimentos (urucum, açafrão e páprica) Carotenóides são compostos: Lipofílicos Moderadamente estáveis ao calor Perdem a cor por oxidação (principal causa de degradação) Facilmente isomerizados por calor, ácido e luz (cis – cor + clara; trans – cor + escura) Estáveis na faixa de pH da maioria dos alimentos (pH 3,0 – 7,0) Enzimas catalisam a degradação oxidativa por mecanismos indiretos. Enzima catalisa produção de peróxidos, e estes, reagem com os carotenos Propriedades antioxidantes (+ eficiente: licopeno) Propriedades Precursores da Vitamina A Também conhecidos como pró-vitamina A São carotenóides que contém a estrutura cíclica da β-ionona α – caroteno possui 1 molécula de pró-vitamina A (retinol) β – caroteno possui 2 moléculas de pró-vitamina A (retinol) CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 caroteno - caroteno FLAVONÓIDES Compostos heterocíclicos com oxigênio Classe de pigmentos encontrados em vegetais Estrutura básica: Classificação Antocianinas Outros flavonoides ANTOCIANINAS Pigmentos encontrados somente em vegetais Presentes em frutas e flores As cores variam do vermelho intenso ao violeta e azul Estrutura São glicosídeos das antocianidinas Núcleo flavilium (2-fenilbenzopirilium) O + O + HO OH OH R2 OH R1 Íon Flavilium Antocianidinas Antocianidinas mais conhecidas e que ocorrem naturalmente: Estrutura ANTOCIANIDINA OCORRÊNCIA Pelargonidina Morango, amora Cinidina Jaboticaba Peonidina Cereja, uva Delfinidina Berinjela Malvidina Uvas + hidroxilas: cor acentuada para azul + metoxilas: cor acentuada para o vermelho Antocianinas são antocianidinas ligadas a açúcares e geralmente contém ácidos ligados aos açúcares. Açúcares mais comuns: glicose, galactose, ramnose e arabinose. Acidos p-cumárico e caféico. Os açúcares conferem estabilidade a antocianina. O n° de antocianinas é 15-20x maior que o de antocianidinas. Estrutura Estabilidade de cor As antocianinas são pigmentos instáveis, apresentam maior estabilidade em condições ácidas. A sua degradação pode ocorrer durante a extração do vegetal, processamento e estocagem de alimentos. A degradação é influenciada pelo pH, temperatura, enzimas, ácido ascórbico, oxigênio, dióxido de enxofre, íons metálicos (Fe). Efeito do pH O íon flavilium é muito reativo Apresentam natureza anfótera Em meios ácidos e neutros, quatro estruturas de antocianinas existem em equilíbrio: 1. cátion flavilium (AH+) 2. base quinoidal (A) 3. pseudobase carbinol (B) 4. chalcona (C) pH=3,0 Cor vermelha pH < 6,0 Incolor pH 12 - 13 Cor amarelo pálida pH > 6,0 Cor púrpura claro pH > 9,0 Cor azul escuro pH: modifica o equilíbrio e, consequentemente, a cor Efeito da Temperatura A estabilidade das antocianinas é muito afetada pela temperatura. A velocidade de degradação também influenciada pelo O2, pH e estrutura do pigmento. No aquecimento, o equilíbrio desloca-se para a forma chalcona (perda de cor). Uso de altas temperaturas destrói as antocianinas. Comumente, a cor vermelha torna-se marrom. Recomendado: tratamento HTST. Processamento e estocagem: alterações mínimas. Efeito do Oxigênio A natureza insaturada da estrutura das antocianinas torna-as suscetível ao oxigenio molecular. Na presença de O2 as antocianinas escurecem. Preservação do pigmento: substituir o O2 por atmosferas ricas em nitrogênio ou vácuo. Efeito de Enzimas Enzimas: podem degradar as antocianinas Glicosidases: hidrolisam as antocianinas em antocianidinas e açúcares. As antocianidinas são instáveis e facilmente degradáveis à compostos incolores. Peroxidases e polifenoloxidades Efeito do Dióxido de Enxofre O dióxido de enxofre é muito usado no processamento de frutas, em concentrações baixas de 0,03 mg/Kg, pois inibe a degradação enzimática das antocianinas. Em concentrações elevadas forma um complexo incolor com as antocianinas. Efeito do Ácido Ascórbico As antocianinas interagem com o ácido ascórbico e se destroem mutuamente. A adição de ácido ascórbico em produtos de frutas promove a perda de cor e redução do valor nutricional. Efeito de Metais As antocianinas podem formar pigmentos azul-púrpura ou acinzentados com metais Alterações durante estocagem ou processamento na presença de ferro, alumínio ou latão (cobre e zinco) Efeito de Copigmentação A Copigmentação intermolecular das antocianinas com flavonóides, certos ácidos fenólicos, alcalóides e outros compostos, aumenta a intensidade de sua cor, resultando em tonalidades que variam de púrpura a azul. A intensidade depende: tipo e concentração de antocianinas e copigmentos, pH e temperatura do solvente. Ocorre em produtos de frutas e vegetais, como sucos e vinhos. Outros flavonóides Pigmentos conhecidos como antoxantinas. São pigmentos derivados do núcleo flavonóide, encontrados na forma livre ou de glicosídios associados a açúcares e taninos. Mais comuns: flavonas e flavonóis. Apresentam cores claras ou amareladas e são encontrados em alimentos como: OH R1 OH OOHFlavonol O R3 R1 R2 OH O OH OH O R1 R2 OH O OH Flavona Isoflavona Estrutura Mais comuns: flavonas e flavonóis. Estrutura básica: fenilbenzopirona Outras 5 classes de compostos não possuem esqueleto flavonóide básico: Flavanonas Chalconas Auronas Isoflavonas Dehidrochalconas. Estrutura Estrutura Importância: relação com a cor dos vegetais amarelados e copigmentação com antocianinas Propriedades antioxidantes Mais resistentes ao calor em relação às antocianinas Pouco sensível à luz Alguns flavonóides adquirem coloração amarelada quando aquecidos em meios fracamente alcalinos Propriedades BETALAÍNAS Assemelham-se em aparência e reatividade as antocianinas. Encontradas apenas em dez famílias da ordem Centrospermae, a qual pertence a beterraba. As betalaínas são hidrossolúveis. Classificação São classificadas como: Betacianinas (pigmentos vermelhos) Betaxantinas (pigmentos amarelos). A principal betacianina é a betanina (75 a 95% do total de pigmentos da beterraba) Os dois principais pigmentos amarelos são vulgaxantina I e II Estruturas NHOOC COOH H N + R2R1 NHOOC COOH H N + Glicose HO COO - H NHOOC COOH H N +H O O - O R Betalaína Betanina (pigmento da beterraba) Vulgaxantina I : R=NH2 Vulgaxantina II: R=OH (pigmentos amarelos) Estabilidade Estabilidade da cor da betanina em solução é fortemente influenciada pelo pH e pelo aquecimento Estável na faixa de pH de 4,0 a 6,0 A betanina pode ser degradada também por exposição à luz e oxigênio Os corantes extraídos de beterraba são adequados para produtos que não sofram tratamentos térmicos severos como gelatinas e sorvetes e derivados de soja. TANINOS Compostos de estrutura variada Definição rigorosa não existente São compostos fenólicos especiais que possuem a habilidade de se combinar com proteínas e outros polímeros Cor varia de amarelo a marrom-escuro Classificação: Taninos hidrolisáveis (ác. gálico e elágico) Taninos condensados (leucoantocianidinas) Propriedades Precipitam alcalóides, gelatina e outras proteínas (agente clarificante) Com íons férricos (Fe3+) formam soluções preto-azuladas Presentes em frutos verdes, desaparecem ao longo da maturação Sua presença em frutos provoca adstringência, mas, também, contribui para a textura por conferir maior rigidez PIGMENTOS QUINOIDAIS Amplamente distribuídos na natureza Pigmentos amarelos, vermelhos e marrons Encontrados em raízes, madeira e também em insetos Mais importantes para uso em alimentos: cochonila e carmin-cochonila O carmin-cochonilha (E120) é um material de cor vermelha extraído de corpos secos de insetos fêmeas das espécies Dactylopius coccus Costa ou Coccus cacti L. O principal pigmento da cochonila é o ácido carmínico (20% da massa seca dos insetos) Aplicação em diferentes produtos, como iogurtes, polpas e sorvetes. Estável à luz e calor Cochonila CORANTES Pela legislação atual através das resoluções n. 382 e 388 da ANVISA, no Brasil é permitido o uso de apenas 11 (onze) corantes artificiais, sendo eles
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