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Aula 00
Direito do Trabalho p/ OAB 1ª Fase XXIII Exame - Com videoaulas
Professores: Antonio Daud Jr, Bruno Klippel
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Direito do Trabalho p/ XXIII Exame da OAB 
Aula 00 
 
 
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Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 44 
 
 
AULA 00: Conceito. Princípios e fontes do Direito do 
Trabalho. Renúncia e transação. 
Sumário 
1. Introdução ..................................................................................................... 2 
1.1. Cronograma .............................................................................................. 7 
1.2. Conteúdo da aula demonstrativa ................................................................... 8 
2. Direito do trabalho: conceito e características ...................................................... 8 
3. Princípios do Direito do Trabalho ...................................................................... 11 
3.1. Princípio protetor ..................................................................................... 11 
3.2. Princípio da inalterabilidade contratual lesiva ................................................ 15 
3.3. Princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas .................................... 16 
3.4. Princípio da primazia da realidade ............................................................... 17 
3.5. Princípio da continuidade da relação de emprego ........................................... 17 
3.6. Princípio da intangibilidade salarial .............................................................. 19 
4. Fontes do Direito do Trabalho .......................................................................... 24 
4.1. Fontes heterônomas ................................................................................. 25 
4.2. Fontes autônomas .................................................................................... 28 
4.3. Outras fontes .......................................................................................... 29 
5. Hermenêutica ............................................................................................... 32 
5.1. Interpretação - métodos ............................................................................ 32 
5.2. Aplicação - eficácia das normas trabalhistas ................................................. 33 
5.2.1. Eficácia das normas trabalhistas no espaço ............................................. 33 
5.2.2. Eficácia das normas trabalhistas no tempo .............................................. 35 
5.3. Integração no Direito do Trabalho ............................................................... 35 
6. Renúncia e transação ..................................................................................... 37 
7. Lista das questões comentadas ........................................................................ 39 
8. Gabaritos ..................................................................................................... 41 
9. Conclusão .................................................................................................... 41 
10. Lista de legislação, Súmulas e OJ do TST relacionados à aula .............................. 46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observação importante: este curso é protegido por direitos autorais 
(copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a 
legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. 
 
Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os 
professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe 
adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos ;-) 
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Direito do Trabalho p/ XXIII Exame da OAB 
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1. Introdução 
 
 Oi amigos(s), 
 
 Será um prazer podermos auxiliá-los na preparação para o XXII Exame de 
Ordem. A previsão é que a primeira fase (prova objetiva) ocorra em 23 de julho 
de 2017. 
 
 Este curso objetiva preparar você de modo totalmente focado no Exame 
de Ordem promovido pela FGV, por meio do seguinte: 
 
a) Teoria Resumida (baseada em estatísticas): explicaremos a teoria 
apenas na medida do necessário para que você consiga resolver todas as 
provas da OAB. Nem mais nem menos! Ou seja, você só vai ler aquilo que 
for essencial para a sua prova! Veja abaixo um resumo das estatísticas 
de TODOS os exames organizados pela FGV: 
 
 
 
 
 
b) Resolução de TODAS as questões das provas da OAB já aplicadas 
pela FGV: Neste curso, você encontrará todas as questões anteriores da OAB 
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Direito do Trabalho p/ XXIII Exame da OAB 
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comentadas. Você terá a oportunidade de praticar bastante e focado nas 
provas da FGV para OAB! 
 
c) Vídeo aulas de apoio, abordando alguns dos principais temas de Direito 
do Trabalho. 
 
d) Fórum de dúvidas, no qual você terá acesso direto ao professor. 
 
 
 Nos últimos Exames, nossos alunos tiveram excelente resultado com este 
método, otimizando tempo e maximizando seus resultados! 
 
 Para que você tenha uma melhor noção de como o nosso curso será 
construído, apresento a seguir o Raio-X da OAB em Direito do Trabalho. Essa 
análise foi feita a partir de um exame detalhado de todos os exames da OAB 
aplicados pela FGV, que nos indica as seguintes estatísticas de cobrança de 
questões (por assunto): 
 
ASSUNTOS 
QUANTIDADE 
DE 
QUESTÕES 
TEMA 1: INTRODUÇÃO 5 
CONCEITO, DIVISÃO E FUNÇÕES 0 
FONTES DO DIREITO DO TRABALHO 0 
HERMENÊUTICA 1 
PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO 4 
RENÚNCIA E TRANSAÇÃO 0 
TEMA 2: RELAÇÃO DE TRABALHO 4 
TEMA 3: ESPÉCIES DE TRABALHADORES 7 
AVULSO 1 
ESTÁGIO 1 
EMPREGADO CLT 2 
EMPREGADO DOMÉSTICO 1 
TRABALHADOR RURAL 0 
APRENDIZ 2 
TEMA 4: EMPREGADOR 1 
CONCEITO E CARACTERÍSTICAS 0 
GRUPO ECONÔMICO 0 
SUCESSÃO DE EMPREGADORES 0 
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RESPONSABILIDADE 1 
TEMA 5: TERCEIRIZAÇÃO 4 
TEMA 6: CONTRATO DE EMPREGO 17 
CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS 1 
ELEMENTOS INTEGRANTES 1 
CONTRATOS POR PRAZO DETERMINADO 1 
INVALIDADE DO CONTRATO DE TRABALHO 1 
EFEITOS DO CONTRATO 2 
PODERES DO EMPREGADOR 0 
ALTERAÇÃO DO CONTRATO 6 
SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO 5 
TEMA 7: CESSAÇÃO DO CONTRATO DE EMPREGO 32 
HIPÓTESES, PROCEDIMENTOS E VERBAS DEVIDAS 20 
AVISO PRÉVIO 6 
ESTABILIDADES 6 
TEMA 8: DURAÇÃO DO TRABALHO 14 
JORNADA 10 
REPOUSOS 4 
TEMA 9: SALÁRIO E REMUNERAÇÃO 16 
CONCEITO, MODALIDADES, PARCELAS E FORMAS 
DE PAGAMENTO 12 
EQUIPARAÇÃO SALARIAL 4 
TEMA 10: FÉRIAS 3 
TEMA 11: PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 1 
TEMA 12: SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO 4 
TEMA 13: TRABALHO INFANTIL 0 
TEMA 14: DIREITO COLETIVO DO TRABALHO 3 
FUNÇÃO, CONTEÚDO, FONTES E CONFLITOS 0 
COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA (CCP) 1 
NEGOCIAÇÃO COLETIVA (ACT/CCT) 3 
TEMA 15: ENTIDADES SINDICAIS 3 
TEMA 16: LIBERDADE SINDICAL 0 
TEMA 17: GREVE 1 
TEMA 18: FGTS 2 
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TEMA 19: FISCALIZAÇÃO TRABALHISTA 0 
TEMA 20: MEDIAÇÃO E ARBITRAGEMNO DIREITO 
DO TRABALHO 
0 
TEMA 21: DIREITOS E INTERESSES DIFUSOS, 
COLETIVOS E INDIVIDUAIS 
0 
 
 
 Essa tabela, associada à análise detalhada de cada uma das TODAS as 118 
questões anteriores, será a grande bússola deste curso! Essa análise norteará 
toda a preparação, para que estudemos o necessário, nada mais que isso! Dessa 
forma, vamos maximizar os resultados e otimizar o tempo dos estudos! 
 
 Uma análise cuidadosa das estatísticas nos indica que, se você souber os 
temas “cessação do contrato de emprego”, “duração do trabalho” e “salário 
e remuneração”, irá mandar muito bem na prova da OAB. Por outro lado, como 
diz o Prof. Ricardo Vale, ficar estudando “liberdade sindical”, “fiscalização 
trabalhista”, “mediação e arbitragem no direito do trabalho” e “trabalho infantil” 
não vai lhe ajudar muito!  É claro, nós também estudaremos esses assuntos, mas 
será apenas uma visão bem geral e resumida. 
 
Além disso, o curso está atualizado de acordo com as últimas alterações 
jurisprudenciais do TST e com as novidades na legislação que, nos últimos 
tempos, não foram poucas! 
 
 A Aula Demonstrativa não irá abranger todo o conteúdo jornada de trabalho, 
pois não se destina a transmitir conteúdo, e sim apresentar a didática e a 
metodologia dos professores. Em outras palavras, o tema desta aula 
(Interpretação, Fontes e Princípios) será tratado de forma completa durante o 
curso. 
 
 Ao final de cada aula, há ainda uma compilação dos principais dispositivos 
da legislação e da jurisprudência, para facilitar sua consulta, fixação e revisão. 
 
Antes de continuar, pedimos licença para nos apresentar brevemente. Este 
curso online será ministrado a quatro mãos, por nós, Antonio Daud Jr e Bruno 
Klippel. Eu, Antonio, estou à frente do material PDF e o Prof. Bruno cuidará das 
videoaulas. 
 
 Meu nome é Antonio Daud Jr, sou natural de Uberlândia/MG, tenho 32 anos, 
sou Advogado e também bacharel em Engenharia Elétrica. Sou servidor público 
federal desde 2008, tendo ocupado os cargos de Analista de Finanças e Controle, 
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da Controladoria-Geral da União/Presidência da República (CGU/PR), e Auditor 
Federal de Controle Externo (AUFC), do Tribunal de Contas da União (TCU), cargo 
que ocupo até hoje. 
 
Com minha experiência em provas de concursos públicos e do Exame da 
Ordem, espero poder contribuir na preparação de vocês rumo à aprovação! 
 
Eu, Bruno Klippel, sou Advogado, Mestre em Direito Processual Civil pela 
Faculdade de Direito de Vitória (FDV), Doutor em Direito do Trabalho na PUC/SP, 
sou Professor de Direito do Trabalho e Processo do Trabalho na FDV/ES, na 
Universidade de Vila Velha (UVV/ES), da Faculdade Estácio de Sá de Vitória/ES, 
bem como no curso preparatório para concursos CEP – Centro de Evolução 
Profissional, em Vila Velha e Vitória (ES), IOB/Marcato Concursos/SP e Aprova 
Concursos/PR. Tenho alguns livros escritos, voltados para concursos públicos, e 
mais de 12 anos de experiência docente em cursos preparatórios e a utilizarei para 
ajudá-los na análise dos temas de podem ser exigidos no Exame de Ordem. 
 
 
 
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1.1. Cronograma 
 
 
Segue abaixo o cronograma do nosso curso, considerando todos os pontos 
da ementa de Direito do Trabalho do Exame: 
 
 
Aula 01 
(17/03) 
Princípios e fontes do Direito do Trabalho. 
Interpretação, integração e aplicação da norma trabalhista. 
Renúncia e Transação. 
Aula 02 
(31/03) 
Relações de trabalho e emprego; empregado e empregador. 
Figuras do empregado e do empregador. 
Aprendiz, Empregado doméstico, empregado CLT, avulso e 
estagiário. 
Aula 03 
(07/03) Terceirização. 
Aula 04 
(14/04) 
Contrato de emprego: denominação, conceito, classificação, 
caracterização. 
Alteração do contrato de trabalho. 
Interrupção e suspensão do contrato de trabalho. 
Aula 05 
(21/04) 
Cessação do contrato de trabalho. Estabilidades. 
Aula 06 
(28/04) Duração do trabalho e Descansos. 
Aula 07 
(05/05) Salário e remuneração. Equiparação salarial. 
Aula 08 
(12/05) 
Férias. 
Prescrição e Decadência. 
Aula 09 
(19/05) 
Segurança e higiene do trabalho. 
Trabalho do menor. Trabalho da mulher. 
Aula 10 
(26/05) 
Direito Coletivo do Trabalho: definição, denominação, conteúdo, 
função. 
Negociação coletiva. Convenções e Acordos Coletivos de Trabalho. 
Comissões de Conciliação Prévia. 
Aula 11 
(02/06) Liberdade Sindical. Entidades Sindicais. Direito de Greve. 
Aula 12 
(09/06) 
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). 
Fiscalização administrativa do Trabalho. 
Aula 13 
(16/06) 
Mediação e arbitragem no Direito do Trabalho. 
Poder normativo da Justiça do Trabalho. 
Direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos na 
esfera trabalhista. 
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1.2. Conteúdo da aula demonstrativa 
 
 Iniciaremos agora nosso curso de Direito do Trabalho, preparatório para o 
XXIII Exame da OAB. 
 
 O assunto desta aula se relaciona ao seguinte trecho da ementa: 
 
Princípios e fontes do Direito do Trabalho. 
Direitos Constitucionais dos Trabalhadores. 
Renúncia e Transação. 
 
 
 
 
 
 Vamos ao trabalho! 
 
 
 
2. Direito do trabalho: conceito e características 
 
Tomando emprestadas as palavras de Ricardo Resende1, pode-se conceituar 
Direito do Trabalho como sendo o ramo da ciência jurídica que estuda as 
relações jurídicas entre os trabalhadores e os tomadores de seus serviços, 
em especial as relações entre empregados e empregadores. 
 
Atualmente, não mais restam dúvidas acerca da autonomia do Direito do 
trabalho, na medida em que este constitui um ramo autônomo da ciência jurídica. 
 
De forma geral, o Direito material do Trabalho é dividido em: 
 
a) Direito Coletivo do Trabalho, que trata das relações de determinado 
grupo, classe ou categoria, em geral reunidos em um sindicato; 
b) Direito Individual do Trabalho, que trata das relações entre empregado 
e empregador. 
 
 
1
 RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho Esquematizado. 2 ed. Método, 2012, p. 1. 
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Em relação à natureza do Direito do Trabalho, a despeito da infindável 
discussão a respeito de ser parte do Direito Público ou do Direito Privado, a 
doutrina2 tem entendido que a substância central do Direito do Trabalho (relação 
de emprego), levaria à conclusão de que o Direito do Trabalho tem natureza de 
Direito Privado, haja vista que a relação se daria entre particulares. Além disso, 
mesmo que o Estado esteja em um dos polos desta relação, trata-se de uma 
relação de direito privado. 
 
Entre suas principais funções, estaria a de impedir a exploração do trabalho 
humano como fonte de riqueza dos detentores do capital, de modo que, 
originalmente, teria sido concebido como verdadeiro instrumento de proteção do 
polo mais fraco da relação de trabalho (trabalhador). 
 
Nesse sentido, lembramos que o desenvolvimento do Direitodo Trabalho 
se deu a partir do século XIX, ensejado pela primeira Revolução Industrial, a partir 
dos movimentos dos operários que buscavam melhoria das condições de 
trabalho, em especial a limitação da jornada. 
 
Em decorrência da pressão desse movimento operário, iniciou-se uma 
intervenção do Estado no sentido de regulamentar alguns desses direitos, o que 
teria coincidido com o reconhecimento dos direitos fundamentais de segunda 
dimensão (direitos sociais) e com o Estado de Bem-Estar Social. 
 
Atualmente, entende-se que a proteção do trabalhador relaciona-se ao 
princípio da dignidade humana, de sede constitucional. 
 
Nesse sentido, a CF, apesar de ter reforçada a proteção e garantido direitos 
mínimos ao trabalhador, autorizou a flexibilização dos direitos trabalhistas que 
sejam de indisponibilidade relativa, como sendo aqueles de caráter privado, 
não previstos em lei ou na própria CF como tal (por exemplo, direitos estipulados 
em acordo ou convenção coletiva de trabalho ou no regulamento da empresa). 
 
Por outro lado, proíbe-se a flexibilização dos direitos de 
indisponibilidade absoluta, pois estariam ligados ao princípio da dignidade 
humana. 
 
Além disso, entende-se incompatível com o Direito do Trabalho a 
desregulamentação das relações trabalhistas. Notem que a desregulamentação 
(diferentemente da “flexibilização”) pressupõe a ausência de intervenção 
 
2
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 12 ed. São Paulo: LTr, 2013, p. 66-67. 
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estatal, de modo que as partes poderiam estipular livremente os contratos de 
trabalho. Tal situação não é admitida no âmbito do Direito do Trabalho. 
 
Em termos de características do Direito do Trabalho, a doutrina3 aponta: 
 
a) a tendência (...) à ampliação crescente; 
 
b) o fato de ser um direito (...) de reivindicação de classe; 
 
c) de cunho intervencionista; 
 
d) o caráter cosmopolita, isto é, influenciado pelas normas internacionais; 
 
e) o fato de os seus institutos jurídicos mais típicos serem de ordem coletiva 
ou socializante; 
 
f) o fato de ser um direito em transição. 
 
 
3
 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Ltr, 2005. p. 87. 
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3. Princípios do Direito do Trabalho 
 
 Ao estudar Direito do Trabalho deparamo-nos com diversos princípios, e 
neste curso falaremos sobre os mais importantes para fins do Exame de Ordem. 
 
3.1. Princípio protetor 
 
 Nas relações empregatícias sempre existe o conflito entre o detentor do 
capital (o empregador) e o detentor da mão de obra, que é o empregado, e essa 
relação entre as partes, naturalmente, é desequilibrada em função do poder 
econômico dos detentores de capital. 
 
 Informalmente podemos dizer que é a regra de ouro: quem tem o ouro faz 
as regras ;-) 
 
 Para atenuar esse desequilíbrio existente entre o capital e o trabalho criou-
se o direito do trabalho, que é alicerçado no princípio protetor (ou princípio da 
proteção). 
 
 Conforme disposto na doutrina, capitaneada pelo jurista Américo Plá 
Rodriguez, o princípio protetor pode ser subdividido nos princípios da norma mais 
favorável, da condição mais benéfica e in dubio pro operario. 
 
 
Princípio protetor 
 
 
 
Princípio da norma 
mais favorável 
Princípio da 
condição mais 
benéfica 
 Princípio in dubio pro 
operario 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Princípio da norma mais favorável 
 
 Segundo este princípio se deve aplicar ao caso concreto, havendo mais de 
uma norma em vigor regendo o mesmo assunto, a que seja mais favorável ao 
empregado. 
 
 Pela aplicação deste princípio, portanto, respeitadas as regras de 
Hermenêutica Jurídica, deve-se buscar a aplicação da norma mais favorável ao 
obreiro. 
 
 É interessante notar que o princípio aplica-se mesmo antes que as normas 
trabalhistas entrem em vigor, ou seja, durante a elaboração das mesmas. Como 
ensina o Ministro Maurício Godinho Delgado4: 
 
“O presente princípio [da norma mais favorável] dispõe que o operador 
do Direito do Trabalho deve optar pela regra mais favorável ao obreiro 
em três situações ou dimensões distintas: no instante da elaboração 
da regra (princípio orientador da elaboração legislativa, portanto) ou 
no contexto de confronto de regras concorrentes (princípio 
orientador do processo de hierarquização de normas trabalhistas) ou, 
por fim, no contexto de interpretação das regras jurídicas (princípio 
orientador do processo de revelação do sentido da regra trabalhista). A 
visão mais ampla do princípio entende que atua, desse modo, em 
tríplice dimensão no Direito do Trabalho: informadora, 
interpretativa/normativa e hierarquizante. (grifou-se)” 
 
 Para visualizar estes desdobramentos vamos analisar o seguinte quadro: 
 
 
Princípio 
da norma 
mais 
favorável 
›››› Elaboração das normas ›››› 
O princípio auxilia a política legislativa, 
para que as futuras leis assegurem ou 
ampliem o rol de direitos trabalhistas. 
 
›››› 
Confronto de 
regras 
concorrentes 
›››› 
Aqui cabe a hierarquização das 
normas, onde teriam lugar a teoria da 
acumulação (onde o intérprete 
seleciona, nas normas comparadas, os 
dispositivos de cada uma mais 
favoráveis ao obreiro) e a teoria do 
conglobamento (pela qual o operador 
 
4
 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 12 ed. São Paulo: LTr, 2013, p. 191. 
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jurídico seleciona a regra mais 
favorável ao trabalhador enfocando 
globalmente seu conjunto normativo). 
 
›››› 
Interpretação 
das regras 
jurídicas 
›››› 
Respeitada a hermenêutica jurídica e o 
caráter lógico-sistemático do direito, o 
intérprete, diante de mais de um 
resultado válido, optará pela norma 
mais favorável ao trabalhador. 
 
 No que tange à hierarquização das normas e as teorias da acumulação e do 
conglobamento trago abaixo interessante lição de Mauricio Godinho Delgado5, que 
sinaliza pela teoria do conglobamento como a mais adequada: 
 
“No tocante ao processo de hierarquização de normas, não poderá o 
operador jurídico permitir que o uso do princípio da norma mais 
favorável comprometa o caráter sistemático da ordem jurídica, 
elidindo-se o patamar de cientificidade a que se deve submeter todo 
processo de interpretação e aplicação do Direito. (..) o operador jurídico 
deve buscar a regra mais favorável enfocando globalmente o 
conjunto de regras componentes do sistema, discriminando, no 
máximo, os preceitos em função da matéria, de modo a não perder, ao 
longo desse processo, o caráter sistemático da ordem jurídica e os 
sentidos lógico e teleológico básicos que sempre devem informar o 
fenômeno do Direito – teoria do conglobamento”. 
 
Princípio da condição mais benéfica 
 
 O princípio da condiçãomais benéfica está relacionado às cláusulas 
contratuais (constantes do contrato de trabalho ou regulamento da empresa), 
que, sendo mais vantajosas ao trabalhador, devem ser preservadas durante a 
vigência do vínculo empregatício. 
 
 Assim, pela aplicação deste princípio, é inválida a supressão de cláusula de 
contrato de trabalho que prejudique o empregado. 
 
 Nesta linha o artigo 468 da CLT: 
 
CLT, art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das 
respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não 
 
5
 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 192. 
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resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade 
da cláusula infringente desta garantia. 
 
 Outro exemplo de manifestação do princípio da condição mais benéfica é o 
seguinte excerto da Súmula 51 do TST: 
 
SUM-51 NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO 
REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT 
I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas 
anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou 
alteração do regulamento. 
(...) 
 
 A seguinte passagem da obra de Sérgio Pinto Martins6 nos permite enxergar 
o princípio em estudo: 
 
“A condição mais benéfica ao trabalhador deve ser entendida como o 
fato de que vantagens já conquistadas, que são mais benéficas ao 
trabalhador, não podem ser modificadas para pior. É a aplicação da 
regra do direito adquirido (art. 5º, XXXVI, da Constituição), do fato de 
o trabalhador já ter conquistado certo direito, que não pode ser 
modificado, no sentido de se outorgar uma condição desfavorável ao 
obreiro.” 
 
Princípio in dubio pro operario 
 
 Segundo o princípio in dubio pro operario, diante de duas opções 
igualmente válidas, o intérprete do direito do trabalho deve aplicar a opção mais 
vantajosa ao trabalhador. 
 
 Tal princípio é criticado pelo Ministro Godinho visto que entraria em conflito 
com o princípio do juiz natural (CF/88, art. 5º, XXXVII e LIII7), segundo o qual o 
intérprete deve atuar imparcialmente nas questões postas em juízo. 
 
 Segundo o Ministro Godinho8, 
 
“(...) havendo dúvida do juiz em face do conjunto probatório existente 
e das presunções aplicáveis, ele deverá decidir em desfavor da parte 
 
6
 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 27 ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 70. 
7
 CF/88, art. 5º, LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. 
8
 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 205. 
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que tenha o ônus da prova naquele tópico duvidoso, e não segundo a 
diretriz genérica in dubio pro operario.” 
 
 O princípio em estudo fundamenta-se na necessidade de equilibrar a relação 
entre capital e trabalho também no aspecto processual, o que, atualmente, atrita 
com a teoria do ônus da prova. 
 
 Sobre isto, Sérgio Pinto Martins9 explica que 
 
“O in dubio pro operario não se aplica integralmente ao processo do 
trabalho, pois, havendo dúvida, à primeira vista, não se poderia decidir 
a favor do trabalhador, mas verificar quem tem o ônus da prova no 
caso concreto, de acordo com as especificações dos arts. 333 do CPC 
[art. 373 do NCPC]10, e 818, da CLT11.” 
 
 O princípio in dubio pro operario também é conhecido como princípio in dubio 
pro misero. 
 
3.2. Princípio da inalterabilidade contratual lesiva 
 
 Assim como comentamos em relação ao princípio da condição mais benéfica, 
o princípio da inalterabilidade contratual lesiva também está expresso no 
artigo 468 da CLT: 
 
CLT, art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das 
respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não 
resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade 
da cláusula infringente desta garantia. 
 
 Este princípio tem origem no princípio geral do direito civil da inalterabilidade 
dos contratos (pacta sunt servanda). 
 
 Percebam que este princípio não impede alterações contratuais trabalhistas, 
que são comuns na prática. O que se restringe são as alterações lesivas onde o 
empregado é prejudicado. 
 
9
 MARTINS, Sérgio Pinto. Op. cit., p. 69. 
 
10
 Agora leia-se o Novo Código de Processo Civil (CPC), art. 373. O ônus da prova incumbe: 
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; 
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. 
 
11
 CLT, art. 818 - A prova das alegações incumbe à parte que as fizer. 
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 É sabido que o empregador, nesta condição, possui poder diretivo para 
gerenciar seu negócio – é o chamado jus variandi do empregador. 
 
 Quanto a este aspecto é importante salientar que pequenas alterações 
efetuadas pelo empregador, que não frustrem direitos trabalhistas podem ser 
implementadas, devendo-se analisar o caso concreto para verificar se houve ou 
não afronta ao princípio da inalterabilidade contratual lesiva. 
 
 Além disso, ressalte-se que algumas cláusulas contratuais podem ser 
negociadas com intermediação da representação sindical obreira, através de 
negociação coletiva. 
 
 É possível, então, por meio de negociação coletiva, que certas cláusulas 
sejam flexibilizadas com vistas a evitar mal maior. Falaremos sobre isto nos 
comentários do artigo 7º da CF/88. 
 
 
3.3. Princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas 
 
 Este princípio, também chamado de princípio da imperatividade das 
normas trabalhistas, é uma limitação à autonomia das partes no direito do 
trabalho. 
 
 No direito civil as partes têm autonomia para negociar cláusulas contratuais, 
o que, no direito do trabalho, poderia vir a fazer com que o trabalhador abrisse 
mão de direitos para conquistar ou manter seu emprego. 
 
 Assim, tendo em vista o já comentado desequilíbrio entre capital e trabalho, 
no âmbito trabalhista as partes não podem negociar livremente cláusulas 
trabalhistas. 
 
 Este princípio também é conhecido como princípio da irrenunciabilidade dos 
direitos trabalhistas e princípio da imperatividade das normas trabalhistas. 
 
 O princípio em estudo está relacionado à impossibilidade, em regra, da 
renúncia12 no Direito do Trabalho (ato pelo qual o empregado, por simples 
vontade, abriria mão de direitos que lhe são assegurados pela legislação). 
 
 
 
12
 Os assuntos “Renúncia e Transação” serão tratados em outro tópico. 
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3.4. Princípio da primazia da realidade 
 
 Por meio deste princípio busca-se, no direito do trabalho, priorizar a 
realidade em detrimento da forma. 
 
 Assim, nos casos em que haja, por exemplo, típica relação de emprego 
mascarada por contrato de estágio (veremos que estagiário não é empregado), por 
aplicaçãodeste princípio a relação empregatícia deverá ser reconhecida. 
 
 Outro exemplo: determinada empresa contrata um “prestador de serviços” 
que, na realidade, é um autêntico empregado, pois na relação existem todos os 
elementos que configuram a relação de emprego: neste caso, por aplicação do 
princípio em estudo, será desconstituída a relação contratual de direito civil e 
reconhecida a relação de emprego. 
 
 O Princípio da primazia da realidade também é chamado de princípio do 
contrato realidade. 
 
 Como no Direito do Trabalho os fatos são mais importantes que os ajustes 
formais (vide exemplos citados acima), a CLT prevê a nulidade dos atos praticados 
com objetivo de fraudá-la: 
 
CLT, art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de 
desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente 
Consolidação. 
 
 
3.5. Princípio da continuidade da relação de emprego 
 
 Este princípio valoriza a permanência do empregado no mesmo vínculo 
empregatício, dadas as vantagens que isso representa. 
 
Com o passar do tempo no mesmo emprego o trabalhador recebe 
capacitação, realiza cursos, recebe aumentos salariais, vantagens remuneratórias 
como anuênios, qüinqüênios, etc. 
 
 A Súmula 212 do TST é um exemplo de jurisprudência relacionada ao 
princípio da continuidade da relação de emprego: 
 
SUM-212 DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA 
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O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação 
de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da 
relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado. 
 
 Estudaremos ao longo do curso os contratos de trabalho, e neste tópico é 
relevante frisar que, com base no princípio da continuidade da relação de emprego, 
a regra é que os contratos trabalhistas sejam firmados com prazo indeterminado. 
 
 Assim, tendo em vista o princípio em estudo, contratos de trabalho com prazo 
determinado representam exceção, e só terão lugar nos casos legalmente 
definidos. A regra é que o contrato seja indeterminado. 
 
 Também se relaciona ao princípio em estudo o artigo 448 da CLT, segundo o 
qual os contratos de trabalho continuam vigentes mesmo que haja mudança na 
propriedade na empresa (sucessão de empregadores): 
 
 CLT, art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa 
não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. 
 
 Ainda sobre o princípio em estudo, é muito interessante a lição do Ministro 
Godinho13 sobre as 3 (três) repercussões favoráveis ao empregado que a 
permanência do contrato de trabalho gera, que sintetizei no quadro a seguir: 
 
 
Princípio da 
continuidade 
da relação 
de emprego 
 Tendencial 
elevação dos 
direitos 
trabalhistas 
 
Quanto mais tempo dura o contrato, maiores 
benefícios o empregado tende a alcançar 
(aumento de salário, ganho de anuênios, 
progressão no quadro de carreira da empresa, 
etc.). 
 
 Investimento 
educacional e 
profissional 
 O empregador tende a investir mais na 
educação e aperfeiçoamento dos empregados 
que permanecem mais tempo na empresa, ou 
seja, com contratos de maior duração. 
 
 
Afirmação social 
do indivíduo 
 
A maioria das pessoas depende de salário para 
sobreviver, e um empregado com contrato de 
trabalho de longa duração tem maiores 
possibilidades de se afirmar socialmente (ao 
contrário dos que possuem contratos de curta 
duração, temporários, desempregados, etc., 
 
13
 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 200-201. 
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que ficam fragilizados e com menos condições 
financeiras de se manter). 
 
 
3.6. Princípio da intangibilidade salarial 
 
 Este princípio confere ao salário diversas garantias jurídicas, visto que o este 
possui natureza alimentar. 
 
 Assim, a intangibilidade salarial abrange não apenas a irredutibilidade 
nominal do seu valor, mas também vedação a descontos indevidos, tempestividade 
no pagamento, etc. 
 
 Seguem dispositivos da CF/88 e da CLT que materializam o princípio da 
intangibilidade salarial: 
 
CF/88, art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que 
visem à melhoria de sua condição social: 
(...) 
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; 
 
 
CLT, art. 459 - O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do 
trabalho, não deve ser estipulado por período superior a 1 (um) mês, salvo no que 
concerne a comissões, percentagens e gratificações. 
 
CLT, art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do 
empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou 
de contrato coletivo. 
 
CLT, art. 465. O pagamento dos salários será efetuado em dia útil e no local do 
trabalho, dentro do horário do serviço ou imediatamente após o encerramento 
deste, salvo quando efetuado por depósito em conta bancária, observado o 
disposto no artigo anterior. 
 
 Os dispositivos constitucionais e celetistas mencionados, que se relacionam 
ao princípio em estudo, serão detalhados na aula sobre o assunto “Remuneração e 
Salário”. 
 
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1. (FGV_IV_ EXAME DE ORDEM UNIFICADO_ 2011) Foi celebrada convenção 
coletiva que fixa jornada em sete horas diárias. Posteriormente, na mesma vigência 
dessa convenção, foi celebrado acordo coletivo prevendo redução da referida 
jornada em 30 minutos. Assim, os empregados das empresas que subscrevem o 
acordo coletivo e a convenção coletiva deverão trabalhar, por dia, 
 
(A) 8 horas, pois a CRFB prevê jornada de 8 horas por dia e 44 horas semanais, 
não podendo ser derrogada por norma hierarquicamente inferior. 
 
(B) 7 horas e 30 minutos, porque o acordo coletivo, por ser mais específico, 
prevalece sobre a convenção coletiva, sendo aplicada a redução de 30 minutos 
sobre a jornada de 8 horas por dia prevista na CRFB. 
 
(C) 7 horas, pois as condições estabelecidas na convenção coletiva, por serem mais 
abrangentes, prevalecem sobre as estipuladas no acordo coletivo. 
 
(D) 6 horas e 30 minutos, pela aplicação do princípio da prevalência da norma mais 
favorável ao trabalhador. 
 
 
 Por força do princípio da norma mais favorável, em um caso concreto, 
havendo mais de uma norma em vigor regendo o mesmo assunto, deve-se aplicar 
a que seja mais favorável ao empregado. 
 
 Dessa sorte, a disposição contida no Acordo Coletivo de Trabalho (que 
reduziu, em 30 minutos, a jornada de 7 horas) combinada com a regra da 
Convenção Coletiva de Trabalho (que estipulou a jornada de 7 horas) irá prevalecer 
sobre a regra constitucional de jornada diária de 8 horas (CF, art. 7º, XIII), já que 
seria mais favorável ao trabalhador. 
 
 Nesse caso, apesar de a Constituição Federal ocupar a posição mais alta na 
pirâmide normativa tradicional, aplicou-se a regra mais favorável ao empregado. 
 
 Gabarito (D) 
 
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Prof. Antonio Daud Jr www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 44Quando tratarmos de Direito Coletivo do Trabalho, iremos ver os conceitos e 
as características de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e de Convenção Coletiva 
de Trabalho (CCT), mas já ressalto que não há qualquer hierarquia entre eles. 
 
 
2. (FGV_VI_ EXAME DE ORDEM UNIFICADO_ 2012) No direito brasileiro, a 
redução do salário é: 
 
(A) impossível. 
 
(B) possível, em caso de acordo entre empregado e empregador, desde que tenha 
por finalidade evitar a dispensa do empregado sem justa causa. 
 
(C) possível mediante autorização da Superintendência Regional do Trabalho e 
Emprego. 
 
(D) possível mediante convenção ou acordo coletivo de trabalho. 
 
 
 A questão trata do princípio da intangibilidade salarial e da hipótese 
excepcional em que a redução é permitida, previstos na CF da seguinte forma: 
 
CF/88, art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social: 
(...) 
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo 
coletivo; 
 
 Gabarito (D) 
 
 
3. (FGV_X_ EXAME DE ORDEM UNIFICADO_ 2013) Uma empresa contrata plano 
de saúde para os seus empregados, sem custo para os mesmos, com direito de 
internação em quarto particular. Posteriormente, estando em dificuldade 
financeira, resolve alterar as condições do plano para uso de enfermaria coletiva, 
em substituição ao quarto particular. Após a alteração, um empregado é 
contratado, passa mal e exige da empresa sua internação em quarto particular. 
Diante dessa situação, assinale a afirmativa correta. 
 
a) o empregado está correto, pois não pode haver alteração contratual que traga 
malefício ao trabalhador, como foi o caso. 
 
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b) o empregado está errado, pois sua contratação já ocorreu na vigência das novas 
condições, retirando o direito ao quarto particular. 
 
c) o empregado está correto, pois as vantagens atribuídas à classe trabalhadora 
não podem retroceder, sob pena de perda da conquista social. 
 
d) o empregado teria direito ao quarto particular se comprovasse que a doença 
teve origem antes de ser contratado e antes da alteração das condições do plano 
de saúde. 
 
 
 Um dos principais pontos da questão é que o empregado foi contratado 
após a modificação no plano de saúde oferecido pela empresa. 
 
 Sendo assim, a questão trata do princípio da condição mais benéfica e exigiu 
o conhecimento da Súmula 51 do TST: 
 
I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens 
deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após 
a revogação ou alteração do regulamento. 
 
 
 As normas internas podem ser alteradas, mas, se foram prejudiciais aos 
trabalhadores, não poderão ser aplicadas aos empregados contratados 
anteriormente. Vejam que, para os futuros empregados, as novas regras podem 
ser aplicadas. 
 
 Na questão, a alteração foi sim prejudicial (quarto particular para 
enfermaria), mas, como o empregado foi contratado após a alteração, seu 
argumento está errado, já que “sua contratação já ocorreu na vigência das novas 
condições, retirando o direito ao quarto particular”. 
 
 Gabarito (B) 
 
 
4. (FGV_XVIII_EXAME DE ORDEM UNIFICADO_2015) Reinaldo trabalha em uma 
empresa cujo regulamento interno prevê que o empregador pagará a conta de 
telefone celular do empregado, até o limite de R$ 150,00 mensais. Posteriormente, 
havendo crise no setor em que a empresa atua, o regulamento interno foi 
expressamente alterado para constar que, dali em diante, a empresa arcará com a 
conta dos celulares dos empregados até o limite de R$ 50,00 mensais. De acordo 
com o entendimento consolidado do TST, assinale a afirmativa correta. 
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A) O regulamento interno é ato unilateral de vontade do empregador, que poderá 
modificá-lo a qualquer momento, daí por que não há direito adquirido e a nova 
condição alcança Reinaldo. 
B) A alteração somente é válida para aqueles que foram admitidos anteriormente 
à mudança e não prevalece para os que forem contratados após a mudança. 
C) A alteração é válida, mas só alcança aqueles admitidos posteriormente à 
mudança, não podendo então alcançar a situação de Reinaldo. 
D) A alteração feita pela empresa é ilegal, pois, uma vez concedida a benesse, ela 
não pode ser retirada em momento algum e para nenhum empregado, atual ou 
futuro. 
 
Gabarito (C) 
 
A questão cobrou conhecimentos a respeito do Princípio da Condição Mais 
Benéfica, em especial da Súmula nº 51 do TST, item I. 
 
SUM-51 NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO 
REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT 
I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens 
deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a 
revogação ou alteração do regulamento. 
(..) 
 
 
 
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4. Fontes do Direito do Trabalho 
 
 As fontes do direito do trabalho são divididas em formais e materiais, e 
também entre heterônomas e autônomas. 
 
Fontes formais e materiais 
 
 O conceito de fonte material se relaciona a um momento pré-jurídico, onde 
fatores sociais, econômicos e políticos influenciam na positivação de normas 
jurídicas. É o caso, por exemplo, do movimento sindical operário. 
 
 Em outras palavras, fontes materiais são fatores que influenciam na criação 
e alteração das normas jurídicas (por isso se relacionam ao momento pré-jurídico). 
 
-------------------------------- 
 
 As fontes formais do direito do trabalho se enquadram como tal em vista de 
sua exteriorização na ordem jurídica na forma de Constituição, emenda à 
Constituição, lei, decreto, etc. 
 
 Assim, fontes formais são14 “os mecanismos exteriores e estilizados pelos 
quais as normas ingressam, instauram-se e cristalizam-se na ordem jurídica”. 
 
Fontes heterônomas e autônomas 
 
 As fontes formais se dividem em fontes heterônomas e fontes autônomas. 
 
 Fontes heterônomas do direito do trabalho (leis, decretos, etc.) são normas 
elaboradas pelo Estado, não havendo participação direta dos destinatários da 
mesma em sua produção. 
 
 Fontes autônomas são elaboradas pelos próprios destinatários, ou seja, os 
destinatários da norma regulamentam suas condições de trabalho, diretamente ou 
por meio de suas entidades representativas (sindicatos). Este é o caso das 
negociações coletivas de trabalho. 
 
 
 Segue um esquema para visualizarmos a relação entre os conceitos 
estudados: 
 
 
14
 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 139. 
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Fontes do Direito do Trabalho 
 
 
 
Fontes formais Fontes materiais 
 
 
 
Fontes 
Heterônomas 
Fontes 
Autônomas 
Movimento sindical 
Movimento político dos 
operários 
 
 
 
Constituição 
Leis 
Decretos 
 
Convenção Coletiva 
de Trabalho (CCT) 
Acordo Coletivo de 
Trabalho (ACT) 
 
 
 
 Veremos agora as fontes formais do direito do trabalho, divididas em 
fontes heterônomas e fontes autônomas.4.1. Fontes heterônomas 
 
Constituição Federal 
 
 A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é fonte heterônoma 
do direito do trabalho, ocupando o ápice na hierarquia das normas jurídicas. 
 
Leis 
 
 As leis (regras jurídicas abstratas, impessoais e obrigatórias), emanadas do 
Poder Legislativo e promulgadas pelo Poder Executivo, são fonte formal do direito 
do trabalho. 
 
 As Medidas Provisórias (MP), emitidas pelo Presidente da República em caso 
de relevância e urgência, nos termos do artigo 62 da CF/88, também são fontes 
heterônomas do direito do trabalho. 
 
Tratados e Convenções Internacionais 
 
 Os Tratados e Convenções Internacionais são fontes heterônomas do 
direito do trabalho quando ratificados pelo Brasil. 
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 As Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que sejam 
ratificadas pelo Brasil, portanto, são fontes formais do direito do trabalho. 
 
 Já que falamos em OIT, lembremos que aquele organismo internacional 
também expede as Recomendações, que são diplomas não obrigatórios e não 
ratificados pelos países membros; dessa forma, as Recomendações não são fonte 
formal do direito do trabalho. 
 
Decretos 
 
 O Decreto é expedido pelo Presidente da República, nos termos do art. 84 da 
CF/88, é considerado fonte formal do direito: 
 
CF/88, art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
(...) 
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e 
regulamentos para sua fiel execução; 
 
Portarias, Instruções Normativas e outros atos 
 
 Como ensina Mauricio Godinho Delgado15, 
 
“Os diplomas dessa natureza, em princípio, não constituem fontes 
formais do direito, dado que obrigam apenas os funcionários a que se 
dirigem e nos limites da obediência hierárquica”. 
 
 Entretanto, como esclarece o jurista, em alguns casos a própria lei atribui a 
estes normativos a tarefa de regulamentar determinados preceitos, como o 
seguinte artigo da CLT: 
 
CLT, art. 192 - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites 
de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de 
adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 
10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos 
graus máximo, médio e mínimo. 
 
 Com base na determinação acima exposta, o MTE expediu a Portaria 
3.217/78, que inclui a Norma Regulamentadora nº 15, em cujos Anexos podemos 
encontrar limites de tolerância para ruído, calor e agentes químicos. 
 
15
 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 151. 
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 Com base neste entendimento, portanto, podemos considerar as Normas 
Regulamentadoras (NR) de Segurança e Saúde do Trabalho do MTE - aprovadas 
mediante Portaria - como fonte formal do direito do trabalho. 
 
Sentença Normativa 
 
 As sentenças normativas são proferidas pela Justiça do Trabalho em 
processos de dissídio coletivo: 
 
CF/88, art. 114, § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou 
à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo 
de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, 
respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as 
convencionadas anteriormente. 
 
 
Usos e costumes 
 
 Parte majoritária da doutrina enquadra os usos e costumes como fonte formal 
do direito do trabalho, com fundamento no artigo 8º da CLT: 
 
CLT, art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de 
disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, 
por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, 
principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, 
o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou 
particular prevaleça sobre o interesse público. 
 
Laudo Arbitral 
 
 O laudo arbitral ocorre quando a negociação coletiva é frustrada, casos em 
que as partes (sindicatos) elegem um árbitro, a quem incumbirá proferir decisão 
(laudo arbitral) que solucione o impasse: 
 
CF/88, art. 114, § 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger 
árbitros. 
 
 Há consenso doutrinário de que o laudo arbitral é fonte formal do direito do 
trabalho, mas há controvérsias sobre esta figura enquadrar-se como fonte 
heterônoma ou autônoma. 
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4.2. Fontes autônomas 
 
 Fontes autônomas do direito do trabalho representam as negociações 
coletivas de trabalho (convenção coletiva de trabalho e acordo coletivo de 
trabalho). 
 
 Tais negociações têm validade jurídica, e são elaboradas pelos empregadores 
e empregados com a participação das entidades representativas (sindicatos). 
 
 Segue abaixo um esquema representativo da relação entre negociação, 
convenção e acordo coletivos de trabalho, com os agentes envolvidos em sua 
elaboração: 
 
Negociação coletiva 
 
 
 
Convenção Coletiva de 
Trabalho (CCT) 
 Acordo Coletivo de Trabalho 
(ACT) 
 
 
 
Resultado de negociação entre o 
sindicato patronal e o sindicato 
dos empregados 
 Resultado de negociação entre 
uma (ou mais) empresa(s) e o 
sindicato dos empregados 
 
 
Agora vamos tratar separadamente de algumas regras atinentes a cada uma 
das espécies de negociação coletiva. O assunto será abordado de forma completa 
durante o curso. 
 
 
 
Convenção Coletiva de Trabalho 
 
 A definição celetista de convenção coletiva de trabalho é a seguinte: 
 
CLT, art. 611 - Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, 
pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e 
profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas 
representações, às relações individuais de trabalho. 
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 Assim, a convenção coletiva abrange toda a categoria profissional 
(comerciários, trabalhadores da indústria da construção, professores, etc.) na base 
territorial do sindicato. 
 
 Registre-se que os empregados não são obrigados a filiar-se ao sindicato de 
sua categoria, mas mesmo os não filiados são abrangidos pelas disposições da 
convenção ou acordo coletivos de trabalho. 
 Nesta linha, por exemplo, mesmo o empregado não filiado ao sindicato 
representativo de sua categoria faz jus ao piso salarial porventura estabelecido na 
convenção coletiva. 
 
Acordo Coletivo de Trabalho 
 
 Vejamos a disposição celetista sobre os acordos coletivos de trabalho: 
 
CLT, art. 611, § 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias 
profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da 
correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, 
aplicáveis no âmbito da empresa ou das acordantes respectivas relações de 
trabalho. 
 
 Como se verifica no esquema anterior e na leitura da CLT, o ACTé celebrado 
entre o sindicato obreiro e a(s) empresa(s), não havendo participação ativa do 
sindicato patronal. 
 
 Falaremos mais sobre o Direito Coletivo do Trabalho em aula específica deste 
curso. 
 
 
 
 
 
 
 
4.3. Outras fontes 
 
 Bom pessoal, falamos então das fontes materiais do direito do trabalho e das 
formais, divididas em fontes heterônomas e autônomas. Precisamos comentar 
sobre outros institutos que, dada a controvérsia doutrinária sobre sua classificação, 
resolvi intitular de “outras fontes”. 
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Jurisprudência 
 
 Jurisprudência é a reiterada interpretação conferida pelos tribunais às 
normas jurídicas, a partir do julgamento das demandas concretas levadas à 
apreciação judicial. É o caso, por exemplo, das Súmulas do Tribunal Superior do 
Trabalho (TST). 
 
 Há controvérsia sobre a classificação da jurisprudência como fonte formal ou 
não. Alguns autores entendem que não é fonte formal, pois não têm valor de regra 
geral, de cumprimento obrigatório. 
 
 Outros autores entendem que a jurisprudência exerce o papel de criador do 
direito, como ensina o Ministro Godinho16: 
 
“(...) as posições judiciais adotadas similar e reiteradamente pelos 
tribunais ganhariam autoridade de atos-regra no âmbito da ordem 
jurídica, por se afirmarem, ao longo da dinâmica jurídica, como 
preceitos gerais, impessoais, abstratos, válidos ad futurum – fontes 
normativas típicas, portanto.” 
 
 Finalizando o assunto jurisprudência, é importante falarmos sobre as 
Súmulas Vinculantes. 
 
 Com a Emenda Constitucional 45/2004 o Supremo Tribunal Federal (STF) 
tem o poder de aprovar súmulas que vinculam a Administração Pública, ou seja, 
dotadas de generalidade, impessoalidade e abstração e que, por isso, podem ser 
consideradas como fontes formais: 
 
CF/88, art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, 
mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre 
matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa 
oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à 
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, 
bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. 
 
Princípios 
 
 Há controvérsias doutrinárias sobre os princípios gerais de direito serem ou 
não fontes formais de direito, e por isso deixei-os nesta seção da aula. 
 
16
 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 165. 
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 O Ministro Godinho entende que a doutrina recente confere aos princípios 
função normativa, a que ele se refere como sendo “função normativa concorrente”, 
e que nesta óptica os princípios seriam fonte formal de direito. 
 
Regulamento empresarial 
 
 O regulamento empresarial não é aceito pela doutrina como fonte formal, 
visto que, apesar de possuir generalidade, abstração e impessoalidade, é elaborado 
pela empresa, de forma unilateral. 
 
 
 
 
 
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5. Hermenêutica 
 
 Como muitos sabem, interpretar a norma jurídica equivale a buscar seu 
sentido real. Após tal etapa, passa-se à aplicação da norma jurídica, ou seja, a 
subsunção do fato (caso concreto) à norma. 
 
 Quando não há uma norma aplicável ao caso concreto, faz-se uso da 
integração, método por meio do qual o jurista supre a lacuna existente na 
legislação. 
 
 A seguir veremos alguns detalhes em relação a esses três processos. 
 
5.1. Interpretação - métodos 
 
 Com base na Lei de Introdução ao Direito Brasileiro (LINDB), a doutrina 
aponta cinco métodos básicos de interpretação da norma jurídica, utilizadas não 
apenas na interpretação das normas trabalhistas, mas em todos os ramos do 
Direito, a saber: 
 
 a) interpretação gramatical: parte da análise literal do texto legal, inferindo-
se o sentido da norma a partir das palavras utilizadas; 
 
 b) método lógico ou racional: procura identificar o pensamento contido na lei 
(a lógica da lei), a partir da lógica formal; 
 
 c) método sistemático: a partir da análise do sistema legal (Constituição, 
Leis ordinárias, Leis complementares etc), busca-se o sentido da norma de modo 
que esta se harmonize com o restante do sistema jurídico; 
 
 d) método teleológico: teleologia significa, do grego, o estudo da finalidade 
de algo. Por meio deste método, portanto, busca-se entender o sentido da norma 
a partir dos seus fins, ou seja, do objetivo visado pela norma sob análise. A 
legislação privilegia o uso deste método (LINDB, art. 5º e CLT, art. 8º), ao dizer 
que “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige (..)”. 
 
 e) método histórico: busca o sentido da norma a partir da análise das razões 
históricas e sociais que levaram à sua elaboração. 
 
 Vale ressaltar que estes métodos não devem ser usados isoladamente um a 
um, já que a melhor interpretação resulta da utilização coordenada de todos eles. 
 
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 Na seara do Direito do Trabalho, o primeiro detalhe é que há uma maior 
prevalência dos princípios e valores essenciais ao Direito do Trabalho, de modo 
que os valores sociais (ou coletivos) se sobrepõem aos valores individuais. 
 
 A segunda especificidade da interpretação no âmbito do Direito do Trabalho, 
até como decorrência da anterior, consiste na utilização do princípio da norma 
mais favorável (visto pouco acima), que flexibiliza a rigidez da pirâmide 
normativa normalmente verificada em outros ramos do Direito. 
 
 Portanto, em regra, normas mais benéficas ao trabalhador são aplicadas em 
detrimento de outras menos benéficas, ainda que estas ocupem uma posição 
hierárquica mais alta que aquelas em uma tradicional pirâmide normativa. 
 
5.2. Aplicação - eficácia das normas trabalhistas 
 
 Para se saber qual norma deve ser aplicada no caso concreto, devemos 
analisar o caso sob o aspecto geográfico (eficácia da norma no espaço) e temporal 
(eficácia da norma no tempo). 
 
5.2.1. Eficácia das normas trabalhistas no espaço 
 
No Direito do Trabalho, pode-se dizer que ainda vige o princípio da 
territorialidade, segundo o qual a relação trabalhista é regida pelas leis vigentes 
no país da prestação dos serviços, não por aquelas do local da contratação (lex 
loci executionis). 
 
Portanto, a partir deste critério pode-se dizer que, em regra, ao estrangeiro 
que presta serviços em território brasileiro aplica-se a lei brasileira. 
 
É oportuno mencionar que a Lei 7.064/1982 mitigou a força deste princípio, 
ao prever o seguinte: 
 
Lei 7.064/1982, art. 3º - A empresa responsável pelo contrato de trabalho 
do empregado transferido assegurar-lhe-á, independentemente da 
observância da legislação do local da execução dos serviços: 
 
I - os direitos previstos nesta Lei; 
 
II - a aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, 
naquilo que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais 
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favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em relação 
a cada matéria. 
 
Parágrafo único. Respeitadas as disposições especiais desta Lei, aplicar-se-
á a legislação brasileira sobre Previdência Social, Fundo de Garantia 
por Tempo de Serviço - FGTS e Programa de Integração Social - 
PIS/PASEP. 
 
 
Um dos sinais da perda de força do lex loci executionis é o cancelamento da 
Súmula nº 207 pelo TST, que previa justamente a territorialidade: 
 
A relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação 
de serviço e não por aquelas do local da contratação. 
 
 
 
 
5. (FGV_XX_ EXAME DE ORDEM UNIFICADO_ 2016) Lúcia trabalha na sede de 
uma estatal brasileira que fica em Brasília. Seu contrato vigora há 12 anos e, em 
razão de sua capacidade e experiência, Lúcia foi designada para trabalhar na nova 
filial do empregador que está sendo instalada na cidade do México, o que foi 
imediatamente aceito. 
Em relação à situação retratada e ao FGTS, à luz do entendimento consolidado do 
TST, assinale a afirmativa correta. 
A) Lúcia terá direito ao depósito do FGTS enquanto estiver trabalhando no México, 
que deverá continuar sendo depositado na sua conta vinculada no Brasil. 
B) Usando-se a teoria atomista, chega-se à conclusão que Lúcia terá direito à 
metade do FGTS, que será depositado na sua conta vinculada. 
C) Uma vez que na legislação do México não há previsão de FGTS, Lúcia não terá 
esse direito assegurado. 
D) Para que Lúcia tenha direito ao FGTS, deverá assinar documento próprio para 
tal fim, devidamente traduzido. 
 
Gabarito (A). 
 
Em resumo, é preciso pagar FGTS para empregado transferido para o 
exterior? Aplica-se a lei brasileira neste caso? 
 
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A resposta está na lei que dispõe sobre trabalhadores contratados ou 
transferidos para o exterior: 
 
Lei 7.064/1982, art. 3º, parágrafo único - Respeitadas as disposições 
especiais desta Lei, aplicar-se-á a legislação brasileira sobre Previdência 
Social, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS e Programa de 
Integração Social - PIS/PASEP. 
 
Portanto, é devido o FGTS à Lúcia, para qualquer país que seja transferida. 
A questão faz, ainda, menção a entendimento consolidado do TST, o que nos 
remete ao cancelamento da SUM-207 do TST. 
 
 
5.2.2. Eficácia das normas trabalhistas no tempo 
 
A aplicação das normas trabalhistas no tempo é regida pelos Princípios da 
Irretroatividade e do Efeito Imediato. 
 
Irretroatividade significa que a lei trabalhista não alcança os atos que foram 
praticados antes do início de sua vigência. Ou seja, a lei nova não se aplica aos 
contratos de trabalho já terminados. 
 
Nesse sentido, temos a máxima constitucional de que lei não retroage para 
prejudicar a coisa julgada, o direito adquirido e o ato jurídico perfeito (CF, art. 5°, 
XXXVI). 
 
 Apesar de não retroagir, a nova lei trabalhista é aplicada de modo imediato 
às relações trabalhistas em curso. Por exemplo, no curso de um contrato de 
trabalho, há o início da vigência de uma nova lei, os atos relacionados a este 
contrato deverão ser praticados segundo as regras da lei nova. 
 
 
5.3. Integração no Direito do Trabalho 
 
 Como adiantado acima, integração é o nome dado ao processo de 
preenchimento das lacunas existentes na legislação. Ou seja, se não existe uma 
regra para dispor como uma situação específica em uma relação jurídica deve 
ocorrer, diz-se que há uma lacuna, a qual deve ser preenchida para se chegar ao 
direito no caso concreto. 
 
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 A principal referência para integração no Direito do Trabalho está disposta no 
art. 8º da CLT: 
 
Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de 
disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela 
jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas 
gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo 
com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira 
que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse 
público. 
 
Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do 
trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios 
fundamentais deste. 
 
 
 Em relação à equidade, como um dos critérios citados no caput do art. 8º 
da CLT, é preciso ressaltar que, como regra, o ordenamento jurídico brasileiro não 
permite o julgamento por equidade. 
 
 No Direito do Trabalho, a doutrina aponta a existência de uma única hipótese 
excepcional que permitiria o julgamento por equidade, a qual ocorreria no âmbito 
dos dissídios coletivos processados pela Justiça do Trabalho: 
 
CF, art. 114, §2º - § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação 
coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar 
dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho 
decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao 
trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. 
 
CLT, art. 766 - Nos dissídios sobre estipulação de salários, serão 
estabelecidas condições que, assegurando justos salários aos 
trabalhadores, permitam também justa retribuição às empresas 
interessadas. 
 
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6. Renúncia e transação 
 
 Este tópico é bastante simples, e trataremos dele em poucos parágrafos. 
 
 A diferenciação conceitual entre renúncia e transação pode ser extraída do 
quadro abaixo, construído a partir da lição de Mauricio Godinho Delgado17: 
 
Renúncia Transação 
Ato unilateral da parte, através do 
qual ela se despoja de um direito 
de que é titular, sem 
correspondente concessão pela 
parte beneficiada da renúncia. 
Ato bilateral (ou plurilateral), pelo qual se 
acertam direitos e obrigações entre as 
partes acordantes, mediante concessões 
recíprocas (despojamento recíproco), 
envolvendo questões fáticas ou jurídicas 
duvidosas (res dubia). 
 
 A regra geral no Direito do Trabalho, consoante o princípio da 
indisponibilidade dos direitos trabalhistas, é que o empregado não pode abrir mão 
de seus direitos. Atos neste sentido, em regra, são nulos. 
 
 Nesta linha os artigos 9º, 444 e 468 da CLT: 
 
CLT, art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo 
de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na 
presente Consolidação. 
 
CLT, art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre 
estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às 
disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam 
aplicáveis e às decisões das autoridades competentes. 
 
CLT, art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração 
das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde 
que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob 
pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. 
 
 
 
 Nesta linha,são poucas as possibilidades de aplicação de renúncia e 
transação no Direito do Trabalho. O exemplo citado pela doutrina é a do empregado 
estável que renuncia à estabilidade para aderir ao regime do FGTS. 
 
17
 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 209-210. 
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 Quanto à possibilidade de aplicação da transação no direito trabalhista, o 
Ministro Godinho estabelece, primeiramente, a distinção entre direitos de 
indisponibilidade absoluta e direitos de indisponibilidade relativa. Sobre estes 
últimos é possível se reconhecer o cabimento de transação, mas não em relação 
aos primeiros. 
 
 Novamente recorrendo a um quadro para facilitar a visualização deste 
desdobramento: 
 
Indisponibilidade absoluta Indisponibilidade relativa 
 
 
 
O direito enfocado merece uma 
tutela de nível de interesse público, 
por traduzir um patamar 
civilizatório mínimo firmado pela 
sociedade política em um dado 
momento histórico. 
 O direito enfocado traduz interesse 
individual ou bilateral simples, que não 
caracterize um padrão civilizatório 
geral mínimo firmado pela sociedade 
política em um dado momento 
histórico. 
 
 
 
Exemplos: direito à assinatura da 
CTPS, salário mínimo, normas de 
segurança e saúde no trabalho. 
 Exemplo: mudança da modalidade de 
pagamento de salário (salário fixo 
versus salário variável), desde que não 
resulte em prejuízo ao obreiro. 
 
 Ao final, como citado acima, o autor conclui que a transação é cabível quando 
se relacione aos direitos de indisponibilidade relativa, desde que não resulte em 
prejuízo ao empregado. 
 
 
 
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7. Lista das questões comentadas 
 
1. (FGV_IV_ EXAME DE ORDEM UNIFICADO_ 2011) Foi celebrada convenção 
coletiva que fixa jornada em sete horas diárias. Posteriormente, na mesma vigência 
dessa convenção, foi celebrado acordo coletivo prevendo redução da referida 
jornada em 30 minutos. Assim, os empregados das empresas que subscrevem o 
acordo coletivo e a convenção coletiva deverão trabalhar, por dia, 
 
(A) 8 horas, pois a CRFB prevê jornada de 8 horas por dia e 44 horas semanais, 
não podendo ser derrogada por norma hierarquicamente inferior. 
(B) 7 horas e 30 minutos, porque o acordo coletivo, por ser mais específico, 
prevalece sobre a convenção coletiva, sendo aplicada a redução de 30 minutos 
sobre a jornada de 8 horas por dia prevista na CRFB. 
(C) 7 horas, pois as condições estabelecidas na convenção coletiva, por serem mais 
abrangentes, prevalecem sobre as estipuladas no acordo coletivo. 
(D) 6 horas e 30 minutos, pela aplicação do princípio da prevalência da norma mais 
favorável ao trabalhador. 
 
2. (FGV_VI_ EXAME DE ORDEM UNIFICADO_ 2012) No direito brasileiro, a 
redução do salário é: 
(A) impossível. 
(B) possível, em caso de acordo entre empregado e empregador, desde que tenha 
por finalidade evitar a dispensa do empregado sem justa causa. 
(C) possível mediante autorização da Superintendência Regional do Trabalho e 
Emprego. 
(D) possível mediante convenção ou acordo coletivo de trabalho. 
 
3. (FGV_X_ EXAME DE ORDEM UNIFICADO_ 2013) Uma empresa contrata plano 
de saúde para os seus empregados, sem custo para os mesmos, com direito de 
internação em quarto particular. Posteriormente, estando em dificuldade 
financeira, resolve alterar as condições do plano para uso de enfermaria coletiva, 
em substituição ao quarto particular. Após a alteração, um empregado é 
contratado, passa mal e exige da empresa sua internação em quarto particular. 
Diante dessa situação, assinale a afirmativa correta. 
(A) o empregado está correto, pois não pode haver alteração contratual que traga 
malefício ao trabalhador, como foi o caso. 
(B) o empregado está errado, pois sua contratação já ocorreu na vigência das novas 
condições, retirando o direito ao quarto particular. 
(C) o empregado está correto, pois as vantagens atribuídas à classe trabalhadora 
não podem retroceder, sob pena de perda da conquista social. 
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(D) o empregado teria direito ao quarto particular se comprovasse que a doença 
teve origem antes de ser contratado e antes da alteração das condições do plano 
de saúde. 
 
4. (FGV_XVIII_EXAME DE ORDEM UNIFICADO_2015) Reinaldo trabalha em uma 
empresa cujo regulamento interno prevê que o empregador pagará a conta de 
telefone celular do empregado, até o limite de R$ 150,00 mensais. Posteriormente, 
havendo crise no setor em que a empresa atua, o regulamento interno foi 
expressamente alterado para constar que, dali em diante, a empresa arcará com a 
conta dos celulares dos empregados até o limite de R$ 50,00 mensais. De acordo 
com o entendimento consolidado do TST, assinale a afirmativa correta. 
A) O regulamento interno é ato unilateral de vontade do empregador, que poderá 
modificá-lo a qualquer momento, daí por que não há direito adquirido e a nova 
condição alcança Reinaldo. 
B) A alteração somente é válida para aqueles que foram admitidos anteriormente 
à mudança e não prevalece para os que forem contratados após a mudança. 
C) A alteração é válida, mas só alcança aqueles admitidos posteriormente à 
mudança, não podendo então alcançar a situação de Reinaldo. 
D) A alteração feita pela empresa é ilegal, pois, uma vez concedida a benesse, ela 
não pode ser retirada em momento algum e para nenhum empregado, atual ou 
futuro. 
 
5. (FGV_XX_ EXAME DE ORDEM UNIFICADO_ 2016) Lúcia trabalha na sede de 
uma estatal brasileira que fica em Brasília. Seu contrato vigora há 12 anos e, em 
razão de sua capacidade e experiência, Lúcia foi designada para trabalhar na nova 
filial do empregador que está sendo instalada na cidade do México, o que foi 
imediatamente aceito. 
Em relação à situação retratada e ao FGTS, à luz do entendimento consolidado do 
TST, assinale a afirmativa correta. 
A) Lúcia terá direito ao depósito do FGTS enquanto estiver trabalhando no México, 
que deverá continuar sendo depositado na sua conta vinculada no Brasil. 
B) Usando-se a teoria atomista, chega-se à conclusão que Lúcia terá direito à 
metade do FGTS, que será depositado na sua conta vinculada. 
C) Uma vez que na legislação do México não há previsão de FGTS, Lúcia não terá 
esse direito assegurado. 
D) Para que Lúcia tenha direito ao FGTS, deverá assinar documento próprio para 
tal fim, devidamente traduzido. 
 
 
 
 
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8. Gabaritos 
 
 
 
1. D 
2. D 
3. B 
4. C 
5. A 
 
 
9. Conclusão 
 
 Bom pessoal, 
 
 O estudo dos princípios é importante para entendermos os fundamentos do 
direito do trabalho, e pensando nesta linha é interessante reler esta aula para 
compreendermos o universo da legislação trabalhista. 
 
 Muitas questões do Exame podem ser “matadas” apenas com base nesses 
princípios. 
 
 Espero que tenham gostado da aula demonstrativa, tanto em termos de 
conteúdo quanto de estruturação e linguagem, e espero contar com a participação 
de vocês neste curso.

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