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TCC Uso da História da Matemática no Ensino

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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA COMO RECURSO METODOLÓGICO
BELIZÁRIO, Jean Marcel�
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RESUMO
Este trabalho traz como tema o uso da História da Matemática, como uma ferramenta para melhoria de outras metodologias de ensino. Tem por objetivo mostrar aos professores, alunos e demais interessados, que a História da Matemática pode ser usada não apenas como curiosidades, introdução ou complementação de conteúdo, mas também, como um recurso a ser utilizado acompanhado de outras metodologias no desenvolvimento dos conteúdos em sala de aula. Dessa maneira esse trabalho traz como problematização a seguinte pergunta: Dado o contexto histórico e econômico da sociedade, é possível valer-se do recurso da História da Matemática, para aproximar os alunos ao raciocínio de um determinado indivíduo, e o que levou ele a realizar uma determinada descoberta matemática? Para conseguir embasamento suficiente para responder essa problematização, utilizou-se de uma pesquisa bibliográfica, mostrando alguns fatos e curiosidades relacionados à História da Matemática no ensino da matemática.
Palavras Chave: História da Matemática. Ensino em sala de aula. Metodologia de ensino.
1. INTRODUÇÃO
“A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abraça o mundo inteiro, estimulando o progresso e dando origem a evolução.” (Albert Einstein).
Esse trabalho tem por finalidade apresentar a História da Matemática como uma maneira de incrementar as metodologias que existem atualmente. Entende-se que cada pessoa possui uma história de vida, não podendo ser considerada de maneira diferente com a matemática. Quando conhecemos a história da vida de uma pessoa ajuda a melhor nos relacionarmos, e o mesmo pode acontecer quando conhecemos a história da matemática.
Nessa perspectiva entende-se que, com a história da matemática, tem-se a possibilidade de buscar outra forma de ver e entender a disciplina de matemática, fazendo com que ela fique mais contextualizada, mais integrada com as demais disciplinas, e consecutivamente, tornando-a mais agradável.
Segundo o dicionário Houaiss, História é o “conjunto de conhecimentos relativos ao passado da humanidade e sua evolução, segundo o lugar, a época e o ponto de vista escolhido”. A História da Matemática tende a seguir essa mesma linha, pois estudando esse assunto, consegue-se aprender os conhecimentos descobertos no passado, como aconteceu e como se deu a evolução dessa descoberta, levando em consideração também o ambiente, os costumes do povo envolvido e ainda os motivos desta descoberta.
Ao conhecer a História da Matemática pode-se compreender como se originaram as ideias que deram forma à nossa cultura, e observar os aspectos humanos do seu desenvolvimento. Além disso, entender por que cada conceito foi introduzido nesta ciência, e por que no fundo esses conceitos eram algo natural no seu momento.
Diante do exposto nesta introdução, o principal objetivo desse trabalho é mostrar a importância da História da Matemática, servindo de base para, quem sabe, ser utilizado por outros alunos, professores ou a quem mais interessar.
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia é muito importante em uma pesquisa científica, pois é nessa etapa que se usa para alcançar os objetivos propostos. Para a confecção desse trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, para conseguir o embasamento teórico necessário para a conclusão desse trabalho.
Será realizada uma busca de autores e obras, os quais mostrem que, o conceito de usar o recurso da História da Matemática não é tão moderno quanto muitas pessoas pensam. Autores como Miguel (2011, p. 32) o qual nos diz que: “do ponto de vista de que a História da Matemática constitui uma fonte de métodos adequados para a abordagem pedagógicas de certas unidades ou tópicos da matemática têm se manifestado na literatura, pelo menos, desde o século XVIII”.
Foi encontrados tópicos de alguns conceitos matemáticas, como por exemplo, a descoberta da soma dos termos de uma Progressão Aritmética, por Gauss, enquanto ainda era um menino, durante a tarefa em uma aula de matemática; a história do desenvolvimento dos números, provavelmente relacionados a problemas de contagem e subsistência; e ao surgimento da geometria, o qual é muito comum ouvirmos que surgiu às margens do Rio Nilo, por causa da necessidade de medir a área das terras a serem redistribuídas, entre aqueles que haviam sofrido prejuízos devido as enchentes, como relatado por Heródoto e citado no livro Tópicos de História da Matemática. (ROQUE; PITOMBEIRA; 2012, p.49)
Quando das inundações do Nilo, o rei Sédotris enviava pessoas para inspecionar o terreno e medir a diminuição dos mesmos para atribuir ao homem uma redução proporcional de impostos. Ai está, creio eu, a origem da geometria que migrou, mais tarde, para a Grécia. (HERÓDOTO, Ouverês Complétes II 109, p. 13).
Esses são exemplos de algumas situações que foram apresentadas, mostrando em quais cenários determinados indivíduos viviam, para tentar aproximar os pensamentos dos alunos a um dado raciocínio, e entender as modificações que a matemática sofreu até os dias atuais. Pois como disse Martinelli e Martinelli (2016, p.38).
(…) do uso da história da matemática, que se caracteriza por ajudar o aluno a perceber a origem do conceito que se está estudando, por quais modificações ele passou desde sua criação até o momento presente. Esse recurso busca e amplia as relações dos conceitos entre si e deles com o modo de viver no decorrer dos tempos.
 Também foi pesquisadas maneiras de como utilizar o recurso de História da Matemática em sala de aula, e os efeitos que pode haver com a inserção desse recurso em uma metodologia de ensino. Gaspari e Pacheco (2013, p. 6) ressalta que “(…) de acordo com D'Ambrósio (1996), a História da Matemática no ensino, deve ser encarada, sobretudo, pelo seu valor de motivação para a matemática. Deve-se dar curiosidades, coisas interessantes e que poderão motivar os alunos.”
3. DESENVOLVIMENTO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
Um dos fatores que pesam para que a matemática seja considerada abstrata, pode ser encontrado na maneira como essa disciplina é ensinada, usando- -se muitas vezes, do uso de textos matemáticos, sem alterar sua ordem de exposição, para não ter muito trabalho durante a confecção do plano de aula e preparação da mesma. Ou seja, em vez de iniciarmos da maneira como um conceito matemático foi desenvolvido, mostrando as perguntas realizadas, as quais ele responde, tomamos isso como algo pronto, sem pensarmos nas consequências que isso acarreta no desenvolvimento do raciocínio dos alunos.
A Matemática que temos hoje, exposta principalmente nos livros, já foi produzida há muitos anos e reorganizada inúmeras vezes. Porém não podemos considerar que essa leitura se trata de um saber pronto e acabado. Ouvimos muitos comentários atualmente, em realizar o ensino com conceito matemático situado em um contexto. E justamente pela maioria das pessoas acreditarem que a matemática é muito abstrata, elas pedem para que ela torne-se mais “concreta”, ligada ao “cotidiano”.
O papel da História da Matemática pode ser justamente exibir esses problemas, muitas vezes ocultos no modo como os resultados se formalizaram. 
Internacionalmente falando, com relação a organização de movimentos relacionados a História da Matemática, a década de 1980 é considerado um marco referencial com alusão ao reavivamento de interesses em torno das questões Históricas relativas à Matemática, ao seu ensino e a sua aprendizagem. Como exemplo desse reavivamento, temos em 1983 a criação do International Study Group on the Relation between the History and Pedagogy of Mathematics (HPM), grupo filiado à Comissão Internacional de Ensino de Matemática (ICMI) e criado durante a realização do Workshop História na Educação Matemática, ocorrido em Toronto, no Canadá.
No Brasil, apesar do movimentoorganizado em torno da História da Matemática tenha se intensificado visivelmente, sobretudo a partir da criação da Sociedade Brasileira de História da Matemática (SBH Mat) no III Seminário Nacional de História da Matemática ocorrida em março de 1999, na cidade de Vitória, no Espírito Santo, as motivações, ações e estudos isolados (individuais ou em grupos isolados) relacionados a essa temática, poderiam ser encontrados, pelo menos, desde a metade da década de 80.
“(…) tudo se passaria como se a Matemática exigisse o pensamento e a seriedade, enquanto a História aliviaria a tensão e confortaria.” (MIGUEL; MIORIN; 2011, p. 17).
Podemos dizer que essa posição, referente ao posicionamento com relação a história da Matemática, começou a se manifestar no período em que foram discutidas propostas para um movimento de renovação da educação brasileira, com início nas primeiras décadas do século XX, que provocou uma discussão muito grande acerca das questões educacionais, e ficou conhecido como o Movimento da Escola Nova. Com esse movimento encontramos, talvez pela primeira vez, uma manifestação explícita em propostas oficiais, referentes a importância da História da Matemática, para a formação dos alunos das séries do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Essa manifestação é encontrada nas instruções pedagógicas da Reforma do Ensino Secundário, feita pelo Primeiro Ministro do Ministério de Educação e Saúde, Francisco Campos, através do Decreto nº 19890 de 18 de abril de 1931, consolidada pelo Decreto nº 21241, de 4 de abril de 1932, que contemplaram, no que se refere ao processo de ensino-aprendizagem, o ideário do movimento da Escola Nova:
“E, por fim, com o intuito de aumentar o interesse do aluno, o curso será incidentalmente entremeado de ligeiras alusões a problemas clássicos e curiosos e aos fatos da História da Matemática bem como à biografia dos grandes vultos desta ciência.” (Portaria Ministerial, de 30 de junho de 1931, apud Bicudo, 1942, p.8, grifos do autor).
Para muitos autores de livros didáticos que foram publicados nos últimos anos da década de 1920, e no início da década de 1930, que utilizaram as orientações mais modernas apresentadas pela “Reforma Campos”, incorporaram elementos de História da Matemática em suas obras. Podemos perceber que, em inúmeros livros didáticos de matemática brasileiros de tempos mais antigos, principalmente do final do século XIX, e início do século XX, encontramos também a presença de elementos históricos. Em geral, encontramos nesses livros, notas de rodapé, algumas observações ou comentários sobre tempos e personagens da História da Matemática.
Podemos perceber muitas preocupações com a introdução de elementos históricos na matemática escolar brasileira, e que elas foram manifestadas de maneira muito aparente na legislação da década de 1930, segundo uma abordagem diretamente associada ao poder motivador dos conhecimentos históricos, ninguém deve concluir que essas preocupações nunca estiveram presentes antes do referido período. A preocupação com a preservação de alguns métodos históricos ou de algumas concepções que foram historicamente produzidos pode perceber em alguns programas oficiais de matemática entre os finais do século XIX e início do século XX.
“Do ponto de vista de que a História constitui uma fonte de métodos adequados para a abordagem pedagógica de certas unidades ou tópicos da matemática escolar tem se manifestado na literatura, pelo menos, desde o século XVIII. (MIGUEL; MIORIN; 2011, p. 33).
Algumas manifestações parecidas relacionadas com a importância da História na busca por métodos pedagógicos adequados e interessantes para a abordagem de alguns tópicos da Matemática escolar pode ser encontrada, no início do século XX, na obra Elementary Mathematics from an advance stand point, de Félix Klein, dedicada especialmente aos professores de matemática, onde temos já no prefácio o destaque de que um dos fatos caracterizadores do método por ele empregado na relação desse livro teria sido: 
(...) o prazer especial de seguir o desenvolvimento histórico de várias teorias a fim de compreender as marcantes diferenças nos métodos de apresentação quando, confrontados com os demais métodos presentes na instrumentação atual. (KLEIN, 1945, prefácio).
Mais ou menos na segunda metade do século XX, uma professora italiana chamada Emma Castelnuovo, na publicação de sua Obra Geometria Intuitiva, faz uma declaração dizendo que sua inspiração teria vindo dos Eléments de Clairaut com o intuito de propor um novo caminho para o desenvolvimento do ensino da Geometria na escola, baseado também em um contexto histórico dessa ciência. Porém ela faz um reparo às reflexões de Clairaut, com o intuito de justificar a defesa do que ela chama de uma visão mais ampla da história. Esse termo “amplo”, não deveria ser entendido no aspecto de adoção de uma concepção diferente da história em relação àquela defendida por Clairaut, mas sim, no de uma ampliação no campo cronológico da história da geometria, para que pudesse englobar também a pré- -história humana, período em que Emma Castelnuovo acreditava terem se originado as primeiras formas geométricas. (CASTELNUOVO, 1966, p. VII).
4. HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NO COTIDIANO DE ALGUMAS SOCIEDADES
Quando começamos a estudar sobre a Historia da Matemática, percebemos muitas situações de descobertas ou evoluções sobre conteúdos matemáticos, diretamente relacionados ao cotidiano das pessoas, mostrando que a matemática já foi e pode ser usada no dia a dia de cada indivíduo. Diante dessa situação podemos usar a História da Matemática para mostrar esse pensamento relacionando a Matemática com o cotidiano de cada pessoa, e tentar, na medida do possível, despertar o interesse dos alunos nos conteúdos ministrados em sala de aula.
Como exemplo, temos a história dos números, que geralmente é associada a necessidade de contagem, relacionada a problemas de subsistência. Quando começamos a ler sobre esse assunto, o exemplo mais frequente que conseguimos encontrar é o de pastores de ovelhas, que começaram a sentir a necessidade de controlar seus animais, associando cada ovelha a uma pedra; em seguida, foi substituído as pedras por marcas, escritas na argila, deixando o processo mais prático e dando assim, a origem dos números. Porém, essa versão de história não pode ser considerada muito segura, já que muito pouco existe registrado desse período, tornando as fontes de consulta para o estudo dessas civilizações muito antigas, escassas e fragmentadas.
Os primeiros numerais, por assim dizer, não eram símbolos inventados para representar números abstratos, mas sim, impressões que indicavam medidas de grãos. Posteriormente, as marcas que representavam quantidades começaram a ser acompanhados imagens, que se referiam aos objetos que estavam sendo contados. Podemos concluir que, esse foi o grande passo para se atingir a abstração que podemos notar nos numerais que temos atualmente, pois assim o registro de quantidades poderia ser usado para coisas de natureza distintas, tanto que houve a necessidade de se indicar o que estava sendo contado. Apesar das provas que possuímos atualmente não possibilitarem um conhecimento linear dos registros numéricos, pode-se conjecturar que o sistema número sofreu uma evolução em um estágio no qual um único contador era impresso, muitas vezes a uma fase mais econômica. Esta é considerada a essência do sistema posicional, que nada mais é do que o mesmo número pode representar diferentes numerais, dependendo da posição que ocupa na escrita. Como exemplo disso tem o caso dos símbolos em forma de cunha, que servia para representar números de 1 a 60.
Quando eles precisavam representar números maiores que 60, era utilizado um combinado de simbologia, remetendo a uma relação de multiplicação e soma como podemos notar na imagem abaixo:
Bem mais recente que a história da origem dos números, temos Carl Friedrich Gauss�,que desenvolveu a fórmula da soma dos termos de uma Progressão Aritmética, quando um professor de matemática, com o intuito de manter seus alunos ocupados, deu uma tarefa um tanto diferente para seus alunos; ordenou que cada um deles realizassem a soma de todos os números, iniciando do 1 e finalizando no 100. Com certeza ele esperava que seus alunos passassem bastante tempo executando essa tarefa. Porém, foi uma grande surpresa para o professor, quando que em poucos instantes Gauss, que tinha aproximadamente 8 anos, deu a resposta correta. O professor ficou curioso e perguntou ao seu aluno como ele havia realizado o cálculo, Gauss respondeu que em uma observação ele percebeu que somando o primeiro número com o último, o resultado seria 101 (1+100). Se somasse o segundo com o penúltimo, também obteria 101 (2+99), e assim sucessivamente. Com isso, Gauss percebeu que, na verdade, somar todos os números de 1 a 100 correspondia a somar 50 vezes o número 101. E assim, ainda criança, Gauss criou a fórmula que hoje utilizamos para calcular a soma de alguns termos de uma Progressão Aritmética.
É muito comum, ao tentarmos resgatar as origens da geometria, encontrarmos que ela surgiu às margens do Rio Nilo, devido à necessidade de medir áreas das terras que seriam redistribuídas, depois de retraídas as águas das enchentes, entre todos os proprietários que haviam sofrido prejuízo. Podemos confirmar essa teoria nos escritos de Heródoto, datado do século V a.C, o qual relata que nas inundações do Rio Nilo, eram enviados pessoas, pelo rei Sesóstris, para realizar uma inspeção no terreno, e tentar deduzir o quanto foi reduzido das terras de cada indivíduo, para que pudesse ser realizada uma redução proporcional dos impostos cobrados.(ROQUE; PITOMBEIRA; 2012, p.49).
Ainda temos a história relatando que um dos primeiros matemáticos gregos, Talles de Mileto�, teria sido influenciado pelos mesopotâmios e egípcios, sendo que, um dos seus primeiros feitos foi o cálculo da altura de uma das pirâmides do Egito, a partir das semelhanças entre a relação da pirâmide e sua sombra. 
Esses são alguns exemplos de situações cotidianas, que se viram resolvidas por alguns conteúdos matemáticos, que foram desenvolvidos justamente para esse fim.
5. USO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
Com base nos autores dos Parâmetros Curriculares Nacionais, a História da Matemática, se tratada como um conteúdo isolado torna-se insuficiente para contribuir com o processo de ensino aprendizagem da disciplina de Matemática. Porém, a apresentação de tópicos da História relacionada à Matemática em sala de aula, tem sido defendida por grande parte dos matemáticos, e historiadores de diferentes épocas, os quais “recorrem à categoria psicológica da motivação para justificar a importância de tal inclusão.” (MIGUEL; MIORIN; 2011, p. 16). Para esses autores, o conhecimento sobre a História da Matemática despertaria o interesse na mente dos alunos pelo conteúdo matemático ministrado em sala de aula. Alguns até se atrevem a dizer que a história consegue modificar a atitude do aluno com relação a matemática.
Apresentada em várias propostas como um dos aspectos importantes da aprendizagem matemática, por propiciar compreensão mais ampla da trajetória dos conceitos e métodos da ciência, a História da Matemática também tem se transformado em assunto específico, um item a mais a ser incorporado ao rol dos conteúdos, que muitas vezes não passa da apresentação de fotos ou biografias de matemáticos famosos. (BRASIL, 1998, p.23).
A importância da história no processo de ensino aprendizagem da matemática é defendida por um número muito grande de autores sobre o tema, por considerar que isso possibilita a desmistificação da disciplina de Matemática e o estímulo a não alienação do seu ensino. Sobre esse ponto de vista, eles acreditam que a forma lógica, pela qual o conteúdo matemático é transmitido ao aluno, não reflete o modo como esse conhecimento foi historicamente produzido; com isso caberia à história estabelecer uma ligação entre o mito e a lógica, finalizando com o pensamento de que, a matemática já se encontra acabada e não pode mais sofrer alterações.
(…) os cursos regulares de matemática são mistificadores num aspecto fundamental. Eles apresentam uma exposição do conteúdo matemático logicamente organizado, dando a impressão de que os matemáticos passam de teorema a teorema quase naturalmente, de que eles podem superar qualquer dificuldade e de que os conteúdos estão completamente prontos e estabelecidos (…). As exposições polidas dos cursos não conseguem mostrar os obstáculos do processo criativo, as frustrações e o longo e árduo caminho que os matemáticos tiveram que trilhar para atingir uma estrutura considerável. (KLINE; 1972, p. IX). 
Dessa maneira, podemos entender que, é possível buscar na história da matemática apoio para se atingir objetivos pedagógicos com os alunos, que os levem a perceber a matemática como uma criação humana.
Geralmente a História da Matemática é utilizada como uma forma apenas de informar ao estudante fatos, datas e nomes, servindo como recurso didático para iniciar conteúdos matemáticos ou complementar a explicação do professor. Trazer essas informações históricas pode servir não apenas para informar e complementar, mas também pode instigar a curiosidade do aluno e responder a vários de seus questionamentos, iniciando a caracterização dos valores didáticos da História da Matemática, dando condições para explicar como os conhecimentos matemáticos foram desenvolvidos, adquiridos, organizados de maneira intelectual e social, e ainda como foram difundidos da maneira que conhecemos atualmente.
Muitos autores nos mostram que o uso da História da Matemática em sala de aula pode assumir diversos papéis, como: 
a) “elemento mobilizador em salas de aulas numerosas ou com alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem”; 
b) na “educação de adultos, promovendo a oportunidade ao aluno de observar, ao longo da história, o esforço de pessoas para superar dificuldades semelhantes àquelas que eles possam vivenciar”; 
c) com alunos bem-dotados, que possam estar se sentido desestimulado perante a classe, satisfazendo ou dando resposta a questionamentos como: “o quê?”, “como?”, “quando?”;
d) “como estímulo ao uso da biblioteca”;
e) como humanizadora da Matemática, apresentando suas particularidades e figuras históricas; 
f) como articuladora da “Matemática com outras disciplinas como Geometria, História e Língua Portuguesa (expressão em linguagem, interpretação de texto, literatura)”; 
g) por meio da “dramatização ou produção de textos para sensibilizá-los sobre as realidades do passado e presente, apresentando as dificuldades e diferenças de cada época.” (BARONI; TEIXEIRA; NOBRE, 2004). 
Como o professor tem sua função amarrada a um currículo pré-estabelecido e que deve ser cumprido, ele pode tentar tender a algumas possibilidades alternativas para que a história da matemática faça parte da sua metodologia e se integre ao conteúdo ensinado. Podemos citar três exemplos; na primeira, a partir do conteúdo que terá que desenvolver, o professor pode solicitar que o estudante verifique por quem, quando, em que contexto, com que objetivo e como aquele conceito ou modelo foi gerado, desse modo, o estudante observará a criação de um conceito ou de um modelo de diferentes perspectivas, advindas de diferentes civilizações; na segunda, o professor determinará o conteúdo e a civilização a serem investigados delimitando a pesquisa; a terceira possibilidade poderá fazer com que ao se dedicar apenas a uma civilização, a pesquisa se torne muito ampla, levando o estudante a se defrontar com conteúdos que ainda não seriam estudados naquele período letivo. Isso pode ocasionar dúvidas durante a investigação, podendo desviar do foco que o professor pretende atingir, uma vez que o seu ano letivo está vinculado ao conteúdo programático.
Nestas três situações, os alunos irão se deparar com questões sociais,culturais, políticas e econômicas, relacionadas a outras culturas estudadas, sugerindo uma interdisciplinaridade, possibilitando o trabalho integrado com professores de diferentes disciplinas.
 Ainda temos outro exemplo, Tales de Mileto, que calculou a altura da Grande Pirâmide�. Como uma maneira de contemplar a História da Matemática em sala de aula podemos nos fazer do fato citado acima, e tentar reproduzir durante uma aula sobre triângulos. Pode ser proposto aos alunos uma pesquisa sobre o referido assunto, e após os alunos conhecerem o contexto em que problema se apresentou Tales, eles podem ser desafiados a descobrir maneiras de como reproduzir a mesma experiência em sala de aula, realizando os devidos cálculos, e a medida que os alunos forem desenvolvendo os conteúdos o professor disponibilizaria os recursos necessários para a realização da proposta. Para ficar bem didático, os alunos poderiam utilizar-se de uma vela, representando o sol, ou até mesmo uma lanterna, uma pirâmide feita de papel e um palito representando o bastão utilizado por Tales:
Depois dessa atividade dentro de sala de aula, os alunos poderiam ser levados em campo aberto, com a iluminação solar, para poderem encontrar outras alturas, como prédios ou árvores, dessa vez em altura real.
Esse foi um exemplo de muitos outros que poderão ser realizados em sala de aula, utilizando a história da matemática acompanhado da resolução de problemas, e fazendo com que os alunos reproduzam na prática as ações que levaram ao desenvolvimento de certo conhecimento, aplicando a história da matemática para que eles entendam o contexto, e qual problema cotidiano esse conhecimento resolveu.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em sala de aula, podemos utilizar a História da Matemática em vários contextos diferentes, como uma forma lúdica com problemas curiosos, como fonte de pesquisa e conhecimentos em geral, como introdução ou complementação de conteúdos, etc. Também pode apresentar a matemática com muitas possibilidades de atividades diferentes que fogem das sequências de exercícios e memorização de métodos e fórmulas.
A História da Matemática fornece a possibilidade de buscar uma nova forma de ver e entender a matemática, tornando-a mais contextualizada e integrada com outras disciplinas, além de ficar mais agradável e criativa. Segundo D’Ambrosio (1999): 
As ideias matemáticas comparecem em toda a evolução da humanidade, definindo estratégias de ação para lidar com o ambiente, criando e desenhando instrumentos para esse fim, e buscando explicações sobre os fatos e fenômenos da natureza e para a própria existência. Em todos os momentos da história e em todas as civilizações, as ideias matemáticas estão presentes em todas as formas de fazer e de saber. (p. 97).
A finalidade desse trabalho é auxiliar professores de matemática em sua atividade de ensino. Contextualizando o ensino da matemática, situando os alunos no espaço e tempo de um dado raciocínio, permite motivar os alunos e despertar sua curiosidade no conteúdo ministrado. É importante ter na lembrança que a matemática de hoje é o resultado de um processo histórico que levou muito tempo para ser sistematizada, e conhecer a parte histórica é muito importante para seu desenvolvimento.
A História da Matemática pode contribuir para a construção de um olhar mais crítico sobre as partes do conhecimento e esclarecer ideias matemáticas que estão sendo construídas pelo aluno.
Ter conhecimento sobre o contexto daqueles que desenvolveram determinado conceito matemático, a época em que viveram, sobre o que estudaram e os problemas que os levaram a encontrar determinado conhecimento ou modelo, sendo um recurso que instiga a curiosidade de muitos estudantes e que pode minimizar alguns obstáculos que dificultam o processo de ensino.
O maior desafio é elaborar propostas que possibilitem aos alunos aprender Matemática de uma maneira diferente e com uma perspectiva crítica, percebendo diferentes modos de materializar e compreender as etapas percorridas no desenvolvimento de um determinado conceito ou modelo matemático.
Como em todos os meus trabalhos, sempre coloco uma frase do Albert Einstein para encerrar, essa me pareceu a mais apropriada para este:
“O mundo não será destruído por aqueles que fazem o mal, mas por aqueles que os olham e não fazem nada.” (Albert Einstein). 
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmentros curriculares nacionais: Terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Brasília, 1998.
ESTRADA, Maria F.; SÁ, Carlos C.; QUEIRÓZ, João F.; SILVA, Maria do C.; COSTA, Maria J. História da matemática. Lisboa: Universidade Aberta, 2000.
GASPERI, Wlasta N. H. De; PACHECO, Edilson R. A história da matemática como instrumento para a interdisciplinaridade na educação básica. 2013.
MARTINELLI, Liliam M. B; MARTINELLI, Paulo. Materiais concretos para o ensino de matemática nos anos finais do ensino fundamental. Curitiba: InterSaberes, 2016.
MIGUEL, Antônio; MIORIM, Maria A. História na educação matemática: propostas e desafios. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.
MUNHOZ, Maurício de O. Propostas metodológicas para o ensino de matemática. Curitiba: InterSaberes, 2013.
ROQUE, Tatiana. História da matemática: Uma visão crítica, desfazendo mitos e lendas. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
ROQUE, Tatiana; PITOMBEIRA, João B. Tópicos de história da matemática. Rio de Janeiro: SBM, 2013.
SANTOS, Luciane M. dos. Tópicos de história da física e da matemática. Curitiba: Intersaberes, 2013.
GOMES, Anne M. Dysman. Gauss, O Príncipe da Matemática, disponível em <http://www.uff.br/sintoniamatematica/curiosidadesmatematicas/curiosidadesmatematicas-html/audio-gauss-br.html>. Acesso em: 28 de junho de 2017.
GASPERI, Walasta N. H. De; PACHECO, Edilson R. A História da Matemática como instrumento para a interdisciplinaridade na educação básica, disponível em <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/701-4.pdf >. Acesso em: 28 de junho de 2017.
LARA, Isabel C. M. De. O ensino da matemática por meio da história da matemática: possíveis articulações com a etnomatemática, disponível em <http://sites.unifra.br/portals/35/artigos/2013/n2/05.pdf >. Acesso em: 28 junho de 2017.
FRAZÃO, Dilva. Tales de Mileto, disponível em <https://www.ebiografia.com/tales_de_mileto/ >. Acesso em: 28 de junho de 2017.
SILVA, Tiago F. Da. Pirâmide de Queops, disponível em <http://www.infoescola.com/civilizacao-egipcia/piramide-de-queops/ >. Acesso em: 28 de junho de 2017.
Figura � SEQ Figura \* ARABIC �1� – Escrita de números de 1 à 60
Figura � SEQ Figura \* ARABIC �2� - Representação de Números acima de 60
Figura 3 - Exemplo de Disposição de Material
�	 Aluno do Centro Universitário Internacional UNINTER. Artigo apresentado como trabalho de conclusão do curso. Matemática Licenciatura Plena – 2017 (2º Semestre).
�	 Karl Friedrich Gauss nasceu a 30 de Abril de 1777 em Brunswick, Alemanha. Filho de uma família humilde, desde muito cedo foi visto como uma criança prodígio. Matemático, astrónomo e físico alemão, criador da geometria diferencial, conhecido como o “Príncipe dos Matemáticos”, a ele se devem importantíssimos estudos de matemática, física, geometria e astronomia. Entre outras coisas, desenhou o heptadecágono, inventou o telégrafo e definiu o conceito de números complexos. 
�	 Tales de Mileto (624 a.C.-558 a.C.) nasceu em Mileto, antiga colônia grega, na Ásia Menor, atual Turquia. Foi o fundador da Escola de Mileto. Acreditava na existência de um "princípio único". Foi um filósofo, matemático e astrônomo grego. Foi considerado um dos mais importantes representantes da primeira fase da filosofia grega, chamada de Pré-Socrática ou Cosmológica. 
�	 Conhecida também como Pirâmide Quéops e é considerada a maior e mais pesada obra já construída pelo homem. Com cerca de 140 metros de altura sustentados por 2,3 milhõesde rochas de mais de duas toneladas cada – somando mais de 5,9 milhões de toneladas no total - ainda não se sabe quais foram as reais condições que possibilitaram a construção da Grande Pirâmide de Quéops.

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