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Centro Universitário Unifacvest Bruna De Britto Rosa Comunidades tradicionais do Brasil Índios Tupinambás e a descoberta do Acheflam Lages, 2017 Bruna De Britto Rosa Comunidades tradicionais Índios Tupinambás e a descoberta do Acheflam Trabalho final de Educação em Gestão Ambiental Curso de graduação em Farmácia Centro Universitário Unifacvest. Professor Dr. Dr. Alexandre A. Ribeiro Filho Lages, 2017 Sumário 1 Resumo..........................................................................................................4 2 Objetivos........................................................................................................5 3 Introdução......................................................................................................6 4 Brasil antes da chegada dos portugueses e sua colonização.......................8 5 Comunidades tradicionais do brasil..............................................................10 6 A origem da civilização dos Tupinambás......................................................11 6.1 Ambiente, cultura e economia......................................................................11 6.2 Conhecimento medicinal dos Tupinambás..................................................13 6.3 Tupinambás atuais e o apoio da sociedade................................................15 6.4 Economia e território atual...........................................................................15 7 Conhecimento tradicional e a indústria farmacêutica...................................16 8 A descoberta do AcheFlam...........................................................................19 9 Conclusão.....................................................................................................23 10 Referências..................................................................................................24 Resumo As comunidades tradicionais Brasileiras estão dispostas por todo território brasileiro, contribuíram para todas as formas de cultura existentes no pais através de um vasto conhecimento em terra e plantas medicinais, além de disseminar costumes e estilo de vida. O conhecimento em plantas contribuiu para pesquisas e descobertas de princípios ativos dando origem a uma segunda opção terapêutica além da alopatia a fitoterapia, contribuindo também para a evolução da indústria fitoterápica. Os índios Tupinambás deixaram um grande conhecimento que fora disseminado para vários desses grupos e para a sociedade como um todo. Objetivos Demonstrar a importância da história das populações tradicionais no desenvolvimento da sociedade brasileira. Relacionar o conhecimento tradicional em plantas medicinais com o avanço da indústria farmacêutica, na descoberta de princípios ativos baseados no conhecimento empírico dessas comunidades. Introdução Por todo o Brasil estão espalhadas pequenas comunidades de pessoas descendentes de povos nativos, que habitavam o território brasileiro antes da chegada do homem Europeu nas terras tupiniquins. Esses povos atualmente são grupos reduzidos de descendentes, que se esforçam para manter seu espaço, cultura e legado vivo. Anteriormente ao advento da colonização, esses povos acumulavam um rico conhecimento do território bem como de plantas medicinais que aos poucos foram sendo descobertas e usadas em pesquisas pela indústria farmacêutica, esse conhecimento foi passado a adiante. Esses povos tinham uma sociedade bem estruturada com rituais, costumes, gastronomia e sistemas de agricultura, pesca e construção de suas próprias casas. Muitas coisas mudaram após a colonização, houve lutas, resistência e mistura dos povos nativos com portugueses e escravos que foram trazidos principalmente do continente africano pelos conhecidos navios negreiros. Outras comunidades tradicionais foram se formando a partir das que já existiam como por exemplo os Caiçaras que tiveram origem entre a mistura de portugueses e índios tupinambás, principalmente nas regiões costeiras do estado de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, surgiram também pescadores descendentes de açorianos, que aderiam ao estilo de vida dos povos que deixaram ali o conhecimento e modo de vida, destacam-se também os descendentes de escravos os quilombolas que estão espalhados por todo Brasil, nossos índios que ainda são a ponte entre o homem e a natureza, exercendo o papel fundamental na consciência pela preservação, da cultura e de todo conhecimento disseminados pelo mundo. Entre as populações tradicionais brasileiras em relação a história do país relacionada ao desenvolvimento da indústria farmacêutica através dos conhecimentos medicinais destacam-se os tupinambás índios de origem tupi que lutaram bravamente contra a colonização e até mesmo contra outros povos indígenas. Estimava-se que teriam sido extintos e restado apenas os Caiçaras, porem em 2010 a Funai registrou cerca de 4 mil descentes dos tupinambás. O conhecimento de plantas medicinais pelos Tupinambás foi culturalmente passado adiante por todos os povos indígenas e seus descendentes e obviamente com o avanço da indústria farmacêutica em pesquisas, em meados 1989 acidentalmente a empresa Ache/Biosintética acabou tendo contato com uma dessas plantas que deu origem ao primeiro anti-inflamatório fitoterápico através do conhecimento dos Tupis. O princípio ativo extraído da planta Cordia Verbenacea, encontrada na mata atlântica, era popularmente conhecida por pescadores caiçaras e por comunidades indígenas como Erva baleeira, maria milagrosa ou erva da praia. Os efeitos rápidos e positivos fizeram com que a empresa financiasse os estudos das propriedades da planta e mais tarde patentearam como um medicamento referia do grupo farmacêutico. Brasil antes da chegada dos Portugueses e sua colonização “Foi o único que me enganou” Napoleão Bonaparte, nas suas memórias escritas pouco antes de morrer no exílio da Ilha de Santa Helena, referindo-se a D. João VI, rei do Brasil e de Portugal. Laurentino Gomes, 2008 Para descrever as comunidades tradicionais do Brasil é indispensável não abordar os antecedentes históricos, para compreender como se constituiu a tradição e cultura de várias comunidades do pais. Os Português estavam a caminho das índias quando inusitadamente encontraram um lugar diferente de tudo que já haviam visto, encontram uma biodiversidade gigantesca e pessoas totalmente diferentes de todas as que já haviam conhecido. Eram novos rostos, modos, crenças. E foi assim da mesma forma para os nativos das terras encontradas. Esses nativos foram chamados de índios anos antes por Cristóvão Colombo. A mentalidade europeia na época e o seu objetivo era conquistar novos territórios, sem pensar nesses povos por quem eram recebidos. Os portugueses intitularam-se descobridores e conquistadores de um novo território, um tempo mais tarde chamaram de Brasil. Tentaram impor seus costumes, religiões, e ceifar a cultura desses povos que já viviam ali. Alguns nativos foram bravos e resistentes como os Tupinambás, mas a maioria adoeceu com doenças trazidas pelos europeus. Os povoados indígenas que não reagiram foram submetidos a passar todo conhecimento sobre o território e escravizados, assim se criou a dívida histórica com esses povos, por isso é necessário hoje preservar e proteger suas raízes e tradição. Com o passar do tempo. Até 1808 o Brasil era usado por Portugal apenaspara exploração das suas riquezas naturais como o Pau Brasil, mas nessa época as revoluções agitavam a Europa, foi quando Napoleão Bonaparte líder da revolução francesa invadiu Portugal e o rei Dom João e sua corte fugiram para as terras tupiniquins e decidiram então colonizar o brasil, nessa época o Brasil já havia sido dividido em 14 capitanias hereditárias e cada uma foi dada a um líder para que fosse povoada, quando a corte de dom João chegou já existia uma mistura entre os povos nativos e os portugueses, existem indícios de que europeu de outras origens tinham vindo também. Escravos foram trazidos de várias partes do continente africano para serem escravizados, estes lutaram bravamente pelo fim da escravidão, esses escravos escondiam-se no meio das florestas os quais foram chamados de quilombos e foram marcados na história do brasil, até o final da escravidão em 1889 seus descendentes atualmente são chamados de quilombolas. Quando o brasil já haviam passado por várias fases de revoluções, tantos pelos burgueses que não toleravam pagar tantos impostos a coroa quando por escravos, sertanejos e outras comunidades que se formaram a partir dessa mistura de etnias. O Brasil passou sendo colônia por um grande período e no mesmo foi muito explorado, após ser colônia foi império, império que foi abandonado por seu líder e passou um longo tempo governado por regentes, período que foi chamado de regencial após o golpe da maioridade, até 1822 quando se tornou independente de Portugal, mas a família real ainda era quem mandava no pedaço. Foram longos anos de escravidão, corrupção da corte, e de exploração. Nesse tempo viam para cá além de escravos, pessoas de toda parte do mundo e assim os povos foram se misturando cada vez mais entre europeus, índios, escravos. Assim, o brasil foi criando um rosto, em 1889 com o fim da escravidão e a proclamação da república. Várias comunidades se espalharam por todo país, estas que se desenvolveram praticando atividades econômicas, que se estabeleceram em locais específicos, exerciam atividades relacionadas a pesca por comunidades que se difundiram nas costas brasileiras onde se deu origem aos açorianos mais tarde, onde parte do estado de Santa Catarina principalmente a região litorânea como Florianópolis, ainda cultivam a tradição dos pescadores descendentes de açorianos, os caiçaras que se originaram do legado dos índios tupinambás, exerceram outras atividades além da pesca como artesanato, comunidades que se desenvolveram na Amazônia como os ribeirinhos, outros que descendem de revoluções como a extração da catinga os catingueiros, os praieiros ao longos dos litorais, comunidades nômades como os ciganos que passaram a diante tradições, mesclaram culturas, etnias e as levaram para várias outras regiões, e seguem a vida assim, os sertanejos comunidades que descendem do serrado brasileiro, que levaram a diante a tradição de seus antepassados que lutaram contra a miséria a falta de recursos com as revoluções da balaiada, de canudos, contestado, por exemplo. Outras comunidades de minas gerais berço da inconfidência mineira. Em 1896 há de rebanhos mil correr da praia para o sertão; então o sertão virará praia e a praia virará sertão. Em 1897 haverá muito pasto e pouco rastro e um só pastor e um só rebanho. Em 1898 haverá muitos chapéus e poucas cabeças. Em 1899 ficarão as águas em sangue e o planeta há de aparecer na nascente com o raio do sol que o ramo se confrontará na terra e a terra em algum lugar se confrontará no céu... Há de chover uma grande chuva de estrelas e ali será o fim do mundo. Antônio Conselheiro, 1902 Comunidades tradicionais do Brasil A palavra tradição significa transmitir, cultura é um conhecimento transmitido de pai para filho de geração a geração bom ou ruim depende exclusivamente do ponto de vista, comunidade é um grupo de pessoas que possuem características semelhantes entre si e compartilham experiencias. Logo entende-se que comunidades tradicionais do brasil são grupos de pessoas espalhada por todo território brasileiro que compartilham cultura, conhecimento e transmite para frente afim de valorizar e preservar a tradição e seu território. As políticas públicas de preservação da cultura desses grupos de pessoas que ajudaram a escrever a história do Brasil e a construí-lo são recentes e de grande importância do ponto de vista cultural e étnico. Segundo o decreto 6040 de 2007 art. 3. I. Povos e comunidades tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. II. Territórios Tradicionais: os espaços necessários a reprodução cultural, social e econômica dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma permanente ou temporária, observado, no que diz respeito aos povos indígenas e quilombolas, respectivamente, o que dispõem os artigos 231 da Constituição e 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e demais regulamentações; e III. Desenvolvimento Sustentável: o uso equilibrado dos recursos naturais, voltado para a melhoria da qualidade de vida da presente geração, garantindo as mesmas possibilidades para as gerações futuras. Presidência da República, 2007 Entre os povos e comunidades tradicionais do Brasil estão quilombolas, ciganos, matriz africana, seringueiros, castanheiros, quebradeiras de coco-de- babaçu, comunidades de fundo de pasto, faxinalenses, pescadores artesanais, marisqueiras, ribeirinhos, varzeiros, caiçaras, praieiros, sertanejos, jangadeiros, açorianos, campeiros, pantaneiros, catingueiros, e o que restou dos povos indígenas. A origem da Civilização dos Tupinambás O povoado indígena tupinambás surgiram no norte do litoral do sudeste brasileiro que se estendia até a ilha de Tupinambarana no rio amazonas, pela foz do Rio São Francisco atravessando o estado do Maranhão e pelo Pará. Não existem registros do ano certo em que chegaram na região. Mas estima-se que ainda por volta dos anos 560 ainda tinham uma sociedade bem estruturada, mesmo após a chegada dos portugueses devido a alta resistência do povo Tupinambá. Formaram o primeiro povoado indígena na região, migraram para outras regiões do brasil afim de assegurar sua tradição. Os Tupinambás são de origem Tupi, e usavam a mesma língua de outros povos indígenas da mesma origem. Em linguagem Tupi, tupinambá significa “os primeiros”. Alguns tupinambás se relacionaram com portugueses dando origem mais tarde aos Caiçaras. Ambiente, cultura e economia A comunidade dos nativos, acumulavam um grande conhecimento em agricultura e o exerciam no manejo das terras. Também possuíam alto conhecimento em plantas medicinais, que foram usados inclusive por outras tribos Tupi. Eram conhecidos por outras tribos que inclusive falavam a mesma língua ‘’tupi’’ como bravos guerreiros e extremistas, logo consideravam os tupinambás não muito amigáveis em algumas ocasiões até brigavam entre si. Algumas tribos enfrentavam os temidos Tupinambás inclusive ao lado dos portugueses na época da colonização as quais os Tupinambás chamavam de traidoras da terra. Os portugueses invadiram suas terras, matavam, escravizaram, estupravam as índias e dizimaram não apenas os guardiões da terra como eram chamados por outras tribos, mas praticamente todos os povos nativos que resistiam a colonização. Por outro lado, os europeus caracterizavam os povos indígenas como o maispuro exemplo de atrocidade humana, referiam-se aos rituais sagrados de cada tribo, no caso dos Tupinambás referiam-se ao ritual de canibalismo. Os Tupinambás acreditavam que se comessem a carne do inimigo conseguiriam pegar para si toda a inteligência e força do mesmo. Algum tempo depois da chegada dos portugueses ainda habitavam a costa do litoral paulista em grande maioria, e após grande resistência acabaram unindo-se aos franceses e guerrearam contra os portugueses afim de proteger suas terras, muitos foram enganados pelos franceses e mais da metade da comunidade dos tupinambás foram extintas por doenças trazidas da Europa com a varíola. Até 2009 acreditava-se que teriam sido completamente extintos. A atividade econômica antes da colonização se baseava na pesca, produção de alimentos e bebidas a partir da farinha de mandioca e agricultura. Usavam O sistema de coivara que implica na derrubada e queima da mata, na limpeza do terreno e depois na plantação. As mulheres eram responsáveis pela parte artesanal das confecções de redes para a pescaria, além de remédios à base de plantas e ervas, e conheciam variedades de alimentos. Em relação as mulheres Europeias, as índias tinham mais liberdade por um lado e mais importância nas atividades econômicas. Também exerciam atividades extrativistas e caçavam. A coleta de piaçaba era a atividade extrativista mais importante entre os Tupinambá de acordo com documentos do período colonial e imperial, a coleta da piaçaba foi uma das primeiras, usavam para fabricar utensílios domésticos, cordas para caça, objetos decorativos para a aldeia. O que hoje é coletado pelos Tupinambá é usado no mercado regional, as fibras da piaçaba são usadas para a fabricação de vassouras de uso caseiro e industrial. No século 19, eram usadas como cordas para amarração dos navios. Os Tupinambás gostavam de festejar quando obtinham sucesso em suas colheitas, e também quando venciam uma batalha ou pescavam uma quantidade de peixes satisfatória. Nessas ocasiões gostavam de praticar o ritual do canibalismo considerado por eles o mais importante e de grande significado, através da carne do inimigo os Tupinambás acreditavam ficar mais fortes. Os Tupinambás acreditavam em um único deus. Os casamentos eram feitos entre si, casavam-se primos com primos, irmãos com irmãs, não consideravam bom misturar o sangue com de outras origens. Hoje em dia por conta da influência atual da sociedade não realizam mais esses rituais, inclusive muitos aderiam a religião católica. Conhecimento medicinal dos Tupinambás Os Tupinambás Exerciam também atividades medicinais, como ritos de meditação, e o uso farmacológico das plantas, utilizavam uma medicina alternativa que na época da colonização foi considerada por muitos europeus mais sofisticada que as que consideravam de primeiro mundo. Porem por outros estrangeiros acreditavam que esses povos tinham pacto com entidades sobrenaturais. Os europeus conheciam o uso de algo como uma centena de espécies; os nativos manipulavam cerca de 3.000 – que hoje são tesouro da humanidade. JORGE CALDEIRA, 59, jornalista e escritor, é autor de “História do Brasil com Empreendedores” A relação dos Tupinambás com o ambiente e todo o conhecimento que tinham não só de localização, mas de reconhecimento de espécies de animais e plantas eram de espantar os Europeus que se consideravam muitos sábios para época. O trabalho realizado pelos Tupis era altamente sofisticado e produtivo que mais tarde foi avaliado pelos cientistas. Jean de Lery, francês viajante descrevendo o povo Tupinambá. Estima-se que cerca de 25% dos fármacos existentes foram elaborados a partir de ingredientes ativos de plantas, sendo que 119 substâncias químicas utilizadas hoje na medicina em todo o mundo são provenientes das plantas medicinais, o que demonstra a importância de conservar e estudar nossa flora (FARNSWORTH, 1977). Os tupinambás tinham um grande conhecimento em plantas e também em como produzir o unguento a partir da folha, e conheciam também a melhor forma de administrar e preserva-lo. Conheciam toda a preparação. Usavam muito a erva baleeira que usavam para reparar dores no corpo e preparavam a loção a base da folha, de fato não tinham conhecimento de epidemias, de doenças, o que era anti- inflamatório porem conheciam cada planta e sabiam como usar e pra que, se fosse para dor no corpo, machucadura, diarreia , até mesmo plantas alucinógenas que proporcionavam algum tipo de bem estar. A Erva baleeira foi usava por todo grupo de índios tupi não somente pelos tupinambás, não se sabe se foram os tupinambás ou os índios Bororó que entraram em contato com a planta pela primeira vez. O que se sabe é que a erva continuou sendo usada pela população descendente desses povos e cultivada, muito inclusive pelos caiçaras descendentes mais próximos dos tupinambás. Tupinambás atuais e o apoio da sociedade. Durante muitos anos foram considerados extintos, mas em 2009 a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) reconheceu como tupinambá um grupo, estimado em 4.700 índios, que habita no entorno do distrito de Olivença, no município de Ilhéus, na Bahia. A aldeia de Sapucaieira, que participa de uma comunidade de 12 aldeias indígenas na região. Segundo a Funai. Os tupinambás não possuem mais terras para cultivo, e por isso estão lutando pela demarcação da reserva. No entanto traços típicos da cultura indígena como a dança, a culinária, o artesanato e outros legados culturais ainda são mantidos vivos pelos índios tupinambás. Economia e território atual Eles vivem como lavradores e pescadores. Esse reconhecimento foi acompanhado da demarcação de seu território (com o nome de Terra Indígena Tupinambá de Olivença), que entra também pelos municípios de Buerarema e Una Tudo isso foi resultado de uma longa resistência desse povo às diferentes tentativas de expulsão e de usurpação de suas terras. Os tupinambás ocuparam esse território desde o século XVII. Em ciclos de oito em oito anos, é costume tupinambá se deslocar no território, para ocupar novas terras e poupar as áreas em que viviam, sem abandoná-las. As árvores frutíferas plantadas permanecem como pontos de referência, bem como as capoeiras áreas de rejuvenescimento da mata. No entanto depois da década de 1960, os tupinambás foram ficando cercados e oprimidos, limitados na capacidade de implantação de novas habitações e novas roças. Assim, tiveram que adequar sua forma de vida às condições impostas pela sociedade atual. Atualmente a comunidade de índios tupinambás recebem apoio da Funai e são protegidos pelo decreto 4066, porém a Funai ainda não conseguir demarcar as terras de direito da comunidade, existem conflitos entre fazendeiro e empresários que querem usar os locais onde está localizada a comunidade. Os índios vêm exigindo seus direitos e participando ativamente da política local afim de assegurar seu ambiente e tradição que segundo eles já são protegidos por lei, mas não conseguem ainda exercer atividades como a agricultura e não lhe são assegurados direitos sobre seus conhecimentos medicinais. Embora estejam protegidos pela constituição ainda não foi demarcado o território da comunidade tupinambá, o medo da comunidade é ter que sair do local e abandonar suas atividades atuais. Conhecimento medicinal tradicional e a indústria farmacêutica A relação da farmácia como é conhecida hoje, tem direta influencia na história, está completamente ligada a natureza devido desde o início da organização de qualquer comunidade existir a preocupação com a saúde, a cura não apenas do corpo mas da mente. Em cada comunidade sempre existiuo homem conhecedor das plantas que se transformavam em unguentos, responsável por manipular a cura, assim podemos entender o aparecimento dos primeiros remédios, e que o farmacêutico já existia a muito tempo em diferentes civilizações e usava as diferentes diversidades da natureza para manipulas de alguma forma a cura, apenas não era batizado (isso já uma outra história). Juntamente aos vários períodos da humanidade cada um teve as suas inovações relacionada a farmácia. Com o passar do tempo e com a evolução dessas sociedades, foram surgindo juntamente com a história, novas doenças e a humanidade teve que encontrar maneiras de combate-las. Documentos muito antigos encontrados por arqueólogos registram a utilização das plantas e de substâncias de origem animal para fins curativos, desde o período Paleolítico ou idade da pedra lascada. Comumente, as populações que ocupam áreas de florestas tropicais se utilizam da grande biodiversidade desses locais para sobreviver, e dentro desse cenário se destacam os conhecimentos à cerca das plantas medicinais (FURLAN, 2006), sendo que para muitos grupos étnicos a utilização de plantas medicinais é ainda a única forma utilizada para tratamento e combate de doenças (LINHARES, et al, 2014). No Brasil quando os portugueses chegaram no ano de 1500 se surpreenderam com a vasta diversidade de plantas e utilizações que os povos indígenas presentes no local tinham sobres estas. Inicialmente os portugueses, depois imigrantes de outros países trouxeram da Europa outras espécies e conhecimentos de uso medicinal. Além disso os negros que vinham da África também utilizavam plantas como tratamentos (GIRALDI; HANAZAKI, 2010). Com a união de todos esses fatores históricos tem-se hoje uma grande diversidade de plantas cujo conhecimento da utilização foi conservado e difundido predominantemente da forma informal, de geração para geração, transmitido de família para família, para os vizinhos e oralmente (LINHARES, et al, 2014). Esses conhecimentos, dentro do mundo científico, são muitas vezes desvalorizados e a ameaça é a de que acabem desaparecendo devido a maior exposição das sociedades tradicionais à sociedade ‘moderna’, ao maior acesso a medicina moderna, e o deslocamento dessas pessoas de seus centros de origem (PINTO, AMOROZO, FURLAN, 2006); o que pode acarretar na perda de uma vasta riqueza de informações que poderiam contribuir enormemente para diversas indústrias que atendem as necessidades humanas. Atualmente a Organização Mundial de Saúde (OMS) dispõem dados de que em torno de 80% da população mundial dependia e dependem das plantas medicinais. A São conhecidas mais de 500 espécies de plantas com propriedades farmacológicas como por exemplo o próprio maracujá que possui ação sedativa, outras que já são comuns no uso popular como a valeriana que atua nos distúrbios causados pela insônia, a ginko bilobba que tem ação direta na circulação sanguínea, ameniza o cansaço dos membros inferiores, a hedera Helix auxilia no tratamento de tosses crônicas, tem ação bronco dilatadora alivia sintomas de hipersensibilidades como a bronquite ou asma, a passiflora ameniza estados de estresse, ansiedade, a erva beleeira possui ação anti-inflamatória, espinheira santa trata distúrbios do intestino, guaco funciona muito bem como um anti-gripal, pra dor de garganta, tosses, a castanha da índia auxilia na circulação, estabiliza estágios de ulceras varicosas deixando a aparecia das pernas muito melhores, muitas outras são comercializadas e outras estão sendo analisadas pela a Anvisa. Entretanto a Anvisa apenas reconhece alguns desses fitoterápicos como medicamentos, os outros são considerados, apenas conhecimento empírico dessas comunidades, o que faz com que muitos médicos não prescrevam. O conhecimento das comunidades tradicionais brasileiras, foram a base de grandes descobertas pela indústria farmacêutica que até mesmo na alopatia (drogas sintéticas) muitos dos princípios ativos provem de plantas. Muitas pesquisas e descobertas de princípios ativos por grandes industrias foram auxiliadas por comunidades tracionais que conheciam a terra e usavam os princípios como unguento. A seleção das espécies que serão utilizadas nos estudos para desenvolvimento de novos fármacos pode ser baseada utilizando o conhecimento sobre o seu uso tradicional, ou por populações tradicionais, no conteúdo químico e toxicidade, por seleção ao acaso, ou ainda por união de vários desses ou outro critério. Uma das estratégias mais utilizadas é o estudo do conhecimento sobre a medicina tradicional e popular em diferentes culturas (RODRIGUES; AMARAL, 2012). As grandes industrias, ou pesquisadores de universidades pegam amostras de plantas e estudam suas propriedades curativas e assim recebemos os medicamentos processados nas prateleiras das farmácias, mas nem sempre foi assim, a muito tempo e ainda hoje, comunidades tradicionais vão para a mata colher, encontrar, misturam e preparam chás, garrafadas, sabem como se deve administrar etc. Usam e creem fielmente no poder medicinal das plantas. Após estudos e pesquisas essa cultura e conhecimento medicinal dessas comunidades foi batizado de fitoterapia e os medicamentos surgido a base delas fitoterápicos onde fito significa planta e terápico terapia, ou seja, terapia de plantas. Porém como qualquer outro medicamento fitoterápico ou alopático, podem trazer benefícios como malefícios, tudo depende da dose e da administração, algumas plantas têm efeitos alucinógenos e como alguns alopáticos, também podem causar dependência. Medicamentos fisioterápicos comercializados em farmácia magistrais Fonte: Própria autora Disponível em: Blog A Casa Nova Acessado em: 16/06/2017 O Brasil possui grande potencial para o desenvolvimento dessa terapêutica, como a maior diversidade vegetal do mundo, ampla sociodiversidade, uso de plantas medicinais, vinculado ao conhecimento tradicional e tecnologia para validar cientificamente este conhecimento (GUARULHOS, 2014, p. 17). Porem existe um lado negativo na relação entre a indústria e comunidades tradicionais detentoras do conhecimento das plantas, muitas vezes grandes empresas recebem toda a valorização, além de explorar as pessoas e os recursos naturais a fim de faturar no mercado. Cientes do tesouro informacional, subutilizado e desmerecido, que consiste em o conhecimento tradicional, muitos cientistas de diversas áreas os tem acessado atraídos pelo fato destes representarem uma potencial fonte de lucro (SOUZA; SANCHEZ, 2008). Não raro, os verdadeiros detentores desse conhecimento não recebem nenhum benefício pelas informações que se converteram em produtos e patentes que enriquecem a outros (SOUZA; SANCHEZ, 2008). Foto da planta Cordia Verbenacea nos arredores da praia Mongaguá A descoberta do Acheflam Victor Siaulys era um dos presidentes da empresa brasileira de medicamentos Ache Biosintética, uma das poucas indústrias brasileiras de medicamentos nos anos 80. No verão de 1989, Victor resolveu tirar férias em uma das belas praias do litoral Sul de São Paulo Mongaguá, sem jamais pensar que estava prestes a conhecer um humilde pescador que proporcionaria um dos maiores feitos da sua vida profissional. Com a ajuda do pescador o farmacêutico Victor revolucionou a indústria farmacêutica pela primeira vez, com um anti-inflamatório 100% natural e brasileiro. Foi em uma tarde que Siaulys que já sofria com dores fortes no joelho devido a uma lesão ocasionada pelo mesmo esporte que praticava no dia, Ouviu de um companheiro de time que existia uma erva milagrosa capaz de curarqualquer contusão. Bastava massagear o local machucado com a pasta da erva, que a dor desapareceria. O colega o levou até a casa de um pescador que morava ali mesmo na beira da praia aonde o jovem empreender recebeu do humilde senhor uma garrafa do que chamava de erva da praia. No dia seguinte estava pronto para uma nova partida de futebol de areia. Intrigado com a planta Victor levou a pasta até os laboratórios da USP e investiu no mesmo ano 100 milhões de reais em pesquisas, depois de firma um acordo com os departamentos de pesquisas da USP e da UFSC universidade federal de Santa Catarina e desenvolveram o primeiro anti-inflamatório baseado no extrato da planta nativa de origem brasileira mais precisamente na mata atlântica, estudos apontaram que já vinha sendo usada pelos nativos da região que eram os índios Tupinambás, muito antes de 1500. A erva-baleeira (Cordia Verbenacea) continuou a ser usada pelas comunidades descendentes desses nativos, ou seja, usada por pescadores no litoral das regiões Sul e Sudeste os caiçaras. A planta que também é a matéria-prima do medicamento criado após a sua descoberta pela indústria, também é chamada de erva-da-praia e maria-milagrosa pela comunidade praieira das regiões Sudeste e catarinenses. A pasta foi transformada em creme, surgindo em sua nova forma terapêutica através das pesquisas das universidades envolvidas no projeto e do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas da Unicamp. Batizado com Alfa-Himuleno, o princípio ativo da planta foi descoberto somente em 2001. O creme teve eficácia comprovada e foi liberado pela Anvisa e classificado com primeiro fitoterápico industrializado por uma indústria brasileira. Sua terapêutica é direcionada a enfermidades musculares. Fármacos fitoterápicos são aqueles que possuem em sua composição apenas substâncias ativas extraídas das plantas, sem a mistura de princípios ativos sintéticos nem conservantes. Após a descoberta da planta e o início de seus estudos experimentais a empresa financiou uma plantação de 12 hectares da erva no centro de pesquisas da Unicamp. Foram extraídos ao total 120 litros por ano até o final do estudo, na fase experimental para poder atender as fases de testes em pessoas e animais onde foi descoberto indicadores nas fezes desses animais. Os pesquisadores precisaram de oito anos de esforços para adaptar o vegetal às novas condições de plantio, adequadas à produção do medicamento. O equipamento utilizado na produção do óleo custou R$ 240 mil. O valor foi partilhado igualmente pela Unicamp e pelo Laboratório Aché que comercializará o medicamento. O medicamento chegou as farmácias em julho de 2007 com nome comercial Acheflam e atualmente é indicado por farmacêuticos e prescrito por médicos para o tratamento de tendinite crônica e dores musculares miofasciais, e comercializado além de creme em spray Aerossol e gel tendo a clínica igualada ao Diclofenaco Dieta Mônico o famoso cataflam, Biofenac, Doflex medicamentos alopáticos, porém os efeitos colaterais são menores em relação aos alopáticos como o diclofenaco que pode causar alergias. Formas farmacêuticas como comprimido e drágeas ainda estão em processo. Acheflan, primeiro medicamento fitoterápico Fonte: Própria autora A Phytomédica é a divisão de negócios do Aché voltada exclusivamente à pesquisa, desenvolvimento e comercialização de fito medicamentos, medicamentos elaborados a partir de extratos padronizados de plantas e com eficácia e segurança reconhecidas pelos órgãos reguladores competentes. Com investimento anual de R$ 9 milhões para pesquisa e desenvolvimento, a Phytomédica já tem três produtos no mercado Dinaton (Ginkgo biloba), para problemas vasculares-cerebrais; Kamillosan (camomila), para tratamento de dermatites, e Soyfemme (isoflavonas da soja), destinado às mulheres que sofrem com os sintomas da menopausa e que surgiu como opção para pacientes com contraindicação ou que não desejam aderir à Terapia de Reposição Hormonal à base de estrogênio. Sediado em Guarulhos, na Grande São Paulo, o Aché Laboratórios é a maior indústria farmacêutica nacional com 106 marcas de produtos éticos e OTC, e a primeira no ranking de geração de receituário por parte da classe médica. Possui cerca de 2.500 colaboradores e sua força de vendas é a maior do país, visitando mais de 140 mil médicos. Os produtos do Aché Laboratórios estão à venda em mais de 55 mil farmácias em todo o país. Quanto ao pescador caiçara, não foram encontradas mais informações a respeito na pesquisa, estima-se que tenha recebido uma pequena porcentagem por contribuir simbolicamente na pesquisa. Mais um exemplo de injustiça com as comunidades tradicionais brasileiras. Conclusão As comunidades tradicionais acumularam através de um longo período de tempo conhecimentos com intima relação com a natureza, continuam ainda hoje contribuindo para a preservação da biodiversidade e protegendo a utilização racional dos recursos do meio natural, além de disseminar conhecimentos que são capazes de contribuir para o avanço da sociedade como um todo, principalmente nas áreas de pesquisas da saúde. Através de tais conhecimentos e tradições a sociedade brasileira pode evoluir significativamente ao que diz respeito a indústria farmacêutica com relação ao conhecimento medicinal das plantas e do ambiente. Referências Ricardo Monteles, Claudio Urbano B. Pinheiro, REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 Volume 7 - Número 2 - 2º Semestre 2007 Plantas medicinais em um quilombo maranhense: uma perspectiva etnobotânica. Dinorah Ereno, Da natureza para a farmácia, Revista FAESP Abril 2005, ed 101. III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA, Centro Universitário São Camilo, 21 a 23 de maio de 2015, Estudante Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP. LAURENTINO GOMES, 1808, Editora Planeta do Brasil, São Paulo, 2007. ISBN 978- 85-7665-320-2. Juhan augusto Scardelato, Caio Humberto, Ilio Montanari, Aristeu Gomes, Revista de ciências farmacêuticas básicas e aplicadas, ISSN 10804532. Flavia Natércia, Parcerias e inovação impulsionam o setor farmacêutico, campinas 2005 ISSN 18082394. CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo 1902, EAN: 9788573987157, Editora: Laemmert. JECUPÉ, Kaka Werá. A Terra dos Mil Povos: História Indígena Brasileira contada por um índio. 4 ed. São Paulo: Peirópolis, 1998. PINTO, E. 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