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8. Mercado Externo Página 113 8.1 Introdução Adicionando o setor externo ao fluxo circular obtém-se: Mercado Externo 8 Demanda Oferta Mercado Interno Demanda Oferta Mercado Externo Pagamentos em moeda estrangeira Exportações Importações Unidades Produtivas Pessoas Demanda Despesa Privada Oferta Produtos Renda (fichinhas) Taxas e Impostos Subsídios e Salários Governo Despesa Pública Intermediários Financeiros Mercado Financ. Autoridades Monetárias Depos. à prazo Saques Emprest. Depos. à vista Dinheiro em poder do público Reserva Compuls. Rec. Conta Mov. Talões de Cheque Moeda Títulos Moeda Títulos Moeda Títulos 8. Mercado Externo Página 114 A figura mostra as transações com pessoas e organizações que não residem na região (mercado externo), caracterizadas como: Importações - compras de produtos no mercado externo. Exportações - vendas de produtos ao mercado externo. As exportações não são de todo ruim, pois: Obtém divisas, Gera empregos no país Melhora a renda interna através do crescimento econômico Incentiva o mercado interno(quando balanceada). Um país para crescer precisa ter mercados externos para colocar seus produtos. 8.2 Observações das Transações com o exterior (A) Nem toda a produção do país vai para o mercado interno. Existem escapamentos: parte da produção é exportada para gerar receita em dólares. (B) As exportações são parecidas com os investimento das empresas Em uma exportação uma parcela de produtos não chega ao mercado interno pode ser vista como uma economia de produtos no mercado interno portanto um investimento externo. (C) Parte da receita recebida pelas unidades produtivas sai do país. As unidades precisam pagar a empresas no exterior: royalties, juros sobre empréstimos, dividendos sobre lucros, salários para trabalhadores estrangeiros, valor dos insumos importados, etc. as empresas precisam dispor de reservas em moeda estrangeira para fazer frente a essas despesas. (D) As exportações têm que pagar as importações mais os juros e dividendos enviados ao exterior A necessidade de moeda estrangeira (divisas) requer que sejam vendidos produtos também no exterior (exportações) outro balanço adicional (além do orçamento) tem que ocorrer para que a economia fique estabilizada. (E) É recomendável que o déficit de produto gerado pelas exportações seja compensado pelas importações Devido ao fato da exportação resultar na redução de produtos no mercado interno (sem que a renda tenha sido reduzida), essa redução deve ser compensada com produtos importados. (F) É recomendável que a receita gerada pelas exportações seja poupada ou consumida no exterior Para que haja equilíbrio, a receita adicional gerada pelas exportações tem que ser poupada (e posteriormente investida no processo produtivo) ou consumida no exterior para evitar excesso de moeda no país e inflação. (G) Para exportar é preciso ter preço competitivo no exterior. Pode-se atingir isto através da manipulação adequada da taxa de câmbio, que melhora a posição dos preços de alguns produtos. Mas é preciso cuidado, pois uma maxidesvalorização da moeda, apesar de baratear o produto no exterior, prejudica as importações e muito dos produtos exportados necessitam de insumos que são importados. 8. Mercado Externo Página 115 Além disto, uma maxi provoca queda na demanda interna (as pessoas deixam de consumir para poupar e comprar dólares) que no final acaba gerando recessão e queda salarial (i.e., o trabalho acaba pagando a conta final). (H) Uma economia onde as importações são superiores às exportações acaba sem reservas. Quando não for mais possível perder reservas, tem que se virar conseguindo empréstimos, atraindo investidores estrangeiros, reduzindo o pagamento de juros, negando dívidas ou transformando juros em dividendos e enviando depois. 8.3 Efeitos das exportações Considerando que: Y = renda C = Consumo Pessoal I = Investimento G = Gastos do Governo X = Exportações M = Importações Então: Y = C + I + G + X - M Logo, os efeitos das exportações são: Aumento líquido na riqueza do país exportador. Transferência de ouro ou moeda estrangeira, ou algum outro haver, de não residentes para o país exportador. Abrir mão de um crédito bancário ou de outro ativo no país Redução do crédito dos não-residentes no país exportador. Aumento de empréstimos no país exportador. 8.4 As reservas internacionais Reservas (conceito de caixa) - corresponde ao total de recursos, de valor externo (divisas em moeda estrangeira), de curto prazo, descontados os títulos e aplicações de difícil recebimento. Reservas (conceito de liquidez internacional) - contabiliza ativos de liquidez imediata mais haveres de médio e longo prazos, isto é, reservas de curto prazo acrescidas dos valores a receber no médio e no longo prazo. Assim, leva em consideração não só os recursos imediatamente disponíveis, mas também os créditos de médio e longo prazo do país, normalmente expressos em dólar americano. Reservas - US$ milhões (liquidez internacional) 1986 4,25 1994 38,81 2002 37,80 2010 288,58 1987 7,46 1995 51,84 2003 49,25 2011 352,01 1988 9,14 1996 60,11 2004 52,94 2012 378,61 1989 9,68 1997 52,10 2005 53,80 2013 376,00 1990 9,97 1998 44,50 2006 85,84 2014 375,49 1991 9,41 1999 36,30 2007 180,33 1992 23,75 2000 33,00 2008 206,80 1993 32,21 2001 35,80 2009 232,90 EstoqueCE = Estoque de capital estrangeiro no país = US$ 33.920 milhões DívidaEx = Dívida externa de curto prazo = US$ 32.000 milhões No equilíbrio: EstoqueCE + DívidaEx ≤ Reservas 8. Mercado Externo Página 116 Ou seja: Soma do Estoque com a Dívida totaliza o mesmo volume das reservas cambiais 93,43% do estoque de capital é destinado às Bolsas Reservas altas é proteção contra ataque especulativo. As reservas deveriam incluir estoques de mercadorias e não apenas divisas em moeda estrangeira. Dessa maneira uma nação poderia deixar cair o nível de estoque para reforçar divisas, vendendo as mercadorias. 8.5 Exportação como investimento Depende de ser proveniente de: Riqueza adicional criada (crescimento). Venda de estoques existentes (excedente). 8.6 O FMI Criado na conferência de Breton Woods logo após a 2ª Guerra Mundial, é o órgão que regula as relações financeiras entre nações (uma espécie da Banco Central internacional). (A) Quotas – quantidade de moeda proporcional ao tamanho da economia de cada nação depositada no FMI. Os EUA têm 20% das quotas (B) Votos - são proporcionais ao número de quotas. (C) Decisões- são aprovadas por maioria de votos e podem ser vetadas com 20% dos votos. Os EUA tem o privilégio do veto, mas não tem o mesmo privilégio para aprovação, entretanto sua política econômica influencia fortemente as posições do FMI. (D) Empréstimos – são oferecidos aos países que estão com dificuldades na balança de pagamentos. Nesta situação o FMI impõe ajustes proporcional ao volume emprestado. Como qualquer banqueiro (preocupado em receber os pagamentos), o FMI troca dinheiro por submissão a certas normas internas que implicam políticas econômicas para gerar superávit na balança de pagamentos. Após a crise de petróleo de 1974 os Bancos privados criaram um sistema que exige o aval do FMI à política econômica de um país para liberação de empréstimos. (E) DES (Depósito Especial de Saque) - criado na reunião de 1957 no Brasil, é uma espécie de dinheiro internacional. Com os DES, o FMI deixou de ser meramente um banco para depósitos e passou a gerar também dinheiro. Um certo número de DES são creditados na conta de um país na reunião anual do FMI . Quanto mais pobre é um país, maior é o potencial de DES que recebe. Observação: Princípio dos governos latino- americanos: dada uma boa reserva viro populista (na década de 80 os Argentinos compraram coisas no mundo inteiro até esgotar todas as suas reservas). Existe, portanto, um grande perigo de congelamento cambial quando se tem reservas elevadas e eleições próximas, pois todos governos populistas fazem isso. 8. Mercado Externo Página 117 8.7 Balança Comercial É o resultado da diferença entre exportações (X) e importações (M). O saldo final (X-M) gera divisas para as reservas do país. Para honrar compromissos, uma balança de pagamentos desequilibrada gera necessidade de moeda externa. Uma forma para compensar o desequilíbrio são as operações de swaps onde dois Bancos Centrais combinam de trocar temporariamente moedas. Os resultados positivos da balança comercial serviam no passado para equilibrar o balanço de pagamentos, que inclui os gastos em dólares com serviços e juros da dívida externa. Entretanto, no plano Real eles perderam essa função, que passa agora a ser desempenhada pelo capital estrangeiro. Assim é o déficit em conta corrente do balanço de pagamentos quem estará financiando o déficit do setor público. Ou seja, o país está usando a poupança vinda do exterior para cobrir despesas do setor público. Bal. Comercial em 2005 Bal. Comercial em 2006 Bal. Comercial em 2007 Bal. Comercial em 2008 Bal. Comercial em 2009 (Em US$ milhões) (Em US$ milhões) (Em US$ milhões) (Em US$ milhões) (Em US$ milhões) Export. Import. Saldo Export. Import. Saldo Export. Import. Saldo Export. Import. Saldo Export. Import. Saldo 7.444 5.261 2.183 9.271 6.452 2.819 10.980 8.466 2.514 13.277 12.344 933 9.782 10.311 -529 7.756 4.969 2.787 8.750 5.953 2.797 10.130 7.230 2.900 12.800 11.951 849 9.586 7.823 1.763 9.251 5.902 3.349 11.366 7.706 3.660 12.890 9.570 3.320 12.613 11.618 995 11.809 10.053 1.756 9.202 5.326 3.876 9.803 6.741 3.062 12.446 8.263 4.183 14.058 12.321 1.737 12.322 8.627 3.695 9.818 6.369 3.449 10.275 7.289 2.986 13.648 9.780 3.868 19.303 15.233 4.070 11.984 9.348 2.636 10.206 6.176 4.030 11.435 7.371 4.064 13.120 9.300 3.820 18.594 15.876 2.718 14.468 9.862 4.606 11.062 6.054 5.008 13.620 7.991 5.629 14.120 10.773 3.347 20.451 17.134 3.317 14.142 11.229 2.913 11.346 7.676 3.670 13.642 9.121 4.521 15.100 11.558 3.542 19.747 17.472 2.275 13.841 10.771 3.070 10.635 6.306 4.329 12.550 8.109 4.441 14.170 10.690 3.480 20.017 17.263 2.754 13.863 12.536 1.327 9.904 6.210 3.694 12.661 8.735 3.926 15.768 12.336 3.431 18.512 17.305 1.207 14.082 12.754 1.328 10.790 6.700 4.090 11.866 8.662 3.204 14.050 12.030 2.020 14.700 13.100 1.600 12.653 12.038 615 10.897 6.551 4.346 12.235 7.223 5.012 14.231 10.595 3.636 13.818 11.500 2.318 13.720 12.285 1.435 118.311 73.500 44.811 137.474 91.353 46.121 160.653 120.591 40.062 197.890 173.117 24.773 152.252 127.637 24.615 Bal. Comercial em 2010 Bal. Comercial em 2011 Bal. Comercial em 2012 Bal. Comercial em 2013 Bal. Comercial em 2014 (Em US$ milhões) (Em US$ milhões) (Em US$ milhões) (Em US$ milhões) (Em US$ milhões) Export. Import. Saldo Export. Import. Saldo Export. Import. Saldo Export. Import. Saldo Export. Import. Saldo 11.305 11.474 -169 15.215 14.791 424 16.141 17.448 -1.307 15.967 20.007 -4.040 16.026 20.085 -4.059 12.197 11.804 393 16.732 15.535 1.197 18.028 16.322 1.706 15.549 16.828 -1.279 15.934 18.062 -2.128 15.727 15.059 668 19.286 17.733 1.553 20.911 18.891 2.020 19.320 19.158 162 17.628 17.514 114 15.161 13.878 1.283 20.173 18.310 1.863 19.566 18.687 879 20.631 21.620 -989 19.724 19.216 508 17.702 14.259 3.443 23.209 19.689 3.520 23.215 20.255 2.960 21.822 21.059 763 20.752 20.037 715 17.094 14.817 2.277 23.689 19.261 4.428 19.353 18.549 804 21.134 18.826 2.308 20.467 18.105 2.362 17.673 16.316 1.357 22.252 19.117 3.135 21.003 18.133 2.870 20.807 22.705 -1.898 23.024 21.452 1.572 19.236 16.796 2.440 26.158 22.285 3.873 22.381 19.159 3.222 21.424 20.201 1.223 20.463 19.301 1.162 18.833 17.740 1.093 23.285 20.211 3.074 19.998 17.446 2.552 20.996 18.853 2.143 19.617 20.557 -940 18.380 16.527 1.853 22.140 19.785 2.355 21.763 20.104 1.659 22.821 23.046 -225 18.330 19.507 -1.177 17.688 17.376 312 21.773 21.191 582 20.472 20.659 -187 20.861 19.122 1.739 15.646 17.996 -2.350 20.918 15.551 5.367 22.129 18.312 3.817 19.748 17.505 2.243 20.846 18.192 2.654 0 201.914 181.597 20.317 256.041 226.220 29.821 242.579 223.158 19.421 242.178 239.617 2.561 207.611 211.832 -4.221 8. Mercado Externo Página 118 Com a mudança de função, o que se espera é que a balança comercial aponte a continuidade do crescimento da corrente de comércio (corrente de comércio = soma das exportações e importações). Quando grande parcela das importações são compras de insumos e bens de capital, confirma-se que se está fazendo investimentos maciços no parque industrial para se exportar muito mais. Diante de um déficit na balança comercial, a preocupação é mostrar que o país tem como financiar o resultado negativo, através da entrada de investimentos externos, e reservas internacionais. O aumento das importações pode, portanto, também representar um crescimento das exportações no futuro. Ou seja, as empresas estão importando mais agora para melhorar a sua capacidade de produção e, assim, exportarem mais. Déficit público sem investimentos para crescer a economia Não se obtém eficiência no sistema produtivo exportações não deslancham e as importações continuam subindo não se criam as condições necessárias para baixar o déficit da balança comercial. 8.8 Balança de Serviços A Balança de Serviços inclui receitas obtidas no exterior e despesas com o pagamento de juros da dívida externa. Serviços (líquido) = pagamentos que inclui os juros da dívida externa, frete, aluguel de máquinas, seguros, etc. Serviço da Dívida = Juros + Amortização 8.9 Conta Corrente Conta corrente = Balança Comercial + Balança de Serviços Balança Comercial - calcula os resultados de exportações e importações Balança de Serviços - inclui receitas obtidas no exterior e despesas com o pagamento de jurosda dívida externa, frete, aluguel de máquinas, seguros, etc. 8.10 Balança de Transações Correntes É a soma das operações da balança comercial, transferências unilaterais (remessas unilaterais de brasileiros residentes no exterior), e serviços (com juros, receita e despesa). Transações Correntes = Balança Comercial + Transferências unilaterais + Balança de Serviços As transações Correntes pode ser deficitária ou superavitária. Um déficit de transações correntes significa uma absorção externa de recursos (endividamento externo) Fatores sazonais na balança comercial No segundo semestre (julho a outubro), as exportações normalmente crescem (julho normalmente é um mês superavitário), voltando a cair geralmente a partir de outubro, isto é, no mês de novembro, por causa das festas de fim de ano, quando o brasileiro consome mais (o que aumenta as importações), somente se recuperando em julho do ano seguinte. As importações normalmente crescem mais nos últimos meses do ano. 8. Mercado Externo Página 119 (A) Déficit de transações correntes Déficit de transações correntes = absorção externa de recursos endividamento externo À medida que o déficit em conta corrente cresce, aumenta o nível de dependência do país ao capital externo e a vulnerabilidade ao que ocorre no exterior. À medida que cresce o rombo externo, mais o país precisa de recursos dos investidores estrangeiros para cobri-lo. E acaba ficando mais frágil e mais sujeito às oscilações do mercado internacional, como ocorre com os países vítimas de ataques especulativo. Investidores internacionais acompanham o déficit e de repente podem sacar seu dinheiro e provocar uma crise cambial. Para cobrir o déficit de transações corrente: Desenvolvimento de forte programa de privatizações Incentivar aplicações estrangeiras na bolsa de valores Aumentar o nível de reservas internacionais (B) Movimento de Capitais Movimento de Capitais = entrada de capitais sob a forma de investimentos diretos e empréstimos em moeda. Boa parte desse dinheiro é capital especulativo, que pode sair do país a qualquer momento. Não incluem o dinheiro para as bolsas de valores, fundos de privatização e renda fixa. 8.11 Balanço de Pagamentos Balanço de pagamentos = Transações Correntes + Movimentos de capitais Transações Correntes À medida que o déficit em conta corrente cresce, aumenta o nível de dependência do país ao capital externo e a vulnerabilidade ao que ocorre no exterior. Movimentos de capitais À medida que cresce o rombo externo, mais o país precisa de dólares dos investidores estrangeiros para cobri-lo. E acaba ficando mais frágil e mais sujeito às oscilações do mercado internacional, como ocorre com os países vítimas de ataques especulativo. Investidores internacionais acompanham o déficit e de repente podem sacar seu dinheiro e provocar uma crise cambial. 8.12 Ataque Especulativo Um ataque especulativo ocorre quando os investidores começam a trocar as moedas locais por dólares, obrigando os bancos centrais a se desfazerem de suas reservas para sustentar a cotação das suas moedas. 8. Mercado Externo Página 120 Como o estoque de reservas em moeda internacional é limitado, os bancos centrais não têm como sustentar o jogo indefinidamente. Por isso, quando a corrida por dólares é maciça, não resta outra alternativa a não ser deixar o câmbio flutuar, o que leva à queda esperada pelos especuladores, ou fazer a desvalorização pura e simples da moeda. Motivos que levam a um ataque especulativo, provocando uma saída imediata dos ativos (hot money = capital de curto prazo) do país: Dificuldades crescentes de cobrir o déficit nas contas externas (levam a uma aposta pelos especuladores de que o governo acabaria desvalorizando o câmbio para estimular as exportações). Percepção de que os preços das ações se elevam oferecendo retorno mais rápido a sua venda imediata do que a manutenção do investimento. Cerca de 93,43% do estoque de capital no Brasil são destinados às Bolsas, e é chamado de capital especulativo. Enquanto as ações estiverem com os preços baixos e pagando dividendos altos não ocorre fuga do capital. Entre os vários indicadores desenvolvidos pelo FMI como alertas antecipados para possíveis crises externas, um deles tem funcionado muito bem: a relação entre o volume de moeda amplamente definida e o das reservas. Este indicador subiu tanto antes da quebra do México, em 94, quanto da Tailândia, neste ano. A definição de moeda usada no indicador é o M2 ( a soma dos depósitos à vista, das reservas bancárias e dos títulos do governo). Relação entre M2 e Reservas México 5 (1993) 7 (Abr/94) 20 (Dez/94) Tailândia 3,6 (Dez/96) 4 (Abr/97) 4,6 (Mai/97 Quando atinge uma magnitude elevada, o medidor de crises passa a ser o próprio déficit. Quando passa de um determinado nível, entra-se na zona amarela. O limite mais prudente é 4% quando acende a luz amarela. Se chegar a 7% ou 8% já é a beira do abismo onde caiu o México e a Tailândia. Tailândia entrou em crise quando apresentou um déficit de transações correntes equivalente a 7,1% do seu PIB, sendo apenas 0,9% desse total era financiado por investimentos diretos. Não dá para sustentar a política cambial por muito tempo se não forem feitas reformas e aumentos de competitividade. As privatizações garantem a entrada de dólares necessários para cobrir a diferença entre importações e exportações e as despesas com serviços pagos ao exterior, que formam a conta de transações correntes. 8. Mercado Externo Página 121 A única maneira de consertar essa situação é atacando a falta de poupança doméstica. Poupança se faz em casa, para não haver o risco de uma crise exterior afetar o país. O bolo de gastos com a Previdência e pensões no setor público não pode aumentar muito se a receita não crescer tanto. A situação de países é semelhante a de bancos: se começam rumores de que os compromissos podem não ser honrados acontece uma corrida de saques. Um país, assim como um banco, tem que dar segurança aos investidores. O chamado capital especulativo é um dinheiro sem pátria, que se guia pelo cheiro de oportunidades. 8.13 Agências de Rating Informam aos estrangeiros sobre valores, indicadores e políticas de um país, e divulgam periodicamente relatório de classificação de risco de um país para: Investimentos em moeda estrangeira (risco cambial) Operações em moeda local É com base nas indicações e avaliações dessas empresas especialistas que os investidores decidem o destino de seu dinheiro. Sem crédito no mercado externo, um país não consegue cobrir suas necessidades de investimento. O conceito do país no exterior é responsável pela imagem do país e portanto de sua credibilidade (capacidade de honrar compromissos). Agências: Fitch Investor Service (associada à Atlantic Rating no Brasil) Standard & Poors Moody’s Na realidade, essas agências estendem a cultura e crença de uma nação credora para as demais nações, utilizando parâmetros próprios da nação credora para julgar políticas e estruturas das outras nações. É, portanto, uma imposição, uma vontade imperial e unilateral a que as nações devedoras são obrigadas a seguir para usufruírem do benefício de crédito8.14 O Câmbio Câmbio defasado de 20% significa moeda 1,2 vezes o dólar, o que pode representa um barateamento de 20% do preço dos produtos importados em troca do encarecimento de 20% dos produtos exportados. Se nesta situação a oferta ficar equilibrada com a demanda, é porque as pessoas estão comprando as importações 80% mais baratas do que deveriam ser, e as exportações estão sendo drenadas para o mercado interno já que estão 20% mais caras no mercado externo. Se o câmbio estivesse equilibrado a inflação seria de 20%, pois se o câmbio estivesse desequilibrado, não se importariam os mesmas quantidades ocorrendo portanto uma ausência de 20% de produtos (que deveriam ser importados), cuja compensação seria uma alta correspondente nos preços. 8. Mercado Externo Página 122 Neste caso os pressupostos são: ninguém paga mais caro por um produto tendo um equivalente mais barato. Assim: (A) Na situação de Equilíbrio Considerando que: Y = renda C = Consumo Pessoal I = Investimento G = Gastos do Governo X = Exportações M = Importações Então: Y = C + I + G + X - M Y – C – I – G = X – M logo = X – M Definindo: x1 = quantidade dos produtos exportados px1 = preço dos produtos exportados X = px1 * x1 m2 = quantidade dos produtos importados p2 = preço dos produtos importados M = pm1 * m1 (B) Com câmbio defasado e na situação de equilíbrio x2 = quantidade dos produtos exportados px2 = preço dos produtos exportados Xd = px2 * x2 m2 = quantidade dos produtos importados p2 = preço dos produtos importados Md = pm2 * m2 Mas: px2 = 0,80 * px1 pm2 = 1,2 * pm1 logo: Xd = 0,80 * px1 * x2 Md = 1,20 * pm1 * m2 Se as quantidades se mantiverem constantes (isto é, se a necessidade dos produtos estiverem sendo satisfeitas), teremos: x1 = x2 e m1 = m2 Portanto: Xd = 0,80 * px1 * x1 => Xd = 0,80 * X Md = 1,20 * pm1 * m1 => Md = 1,20 * M 8. Mercado Externo Página 123 Logo Xd – Md = 0,80 * X – 1,20 * M Xd – Md = 0,80 * X + 0,20 * X – 0,20 * X – 1,20 * M + 0,20 * M – 0,20 * M Xd – Md = X – M – 0,20 * (X + M) Xd – Md = - 0,20 * (X + M) O saldo da balança comercial (Xd – Md) cai 20% da corrente de comércio (X + M) Exemplo: Para o Brasil no ano de 1994 temos: Saldo: X – M = 3.426 US$ milhões Corrente: X + M = 43.488 US$ milhões Em 1995 o saldo Xd – Md = -3.156 US$ milhões, assim: -3.156 = 3.426 – k * 43.488 Logo: k = (3.156 + 3.426) / 43.488 = 6.582 / 43.488 = 0,15 => defasagem no câmbio de 15% 8.15 Conta de Produção Final DÉBITO CRÉDITO A = Importação de bens e serviços L = Exportação de bens e serviços B = Renda líquida enviada ao exterior M = Consumo pessoal C = Salários N = Consumo do governo D = Juros pagos O = Formação bruta de capital fixo E = Aluguéis pagos P = Variação de estoques F = Lucros distribuídos G = Depreciações H = Lucros retidos I = Outras receitas correntes do governo J = Impostos - Transferências 8.16 O Déficit do Governo A produção nacional pode ser feita com pleno emprego (todos os fatores de produção são usados; não há ociosidade), ou com algum emprego. Essa produção nacional é: Comprada pelas pessoas (consumo) Comprada pelas empresas (investimentos físicos) Comprada pelo resto do mundo (exportações) Comprada pelo governo (gastos do setor público) A soma dos gastos desses quatro agentes tem que ser igual ao total da produção nacional. 8. Mercado Externo Página 124 Se o governo gasta mais do que suas possibilidades, pagando com emissão de moeda, produz um déficit. Esse déficit com a economia abaixo do pleno emprego induz ao emprego dos fatores ociosos. Neste caso, o déficit poderia provocar apenas uma inflação temporária, pois logo adiante a economia estaria com uma produção maior. Porém, se não houver desemprego, o déficit só pode provocar excesso de demanda (compras) criando condições para elevações de preços, já que a economia está produzindo o máximo. Se o governo criar um déficit apenas porque aumentou o salário dos seus funcionários, e isto provocar um aumento na demanda de produtos, os preços destes podem subir, se a produção estiver no limite, isto é, toda vendida. Mesmo que haja ociosidade em outros setores, a produção geral não reage. Para obter os recursos monetários para cobrir o déficit público, o governo pode ir ao mercado e vender títulos públicos. Agindo desta maneira, o governo estará aumentando a dívida interna e desviando recursos de poupança dos indivíduos, que poderiam entrar na economia para o aumento da produção. 8.17 Como o déficit é pago: Na China, as pessoas ganham e não gastam toda a renda. Logo, não compram tudo que a economia produz. Sobra renda por um lado e sobra produção por outro. Aí vem o governo e compra essa produção excedente, pagando com o dinheiro do povo que empresta ao governo. Em suma, a poupança privada é emprestada ao governo, que não emite moeda para pagar seu déficit. (o déficit não desequilibra a demanda nem aumenta o estoque de moeda). Consequentemente não pode haver inflação. A China exporta mais do que importa e gera enorme saldo em dólares. O governo toma emprestado esses dólares (provocando um déficit) e faz importações. Ou seja, esse déficit não pressiona a procura por produtos internos nem aumenta o estoque de moeda. A China investe no exterior o enorme saldo da balança comercial (exportações - importações) O governo brasileiro emite moeda para pagar seu déficit (gastos maiores do que a arrecadação), e continua emitindo para pagar os encargos da dívida decorrente dos déficits passados. Como o estoque de moeda tem de estar lastreado na produção, emissões descontroladas só podem elevar os preços. 8. Mercado Externo Página 125 8.18 Para saber mais [1] WONNACOTT, Paul; WONNACOTT, Ronald. Introdução à Economia. São Paulo: Editora McGraw-Hill do Brasil, 1994. [2] MOCHÓN, Francisco. Princípios da Economia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. [3] MANKIW, N. Gregory. Introdução À Economia. São Paulo: Cengage Learning, 2014. [4] IBGE: http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/lista_tema.aspx?op=1&no=1 (acessado em 02/09/2014) [5] SEI - Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia http://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&id=135&Itemid =218 (acessado em 02/09/2014)
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