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Gestão da Informação Integrada da Informação Gestão Integrada G es tã o da In fo rm aç ão In te gr ad a Carlos Montagner Hermann Marx Gestão da Informação Integrada Carlos Montagner Hermann Marx 2009 Carlos Alberto Montagner Pós-graduado em Gestão Empresarial pela Fun- dação Getúlio Vargas (FGV-RJ). Bacharel em Ad- ministração pela Universidade Paulista (Unip). Ocupou cargos gerenciais e de direção em di- versas funções da Cadeia de Abastecimento e Tecnologia da Informação, em empresas de grande porte de bens de consumo e prestação de serviços. É conferencista, palestrante e con- sultor em gerenciamento da cadeia de supri- mentos e logística. Hermann Gonçalves Marx Doutor em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Sistemas e Pesquisa Operacional pela COPPE- -Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em Pesquisa Operacional pela Uni- versidade Técnica de Aachen. Graduado em En- genharia Mecânica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Atualmente é professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Tem larga experiência na área de Ad- ministração empresarial tendo gerenciado e presidido empresas nacionais e multinacionais de grande porte. Atua como consultor, princi- palmente nos seguintes temas: desenvolvimen- to, política industrial, sociedade empresarial e novos negócios. su m ár io su m ár io su m ár io su m ár io Introdução e conceitos fundamentais da gestão da informação 15 15 | O que são sistemas de informação 17 | Participantes de um sistema de informações 21 | Gestão por processos 23 | Organização virtual 27 | Gestão de informações no processo de vendas ou na colocação de pedidos pelos clientes 28 | A evolução da Tecnologia de Informações 30 | A aplicação de recursos de TI 32 | Conclusão Sistemas de comunicação 37 37 | Introdução 39 | Como caracterizar um sistema de comunicação 41 | A evolução da importância da comunicação nas empresas 43 | A comunicação e o efeito chicote 45 | O código de barras no processo de comunicação 47 | Normatização da comunicação 47 | A descomunicação na era da comunicação 49 | A comunicação na administração por processos 51 | A comunicação inter sistemas Redes de informação 59 59 | Introdução 60 | A importância estratégica da rede de suprimentos 62 | Evolução das informações na rede logística 63 | A organização nos novos tempos 65 | O trabalho em rede 70 | Redes internas globais 73 | Clusters e a rede de informações Internet, VMI e EDI 81 81 | Introdução 84 | Ganho de flexibilidade 90 | EDI e internet ERP 99 99 | Introdução 101 | Entendimento do funcionamento do sistema 105 | O que é necessário para instalar um ERP 109 | O impacto do ERP na cadeia de suprimentos 110 | A função do ERP no front office 110 | Conclusões Impactos do comércio eletrônico na distribuição ao mercado 119 119 | Introdução 121 | Comércio eletrônico entre duas empresas – B2B 124 | Transação entre fornecedor e consumidor – B2C 132 | Comércio C2C A cadeia de suprimentos e a gestão dos fluxos de informação e pedidos 141 141 | Introdução 142 | Tipos de relacionamento entre fornecedor e cliente 143 | Entendendo a cadeia de suprimentos 147 | Direcionadores dos relacionamentos na cadeia de suprimentos 148 | Gestão do relacionamento com clientes e fornecedores 151 | Alinhamento e integração com fornecedores su m ár io su m ár io su m ár io su m ár io 153 | Globalização das cadeias de suprimentos 154 | Resumo O pedido perfeito. Processamento e transferência de pedidos 161 161 | Introdução 162 | O pedido perfeito 165 | Serviço ao cliente 168 | Processamento e transferência entre indústrias 170 | Processamento e transferência entre indústria e comércio 172 | Comércio eletrônico (web) 175 | Resumo Prioridades no processamento. Pedidos em lotes e parciais 183 183 | Introdução 184 | Modelos de atendimento de pedidos 185 | O fluxo do pedido 193 | Processamento paralelo versus sequencial 195 | Pedidos em lotes e parciais 196 | Resumo Consolidação de embarque 205 205 | Introdução 206 | O planejamento da distribuição aos clientes 207 | O fluxo do faturamento dos pedidos 214 | O desafio da gestão dos custos logísticos 215 | Consolidação de embarques 219 | Resumo Rastreabilidade, GPS e RFID 227 227 | Introdução 227 | O que é a rastreabilidade 230 | Sistema de Posicionamento Global 233 | Rastreamento de produtos 237 | Radio Frequency Identification (RFID) 238 | Vantagens e limitações 241 | Resumo Indicadores de desempenho e o uso de softwares em gestão de pedidos 249 249 | Introdução 249 | Sistemas de gestão no ciclo de pedidos 258 | Sistema de planejamento na cadeia de suprimentos 259 | Indicadores de desempenho na gestão do ciclo de pedidos 264 | Gerenciamento de riscos no ciclo de pedidos 265 | Resumo Gabarito 273 Referências 277 Apresentação G estão da Inform ação Integrada Antes da Revolução Industrial boa parte das necessidades individuais ou familiares era coberta com os recursos que cada pessoa ou cada família podia tirar de sua própria terra. Aqueles que tra- balhavam nas cidades precisavam encomendar os bens e muitas vezes aguardar algum tempo para recebê-los. O comerciante da época poderia anotar manualmente algum detalhe do cliente e até mesmo detalhes da operação de compra/venda. Com a era da industrialização, houve o cresci- mento do número de produtos vendidos e de ma- terial comprado. Surgiram as tabelas, o livro de receita e despe- sa com anotações manuais diárias, as fichas kardex etc. Existiam também enormes fichários onde cada produto tinha sua ficha e nela era anotada toda a movimentação referente ao produto. Essas anotações eram feitas manualmente por vários funcionários. O cruzamento dessas informações era tarefa difícil e demorada. Com a evolução dos tempos, o cenário mudou e, considerando o que se chama de período dentro da administração, mudou muito recentemente. Mudou como resultado obrigatório de atender melhor os clientes, pois a concorrência passou a ser global e, portanto, mais ampla. A quantidade de clientes aumentou, o tempo de entrega diminuiu, a qualidade aumentou e com ela a exigência dos clientes em receberem melho- res e mais rápidas informações. Chegamos a um momento em que cada um de nós e todas as empresas devemos “estar à dispo- sição 24 horas por dia”. Não dá mais para esperar G estão da Inform ação Integrada o lançamento de um livro. A comunicação precisa ser imediata, mais que isso, instantânea. Como função da necessidade os sistemas de informação foram sendo gradualmente melhora- dos. Telefone fixo, fax, máquina de escrever deram lugar a telefones móveis, e-mails e impressoras. E a coisa continua: internet, intranet etc. para permitir que empresas se mantenham conectadas em todo o tempo dentro de suas unidades ou com clientes e fornecedores. Mas as empresas também sentiram que suas administrações tradicionais não mais suportariam a disputa de mercado e de produtividade. Conse- quentemente surgiram os sistemas de administra- ção que, se não substituíram totalmente os funcio- nários, deram a eles instrumentos para melhorar sua vida, propiciando maior precisão e mais dados, mais rapidez, portanto para tomadas de decisão. Todas essas ferramentas apareceram para ajudar na administração, mas também para modi- ficá-la causando impacto significativo nos custos da empresa, na sua flexibilidade administrativa e na disposição de dadosadministrativos. Os novos sistemas de informação e comuni- cação causam também grande impacto na forma como empresas e pessoas passam a fazer negócios e a controlá-los a distância, assim como as empre- sas passam a conhecer melhor seus clientes indivi- dualmente (conhecimento esse que foi abandona- do na era da industrialização). A cadeia de suprimentos é cada vez mais im- portante dentro da estratégia de negócios de uma organização. Gerenciar de forma eficaz seus pro- cessos e suas inúmeras interfaces é uma missão G estão da Inform ação Integrada de complexidade crescente aos gestores, de modo que, aprofundar o entendimento do fluxo de in- formações e seus indicadores de desempenho faz parte da lição de casa que esses gestores têm que cumprir de forma contínua. Portanto, era de se esperar que a individualida- de empresarial fosse substituída pela rede de ope- rações de empresas, o que só está sendo possível por disponibilidade farta de sistemas padroniza- dos internacionalmente. Nesse contexto, é fundamental entender as diversas variáveis envolvidas no ciclo de pedidos, geradas por distintas necessidades de clientes e consumidores finais, cada vez mais informados e exigentes. Este livro organiza o processo de comunicação e gestão através de focos específicos, ao longo de doze capítulos. Os seis capítulos iniciais tratam de conceitos fun- damentais sobre a informação e sua gestão nas em- presas, sistemas de comunicação, aspectos de redes de comunicação e sua importância no atual modelo global. Apresenta especificamente o uso da inter- net nas empresas e entre as empresas assim como o uso do VMI como forma de otimização de cadeias produtivas e o EDI como forma de comunicação dentro da cadeia produtiva. Introduz e discute um sistema de administração da empresa e que facili- ta a comunicação com outras empresas. Também é trabalhada a problemática do comércio eletrônico entre empresas e entre empresa e consumidor. Nos seis capítulos finais iremos discutir o fluxo físico e de informação da cadeia de suprimentos, identificando os tipos de relacionamentos entre G estão da Inform ação Integrada os diversos elementos da cadeia. O conceito do pedido perfeito, obtido a partir da execução cor- reta de todas as atividades das diversas etapas do ciclo de pedidos. Trataremos, ainda, sobre o pro- cessamento e transferência de pedidos entre os distintos participantes da cadeia de suprimentos. Conhecer os diferentes modos de processamento de pedidos, nos seus distintos formatos e agrupa- mentos. Veremos as diferenças entre o processa- mento paralelo e o sequencial, para pedidos agru- pados em lotes ou com agregação parcial. Entender os benefícios financeiros e operacio- nais de uma gestão de otimização na consolidação de embarque é o ponto central de um dos capí- tulos. Essa consolidação levará em conta clientes geograficamente próximos ou não dos pontos de expedição das mercadorias. Veremos a importância estratégica de rastrear pedidos e produtos na cadeia de abastecimen- to. Iremos conhecer um pouco as tecnologias utilizadas para tal, algumas amplamente difun- didas no mercado e outras em estágio inicial de implementação. Para encerrar, discutiremos no último capítulo as ferramentas mais importantes para a gestão do ciclo de pedido e a aplicação prática de alguns in- dicadores de desempenho importantes para um gerenciamento eficiente do relacionamento entre clientes e fornecedores. Introdução e conceitos fundamentais da gestão da informação Hermann Marx O que são sistemas de informação Um sistema de informação dentro de uma empresa pode ser definido como um conjunto de componentes inter-relacionados trabalhando juntos. Tem como tarefas as operações de: coletar, recuperar, processar, armaze- nar e distribuir informação. As informações trabalhadas têm como objetivo facilitar o planejamento, o controle, a coordenação, a análise e o processo decisório na empresa. Os sistemas de informação basicamente permitem transformar a infor- mação, que chamamos de bruta, em uma forma utilizável para coordenação de fluxo de trabalho de uma empresa. Assim podem ajudar na tomada de decisões dos empregados e gerentes, permitindo a melhoria nas operações, nas análises e na visualização de problemas mais complexos, contribuindo para suas soluções. Os sistemas de informação fazem isso através de um ciclo de três ativida- des básicas: entrada, processamento e saída. Podemos imaginar que a gestão da informação existe desde há muito tempo. Os primatas tratavam de passar informação entre si, por ruídos grosseiros ou mesmo por sinais, por exemplo, para informar de algum perigo ou de alguma coisa boa. Mesmo os animais transmitem informações rudimentares através de sons, gestos ou outras formas. Numa empresa, as informações são tão importantes para a sua sobre- vivência quanto nos exemplos acima e elas precisam ser transmitidas e gerenciadas. 16 Gestão da Informação Integrada Entretanto, numa empresa, as informações têm muitas fontes (origens) e são trabalhadas e difundidas para muitos consumidores de informação (destinos). Basicamente, portanto, pode-se dizer que a movimentação da informa- ção percorre as seguintes etapas: Etapa 1: Entrada ( � input) – envolve a captação ou coleta de fontes de dados brutos de dentro da organização ou de seu ambiente externo. Etapa 2: Processamento � – envolve a transformação dessa entrada bruta em uma forma mais útil e apropriada. Etapa 3: Saída ( � output) – envolve a transferência da informação pro- cessada às pessoas ou atividades que a usarão. Pode-se incluir a realimentação como uma etapa, não necessariamen- te existente em todos os processos, que retorna a informação de saída aos membros adequados da organização para ajudá-los a refinar ou corrigir os dados da entrada. EMPRESA entrada processamento saída realimentação O a ut or . Figura 1 – Ciclo do sistema de informação. AMBIENTE Na figura 1, a entrada deve ser entendida como o conjunto de entradas de todas as áreas da empresa, mas também deve-se entender que do am- biente externo da empresa chegam informações. Introdução e conceitos fundamentais da gestão da informação 17 Compreende-se a saída como o conjunto de informações que são espa- lhadas convenientemente para todas as áreas da empresa, mas também de- ve-se entender que há informações que são enviadas ao ambiente externo, no qual qualquer empresa está inserida. Podemos perfeitamente entender que o ambiente externo compreende, hoje, todo o mundo, na medida em que se está inserido no modelo de ne- gócios globalizado. As atividades de entrada, tais como registros, codificações, classificações, devem assegurar que os dados necessários são corretos e completos. Um sistema de informações também deve ter a capacidade de armazenar dados e informações de uma forma organizada, de modo que sejam facil- mente acessíveis para processamento e saída. Participantes de um sistema de informações Os participantes de um sistema de informações são: a organização, as pessoas e a tecnologia inseridas num ambiente externo. Ambiente externo Sistema de Informação Pessoas Organizações Tecnologia (L AU D O N ; L AU D O N , 1 99 9, p . 5 ) Figura 2 – Um sistema de informações. 18 Gestão da Informação Integrada A organização Cada organização modela seus sistemas de informação de forma particu- lar. Organizações são um conjunto de divisões especializadas com mão de obra específica e processos específicos. Apesar de terem, em geral, denomi- nação idêntica em várias organizações, as divisões de cada empresa traba- lham com suas individualidades, com empregados treinados para diferentes funçõesprofissionais, como vendas, produção, recursos humanos, finanças e outras. Cada organização entende a sua estrutura em sua forma única, na medida em que se compõe de um organograma com diversos níveis de autoridade e das pessoas que o constituem. Há regras formais para a realização das tarefas. Todos os procedimentos, como a forma de lançar uma ordem de produção, de administrar um almo- xarifado ou de emitir uma fatura, por exemplo, devem ser incorporados ao sistema de informação. Cada organização, quer familiar ou não, tem sua própria cultura, seus va- lores (que muitas vezes são claramente apresentados quando da criação da definição de missão e visão da empresa, para implantação de ISO 90001), e sua maneira de organizar e realizar as coisas da empresa. Como há diferentes divisões numa empresa e como cada trabalhador tem seu próprio ponto de vista sobre diferentes assuntos é obvio que exis- tem conflitos dentro de qualquer empresa. Os sistemas de informação ajudam a resolver problemas criados por esses conflitos internos, bem como contribuem no entendimento das condições externas como regulações de mercado ou novas situações. A existência de divisões com mais poder dentro de uma empresa, no momento de definição do sistema de informações, pode gerar desvios que podem prejudicar o atingimento dos objetivos. As pessoas As pessoas são as responsáveis por introduzir as informações (dados) nos sistemas, quer façam isso diretamente ou através de alguma forma automática. 1 ISO 9000 – Sistema de gestão da qualidade ela- borada pelo Comitê Técni- co: Quality Management and Quality Assurance – especifica requisitos de qualidade e processos para as empresas. Introdução e conceitos fundamentais da gestão da informação 19 Por exemplo: hoje praticamente todos os produtos possuem um código de barras único. Assim quando esse código de barras é lido ao sair de um supermercado, o leitor ótico identifica o produto e informa sua venda ao mesmo tempo em que gera informação ao financeiro da entrada do valor correspondente. Para que os dados não tenham falhas é necessário o treinamento das pes- soas que os introduzem nos sistemas. Em geral, as pessoas são os usuários das informações que saem dos sis- temas utilizando-as para desenvolver suas tarefas dentro do ambiente de trabalho, porém, pode-se afirmar que algumas máquinas controladas por computador também utilizam-se de informações específicas. Logo, as informações precisam ser facilmente entendidas pelos usuários, através das chamadas interfaces do sistema. Entende-se como interface os relatórios disponibilizados impressos ou visualizados em um terminal de vídeo ou em outro computador. Assim ter a informação, porém, não permitir que a mesma seja facilmente compreendida ou encontrada, pode significar perda de eficiência para a or- ganização. A decisão quanto à forma e à disponibilidade da informação bem como quanto ao processo de captura de dados são tomadas por pessoas, que nesse momento precisam, obrigatoriamente, esquecer de suas priori- dades particulares e entender as necessidades da empresa, lembrando que a forma de divulgação das informações implica na produtividade de cada pessoa e do conjunto de pessoas que compõe a organização. A tecnologia A tecnologia é o conjunto de equipamentos (hardware) e de programas (software) através dos quais os dados são transformados e organizados para o uso das pessoas ou das máquinas. Um sistema de informações não implica, obrigatoriamente, que se tenha computadores e programas computacionais. Pode-se ter um sistema manual composto, por exemplo, por telefone, papel, lápis ou caneta. Todavia, os computadores podem trabalhar mais eficientemente no pro- cessamento de grandes volumes de dados e trabalhos complexos, fazen- 20 Gestão da Informação Integrada do-o de forma mais constante e confiável. Para tanto deve-se considerar o hardware e o software disponíveis na empresa. O hardware é o equipamento físico que pode ser o computador, o tecla- do, o leitor ótico, o CLP2 da máquina etc. e o software consiste de programas que se relacionam, sendo cada programa responsável por executar tarefas específicas, podendo ser comprados e adaptados às necessidades da empre- sa ou desenvolvidos especialmente (Taylor made3) para cada empresa. A tecnologia da comunicação é usada para conectar diferentes hardwares permitindo a transferência de dados de um ponto a outro dentro de uma rede, que hoje pode transmitir som e imagem, além de dados. O ambiente externo No ambiente externo considera-se o ambiente empresarial como um todo. Além das famosas cinco forças apresentadas por Michael Porter (1996), que englobam clientes, fornecedores, concorrentes, novas tecnologias e novos entrantes, devemos considerar também: os acionistas, o sistema ban- cário, o governo em todos os níveis e as organizações internacionais como influenciadores do sistema. EMPRESA ClientesFornecedores Organizações internacionais Concorrentes Novos entrantes Governo Acionistas Novas tecnologias Sistema bancário (P O RT ER , 1 99 6. A da pt ad o. ) As informações relevantes e necessárias recebidas de cada uma dessas forças devem ser imputadas e posteriormente trabalhadas num sistema, a fim de prevenir erros e perda de competitividade futura. 2 CLP – Controlador Lógico Programável – é como um mini computador com interfaces com máquinas operatrizes. 3 Taylor made – expressão usada para definir algo feito sob medida para alguém ou para alguma empresa. Introdução e conceitos fundamentais da gestão da informação 21 Como exemplos temos: a interação de diversas redes de informação com clientes, no recebi- � mento de pedidos, de projetos, de envio de nota fiscal; a interação de diversas redes de informação com os fornecedores, no � envio de pedidos de compra, de especificações técnicas, de recebi- mento de notas fiscais; a interação de diversas redes de informação com os bancos, na emis- � são de boletos de cobrança, no pagamento de fornecedores, no paga- mento de impostos; a interação com órgãos governamentais, nas informações em proces- � sos de exportação e importação. Todas as informações devem convergir para garantia de ganhos de tempo e eficiência, ou seja, de produtividade e, consequentemente, de competitividade. Falando em competitividade e produtividade é importante citar mais um importante motivo da necessidade de sistemas de informação eficientes nas empresas modernas. É conhecido o movimento de terceirização de tarefas dentro das empre- sas. Inicialmente foram terceirizadas funções de segurança e limpeza, além de alimentação (restaurante nas grandes empresas). Essa tendência em focar apenas naquilo que a empresa tinha como fundamental cresceu atingindo as funções de projeto, produção, relações humanas, contabilidade, vendas, chegando a extremos em que a empresa acabou ficando como uma coorde- nadora de tarefas. Nesses casos a existência de comunicação entre diversas redes passou a ser vital. São conhecidos os casos de empresas como a IBM, a Dell ou a Nike, que tiveram sucesso nesse novo desenho empresarial, e que se utilizam larga- mente de redes mundiais em conexão contínua. Gestão por processos As empresas, especialmente as grandes, têm suas tarefas departamenta- lizadas. A departamentalização é uma forma tradicional de se dividir a em- presa a fim de: 22 Gestão da Informação Integrada criar especialistas para cada assunto; � garantir com isso que as tarefas específicas sejam bem realizadas; � permitir que o controle e a administração dessas tarefas sejam bastan- � te eficientes. Essa departamentalização engloba funções como: vendas, marke- ting, compras, planejamento, fabricação e produção, finanças e recursoshumanos. Mesmo empresas menores criam de certa forma alguma divisão que, em muitos casos, acaba sendo tarefa de uma só pessoa. Essas funções não operam de forma isolada uma da outra, ao contrário, há uma grande integração entre elas. A integração entre várias funções, com um determinado objetivo, é chamada de processo empresarial. Um proces- so empresarial bem organizado pode conduzir a uma maior eficiência. É tão importante essa integração de funções que a própria ISO 9000, na sua versão mais moderna, passou a entender que a administração de um proces- so é fundamental não só como controle, mas também como porta para um melhor desempenho. Uma empresa pode ser entendida, portanto, como uma rede de diversos processos, que engloba os processos internos e os de relacionamento com o exterior, principalmente, com os fornecedores e com os clientes. Assim, essa integração de processos permite estimular as empresas a focar suas atividades naquilo que dá mais valor ao cliente, na medida em que o sistema de informação garante facilidade para a administração geral. Por exemplo, o cliente pode ser constantemente informado do andamento de seu pedido, desde o momento que esse pedido é colocado na empresa, passando pela compra da matéria-prima, sua transformação, a entrega ao cliente, chegando até a cobrança e finalizando com o recebimento da fatura, ou indo além nas operações de pós-venda. O uso de software específico permite que as organizações sejam mais en- xutas e que tenham menos níveis gerenciais, o que implica em menos des- pesas operacionais e, portanto, em maior competitividade. A Tecnologia de Informação (TI) tem modificado profundamente os pro- cessos, particularmente os processos operacionais das organizações. Introdução e conceitos fundamentais da gestão da informação 23 Operações internas estão sendo automatizadas muito rapidamente, com grande inversão de dinheiro, quer em hardware ou em software, na busca de melhor produtividade. Segundo Porter (1996), a TI tem um papel importante nos elos entre ativi- dades de todos os tipos. A otimização dos processos exige um correto fluxo de informações entre as atividades. Ainda, segundo o autor, a rápida evolução dos sistemas de informação tem impacto profundo sobre a concorrência, criando vantagens competi- tivas. Para ter fluxo constante e regular de informações, que garantam qua- lidade aos processos de fornecimento de produtos e serviços aos clientes, outros aspectos devem ser observados: negociações com fornecedores; ava- liações de desempenho de entrega; relacionamento de setores internos com os clientes e fornecedores, negociações internas. Organização virtual A utilização de sistemas de software cria dentro da empresa uma organi- zação virtual. Nas organizações virtuais as operações entre os seus integran- tes podem ser consideradas uma rede de pedidos e entregas coordenada com um único objetivo final que deve ser o atendimento correto ao cliente. produto e/ou serviço informações fornecedor canal cliente vendas empresa distribuição compras adm. materiais produção O a ut or . Figura 3 – Fluxo de movimentação de informação e de materiais. 24 Gestão da Informação Integrada Numa empresa o processo de produção (interação de atividades que criam valor) pode ser entendido, seguindo a nomenclatura adotada por Mi- chael Porter, como o conjunto de: logística de entrada – produção – logística de saída. Dentro da logística de entrada podemos incluir o planejamento e a compra de materiais, o recebimento dos materiais, seu armazenamento e sua entrega à área produtiva. Dentro da produção podemos incluir o planejamento das operações (má- quinas, equipamentos, mão de obra), a fabricação de componentes, a mon- tagem dos produtos, a análise de qualidade dos produtos e a sua entrega para o estoque de produtos acabados. Dentro da logística de saída podemos incluir o controle do estoque de produto acabado, a contratação ou administração de frota, a preparação das quantidades de produto e seu acondicionamento nos meios de transporte, a emissão ou a administração da nota fiscal e a roteirização de entrega. Níveis de sistemas Para garantir o andamento correto dos processos de entrada – produção – saída, há a necessidade de se ter sistemas estratégicos, táticos, operacio- nais e de tecnologia. Sistemas estratégicos Englobam a análise de investimentos, os estudos de mercado e do meio ambiente. O principal objetivo de qualquer empresa é atender a demanda de seus clientes, quer seja uma demanda técnica por impulso, quer seja estimulada pelo marketing da empresa. Buscar e desenvolver clientes não é uma função simples e muito menos uma tarefa com resultados completos imediatos. Assim, os sistemas de informação disponíveis, como CRM (Customer Re- lationship Management), BI (Business Intelligence – inteligência de negócios), associados a outras informações de caráter exógeno, permitem ao departa- mento de marketing realizar pesquisas e tomar decisões estratégicas para a empresa. Introdução e conceitos fundamentais da gestão da informação 25 Sistemas táticos Sistemas táticos englobam planejamento da produção; controle de esto- ques de matéria-prima e de componentes, controle de estoque de produtos acabados; capacidade de produção; planejamento de fabricação; planeja- mento de compras; cálculo de mão de obra. No nível tático, os sistemas de manuseio de informações permitem ao usuário realizar pesquisas sobre resultados de campanhas de marketing, va- riação de vendas como função da flutuação de preços ou avaliações sobre sazonalidades ou, ainda, analisar o desempenho de sua força de vendas. Sistemas operacionais É no nível operacional que encontramos os maiores usos de sistemas de informação, em particular no processo de vendas. Quando uma empresa possui sistemas integrados desde o recebimento dos pedidos dos clientes até a conexão com os fornecedores, ela pode res- ponder muito rapidamente aos clientes. Por exemplo: no momento do recebimento de um pedido é possível saber se o produto desejado, na quantidade desejada, está disponível no estoque de produto acabado e, caso não haja, saber se há produção em andamento e o prazo para sua conclusão. O uso de sistemas integrados permite, por exemplo, que se informe aos fornecedores, imediatamente, se algum material será necessário para uma produção futura, de tal sorte que se trabalhe em um sistema de fornecimen- to Just-in-Time (JIT). Sistemas operacionais englobam: compra e venda; expedição; custo e aplicação da mão de obra; materiais; manutenção; controle da qualidade; operação de máquinas. Sistemas de tecnologia Englobam desde recursos para projeto até operações de máquinas. Sis- temas que permitem interligação direta do projeto com as máquinas que vão realizar a fabricação ou produção, e que operam com controle numé- rico, ganham cada vez mais força. São basicamente o CAD (Computer Aided 26 Gestão da Informação Integrada Design – projeto assistido por computador) e o CAM (Computer Aided Manu- facturing – fabricação assistida por computador). No âmbito da administração os sistemas englobam praticamente todas as operações de qualquer empresa. Os mais comuns são o ERP (Enterprise Re- source Planning – planejamento de recursos da empresa); o CRM (Customer Relationship Management – relação com o cliente); o SCM (Supply Chain Ma- nagement – administração da cadeia de suprimentos) e o WMS (Warehouse Management System – gerenciamento de almoxarifados), entre outros. WEB digitalização Parceiros Clientes Funcionários ERP Folha de pagamento Processamento de pedido Faturamento Contas a pagar Plano de produção MRP ... Banco de dados Transacional Informações externas BD AnalíticoData Warehouse BI O a ut or . Figura 4 – Integração das informações. Introdução e conceitos fundamentais da gestão da informação 27 Gestão de informações no processo de vendas ou na colocação de pedidos pelos clientes Vamos imaginar uma empresa que tenha diferentes formas de vender, em diferentes canais de venda, por exemplo: por vendedores com seus � laptops visitando clientes e conectados via modem no celular; por acionamento direto do cliente via internet entrando em regiões de � informações restritas a alguns clientes; por contato telefônico entre o cliente e a empresa; � por ordem de compra emitida em papel e enviada à empresa; � por � e-mail do cliente enviado à empresa. Todas essas vendas podem ser feitas simultaneamente ou com pequenos intervalos de tempo entre elas. Cada venda terá um pedido do cliente com as suas características próprias de quantidade, prazo e local de entrega e eventualmente com particularidades como tipo de embalagem ou forma de transporte. empresa pedidos pedidos n n 2 1 3 4 2 1 3 4 clientes fornecedores Figura 5 – Fluxo de entrada e saída de materiais. O a ut or . 28 Gestão da Informação Integrada Todos os pedidos devem entrar imediatamente e terem suas respostas dadas aos clientes no ato. Como fazer isso sem um sistema de informações que avalie simultaneamente a disponibilidade do estoque de produtos aca- bados, as produções em andamento, as matérias-primas disponíveis para novas produções e a necessidade de novas compras de matérias-primas com os seus respectivos prazos de uso? Certamente seria necessário um batalhão de pessoas correndo todo o tempo e mesmo assim estaríamos sujeitos a enormes erros. Mesmo depois de o pedido ser confirmado com o cliente, ajustados prazos de entrega e quantidades, é imperioso, no mercado atual, manter o cliente informado sobre o andamento de seu pedido, em especial se houver algum contratempo. Novamente os sistemas de informação permitem que sejam realizados controles em tempo real e o sistema pode recalcular novas datas de produ- ção e entrega. Os sistemas permitem uma grande economia de tempo e reduzem custos, além de garantir a satisfação do cliente e o recebimento do seu pedido. Os vendedores podem se conectar diretamente com o sistema de informação da empresa e pesquisar os dados necessários à conclusão do pedido. A evolução da Tecnologia de Informações A implantação de sistemas de informação não ocorreu de uma vez, mas foi um processo de agregação de soluções para os problemas crescentes, que começou praticamente no início dos anos 1980. Assim, as primeiras soluções foram dadas para as áreas financeiras que controlam o fluxo de dinheiro e, portanto, precisam ser bem administradas. Em seguida apareceu a necessidade de se controlar a disponibilidade de material e a colocação de pedidos junto aos fornecedores. Posto ser esse pro- cesso um dos mais complicados surgiu assim o MRP (Material Requirements Planning). Logo depois, a área de manufatura, entusiasmada pelos bons re- sultados da administração de materiais, solicitou também que fossem plane- jados e controlados os recursos de manufatura, isto é, máquinas e pessoas. Assim surgiu o MRPII (Manufacturing Resources Planning). Introdução e conceitos fundamentais da gestão da informação 29 Depois surgiram sistemas de relacionamento para administração das compras e do recebimento de materiais, logo estendido à área de vendas na outra ponta da empresa ou, ainda, como os software de administração dos recursos humanos. O a ut or . ERP MRP MRPll finanças materiais SCM RH CRM manufatura Evolução ao longo do tempo Figura 6 – Evolução dos sistemas operacionais. Todos esses software foram finalmente integrados definitivamente nos ERPs (Enterprise Resources Planning – planejamento dos recursos da empre- sa), que são vendidos em pacotes completos ou em partes separadas pelas empresas especializadas. Banco de dados Ao invés de se armazenar dados em arquivos separados, o banco de dados é uma coleção de dados organizados de tal forma que se possa acessá-los e utilizá-los para muitas aplicações distintas. A vantagem de se trabalhar com banco de dados é que ele é independente dos programas aplicativos po- dendo, no entanto, ser compartilhado por vários programas. Os bancos de dados também evitam redundâncias e inconsistências de informações. A complexidade de se lidar com os dados fica reduzida, pois há somente um banco e um gerenciador. 30 Gestão da Informação Integrada Dessa forma, informações que permitem o processamento de pedidos podem garantir que não haverá erros no planejamento e no controle dos mesmos, por exemplo. Evolução dos sistemas A capacidade do software aumenta constantemente, quase dobrando a cada 8 anos (LAUDON; LAUDON, 1999, p. 13), enquanto que a capacidade do hardware cresce 10 vezes a cada 5 anos. Enquanto isso, as pessoas têm aprendido a aplicar novos recursos a uma velocidade de 2% ao ano, isso sig- nifica que: há muita possibilidade de uso de recursos de TI ainda não explorados � em cada empresa; há necessidade de maior tempo de treino e estudos para as pessoas � que trabalham nas empresas para se manterem atualizadas. Toda essa evolução traz consigo uma grande dependência operacional do sistema e concomitantemente da disponibilidade de energia elétrica, por exemplo: Lembro-me de um dia quando fui à faculdade resolver alguns assuntos, faltava energia. Logo, subi os quatro andares pela escada escura. Chegando tentei telefonar, mas a central não funcionava, pois estava sem energia. Não pude resolver os assuntos porque tudo estava no sistema. Pensei em passar no terminal bancário e sacar dinheiro para o fim de semana e não pude. Assim, a associação energia-sistema é hoje algo tão fundamental nas organizações que elas simplesmente param de operar sem um desses recursos. A aplicação de recursos de TI Nem toda transformação tecnológica é estrategicamente correta e nem toda implantação de TI nas empresas é corretamente realizada. Em ambos os casos, a TI pode piorar a competitividade da empresas. Introdução e conceitos fundamentais da gestão da informação 31 Não é recomendável que só um time formado por especialistas externos e usuários da empresa participe do processo de implantação de sistema, es- pecialmente se for uma implantação para toda a empresa. Os dirigentes da empresa são fundamentais para o sucesso. Há sempre a necessidade de tomada de decisão, por exemplo, quanto a gasto de tempo de treinamento, de recursos monetários, de implantação de mais ou menos módulos de determinados programas e de quais relatórios operacionais e gerenciais serão interessantes. Tive um caso interessante há algum tempo. Cheguei a uma empresa mul- tinacional cujo braço brasileiro era uma empresa de médio porte com mais de 250 funcionários. As informações estavam desencontradas em todos os setores, pedidos com muito atraso, manutenção de equipamentos atrasada, sem plano de produ- ção, com grandes estoques de matéria-prima e uma situação financeira ruim. O que havia de comum em todos os funcionários era a reclamação quanto ao sistema. Diziam “o sistema não funciona” ou, ainda, “o sistema faz tudo errado”. Depois de uma análise concluímos que: o sistema comprado era muito mais potente do que a empresa neces- � sitava, porém era um sistema de renome internacional; não houve uma adequação correta para uso na empresa, mas o siste- � ma, mesmo assim, foi implantado na sua quase originalidade; os funcionários tiveram pouco treinamento e foram poucos os que � participaram do processo de implantação do sistema; os dados não eram corretamente lançados, o que deteriorou todo o �banco de dados; o � hardware não era adequado ao software. Finalmente concordamos que a única forma de melhorar a empresa seria jogar fora o sistema atual e comprar um novo mais conveniente. Isso foi feito, não repetindo os erros passados, e até hoje a empresa fun- ciona corretamente. 32 Gestão da Informação Integrada Conclusão A gestão de TI contribui significativamente para tomadas de decisões estratégicas até para designações específicas de operações no nível mais básico, garantindo que haja a precisão de dados divulgados tomando como base os dados imputados. Permite também que multiprocessos sejam trabalhados simultaneamen- te e com rapidez garantindo maior competitividade da empresa no difícil mercado global ou local. Através de indicadores de performance, gráficos e tabelas gerados, a TI garante o acompanhamento dos diversos setores da empresa, em especial o atendimento ao cliente e à saúde econômica da organização. Garante que documentos emitidos tenham mesma fonte de informação evitando retrabalhos custosos. Ampliando seus conhecimentos O que é Tecnologia da Informação (TI)? (ALECRIM, 2004) Introdução Em seu início, a computação era tida como um mecanismo que tornava possível automatizar determinadas tarefas em grandes empresas e nos meios governamentais. Com o avanço tecnológico, as “máquinas gigantes” começa- ram a perder espaço para equipamentos cada vez menores e mais poderosos. A evolução das telecomunicações permitiu que, aos poucos, os computadores passassem a se comunicar, mesmo estando em lugares muito distantes geo- graficamente. Como consequência, tais máquinas deixaram de simplesmente automatizar tarefas e passaram a lidar com informação. Informação A informação é um patrimônio, é algo de valor. Não se trata de um monte de bytes aglomerados, mas sim de um conjunto de dados classificados e or- Introdução e conceitos fundamentais da gestão da informação 33 ganizados de forma que uma pessoa ou uma empresa possa tirar proveito. A informação é inclusive um fator que pode determinar a sobrevivência ou a descontinuidade das atividades de um negócio. E isso não é difícil de ser en- tendido. Basta imaginar o que aconteceria se uma instituição financeira per- desse todas as informações de seus clientes [...] Apesar de possível, muito dificilmente uma empresa de grande porte con- segue perder suas informações, principalmente quando se fala de bancos, ca- deias de lojas, entre outros. No entanto, o que ocorre com mais frequência é o uso inadequado das informações adquiridas ou, ainda, a subutilização destas. É nesse ponto que a Tecnologia da Informação pode ajudar. Tecnologia da Informação A Tecnologia da Informação (TI) pode ser definida como um conjunto de todas as atividades e soluções providas por recursos de computação. Na verda- de, as aplicações para TI são tantas – estão ligadas às mais diversas áreas – que existem várias definições e nenhuma consegue determiná-la por completo. Sendo a informação um bem que agrega valor a uma empresa ou a um indivíduo, é necessário fazer uso de recursos de TI de maneira apropriada, ou seja, é preciso utilizar ferramentas, sistemas ou outros meios que façam das informações um diferencial competitivo. Além disso, é necessário buscar so- luções que tragam bons resultados, mas que tenham o menor custo possível. A questão é que não existe “fórmula mágica” para determinar como utilizar da melhor maneira as informações. Tudo depende da cultura, do mercado, do segmento e de outros aspectos relacionados ao negócio ou à atividade. As es- colhas precisam ser bem feitas. Do contrário, gastos desnecessários ou, ainda, perda de desempenho e competitividade podem ocorrer. Tome como base o seguinte exemplo: se uma empresa renova seu parque de computadores comprando máquinas com processadores velozes, muita memória e placa de vídeo 3D para funcionários que apenas precisam utilizar a internet, trabalhar com pacotes de escritório ou acessar a rede, a companhia fez gastos desnecessários. Comprar máquinas de boa qualidade não significa comprar as mais caras, mas aquelas que possuem os recursos necessários. Por outro lado, imagine que uma empresa comprou computadores com vídeo in- tegrado à placa-mãe (on board) e monitor de 15” para profissionais que traba- lham com Autocad. Para esses funcionários, o correto seria fornecer computa- 34 Gestão da Informação Integrada dores que suportassem aplicações pesadas e um monitor de, pelo menos, 17”. Máquinas mais baratas certamente conseguiriam rodar o programa Autocad, porém com lentidão, e o monitor com área de visão menor daria mais trabalho aos profissionais. Neste caso, percebe-se que a aquisição das máquinas reflete diretamente no desempenho dos funcionários. Por isso, é preciso saber quais as necessidades de cada setor, de cada departamento, de cada usuário. Veja este outro exemplo: uma empresa com 50 funcionários, cada um com um PC, adquiriu um servidor de rede que suporta 500 usuários conec- tados ao mesmo tempo. Se a empresa não tem expectativa de aumentar seu quadro de funcionários, comprar um servidor desse porte é o mesmo que comprar um ônibus para uma família de 5 pessoas. Mas o problema não é apenas esse. Se esse servidor, por alguma razão, parar de funcionar, a rede ficará indisponível e certamente atrapalhará as atividades da empresa. Além disso, se a rede não estiver devidamente protegida, dados sigilosos poderão ser acessados externamente ou mesmo um ataque pode ocorrer. Com os exemplos citados anteriormente, é possível ver o quanto é complicado generalizar o que é TI. Há ainda vários outros aspectos a serem considerados que não foram citados. Por exemplo, a empresa deve saber lidar também com segurança, com disponibilidade, com o uso de sistemas (eles realmente devem fazer o que foi proposto), com tecnolo- gias (qual é a melhor para determinada finalidade), com recursos huma- nos qualificados, enfim. A TI é algo cada vez mais comum no dia a dia das pessoas e das empre- sas. Tudo gira em torno da informação. Portanto, quem souber reconhecer a importância disso, certamente se tornará um profissional com qualificação para as necessidades do mercado. Da mesma forma, a empresa que melhor conseguir lidar com a informação, certamente terá vantagens competitivas em relação aos concorrentes. Atividades de aplicação 1. Considerando que qualquer empresa, direta ou indiretamente, par- ticipa de um mercado global, qual das afirmativas é mais completa: Introdução e conceitos fundamentais da gestão da informação 35 a) O sistema de informação deve ter como input os dados de clientes, fornecedores. b) O sistema de informação deve ter condição de troca de dados com bancos, fornecedores, clientes, governo. c) O sistema de informação deve dar como output os relatórios usa- dos na operação da empresa. d) O sistema de informações deve garantir que os dados sejam passa- dos imediatamente aos fornecedores. 2. Na determinação do melhor sistema de informações para uma empre- sa é necessário que: a) sejam consideradas as necessidades de um departamento especí- fico da empresa. Seja considerada a cultura da empresa, pois ela é consequência da história da empresa. b) seja procurada uma integração das necessidades de todos os de- partamentos e também seja considerada a cultura da empresa. c) seja dado treinamento adequado aos funcionários. 3. A respeito da Tecnologia da Informação (TI), é correto afirmar que: a) a TI não impacta o andamento da empresa, nem positivamente nem negativamente, pois o importante são as pessoas que lá tra- balham. b) investimentos em TI devem ser constantes e, principalmente, devem ser efetivados cada ano, pois tanto o hardware como o software evoluem muito rapidamente. c) TI só deve ser considerada para empresas grandes,pois só elas ne- cessitam processar milhares de dados. d) TI deve levar em conta a conjunção de hardware e software que se- jam ajustados à empresa, e que permitam uma adequada relação custo-benefício. Sistemas de comunicação Hermann Marx Introdução Há certas batalhas que podem decidir o resultado de uma guerra. A comunicação das empresas, dirigida aos imensos exércitos internos de trabalhadores engravatados ou de uniformes, possui essa característica. Pois é nessa frente que estão as questões que envolvem o desempenho competitivo da empresa e a sua preparação para as constantes mudanças no ambiente empresarial. (NASSAR; FIGUEIREDO, 1995, p. 30) A colocação de Nassar e Figueiredo, guardada a sua forma um tanto quanto dramática, é verdadeira. Não só a comunicação interna na empresa, mas também a comunicação externa, da empresa com seus clientes, forne- cedores, bancos, com o governo em ambas as direções, isto é, comunica- ção de saída e comunicação de entrada são a chave de uma empresa bem- sucedida. A comunicação é um processo simbólico. Segundo Torquato (1986), atra- vés da comunicação interna, podemos alterar os níveis de desempenho dos funcionários. As comunicações podem ser dos tipos: técnicas; � cognitivas; � normativas. � Em quase todas as empresas podemos ter fluxo de informação vertical e horizontal. O fluxo vertical de cima para baixo (top down) se dá quando ordens são emanadas dos níveis de comando para os comandados, enquanto que o fluxo vertical de baixo para cima (botton up) se dá quando das respostas ao comando ou quando de perguntas dos níveis inferiores para os níveis hierár- quicos superiores. Esse tipo de fluxo de informação é característico de orga- nizações com organogramas funcionais ou clássicos. Chamamos de organograma funcional aquele que é montado em relação ao agrupamento de funções. 38 Gestão da Informação Integrada BOTTON UP TOP DOWN Financeiro Vendas Figura 1 – Fluxo de informações vertical. O a ut or . Produção Cada departamento agrupa as pessoas conforme suas funções. Assim, por exemplo, no departamento financeiro estarão o pessoal de contas a pagar, o de contas a receber etc. Esse organograma funcional com fluxos apenas verticais de comunicação recebe as seguintes críticas: é eficiente quanto à operação departamental e pessoal, mas apresenta � muitos conflitos interpessoais; nele são colocados em segundo plano: os clientes, os tempos de pro- � dução do produto ou serviço solicitados; o fluxo de trabalho e a eficá- cia geral; nessa visão puramente funcional a ênfase é sempre nos assuntos lo- � cais, isto é, departamentais em detrimento dos interfuncionais; não há visão do todo; � há atrasos, inflexibilidade, baixa qualidade geral e falta de informação � no tempo certo, no local certo, o que aumenta custos na empresa. Por sua vez a comunicação horizontal, ou melhor, o fluxo de informação horizontal permite ganhos importantes para a empresa. Não estamos falando que uma empresa deva ter um organograma hori- zontal, mas sim, que ela deve permitir a comunicação mais direta entre seus membros. Sistemas de comunicação 39 Em outras palavras não é necessário que uma informação percorra muitos caminhos verticais para ser conhecida por todos aqueles que farão parte de uma solução ao atendimento de um cliente. Figura 2 – Fluxo de informações horizontal. Financeiro Vendas O a ut or . Produção A comunicação horizontal em empresas com estrutura funcional é hoje bastante comum pela disponibilidade de sistemas computacionais. Podemos definir grupos específicos para trabalhos específicos, grupos cujos elemen- tos participantes são informados imediatamente quando da necessidade de alguma tarefa. Mais recentemente, o uso do e-mail tem contribuído para uma difusão imediata da informação. Como caracterizar um sistema de comunicação Basicamente um sistema de comunicação se constitui de um conjunto de informações de uma ou mais fontes, do seu tratamento adequado (processa- mento) e da difusão das informações geradas, consequentemente. A antiga brincadeira do telefone sem fio é um caso típico de um sistema de comunicação. Nela várias pessoas se sentam uma ao lado da outra, tão perto que ao falar no ouvido de uma a seguinte não consegue escutar. A primeira pessoa inventa uma frase e fala ao seu vizinho mais próximo, que a repassa ao seu próximo vizinho, conforme a entendeu, e assim por diante. Porque isso se torna uma brincadeira? Pelo fato de que, ao ser então falada pela última 40 Gestão da Informação Integrada pessoa da linha, a informação inicial está, em geral, totalmente distorcida e todos se divertem. Se isso acontecer numa empresa não haverá divertimento, ao contrário, poderá causar muitos problemas. Se fossemos fazer uma analogia à brincadeira, a informação inicial seria dada pelo cliente e a última pessoa seria então aquela que entregaria o pro- duto ou faria o serviço solicitado para esse cliente. Se o produto ou servi- ço entregue não corresponder ao que o cliente solicitou não há qualquer divertimento. Quando isso acontece, pode-se identificar alguns custos de falha externa, tais como custos de: imagem; � garantia; � perda de vendas; � custo de assistência; � reparação; � perda do cliente. � Ou ainda custos de falha interna, como custos de: refugo; � retrabalho; � análise de defeitos; � reinspeção. � Assim, é necessário que seja estabelecido algum padrão de comunicação e de informação. Tomando o comércio internacional como exemplo, temos os Incoterms (International Commercial Terms), que são padrões de identificação precisos de responsabilidades em um determinado negócio feito entre fornecedor e cliente. Por exemplo, em relação ao transporte de uma mercadoria: se um ne- gócio for fechado com Incoterms FOB, dentre todos os existentes, o fornece- dor sabe que é responsável pelo manuseio, custos de deslocamento e seguro Sistemas de comunicação 41 dessa mercadoria até o porto de embarque e o cliente sabe exatamente que é de sua responsabilidade todos esses custos a partir do porto de embarque. A evolução da importância da comunicação nas empresas Negócios entre fornecedor e cliente não são novidade, porém as formas de relacionamento entre esses participantes da cadeia de suprimentos têm mudado ao longo dos anos. Se recuarmos no tempo até 1910, veremos que um dos grandes ícones empresariais, Henry Ford, decidiu produzir seu famoso modelo T absoluta- mente sem qualquer alteração entre um e outro carro, e vendeu mais de 15 milhões de unidades. Não havia troca de informações com os clientes. A imposição era da empresa para o mercado. Dentro da mesma filosofia de imposição da empresa para o mercado, po- demos citar os inúmeros períodos em que a demanda foi significativamente maior que a oferta, quando então a empresa também não mantinha um sis- tema de comunicação com o cliente, mas impunha seu desejo. Nesses períodos os custos de falha citados foram pouco significativos para a empresa. Por exemplo, perder um cliente não tinha importância, pois havia outros tantos querendo os mesmos produtos ou serviços. Basta lembrar, novamente no segmento automobilístico, do sucesso do Fusca, ou Beetle, na Europa, logo após a Segunda Guerra Mundial, em 1948. Podemos, entretanto, buscar em nossa história recente outro exemplo. Durante muitos anos tivemos impostos de importação muito elevados e até proibições de importação. Isso fazia que o mercado brasileiro fosse considerado um mer- cado fechado, no qual a demanda era maior que a oferta e consequente- mente os preços muito altos, havendo pouca preocupação com a qualidade. Por volta no início dos anos 1990, essa situação havia se modificado no Brasil e a competiçãocomeçava a ser internacional. Nas primeiras décadas seguintes ao final da Segunda Guerra Mundial, a demanda por produtos no Japão poderia ser suprida por fornecedores es- trangeiros. Isso alertou as empresas locais que precisariam se recuperar rapi- damente, ou correriam o risco de fechar, dentro de um ambiente de penúria geral. Na Toyota surge a filosofia de trabalho Just-in-Time, cujo desenvolvi- mento é atribuído a Tahiichi Ohno. 42 Gestão da Informação Integrada A base do Just-in-Time é perda zero e redução de custos em todos os pro- cessos. Ou seja, perda zero de tempo, perda zero de clientes, perda zero de custos, perda zero de qualidade. Pode-se então acrescentar novas falhas àquelas já mencionadas, em função dessa nova visão de negócios, as quais podem ser apresentadas em: controle de processo; � certificação de fornecedores; � orientação correta aos funcionários; � processamento de dados. � E outras de caráter econômico como: elevado estoque; � falta de e � stoque. Com o objetivo simultâneo de reduzir custos de estocagem e de produ- ção e, ao mesmo tempo, aprimorar o nível de atendimento aos clientes em tudo aquilo que cria valor para eles, o Just-in-Time obriga as empresas a es- treitar suas relações com todos os clientes. Todo o sistema produtivo deixa de ser do tipo “empurrado”, isto é, de dentro da empresa para fora (para o mercado), e passa a ser do tipo “puxado”, isto é, do cliente (do mercado) para dentro da empresa. O cliente passa a ser a origem da informação. Essa informação precisa então ser trabalhada dentro da empresa, com perda zero de tempo, ser difundida em todos os níveis es- tratégicos e operacionais, que se obrigam a dar respostas no menor tempo possível, com a qualidade desejada, quer no produto, quer no serviço. Como evolução natural desse relacionamento fornecedor-cliente mais estreito e, sobretudo, apoiado em sistemas computacionais, especialmen- te com a internet, surgem os clusters, grupos de pessoas físicas ou jurídicas com interesses comuns, ou com características semelhantes. Esses clientes passam a ser identificados, depois classificados e, finalmente, trabalhados pela empresa. Esse novo relacionamento é conhecido como CRM (Customer Relationship Management) e é suportado por um conjunto de software e de processos. Sistemas de comunicação 43 Dentro da cadeia de suprimentos, porém no extremo oposto, temos os fornecedores que passam a ter também responsabilidade na cadeia Just-in-Time, ou seja, passam a ser corresponsáveis na busca de minimização de custos e de tempos, com ganho contínuo de qualidade, dentro do proces- so produtivo. Cresce assim a preocupação da administração da rede de ope- rações e a empresa deixa de administrar isoladamente as suas operações. A comunicação e o efeito chicote O efeito chicote em cadeias de fornecimento foi observado no final dos anos 1950 e início dos anos 1960. Cada um dos elos enxergava a deman- da imediata, isto é, apenas do seu próximo cliente, o qual por sua vez agia de forma semelhante, assim erros, e as consequentes compensações, vão se acumulando e gerando um grande estoque dentro da cadeia produtiva. A troca de informação entre cada par de elos, com comunicação eficaz, promo- ve uma adequação conveniente dos estoques, permitindo uma redução de seus custos ao longo de todo o processo. Série 1 - demanda real Série 2 - demanda usada pelo varejista Série 3 - demanda usada pelo distribuidor Série 4 - demanda usada pelo fabricante Série 1 Série 2 Série 3 Série 4 O A ut or . -3 -4 4 -2 -1 0 1 2 3 4 6 7 8 9 10 2 3 51 Figura 3 – Efeito chicote. 44 Gestão da Informação Integrada Com uso de tecnologia de informação é possível que a real informação da demanda seja transmitida para todos os participantes dessa cadeia pro- dutiva de tal sorte que cada um possa ajustar seu estoque ou sua produção convenientemente. É importante observar que algo semelhante ao efeito chicote, entre clien- tes e fornecedores de uma cadeia produtiva, pode existir dentro da própria empresa na troca de informações entre diversos departamentos, ou mesmo dentro de um único departamento. Chamamos isso de grau de “medo de errar” de cada participante de um processo produtivo ou, visto por outro ângulo, “nível de conforto” de cada um. Um caso típico ocorre em relação a prazos para início e principalmente término de uma tarefa, quando cada departamento quer ter a sua disposição mais tempo que o necessário para realizá-la. Uma das ferramentas para se tratar de casos de mix de tempos dentro de mix de tarefas é o Critical Path Method (CPM) ou método do cami- nho crítico. É esperado, portanto, que cada departamento, dentro de uma empresa, entenda as suas dificuldades e entenda que suas prioridades são as maiores da empresa, criando dessa forma uma corrente crescente de demandas. Um caso típico aconteceu na Embraer. Caso Embraer Isso se deu há alguns anos, quando a empresa era ainda jovem brigan- do para entrar em grandes mercados. Vários departamentos podiam solicitar ordens de produção. Por exemplo: a engenharia, para desenvolvimento de algum novo componente do avião; a assistência técnica, para atendimento a alguma solicitação de serviço; o departamento de pós-venda, para repor algum componente de estoque recém-vendido ou mesmo algum não exis- tente e necessário para atender a um pedido de um cliente; mesmo alguma etapa de produção, para repor um componente danificado etc. As ordens de produção tinham um campo de data de necessidade, porém para acelerar al- gumas ordens, um departamento começou a colocar um carimbo de urgente. Algum tempo depois todas passaram a ter esse carimbo. Um departamento criou outro carimbo HOT, ou quente em inglês. Algumas ordens de produção passaram a ter então dois carimbos, Urgente e HOT. Logo todos passaram a ter os dois carimbos. Criou-se um terceiro que era um desenho de uma chama, in- Sistemas de comunicação 45 dicando que a coisa estava pegando fogo. Aconteceu o de sempre, em pouco tempo todas as ordens de produção tinham três carimbos. URGENTE HOT A coisa realmente importante, que era a data de necessidade, foi aban- donada. Felizmente um diretor observou o que se passava e orientou que a comunicação fosse precisa, ou seja, que fosse usada uma data e não qualquer símbolo sem precisão de informação. O código de barras no processo de comunicação Foi nos anos 1970 que se começou a utilizar o código de barras. O código EAN (European Article Number) criado pela International Article Numbering Association da Europa é um sistema internacional, que permite que cada produto, no mundo inteiro seja único. O sistema mais usado é o chamado EAN 13. Cada código possui um numero com 13 dígitos. Ex.: 789 878789789-9. Os três primeiros identificam o país, no caso 789 o Brasil. Os seguintes, do 4.° ao 7.° dígito, identificam a empresa produtora (878789). Os seguintes identifi- cam o produto propriamente dito (789) e o último é o código verificador (9). Figura 4 – Código de barras 46 Gestão da Informação Integrada O código de barras, inicialmente numérico, foi evoluindo e hoje pode- mos ter códigos alfanuméricos, isto é, composto de letras e números. Cres- ceu também a capacidade de identificação gráfica, sendo hoje possível ter leitores do código chamado tridimensional. Assim, num único código de barras podemos lançar todas as informações que existem em uma nota fiscal, por exemplo. Quais as vantagens do código de barras? O tempo gasto para leitura do nome de um produto e sua transcrição ou lançamento em um sistema foi simplemente eliminado, chegando-se ao tempo zero. Mas, a maior vantagem foi que a comunicação sobre a vida de um produto e sua movimentação na cadeia logística passou a serprecisa e em tempo real. Por exemplo, quando um produto passa pelo leitor de código de barras de um caixa de supermercado, imediatamente o sistema sabe que há uma unidade a menos no estoque, e pode verificar se há necessidade de reabastecimento. De modo análogo, um produto ao dar entrada em um supermercado tem seu código de barras lido e o sistema sabe imediatamente, e com precisão, em quanto o estoque desse produto foi aumentado. A comunicação entre áreas diferentes de uma organização foi otimizada em função do uso do código de barras. Outro uso fantástico para o código de barras foi a flexibilidade de alo- cação de produtos em um estoque. Com isso elimina-se a necessidade de locais fixos no estoque, para cada item. A economia de tempo com o uso de código de barras vem ao encontro da filosofia do Just-in-Time, assim como a minimização de ocorrência de erros de má identificação de um produto também vem ao encontro do Just-in- Time. Melhor ainda, essas reduções se dão em toda a cadeia de suprimentos ou Supply Chain. Hoje praticamente todos os produtos, produzidos em séries grandes ou ínfimas, possuem seu código de barras. De embalagens múltiplas a pallets podem ser identificados com códigos de barras e, assim, cada um será único no mundo, assim como cada pessoa é unica. Sistemas de comunicação 47 Normatização da comunicação Ainda dentro do quadro competitivo mundial, e em acordo com a filoso- fia Just-in-Time, há a necessidade de se estabelecer padrões particulares de comunicação dentro de cada empresa, assim como de normatizar formas de comunicação com o exterior. Isso faz parte de um processo de aprendiza- gem e de criação de capacidade de dar respostas mais rápidas e corretas às inúmeras questões operacionais ou estratégicas comuns nas empresas. As notas fiscais devem manter um padrão para facilitar sua leitura pelos clientes; os pedidos de compra devem manter seu padrão para serem facil- mente entendidos pelos fornecedores; as ordens de produção devem ser pa- dronizadas para serem entendidas pelos funcionários. Mudanças de padrão, quaisquer que sejam, implicam em novos treinamentos e em alguma perda de eficiência no sistema ou no processo. Assim como os registros contábeis não podem ser constantemente muda- dos, também registros operacionais de nível de serviço logístico, ou outros, devem ser mantidos a fim de possibilitarem análises comparativas. Imagine se uma empresa possui registro histórico de entregas em atraso e um geren- te novo decide mudar considerando que entregas até dois dias depois da data marcada não são atrasos. Normas como as editadas pela Deutsche Industrie Normen (DIN) ou As- sociação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) só são alteradas quando há uma real necessidade, sendo que tal alteração deve, necessariamente, ser difundida ao mercado. Outro código de padronização é a NCM (Nomenclatura Comum do Mer- cosul), utilizada em transações de comércio exterior entre os países do Mer- cosul, que indica um código para cada tipo de item passível de importação ou exportação, tais códigos também não devem sofrer alterações sob pena de causar tumulto nas alfândegas. A descomunicação na era da comunicação A primeira revolução pela qual passamos foi a agrícola, depois a industrial com o início da mecanização de tarefas e a atual é chamada de revolução da informação. Fundamentalmente, isso se deve ao uso do computador, cujo barateamento permitiu o acesso a todos, colaborando para que se possa ter 48 Gestão da Informação Integrada a troca de informações praticamente de qualquer lugar. Se adicionarmos aos computadores às facilidades dos sistema de comunicação via cabo, via saté- lite ou via rádio teremos o cenário ideal para uma comunicação perfeita. Entretanto, a tecnologia andou mais rápido que os usos e costumes, e suas transformações e evoluções não foram acompanhadas por mudanças culturais compensatórias. A primeira coisa importante é saber se o sistema implantado está em sin- tonia com a necessidade do cliente, facilitando a comunicação entre a em- presa e o cliente. Tanto no âmbito das relações interpessoais quanto das relações nas em- presas, pode-se fazer a seguinte pergunta: o sistema facilitou a comunicação? A maioria das pessoas responderá que sim. A letra não é mais problema pois é letra normatizada do computador. A informação fica guardada e, por- tanto, não há risco de se perder um papel aqui ou ali. Pode-se buscar uma in- formação mesmo não estando no local de trabalho. Enfim, há muitas razões para que se considere muito bom fazer a comunicação por computadores. Porém, está havendo um vício na comunicação por sistemas que pode levar às empresas a enfrentarem sérios problemas. A comunicação só pode ter sua eficácia conferida se atinge o resultado final de acordo com o objetivo da empresa. Em qualquer comunicação tem-se: o emissor da informação; � o receptor da informação; � o meio físico pelo qual a informação é comunicada; � o conjunto de informações transmitidas; � a forma como as informações são enviadas. � Lembremos do jogo de telefone sem fio para uma análise mais profunda desse problema. Se uma informação é enviada pelo sistema, por exemplo por e-mail inter- no, ela deve ser suficientemente clara para poder ser entendida exatamente da mesma forma como foi enviada. Sistemas de comunicação 49 Uma mensagem do tipo: o cliente quer mais atenção de nossa parte, pode gerar ações completamente diferentes dependendo de quem a recebe. Alguém pode imediatamente telefonar ao cliente, pedir desculpas sem saber o que aconteceu e prometer coisas impossíveis. Outro pode imaginar que basta enviar um e-mail dizendo quando a mercadoria será embarcada. E talvez a mensagem original tivesse o intuito de pedir apenas que fossem dadas respostas corretas e precisas quando o cliente ligasse. De forma semelhante, quando as comunicações do topo são de caráter geral, podem criar dificuldades interpretativas e muitas dissonâncias. Não há sistema que garanta a fluidez da comunicação, o que existe é o treinamento e a normatização das informações. Tudo aquilo que necessitar ser enaltecido ou depreciado mais detalha- damente vai ainda requerer a comunicação interpessoal de forma presen- te. Por essa razão as empresas estão dirigindo seu foco para trabalhos em processos. A ISO 9 000, versão 2000, insiste que apenas o processo garante o atingimento das demandas dos clientes, sejam eles clientes internos ou externos. Os oito princípios de gestão da qualidade apontados na ISO 9 000, versão 2000, são: foco no cliente, liderança, envolvimento das pessoas, abor- dagem de processo, abordagem sistêmica para a gestão, melhoria continua, abordagem factual para tomada de decisão, benefícios mútuos nas relações com fornecedores. A comunicação na administração por processos Como vimos, mesmo uma empresa com organização vertical forte pode trabalhar com informação permeando a organização no sentido horizontal. A comunicação horizontal pode permitir um entrosamento de funções diversas gerando maior coordenação dos processos. A organização por processo pode apresentar dois tipos de comunicação: a formal que interpreta a sequência de tarefas e suas ligações, e a informal, que promove um adequado ambiente de trabalho possibilitando o conheci- mento por todo o grupo dos processos envolvidos na organização. É, portanto, a comunicação no sentido mais amplo e não o simples fluxo de informações que promove a união de diversas funções de forma organi- zada no processo. 50 Gestão da Informação Integrada Logo, é importante gerenciar os processos porque são eles que geram os produtos e serviços de uma organização; � são críticos para alcançar e manter vantagens competitivas. � Numa organização que trabalha com processos todos sabemaonde se encaixam. Todos sabem o que o cliente deseja, como deseja, quando deseja e conhecendo bem o cliente podem sugerir melhorias no processo e no produto. Na administração por processos a maior comunicação entre pessoas de diversas funções permite a tomada de decisões mais corretas, isto é, mais adequadas aos dois maiores objetivos de uma empresa; atender bem ao cliente e atingir grau de lucratividade satisfatório. Em uma administração por processos ainda é possível trabalhar no con- ceito de produção enxuta (dentro do sistema Just-in-Time) e de produção ágil, isto é, de resposta rápida ao mercado (time to market). O Instituto de Movimentação e Armazenamento de Material (IMAM) pre- parou a tabela abaixo para identificar as características dos dois conceitos. Tabela 1 – Comparação entre produção enxuta e produção ágil Enxuta Ágil (M O U RA , 2 00 8. ) A meta primária Elimina as perdas da cadeia de abas-tecimento Focaliza-se no atendimento ins- tantâneo das demandas do clien- te final Como funciona? Parcerias de longo prazo na cadeia de abastecimento são potencializadas Baseado no conceito de cadeias virtuais, parceiros são reconfigu- rados de acordo com novas opor- tunidades de mercado Indicador de de- sempenho Indicadores de classe mundial base- ados na qualidade e produtividade (se suas operações são enxutas, seus produtos irão supostamente vencer a concorrência) Métricas do cliente (ex.: pedidos atendidos completamente) Organização do trabalho Enfatiza a necessidade da padroni- zação do trabalho, melhorias contí- nuas, ambiente disciplinado Enfatiza a necessidade do alto gerenciamento envolvendo o de- senvolvimento das pessoas que são capazes de assumir riscos e responder imediatamente a no- vas oportunidades Sistemas de comunicação 51 Enxuta Ágil Planejamento e controle do tra- balho Recursos balanceados, movimenta- ção de materiais sincronizada e re- dução de perdas Interpretação imediata da de- manda do cliente e resposta ins- tantânea Observa-se que, em ambos os conceitos, há a necessidade de comunica- ção interna, para a organização dos trabalhos, e de comunicação externa, em parcerias com fornecedores ou atendimento às demandas dos clientes. O trabalho em observação maior aos processos permite a melhor respos- ta às duas condições indicadas na tabela anterior. Uma das grandes dificuldades do trabalho em processos com envolvi- mento multifuncional é que cada equipe deve se responsabilizar integral- mente pelo seu processo. Essa responsabilidade deve ser garantida pelos altos níveis da empresa dando poder à equipe (empowerment) e sabendo que não terá ingerências contínuas sobre as tarefas, como é comum nas re- lações de caráter puramente funcionais. A comunicação inter sistemas Não só a melhoria das comunicações entre pessoas internamente ou externamente garante à empresa, nos tempos atuais, a eficácia de seus processos. Há necessidade de disponibilizar informações existentes em sistemas computacionais de fácil acesso. Assim também é imprescindível haver comunicação entre os diversos sis- temas computacionais de uma empresa. Por exemplo, o Enterprise Resource Planning (ERP) necessita de dados do Warehouse Management System (WMS) para a garantia de que os planeja- mentos de produção sejam corretos, em função das demandas e dos níveis de inventário existentes. Os sistemas de informação da cadeia de suprimentos são os fios que ligam as atividades logísticas a um processo integrado, que envolve opera- ção – transação, controle e tomada de decisões – e estratégia – planejamen- to estratégico. 52 Gestão da Informação Integrada A integração de comunicação entre os sistemas garante a utilização si- multânea e integrada de dados estratégicos e operacionais. Por exemplo, o plano de produção e o nível de inventário devem levar em conta o plano de vendas futuro bem como os pedidos em carteira. Também é necessário que os projetos feitos em CAD (Computer Aided Design) possam ser comunicados diretamente com sistema CAM (Computer Aided Manufacturing) das máquinas. Ampliando seus conhecimentos A dinamização da comunicação interna via intranet: instrumentos e objetivos (PALMERSTON et al., 2007) Introdução Agilidade na transmissão de informações, redução de custos, possibilida- des de interação entre funcionários de filiais e localidades diferentes e unifor- mização do discurso, estas entre outras vantagens, são os motivos que fizeram com que a intranet fosse adotada pelas médias e grandes empresas brasilei- ras. Outro fator importante para a valorização da intranet é a preocupação das organizações com a comunicação estabelecida com o público interno. Trata- -se de uma ferramenta que dissemina e permite a rápida atualização das infor- mações e, portanto, facilita a atividade de comunicação com os funcionários. Devido a sua importância estratégica para a disseminação de informações junto ao público interno, a utilização das redes corporativas vem sendo motivo de constantes estudos das organizações, que a cada dia incrementam a sua intranet. Conforme Mendes, suas interfaces utilizam padrões “web”, amigá- veis, que influenciam os usuários na navegação. Este ambiente de navegação facilita o acesso e atualização de uma grande variedade de dados, inclusive de documentos com texto, imagens e objetos multimídia (áudio e vídeo). Os dados são apresentados em formas modernas e de fácil reconhecimen- to, bem diferentes das apresentações antigas dos relatórios, memorandos, Sistemas de comunicação 53 planilhas e tabelas. Um benefício destes padrões é agilizar o aprendizado desta nova ferramenta (MENDES, 2006). As modificações visam à utilização de novas possibilidades de divulgação e interação social, sendo que hoje os instrumentos utilizados vão desde as notícias institucionais, aos fóruns de discussão, do contracheque eletrônico aos blogs do presidente da empresa, do acesso aos e-mails e telefones até aos formulários para solicitações administrativas, tudo para atrair a atenção dos funcionários para o conteúdo das intranets. É crescente, portanto, a preocupação por parte das empresas com os pro- fissionais que gerenciam a rede corporativa das organizações. Esta atenção especial com a criação, atualização e manutenção das intranets tem feito com que a área seja profissionalizada por meio da atuação de profissionais de co- municação, tecnologias da informação e informática, que, em conjunto, pro- curam garantir a disseminação da informação associada à navegabilidade e à acessibilidade para que os empregados possam utilizar a intranet de uma forma eficaz. Diante desse cenário de transformações por que passam as intranets, é relevante verificar quais são os instrumentos dispostos nessas redes com o escopo de dinamizar a comunicação interna e se estes instrumentos têm al- cançado os objetivos a que foram propostos. O desenvolvimento da intranet no Brasil À época da revolução industrial, as organizações passaram a contar com uma nova atividade que, aos poucos, transformou-se em coadjuvante para o bom desempenho empresarial. Trata-se da comunicação que, com o desen- volvimento da sociedade e das técnicas de produção, facilitou o crescimento das organizações e passou a ser fundamental. A alta hierarquia observou que era necessária uma forma mais eficaz de comunicação entre funcionários e patrões, consolidando-se, desse modo, a comunicação organizacional, que se- gundo Goldhaber é: considerada como um processo dinâmico por meio do qual as organizações se relacionam com o meio ambiente e por meio do qual as subpartes da organização se conectam entre si. Por conseguinte, a comunicação organizacional pode ser vista como o fluxo de mensagens dentro de uma rede de relações interdependentes. (GOLDHABER
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