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Didatica do ensino superior

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Linguística e Língua Portuguesa 
 
Didática do Ensino Superior 
 
Marília Godinho Hokama 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 1 - A EDUCAÇÃO ESCOLAR NUM NOVO CENÁRIO ................... 6 
1.1 A relação escola e sociedade ........................................................................ 7 
1.2 Atividade .................................................................................................... 11 
1.3 Reflexão ...................................................................................................... 12 
1.4 Leituras Recomendadas: ............................................................................. 12 
1.5 Referências Bibliográficas .......................................................................... 13 
1.6 Na próxima unidade .................................................................................... 13 
UNIDADE 2 - DIDÁTICA: DEFINIÇÕES E CONCEITOS ................................ 14 
2.1 A evolução da Didática ............................................................................... 15 
2.2 Atividade .................................................................................................... 23 
2.3 Reflexão ...................................................................................................... 23 
2.4 Leitura Recomendada: ................................................................................ 24 
2.5 Referências Bibliográficas .......................................................................... 24 
2.6 Na próxima unidade .................................................................................... 25 
UNIDADE 3 - UMA NOVA DIDÁTICA PARA UMA NOVA EDUCAÇÃO .... 26 
3.1 Da didática instrumental à didática fundamental ........................................ 27 
3.2 Atividades ................................................................................................... 32 
3.3 Reflexão ...................................................................................................... 33 
3.4 Leitura Recomendada: ................................................................................ 33 
3.5 Referências Bibliográficas .......................................................................... 33 
3.6 Na próxima unidade .................................................................................... 34 
UNIDADE 4 - A DIDÁTICA E AS ABORDAGENS DO ENSINO NA 
EDUCAÇÃO ESCOLAR ................................................................................. 35 
4.1 As tendências pedagógicas na prática escolar ............................................ 36 
4.2 Atividades ................................................................................................... 40 
 
 
4.3 Reflexão ...................................................................................................... 40 
4.4 Leitura Recomendada ................................................................................. 40 
4.5 Referências Bibliográficas .......................................................................... 41 
4.6 Na próxima unidade .................................................................................... 41 
UNIDADE 5 - O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM ..................... 42 
5.1 Aprendizagem e Ensino .............................................................................. 43 
5.2 Atividades ................................................................................................... 48 
5.3 Reflexão ...................................................................................................... 49 
5.4 Leitura Recomendada ................................................................................. 49 
5.5 Referência Bibliográfica ............................................................................. 50 
5.6 Na próxima unidade ................................................................................... 51 
UNIDADE 6 - FORMAÇÃO DOCENTE ............................................................. 52 
6.1 A formação profissional do professor ......................................................... 53 
6.2 A Formação do docente para o nível Superior ......................................... 56 
6.3 Atividade .................................................................................................... 60 
6.4 Reflexão ...................................................................................................... 60 
6.5 Leitura recomendada .................................................................................. 61 
6.6 Referências Bibliográficas ......................................................................... 62 
6.7 Na próxima unidade .................................................................................... 62 
UNIDADE 7 - PLANEJAMENTO DO ENSINO.................................................. 63 
7.1 Planejamento do trabalho pedagógico ........................................................ 64 
7.1.1 Planejando em vários níveis ...................................................................... 66 
7.1.2 O registro do planejamento ....................................................................... 67 
7.2 Elaboração de um plano de ensino ............................................................ 69 
7.3 Atividades ................................................................................................... 71 
7.4 Reflexão ...................................................................................................... 72 
7.5 Leituras recomendadas ............................................................................... 73 
7.6 Referências Bibliográficas .......................................................................... 73 
 
 
7.7 Na próxima unidade .................................................................................... 74 
UNIDADE 8 - AVALIAÇÃO ................................................................................ 75 
8.1 O sentido da avaliação escolar .................................................................... 76 
8.2 Atividades ................................................................................................... 79 
8.3 Reflexão ...................................................................................................... 80 
8.4 Leitura Recomendada ................................................................................. 80 
8.5 Referências Bibliográficas .......................................................................... 80 
 
 
 
 
 
A educação é um processo 
múltiplo e variado, do qual emergem 
desafios e compromissos cada vez mais 
complexos e urgentes, que precisam ser 
defrontados com conhecimentos, competência 
profissional, decisão, vontade e criatividade. A busca de 
respostas alternativas inovadoras, que contribuam para o 
desenvolvimento da pessoa de um modo integral, com a 
formação de competências de diferentes tipos, adequadas às 
necessidades e expectativas educativas existentes na comunidade, 
é um dos grandes desafios dos educadores, no contexto de uma 
sociedade globalizada. Parte desses desafios diz respeito ao 
crescimento do ensino superior no Brasil. Uma vez que o corpo 
discente, nesse nível de ensino, é composto por jovens e adultos, 
prevaleceu por muito tempo à crença de que não é necessário uma 
atuação docente especializada, muito menos um preparo adequado para 
este professor. Hoje, porém, a demanda por estes cursos vem exigindo 
um outro posicionamento dos professores, diante das dificuldades 
percebidas no cotidiano destas salas de aula. A Didática, como 
disciplina que se propõe a realizar uma reflexão sistemática sobre a 
atividade deensinar e aprender, buscando alternativas para 
melhorar a prática educacional, pode trazer uma grande 
contribuição aos docentes do ensino superior. 
 
 
 
 
 
A EDUCAÇÃO 
ESCOLAR NUM NOVO 
CENÁRIO 
 
 
Por que uma didática do ensino superior? 
Nosso estudo deveria começar com este 
questionamento, afinal, este é o tema que vocês estão 
aguardando para conhecer melhor. Mas, antes, é importante 
que possamos refletir sobre a necessidade de repensar a 
educação, suas finalidades, objetivos e metodologias, em vista de 
um novo cenário social. Uma sociedade em mudança exige uma 
educação assentada em novas bases, adequada para as exigências e 
demandas do contexto atual. Mas, que contexto é esse? Vamos 
conversar um pouco sobre isso? 
 
Objetivos da sua aprendizagem 
Reconhecer que a escola está inserida num amplo contexto social, 
em constante interação com os elementos que compõem este contexto. 
Identificar os elementos de transformação da sociedade atual e 
analisar sua influência sobre as concepções e práticas educativas. 
 
Você se lembra? 
Como era a escola onde você iniciou sua educação 
básica? Com certeza, muitas mudanças aconteceram, 
mas você acha que as mudanças foram maiores na 
escola ou na sociedade? Vamos pensar sobre isto? 
 
 
7 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 1 
1.1 A relação escola e sociedade 
A escola é a instituição por meio da qual é transmitida, de forma 
intencional, a herança social. É, ao mesmo tempo, instituição responsável 
pelo desenvolvimento de novos conhecimentos. É ainda local de 
encontro e de convivência entre educadores e educandos: grupo que se 
reúne e trabalha para que ocorram as condições favoráveis ao 
desenvolvimento humano em diferentes áreas: cognitiva, afetivo-
emocional, motora, social e profissional (portanto, intencional). 
A instituição escolar é o espaço socialmente aceito e designado 
para o desenvolvimento global do educando, motivando-o e capacitando-
o para um bom desempenho social. 
A escola surge 
historicamente como fruto da 
necessidade de se preservar e 
reproduzir a cultura e os 
conhecimentos da humanidade, 
crenças, valores e conquistas 
sociais, concepções de vida e de 
mundo, de grupos ou de classes. 
Ela permaneceu e se modernizou à 
medida que foi capaz de se tornar 
instrumento poderoso na produção 
de novos valores e crenças, na difusão e socialização de conquistas 
sociais, econômicas e culturais desses grupos ou classes. 
 Mas a escola não é uma instituição neutra, abstrata. Ao contrário, 
está inserida num contexto social determinado (num universo 
existencial), onde interagem aspectos políticos, econômicos e culturais. 
 
HTTP://WWW.CARREGAL-DIGITAL.PT/IMAGENS.PHP?SRC=ARTIGOS-
BIN_IMAGEM_JPEG_0103034001194256915-205.JPEG&X=228 
 
8 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 1 
Ela é, na realidade, um fenômeno social. Isto significa que a prática 
educativa e o trabalho docente estão determinados por fins e exigências 
sociais, políticas e ideológicas. 
 Tradicionalmente a escola tenta responder às questões da 
demanda social. Os educadores tem se dedicado, ao longo os tempos, a 
buscar formas eficientes de cumprir os objetivos que são atribuídos à 
escola. As questões que tem permeado esta busca são: quais são as 
demandas sociais? Que finalidades, objetivos e metas a sociedade espera 
que a escola cumpra? 
Estas são as questões que ainda permanecem como diretrizes do 
questionamento dos educadores na atualidade. O diferencial, segundo os 
estudiosos contemporâneos, é que a crise atual da educação não vem 
especificamente da forma “deficiente” como ela cumpre estes objetivos 
sociais, mas do fato de não sabermos mais que finalidades, que objetivos 
a escola deve cumprir e para onde deve orientar suas ações. 
O ponto de partida para enfrentarmos esta crise, segundo Tedesco 
(1998), é aceitar que vivemos num processo de profunda transformação 
social. Não se trata mais de uma das crises do modelo capitalista de 
desenvolvimento, mas do surgimento de novas formas de organização 
social, econômica e política, de uma nova estrutura social. Nas palavras 
de Tedesco, trata-se de uma revolução global. 
De acordo com este autor, processos importantes e radicais de 
mudança podem ser observados em três áreas: 
Modo de produção 
Tecnologias da comunicação 
Democracia política 
 
Vamos entender um pouco melhor: 
 
9 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 1 
Conexão: 
O filme FormiguinhaZ discute esta 
transformação, através de um divertido 
desenho animado. A formiguinha “Z” não se 
adapta ao modelo rígido, mecânico e 
hierarquizado de administração do 
formigueiro, propondo, ao final de uma série 
de aventuras, um modelo colaborativo, 
envolvente e coletivo. A produção é do 
estúdio:DreamWorks SKG / Pacific Data 
Images, distribuidora:DreamWorks 
Distribution L.L.C. / UIP. Confira no site 
oficial:http://www.pepsi.com/antz 
Modo de produção => A partir da segunda metade do século XX 
presenciamos a passagem do modo de produção para o consumo de 
massas a um sistema de produção para um consumo diversificado, ou 
seja, para a produção de pequenas quantidades de artigos adaptados às 
diferentes clientelas. Ou que se tem chamado de fabrica flexível. Este 
modelo valoriza-se a capacidade da pessoa para trabalhar em equipe e 
adaptar-se à mudança. Ocorre aí, uma distribuição diferente da 
inteligência. Não mais a organização hierarquizada do trabalho, em 
forma de pirâmide, onde a criatividade e a inteligência concentram-se na 
cúpula, enquanto o restante das pessoas executa mecanicamente as 
instruções recebidas, mas uma organização mais 
plana, com poderes de decisão distribuídos 
de forma mais homogênea. Inovação e 
melhoria contínua passam a ser uma 
necessidade das organizações 
modernas e o conhecimento e a 
informação tem um papel de destaque 
na produção e no consumo de bens e 
serviços. 
 
 
 Novas tecnologias da comunicação => A introdução das novas 
tecnologias da comunicação em todos os setores da sociedade vem 
 
10 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 1 
causando um forte impacto na produção de bens e serviços e também nas 
relações sociais. Nesta área, há um grande potencial de transformação 
social, devido não só ao acumulo de informações acessível às pessoas de 
um modo geral, bem como à velocidade acelerada com que são 
veiculadas as informações. Estes fatores vêm exigindo de todos nós a 
superação das limitações espaciais até então conhecidas, modificando 
conceitos básicos como tempo, espaço e realidade. Com a utilização 
simultânea de multimeios na produção e disseminação das informações, 
o que se percebe é uma modificação nas bases de uma cultura baseada, 
até então, na leitura, na palavra escrita. 
 
 
HTTP://WWW.LERPARAVER.COM/FILES/IMAGENS/LITERACIA_DIGITAL.JPG 
Democracia política => Presenciamos atualmente novas 
discussões sobre as formas de participação cidadã. Com a globalização, 
as fronteiras nacionais se diluem e os espaços nos quais se exerce a 
cidadania tendem a ampliar-se para uma cidadania sem fronteiras ou a 
reduzir-se ao âmbito local. 
Com estas profundas transformações em desenvolvimento na 
sociedade, a educação ganha maior ênfase e a importância do 
conhecimento é indiscutível. O que está em evidência nas discussões 
atuais é uma disputa pela apropriação dos lugares onde se produz e se 
distribui o conhecimento socialmente significativo, ou seja, onde se 
educa o cidadão?11 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 1 
 As novas questões que permeiam os debates na área educacional 
são, dentre muitos outros: 
Que conhecimentos são socialmente significativos? 
Que conteúdos devem ser selecionados? 
Como utilizar os conhecimentos científicos? 
As reflexões sobre o papel educação na sociedade e em seu 
desenvolvimento implicam abordar dois pontos fundamentais. O de 
definir os conhecimentos e capacidades que a formação do cidadão exige 
e a forma institucional pela qual este processo de formação deve ocorrer. 
Hoje é preciso nos perguntarmos se a escola será a instituição 
socializadora do futuro e se a formação das gerações futuras exigirá esse 
mesmo desenho institucional. 
Algumas propostas para superar esta crise vêm dos defensores da 
escola cidadã, que, segundo Tedesco (1998.), é a escola pública (para 
todos), estatal (na forma do seu financiamento) e democrática e 
comunitária (na sua gestão). A escola cidadã é voltada, em suas 
finalidades e métodos, para a transformação social mais do que para a 
transmissão cultural. 
É para esta nova sociedade que se exige uma nova educação, com 
novos objetivos, novos métodos, novas concepções e reflexões e críticas, 
enfim, com uma nova didática. 
1.2 Atividade 
1) Releia o material desta aula e atente para a relação entre a 
escola e o contexto social. Leia mais sobre o assunto, busque 
novas informações e elabore um texto acerca do papel da 
escola na sociedade atual. 
 
12 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 1 
2) Nesta unidade estudamos um pouco das mudanças radicais 
que ocorreram em três aspectos da sociedade. Que mudanças 
são estas? De que forma elas afetam a educação? 
1.3 Reflexão 
As transformações que têm ocorrido nas sociedades em geral, nas 
últimas décadas, vêm redesenhando o papel da escola, impulsionando 
para que as modificações sejam realizadas de forma eficaz no que diz 
respeito aos seus processos de ensino e aprendizagem. Em uma sociedade 
dominada por um grande volume de informações e pela superficialidade 
do conhecimento, a educação tem um papel importantíssimo de formar 
cidadãos e pessoas comprometidas com a construção de uma sociedade 
mais justa e democrática. 
1.4 Leituras recomendadas 
TEDESCO, J. C. O novo pacto educativo: educação, 
competitividade e cidadania na sociedade moderna. São Paulo: Ática, 
1998. 
Trata-se de um livro, proveniente de pesquisas bibliográficas e 
opiniões do autor quanto à própria visão sobre a "revolução" pela qual 
passamos hoje. O livro retrata os dias de hoje na educação, afirmando 
que, uma vez que após grandes evoluções, temos também, ainda, 
grandes desafios, revelando, com intensidade, a crise gerada através da 
popularização de aparelhos de TV, por exemplo, e frisando valores do 
tipo família, socialização e democracia. 
 
 
13 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 1 
TAVARES, W. R. Gestão Pedagógica: gerindo escolas para a 
cidadania crítica. Rio de Janeiro:Wak editora,2009. 
O livro mostra que a educação não deve ser padronizada nem 
limitada a compêndios traduzidos em planos de ação. Os vários artigos 
trazem conceitos importantes que contribuem para alavancar uma 
educação para o protagonismo de seus agentes. 
1.5 Referências bibliográficas 
CANDAU, V. M. (org). Rumo a uma nova didática. Petrópolis: Vozes, 
2002. 
 
COMENIUS. A Didática magna. São Paulo: Martins, 1997. 
 
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 28ª ed. 1990. 
 
MASETO, M. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1997. 
 
TEDESCO, J. C. O novo pacto educativo: educação, competitividade e 
cidadania na sociedade moderna. São Paulo: Ática, 1998. 
1.6 Na próxima unidade 
Na próxima unidade, você vai conhecer um pouco mais sobre o 
conceito de didática através de uma retrospectiva histórica da disciplina, 
evidenciando seu surgimento e seus principais teóricos. 
 
DIDÁTICA: 
DEFINIÇÕES E 
CONCEITOS 
 
 
Nesta unidade, vamos estudar o conceito de 
didática e suas características principais. Vamos refletir 
sobre o que é didática, de que assuntos ela trata e que 
contribuições vocês esperam dela para a sua formação. Para 
isto, vamos analisar o desenvolvimento histórico da Didática, 
contextualizando as ideias pedagógicas que marcaram esse 
desenvolvimento e influenciam, ainda hoje, as práticas escolares. 
 
Objetivos da sua aprendizagem 
Você conhecerá o desenvolvimento do conceito e das definições 
de didática ao longo do tempo. Poderá refletir sobre a contribuição que a 
didática pode dar à sua formação docente. 
 
Você se Lembra? 
Certamente a expressão: “aquele professor não tem didática!”, é 
familiar para todos nós, não é? Você já parou para pensar em seu real 
significado? Já refletiu sobre a importância da didática para a 
prática docente? Vamos estudar sobre isto nesta unidade. 
 
 
 
 
 
 
15 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2 
Conexão: 
Esta é a perspectiva que vamos 
adotar aqui também, ou seja, a 
Didática como reflexão sobre a 
prática educativa. A Didática como 
reflexão sistemática é o estudo 
das teorias de ensino e de 
aprendizagem aplicadas ao 
processo educativo que se realiza 
na escola, bem como dos 
resultados obtidos. 
2.1 A evolução da didática 
 De alguma forma, com maior ou menor 
aprofundamento, é sabido que a didática vai 
tratar do ensino. Mas, na realidade, sua 
compreensão é muito mais complexa e há 
diferentes concepções de didática. 
Resumidamente: 
a) O termo “didática” é conhecido desde a Grécia 
antiga e lá significava “ensinar, instruir, fazer aprender”. 
b) Em 1633, Comênio, um educador tcheco, escreveu um livro chamado 
Didática Magna, no qual definia Didática como sendo a arte de 
ensinar tudo a todos. 
c) O minidicionário Aurélio apresenta o verbete “didática” como sendo 
a técnica de dirigir e orientar a aprendizagem. 
d) Muitos compreendem a Didática como um compêndio de técnicas ou 
um receituário para um bom ensino. 
e) No decorrer do tempo, a Didática passou a reunir os conhecimentos 
que cada época valoriza sobre o processo de ensinar. 
f) Para Vera Maria Ferrão Candau, educadora da PUC do Rio de 
Janeiro, a Didática pode ser entendida como uma reflexão sistemática 
e busca de alternativas para os problemas da prática pedagógica. 
 
Portanto, o objeto de estudo da 
didática é o processo de ensino, mas é 
imprescindível fazermos uma ressalva 
neste momento para considerar que o 
ensino não pode ser tratado como 
 
HTTP://MEDIA.PHOTOBUCKET.COM/IMAGE/IM 
AGENS%20ESCOLAS/IFTK2/EN/JULIA-LIVROS_1024X768.JPG 
 
16 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2 
atividade restrita à sala de aula, como nos lembra Libâneo (1990). Para 
ele: 
 o trabalho docente é uma das modalidades específicas da prática 
educativa mais ampla que ocorre na sociedade. Para 
compreendermos a importância do ensino na formação humana, é 
preciso considerá-lo no conjunto das tarefas educativas exigidas 
pela vida em sociedade. (LIBÂNEO, 1990, p.16). 
 
A pedagogia é a ciência que estuda a teoria e a prática da educação 
nos seus vínculos com a sociedade. Para estudar a educação nos seus 
aspectos mais amplos, sociais, políticos, econômicos, psicológicos, a 
Pedagogia conta com a contribuição de outras áreas do conhecimento que 
pesquisam o desenvolvimento humano, como a Filosofia, a Sociologia, a 
Psicologia, a Antropologia, a História, as Teorias da Comunicação, entre 
outras.A Didática é a disciplina que estuda os objetivos, os conteúdos, os 
meios e as condições do processo de ensino tendo em vista as finalidades 
educacionais, que são sempre sociais. Com a contribuição daqueles 
conhecimentos é que se vai refletir 
sobre questões relacionadas à 
educação e à sala de aula, como 
por exemplo: 
Como os alunos aprendem? 
Como é a atividade do 
professor em sala de aula? 
Como os alunos se 
relacionam entre si e com o professor? 
 Qual a influência dos governos e da sociedade sobre a escola? 
 Como motivar os alunos? Etc. 
 
HTTP://3.BP.BLOGSPOT.COM/_9JO0IPJKPP 
E/R9W3Z2KOQII/AAAAAAAAASI/HTFP 
RNXPDN0/S320/IN_DE_KLAS.JPG 
 
17 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2 
Conexão: 
A Didática é uma 
reflexão sistemática 
sobre a atividade de 
ensinar e aprender, 
buscando alternativas 
para melhorar a prática 
educacional. 
Portanto, como já vimos, há muito tempo a Didática 
vem pesquisando questões relacionadas a esta prática, 
organizando e sistematizando conhecimentos e usando-
os para desenvolver a atividade pedagógica nas 
escolas. No entanto, a Didática não pretende ficar 
apenas nas teorias. Ela aplica os conhecimentos que 
produz para resolver problemas e questões que surgem no dia a dia das 
escolas e do espaço de aula. 
Em nossa atividade docente diária costumamos ter uma série de 
dúvidas: 
 Como fazer com que os alunos se interessem pela matéria? 
 Como motivar os alunos para que eles estudem? 
 Como resolver os casos de indisciplina ou descontentamento? 
 Como avaliar os alunos? 
 Como preparar bem uma aula? 
 Como utilizar as novas fontes de informação? 
 
Essas são apenas algumas das muitas e diferentes perguntas que 
nos fazemos cotidianamente. Como já dissemos anteriormente, elas não 
são novas e, ao mesmo tempo, continuam bastante atuais. Sobre elas, 
muitos estudos e pesquisas já foram e continuam sendo realizados. Os 
professores devem se colocar numa atitude reflexiva e questionadora, 
verificando se os resultados e sugestões que vem sendo apresentados 
respondem às suas indagações. 
De acordo com Maseto (1997): 
 
a Didática nos oferece sugestões de como realizar o planejamento 
de um curso com a participação dos alunos; como envolver co-
responsavelmente os alunos nessa atividade levando em conta os 
 
18 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2 
interesse deles e o programa da matéria a ser ensinada; como 
selecionar assuntos interessantes; como variar as técnicas das aulas 
a fim de que facilitem a participação dos alunos, a aprendizagem e 
a integração do grupo; como fazer a ligação entre a teoria e a 
prática, entre os conhecimentos científicos e a realidade do dia-adia 
do aluno; como fazer para que o processo de avaliação deixe de ser 
apenas amedrontador para o aluno, transformando-se em incentivo 
ao seu desenvolvimento, e assim por diante .(MASETO, 1997,p...). 
 
 Além destas, novas temáticas, relacionadas ao contexto atual da 
sociedade, tem motivado estudiosos da educação a pesquisar e 
desenvolver novas experiências, como por exemplo, a 
interdisciplinaridade, as descobertas acerca do modo como os alunos 
aprendem, métodos alternativos de alfabetização, arte-educação, a 
diversidade e o multiculturalismo, questões de gênero, entre outros. 
 Ainda de acordo com o autor, deve-se considerar que um outro 
aspecto importante na atividade docente é que ela deve ser seja 
gratificante para os educadores, ajudando-os a alcançar resultados 
positivos no trabalho educativo e nisso a contribuição da didática é 
fundamental, pois ela pode: 
 Colocar ao alcance do professor as pesquisas e os conhecimentos 
produzidos. 
 Incentivar os professores a pesquisarem a novidade dos problemas 
que afetam sua atividade. 
 Criar oportunidades para os professores trocarem entre si e com 
especialistas suas experiências, sucessos ou fracassos. 
 
19 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2 
O termo didática tem origem na 
palavra grega didaktiké, que significa 
a arte de ensinar. Porém, sua 
utilização como teoria de 
sistematização das formas de ensinar 
só vai se dar a partir do século XVII, 
mais especificamente, a partir da 
publicação, em 1657, da obra Didática 
Magna ou Tratado da Arte Universal 
de Ensinar Tudo A Todos, do pastor 
protestante e educador Tcheco, João 
Amós Comênio (1592-1670). 
Este é chamado método 
intuitivo, que consiste, 
primeiramente, na 
observação direta das 
coisas pelo uso dos órgãos 
dos sentidos, para que 
ocorra o registro das 
impressões na mente do 
aluno. 
 Orientar os professores a despertar o interesse dos alunos, 
contribuindo para uma aprendizagem eficaz. 
 
Para alcançar este estágio, a Didática 
passou por longo processo de debates, 
aprofundamentos, polêmicas e 
construção de uma nova compreensão de 
seu papel. 
Comênio afirmava que a finalidade 
da educação é conduzir á felicidade eterna com 
Deus. Para ele, o homem conserva a imagem do 
criador, ainda que corrompida. “sementes de saber, virtude e piedade” 
encontram-se em todos os indivíduos normais e podem ser cultivados. 
Ela acreditava, portanto, no poder da educação de salvar a humanidade 
e fazê-la retomar a sua divindade original. 
 Afirmava ainda que: 
 O homem deve ser educado de acordo com o seu 
desenvolvimento natural, considerando a idade e as capacidades 
individuais para o conhecimento. Assim, a tarefa da Didática seria 
a de estudar as características individuais e os métodos de ensino 
correspondentes, de acordo com a ordem natural das coisas. 
 A assimilação dos conhecimentos não se dá 
instantaneamente. Pelo contrário, os 
conhecimentos devem ser adquiridos pela 
observação direta das coisas e dos 
fenômenos, através da utilização dos 
órgãos dos sentidos. 
 
 
20 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2 
Conexão: 
no site a seguir você encontrará 
uma resenha sobre o obra 
“Primeiras Lições de coisas” do 
professor norte-americano 
Norman Allison Calkins”, 
publicada pela primeira vez em 
1861, que apresenta o método 
intuitivohttp://www.educaremrevis
ta.ufpr.br/arquivos_21/resenha_gl
adys.pdf 
Decorre daí, que o 
planejamento do ensino deve 
obedecer o processo natural da 
criança, com o ensino de uma 
coisa por vez, partindo do 
conhecido para o 
desconhecido. 
 Apesar das novidades 
de suas ideias, 
principalmente para uma época em que predominava 
uma educação intelectualista, verbalística e 
dogmática, baseada na memorização e na 
repetição mecânica dos ensinamentos, as 
propostas do grande educador não fugiram às 
crenças comuns à época. De acordo com Libâneo: 
Embora partindo da observação e da experiência 
sensorial, mantinha-se o caráter transmissor do ensino; embora 
procurando adaptar o ensino às fases do desenvolvimento infantil, 
mantinha-se o método único e o ensino simultâneo a todos. 
(LIBÂNEO, 1990, p.59). 
 
 Neste período, ocorreram mudanças nas formas de produção, com 
o desenvolvimento da ciência e da cultura. Isto contribuiu para diminuir 
o enorme poder que o clero exercia na sociedade, ao mesmo tempo em 
que reforçou o poder da burguesia, que passou a disputar o poder 
econômico e político com a nobreza. A burguesia introduz nesse contexto 
novas exigências educacionais, reivindicando um ensino mais ligado às 
questões do mundo dos negócios e da produção e que privilegiasse o 
desenvolvimento das capacidades e interesses individuais dos alunos. 
 
HTTP://WWW.HOTELFAZENDASOLARDASANDORINHAS.COM/IMAGENS/GALERIA_DE_FOTOS/HOTEL_FAZENDA_ESCOLA9.JPG 
 
 
21 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2 
 Jean Jacques Rousseau vai ser o educador que melhor sintetiza, 
naquele momento, as novas aspirações, por meio da formulação de uma 
concepção de ensino baseada nas necessidades e interesses imediatos dos 
alunos. 
Para Rousseau: 
o A educação é um processo natural que se fundamenta no 
desenvolvimento interno do aluno. Os verdadeiros 
professores das crianças são a natureza, a experiência e os 
sentimentos. 
o A criança deve ser preparada não para a vida futura, mas 
devem ser atendidas suas necessidades e seus interesses 
no estágio atual em que ela se encontra. 
As ideias pedagógicas de Rousseau foram colocadas em prática 
pelo pedagogo suíço Henrique Pestalozzi (1746-1827). O educador, que 
se dedicava ás crianças pobres, valorizava o método intuitivo e a 
utilização dos fundamentos da psicologia na educação da criança, como 
fonte de desenvolvimento do ensino. Pestalozzi acreditava que a relação 
entre professor e aluno é baseada no amor e no respeito mútuo e que a 
finalidade da educação é favorecer o desenvolvimento físico, intelectual 
e moral no educando. 
As concepções e propostas destes educadores influenciaram o 
pedagogo alemão, John Friedrich Herbart (1766-1842), que exerceu 
grande influência na Didática e na prática docente e suas ideias são ainda 
muito presentes nas salas de aulas brasileiras, como aponta Libâneo 
(1990). Herbart formulou um método de ensino, em conformidade com 
as leis psicológicas do conhecimento, que pode ser expresso em quatro 
passos didáticos, a serem seguidos rigorosamente pelos professores: 
 Preparação e apresentação da matéria com clareza; 
 
22 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2 
Pedagogia Tradicional: em 
suas várias correntes, 
predomina a visão de uma 
educação com ênfase no 
papel do professor como 
transmissor de um saber 
constituído na tradição e nas 
grandes verdades 
acumuladas pela 
humanidade. 
 Associação entre as ideias antigas e as novas; 
 Sistematização dos conhecimentos, tendo em vista a 
generalização; 
 Aplicação dos conhecimentos adquiridos através de exercícios. 
 
Segundo Libâneo, os Herbatianos, discípulos ou 
seguidores de Herbart, ampliaram sua proposta 
para cinco passos: preparação, apresentação, 
assimilação, generalização e aplicação, “fórmula 
esta que ainda é utilizada pela maioria dos nossos 
professores.” (LIBÂNEO, 1990, p.61). 
As concepções e propostas destes teóricos foram 
o principal suporte pedagógico para a atividade docente na Europa, 
durante o século XIX e se difundiram pelo mundo, definindo as 
concepções pedagógicas conhecidas como Tradicional e Renovada. 
Pedagogia Renovada: correntes que se opõem à 
Pedagogia tradicional, preconizando a renovação da escola 
através de novas metodologias que colocam o aluno como sujeito da sua 
aprendizagem e agente do seu desenvolvimento, entre outras 
características. 
Os movimentos em torno da renovação da escola se espalham pela 
Europa e na América no início do século XX. Um de seus maiores 
representantes é o filósofo norte-americano John Dewey (1859-1952), 
que se opôs à concepção Herbatiana, de educação pela instrução, 
defendendo a educação pela ação. Um de seus conceitos centrais é a 
experiência, que impulsiona e dirige o conhecimento. 
A pedagogia de Dewey pode ser considerada inovadora, pois 
ressaltou a necessidade de se criar, nas escolas, as condições e os meios 
 
23 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2 
para estimular o pensamento e a reflexão crítica nos alunos. Dewey 
enfatiza ainda a importância de se fazer da escola um lugar de vivência 
das tarefas exigidas para a vida em sociedade. Desta forma, o aluno e o 
grupo passam a ser o centro do trabalho escolar. 
A partir daí, mais especificamente entre as décadas de 1950 a 1970, 
predominou na Didática um enfoque instrumental, com ênfase nos 
métodos e técnicas de ensino, para garantir a eficiência da aprendizagem 
dos alunos. Nos anos de 1980, Candau (2002) afirma a necessidade de 
superação desse modelo para uma Didática fundamental, aquela que deve 
assumir a multidimensionalidade do processo ensino-aprendizagem, 
como veremos mais detalhadamente a seguir. 
2.2 Atividade 
1) Por que a Didática é importante para o professor? 
 
2) Para reforçar seu estudo, sintetize as ideias dos teóricos da 
educação apresentadas nesta unidade. 
2.3 Reflexão 
Dos primórdios da Didática ao presente contexto, podemos 
perceber a evolução do desenvolvimento do conceito, embora isto não 
signifique necessariamente, uma mudança qualitativa nas práticas 
educativas que se realizam no cotidiano das escolas. O debate sobre a 
necessidade de ressignificação da Didática vem se intensificando, 
especialmente em decorrência dos novos desafios impostos pela 
 
24 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2 
sociedade contemporânea para a escola. Você está convidado para 
participar mais efetivamente deste debate. 
2.4 Leitura recomendada 
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 28ª ed.1990. 
O livro apresenta a Didática como ramo de estudo da Pedagogia, 
partindo dos vínculos entre finalidades sócio-politicas e pedagógicas e as 
bases técnicas da direção do processo de ensino e aprendizagem. 
 
VALDEMARIN, V. T. Estudando as lições de coisas: análise dos 
fundamentos filosóficos do Método de Ensino Intuitivo. São Paulo: 
Autores Associados, 2004. 
O livro dedica-se à análise dos fundamentos filosóficos do Método 
de Ensino Intuitivo, creditando ao Empirismo a influência determinante 
sobre os procedimentos didáticos e atividades de ensino produzidos e 
vulgarizados no século XIX sob a denominação de lições de coisas. 
Apoio Fapesp. 
2.5 Referências bibliográficas 
CANDAU, V. M. (org). Rumo a uma nova didática. Petrópolis: Vozes, 
2002. 
 
COMENIUS. A Didática magna. São Paulo: Martins, 1997. 
 
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 28ª ed.1990. 
 
25 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 2 
VEIGA, I. P. A. (coord.) Repensando a Didática. Campinas, SP: 
Papirus, 2004. 
2.6 Na próxima unidade 
Na próxima unidade você vai conhecer um pouco mais sobre a 
proposta de uma nova didática, a Didática fundamental, que emerge 
como tentativa de superação da Didática instrumental. 
 
UMA NOVA 
DIDÁTICA PARA UMA 
NOVA EDUCAÇÃO 
 
 
Até o final do século XX, a Didática era 
fundamentada nos conhecimentos filosóficos. A partir 
desta época, com as transformações decorridas da 
Revolução Industrial, e mais recentemente, no contexto da 
pós-moderndade, o quadro sócio-político-cultural das 
sociedades foi significativamente alterado, exigindo da escola 
novas abordagens, num novo contexto de atuação. Da didática 
espera-se, agora, uma abordagem mais crítica e reflexiva e menos 
tecnicista. É o que vamos estudar nesta unidade. 
 
Objetivos da sua aprendizagem 
Você saberá diferenciar a concepção instrumental da Didática e a 
Didática fundamental e perceberá os indícios de persistência e de 
mudança de algumas questões relacionadas à Didática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 3 
Por aprendizagem aqui estamos 
entendendo o desenvolvimento da 
pessoa como um todo: inteligência; 
afetividade; padrões de 
comportamento moral; 
relacionamento com a família, com o 
bairro, com a cidade e com o país; 
desenvolvimentoda coordenação 
motora; capacidades artísticas; 
comunicação, etc. O aluno está em 
contínua evolução e fazendo parte da 
historia de seu povo, de sua nação. 
3.1 Da didática instrumental à didática fundamental 
Interessa à Didática tudo o que o aluno aprende na relação com o 
professor e com o grupo-classe, bem como o processo de aprendizagem 
através do qual isto ocorre. 
O processo de aprendizagem se 
desenvolve em três dimensões: 
Humana, político-social e técnica. 
 
Dimensão humana 
O processo de aprendizagem se 
realiza através do relacionamento 
interpessoal muito forte entre alunos e 
professores, alunos e alunos, professores e 
professores, enfim, entre alunos, professores e direção. Cria-se, assim, 
um clima afetivo, responsável, em muitos aspectos, pelo sucesso (ou 
fracasso) do processo da aprendizagem. Esta dimensão humana do 
processo da aprendizagem interessa muito de perto à Didática, 
mesmo que em alguns momentos de sua história esta 
dimensão tenha sido completamente esquecida. 
 
Dimensão político-social 
O ensino-aprendizagem 
de que estamos falando 
acontece numa escola que está 
situada em um local 
determinado, numa certa época 
histórica, que segue 
 
 
HTTP://WWW.MARAVILHA.SC.GOV.BR/IMG/NOTICIAS/DIVERSAS%20FOTOS%20035.JPG 
 
28 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 3 
orientações e diretrizes de profissionais da Educação e das políticas 
governamentais. Estas últimas têm uma influência muito grande através 
da legislação e normas que afetam a escola. Além disso, grande parte dos 
estabelecimentos de ensino básico está diretamente subordinada ao 
Estado. 
 Sabemos que professores, diretores, alunos, pais, técnicos, 
funcionários, autores de livros didáticos, editores que produzem material 
pedagógico são pessoas reais, que vivem num tempo e numa cultura 
específica. Têm posições políticas e sociais que são transmitidas em seus 
trabalhos e nas suas relações com a escola. 
 Esta pretende que as crianças, os jovens e os adultos se eduquem 
para serem membros participantes da sociedade, contribuindo para seu 
progresso e desenvolvimento. Daí o caráter político-social que a Didática 
assume quando considera os elementos que influenciam a aprendizagem 
do aluno. 
 
Dimensão técnica 
 Por último, a aprendizagem é um processo intencional, isto é, 
orientado por objetivos a serem alcançados por seus participantes. 
Interessa a esse processo que os alunos consigam aprender bem o que se 
propõe, através da organização de condições apropriadas. 
 Aspectos como definição de objetivos, seleção de conteúdos, 
técnicas e recursos de ensino, organização do processo de avaliação e 
escolha de técnicas avaliativas, planejamento de curso e de aulas 
constituem o núcleo da dimensão técnica do processo de aprendizagem. 
Esta é a terceira dimensão sobre a qual a Didática se debruça ao tratar do 
processo de ensino-aprendizagem que acontece na escola e na aula em 
particular. 
 
29 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 3 
Estas dimensões, articuladas e integradas entre si, compõem a 
Didática fundamental, que na visão de Candau (2002), é a concepção que 
expressa às mudanças que estão ocorrendo na compreensão e nas práticas 
escolares, desde o final dos anos de 1970, com as críticas à Didática 
instrumental. 
Até este período, ou seja, entre os anos de 1950 e 1970, como 
vimos na unidade anterior, setores conservadores da educação faziam a 
defesa da neutralidade científica da didática, apoiados no tecnicismo 
pedagógico fortemente presente na legislação educacional vigente e no 
cotidiano das salas de aula. Os planos de ensino, a formulação de 
objetivos, a seleção de conteúdos, as técnicas de exposição e de condução 
de trabalhos em grupo e a utilização das tecnologias nas atividades 
educativas ganham relevância nesse cenário. 
Neste enfoque instrumental, o processo de ensino e aprendizagem é 
desenvolvido a partir de uma visão reducionista e neutra. Esta Didática 
Instrumental é definida por Candau como: 
 
um conjunto de conhecimentos técnicos sobre o “como fazer” 
pedagógico, conhecimentos estes apresentados de forma universal 
e, consequentemente, desvinculados dos problemas relativos ao 
sentido e aos fins da educação, dos 
conteúdos específicos, assim como 
do contexto sociocultural concreto 
em que foram gerados. 
 (Candau,2002, p.13-14). 
 
A Didática instrumental sofre 
inúmeras criticas a partir da década de 
1970. Nesta ótica, a Didática é vista de uma 
 
HTTP://CENFOPMATEMATICASIGNIFICATIVA.FILES.WORDPRESS 
.COM/2010/06/IMAGEM.JPG 
 
30 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 3 
forma global, sem vínculos com as questões que fazem parte dos sentidos 
e dos fins educacionais. Seus críticos defendem a necessidade de se 
definir um projeto de sociedade que contemple uma concepção de escola 
transformadora da realidade onde ela se insere. 
Em seus estudos, no início dos anos de 1980, Candau (2002) afirma 
a necessidade da superação desse modelo instrumental e coloca a 
urgência da adoção de um modelo mais crítico, que ela denomina de 
Didática fundamental. Em sua proposta, a Didática fundamental deve 
assumir a multidimensionalidade do processo ensino-aprendizagem e 
promover uma articulação entre as dimensões humana, técnica e político-
social, vistas no início desta unidade. 
 Enquanto a Didática instrumental concebe a Didática como 
conjunto de instrumentos e técnicas para um ensino eficiente, a Didática 
fundamental preocupa-se com a compreensão do processo ensino-
aprendizagem e as formas de intervenção pedagógica, articulando o 
“fazer” com o sentido ético e político do projeto educativo como um 
todo. (CANDAU, 2002, p. 74). 
 Atualmente há um consenso de que a Didática, como área de 
estudo, focaliza quatro pressupostos, de acordo com Veiga (2004, p.49): 
 
 A educação como prática social é um processo construtivo e 
permanente de emancipação humana; 
 Compromisso com a democratização da escola pública e, 
consequentemente, com o ensino de melhor qualidade voltado 
para os interesses das classes populares; 
 O professor, como agente social, que procura colocar em questão 
a lógica modernizadora; 
 
31 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 3 
 A metodologia de pesquisa como modo de apropriação ativa de 
conhecimento, bem como o desenvolvimento de habilidades 
básicas de investigação. 
 
Muito embora estes estudos recentes demonstrem os avanços na 
compreensão da Didática, Veiga diz que algumas questões ainda 
permanecem, como a variedade de conceitos de didática, evidenciando 
que não há um conceito que satisfaça a todos, assim como não há um 
consenso sobre seu objeto de estudo, que pode ser apontado tanto como o 
processo ensino-aprendizagem ou o ensino, como a aula, a prática 
pedagógica ou o trabalho docente. (idem, p.52). 
Apesar disto, são muitos os indícios de mudança, ainda de acordo 
com a pesquisadora (2004, p.52): 
 
 Ampliação dos debates em torno da questão da didática, buscando 
alternativas mais condizentes com a realidade educacional 
brasileira; 
 Envolvimento crescente de interessados no debate sobre a 
formação de professores e o papel nela desempenhado pela 
Didática; 
 Perspectiva metodológica para o desenvolvimento da pesquisa em 
Didática, apresentando novos rumos no sentido de empregar uma 
abordagem mais qualitativa, utilizando-se a etnografia, o estudo 
de caso, a pesquisa-ação; 
 Preocupação maior com a formação dosprofessores de didática; 
 Tentativas de construção da didática baseada no cotidiano 
escolar; 
 
32 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 3 
 Preocupação com novos temas mobilizadores, emergentes e 
abertos à reflexão didática; 
 Compreensão do ensino como processo complexo e 
multirreferencial. 
3.2 Atividades 
1) Leia com atenção o trecho abaixo e depois esboce uma 
reflexão sobre a necessidade de uma nova didática para uma 
nova sociedade. 
 
“Vê-se que a responsabilidade social da escola e dos professores é 
muito grande, pois cabe-lhe escolher qual concepção de vida e de 
sociedade deve ser trazida à consideração dos alunos e quais 
conteúdos e métodos lhes propiciam o domínio dos conhecimentos 
e a capacidade de raciocínio necessários à compreensão da 
realidade social e á atividade prática na profissão, na política, nos 
movimentos sociais. Tal como a educação, também o ensino é 
determinado socialmente..Ao mesmo tempo que cumpre objetivos 
e exigências da sociedade conforme interesses de grupos e classes 
sociais que a constituem, o ensino cria condições metodológicas e 
organizativas para o processo de transmissão e assimilação de 
conhecimentos e desenvolvimento das capacidades intelectuais e 
processos mentais dos alunos tendo em vista o entendimento 
crítico dos problemas sociais”. (LIBÂNEO, 1990, p. 22). 
 
2) Defina a Didática instrumental e a Didática fundamental. 
 
 
33 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 3 
3.3 Reflexão 
Podemos concluir que o momento de crítica ao tecnicismo didático 
foi importante como marco inicial da elaboração de novas reflexões e 
propostas para uma Didática mais crítica, condizente com as perspectivas 
atuais de formação de educadores mais engajados e preocupados com 
uma prática docente consciente, politizada e responsável. 
3.4 Leitura recomendada 
VEIGA, I. P. A. (coord.). Repensando a Didática. Campinas, SP: 
Papirus, 2004. 
O livro, com uma série de artigos de renomados educadores da 
contemporaneidade que tem se dedicado aos estudos na área, propõe-se a 
repensar o papel da Didática na formação de professores do ensino 
fundamental e do ensino médio, contribuindo para ampliar e aprofundar 
as reflexões acerca da proposta de uma Didática voltada para a efetivação 
da prática pedagógica crítica. 
3.5 Referências bibliográficas 
CANDAU, V. M. A. revisão da didática. In: CANDAU, V. M. (org.). 
Rumo a uma nova Didática. 13. Ed. Petrópolis: Ed Vozes, 2002. 
 
_____________ Da didática fundamental ao fundamental da didática. In: 
ANDRÉ, M. E. D. A; OLIVEIRA, M. R. N. S. (orgs.). Alternativas no 
ensino de Didátca. 5. Ed. São Paulo: Papirus, 2003. 
 
 
34 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 3 
VEIGA, I. P. A. Didática: uma retrospectiva histórica. In: VEIGA, I. P. 
A. (coord.). Repensando a Didática. Campinas, SP: Papirus, 2004. 
 
 
NETO, J.M. S. A eficácia da Didática no ensino superior. Disponível 
em <HTTP://www.meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-eficacia-
didatica-ensino-superior>> 
3.6 Na próxima unidade 
Nossas ações são sempre embasadas em concepções, ideias ou 
teorias, embora nem sempre isto esteja claro para nós. Na educação 
também é assim. Na próxima unidade vamos explicitar as tendências 
pedagógicas que fundamentam as práticas dos professores no dia a dia 
das escolas. 
 
A DIDÁTICA E AS 
ABORDAGENS DO 
ENSINO NA EDUCAÇÃO 
ESCOLAR 
 
 
Nesta unidade você vai estudar as diferentes 
abordagens pedagógicas que norteiam a ação docente nas 
escolas. Conhecer estas perspectivas de ensino e 
aprendizagem que fundamentam a prática educativa é muito 
importante para a elaboração ou reelaboração da sua concepção de 
educação e construção de uma prática coerente e coesa. 
 
Objetivo da sua aprendizagem 
Você vai conhecer as principais abordagens pedagógicas e suas 
implicações para as ações desenvolvidas pelos professores nas escolas. 
 
Você se lembra? 
Você se lembra dos professores que marcaram sua formação 
escolar? Alguns podem ter deixado uma boa lembrança, outros, nem 
tanto. As atitudes dos professores estão relacionadas às abordagens 
de ensino que fundamentam suas práticas. 
 
 
 
 
 
 
 
36 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 4 
4.1 As tendências pedagógicas na prática escolar 
As concepções das práticas dos educadores estão intimamente 
relacionadas com o conhecimento e a reflexão sobre as abordagens 
pedagógicas que norteiam essas práticas no cotidiano das nossas escolas. 
Diversos estudos têm sido realizados acerca da Didática e suas relações 
com estas abordagens pedagógicas, que representam as concepções que 
os educadores têm a respeito do ensino. Em geral, os autores concordam 
em classificá-las em dois grandes grupos, como pode ser encontrado em 
Libâneo (1990): 
 
Corrente Liberal Corrente Progressista 
Pedagogia tradicional Pedagogia Libertadora 
Pedagogia renovada Pedagogia crítico-social dos 
conteúdos 
Tecnicismo pedagógico 
 
 
Mizukami (1986) apresenta uma classificação diferente, dividindo 
as concepções em cinco abordagens: tradicional, comportamentalista, 
humanista, cognitivista, sociocultural. Consideramos que esta divisão 
ganhando destaque, em função das modificações no contexto sócio-
político pedagógico. 
Este é um tema bastante complexo que necessita de 
aprofundamento e crítica, mas, vamos analisar, ainda que, brevemente, a 
classificação de Mizukami: 
 
 
37 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 4 
Abordagem Tradicional 
 A ênfase é a sala de aula. Os alunos são instruídos pelo professor, 
os conteúdos e as informações devem ser adquiridos e os 
modelos, imitados; 
 A preocupação maior é com a quantidade de noções, conceitos e 
informações, do que com o desenvolvimento da capacidade 
reflexiva do aluno; 
 O ensino é predominantemente verbal e ao aluno cabe a 
memorização do conteúdo verbalizado; 
 Os conteúdos são apresentados de forma acabada e as tarefas são 
padronizadas; 
 Enfim, a abordagem tradicional enfatiza a transmissão de 
conceitos e a imitação de modelos aprendidos. 
 
Abordagem Comportamentalista 
 Ênfase no arranjo de condições 
externas que podem levar a aluno 
a aprender. O professor é o 
responsável pela aquisição de 
conhecimentos do aluno; 
 Os comportamentos esperados dos alunos são instalados e 
mantidos por condicionantes e reforços arbitrários, como elogios, 
notas, prêmios, ou mesmo, o diploma, as vantagens da futura 
profissão, possibilidade de ascensão social, etc.; 
 A aprendizagem é garantida pelo programa estabelecido. Os 
elementos do processo ensino e aprendizagem são o aluno, um 
objeto de aprendizagem e um plano para alcançar o objetivo 
proposto; 
 
HTTP://DIARIODONORDESTE.GLOBO.COM/IMAGEM.ASP?IMAGEM=425852 
 
38 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 4 
 A abordagem comportamentalista visa, então, a obtenção de um 
comportamento que deve ser mantido. 
 
Abordagem Humanista 
 O ensino é centrado na pessoa, o que implica orientá-la na sua 
experiência para que ela possa estruturar-se e agir; 
 A atitude básica a ser desenvolvida é a de confiança e de respeito 
ao aluno; 
 A aprendizagem tem a qualidade de um envolvimento pessoal. A 
pessoa é considerada em sua sensibilidade e sob o aspecto 
cognitivo é incluída de fato na aprendizagem. O sentido da 
descoberta vem de dentro, mesmo que o estímulo venhade fora; 
 A aprendizagem é significativa, suscita mudanças no 
comportamento e nas atitudes e é avaliada pelo aluno, que 
aprende a buscar suas necessidades; 
 Portanto, nesta abordagem, a pessoa está incluída no processo de 
ensino-aprendizagem. 
 
Abordagem Cognitivista 
 Enfatiza a forma de organização do conhecimento, do 
processamento das informações e dos comportamentos relativos à 
tomada de decisões; 
 A ênfase está, assim, na capacidade do aluno de integrar 
informações e processá-las. O que é priorizado são as atividades 
do sujeito, considerando-o inserido numa situação social; 
 O ensino é baseado na tentativa e erro, na pesquisa e investigação, 
na busca da solução de problemas pelo aluno, para desenvolver o 
 
39 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 4 
raciocínio, e não no ensino de fatos. A ênfase é nos processos e 
não no produto; 
 A aprendizagem se realiza quando o aluno elabora seu 
conhecimento, porque para conhecer um objeto é preciso agir 
sobe ele; 
 Não existem currículos fixos, pelo contrário, os alunos devem ser 
colocados frente situações desafiadoras e novas, como os jogos, 
visitas, excursões, trabalhos em grupo, teatros, etc. 
 
Abordagem sociocultural 
 A relação de ensino-
aprendizagem deve procurar 
a superação da relação 
opressor-oprimido através 
de atitudes como a de se 
colocar no lugar do outro, 
bem como a de transformar 
a situação geradora de opressão; 
 A educação deve ser problematizadora, buscando o 
desenvolvimento da consciência crítica e da liberdade como 
meios de superar as contradições da educação tradicional; 
 Educador e educando são sujeitos do mesmo processo; 
 A educação representa um esforço permanente de perceber 
criticamente o mundo, levando o indivíduo a assumir seu papel de 
sujeito criador. 
 
 
 
HTTP://3.BP.BLOGSPOT.COM/_VXBEQRLPTWU/S8NK7N1PUAI/AAAAAAAAAL 
4/TK9T_GHCDEY/S1600/IMAGEM+237.JPG 
 
40 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 4 
4.2 Atividades 
1) Faça uma pesquisa bibliográfica para compreender melhor as 
características das abordagens pedagógicas, principalmente em 
relação aos seguintes aspectos: o que é aprender? O que é ensinar? 
Como conceber os métodos e técnicas de ensino? 
4.3 Reflexão 
O fenômeno educativo pode ser concebido de diferentes formas, 
uma vez que ele é multidimensional. Assim, não há uma única teoria que 
possa explicá-lo de forma absoluta. Por isto, é importante considerar as 
diversas perspectivas, abordagens ou tendências apresentadas como 
tentativas de compreensão deste complexo fenômeno que é a educação. 
Elas permitem um aprofundamento de aspectos relevantes, relacionados 
diretamente a pratica educativa, contribuindo para a construção de uma 
ação docente mais crítica e coerente com os fundamentos teóricos que a 
sustentam. 
4.4 Leitura recomendada 
MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: As abordagens do processo. São 
Paulo: EPU, 1986. 
O livro analisa conceitos básicos de cinco abordagens do processo 
de ensino-aprendizagem a partir de categorias como: homem, mundo, 
sociedade/cultura, conhecimento, educação, escola, ensino-
aprendizagem, professor-aluno, metodologia e avaliação. 
 
 
41 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 4 
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1885. 
A obra é vista por muitos intelectuais como sendo a obra-prima 
freireana. O tema central da referida obra diz respeito à ideia de que deve 
existir um intercâmbio contínuo de saber entre educadores e educandos, 
com o escopo de que os últimos não se limitem a repetir mecanicamente 
o conhecimento transmitido pelos primeiros. Por meio do diálogo entre 
professores e alunos, estabelecem-se possibilidades comunicativas em 
cujo cerne está a transformação do educando em sujeito de sua própria 
história, traduzida em diferentes idiomas, a Pedagogia do Oprimido 
revela que a educação conscientiza os indivíduos sobre as diversas 
contradições e disparidades do mundo, de modo a incutir-lhes a demanda 
por mudanças na realidade social. 
4.5 Referências bibliográficas 
MAZETO, M. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1997. 
 
MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: 
EPU, 1986. 
 
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1990. 
4.6 Na próxima unidade 
A partir deste resumo sobre as abordagens de ensino apresentadas 
por Mizukami, poderemos refletir, na próxima unidade sobre algumas 
ideias importantes acerca do processo de ensino e aprendizagem.
 
O PROCESSO DE 
ENSINO E 
APRENDIZAGEM 
 
 
Necessitar de aprendizado para desenvolver 
capacidades que lhes são próprias é uma característica 
especificamente humana. Este aprendizado pode se dar de 
várias formas, mas nos interessa aqui o aprendizado escolar, 
dada a sua intencionalidade 
 
Você se lembra? 
Na sua infância, quais eram os seus modelos de imitação? Você, 
com certeza, já observou como as crianças imitam o adulto, não é? Elas 
imitam para aprender, pois necessitamos de aprendizado para nos 
tornarmos pessoa humana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5 
5.1 Aprendizagem e ensino 
O ser humano, como uma entre as várias espécies animais sobe a 
Terra, também desenvolveu formas de convivência, reprodução, 
acasalamento e defesa. Mas, além desses processos, desenvolveu 
capacidades que dependem do aprendizado, e que, ao contrário das outras 
espécies, não são transmitidas aos seus descendentes por carga genética, 
mas por processos educativos. 
Essa característica especificamente humana de necessitar de 
aprendizado para atividades que lhes são próprias, só se tornou possível 
porque o ser humano é capaz de criar símbolos, como a linguagem, 
através dos quais dá significado às suas experiências e as transmite a seus 
semelhantes. 
 Sem desconsiderar as diversas formas ou modalidades através dos 
quais esses processos educativos podem se dar, como a família, os meios 
de comunicação de massa, os grupos religiosos e políticos, etc., vamos 
enfatizar aqui a instituição escolar, pela sua expressa intencionalidade na 
concretização deste fim. 
 Ou seja, “é através da sua capacidade de aprender que o aluno se 
desenvolve como ser humano e como cidadão”, como afirma Mazeto 
(1987, p.45). De acordo com ele, a escola e o professor trabalham com a 
perspectiva de uma aprendizagem permanente do aluno, um processo que 
não termina. “Aprende-se e sempre” (idem, p.45). 
 Aprender envolve ações como: buscar informações, rever a 
própria experiência, adquirir conhecimentos, desenvolver habilidades, 
adaptar-se a mudanças, mudar comportamentos, descobrir o sentido das 
coisas, dos fatos, dos acontecimentos, ações enfim, relacionadas para o 
 
44 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5 
aluno enquanto agente responsável pela sua aprendizagem, ainda 
segundo Mazeto. 
 Ensinar, por sua vez, está relacionado a ações como: instruir, 
fazer saber, comunicar conhecimentos, mostrar, guiar, orientar, dirigir, 
desenvolver habilidades, apontado para o professor como agente 
responsável pelo ensino. Estas ações, no entanto, são indissociáveis, 
porque o ensinar se define em função do aprender. 
Para Veiga, porém, este processo é mais amplo e envolve outras 
dimensões. Para ela: 
 O processo didático tem por 
objetivo dar respostas a uma 
necessidade: ensinar. O resultado 
do ensinar é dar resposta a uma 
outra necessidade:a do aluno que 
procura aprender. Ensinar e 
aprender envolvem o pesquisar. E 
essas três dimensões necessitam do 
avaliar. Esse processo não se faz de forma isolada. Implica 
interação entre sujeito ou entre sujeitos e objetos. (VEIGA, 
2008,p.13). 
 
 Ainda de acordo com a autora, uma das tarefas mais 
representativas do processo didático é o ensino e para compreender um 
pouco melhor esta tarefa, vamos nos basear num trabalho desta autora, 
que diz respeito a uma pesquisa realizada por ela, em diferentes 
momentos de participação sua em eventos educacionais promovidos por 
secretarias estaduais e municipais de educação e instituições de educação 
superior, sobre as concepções de professores sobre o ensino. 
 
HTTP://PEREGRINACULTURAL.FILES.WORDPRESS.COM/2009/ 
10/PROFESSORA-ENSINANDO-FRACOES.JPG 
 
45 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5 
Veiga registrou e agrupou os diferentes significados de ensinar 
apresentados pelos docentes nos seguintes enunciados, conforme está em 
seu texto “Ensinar: uma atividade complexa e laboriosa” (VEIGA, 2008 
p.13-33): 
 Ensinar é um ato intencional; 
 Ensinar significa interagir e compartilhar; 
 Ensinar exprime afetividade; 
 Ensinar pressupõe construção de conhecimento e rigor 
metodológico; 
 Ensinar exige planejamento didático. 
 
Ensinar é um ato intencional 
O ato de ensinar é carregado de intencionalidade. O ensino exige 
uma direção, um norte que remeta a uma diversidade de objetivos mais 
detalhados e complexos, que se refletem na tríplice dimensionalidade das 
finalidades da educação brasileira: pleno desenvolvimento do educando, 
seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho (LDBEN 
9394/96, art. 2º). Esta intencionalidade ocorre no âmbito de uma 
organização escolar que é, muitas vezes, burocrática e fragmentada, e por 
outro lado, não é também, independente do contexto social, exigindo uma 
reflexão constante sobre o lugar do educando na instituição e na 
sociedade, nas relações entre os seres humanos. 
 Para buscar a qualidade do ensino, é preciso ter em mente os 
objetivos socioculturais da educação e questionar-se: Que tipo de 
sociedade queremos? Que tipo de homem pretendemos formar? Que 
concepções de cidadania e de trabalho permeia nossa ação docente? Os 
professores devem, assim, ter clareza dos fins e objetivos que pretendem 
atingir com seu trabalho. 
 
46 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5 
Ensinar significa interagir, compartilhar 
 A ideia que permeou muitas respostas é a de que ensinar significa 
trabalhar com seres humanos, sobre seres humanos, para seres humanos. 
É um ato que implica interações variadas com os alunos, com professores 
e outros profissionais, interações concretas entre pessoas. As respostas 
dos professores apontam que o ensino é uma das dimensões 
representativas do processo didático. 
 
Ensinar exprime afetividade 
 O ensino se expressa por meio da afetividade, que favorece as 
trocas entre professor e os alunos. Permear o ensino com afetividade é 
fortalecer o processo de conquista para despertar o interesse do aluno. O 
professor precisa contar com a colaboração e a confiança dos alunos para 
consolidar o sucesso de educar. A afetividade não é isolada da dimensão 
cognitiva, propiciando uma disposição do aluno para problematizar, 
conhecer, buscar, investigar, encontrar solução, dedicar-se com atenção, 
afeto, prazer e alegria. Para aprender, a aluno precisa ter desenvolvido 
não somente sua capacidade de pensar, mas também sua capacidade de 
perceber e sentir suas emoções, seus conflitos, suas alegrias, seus 
bloqueios afetivos. Ensinar envolve, portanto, disponibilidade para lidar 
com o outro. Envolve gosto e identificação com a docência. 
 
Ensinar pressupõe construção de conhecimento e rigor 
metodológico 
 A construção do conhecimento não é apenas do aluno, pois o 
conhecimento se constrói por meio da mediação social que pode estar 
mais ou menos presente. Por isso, na situação de ensino há necessidade 
da ação mediada pelo professor para articular as relações que compõem o 
 
47 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5 
objeto de estudo e o caminho para sua descoberta ou redescoberta, 
articulando também o conhecimento a ser trabalhado com a realidade 
social em que ele se originou. Além disso, é preciso que o professor 
proponha atividades estratégicas didáticas necessárias a esta construção e 
que o processo possa ser adequadamente acompanhado e avaliado. Os 
relatos permitem à autora afirmar que o papel do conhecimento é 
colaborar na formação do aluno na sua globalidade: como pessoa, como 
cidadão crítico e criativo e como futuro trabalhador. E o papel do 
professor é provocar a mediação entre aluno, conhecimento e realidade. 
Ensinar exige, assim, a determinação do como, do método a ser utilizado 
para o desenvolvimento do aluno. 
 
Ensinar exige planejamento didático 
Ensinar é um trabalho planejado no contexto de uma organização 
escolar, significando pensar sobre algumas questões: Por que, para que e 
como ensinar? Quem ensina? Quem aprende? Quais os resultados do 
ensino? Mas não se pode conceber o planejamento como uma ação 
técnica e linear. Cabe ao professor a responsabilidade de planejar o 
ensino de forma participativa, considerando as outras dimensões do 
processo didático e as orientações do projeto pedagógico da escola. 
 
A autora apresentou os 
eixos estruturais do ato de 
ensinar na ótica dos 
professores, mas ela nos 
lembra que há muitas outras 
maneiras de compreender o 
ensino, ressaltando que é uma 
 
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DGZA/S400/DSC01065.JPG 
 
48 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5 
prática social que se realiza não só através do professor, mas também 
pela compreensão de contextos sociais mais amplos, situando o ensino 
para além da sala de aula. Ao professor cabe, então, sensibilizar-se com 
as demandas sociais, dialogar coma realidade, buscando formas 
alternativas para o desenvolvimento de temas e estimulando o aluno com 
questionamentos, para ajudá-lo a chegar ás suas próprias elaborações. 
Mais do que isso, é desenvolver as potencialidades de uma pessoa. 
 
É uma atividade profissional laboriosa, que exige preparo, 
compromisso e responsabilidade do professor para instrumentalizar 
política e tecnicamente o aluno, ajudando-o a constituir-se como 
sujeito social. (VEIGA, 2008, p.29). 
5.2 Atividades 
 
1) Leia o livro “Pedagogia da autonomia!”, do educador Paulo 
Freire, recomendado como leitura complementar nesta unidade, e 
sintetize suas ideias, destacando as exigências do ensino que você 
considera mais relevantes, de acordo com as proposições do autor 
na obra. 
 
2) Leia o texto de Ilma Passos Veiga, “Ensinar: uma atividade 
complexa e laboriosa”, utilizado como referência para esta 
unidade e explique porque, segundo ela, o ensino é uma atividade 
formativa? 
 
 
 
49 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5 
5.3 Reflexão 
 A complexidade da tarefa de ensinar exige um esforço na 
constituição de um marco teórico que se apresente indagador e rigoroso, 
que investigue os fundamentos e as práticas formativas. Desta maneira, o 
ensino deve estabelecer relações com o contexto social mais amplo, 
refletindo sobre os valores da sociedade em geral, bem como sobre os 
valores, interesses e necessidades da comunidade local onde as unidas 
escolares estãoinseridas. Se o ensino passar a ser concebido desta 
maneira, de acordo com Veiga, estará respondendo a três desafios: 
1- É uma tarefa humana; 
2- Tem o desafio da dimensão afetiva, do compartilhamento, da 
interação; 
3- Tem o desafio de seu papel cognitivo, pelo fato de permitir que 
cada aluno construa seu conhecimento graças ao emprego de uma 
diversidade metodológica e tecnológica. 
E, finalizando com a autora: 
“O ensino é carregado de razão e emoção, é o espaço para a vida, 
para a vivência das relações entre professores e alunos, para ampliação 
da convivência socioafetiva e cultural dos alunos.” (idem, p.32). 
5.4 Leitura recomendada 
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à 
prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 24ª edição, 2002. 
 Nesse livro, Paulo Freire reflete sobre saberes necessários a uma 
prática educativa crítica, fundamentados nua ética pedagógica e numa 
 
50 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5 
visão de mundo alicerçadas em rigorosidade, pesquisa, criticidade, risco, 
humildade, bom senso, tolerância, alegria, etc. 
 
VEIGA, I. P. A. Ensinar: uma atividade complexa e laboriosa. In: 
VEIGA, I. P. A. (org.). Lições de Didática. Campinas: São Paulo. 3ª 
Edição, 2008, p.13 -33. 
 No artigo a autora apresenta uma síntese de algumas concepções 
sobre o ensino, apresentando uma revisão das teorias de ensino, seus 
fundamentos e suas características básicas. Em seguida, a autora discute 
os dados de sua pesquisa com professores a respeito do significado do 
ensino para eles. 
5.5 Referência bibliográfica 
MAZETO, M. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1997. 
 
VEIGA, I. P. A. (org.). Lições de Didática. Campinas: São Paulo. 3ª 
Edição, 2008. 
 
HOKAMA, M. G. Pensando (bem) na escola: o lugar das habilidades de 
pensamento no planejamento das atividades de ensino e aprendizagem. 
Dissertação de mestrado. Universidade Estadual Paulista Julio de 
Mesquita Filho. UNESP/Araraquara, 2000. 
 
 
51 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 5 
5.6 Na próxima unidade 
As ideias de Veiga e dos autores estudados nesta unidade nos 
remetem à necessidade do aprofundamento a respeito da formação 
docente, tema que será analisado na próxima unidade. 
 
 
FORMAÇÃO 
DOCENTE 
 
 
A formação de professores está passando 
por um momento de profunda revisão no Brasil. 
Entre outras questões, os pontos impulsionadores desta 
revisão se relacionam ao questionamento do papel exercido 
pela educação na sociedade, a falta de clareza sobre a função 
do educador e a redefinição dos cursos de licenciaturas em geral. 
A formação para a docência no nível superior é mais um dos 
grandes desafios que se fazem urgentes nesse momento e que 
analisaremos nesta unidade. 
 
Objetivos da sua aprendizagem 
Você irá refletir sobre a formação do professor, seus pressupostos 
e os novos desafios para uma atuação docente competente, 
especialmente no nível da docência para o ensino superior. 
 
Você se lembra? 
Durante a sua graduação, algum professor marcou a sua 
trajetória? Você diria que aquele professor tinha uma boa 
didática? Reflita sobre isto. 
 
 
 
 
 
 
53 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 6 
6.1 A formação profissional do professor 
A formação profissional do professor é composta por um conjunto 
de disciplinas coordenadas e articuladas entre si e seus objetivos e 
conteúdos devem estar voltados para possibilitar uma unidade teórico-
metodológica do curso, qualquer que seja o nível de ensino para o qual 
este professor está se preparando para atuar. Ela é um processo 
pedagógico, intencional e organizado, de preparação teórico-científica e 
técnica do professor para dirigir competentemente o processo de ensino, 
como afirma Libâneo ( 1990, p. 27). 
Sendo assim, de acordo com o autor, a formação do professor 
abrange as dimensões teórico-científica, incluindo aí a formação 
acadêmica específica nas disciplinas em que o docente irá se 
especializar-se e a formação pedagógica – conhecimentos da Filosofia, 
Sociologia, História da Educação e da Pedagogia, que contribuem par o 
esclarecimento do fenômeno educativo no contexto histórico-social: e a 
formação técnico-prática, que visa à preparação profissional específica 
para a docência – Didática, as metodologias das matérias, Psicologia da 
Educação, Pesquisa educacional, etc. 
Esta maneira de organizar os conteúdos da formação de 
professores, em aspectos teóricos e práticos, não significa sua separação 
ou isolamento. Ao contrário, eles devem estar integrados e articulados. 
As disciplinas teórico-científicas referem-se à prática escolar e seus 
estudos, realizados no âmbito da formação acadêmica, devem estar em 
consonância com aqueles de formação pedagógica que tratam das 
finalidades da educação e dos condicionantes históricos, sociais e 
políticos da escola. Os conteúdos das disciplinas específicas também 
 
54 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 6 
precisam estar relacionados com as exigências metodológicas dessas 
áreas. 
Com relação à formação técnico-prática, é importante enfatizar que 
seus conteúdos não podem ser reduzidos ao domínio de técnicas e regras, 
os aspectos teóricos devem ser considerados, ao mesmo tempo em que 
fornecem à teoria os problemas e desafios da prática. Como afirma 
Libâneo: 
A formação profissional do professor implica, pois, uma contínua 
interpenetração entre teoria e prática, a teoria vinculada aos 
problemas reais postos pela experiência prática e a ação prática 
orientada teoricamente. (LIBÂNEO, 1990, p.28). 
 
 Para Candau (2005), esta interpenetração não ocorre e, aliada à 
saturação do mercado de trabalho e à falta de uma formação cultural 
geral consistente, entre outras questões, tem nos colocado diante de uma 
crise e da necessidade urgente de redefinição dos sistemas de formação 
docente, em todos os níveis. Para chegar a esta afirmação, a autora 
analisou a bibliografia sobre a formação docente e agrupou os estudos em 
quatro perspectivas: centrados na norma; centrados na dimensão técnica; 
centrados na dimensão humana; centrados no contexto. 
Centrados na norma: Partem da legislação vigente e analisam a 
adequação da realidade aos instrumentos legais, sem uma reflexão crítica 
e questionadora desses instrumentos. A ênfase recai sobre a verificação 
das dificuldades ou entraves para o cumprimento do estipulado e a 
proposição de medidas que superem os problemas encontrados. O 
educador é visto como o responsável pela observância da norma, muitas 
vezes de caráter formal. 
Centrados na dimensão técnica: A atenção é para a organização e 
operacionalização dos componentes do processo de ensino-
 
55 
Linguística e Língua Portuguesa Didática do Ensino Superior – Unidade 6 
aprendizagem: objetivos, seleção de conteúdos, estratégias e ensino, 
avaliação, etc. Estes estudam analisam a prática educativa, propondo 
experimentos comparando metodologias e verificando seus resultados na 
aprendizagem. São privilegiadas as variáveis processuais de natureza 
técnica. O educador é visto como um organizador de condições de 
ensino-aprendizagem que devem ser rigorosamente planejadas para 
garantir resultados “ótimos”. É um enfoque tecnicista de formação 
docente. 
Centrados na dimensão humana: Estes são os estudos que 
enfatizam a relação interpessoal dos processos formativos. O foco é nas 
condições que devem estar presentes para possibilitar a comunicação, 
direta ou indireta para que ela seja facilitadora

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