Buscar

​CONCURSO PARA VAGAS TEMPORÁRIAS NOS EMPREGOS PUBLICO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A ILEGALIDADE DOS EMPREGOS TEMPORÁRIOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA : A CONCRETIZAÇÃO DA BURLA AO CONCURSO 
INTRODUÇÃO
O concurso público permite escolher os melhores candidatos com a finalidade de aperfeiçoamento do serviço público prestado à sociedade, propiciando de forma igualitária a todos os interessados a oportunidade isonômica de concorreram a vaga aberta, desde que preenchido os requisitos legais determinados pela natureza e complexidade do cargo ou emprego a que se concorre. 
A exigência constitucional do concurso público para a investidura de agentes no serviço público diz respeito tanto às hipóteses do vínculo estatutário, quanto ao vínculo em regime celetista. As únicas exceções ao princípio estão expressas na própria norma constitucional e, que estabelece a possibilidade de nomeação para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração (art. 37, inciso II, in fine) e prevê a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Os concursos públicos, também chamados processos concorrenciais subordinam-se aos princípios gerais do direito administrativo, como os princípios da legalidade, impessoalidade, publicidade, moralidade, eficiência, motivação, isonomia, razoabilidade. Os concursos públicos também estão sujeitos aos princípios próprios como os seguintes: obrigatoriedade, competitividade, instrumentalidade, seletividade, princípio proibitivo da quebra da ordem de classificação, duplo grau de jurisdição e princípio do julgamento objetivo.
O Brasil, com a reforma administrativa defendida por Bresser-Pereira nos anos 1990, adota uma doutrina política neoliberal buscando a diminuição do aparelhamento do Estado, através da adoção dos princípios da administração gerencial. Nesse contexto a terceirização surgiu como técnica moderna de administração. Os contratos de terceirização têm sido celebrados sob a fórmula de prestação de serviços técnicos especializados de tal modo a assegurar uma aparência de legalidade. No entanto, não há, de fato, essa prestação de serviços por parte da empresa contratada já que esta se limita a fornecer mão de obra para o Estado. Do mesmo modo, apesar da contratação temporária ser uma exceção no serviço público, os gestores da coisa pública estão tomando tal tipo de contratação como regra. É recorrente a celebração de contratos temporários sucessivos, ultimadas todas as prorrogações do contrato temporário precedido sendo que tal situação ilustra bem a opção enganosa pelo procedimento simplificado de seleção que, inegavelmente, fita burlar a realização do concurso público. Nesse sentido, o tema do presente estudo é a ilegalidade dos empregos temporários na Administração Pública: a concretização da burla ao concurso.
O presente estudo se justifica pelo fato de que muitos funcionários terceirizados ou ocupantes de cargos em empregos temporários titularizam cargos que deveriam ser ocupados através do mérito pessoal daqueles que se submetem à avaliação realizada por concurso público, sendo como agravante o fato de que vários desses cargos são ocupados por apadrinhados políticos ou de parentes ou amigos de pessoas que já ocupam cargos públicos no órgão e que tenham poder de influenciar tais contratações, burlando a exigência de concurso público, constitucionalmente determinada, de que a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos. 
A relevância do estudo desenvolvido é tratar de importante tema quanto à preservação das determinações constitucionais principalmente voltadas para a Administração Pública e à proteção do direito, através da meritocracia representada pela aprovação prévia em concurso público, para fins de acesso aos cargos ou empregos públicos. 
Tem-se por objetivo geral discorrer sobre o conceito de emprego temporário, procurando entender que tal tipo de contratação de servidores sem concurso público é exceção, e não regra na Administração Pública e que essa prática se traduz em burla ao instituto do concurso público. 
Como objetivos específicos pretende-se conceituar o concurso público na Constituição Federal de 1988; discorrer sobre os princípios aplicados aos concursos públicos; analisar a terceirização no Brasil e no mundo; conceituar o emprego público temporário trazendo a moderna jurisprudência quanto ao fato de que tal tipo de contratação se traduz em burla ao concurso público. 
A metodologia do presente estudo se traduz numa pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa, realizada através de livros, artigos, periódicos bem como quanto à legislação correlata, para fins de colacionar importantes considerações exaradas por renomados autores quanto ao tema escolhido. 
CAPÍTULO 1: O CONCURSO PÚBLICO COMO INSTRUMENTO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA
Conceito de Administração Pública
A palavra administração vem do latim ad (direção, tendência, para) e minister (subordinação ou obediência) e significa aquele que presta um serviço a outro. A tarefa da Administração é a de interpretar os objetivos propostos pela organização e transformá-los em ação organizacional.
No entanto, a palavra administração sofre uma radical transformação no seu significado original. A tarefa da administração é a de interpretar os objetivos propostos pela organização e transformá-los em ação organizacional por meio do planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços realizados em todas as áreas e em todos os níveis da organização, a fim de alcançar tais objetivos de maneira mais adequada à situação (CHIAVENATO, 2000, p.6-7). 
Assim, a administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos. Segundo Di Pietro (2003), a Administração Pública pode classificar-se no sentido objetivo e no sentido subjetivo.
Sob o aspecto subjetivo, a Administração Pública é o conjunto de órgãos e pessoas jurídicas; sob o aspecto objetivo, compreende as atividades do Estado destinadas à satisfação concreta e imediata dos interesses públicos; e, sob o aspecto formal, é a manifestação do poder público decomposta em atos jurídico-administrativos dotados da propriedade da auto-executoriedade, ainda que de caráter provisório (DI PIETRO, 2003, p. 46).
Conceitua-se administração como sendo a função gerencial relacionada à definição de metas para o futuro desempenho organizacional e a decisão sobre tarefas e recursos necessários para alcançá-las. Conforme Santos (2006), o objetivo da Administração Pública é gerir interesses segundo a lei, a moral e a finalidade dos bens entregues à guarda e à conservação alheia. 
Meirelles (2003) define Administração Pública como o instrumental de que dispõe o Estado para pôr em prática as opções políticas do governo. Para o autor, o conceito de administração divide-se em sentido formal e material. 
Em sentido formal, é o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do Governo; em sentido material, é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral; em acepção operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços do próprio Estado ou por ele assumido em benefício da coletividade. Numa visão global, a Administração Pública é, pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas (MEIRELLES, 2004, p. 64).
Numa visão global, a Administração é, pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas. 
A Administração não pratica atos de governo; pratica, tão-somente, atos de execução, com maior ou menor autonomia funcional, segundo a competência do órgão e de seus agentes. São os chamados atos administrativos, que, por sua variedade e importância, merecem estudo em capítulo especial (Meirelles, 2003, p.63).
Para Di Pietro (2011) a Administração Pública é utilizada basicamente em dois sentidos, quais sejam: o sentido subjetivo,formal ou orgânico, quando são designados os entes que exercem a atividade administrativa, compreendendo as pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos incumbidos de exercer uma das funções em que se triparte a atividade estatal: a função administrativa. E no sentido objetivo, material ou funcional, determinado pela natureza da atividade exercida pelos referidos entes; nesse sentido, a administração pública é a própria função administrativa que incumbe, predominantemente ao Poder Executivo. Reunindo os dois conceitos pode-se concluir, pois, que administração pública em sentido objetivo é o complexo de atividades administrativas exercidas pela Administração Pública (em sentido subjetivo). 
Sabe-se que, a Administração Direta se compõe nos entes federativos que são a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios e a Administração Indireta, a qual a doutrina dominante a divide em Autarquias, Empresa Pública, Sociedade de Economia Mista, Consórcios Públicos e Fundações Públicas.
Na administração pública, não há liberdade nem vontade pessoal, enquanto na administração particular é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe; na administração pública somente é permitido fazer o que a lei autoriza. Com a Constituição de 1988, ficaram definidas as atribuições pertinentes à União, ao Estado e aos municípios, bem como os princípios que passaram a reger a administração pública.
1.2 O concurso público na Constituição Federal e 1988
Conforme Meirelles (2005), concurso público é um procedimento administrativo, aberto a todo e qualquer interessado que preencha os requisitos estabelecidos em lei, destinado à seleção de pessoal, mediante a aferição do conhecimento, da aptidão e da experiência dos candidatos, por critérios objetivos, previamente estabelecidos no edital de abertura, de maneira a proporcionar uma classificação de todos os aprovados. 
Conforme Carvalho Filho (2010), concurso Público é o procedimento administrativo que tem por fim aferir as aptidões pessoais e selecionar os melhores candidatos ao provimento de cargos e funções públicas. 
Na aferição pessoal, o Estado verifica a capacidade intelectual, física e psíquica dos interessados em ocupar funções públicas e no aspecto seletivo são escolhidos aqueles que ultrapassam as barreiras opostas no procedimento, obedecida sempre a ordem de classificação. Cuida-se, na verdade, do mais idôneo meio de recrutamento de servidores públicos (CARVALHO FILHO, 2010, p.679).
O Concurso público, segundo Hely Lopes Meirelles (2005) é o meio técnico posto à disposição da Administração Pública para obter-se moralidade, eficiência e aperfeiçoamento do serviço público e, ao mesmo tempo, propiciar igual oportunidade a todos os interessados que atendam aos requisitos da lei, fixados de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, consoante determina ao art. 37, II, da CF.
Pelo concurso afastam-se, pois, os ineptos e os apaniguados que costumam abarrotar as repartições, num espetáculo degradante de protecionismo e falta de escrúpulos de políticos que se alçam e se mantêm no poder leiloando cargos e empregos públicos (MEIRELLES, 1995, p.375).
Nos termos do que anuncia o art. 37, II da Constituição Federal, o ingresso no serviço público dá-se mediante a realização de concurso público de provas ou de provas e títulos, para que qualquer brasileiro ou estrangeiro que preencha os requisitos previstos em lei possa ser investido em cargo ou emprego público, excetuado os cargos em comissão. 
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; 
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
Nas palavras de Gasparini (2004) tal instituto caracteriza-se por ser um procedimento prático-jurídico posto à disposição da Administração Pública direta, autárquica, fundacional e governamental de qualquer nível de governo, para a seleção do futuro melhor servidor, necessário à execução de serviços sob sua responsabilidade.
Hely Lopes Meirelles (2005) pondera o fato de que o art. 37, I, da CF/88 condiciona a acessibilidade aos cargos públicos ao preenchimento dos requisitos estabelecidos em lei e, com isso, ficam as Administrações autorizadas a prescrever exigências quanto à capacidade física, moral, técnica, científica e profissional, que entender convenientes, como condições de eficiência, moralidade e aperfeiçoamento do serviço público. Mas à lei específica, de caráter local, é vedado dispensar condições estabelecidas em lei nacional para a investidura em cargos públicos, como as exigidas pelas leis eleitoral e do serviço militar, ou para o exercício de determinadas profissões (Constituição da República, art. 22, XVI). E tanto uma como outra deverá respeitar as garantias asseguradas do art. 5º, da Constituição da República, que veda distinções baseadas em sexo, raça, trabalho, credo religioso e convicções políticas.
. A regra é que, para a investidura em cargo ou emprego público tal vaga deve ser precedida por concurso público com ressalva em algumas situações previstas pela CF88, exempli gratia, os ministros do Supremo Tribunal Federal, o quinto constitucional e os ministros do Tribunal de Contas da União. Além disso, prevê que as funções de confiança e cargos de comissão são de livre nomeação, o que também enseja a investidura, nestes cargos, sem a prévia aprovação em concurso público.
Conforme Machado Júnior (2008) o conteúdo da regra estabelecida no art 37, II da CF é exigível para o provimento originário em cargo ou emprego público específico, caracterizando-se pela nomeação, que independe de qualquer relação anterior que o eventual candidato à investidura tenha ou haja tido com o serviço público, sendo que nos casos de provimento derivado é admitida a não aplicação do princípio da obrigatoriedade, por dispensa da própria lei. Sabe-se, porém, que o próprio constituinte permitiu algumas exceções à regra da obrigatoriedade do concurso público, 
Seja porque adotou a técnica da nomeação ou das eleições, seja mesmo porque se afastou da regar da sua realização apenas para situações extraordinárias ou em que haja manifesta temporariedade no serviço público, ou seja, não haverá que se falar em obtenção da estabilidade no serviço público em tais casos, a exemplo, nos cargos comissionados, nos exatos limites fixados na lei, que não têm o atributo da perenidade (efetividade)(Machado Junior, 2008, p.16).
A Constituição também prevê em seu artigo 37, IX que: “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”. A contratação temporária no âmbito da administração pública deve preencher três requisitos, quais sejam: prazo determinado, necessidade temporária e excepcional, e existência de lei autorizativa. Um caso clássico que pode ser tomado como uma atividade temporária é a contratação de pessoal para a realização de pesquisas e estatísticas do IBGE, no qual uma vez realizado o objeto, qual seja, a pesquisa, se exaure o motivo da contratação, pois a atividade é temporária.
 1.3 Os princípios constitucionais aplicados aos concursos públicos 
O princípio basilar que rege os concursos públicos se revela como sendo o da obrigatoriedade da realização de tal certame para a investidura em cargo, função ou emprego público. O Princípio constitucional do concurso público exerce fundamental papel como baluarte do regime jurídico dos agentes públicos civis, no ordenamento jurídico pátrio, ocupando um lugar ímpar entre os mais importantes fundamentos do Direito Administrativo brasileiro.
O concurso público, instituto determinado pela Constituição Federal de 1988 é condição legal para ainvestidura em cargos e empregos públicos. As suas exceções também estão expressamente elencadas na Carta Magna brasileira. Deste modo, tal instituto submete-se aos princípios constitucionais que garantem a lisura do processo. De certo que os referidos princípios são aplicados diretamente à Administração Pública e reflexamente aos concursos públicos. 
 1.3.1 Princípio da Legalidade
O princípio da legalidade é tipo por alguns autores como um dos mais importantes de todo o Direito, com sua essência demonstrada no parágrafo único do artigo 1º da Constituição Federal de 1988, que ressalta os aspectos da soberania e da cidadania. O princípio da legalidade visa obrigar a Administração Pública a seguir rigorosamente os ditames previstos na legislação vigente, ou seja, só é permitido a ela realizar algum ato ou deixar de praticá-lo, caso haja estrita prescrição legal. O princípio da legalidade torna mais objetiva as ações da Administração Pública, evitando eventual subjetivismo arbitrário dos administradores públicos, porque suas ações devem observar a lei e o Direito. 
O princípio da legalidade é conceituado por Hely Lopes Meirelles (2005) como princípio de administração (Cf. art. 37, caput), significando que o administrador está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não pode se afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso.
José Cretella Júnior (2002) conceitua o princípio da legalidade como: 
“uma limitação do poder administrativo, sendo, sob esse aspecto, um princípio liberal, um elemento de liberalismo no regime administrativo” e conclui, referindo-se à legalidade, como sendo a relação existente entre “regras limitadoras e as atividades administrativas, que aqueles pretendem limitar (JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, 2002,p.8-9). 
Assim, o significado do princípio da legalidade atua em respeito à finalidade estabelecida pela lei, com o intuito de preservar a ordem pública. Costuma-se afirmar que a Administração Pública não pode agir contra a lei ou além dela, só podendo fazê-lo dentro dos limites da lei. 
Na concepção de Mello (2001) para avaliar-se corretamente o princípio da legalidade e captar-lhe o sentido profundo cumpre atentar para o fato de que ele é a tradução jurídica de um propósito político: 
O de submeter os exercentes do poder em concreto – administrativo – a um quadro normativo que embargue favoritismos, perseguições ou desmandos. Pretende-se através da norma geral, abstrata e impessoal, a lei, editada pelo Poder Legislativo – que é o colégio representativo de todas as tendências (inclusive minoritárias) do corpo social – garantir que a atuação do Executivo nada mais seja senão a concretização da vontade geral (MELLO, 2001, p.91).
Comenta Carvalho (2001) que, diferentemente do indivíduo que é livre para agir, podendo fazer tudo o que a lei não proíbe a administração somente poderá fazer o que a lei manda ou permite. Esta é a principal diferença do princípio da legalidade para os particulares e para a Administração Pública, pois aqueles podem fazer tudo que a lei não proíbe, enquanto esta somente poderá fazer o que a lei determina ou autoriza.
No caso dos concursos públicos, entende-se que o princípio da legalidade de coaduna ao princípio da vinculação ao edital, deste oriundo dos processos licitatórios que, apesar de também regerem disputas pautadas na isonomia, não são diretamente relacionados ao tema aqui tratado. Todavia, a máxima do princípio da legalidade e da vinculação ao edital, não pode ser encerrado em apenas uma das atividades administrativas do poder público, visto que o interesse público é a máxima que rege toda a ação administrativa.
A aplicação de tal princípio tem como objetivo subordinar completamente tanto o processo administrativo quanto o procedimento que vise à organização do concurso público aos ditames da lei, tendo, pois, como escopo principal, coibir arbitrariedades e excessos dos administradores públicos. 
 Deste modo, o princípio constitucional da legalidade, em sentido amplo, tem sido modernamente concebido como o dever de a Administração pautar suas ações sempre pelo direito, e não meramente pela lei em sentido formal. A afronta a qualquer princípio – e não só às regras- em razão de sua indiscutível carga normativa, é entendida como desrespeito ao princípio da legalidade em sentido amplo. 
No tocante aos concursos públicos, contudo, é importante relembrar que a Constituição determina que os requisitos para o acesso aos cargos, empregos e funções públicas devem ser estabelecidos em lei. Não se admitem maiores ilações: documentos, inclusive habilitações específicas, testes físicos, exames psicotécnicos, tempo de experiência e idade mínima ou máxima, dentre tantos outros requisitos, somente podem ser exigidos por lei formal, à qual deve estritamente vincular-se o edital. A lei a que se refere é editada pelo ente político responsável pela criação do cargo, emprego ou função pública. O Ministro Marco Aurélio, já se pronunciou sobre tal matéria, afirmando que a ordem natural das coisas, a postura sempre aguardada do cidadão e da Administração Pública e a preocupação insuplantável com a dignidade do homem impõem o respeito aos parâmetros do edital do concurso. (STF, RMS 23657 / DF)
 
 1.3.2 Princípio da proporcionalidade e da razoabilidade
 
 O Direito Administrativo brasileiro abraça os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, no sentido de que a Administração, mesmo exercendo a discricionariedade, não poderá fazê-lo com desatenção a critérios racionalmente aceitáveis, harmônicos com o senso normal, equilibrado e respeitoso das pessoas, com vistas a atingir a finalidade desejada. A sua adoção no Brasil foi finalmente pacificada no artigo 2º da Lei nº 9.784, de 1999.
Informa Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2011) que a proporcionalidade é um dos aspectos de tal princípio. Embora a Lei nº 9.784/99 faça referência aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, separadamente, na realidade, o segundo constitui um dos aspectos contidos no primeiro. 
Isto porque o princípio da razoabilidade, entre outras coisas, exige proporcionalidade entre os meios de que se utiliza a Administração e os fins que ela tem que alcançar. E essa proporcionalidade deve ser media não pelos critérios pessoais do administrador, mas segundo padrões comuns na sociedade em que vive; e não poder media diante dos termos frios da lei, mas diante do caso concreto (MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, 2011,p.81). 
 
Afirma Maia (2007) que o princípio da razoabilidade possui íntima relação com outros princípios que também estão vinculados os atos administrativos. A relação entre o princípio da razoabilidade e a realização de concursos públicos consiste num “freio” à discricionariedade administrativa, por meio da aplicação de critérios racionais e pautados na lógica, para a valoração e solução dos problemas administrativos.
 1.3.3 Princípio da eficiência
O princípio da eficiência é de suma importância nas mais diversas atuações da Administração Pública, desde a contratação e exoneração de agentes públicos até a prestação de seus serviços. Em relação aos seus agentes, prevê a CF/88 a exigência de concurso público de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo. Para a aquisição de estabilidade no serviço público, deve o agente submeter-se a estágio probatório de três anos e, ao final, ser aprovado em avaliação de desempenho (CENTRAL JURÍDICA, 2008).
 Custódio Filho (1999), traz a identificação do princípio constitucional da eficiência através de três ideias: prestabilidade, presteza e economicidade. Prestabilidade, pois o atendimento prestado pela Administração Pública deve ser útil ao cidadão. Presteza porque os agentes públicos devem atender o cidadão com rapidez. Economicidade porquanto a satisfação do cidadão deve ser alcançada do modo menos oneroso possível ao Erário público.Tais características dizem respeito quer aos procedimentos (presteza, economicidade), quer aos resultados (prestabilidade), centrados na relação Administração Pública/cidadão. Ocorre que há também outra espécie de situação a ser considerada quanto à Administração e que não engloba diretamente os cidadãos. Trata-se das relações funcionais internas mantidas entre os agentes administrativos, sob o regime hierárquico. Nesses casos, é fundamental que os agentes que exerçam posições de chefia estabeleçam programas de qualidade de gestão, definição de metas e resultados, enfim, critérios objetivos para cobrar de seus subordinados a eficiência nas relações funcionais internas dependerão a eficiência no relacionamento Administração Pública/cidadão. 
Observando esses dois aspectos (interno e externo) da eficiência na Administração Pública, então, poder-se-ia enunciar o conteúdo jurídico do princípio da eficiência nos seguintes termos: a Administração Pública deve atender o cidadão na exata medida da necessidade deste com agilidade, mediante adequada organização interna e ótimo aproveitamento dos recursos disponíveis (Custódio Filho, 1999, p 214). 
Para Di Pietro (2011) o princípio apresenta dois aspectos, podendo tanto ser considerado em relação à forma de atuação do agente público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atuações e atribuições, para lograr os resultados melhores, como também em relação ao modo racional de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública, idem quanto ao intuito de alcance de resultados na prestação do serviço público.
Alexandre de Moraes (2013) define o princípio da eficiência como aquele que "impõe à Administração Pública direta e indireta e a seus agentes a persecução do bem comum, por meio do exercício de suas competências de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia, e sempre em busca da qualidade, primando pela adoção dos critérios legais e morais necessários para a melhor utilização possível dos recursos públicos, de maneira a evitar desperdícios e garantir-se uma maior rentabilidade social.
1.3.4 Princípio da moralidade administrativa
Conforme Maia (2002) a atividade estatal, qualquer que seja o domínio institucional de sua incidência, está necessariamente subordinada à observância de parâmetros ético-jurídicos que se refletem na consagração constitucional do princípio da moralidade administrativa. 
Esse postulado fundamental, que rege a atuação do Poder Público, confere substância e dá expressão a uma pauta de valores éticos sobre os quais se funda a ordem positiva do Estado. O princípio constitucional da moralidade administrativa, ao impor limitações ao exercício do poder estatal, legitima o controle jurisdicional de todos os atos do Poder Público que transgridam os valores éticos que devem pautar o comportamento dos agentes e órgãos governamentais.
Para Maia (2007) por ter finalidade definida, o concurso público é visto como um procedimento administrativo com características especiais, regras e princípios a serem observados. O autor considera o concurso público como sendo um processo administrativo especial, externo, ampliativo e concorrencial. 
Diante de tais subsídios jurídicos, o concurso público pode ser conceituado como um processo administrativo especial, externo, ampliativo e concorrencial, que visa a selecionar e recrutar pessoas, atendidos os requisitos legais, para assumir cargos ou empregos públicos vagos na estrutura administrativa estatal, mediante realização de provas ou provas e título, atendida a ordem de classificação final dos candidatos (MAIA, 2007, p.14-5). 
O princípio da moralidade ou probidade administrativa determina, segundo Alexandre de Moraes (2013), que não bastará ao administrador o estrito cumprimento da legalidade, devendo ele no exercício de sua função pública, respeitar aos princípios éticos de razoabilidade e justiça.
Conforme Maia (2007) a probidade administrativa consiste no dever de o agente servir à Administração com honestidade e lealdade, sendo-lhe defeso aproveitar-se dos poderes ou das facilidades decorrentes do exercício da função pública para lograr proveito pessoal ou de outrem a quem queira favorece. A prática de atos imorais gera aos responsáveis as punições previstas no art. 37, §4º da CF, segundo qual:
os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível (MAIA, 2007, p.22).
Com o texto do caput do artigo 37 da CF e do artigo 2º, da Lei nº 9.784, de 1999, afastou-se na doutrina e na jurisprudência administrativa qualquer dúvida quanto ao caráter normativo, e não apenas meramente informativo, do princípio da moralidade. Assim, se o administrador público agir ilicitamente na realização do concurso público, será considerado ímprobo.
1.3.5 Princípio da igualdade
Nesse sentido, Medauar (2011) afirma que a exigência de concurso público para ascender a postos de trabalho no setor público atende, principalmente, ao princípio da igualdade e ao princípio da moralidade administrativa. O princípio da igualdade encontra-se expressamente insculpido no artigo 5º da Constituição Federal de 1988, informando que:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
 
Desse modo, o princípio da igualdade é direito fundamental, expressamente registrado na CF/88. Bastos (1999) assevera que:
“Assim, quando se dizia que todos são iguais perante a lei, não havia dúvidas que a intenção era impedir que alguém se beneficiasse, por exemplo, de um tratamento mais benévolo, sob o fundamento de ser ele um nobre, como seria o caso de um integrante desta casta social que, tendo matado alguém, pretendesse subtrair-se à prisão, invocando para tanto sua posição nobiliárquica (BASTOS, 1999,p.180).”
A aplicação do princípio da igualdade nos concursos públicos concretiza-se no fato de em tal certame todos podem participar nas mesmas condições, permitindo que sejam escolhidos realmente os melhores candidatos. Baseia-se o concurso público em três postulados fundamentais. 
Segundo Norberto Bobbio (1997) a igualdade na lei deve ser o condutor para a igualdade perante a lei. 
‘A lei é igual para todos’, é a generalidade das normas jurídicas, ou na verdade, o fato de que as normas jurídicas se dirigem ou não a este ou àquele cidadão considerado singularmente, mas à generalidade dos cidadãos, ou também a um tipo abstrato de operadores na vida social. Em outras palavras, a generalidade no juízo normativo não é um requisito indiferente, mas é considerado como um meio válido para a atuação de um dos fins supremos do Direito, a igualdade (pelo menos formal). Um dos significados mais comuns do termo “justiça” é o da igualdade em face da lei (NORBERTO BOBBIO, 1997, p.25).
Comenta Carvalho Filho (2001) que o princípio da igualdade no concurso público garante que todos os interessados em ingressar no serviço público disputem a vaga em condições idênticas para todos. O autor acrescenta ainda o princípio da moralidade administrativa, indicativo de que o concurso veda favorecimentos e perseguições pessoais, bem como situações de nepotismo, em ordem a demonstrar que o real escopo da Administração é o de selecionar os melhores candidatos. 
Por fim, tem-se no concurso público o princípio da competição, que significa que os candidatos participem de um certame, procurando alçar-se à classificação que os coloque em condições de ingressar no serviço público (CARVALHO FILHO, 2001,p.473).
Afirma Meirelles (2005) que a igualdade de todos os brasileiros perante a lei veda as exigências meramente discriminatórias, como as relativas ao local de nascimento, condições pessoais de fortuna,família, privilégios de classe ou qualquer outra qualificação social. E assim é porque os requisitos a que se refere o texto constitucional hão de ser apenas os que, objetivamente considerados, se mostrem necessários ao cabal desempenho da função pública. 
Preleciona Bandeira de Mello (2005) que o preceito magno da igualdade, como já tem sido assinalado, é norma voltada quer para o aplicador da lei quer para o próprio legislador . 
A Lei não deve ser fonte de privilégios ou perseguições, mas instrumento regulador da vida social que necessita tratar equitativamente todos os cidadãos. Este é o conteúdo político-ideológico absorvido pelo princípio da isonomia e jurisdicizado pelos textos constitucionais em geral, ou de todo modo assimilado pelos sistemas normativos vigentes (BANDEIRA DE MELLO,2005, p 9-10).
1.3.6 Princípio da impessoalidade
Quanto à impessoalidade, Hely Lopes Meirelles (2005) afirma que tal princípio, referido na Constituição de 1988 (art. 37, caput), nada mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal.
Segundo Mello (2005), a impessoalidade fundamenta-se na verdade da igualdade e tem desdobramentos explícitos em vários dispositivos constitucionais, como o art. 37, II, que exige concurso público para trabalhar em algum setor público. 
Tal princípio estabelece que a Administração Pública não deva conter a marca pessoal do administrador, ou seja, os atos públicos não são praticados pelo servidor e sim pela Administração a que ele pertence. Assim, A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos deverão ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizam promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos (BRASIL, 1988).
O princípio da impessoalidade referido na Constituição de 1988 (art. 37, caput), nada mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma de direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal.
Conforme Gasparini (2004) com o princípio da impessoalidade pretende-se quebrar o velho costume do atendimento do administrado em razão de seu prestígio ou porque a ele o agente público deve alguma obrigação. Assim, qualquer ato do administrador que vise o favorecimento de determinadas pessoas durante a realização do concurso público constitui flagrante violação ao princípio da impessoalidade. 
1.3.7 Princípio da publicidade
 O princípio da publicidade deve ser entendido como o dever de transparência de todos os atos praticados pela Administração, em razão da natureza dos interesses tutelados pelo Poder Público que visam, precipuamente, o bem da coletividade.
Nos últimos anos diversos países democráticos aprovaram leis gerais de acesso à informação, com o objetivo de detalhar a maneira como ocorre a gestão pública, disponibilizando dados, em tempo real, aos administrados, considerando-se essencial o acesso a tais informações, para assegurar uma prestação eficiente, responsiva e livre de corrupção, nas atividades desenvolvidas pela Administração Pública. Todavia, não basta à população obter informações de quanto se arrecadou de receita, como é executado o orçamento e se foram realizadas as despesas determinadas, sem poder interferir no processo decisório, nem no controle social de tais ações. 
Neste contexto a responsabilização dos agentes políticos, dirigentes e servidores públicos pelas condutas de sua gestão é o que legitima uma sociedade politicamente desenvolvida, dando aos seus nacionais o poder de conduzir os atos dos agentes públicos, responsabilizando-os pela prestação de contas de suas ações, quando revestidos do poder de governar. Observa-se que, para o exercício do controle, a informação é essencial. Afirmam Abrucio e Loureiro (2004), que a transparência é fundamental para que se exerçam os controles parlamentares, judiciais, administrativo-financeiro, de resultados da administração pública e da sociedade.
Conforme Hely Lopes Meirelles (2005) a publicidade não é elemento formativo do ato; é requisito de eficácia e moralidade. Por isso mesmo, os atos irregulares não se convalidam com a publicação, nem os irregulares a dispensam para sua exiquidade, quando a lei ou regulamento a exige. 
Segundo Maia (2007) este princípio deverá ser obrigatoriamente observado durante a realização do concurso público, não sendo admitido o sigilo durante as etapas do certame, devendo o edital do procedimento ser publicado, em meio oficial, bem como na imprensa.
1.3.8 Outros princípios observados nos concursos públicos
Alguns outros princípios também são observados nos concursos públicos tais como: o princípio da competitividade, considerado por Barbosa Maia (2007) como um subprincípio que visa assegurar a isonomia nos processos seletivos para provimento de vagas no serviço público de significativa importância, tendo em vista que, sem a garantia da competitividade, o concurso público não atingiria o objetivo de selecionar os melhores candidatos para tornarem-se agentes públicos.
O princípio da instrumentalidade segundo Maia (2007), gira em torno das formas para fins de evitar-se a decretação de nulidade de certames findos ou em estágio avançado de realização, cujo vício de ilegalidade verificado não é suscetível de comprometer o seu caráter competitivo e os princípios da moralidade e da impessoalidade, evitando-se, destarte, uma grave injustiça social e um manifesto inconveniente para o interesse público e para a coletividade.
Dois importantes institutos que concretizam o dever de indisponibilidade do interesse público pela Administração: a licitação e o concurso público. No primeiro caso, a Administração não pode escolher, sem nenhum critério objetivo definido em lei, com quem vai celebrar contrato. A lei estabelece um processo administrativo que deve ser rigorosamente seguido a fim de que se possa escolher o interessado que apresente a proposta mais vantajosa. 
No que tange ao concurso público, se há uma vaga na estrutura administrativa, a escolha de quem será nomeado não pode ser aleatória. Então, por meio do concurso, pretende-se dar a mesma oportunidade a todos que preenchem os requisitos estabelecidos em lei de apresentarem sua capacidade física e intelectual de ser escolhido.
Leciona Diógenes Gasparini (2006) que, segundo o princípio da indisponibilidade do interesse público, não se acham os bens, direitos, interesses e serviços públicos à livre disposição dos órgãos públicos, a quem apenas cabe curá-los, ou do agente público, mero gestor da coisa pública. Aqueles e este não são senhores ou seus donos, cabendo-lhes por isso tão-só o dever de guardá-los e aprimorá-los para a finalidade a que estão vinculados. O detentor dessa disponibilidade é o Estado. Por essa razão, há necessidade de lei para alienar bens, para outorgar concessão de serviço público, para transigir, para renunciar, para confessar, para revelar a prescrição e para tantas outras atividades a cargos dos órgãos e agentes da Administração Pública.
O princípio da seletividade, definido por Maia (2007), no sentido de que o concurso público tem por objetivo selecionar as pessoas que possuam a qualificação necessária para exercerem as atividades do serviço público. O princípio do duplo grau de jurisdição garante o recurso administrativo em matéria de concursos. Para Hely Lopes Meirelles (2005), os recursos administrativos são um corolário do Estado de Direito e uma prerrogativa de todo administrador ou servidor atingido por qualquer ato da Administração. 
O direito de recorrer administrativamente não pode vir a ser recusado, tendo em vista estar este inerente ao princípio da ampla defesa, assegurado no art, 5º, LV, da CF, queassegura que aos litigantes de processo judicial ou administrativo e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (Melo, 2003, p.137).
.
CAPITULO 2: A TERCEIRIZAÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO
2.1 A Terceirização no mundo
A terceirização não é um fenômeno recente. Comenta Carelli (2014) que, na Europa, entre os séculos XVI e XVII, praticava-se o “putting-out system”, sistema de subcontratação onde o comerciante fornecia a lã, o tecido de lã ou o metal, e às vezes até as ferramentas, a trabalhadores habitantes no meio rural, retornando estes o material acabado ou semiacabado. 
A subcontratação teve como móvel contornar as regras da organização tradicional das profissões (Corporações de Ofício), já que os subcontratados (ou terceirizado da época) eram camponeses, fora do âmbito da estruturação urbana dos ofícios (CARELLI, 2014, p.58). 
A origem da terceirização remonta à década de 40 quando os Estados Unidos se aliaram aos países europeus para combater as forças nazistas e, posteriormente, o Japão. Ao longo da Segunda Guerra Mundial, as indústrias bélicas americanas precisaram melhorar sua capacidade produtiva e optaram em transferir atividades para terceiros que não se demonstravam estratégicas para o seu negócio principal. 
Esta prática administrativa se concretizou a partir da década de 50 quando ocorreu um desenvolvimento acelerado da indústria na tentativa de suprir as lacunas abertas com a Segunda Guerra Mundial (GIRARDI, 2006, p.16).
Segundo Martins (2003), a ideia de terceirização surgiu no mundo durante a Segunda Guerra Mundial. 
Tal surgimento decorreu do fato de as grandes indústrias de armamento estavam sobrecarregadas e buscaram uma solução para atender a toda a demanda. Então, verificaram a possibilidade de delegar serviços a terceiros, que seriam contratados para dar suporte ao aumento da produção de armas. (MARTINS, 2003, p. 16). 
Conforme Castro (2000), antes da II Guerra Mundial existiam atividades prestadas por terceiros. Porém não poderíamos conceituá-las com terceirização, pois somente a partir deste marco histórico é que temos a terceirização interferindo na sociedade e na economia, autorizando seu estudo pelo Direito Social, valendo lembrar que mesmo este também sofre grande aprimoramento a partir de então. 
A crise do Estado de Bem Estar Social (Welfare State) nos países capitalistas desenvolvidos, criou demandas sociais além da capacidade de arrecadação e financiamento público. Informa Bresser Pereira (1998) que os problemas estancaram o fluxo de capital, vital para o modelo de intervenção estatal até então vigente no Brasil, ocasionando a estagnação da economia brasileira. 
O termo reforma administrativa entrou em voga por volta do final dos anos 60 e início dos anos 70, nos EUA, significando as mudanças que ocorreriam na administração pública, considerada sua estrutura, no que concerne à área de pessoal, fluxo de processos, entre outros. Segundo Spink (1998), desde aquele período incorporaram-se novos atributos à expressão e, assim, o espaço resultante inclui:
[...] procedimentos administrativos específicos, sistemas de pessoal e programas locais de mudança, revisão e reforma de ajustes estruturais do serviço público, programas de capacitação mista, programas de mudança temática na esfera pública e importantes reformas constitucionais do Estado. (SPINK, 1998: 148).
Afirma o autor que, nos anos 90, o termo reforma do Estado passou a significar um processo de reflexão amplo sobre as relações entre a sociedade e o aparelho estatal. Para Spink (1998), OBID e o Banco Mundial, passaram a incluir, em seus projetos, questões como o fortalecimento da sociedade civil e o seu diálogo com o Estado, além de promover o debate sobre a natureza das novas formas de organização social. Assim, “da melhoria dos procedimentos, a discussão cresceu e passou à reforma do Estado, do prático e do concreto para o simbólico” (SPINK,1998, p. 156).
Nos países capitalistas desenvolvidos, ocorre uma crise do Estado, decorrente da escassez de recursos públicos, enfraquecimento do poder estatal e avanço das teorias neoliberalistas. Abrucio (1998) informa que a necessidade de uma reforma do Estado foi delineada a partir de meados da década de 70, com a crise do petróleo, em 1973, que colocou em xeque o modelo de atuação do Estado. 
Segundo o autor, este modelo de crise apresentava, basicamente, três dimensões interligadas: econômica, social e administrativa. A primeira correspondia ao modelo keynesiano, caracterizado pela intervenção estatal na economia, com o objetivo de promover o pleno emprego. A dimensão social era representada pelo Welfare State, em que se evidenciava a atuação do Estado no provimento de serviços na área social. A última correspondia ao modelo burocrático weberiano de administração, por meio do qual a máquina estatal deveria atuar de forma impessoal, neutra e racional.
Ainda segundo Abrucio (1998), os principais fatores que provocaram a eclosão da crise foram: a crise da economia do final dos anos 70 e início dos 80 com baixas taxas de crescimento; a crise fiscal, marcada pela incapacidade dos governos de financiar seus déficits que foram criados pelo financiamento de seus investimentos, sendo agravado pela pressão para redução de tributos; a situação de ingovernabilidade dos Estados, devido principalmente ao excesso de atividades e escassez de recursos, causando o corte dos investimentos e o aumento do poder do capital privado, tanto financeiro quanto produtivo.
Na Inglaterra, Margareth Thatcher (1978) empreendeu vigoroso combate ao sindicalismo, eliminando mais de 200 mil postos de trabalho. 
[...] na década seguinte, os métodos do setor privado ganharam força como um modelo a ser seguido e implementado no setor público. E o catalisador político de tal processo foi representado pela chegada dos conservadores ao poder, tanto na Grã-Bretanha como nos Estados Unidos, respectivamente, nas figuras de Margareth Thatcher (1979), do Partido Trabalhista, e Ronald Reagan (1980), do Partido Republicano. (ABRUCIO, 1998, p. 177).
A Primeira-Ministra privatizou quase tudo o que era de responsabilidade do Estado como, por exemplo, a limpeza de ruas e a coleta de lixo, bem como as atividades de apoio administrativo.
“A desestabilização de serviços públicos e a terceirização de atividades de apoio administrativo [...] ensejaram a imediata demissão de 37,2% do pessoal empregado na coleta de lixo e limpeza urbana e de 20% do pessoal de hospitais”. Tal fato provocou grande impacto na organização sindical do país. (AMORIM, 2009).
O Governo norte-americano também diminuiu a oferta de benefícios sociais.
[...] em tal panorama, o Estado será cada vez mais importante porque não há outra instituição ou agente que dê conta, sozinho, das demandas coletivas da sociedade contemporânea. E para atingir este fim, os governos terão que otimizar seus recursos, estabelecer parcerias com a comunidade, com o mercado e com o Terceiro Setor, descentralizar tarefas, aumentar sua capacidade de regulação econômica e modificar a forma de provisão dos serviços públicos, principalmente na área social.” (ABRUCIO e FERREIRA COSTA, 1998, p.5).
2.2 A terceirização no Brasil
No Brasil, em 1974, através da lei n.º 6.019, foi regulamentado o trabalho temporário com a finalidade de que este não concorresse com o trabalho permanente. Em 1983, promulgou-se a lei n.º 7.102, referente ao trabalho de vigilância bancária, modificada em 1994 através da lei n.º 8.863, que a ampliou para além do segmento bancário. Na administração pública, a terceirização foi regulamentada pelo decreto-lei n.º 200, de 1967, e pela lei n.º 5.645, de 1970 (MARTINS, 2003). 
É importante destacar que a terceirização não está definida em lei e não possui uma norma jurídica que a regulamente, até o momento. Nesse sentido, comenta Hume (2009) que a palavra terceirização se conceitua como “oriunda da Ciência da Administração e foi adotadasem ajuste científico pelo Direito”. A expressão deriva da palavra “terceiro‟ que para o interesse da Administração corresponde à delegação de execução de atividades acessórias a terceiros”.
No Governo José Sarney (1985-1989) ocorreu a transferência para terceiros, de algumas empresas privadas (AMORIM, 2009). Apesar disso, a privatização caminhava em ritmo lento, embora o Banco Mundial exigisse rapidez na criação do Estado Mínimo, para conter o déficit público. 
É no Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2000) que a nova doutrina política neoliberal, já em curso nos países centrais, atinge forte e, decisivamente, o Brasil. O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE), de 1995 e a Lei 9986 de 2000, que dispõe sobre a gestão, a organização e o controle social das Agências Reguladoras com vistas à Reforma do Estado Brasileiro. Ainda Fernando Henrique Cardoso - em seu governo - implementou um programa de reforma regulatória nas áreas fiscal e administrativa.
A vinda da New Public Management (NPM) teve uma amostra nacional com a reforma administrativa defendida por Bresser-Pereira nos anos 1990. Comenta Beretta (2007) que, na reforma administrativa, toda uma série de medidas contribuíram para diminuir o chamado "entulho burocrático" - disposições normativas excessivamente detalhadas, que só contribuem para o engessamento da máquina e muitas vezes à sua transparência. A maior contribuição da reforma administrativa está voltada à governança, entendida como o aumento da capacidade de governo, através da adoção dos princípios da administração gerencial.
Conforme Costa (2006), o Estado brasileiro mantém-se no modelo hobbesiano onde predomina o sentimento de insegurança e impotência com relação ao futuro, e ainda o crescimento da descrença nas normas e no poder público como matriz de valores e paradigmas de conduta. Nesse sentido, é esse estado de coisas, a esse mundo do vale tudo e do salve-se-quem-puder, que pode ser denominado sociedade hobbesiana ou de natureza pura.
No âmbito da União a Lei nº 8.745/1993 é o diploma legal que indica as possibilidades de contratação temporária, sendo a norma reguladora do inciso IX do artigo 37 da Constituição Federal o qual afirma que a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. 
Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem criar suas legislações sobre o assunto, sem esquecer dos requisitos previstos na Constituição Federal no exercício de suas competências. O empregado temporário da Administração pública não se submete ao regime estatutário, nem ao regime celetista. Trata-se de um vínculo de natureza jurídico-administrativa, que será regulado pela lei de regência do ente federado contratante.
Conforme Miola (1996), a pretexto da modernização e da globalização tem-se desenvolvido um verdadeiro desajuste na organização e no funcionamento do Estado. Elegeu-se o cerco aos servidores, o aniquilamento das suas remunerações e o desmantelamento das carreiras como ‘prioridade’, sob justificativas as mais estapafúrdias. 
Alega-se, dentre outros tantos ‘argumentos’, que o Estado ‘enxuto’ atende aos próprios desejos da sociedade e, via de consequência, capacita-lhe a investir em áreas cuja cantilena informa serem prioritárias. Como se possível fosse executar políticas públicas sem o professor na sala de aula; sem o policial para a segurança; sem o agente do controle na avaliação dos diferentes aspectos da gestão. A ‘modernidade’ com que temos convivido é risível, especialmente quando se busca extrair do Estado concessões e benesses, aos argumentos os mais diversos. (MIOLA, 1996, p. 36).
Assim, pode-se até ser concorde com a retórica de que ao Estado incumbe dedicar-se às áreas vitais, como a educação, a saúde, a segurança pública, a administração da justiça etc. Mas ainda que seja assim – ou exatamente isso – não se pode pretender que ele próprio reste desprovido dos predicados mínimos, que justamente lhe permitam cumprir com esse papel. Sem um controle sério e eficaz não há condições para implementar qualquer decisão de prioridade. 
‘Modernidade’ e tantos outros conceitos em voga não são antagônicos com a defesa do Estado, seus princípios e propósitos. Mais que isso, harmoniza-se perfeitamente, mas nunca nos moldes que se tem tentado impingir, em circunstâncias que por vezes indicam subestimarem o mais crasso senso crítico”(MIOLA, 1996, p.37).
Martins (2009) conceitua terceirização como a contratação de terceiro para a realização de atividades que diferem do objeto principal da empresa. A terceirização é uma forma de contratação que envolve a atividade-fim de uma empresa – a que presta o serviço – e atividade-meio daquela que contrata o serviço. A lei proíbe tanto as empresas privadas quanto as públicas, de terceirizar sua atividade-fim, ou seja, figura ilegal contratar terceiros para atividades essenciais da empresa.
 A terceirização surgiu como técnica moderna de administração de empresas, sendo hoje adotada por um número elevado de empresas, especialmente as grandes e médias, o que produz reflexos nas áreas social, econômica e jurídica. Sua natureza é contratual, pois é celebrado o contrato entre duas empresas, baseado no acordo de vontades, em que a primeira – prestadora de serviços – prestará à segunda – tomadora de serviços – serviços especializados de forma continuada (CASTRO,2000, p. 80). 
Para Delgado (2003), terceirização é a relação trilateral que possibilita à empresa tomadora de serviços (“empresa cliente”) descentralizar e intermediar suas atividades acessórias (atividades-meio), para empresas terceirizantes (“empresa fornecedora”), pela utilização de mão-de-obra terceirizada (“emprego terceirizado”), o que, do ponto de vista administrativo, é tido como instrumento facilitador para a viabilização da produção global, vinculada ao paradigma da eficiência nas empresas. 
2.3 Requisitos de validade da terceirização
Para que a terceirização seja plenamente válida não podem existir elementos pertinentes à relação de emprego no trabalho do terceirizado, principalmente o elemento de subordinação. O terceirizante não poderá ser considerado como superior hierárquico do terceirizado, não poderá haver controle de horário e o trabalho não poderá ser pessoal, do próprio terceirizado, mas realizado por intermédio de outras pessoas. 
Deve haver total autonomia do terceirizado, ou seja, independência, inclusive quanto a seus empregados. Na verdade, a terceirização implica a parceria entre empresas, com divisão de serviços e assunção de responsabilidades próprias de cada parte. Da mesma forma, os empregados da empresa terceirizada não deverão ter nenhuma subordinação com a terceirizante, nem poderão estar sujeitos a seu poder de direção, caso contrário existirá vínculo de emprego. (MARTINS, 2009, p. 158- 159).
Afirma Nascimento (2001) que, do prisma empresarial, o desenvolvimento de novas técnicas de administração para melhor gestão de negócios, consequentemente, com redução de custos e aumento da lucratividade através do aumento da produção, alimenta cada vez mais a contratação de serviços prestados por outras empresas, ao invés da contratação de novos empregados, os quais poderiam até gerar problemas trabalhistas.
Quanto a tal assunto, manifesta-se Di Pietro (2008), no sentido de que os contratos de terceirização têm sido celebrados sob a fórmula de prestação de serviços técnicos especializados de tal modo a assegurar uma aparência de legalidade. No entanto, não há, de fato, essa prestação de serviços por parte da empresa contratada já que esta se limita a fornecer mão de obra para o Estado; ou seja, ela contrata pessoas sem concurso público, para que prestem serviços em órgãos da Administração direta e indireta do Estado. Afirma a autora que, na realidade, a terceirização, nesses casos, mascara a relação de emprego que seria própria da Administração Pública; não protege o interesse público, mas, ao contrário, favorece o apadrinhamento político;burla a exigência constitucional de concurso público (grifos nossos); escapa às normas constitucionais sobre servidores públicos, cobra taxas de administração incompatíveis com os custos operacionais, com os salários pagos e com os encargos sociais; não observa as regras das contratações temporárias; contrata servidores afastados de seus cargos para prestarem serviços sob outro título, ao próprio órgão do qual está afastado e com o qual mantém vínculo de emprego público. 
Aliás, não estando investidas legalmente em cargos, empregos ou funções, essas pessoas (terceirizados) não têm condições de praticar qualquer tipo de ato administrativo que implique decisão, manifestação de vontade, com produção de efeitos jurídicos; só podem executar atividades estritamente materiais; são simples funcionários de fato. Foi uma das muitas fórmulas que se arrumou para burlar todo um capítulo da Constituição Federal (do art. 37 ao 41), para servir aos ideais de nepotismo e apadrinhamento a que não pode resistir tradicionalmente a classe política brasileira (DI PIETRO, 2008, p. 218).
A terceirização ilícita pode ser identificada, por exemplo, quando se comprova que, na prestação de serviços, são atendidos os atributos básicos constantes no art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), quais sejam:
Onerosidade: os serviços devem ser remunerados; 
Pessoalidade: os serviços devem ser prestados pessoalmente; 
Subordinação: na prestação dos serviços, o agente deve acatar ordens ou ficar aguardando-as; continuidade: 
Os serviços devem ser prestados de forma habitual.
CAPÍTULO 3: O EMPREGO PÚBLICO TEMPORÁRIO
3.1 A contratação temporária no âmbito da administração pública
 Em regra geral na Administração Pública só podem ocupar cargos aqueles que porventura tenham prestado concurso público.
Pelo concurso afastam-se, pois, os ineptos e os apaniguados que costumam abarrotar as repartições, num espetáculo degradante de protecionismo [...] de políticos que se mantém no poder leiloando cargos e empregos públicos” (MEIRELLES, 2009, p.439). 
Todavia, a CF 88 prevê no artigo 37, inciso IX que: “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado par atender à necessidade temporária de excepcional interesse público.” 
A necessidade desses serviços deve ser sempre temporária, caso haja a necessidade da permanência dos servidores no desempenho da função, deve-se buscar os meios legais como a execução do concurso público para que assim haja validade no processo (CARVALHO FILHO, 2015, p.628).
Conforme Meirelles (1997):
Todo cargo tem função, mas pode haver função sem cargo. As funções do cargo são definitivas; as funções autônomas são, por índole, provisórias, dada a transitoriedade do serviço que visam a atender. Daí por que as funções permanentes da Administração devem ser desempenhadas pelos titulares de cargos, e as transitórias, por servidores designados, admitidos ou contratados precariamente (MEIRELLES, 1997, p.366).
A contratação temporária tem fundamentação na Constituição Federal e ocorrerá em casos de excepcional interesse público, com a finalidade de contratar transitoriamente trabalhadores em hipóteses previamente previstas em lei. Observa-se que nem todas as funções estatais podem ser exercidas pelos empregados contratados temporariamente, mas somente aquelas decorrentes de necessidade temporária. 
O vínculo formado entre essa categoria de empregados temporários e a Administração pública não se confunde com o provimento de cargos efetivos por servidores públicos estatutários. Do mesmo modo, distingue-se da contratação de empregados públicos celetistas e da designação para cargos em comissão. Não se trata de ocupação de cargo, e sim, desempenho de função em caráter temporário. Esses servidores exercerão funções, porém não como integrantes de um quadro permanente, paralelo aos dos cargos públicos, mas em caráter transitório e excepcional  (DI PIETRO, 2015).
 Como demanda várias fases, a demora do procedimento do concurso público pode ser incompatível com as exigências imediatas da Administração, em caso, por exemplo, de epidemia ou outra calamidade pública (DI PIETRO, 2015, p.672).
A lei referida pela Carta Maior deve ser editada no âmbito da entidade federativa responsável pela contratação. Na esfera federal, foi editada em 09 de dezembro a Lei 8.745/1993, regulamentando esse dispositivo constitucional e possibilitando esse tipo de contratação pela Administração direta, autárquica e fundacional. A contratação temporária no âmbito da administração pública deve preencher três requisitos, quais sejam: prazo determinado, necessidade temporária e excepcional, e existência de lei autorizativa.
O artigo 2º da Lei 8.745/1993 elenca as hipóteses de necessidade temporária de excepcional interesse público. Entre elas pode-se citar a assistência a situações de calamidade pública, o combate a surtos endêmicos, a assistência a emergências em saúde pública, a realização de recenseamentos, a admissão de professor substituto e professor visitante, bem como a admissão de professor e pesquisador visitante estrangeiro.
A razão do dispositivo constitucional em apreço, obviamente, é contemplar situações nas quais ou a própria atividade a ser desempenhada, requerida por razões muitíssimo importantes, é temporária, eventual (não se justificando a criação de cargo ou emprego, pelo quê não haveria cogitar de concurso público), ou a atividade não é temporária, mas o excepcional interesse público demanda que se faça imediato suprimento temporário de uma necessidade (neste sentido, "necessidade temporária"), por não haver tempo hábil para realizar concurso, sem que suas delongas deixem insuprido o interesse incomum que se tem de acobertar (BANDEIRA DE MELLO, 2004, p.261).
O artigo 3º da referida lei determina que o recrutamento do pessoal a ser contratado seja feito mediante processo seletivo simplificado sujeito a ampla divulgação, inclusive através do Diário Oficial da União, prescindindo de concurso público, que dispensa uma avaliação acurada de escolha, sendo feita, na maioria das vezes, por simples análise curricular. A ideia de simplificar a seleção destes servidores se dá em virtude da necessidade de “excepcional interesse público”, isto é, a situação fática que autoriza a Administração a contratar sem concurso público é de tamanha urgência que não pode aguardar um processo seletivo com várias etapas. 
De acordo com o §1º do art. 3º da Lei 8.745/1993, o processo seletivo simplificado é dispensado nas hipóteses de necessidade decorrente de calamidade pública, de emergência ambiental e de emergências em saúde. Além disso, nos casos de contratação de professor visitante e de pesquisador, o processo seletivo pode basear-se apenas na análise de currículo, conforme o §2º do art. 3º da mesma lei. O prazo máximo da contratação temporária varia de acordo com a hipótese de contratação. A extinção do contrato poderá ocorrer pelo término do prazo pactuado, por iniciativa do contratado ou por iniciativa da entidade pública contratante.
3.2 Diferença entre terceirização e trabalho temporário
O trabalho temporário, definido no artigo 2º da lei n.º 6.019/74, é aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para atender a necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços. A norma criou uma relação trilateral, muito parecida com a relação estabelecida no conceito da terceirização (empresa de trabalho temporário – prestadora de serviços –, trabalhador temporário e empresa tomadora dos serviços). No entanto, regulou um novo tipo justrabalhista: 
Ocorre que o trabalho temporário é uma das espécies lícitas de interposição de empresas na contratação de trabalhadores, não se confundindo com a terceirização. (CASTRO, 2000, p. 128)
Conforme Castro (2000), a distinção entre a terceirização e o trabalho temporário está centrada na duração da contratação, na subordinação do trabalhador com a tomadora, na necessidade da contratação,nas atividades desenvolvidas pelos trabalhadores e na forma de contratação. 
São muito frequentes as confusões entre essas duas formas de contratar atividades laborativas, ou seja, trabalho temporário e terceirização. Tal confusão se deve a reafirmação, pelo enunciado n.º 331 do Tribunal Superior do Trabalho, em seu inciso I, da ilegalidade da contratação de trabalhadores por empresa interposta, salvo no caso de trabalho temporário. 
Na terceirização inexiste a figura do intermediador, da interposta pessoa, eis que a força de trabalho não é colocada à disposição do contratante de serviços. Ao contrário, no trabalho temporário, a empresa prestadora dessa espécie contrata e assalaria o trabalhador, colocando-o à disposição da empresa cliente, que desfruta da força de trabalho. (CAMINO, 2003, p. 300). 
Afirma Camino (2003) que as duas espécies têm em comum, apenas, o fato de constituírem exemplos de flexibilização: heterônoma em relação ao trabalho temporário, onde o legislador atua na contramão do direito do trabalho ortodoxo, protetor e compensador, ao criar instrumentos de evidente precarizaçao da força de trabalho; jurisprudencial em relação à terceirização, onde a atuação do TST ampliou para limites significativamente maiores as possibilidades de descentralização dos serviços na empresa, restritos, pela lei, à transporte de valores e vigilância, conservação e asseio.
Na terceirização a responsabilidade do tomador é subsidiária, arcando com os débitos trabalhistas deixados pela prestadora de serviços independentemente de falência. No trabalho temporário é a empresa de trabalho temporário a responsável principal pelo cumprimento das obrigações trabalhistas. Contudo, no caso de sua falência, a empresa tomadora de serviço é solidariamente responsável pela remuneração e indenização previstas em lei durante o tempo em que o trabalhador esteve à sua disposição, conforme o artigo 16 da lei n.º 6.019/74, in verbis:
Artigo 16- No caso de falência da empresa de trabalho temporário, a empresa tomadora ou cliente é solidariamente responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias, no tocante ao tempo em que o trabalhador esteve sob suas ordens, assim como em referência ao mesmo período, pela remuneração e indenização previstas em lei.
Comenta Castro (2000) que, para que a terceirização não se revista de nulidade, para que não seja utilizada para desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação das normas tutelares do direito do trabalho, não poderá existir subordinação jurídica direta na relação entre o empregado da prestadora de serviços e a tomadora. 
3.3 Os limites da contratação temporária à luz da jurisprudência pátria
Em que pese o fato de que a contratação temporária é exceção no serviço público, os gestores da coisa pública estão tomando tal tipo de contratação como regra. Sob o argumento de que está faltando verbas para a admissão de servidores fixos as três esferas do governo praticam a contratação temporária. Assim, os administradores dos recursos financeiros do Estado estão usando a exceção prevista na Constituição Federal para acolher seus parentes, correligionários políticos e partidários. Do mesmo modo, a Administração está renovando seus contratos temporários por períodos superiores à lógica da transitoriedade. É importante afirmar que nem todas as funções estatais podem ser exercidas pelos empregados contratados temporariamente, mas somente aquelas decorrentes de necessidade temporária. Do mesmo modo, é incabível a contratação temporária para execução de serviços meramente burocráticos, hipótese em que não se configura o excepcional interesse público. Nesse sentido o seguinte acórdão:
CONSTITUCIONAL. LEI ESTADUAL CAPIXABA QUE DISCIPLINOU A CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE SERVIDORES PÚBLICOS DA ÁREA DE SAÚDE. POSSÍVEL EXCEÇÃO PREVISTA NO INCISO IX DO ART. 37 DA LEI MAIOR. INCONSTITUCIONALIDADE. ADI JULGADA PROCEDENTE.
I - A contratação temporária de servidores sem concurso público é exceção, e não regra na Administração Pública, e há de ser regulamentada por lei do ente federativo que assim disponha.
II - Para que se efetue a contratação temporária, é necessário que não apenas seja estipulado o prazo de contratação em lei, mas, principalmente, que o serviço a ser prestado revista-se do caráter da temporariedade.
 III - O serviço público de saúde é essencial, jamais pode-se caracterizar como temporário, razão pela qual não assiste razão à Administração estadual capixaba ao contratar temporariamente servidores para exercer tais funções.
IV - Prazo de contratação prorrogado por nova lei complementar: inconstitucionalidade.
V - É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de não permitir contratação temporária de servidores para a execução de serviços meramente burocráticos. Ausência de relevância e interesse social nesses casos. VI - Ação que se julga procedente.
(STF - ADI: 3430 ES , Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 12/08/2009, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-200 DIVULG 22-10-2009 PUBLIC 23-10-2009 EMENT VOL-02379-02 PP-00255) (grifos acrescentados)
O empregado temporário da Administração pública não se submete ao regime estatutário, nem ao regime celetista. Trata-se de um vínculo de natureza jurídico-administrativa, que será regulado pela lei de regência do ente federado contratante.
Em decorrência, as demandas judiciais sobre relações funcionais de empregados contratados com base no art. 37, IX da Constituição são da competência da Justiça comum, e não da Justiça do Trabalho.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. REGIME ESPECIAL. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA REGIDA POR LEGISLAÇÃO LOCAL ANTERIOR À CONSTITUIÇÃO DE 1988, EDITADA COM BASE NO ART. 106 DA CONSTITUIÇÃO DE 1967. ACÓRDÃO QUE RECONHECEU A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
I - Ao reconhecer a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar a reclamação trabalhista, o acórdão recorrido divergiu de pacífica orientação jurisprudencial deste Supremo Tribunal Federal.
II - Compete à Justiça Comum processar e julgar causas instauradas entre o Poder Público e seus servidores submetidos a regime especial disciplinado por lei local editada antes da Constituição Republicana de 1988, com fundamento no art. 106 da Constituição de 1967, na redação que lhe deu a Emenda Constitucional no 1/69, ou no art. 37, IX, da Constituição de 1988.
III - Recurso Extraordinário conhecido e provido.
(STF - RE: 573202 AM, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 21/08/2008, Tribunal Pleno, Data de Publicação: REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO
É recorrente a celebração de contratos temporários sucessivos, ultimadas todas as prorrogações do contrato temporário precedido sendo que tal situação ilustra bem a opção enganosa pelo procedimento simplificado de seleção que, inegavelmente, fita burlar a realização do concurso público.
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. PROFESSOR VISITANTE. CONTRATAÇÃO POR TEMPO DETERMINADO. NECESSIDADE TEMPORÁRIA DE EXCEPCIONAL INTERESSE PÚBLICO. REQUISITO INDISPENSÁVEL. INTELIGÊNCIA DA LEI 8745/93, REGULAMENTADORA DO INCISO IX DO ART. 37 DA CARTA CONSTITUCIONAL DE 1988. CASSAÇÃO DA SEGURANÇA. 1. impõe-se relevar o caráter de exceção conferido à norma constante do art. 37, IX, da CF/88, que só deverá ser invocada nas hipóteses descritas na Lei 8745/93 e quando evidente a necessidade temporária de excepcional interesse público, que justifica a seleção simplificada de pessoal, sem as delongas e minúcias que um concurso público requer. 2.A hipótese delineada pelo constituinte no inciso IX do art. 37 da Carta Magna e regulamentada pelo legislador ordinário através da Lei 8745/93 não deve nem pode ser utilizada injustificadamente pela administração pública, que só poderá socorrer-se de tal solução nas situações em que, de fato, o concurso público puder obstar o atendimento do interesse público.Do contrário, estaremos diante de evidente burla à determinação constitucional de seleção de pessoal medianteconcurso público de provas ou provas e títulos, que é a regra a ser observada pela administração. 3. Decorridos praticamente três anos da contratação dos impetrantes sem que a universidade tenha tomado providências no sentido de regularizar a situação de seu corpo docente, o que não me parece plausível, já que a UFC refuta a pretensão daqueles, seria o caso de apurar-se a responsabilidade do administrador a fim de se tomarem as medidas legais cabíveis e não continuar prorrogando situação evidentemente ilegal e em detrimento de toda a coletividade, que tem direito à oferta de seleção pública, por concurso público, para a investidura de cargos e empregos públicos pela administração. 4. Perda do objeto. Prazo decorrido. Extinção do feito.
(TRF-5 - AMS: 88203 CE 0019387-38.2001.4.05.8100, Relator: Desembargador Federal Frederico Pinto de Azevedo (Substituto), Data de Julgamento: 21/10/2004, Primeira Turma, Data de Publicação: Fonte: Diário da Justiça - Data: 10/11/2004 - Página: 1077 - Nº: 216 - Ano: 2004)
 
TJ-RS - Agravo de Instrumento AI 70051590818 RS (TJ-RS)
Data de publicação: 21/03/2013
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. LICITAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DE ANULAÇÃO. TRATANDO-SE DE ATIVIDADE-FIM, COMO É A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS, DESCABE LICITAR, POIS ISSO TRADUZ TERCEIRIZAÇÃO E, VIA INDIRETA, BURLA AO PRINCÍPIO DO CONCURSO PÚBLICO. ASSIM, NAS CIRCUNSTÂNCIAS, EM PRINCÍPIO, CORRETA A DECISÃO QUE ANULOU O PROCEDIMENTO. LIMINAR INDEFERIDA NO 1º GRAU. MANUTENÇÃO. RECURSO DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70051590818, Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Irineu Mariani, Julgado em 12/03/2013)
No mesmo sentido, o STF recentemente declarou ilegal a contratação de servidores através de empresa terceirizada, em que candidatos aprovados em concurso público foram preteridos em face desta mão de obra terceirizada.
EMENTA: Agravo regimental em recurso ordinário em mandado de segurança. Concurso público. Contratação precária de terceirizados. Preterição de concursados. Não comprovação da existência de vagas de caráter efetivo. Ausência de direito líquido e certo. Agravo regimental a que se nega provimento. 1. É posição pacífica desta Suprema Corte que, havendo vaga e candidatos aprovados em concurso público vigente, o exercício precário, por comissão ou terceirização, de atribuições próprias de servidor de cargo efetivo faz nascer para os concursados o direito à nomeação, por imposição do art. 37, inciso IV, da Constituição Federal. 2. O direito subjetivo à nomeação de candidato aprovado em concurso vigente somente surge quando, além de constatada a contratação em comissão ou a terceirização das respectivas atribuições, restar comprovada a existência de cargo efetivo vago. Precedentes. 3. No caso em questão, não ficou comprovada, nos documentos acostados aos autos, a existência de vaga efetiva durante a vigência do concurso, sendo necessário, para tanto, que haja dilação probatória, o que não se admite em via mandamental. Ausência de direito líquido e certo do agravante. 4. Agravo regimental a que se nega provimento.
(STF - RMS: 29915 DF , Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento: 04/09/2012, Primeira Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-189 DIVULG 25-09-2012 PUBLIC 26-09-2012)
STF - AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO ARE 816455 RJ (STF)
Data de publicação: 15/08/2014
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. 1. CANDIDATO APROVADO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS: DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. 2. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. PRETERIÇÃO DE CANDIDATO. BURLA AO PRINCÍPIO DO CONCURSO PÚBLICO. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. O candidato aprovado dentro do número de vagas previsto no Edital de concurso público tem direito subjetivo à nomeação durante o prazo de validade do concurso. Tema cuja repercussão geral foi reconhecida. Precedente. 2. A contratação temporária de pessoal, no período de validade do concurso público, configura preterição do candidato aprovado e intolerável burla ao princípio do concurso público.
Ementa: I - CONTRATO TEMPORÁRIO NO SERVIÇO PÚBLICO. ATIVIDADE PERMANENTE DO ENTE PÚBLICO. A educação é uma atividade permanente da Administração Pública, não se concebendo a ideia de terceirização de mão-de-obra para tal fim. O suposto contrato temporário de uma educadora por prazo superior a dois anos demonstra de forma patente as violações constitucionais aos Princípios do Concurso Público e da Impessoalidade do Serviço Público (art. 37 , caput e inciso II, da CF/88 ), a pretexto de se cumprir programa de inclusão de jovens no mercado do trabalho, em concomitante dano ao erário. Incidência da Súmula 363 do C. TST. II- REVELIA DO ENTE PÚBLICO. A jurisprudência do TST consolidada na OJ 152 da DSI-I firmou-se no sentido de que a revelia aplica-se à pessoa jurídica de direito público. Entender de forma diversa seria negar vigência aos princípios constitucionais da igualdade das partes, do contraditório, bem como ao da ampla defesa. Portanto, se o ente público deixa de praticar o ato processual, mesmo diante de todas as prerrogativas legais de que dispõe, não há como afastar a aplicação do disposto no artigo 844 da CLT . Condenação subsidiária mantida. Relator: Desembargador Marcelo Antero de Carvalho Recorrente Fundação Pública Municipal de Educação de Niterói Recorrente: Município de Niterói Recorrida: Elisangela Nobre Rabelo RELATÓRIO TRT-1 - Recurso Ordinário RO 00023010420125010241 RJ (TRT-1) Data de publicação: 14/07/2015.
O Supremo Tribunal Federal já teve a oportunidade de apreciar em algumas ocasiões a situação dos contratos temporários, a exemplo da ADIN 890-1 do Distrito Federal, na qual for apreciada a constitucionalidade da lei distrital de nº 418/03, que tratava sobre a contratação temporária nas empresas públicas e sociedade de economia mista. A jurisprudência do STF vem se construindo no sentido de analisar a constitucionalidade de leis permissivas de contratações temporárias sob a ótica do preenchimento de determinados requisitos: a) que a lei estabeleça os casos em que se dará a contratação; b) que a contratação se dê por tempo determinado; c) que haja necessidade temporária de interesse público devidamente justificada; d) que se trate de interesse público excepcional (por todos, Adin 1.500 e Adin 2.229, ambas de relatoria do Min. Carlos Velloso).
EMENTA. CONSTITUCIONAL ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. DEFENSOR PÚBLICO. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA C.F. Art. 37, II e IX, Lei 6.094, de 2000, do Estado do Espírito Santo, inconstitucionalidade. I – A regra é a admissão de servidor público mediante concurso público: CF, art. 37, II.  As duas exceções à regra são para os cargos em comissão referidos no inciso II do art. 37 e a contratação de pessoal por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. CF, art. 37, IX. Nessa hipótese, deverão ser atingidas as seguintes condições: a) previsão em lei dos cargos; b) tempo determinado; c) necessidade temporária de interesse público; d) interesse público excepcional. (STF. ADI 2229. Relator(a): Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, julgado em 09/06/2004. DJ 25/06/2004)
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO: CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. CF, art. 37, IX. Lei 9.198/90 e Lei 10.827/94, do Estado do Paraná. I. - A regra é a admissão de servidor público mediante concurso público: CF, art. 37, II. As duas exceções à regra são para os cargos em comissão referidos no inciso II do art. 37 e a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público: CF, art. 37, IX. Nessa hipótese, deverão ser atendidas as seguintes condições: a) previsão em lei dos casos; b) tempo determinado; c) necessidade temporária de interesse público excepcional. II. - Precedentes do Supremo Tribunal Federal: ADI 1.500/ES, 2.229/ES e 1.219/PB, Ministro Carlos Velloso; ADI 2.125-MC/DF e 890/DF, Ministro Maurício

Outros materiais