Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
www.esab.edu.br Organização do Trabalho Acadêmico Organização do Trabalho Acadêmico Vila Velha (ES) 2013 Diretoria Executiva Charlie Anderson Olsen Larissa Kleis Pereira Margarete Lazzaris Kleis Thiago Kleis Pereira Conteudista Maria Aparecida Hahn Turnesa Coordenação de Projeto Andreza Lopes Patrícia Battisti Supervisão de Design Educacional Barbara da Silveira Vieira Supervisão de Revisão Gramatical Andrea Minsky Supervisão de Design Gráfico Laura Martins Rodrigues Design Educacional Giovana Spiller Revisão Gramatical Elaine Monteiro Seidler Érica da Silva Martins Valduga Hellen Melo Pereira Paulo de Tarso Vieira Design Gráfico Neri Gonçalves Ribeiro Diagramação Fernando Andrade Equipe Acadêmica da ESAB Coordenadores dos Cursos Docentes dos Cursos Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil. www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840 Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES CEP 29102-040 Escola Superior Aberta do Brasil Diretor Acadêmico Beatriz Christo Gobbi Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância Beatriz Christo Gobbi Coordenadora do Curso de Administração EAD Rosemary Riguetti Coordenador do Curso de Pedagogia EAD Claudio David Cari Coordenador do Curso de Sistemas de Informação EAD David Gomes Barboza Produção do Material Didático-Pedagógico Delinea Tecnologia Educacional / Escola Superior Aberta do Brasil Diretor Geral Nildo Ferreira Apresentação Caro estudante, Seja bem vindo à ESAB. A Escola Superior Aberta do Brasil, funda-se no princípio básico de atuar com educação a distância, utilizando como meio, tão somente, a internet. Em 2004,foi especialmente credenciada para ofertar cursos de pós- graduação a distância, via e-learning, utilizando-se de software próprio denominado Campus Online. Em 2009 foi credenciada com Instituição de Ensino Superior – IES, através da portaria MEC nº 1242/2009, de 30 de dezembro de 2009, ocasião em que também foi autorizada a ofertar o curso de pedagogia – licenciatura, na modalidade presencial, conforme portaria MEC nº 14/2010, de 9 de janeiro de 2010. Em outubro de 2012 recebeu o Prêmio Top Educação 2012, da Editora Segmento, sendo reconhecida como a Melhor Instituição de Ensino EAD para Docentes. Em 2013 é aprovada para a oferta dos cursos de: Administração (Bacharelado); Pedagogia (Licenciatura) e Sistemas de Informação (Bacharelado), todos na modalidade EAD, com avaliação máxima das comissões avaliadoras. Seja bem-vindo à disciplina de Organização do Trabalho Acadêmico! Convidamos você a seguir conosco uma conversa que é dividida em 24 unidades. Considerando o número de unidades, não nos ateremos, aqui, a apresentar cada uma delas. Todavia, é interessante destacar que os conteúdos da ementa serão abordados nas unidades. Tudo certo até aqui? Que bom! Fique tranquilo, estamos seguros de que você se sairá bem nesta disciplina, afinal, embora o conteúdo seja longo, ele é acessível, além de fundamental para todo o processo de formação acadêmica, e, porque não, da atuação profissional. Então, vamos prosseguir nosso estudo! A disciplina Organização do Trabalho Acadêmico parece ter um caráter eminentemente prático, mas, na verdade, ela envolve o exercício teórico-prático constante para que você satisfaça seus questionamentos e resolva suas dúvidas. Dito isso, queremos deixar claro que esta disciplina não constitui um simples conjunto de conteúdos a serem “decorados” por você para verificação em dia de prova. Constitui, sim, em um instrumental indispensável para que você seja capaz de atingir seus objetivos na caminhada acadêmica. Para saber mais sobre organização do trabalho acadêmico, você encontrará indicações de textos, vídeos e sites para visita e pesquisa, com intuito de ampliar seu repertório teórico e cultural. Ao longo das unidades, as quais são baseadas nas obras de Lakatos (2010), Medeiros (2012) e Munhoz (2011), você também encontrará questões a respeito do conteúdo na seção Para sua reflexão, assim como o Estudo complementar fará parte de sua caminhada na disciplina. Neste espaço, indicaremos uma leitura complementar mais densa, por exemplo: um manual, um texto, um artigo científico. Bom estudo! Equipe Acadêmica da ESAB Objetivo O nosso objetivo é possibilitar ao aluno o conhecimento da metodologia de estudos no Ensino Superior, dos estudos em Educação a Distância (EaD), das características comuns do ensino presencial e em Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), dos tipos de trabalhos acadêmicos, das orientações para leitura e escrita, da pesquisa bibliográfica e da normatização de trabalhos como conteúdos constituintes da organização de trabalhos acadêmicos. Competências e habilidades • Entender a dinâmica da vida acadêmica. • Compreender os princípios das tecnologias de informação e comunicação e suas relações com o estudo na modalidade de Educação a Distância (EaD). • Adquirir, avaliar e transmitir informações. • Desenvolver habilidades necessárias para a organização nos estudos. Ementa Metodologia de estudos no Ensino Superior. O estudo na EaD. Características comuns no ensino presencial e em Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Tipos de trabalhos acadêmicos. Orientações à leitura e à escrita. Pesquisa bibliográfica e normatização de trabalhos. Sumário 1. A história do Ensino Superior no Brasil ............................................................................7 2. As políticas públicas no Ensino Superior no Brasil .........................................................13 3. O papel do aluno no Ensino Superior .............................................................................17 4. O Estudo na EaD: a história da EaD no mundo e no Brasil ..............................................22 5. Legislação de EaD ..........................................................................................................26 6. Principais características e conceitos da EaD .................................................................30 7. As tecnologias de informação e comunicação e a mediação pedagógica em EaD ..........36 8. Características comuns no ensino presencial e em Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA): relação entre o ensinar e o aprender ...........................40 9. Características do ensino presencial ..............................................................................46 10. Características do ensino em Ambiente Virtual de Aprendizagem .................................49 11. O aluno da EaD ..............................................................................................................53 12. As similaridades entre o ensino presencial e em Ambiente Virtual de Aprendizagem ..............................................................................................57 13. Docente e tutor .............................................................................................................61 14. Potencialidades da internet para organização de trabalho ............................................67 15. Como pesquisar na internet ..........................................................................................73 16. Normalização para apresentação de trabalho de ensino superior .................................78 17. Como produzir um trabalho acadêmico no Ensino Superior: introdução .......................83 18. Como produzir um trabalho acadêmico no Ensino Superior: desenvolvimento .............87 19. Como produzir um trabalho acadêmico no ensino superior: conclusão ........................93 20. Orientações à leitura e à escrita: ler e escrever é preciso ..............................................101 21. Orientações sobre o exercício da leitura na formação acadêmica ................................10622. Linguagem nos textos do Ensino Superior ..................................................................111 23. Linguagem científica ..................................................................................................115 24. Autoria e Ética na produção de trabalhos do Ensino Superior ......................................120 Glossário ............................................................................................................................125 Referências ........................................................................................................................129 www.esab.edu.br 7 1 A história do Ensino Superior no Brasil Objetivo Conhecer a história do Ensino Superior no Brasil. Antes de iniciarmos o estudo da disciplina, é importante você conhecer o motivo de ela ser ofertada no curso. Você já parou para pensar sobre isso? É porque, com certeza, na trajetória do curso você desenvolverá inúmeros trabalhos acadêmicos que exigem rigor metodológico, pois agora você é aluno de um curso de graduação. Outro fator a ser destacado é que você precisará organizar seus estudos e apresentar trabalhos. Bom, esta disciplina contribuirá com conhecimento e organização de sua rotina acadêmica, que, aliás, é fundamental para um estudante, especialmente para os que, assim como você, cursam graduação na modalidade de EaD. Para iniciar, convidamos você a ler a letra da música “Como uma onda”, de Lulu Santos. Você pode também ligar o som para escutá-la, será bem mais interessante, pois, do nosso ponto de vista, a melodia é linda. www.esab.edu.br 8 Como uma onda (Lulu Santos) Nada do que foi será De novo do jeito que já foi um dia Tudo passa Tudo sempre passará A vida vem em ondas Como um mar Num indo e vindo infinito Tudo que se vê não é Igual ao que a gente Viu há um segundo Tudo muda o tempo todo No mundo Não adianta fugir Nem mentir Pra si mesmo agora Há tanta vida lá fora Aqui dentro sempre Como uma onda no mar Nada do que foi será De novo do jeito Que já foi um dia Tudo passa Tudo sempre passará A vida vem em ondas Como um mar Num indo e vindo infinito Tudo que se vê não é Igual ao que a gente Viu há um segundo Tudo muda o tempo todo No mundo Não adianta fugir Nem mentir pra si mesmo agora Há tanta vida lá fora Aqui dentro sempre Como uma onda no mar www.esab.edu.br 9 Para sua reflexão A letra da música fala de mudança. Agora, considere sua inserção em um curso de graduação, situação que você está vivenciando. Você será o mesmo nesse processo ou o curso trará mudanças para sua vida? E quais mudanças você imagina que possam acontecer? Este é o primeiro exercício para sua reflexão. As respostas a essas reflexões formam parte de sua aprendizagem e são individuais, não precisando ser comunicadas ou enviadas aos tutores. Talvez você tenha concluído que não será mais o mesmo. Pois bem, assim como você não será mais o mesmo, pois seus horizontes se ampliarão, também a história do Ensino Superior no Brasil não foi sempre a mesma. Então, vamos conhecê-la? Nas aulas de história, você ouviu falar nos padres jesuítas que vieram inicialmente para catequizar os índios, mas que tiveram uma grande participação na história da educação do Brasil. Segundo estudos de Cunha (2000), foram eles que fundaram, aproximadamente em 1550, na Bahia, onde estava a sede do governo geral, o primeiro estabelecimento de Ensino Superior no Brasil. Criaram também 17 colégios, nos quais eram oferecidos o ensino das primeiras letras e o ensino secundário, destinados a alunos internos e externos, sem a finalidade exclusiva de formação de sacerdotes. Em alguns desses colégios, também era oferecido o Ensino Superior de Artes e Teologia. No século XVIII, o Colégio da Bahia desenvolveu os estudos de Matemática a ponto de criar uma faculdade específica para seu ensino. Cursos superiores foram também oferecidos no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Pernambuco, no Maranhão e no Paraná. (CUNHA, 2000, p. 152) Veja bem, mesmo com a criação desses colégios que ofereciam graduação no Brasil, era na Europa que a elite ia estudar ou complementava os www.esab.edu.br 10 estudos realizados aqui. Assim, as tentativas de criação de universidades no Brasil na época em que era Colônia, em seguida, quando Império, e no início da República não tiveram êxito. Mas foram promulgados vários dispositivos legais na Primeira República referentes ao Ensino Superior. A primeira universidade do país foi criada em Manaus, em 1909, durante o período áureo da exploração de borracha, por grupos privados. Lá se oferecia os cursos de Direito, de Medicina, de Farmácia, de Odontologia e de formação de Oficiais da Guarda Nacional. Em 1926, com a decadência da exploração da borracha, essa instituição foi extinta, restando apenas a Faculdade de Direito. Em 1962, essa faculdade foi incorporada quando da criação da Universidade Federal do Amazonas (CUNHA, 2000). Por volta dos anos de 1960 aconteceu a criação de inúmeras universidades federais públicas e gratuitas pelo Brasil afora, fruto de um movimento da federalização de instituições de Ensino Superior já existentes. Até então, o fomento do Ensino Superior no Brasil estava nas mãos da iniciativa privada e de algumas mantidas pelos Estados da Federação. Nas décadas de 1950 e 1960, foram criadas universidades federais em todo Brasil, sendo ao menos uma em cada Estado, além de estaduais, municipais e particulares. Mas foi a partir dos anos de 1970 que ocorreu a explosão do Ensino Superior, fazendo com que o número de matrículas subisse de 300 mil para um milhão e meio até 1980. Isso aconteceu em decorrência da concentração urbana e da exigência de melhor formação para a mão de obra industrial e de serviços, que forçaram o aumento do número de vagas. O governo, impossibilitado de atender a essa demanda, permitiu que o Conselho Federal de Educação aprovasse milhares de cursos novos. Além disso, mudanças também aconteceram no exame de seleção: as provas, dissertativas e orais, passaram a ser de múltipla escolha. Se você faz o curso de Pedagogia, estuda as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n° 4024/61, Lei n° 5692/71 e a última, Lei n° 9394/96). Você já deve ter ouvido falar em avaliação institucional, Exame Nacional de Desempenho de Estudante (Enade), eleição para www.esab.edu.br 11 reitor, formação e regime de contratação dos professores. Todas essas ações são decorrentes do processo das reformas universitárias. Os dados apresentados na tabela a seguir demonstram o panorama atual das universidades brasileiras no que diz respeito ao número de universidades públicas e privadas, de cursos oferecidos nessas universidades, de alunos matriculados nela, bem como destaca esses mesmos dados na pós-graduação. Tabela 1 – Estatísticas básicas de graduação (presencial e a distância por categoria administrativa - Brasil - 2010). Estatísticas Básicas Categoria Administrativa Total Geral Pública Privada Total Federal Estadual Municipal Graduação Instituições 2.377 278 99 108 71 2.099 Cursos 29.507 9.245 5.326 3.286 633 20.262 Matrículas de Graduação 6.379.299 1.643.298 938.656 601.112 103.530 4.736.001 Ingressos (todas as formas) 2.182.229 475.884 302.359 141.413 32.112 1.706.345 Concluintes 973.839 190.597 99.945 72.530 18.122 783.242 Funções Docentes em Exercício¹ 345.335 130.789 78.608 45.069 7.112 214.546 Pós - Graduação Matrículas de Pós- Graduação 173.408 144.911 95.113 48.950 848 28.497 Graduação e Pós - Graduação Matrículas Total² 6.552.707 1.788.209 1.033.769 650.062 104.378 4.764.498 Razão Matrículas Total²/ Funções docentes em Exercícios 18,97 13,67 13,15 14,42 14,68 22,21 Nota 1: corresponde ao número de vínculosde docentes a instituições que oferecem cursos de graduação. A atuação docente não se restringe, necessariamente, aos cursos de graduação. Nota 2: Inclui matrículas de graduação e pós-graduação. Fonte: BRASIL (2011). Ainda que tenhamos apresentado brevemente a história do Ensino Superior no Brasil, faz-se necessário destacar que ela foi e continua sendo marcada por determinações sociais de grupos distintos, como os empresários, os movimentos sociais, e, principalmente, por professores e alunos. www.esab.edu.br 12 Você deve estar se perguntando: e a Educação a Distância (EaD), quando começou? Não se preocupe, trataremos na unidade 4 os detalhes dessa modalidade de ensino. Saiba mais Para conhecer a história do Ensino Superior no Brasil no contexto dos anos de 1990 e os desafios dessa década para a formulação de uma política voltada a esse complexo sistema, em que já se trabalhava com determinadas formas de Educação a Distância, mas começava a incorporar os computadores e a internet, acesse o artigo “Ensino superior brasileiro nos anos 90”, de Carlos Benedito Martins, clicando aqui. www.esab.edu.br 13 2 As políticas públicas no Ensino Superior no Brasil Objetivo Apresentar as principais políticas públicas do Ensino Superior no Brasil. Continuando nossos estudos, convido você a observar a obra “Os operários”, de Tarsila do Amaral. Figura 1 – Obra “Os operários”, de Tarsila do Amaral. Fonte: <www.polifoniaperiferica.com.br>. Você deve estar pensando qual o sentido de trazer essa imagem para fazer relação com o conteúdo desta unidade – políticas públicas para o Ensino Superior. Bom, se você analisar o conceito de políticas públicas, verá que tem tudo a ver. É importante dizer que esse é um termo polissêmico, pois não existe apenas uma, nem uma melhor definição do que seja política pública. Entretanto, das definições pesquisadas, a que nos parece mais condizente com nosso debate é a apresentada por quem as políticas públicas podem ser denominadas como programas de ação governamental que visam www.esab.edu.br 14 coordenar os meios à disposição do estado e as atividades privadas para a realização de objetivos importantes e politicamente determinados. A obra de arte vista anteriormente nos mostra operários, mulheres e homens, brancos, negros e pardos. Assim, se a relacionarmos a esse conceito, podemos entender que as políticas públicas só fazem sentido quando atendem às necessidades da população em geral, promovendo a cidadania. Para que isso ocorra, é necessário que os governos disponibilizem meios, ou recursos, para sua efetivação. A expansão do mercado de trabalho, a necessidade de mão de obra qualificada e a democratização da Educação Básica são pontos que fazem com que a universidade seja repensada em termos de acesso, especialmente do acesso da população menos favorecida, que ficou às margens desse nível de ensino. O Ensino Superior é parte do sistema educacional brasileiro e possui o mesmo grau de importância dos demais níveis da Educação Básica, por isso é necessário criar políticas que lhe deem sustentação. Para responder a essas questões, o governo colocou em pauta os seguintes eixos: Programa Universidade para Todos (ProUni) (Política de cotas) Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes) Sistema de Seleção Uni�cada (Sisu) Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) Universidade aberta do Brasil (UAB) Figura 2 – Políticas públicas para sustentação do Ensino Superior no Brasil. Fonte: Elaborada pela autora (2012). Nesta unidade, você vai conhecer cada uma dessas políticas e entender qual é o seu objetivo, começando pelo ProUni. Vamos lá? Acompanhe! www.esab.edu.br 15 A política de cotas expressa no ProUni tem como finalidade [...] a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior. Criado pelo Governo Federal em 2004 e institucionalizado pela Lei n° 11.096, em 13 de janeiro de 2005, oferece, em contrapartida, isenção de alguns tributos àquelas instituições de ensino que aderem ao Programa. (PROUNI, 2010) O ProUni vem se constituindo como uma política que alcança números expressivos em relação à quantidade de estudantes matriculados no ensino privado com bolsas (integral ou parcial). Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), o número de bolsas ofertado pelo ProUni para o segundo semestre de 2011 foi de 92.107. Esse dado representa um contingente significativo de estudantes de todo país que tiveram acesso ao nível superior em universidades privadas. Também faz parte desse programa o sistema de cotas para estudantes de escolas públicas, pessoas com deficiência, povos indígenas e negros. O Sinaes foi instituído em abril de 2004, quando foi sancionada a Lei n° 10.861 (BRASIL, 2004), cujo objetivo é: [...] assegurar o processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, dos cursos de graduação e de desempenho acadêmico de seus estudantes, nos termos do art. 9°, VI, VIII e IX, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n° 9.394/1996. O processo de avaliação considera aspectos como o ensino, a pesquisa, a extensão, a responsabilidade social, a gestão da instituição e o corpo docente. Também reúne informações do Enade, bem como das avaliações institucionais e dos cursos. Todas essas informações obtidas são utilizadas para orientação das instituições de Ensino Superior e para embasar as políticas públicas, além de serem úteis para toda a sociedade, pois sinaliza as condições dos cursos e das instituições. www.esab.edu.br 16 Para a coordenação e supervisão dos processos avaliativos do Sinaes, o MEC institui a Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes), enquanto a operacionalização é de responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O Sisu é um sistema informatizado, que é gerenciado pelo MEC e no qual as instituições públicas de Ensino Superior oferecem vagas para estudantes que participaram do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). O Fies é um programa do Ministério da Educação que se destina a financiar os cursos de graduação a estudantes de instituições aprovadas. Portanto, só podem recorrer a esse programa os estudantes matriculados em universidades que tenham avaliação positiva no Sinaes. A UAB configura-se, desde 2005, como outra política que busca expandir o acesso ao Ensino Superior. Assim, a UAB [...] é um sistema integrado por universidades públicas que oferece cursos de nível superior para camadas da população que têm dificuldade de acesso à formação universitária, por meio do uso da metodologia da Educação a Distância. O público em geral é atendido, mas os professores que atuam na educação básica têm prioridade de formação, seguidos dos dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos estados, municípios e do Distrito Federal. (UAB, 2010) É importante saber que todas essas políticas não são dadas gratuitamente pelos governos. Elas são frutos de movimentos de diferentes categorias, que se unem em prol de seus interesses e suas necessidades. Saiba mais Para conhecer melhor cada uma dessas políticas e entender como elas afetam o Ensino Superior no nosso país, acesse o site do MEC clicando aqui. Lá, você terá informações sobre cada programa. www.esab.edu.br 17 3 O papel do aluno no Ensino Superior Objetivo Discutir o papel do aluno no Ensino Superior. Você já parou para pensar no seu papel como aluno de um curso superior? Será que ele difere muito de suas funções como aluno de Ensino Médio? Com certeza, estando no Ensino Superior você necessitará manter-se atuante no processo de apropriação dos conhecimentos necessários para sua formaçãohumana e profissional. Para que isso aconteça, você deverá, em muitos momentos, fazer escolhas. Mas faça, agora, mais uma pausa para arte, que acalanta a alma. Leia o poema de Cecília Meireles (2012), a seguir. www.esab.edu.br 18 Ou isto ou aquilo Ou se tem chuva e não se tem sol, Ou se tem sol e não se tem chuva! Ou se calça a luva e não se põe o anel, Ou se põe o anel e não se calça a luva! Quem sobe nos ares não fica no chão, Quem fica no chão não sobe nos ares. É uma grande pena que não se possa Estar ao mesmo tempo nos dois lugares! Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, Ou compro o doce e gasto o dinheiro. Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... E vivo escolhendo o dia inteiro! Não sei se brinco, não sei se estudo, Se saio correndo ou fico tranquilo. Mas não consegui entender ainda Qual é melhor: se é isto ou aquilo. Assim como fala o poema, no Ensino Superior nós necessitamos, de uma vez por todas, fazer escolhas entre realizar uma formação consistente ou levar, como no dito popular, “com a barriga”. Afinal, você agora é um estudante universitário! Mas, afinal, o que é estudo? Para Medeiros (2012, p. 5), “[...] estudar é realizar experiências submetidas à análise crítica e à reflexão com objetivo de apreender informações que sejam úteis à resolução de problemas.” www.esab.edu.br 19 Ainda segundo Medeiros (2012, p. 5), “[...] além da análise do exame sistemático, o estudo inclui: a organização de trabalhos, busca de informações, anotações, leitura, elaboração de resumos, memorização.” Para isso, você precisa ter o “espírito universitário”, ou seja, inserir-se na vida universitária! O que significa isso? A princípio, significa que você deve ter autonomia no estudo e não se limitar somente ao que os professores propõem, pois nenhum curso dará a qualquer pessoa a abrangência de uma formação, é necessário ampliar os conhecimentos. Em segundo lugar, você precisa se organizar! Organizar seu espaço, seu material e seu tempo para que você tenha sucesso em seus estudos sem gasto desnecessário de energia. Em relação ao espaço para realizar seus estudos, procure, se possível, um lugar aconchegante, bem iluminado e bem ventilado. Com certeza isso contribuirá para seu aprendizado! Quanto ao material de estudos, ele pode ter diversas fontes: você pode estudar em livros, revistas, filmes e o material pode ser impresso ou virtual, afinal, hoje contamos com um vasto acervo virtual. Mas é muito importante que seu material também seja bem organizado e esteja facilmente acessível. Entretanto, o mais importante é organizar o seu tempo, estabelecendo horas de estudo semanais. Faça um cronograma, dividindo seus estudos em períodos de no máximo duas horas por disciplina e deixando um tempo para descanso. Além disso, Medeiros (2012, p. 7) alerta que: [...] estabelecer um cronograma de estudos, reservando determinadas horas do dia para o estudo e revisar a matéria, é passo relevante para a prática do estudo eficaz. E, ao realizar um cronograma de estudos, evidentemente não se reservam os piores horários do dia para tal. [...] É possível encontrar tempo, se formos organizados, se estabelecermos horário para iniciar e concluir determinadas tarefas. www.esab.edu.br 20 Portanto, em época de maior demanda de trabalhos e provas, você precisa fazer escolhas: sair ou não no final de semana? Se você estuda e também trabalha, possivelmente não terá saída: terá de sacrificar algumas horas do descanso e do lazer. Ainda segundo Medeiros (2012, p. 6), [...] o estudo é fruto da experiência direta ou indireta. É direta a experiência da qual o indivíduo participa. Indireta, se o exame é feito pela observação de filmes, mapas, leitura de relatórios, fotografias, participação em conferências, congressos, colóquios, conversas. Dessa forma, é fundamental que você amplie seu repertório cultural, assistindo a bons filmes e ouvindo boas músicas, por exemplo. Mas é interessante que você faça isso, principalmente, participando de eventos relacionados a seu curso, pois eles darão um diferencial em sua formação. Bom, sabendo de tudo isso, podemos sintetizar que o papel do aluno do Ensino Superior é estudar, ter autonomia no processo de estudos e organizar-se, certo? No entanto, queremos destacar que, além disso, o papel do aluno também está vinculado ao papel da instituição de Ensino Superior e dos seus professores! Cabe à instituição de Ensino Superior formar cidadãos críticos e participativos para que estes sejam capazes de pensar com autonomia. Assim, o compromisso das universidades é com o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e democrática. Entretanto, nem sempre as universidades atendem a essas características. Por isso, você, aluno, deve ser questionador, reflexivo, crítico em seus estudos, lendo nas entrelinhas tudo o que é apresentado, seja pela instituição de Ensino Superior, seja pela mídia. www.esab.edu.br 21 É papel do aluno, também, comprometer-se com uma sociedade mais justa, mais igualitária. Portanto, lembre-se de que seus estudos devem ser desenvolvidos com compromisso, verdade e afinco. Fórum Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem da instituição e participe do nosso Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar, por meio da interação, a construção do seu conhecimento. Vamos lá? www.esab.edu.br 22 4 O Estudo na EaD: a história da EaD no mundo e no Brasil Objetivo Conhecer a história da EaD no mundo e no Brasil. Muito bem, vamos para mais uma unidade de nosso caderno, seguindo o estudo da disciplina. Desta vez, vamos tratar da história da EaD no Brasil e no mundo. Acompanhe! A EaD, tão criticada por uns como o jeito mais fácil e aligeirado de se formar e a forma mais barata de fazer educação, por outro lado, também é elogiada por outros como um espaço de democratização do ensino, um espaço de inovação. Com críticas e elogios, essa modalidade vem sendo cada vez mais utilizada nas universidades. Sua expansão está associada a dois motivos: primeiro pelas crescentes necessidades educacionais que não seriam satisfeitas pelos sistemas tradicionais; e segundo, pelo desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação. Mas de onde vem essa modalidade de educação? Qual é a sua história? Pois bem! Vamos conhecer um pouco da história dessa modalidade de ensino no mundo e no Brasil a partir de agora. A EaD não é muito nova, tem uma longa história de experimentação, de fracassos e sucessos. Apesar de muitos defenderem que se trata de uma nova ideia, a Educação a Distância já possui uma longa trajetória. Retomando vários séculos na história da humanidade, pode-se dizer que a Educação a Distância tem a idade da escrita. (MAIA; MATTAR, 2007, p. 21) www.esab.edu.br 23 Nas sociedades de tradição oral, a comunicação era necessariamente feita por meio da fala, todavia, com a invenção da escrita não é mais necessário que as pessoas estejam presentes no mesmo ambiente para que haja comunicação. Maia e Mattar (2007) apresentam três gerações da EaD: 1ª Geração Cursos de correspondência que datam de 1720. Cursos de taquigra�a. Entretando, a EaD efetivamente surge por volta do século XIX com o desenvolvimento dos meios de transporte (trens) e correspondência (correios). 2ª Geração Decorrente das novas mídias: televisão, rádio, �tas de áudio e vídeo e telefone. Momento em que foram criadas as universidades abertas de ensino a distância, in�uenciadas pelo modelo de Open University na Inglaterra, fundada em 1969, que utilizava o rádio, a tevê, os vídeos, as �tas cassete e os centros de estudos. Esse modelo faz crescer o interesse pela EaD por diversos países do mundo. 3ª Geração Trata-se da EaD on-line, essa quevocê conhece, que começou a se expandir em 1995 com o desenvolvimento explosivo da internet. Figura 3 – As três gerações da EaD. Fonte: Adaptada de Maia e Mattar (2007). A história da EaD no Brasil, comparando com a experiência mundial, apresenta muitas diferenças. No primeiro momento, ela seguiu o movimento internacional, todavia, a experiência de universidade aberta foi atrasada até os dias de hoje, quando ocorreu a recente criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB). www.esab.edu.br 24 Maia e Mattar (2007) apresentam algumas referências da EaD em nosso país. Veja a seguir cada uma delas. • Escolas internacionais e cursos por correspondência (1904): instituições privadas que ofereciam, em jornais, cursos pagos por correspondência. • Rádio-escola (1923): um grupo liderado por Henrique Morize (engenheiro industrial e civil, geógrafo e professor de física francês que foi naturalizado brasileiro e criou a Academia Brasileira de Ciências) e Edgard Roquette–Pinto (antropólogo e entusiasta da utilização do rádio como forma de educar, pois esse poderia alcançar até mesmo as pessoas mais pobres e geograficamente distantes), pioneiros da radiodifusão no Brasil, criou a rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que foi ao ar em 20 de abril de 1923 e ofereceu cursos de português, francês, silvicultura, literatura francesa, esperanto, radiotelegrafia e telefonia. Em 1936, essa rádio foi doada ao Ministério da Educação e no ano seguinte foi criado o Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação. • Rádio Monitor (1939): os primeiros institutos brasileiros a oferecerem sistematicamente cursos profissionalizantes a distância por correspondência. • Instituto Universal Brasileiro (IUB) (1941): outro pioneiro de EaD no Brasil, fundado por um ex-sócio do Instituto Monitor, que oferece cursos profissionalizantes em diferentes áreas e também curso supletivo. • Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Serviço Social do Comércio (Sesc) e emissoras associadas: fundaram a Universidade do Ar em 1947. Esta durou dois anos e tinha o objetivo de oferecer cursos comerciais radiofônicos. Os alunos estudavam por meio das apostilas e corrigiam os exercícios com o auxílio dos monitores. • Movimento de Educação de Base MEB (1961): a Diocese de Natal, no Rio Grande do Norte, criou algumas escolas radiofônicas, dando origem ao Movimento de Educação de Base, que promoveu o letramento de jovens e adultos. www.esab.edu.br 25 • Projeto Minerva (1970): convênio entre o Ministério da Educação, a Fundação Padre Landell e a Fundação Padre Anchieta, cuja meta era utilizar o rádio para a educação de adultos. Foi mantido até 1980. • Senac: a experiência do Senac com EaD continua até hoje. Em 1976, foi criado o Sistema Nacional de Telecomunicações, centrado no ensino por correspondência, com algumas experiências com rádio e tevê. A partir de 1988, esse sistema foi informatizado, e, em 1995, foi criado o Centro Nacional de Educação a Distância (CEaD). • Telecurso (1977): oferecia cursos supletivos a distância. Hoje é denominado Telecurso 2000 e utiliza livros, vídeos e transmissão por tevê. • Salto para o Futuro (1991): promovido pela TV Escola, canal educativo da Secretaria da Educação a Distância, do Ministério da Educação, tornou-se um marco na EaD nacional. Trata-se de um programa de formação continuada de professores que utiliza diferentes mídias: material impresso, tevê, fax, telefone e internet, além de promover encontros presenciais nas telessalas, que contam com as mediações de um orientador da aprendizagem. Além de todos esses programas, no início dos anos 1990 houve um grande avanço da EaD no Ensino Superior brasileiro em decorrência dos projetos de informatização, que continua até os dias de hoje. Estudo complementar Para aprofundar seu conhecimento sobre a evolução da EaD brasileira em relação ao paradigma da educação presencial, acesse o trabalho “EaD – sua origem histórica, evolução e atualidade brasileira face ao paradigma da educação presencial” realizado por Karla da Silva Costa e Geniana Guimarães Faria, que está disponível clicando aqui. www.esab.edu.br 26 5 Legislação de EaD Objetivo Conhecer a legislação de EaD. Na unidade anterior, você viu a história da Educação a Distância. No Brasil, ela surgiu oficialmente pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996) e foi regulamentada pelo Decreto nº 5.622, de dezembro de 2005, e pela Portaria Ministerial nº 4.361/2004. Nessa lei, foi reservado um artigo para a EaD. Vejamos o que ele nos apresenta: Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. (Regulamento) § 1° A Educação a Distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2° A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de Educação a Distância. § 3° As normas para produção, controle e avaliação de programas de Educação a Distância e a autorização para sua implementação caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. (Regulamento) § 4° A Educação a Distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I – custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros meios de comunicação que sejam explorados mediante autorização, concessão ou permissão do poder público; (Redação dada pela Lei nº 12.603, de 2012) www.esab.edu.br 27 II – concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III – reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais. (BRASIL, 1996) Optamos por transcrever o texto na íntegra, pois desse modo você já sabe o que diz exatamente esse artigo. Além disso, assim você pode entender que uma lei instituída, até que outra seja aprovada, vai sofrendo alterações regulamentadas por decretos e portarias. Foi o que aconteceu com a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, referência legal para todos os níveis e modalidades de ensino! Você já deve ter se deparado ou ouvido falar de muitas mudanças que acontecem na Educação, sendo a mais recente o Ensino Fundamental de nove anos. Essas mudanças são decorrentes dessa lei. Assim, é importante você saber que sempre que tiver alguma dúvida ou problemas na área da educação, antes de tomar qualquer atitude, deve consultar a LDBEN. Voltando à EaD, temos sobre a sua expansão: [...] final dos anos 1990 não nos trouxe apenas a Internet e a possibilidade do trabalho em redes de colaboração, mas também reflexões sobre práticas e metodologia pedagógicas que permitissem o uso de ferramentas interativas para melhorar a qualidade de ensino-aprendizagem, o que coincidiu, não por acaso, com a necessidade de se reformar o Ensino Superior [...]. (MAIA; MATTAR, 2007, p. 29) O advento das multimídias e da internet e a consequente possibilidade da interatividade trouxeram novo entusiasmo aos pensadores e pesquisadores da Educação a Distância. Isso foi tão evidente que o próprio Ministério da Educação publicou, em dezembro de 2004, a Portaria n° 4.059, que regulamenta, no Ensino Superior, a oferta de disciplinas a distância para atender até 20 por cento da carga horária de cursos presenciais reconhecidos pelo Ministério da Educação. E, veja, o movimento continua! O Ministério da Educação criou, em 2002, a Comissão Assessora de especialistas em Educação a Distância, que produziu um relatório esclarecendo às instituições de Ensino www.esab.edu.br 28Superior e ao próprio Ministério de Educação as principais diretrizes para o desenvolvimento da EaD no Brasil. Mas a EaD não se limita aos cursos de graduação; a legislação também ampara a pós-graduação. A Resolução CNE/CES n° 1, de 3 de abril de 2001 resolve: Art. 1º Os cursos de pós-graduação stricto sensu, compreendendo programas de mestrado e doutorado, são sujeitos às exigências de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento previstas na legislação. Art. 3º Os cursos de pós-graduação stricto sensu a distância serão oferecidos exclusivamente por instituições credenciadas para tal fim pela União, conforme o disposto no § 1º do artigo 80 da Lei 9.394, de 1996, obedecendo às mesmas exigências de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento estabelecidas por esta Resolução. § 1º Os cursos de pós-graduação stricto sensu oferecidos a distância devem, necessariamente, incluir provas e atividades presenciais. § 2º Os exames de qualificação e as defesas de dissertação ou tese dos cursos de pós-graduação stricto sensu oferecidos a distância devem ser presenciais, diante de banca examinadora que inclua pelo menos um professor não pertencente ao quadro docente da instituição responsável pelo programa. § 3º Os cursos de pós-graduação stricto sensu oferecidos a distância obedecerão às mesmas exigências de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento estabelecidas por esta Resolução. (BRASIL, 2001) Com relação aos cursos de especialização, a Resolução n° 1 de 8 de junho de 2007 resolve: Art. 6º Os cursos de pós-graduação lato sensu a distância somente poderão ser oferecidos por instituições credenciadas pela União, conforme o disposto no § 1° do art. 80 da Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. www.esab.edu.br 29 Parágrafo único. Os cursos de pós-graduação lato sensu oferecidos a distância deverão incluir, necessariamente, provas presenciais e defesa presencial individual de monografia ou trabalho de conclusão de curso. (BRASIL, 2007). É importante ressaltar que o mercado, hoje, impõe-nos a continuidade dos estudos, portanto, ao realizar o curso de graduação, você já deve ir planejando-se para fazer, por exemplo, um curso de pós-graduação. Quando falamos em planejar-se, é no sentido de pensar em algum tema em que você queira aprofundar-se em seus estudos, e a pós-graduação é uma possibilidade. Estudo complementar Conheça também a Portaria Normativa nº 40, de dezembro de 2007, que foi reeditada em 2010 e institui sistema eletrônico do Ministério da Educação, clicando aqui. www.esab.edu.br 30 6 Principais características e conceitos da EaD Objetivo Analisar as principais características e conceitos da EaD. Nas unidades anteriores, você estudou a história da EaD no mundo e no Brasil e a Legislação da EaD no Brasil. Esse foi o início! Nesta unidade, vamos aprofundar a nossa reflexão sobre as questões da EaD, seus conceitos e suas características. A escolha desses conteúdos na disciplina se dá porque você precisa, além de vivenciar, saber os aspectos envolvidos nessa modalidade de educação. Antes de conceituarmos a Educação a Distância, é interessante refletirmos sobre o que é educação. Para Maia e Mattar (2007, p. 4), o conceito de educação: [...] pode ser desmembrado nas ideias de ensino e aprendizagem. A educação se realizaria quando um projeto de ensino gerasse aprendizagem: sem aprendizagem, o projeto teria fracassado; sem projeto, haveria aprendizado espontâneo [...] Veja bem, a educação pode ser considerada como parte do processo ensino e aprendizagem, no qual um depende do outro, pois não existe aprendizagem sem ensino nem ensino sem aprendizagem. Todavia, tanto um como outro precisa ser bem planejado, projetado, caso contrário, o aprendizado seria espontâneo, mas não haveria educação, pois esta requer uma intencionalidade. A Educação a Distância, como uma forma de fazer educação de maneira mais atual, ou contemporânea, também faz parte desse processo. www.esab.edu.br 31 A música a seguir, de Gilberto Gil, ilustra um pouco de como vamos nos inserindo nesse novo modo de relação social. Você pode escutá-la clicando aqui. Pela internet Criar meu web site Fazer minha homepage Com quantos gigabytes Se faz uma jangada Um barco que veleja Que veleje nesse informar Que aproveite a vazante da infomar é Que leve um oriki do meu orixá Ao porto de um disquete de um micro em Taipé Um barco que veleje nesse infomar Que aproveite a vazante da infomaré Que leve meu e-mail até Calcutá Depois de um hot-link Num site de Helsinque Para abastecer Eu quero entrar na rede Promover um debate Juntar via internet Um grupo de tietes de Connecticut De Connecticut de acessar O chefe da Mac Milícia de Milão Um hacker mafioso acaba de soltar Um vírus para atacar os programas no Japão Eu quero entrar na rede para contatar Os lares do Nepal, os bares do Gabão Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar Tanto o conceito de educação como a música de Gil levam-nos a refletir sobre a educação como um processo amplo, que na atualidade tem uma característica peculiar, pois pode ser mediada pelas novas tecnologias de www.esab.edu.br 32 informação e comunicação. Você, neste curso, aprenderá sobre os valores da vida acadêmica em EaD e também da futura profissão. Vamos ver agora um conceito de EaD? Maia e Mattar (2007, p. 6) nos dizem que “[...] a EaD é uma modalidade de educação em que professores e alunos estão separados, planejada por instituições e que utiliza diversas tecnologias de comunicação”. Nesse sentido, a EaD apresenta algumas características. Vejamos as principais, destacadas por Maia e Mattar (2007). Separação do espaço A EaD ocorre com a separação geográfica entre o aluno e o professor, isto é, prescinde a presença física. Todavia, essa relação é mediada pelas tecnologias e, em alguns casos, é diversificada com encontros presenciais. No caso deste curso, por exemplo, você terá encontros presenciais sob orientação de um professor tutor. Separação de tempo Uma característica marcante da EaD é a separação temporal, ou seja, os alunos e os professores não precisam estar realizando atividades ao mesmo tempo. Porém, existem alguns cursos de EaD que propõem atividades em que professores e alunos devem estar conectados na mesma hora, interagindo, por exemplo, via chat, videoconferência ou web conferência. Planejamento A EaD é um modalidade de ensino e aprendizagem que necessita ser bem planejada por uma instituição. Esse planejamento prevê a organização do processo de ensino e aprendizagem, ou seja, além de acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos, deve-se incluir o acompanhamento e a supervisão dos professores e tutores. No caso do Ensino Superior, a instituição deve estar credenciada pelo Ministério da Educação. www.esab.edu.br 33 Tecnologias de comunicação Para superar obstáculos entre os alunos e os professores que possam ser impostos tanto pela distância como pelo tempo, a EaD utiliza-se de diversas ferramentas de comunicação. Assim, a relação entre os alunos e os professores passa a ser mediada pela tecnologia. Autonomia e interação As novas tecnologias geram mais interação entre os professores e os alunos, e ao mesmo tempo possibilitam o estudo independente, ou seja, permite a autonomia do aluno no processo de aprendizagem. Você deve ter observado que em diversos momentos falamos de processo de ensino e aprendizagem. Fazemos isso porque entendemos que tanto o ensino (função pontual do professor) como a aprendizagem (função pontual do aluno) acontecem paralelamente. Público A princípio, o público da EaD é ilimitado. Do nosso ponto de vista, a EaD é uma educação inclusiva,pois possibilita que as pessoas que não teriam acesso à educação – seja porque moram em lugares isolados ou por não terem tempo regular para frequentar um curso presencial, impedindo de frequentarem instituições convencionais – encontram nessa modalidade a realização de satisfazer uma necessidade ou sonho de se emanciparem intelectualmente. Você viverá, nestes três anos de graduação, a modalidade de EaD. Nesse contexto, os homens e as mulheres que nasceram depois da década de 1990 contam com uma facilidade, pois nasceram com as novas tecnologias. Para os que nasceram antes, terão o desafio de familiarizarem-se com elas, perdendo o medo de utilizá-las. Isso é interessante, pois vencer desafios é sempre gratificante! www.esab.edu.br 34 Saiba mais Nesta unidade, discutimos brevemente sobre os conceitos e as características da EaD. Para entender um pouco mais sobre essa modalidade de ensino, assista ao vídeo “O que é EaD”, clicando aqui. www.esab.edu.br 35 Resumo Sabemos que você deve ter se empenhado, de fato, para estudar estas seis unidades, afinal elas tratam de questões pertinentes a sua formação. Na unidade 1, você conheceu a história da educação superior no Brasil, como essa proposta educacional foi se constituindo em cada época da realidade brasileira. Iniciamos a viagem do Brasil-Colônia aos dias atuais. Na unidade 2, apresentamos as principais políticas públicas do Ensino Superior no Brasil, que são apresentadas nos seguintes eixos: ProUni, Sinaes, Sisu, Fies, UAB. Na unidade 3, discutimos o papel do aluno no Ensino Superior, destacando a importância do protagonismo, do comprometimento e do planejamento do acadêmico no processo de aprendizagem. Na unidade 4, você conheceu a EaD, sua história no mundo e no Brasil. Aprendeu que, apesar de parecer nova, ela já acontece há muitos séculos. No Brasil, essa modalidade aconteceu mais tarde, todavia, atualmente vem acompanhando sua evolução mundial. Na unidade 5, você conheceu as leis que regem a EaD. No Brasil, podemos considerar como marco a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/1996. Finalmente, na unidade 6, analisamos os principais conceitos e as características da EaD, quais sejam: separação no tempo e no espaço, como ela é planejada, as tecnologias de comunicação como ferramentas, a autonomia do aluno, as interações estabelecidas e o público a que atende. www.esab.edu.br 36 7 As tecnologias de informação e comunicação e a mediação pedagógica em EaD Objetivo Identificar as tecnologias de informação e comunicação e sua relação com a EaD. Vamos dar sequência a nossa interlocução sobre a EaD? Nesta unidade, trataremos de ferramentas indispensáveis para a EaD acontecer: as tecnologias de informação e comunicação! Quando você começou a aprofundar seus estudos sobre a EaD na unidade 4, que tratou da história da EaD no mundo e no Brasil, em certa medida já refletiu sobre as tecnologias utilizadas em cada momento histórico. Você, no processo do curso, deverá saber comunicar-se e buscar informações e selecionar as ferramentas para melhor realizar essas tarefas. Pensando nisso, voltamos à história de como os homens informaram-se e comunicaram-se ao longo dos tempos. Em relação ao uso da tecnologia da informação na educação, inicialmente havia os cursos por correspondência, que utilizavam o material impresso, entregue pelo correio. Com o surgimento do cinema, foram produzidos filmes instrucionais com objetivo educacional. Já o rádio, a primeira tecnologia eletrônica de massa, foi utilizado para transmitir muitas aulas em diversos países. Em seguida, no meio educativo, a tevê tomou o lugar do rádio, sendo ainda muito utilizada para a formação inicial (isto é, relacionada ao Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos) bem como profissionalizante, como é o caso do Telecurso 2000, que é transmitido por muitos canais de tevê aberta. Esse projeto é muito www.esab.edu.br 37 conhecido e prepara estudantes para prestarem os exames supletivos oferecidos pelas Secretarias Estaduais de Educação. Apesar da grande abrangência da tevê, a grande revolução da EaD foi consolidada mundo afora com o advento do computador e da internet. São as ferramentas tecnológicas, cada uma a sua época, que diferenciam a EaD atual da que já foi realizada em cada época desde o seu surgimento, como vimos na unidade 4. Hoje, o computador e a internet contribuem para aumentar as possibilidades de comunicação entre os estudantes, os professores e os tutores com o uso do correio eletrônico, dos fóruns, das listas de discussões e dos ambientes virtuais de aprendizagem. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) favorecem os processos de ensino e a aprendizagem porque transformam a prática pedagógica (professor como mediador e orientador), possibilitam a aprendizagem significativa e contextualizada e favorecem a pesquisa e a maior interação entre os estudantes. Portanto, as novas tecnologias, o uso de teleconferências, as videoconferências, o correio eletrônico, as ferramentas de buscas na internet, as listas de discussão, os fóruns de discussão e diversas outras ferramentas potencializam a EaD na atualidade, pois ela pode utilizar toda e qualquer mídia que sirva de agente mediador, que possibilite o processo de ensino e aprendizagem e a comunicação entre os estudantes, o corpo docente e os gestores das instituições de ensino. Na relação estabelecida entre as tecnologias de informação e comunicação e a educação, em especial a EaD pela internet, configura-se a oportunidade para promover a construção coletiva do conhecimento, já que a internet possui uma elevada capacidade de conectar, integrar, localizar, armazenar e gerenciar informações. No computador, você pode escrever textos, fazer cálculos, construir planilhas e banco de dados; desenhar, manipular imagens, fazer e tocar músicas; jogar, gravar sons e vídeos, assistir a filmes, enfim, pode fazer muitas coisas para enriquecer o seu processo de aprendizagem e auxiliar na construção do conhecimento. www.esab.edu.br 38 Você, que acompanha a evolução dessa ferramenta, sabe que rapidamente passamos do microcomputador para o laptop, depois para o netbook. E mais recentemente temos o tablet, como este que você tem em mãos para acessar o conteúdo do seu curso. Este dispositivo que você utiliza para realizar seu curso é inovador em termos de tecnologias aliadas à educação! Por meio da internet, podemos conectar inúmeros computadores espalhados pelo mundo, gerando uma poderosa rede de recursos e serviços. Atualmente, esse é um meio de informação e comunicação que permite o transporte, em forma digital, de documentos escritos, sons e imagens, além de possibilitar a comunicação entre pessoas e instituições do mundo inteiro. É dessa forma que você vai realizar a sua formação! Na EaD, sua aprendizagem será mediada por essas tecnologias. No Ambiente Virtual de Aprendizagem você estudará os conteúdos, realizará as atividades, poderá interagir com os tutores e professores e com os colegas de curso. Por isso, é necessário que você se organize, dedique um tempo específico para seus estudos e acesse o ambiente virtual sistematicamente; faça as atividades, leia, pesquise. Dica Você pode acessar livros, arquivos de áudio e de imagem que estão em domínio público por meio da biblioteca digital do governo brasileiro. Clique aqui. A internet disponibiliza uma grande variedade de conteúdos para fazer trabalhos, realizar as pesquisas, aprofundar os conhecimentos. De trabalhos acadêmicos a livros, está tudo disponível, basta saber e querer buscar. Por isso, ao longo deste material, você verá como realizar suas pesquisas e qual a relação das tecnologias de informação com o processo de elaboração depesquisas, trabalhos e do seu conhecimento. www.esab.edu.br 39 Um ponto importante para isso é a mediação pedagógica, que na EaD é realizada por meio das tecnologias de informação e comunicação. Você sabe o que isso significa? Por mediação entendemos que há uma intervenção, o que no contexto pedagógico refere-se a intermediar o processo de ensino e aprendizagem. Tradicionalmente, a relação entre o aluno e o conhecimento acontecia exclusivamente pelo professor. Na EaD, isso muda um pouco, pois a distância separa esses dois sujeitos. Mas isso não quer dizer que o professor é completamente dispensável, pois continua sendo necessário planejar as aulas e os conteúdos. Por isso, os materiais, como este que você está utilizando, são frutos de muitas pesquisas e de planejamento para que você possa ampliar seus conhecimentos e horizontes com uma base bem fundamentada. Além disso, o material e as aulas são organizados de maneira que a mediação pedagógica seja feita por intermédio das tecnologias de informação e comunicação. Ou seja, ainda que separados fisicamente, conseguimos desenvolver o processo de ensino e aprendizagem de forma planejada e responsável e viabilizá-lo por meio do uso das TICs. Assim, o papel do tutor torna-se essencial, pois é ele que atende o estudante de modo direto e frequente, garantindo que o processo de ensino e aprendizagem se realize com sucesso. Para isso, ele atua como um intermediário entre professor, conteúdo e aluno no momento de tirar dúvidas e ajudar o aluno a estudar ou até mesmo a organizar-se. Saiba mais Para compreender melhor os conceitos de comunicação e informação, assista ao vídeo “Processo de comunicação”, disponível clicando aqui. www.esab.edu.br 40 8 Características comuns no ensino presencial e em Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA): relação entre o ensinar e o aprender Objetivo Compreender a relação entre o ensinar e o aprender. Dando sequência a nossos estudos, vamos refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem. Quando falamos em ensino e em aprendizagem, logo pensamos em aluno, professor, escola, educação, não é mesmo? O ensinar e o aprender têm relação com a educação. Os índios ensinam suas gerações pelas vivências e pela palavra. A sociedade moderna, industrial, criou a escola como um espaço para educação formal e, nesse modelo, o ensinar e o aprender estão geralmente ligados ao professor e ao aluno. Você já deve ter visto na mídia, ou em bate-papos em diferentes espaços, a crítica feita a alguns modelos de educação mais rígidos ou mais soltos. Mas, veja bem, o que determina o modo de ensinar e aprender é a concepção de educação, ou seja, que tipo de homem a sociedade quer formar. Por exemplo, no Brasil, na época da ditadura, tivemos uma educação mais rígida porque se precisava de homens que aceitassem aquele modo de governar. Com a abertura política, a educação passou a ser mais crítica e o professor e o aluno passaram a ter mais liberdade e até mesmo mais contato. Temos algumas teorias de educação que defendem que o papel de ensinar é do professor e do aluno, aprender. Outras defendem que o professor só www.esab.edu.br 41 orienta aquilo que o aluno quer aprender, e essas são as que dizem que professor e aluno aprendem juntos. Nesse caso, “educar (e ser educado) é um ato de ‘co-laborar’: trabalhar em conjunto” (MAIA; MATTAR, 2007, p. 4) A ideia de que o aluno e o professor são ativos no processo de ensinar e aprender nos parece muito interessante e sensata, porém é importante entendermos que cada um tem funções distintas. O professor, como alguém mais experiente e com formação para a ação docente, organiza e conduz o ensino para que o aluno aprenda de modo ativo, ou seja, o processo de ensino é realizado por meio da mediação do professor, que dá aos alunos as condições para que eles assimilem, de forma ativa e independente, os conhecimentos. O processo de ensino e aprendizagem, nesse sentido, deve ser de participação, isto é, os sujeitos envolvidos – alunos e professores – são responsáveis diretos por promover a assimilação do conhecimento. E esse modo de fazer educação, atualmente, faz parte da proposta tanto da educação presencial como da Educação a Distância, sendo a segunda ainda mais fortemente marcada pela autonomia, pois é definida como uma [...] forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediação de recursos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação. (BRASIL, 1998) Esse novo modo de fazer educação em Ambiente Virtual de Aprendizagem, seja presencial ou a distância, possibilita a ruptura da grande crise da sociedade atual: a crise de participação, da autonomia. A presença das novas tecnologias de informação e de comunicação muda significativamente nossas relações sociais, uma vez que amplia nossos conhecimentos e as informações, além de estar disponível na hora real. Contamos com documentos oficiais, legislação e muitos pesquisadores que se debruçam sobre o ensino em AVA, dentre eles destacamos: Belloni (2001); Maia; Mattar (2007); Palloff; Pratt (2004), todavia Munhoz www.esab.edu.br 42 (2011, p. 31 a 32 ) nos apresenta pontualmente 10 características comuns entre o ensino presencial e em AVA. Para ele a vivência em AVA: • engloba todas as atividades que você iria desenvolver em um campus presencial; • apresenta para seu uso uma infraestrutura altamente coordenada; • proporciona uma estratégia de suprimento de informações (metadados) que você necessita para desenvolver as propostas; • dá privilégio a uma estratégia de incentivo a sua comunicação, dialogo e interatividade com os demais participantes, como diferencial; • oferece uma interoperabilidade entre tecnologias e sistemas pedagógicos que convivem no interior de equipes multidisciplinares, montadas para o desenvolvimento de programas de cursos para lhe dar maior qualidade possível, no mínimo similar aquela que você poderia obter no ensino presencial; • inclui a presença de informações administrativas em profusão, que orientam você na comunicação com todos os demais participantes da estrutura, com destaque para o acesso às suas atividades acadêmicas; • incentiva você a utilizar uma vasta gama de recursos tecnológicos distribuídos, síncronos ou assíncronos, com precisão, inclusive, de encontros presenciais (e-mail, fórum, chat, vídeo, áudio, rádio). • propõe que você tenha suporte e seja direcionado de forma diferenciada de condutismo, que, como novo enfoque, você será orientado a desenvolver a solução de problemas, trabalho colaborativo e aprendizagem independente; • proporciona a você acesso livre a todo o conteúdo colocado à disposição nos repositórios de dados internos e externos (bibliotecas digitais). Na atualidade, é dado preferência ao conceito de que esses recursos educacionais adotem os pressupostos da teoria dos objetos de aprendizagem; www.esab.edu.br 43 • permite que orientadores e acadêmicos monitorem suas atividades de aprendizagem de maneira frequente com retorno de suas comunicações nunca deixando-o sozinho. Essas são condições necessárias que direcionam a qualidade da educação em AVA, todavia não são suficientes para que a aprendizagem ocorra. Por isso, já não é viável olhar a sociedade e a educação com nostalgia, com saudades do que passou, pois os tempos são outros e não podemos retroceder. Além disso, voltar para um tempo em que havia palmatória, castigo e o conteúdo na educação exclusivamente presencial era decorado em vez de assimilado pode não ser muito bom, não é mesmo? Mas muitas pessoas sentem saudades do que passou! E para ilustrar essa nostalgia, que ainda aflige muitaspessoas, convidamos você a ler a letra de música a seguir. Meus tempos de criança Eu daria tudo que eu tivesse Pra voltar aos dias de criança Eu não sei pra quê que a gente cresce Se não sai da gente essa lembrança Aos domingos, missa na matriz Da cidadezinha onde eu nasci Ai, meu Deus, eu era tão feliz No meu pequenino Miraí Que saudade da professorinha Que me ensinou o beabá Onde andará Mariazinha Meu primeiro amor, onde andará? Eu igual a toda meninada Quanta travessura que eu fazia Jogo de botões sobre a calçada Eu era feliz e não sabia (Ataulfo Alves, 2012) Bela essa letra de música, você não acha? Realmente, é muito comum termos muitas saudades de experiências e vivências de nossas vidas. www.esab.edu.br 44 Saudades da infância, da escola, dos professores. E podemos ter saudades! Mas é ingênuo achar que podemos voltar ao que era, concorda? Todavia, não queremos dizer, com isso, que tudo vale nos dias de hoje. Precisamos ter valores éticos em nossas ações e precisamos participar da educação e da sociedade com responsabilidade, a fim de termos instrumentos para desenvolvermos o pensamento crítico em relação ao que vivemos, vemos e ouvimos. Desse modo, podemos lutar por nossos direitos e cumprir eticamente nossos deveres, praticando a cidadania. Acreditamos que a aprendizagem se dá a partir da ação do aluno quando ele se apropria das significações dos conteúdos explicitados pelo professor, que pauta sua prática na reflexão, na descoberta, no questionamento. Por isso, é importante você estudar e procurar aprender mais e fazer seus cursos em uma instituição que tem seriedade no trato com você e com o professor e compreenda essa nossa relação com o conhecimento. Como aluno, você deve ser orientado e ter seu estudo mediado por professores com boa experiência e formação condizente com o nível de ensino em que está. Para ser professor do Ensino Superior, por exemplo, a exigência hoje é que se tenha no mínimo especialização, mas, preferencialmente, que se tenha mestrado e doutorado. www.esab.edu.br 45 Para sua reflexão Estamos estudando sobre a educação, o ensino e a aprendizagem no atual modelo participativo de ensino e aprendizagem. Como você viu, é função do professor auxiliar o aluno a ser ativo e proativo em seus estudos e na apreensão do conhecimento. A proatividade na busca por conhecimento e assimilação do conteúdo, portanto, também faz parte do papel do aluno e é um ponto crucial tanto para nossos estudos na modalidade de Educação a Distância como para a vida profissional. Sabendo disso, como você acredita que desenvolver essa proatividade ajudará você como profissional? Como ser ativo, autônomo e crítico na educação desenvolverá você ainda mais como profissional e cidadão? As respostas a essas reflexões formam parte de sua aprendizagem e são individuais, não precisando ser comunicadas ou enviadas aos tutores. Em síntese, podemos dizer que o processo de ensinar e aprender, na atual conjuntura, não deve banalizar o conhecimento, pois ele é instrumento de ação, de participação. Todavia, os sujeitos desse processo precisam ter autonomia, precisam ser ativos na assimilação e na construção do conhecimento, isto é, tanto o aluno como o professor precisam se comprometer, caso contrário, a aprendizagem dificilmente será efetiva. Portanto, o professor precisa organizar o processo e o aluno participar ativamente das demandas acadêmicas! www.esab.edu.br 46 9 Características do ensino presencial Objetivo Analisar as características do ensino presencial. Podemos iniciar esta unidade dizendo que já conhecemos muito do ensino presencial, pois todos nós o vivenciamos em algum momento de nossas vidas. Ou seja, em alguma fase de nossas vidas, já sentamos nos bancos escolares com um grupo de colegas e com um professor ministrando a aula. Agora, é hora de analisarmos as características desse tipo de ensino que já conhecemos na prática! No ensino presencial, as interações dos alunos com seus colegas e com os professores acontecem face a face. Além disso, o espaço e o tempo são determinados, pois tanto os alunos como os professores precisam ir à escola diariamente por determinado período, sendo que os horários, a quantidade de dias letivos, o número de alunos por sala são definidos por lei. Tradicionalmente, nesse processo de ensino e aprendizagem, o que prevalece são os conhecimentos científicos, que são apresentados pela escola aos alunos de maneira gradativa. Outra característica é que na educação presencial as dúvidas são respondidas imediatamente e, além disso, a interação e a mediação entre os alunos e o professor acontecem de forma mais direta. Os trabalhos em grupo também são facilmente promovidos no ensino presencial. Também podemos destacar que possibilitam relações sociais de gênero, de etnia, de religião, de classe social e de poder. A heterogeneidade entre os alunos se faz presente em sala de aula, pois conta com pessoas com diferentes modos de ser, de agir, de aprender e de pensar. www.esab.edu.br 47 Desse modo, podemos perceber que a escola tem também um forte aspecto social e cultural. Especialmente a partir do vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente, a escola visa transformar-se num espaço democrático da sociedade. Em 1990, esse estatuto determinou que todas as crianças e os adolescentes de sete a quatorze anos, obrigatoriamente, devem estar na escola. Recentemente, com a Lei n° 11.114, de 16 de maio de 2005, tornou-se obrigatória a matrícula das crianças de seis anos de idade no Ensino Fundamental, e a Lei n° 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, ampliou período de duração do Ensino Fundamental de oito para nove anos. Estudo complementar O pesquisador brasileiro Juarez Tarcisio Dayrell analisa a escola como um espaço sociocultural. Em seus estudos, Dayrell apresenta a realidade do cotidiano da escola, especialmente da que atende a juventude. Para saber mais sobre esse assunto, leia o artigo “A escola como espaço sociocultural”, disponível clicando aqui. Bom, podemos sintetizar que as características do ensino presencial, também chamada por Munhoz (2011, p. 32) de “educação formal tradicional” só faz sentido na atualidade a partir da implementação da EaD. Por muito tempo o ensino presencial foi o modelo de educação destinado a pessoas de todas as idades, composto por um prédio, com a presença física de um professor, contato direto com outros alunos da turma e da escola e aula com um tempo definido, entre outros aspectos. Por fim, fechamos esta unidade, cujo foco foram as características do ensino presencial, com um texto do escritor mineiro Bartolomeu Campos de Queiroz (2009). Escolhemos este texto por dois motivos: em primeiro lugar para agraciá-lo com um pouco de arte; e, em segundo, porque em certa medida, ele reflete as questões da escola. Vamos à leitura? www.esab.edu.br 48 Um pensar estrangeiro andou atordoando meu pouco entendimento. Ir para a escola era abandonar as brincadeiras sob a sombra antiga da mangueira; era renunciar o debaixo da mesa resmungando mentiras com o silêncio; era não mais vistoriar o atrás da casa buscando novas surpresas e outros convites. Contrapondo-se a essas perdas, havia a vontade de desamarrar os nós, entrar em acordo com o desconhecido, abrir o caderno limpo e batizar as folhas com a sabedoria da professora; diminuir o tamanho do mistério, abrir portas para receber novas lições, destramelar as janelas e espiar mais longe. Tudo isso me encantava. Escrever, eu já andava rabiscando mesmo antes de entrar para a escola. Escrevia nas paredes do galinheiro, no cimento do tanque ou no passeio da rua. Arranjava um pedaço de carvão, de tijolo, de caco de telha, pedra de cal. Minhas irmãs me pediam para traçar amarelinha no quintal.Eu caprichava. Usava uma vareta de bambu sobre a terra batida. Além de fazer as casas bem quadradas e certas, ainda escrevia os números e as palavras céu e inferno. De tanto as meninas pularem em cima, as palavras se apagavam aos poucos, mas escrever de novo não era sacrifício para mim. Comecei a escrever um nome feio e pequeno, por onde passava. Descontava minha raiva na parede da igreja ou nos muros do cemitério. Escrevia na maior rapidez. Meu irmão, José, ia atrás arrumando minha indecência e desrespeito. Crescia em mim uma inveja grande de sua inteligência. Ele puxava mais uma perninha no u e fazia uma voltinha em outra perna e virava e. Então ele botava um acento, e pronto! A palavra feia e imoral se transformava na palavra ‘céu’. Como havia a palavra céu por todo lado, minha mãe começou a suspeitar de minha vocação religiosa. Atividade Chegou a hora de você testar seus conhecimentos em relação às unidades 1 a 9. Para isso, dirija-se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e responda às questões. Além de revisar o conteúdo, você estará se preparando para a prova. Bom trabalho! www.esab.edu.br 49 10 Características do ensino em Ambiente Virtual de Aprendizagem Objetivo Analisar as características do ensino em Ambiente Virtual de Aprendizagem. Falar das características do ensino em Ambiente Virtual de Aprendizagem torna-se fácil, pois contamos com muitas pesquisas sobre a área, já que é algo não tão novo, embora ainda precise ser aprofundado. A Educação a Distância pela internet é geralmente realizada em um Ambiente Virtual de Aprendizagem. O que isso significa? Um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) é um ambiente educacional que pode ser acessado via internet e conta com diversos recursos tecnológicos de modo que possibilita interações a distância entre o aluno, o professor, o tutor e o conteúdo. Você consegue pensar, nos dias atuais, em um curso que se diz a distância, mas que não utiliza computadores e internet? No início, tivemos cursos que diziam ser da modalidade EaD, todavia, limitavam- se ao estudo de cadernos ou apostilas, aos encontros presenciais com os tutores para estudo e avaliações, à disponibilização de vídeos com as teleaulas e às webconferências, em que os sinais via satélite quase nunca chegavam ou até mesmo aconteciam sem computador e internet. Dica A Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) produz uma revista eletrônica com foco em pesquisa, desenvolvimento e prática de educação a distância chamada Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta a Distância. Você pode acessar os volumes por meio do site clicando aqui. www.esab.edu.br 50 Pode parecer história contada, mas foi real – vivenciamos esse tipo de proposta! Mas é importante destacar que foi com base nessas experiências que os estudos foram realizados e aprimorados nessa modalidade de educação. Já a nova maneira de fazer educação apresenta características peculiares que definem a sua realização. Assim, podemos dizer que o ensino em ambientes virtuais de aprendizagem e, nesse caso, também da educação a distância, apresentam uma série de aspectos que o caracterizam. Esses aspectos são destacados por diversos autores (BELLONI, 2001; MAIA; MATTAR, 2007; PALOFF; PRATT, 2004): • separação geográfica: impossibilita o contato direto entre professor e aluno; • separação temporal: assim como a separação geográfica, não permite o contato ao vivo entre professor e aluno, porém permite encontros mesmo que não seja ao mesmo tempo; • aprendizagem independente: aprender por meio da EaD exige de nós a capacidade de aprender a aprender e aprender a fazer; • tempo e aprendizagem flexível: o estudo em EaD, como você tem visto em seus estudos, é flexível, uma vez que temos autonomia para realizar nossos horários e plano de estudo. Por isso, exige que tenhamos responsabilidade e desenvolvamos consciência sobre nossas capacidades; • organização educacional: cada modalidade de educação influencia de determinada forma o planejamento e a sistematização necessários para apoiar o estudante, sendo que, na EaD, esses aspectos dependem também do próprio estudante; • utilização de ferramentas e técnicas de comunicação: problemas criados por preconceitos ou barreiras impostas por localização geográfica ou situação familiar, econômica ou social que dificultam o acesso à educação podem ser quebrados ou reduzidos por meio do uso de materiais impressos, áudio, vídeo, troca de mensagens, videoconferência etc.; www.esab.edu.br 51 • novo modelo de comunicação entre professor e estudante: o aluno já não é apenas um mero ouvinte, mas tem a possibilidade de tornar-se um debatedor capaz de questionar e criticar os assuntos em vez de apenas receber o conhecimento; • comunicação de massa: com o desenvolvimento tecnológico e dos meios de comunicação, aumentou-se a capacidade de gerar e manter uma comunicação envolvendo um grande número de pessoas, que podem estar distantes tanto temporalmente como geograficamente; • aprendizagem coletiva: todos os envolvidos devem participar do processo de ensino e aprendizagem apoiando uns aos outros, de forma que se pode chegar à construção de comunidades de aprendizagem. Veja você, dentre as inúmeras características do processo de aprendizagem no AVA, também é possível a comunicação em comunidades de aprendizagem com o uso de diversos recursos tecnológicos de forma simultânea ou em horários que forem considerados mais convenientes. Ao estudar em AVA você faz parte de uma comunidade virtual de aprendizagem. Segundo Munhoz (2011, p. 29) a comunicação dos estudantes com a Comunidade de Aprendizagem Virtual (conjunto de pessoas que trabalham de forma colaborativa, que desenvolvem uma intensa comunicação ente si) “[...] será sempre ou na maior parte das vezes no AVA, de forma síncrona ou assíncrona, textual ou em vídeos, com o uso de todos os recursos tecnológicos existentes”. Munhoz (2011) destaca a importância da participação em AVA, pois considera que a qualidade da aprendizagem está diretamente relacionada a esse aspecto. A atuação participativa, ativa, efetiva colaborativa aproxima os participantes, diminuindo assim a distância, consequentemente contribuindo com o processo de aprendizagem. Portanto, é papel fundamental do aluno a participação em AVA, pois é fundamental para o processo de aprendizagem na EaD. www.esab.edu.br 52 Estudo complementar Nesta unidade, vimos uma breve descrição do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Para aprofundar seus estudos sobre essa ferramenta de EaD disponibilizada pelo desenvolvimento da tecnologia da informação e comunicação, faça uma leitura do texto “Tecnologias da informação e comunicação e protagonismo juvenil: o projeto jovens navegando pela cidade”, de Lígia Silva Leite e Rosilãna Aparecida Dias, que apresenta esse recurso voltado para o protagonismo juvenil. Esse texto está disponível clicando aqui. Elencamos as características dos ambientes virtuais de aprendizagem, mas é importante destacar que, ao escolhermos um determinado ambiente para a Educação a Distância, devemos ter conhecimento sobre as implicações dessa escolha e ter objetivos claros para que o processo de ensino e aprendizagem seja de qualidade e, em decorrência, a credibilidade e a seriedade dos cursos oferecidos sejam preservadas. Tarefa dissertativa Caro estudante, convidamos você a acessar o Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a tarefa dissertativa. www.esab.edu.br 53 11 O aluno da EaD Objetivo Descrever as características necessárias para o aluno de EaD. Você é um aluno de EaD, certo? Este material e as atividades do Ambiente Virtual de Aprendizagem são todos pensados para que você possa estudar de forma autônoma, pois você é um aluno virtual,
Compartilhar