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Universidade de Pernambuco Campus Petrolina Colegiado de Enfermagem Disciplina: Semiologia e semiotécnicas de Enfermagem Estudo De Caso Petrolina 2017 Universidade de Pernambuco Campus Petrolina Colegiado de Enfermagem Disciplina: Semiologia e semiotécnicas de Enfermagem Estudo De CasoEstudo de caso realizado em práticas de Semiologia e Semiotécnica em Sala Verde do Hospital Universitário de Petrolina, no período de 12 a 19 de Julho de 2017. Petrolina 2017 Introdução A osteomielite consiste em inflamação e destruição óssea causada por bactéria, micobactéria ou fungo. Os sintomas comuns são dor óssea localizada e sensibilidade com sintomas constitucionais (em osteomielite aguda) ou sem sintomas constitucionais (em osteomielite crônica). O diagnóstico é feito por radiografia e culturas. O tratamento é feito com antibióticos e, algumas vezes, cirurgia. A osteomielite é produzida por: espalhamento contagioso (de tecido infectado ou de prótese articular infectada); organismos nascidos no sangue (osteomielite hematogênica); e ferimentos abertos (por fraturas abertas contaminadas ou cirurgia óssea) Trauma, isquemia e corpos estranhos predispõem à osteomielite, que também pode se formar sob úlceras profundas de decúbito. Cerca de 80% das osteomielites resultam de espalhamento contagioso ou ferimentos abertos, sendo normalmente polimicrobiais. Staphylococcus aureus está presente em 50% ou mais dos casos; outra bateria comum consiste no estreptococo, organismos entéricos Gram-negativos e bactéria anaeróbia. Osteomielite que resulta de espalhamento contagioso é comum em pés (em pacientes com diabetes e doença vascular periférica), locais de osso penetrado por trauma ou cirurgia, locais danificados por radioterapia e ossos contagiosos a úlceras de decúbito, como quadris e sacro. Os fatores de risco em adultos são idade avançada, debilitação, hemodiálise, anemia falciforme e uso de droga IV. A infecção de organismos comuns inclui Staphylococcus aureus e bactéria entérica Gram-negativa (em adultos que são mais velhos, debilitados ou que fazem hemodiálise). Osteomielite tende a ocluir vasos sanguíneos locais, causando necrose óssea e espalhamento local da infecção. A infecção pode se expandir por córtex ósseo e se espalhar sob periósteo, com formação de abscessos subcutâneos que podem drenar espontaneamente pela pele e se desenvolver na osteomielite vertebral, paravertebral ou epidural. Osteomielite crônica produz dor óssea intermitente (meses a muitos anos), sensibilidade e esvaziamento dos sínus. O diagnóstico é feito por: VHS ou proteína C reativa; radiografias, RNM; cultura do osso, do abscesso ou de ambos. O presente trabalho relata um estudo de caso realizado pelas discentes de Enfermagem da Universidade de Pernambuco Campus Petrolina. Este estudo de caso tem como diagnóstico base Osteomielite crônica. O estudo de caso realizou-se durantes as práticas de Semiologia e Semiotécnicas, no período de 12 à 19 de Julho, no setor da Sala Verde do Hospital Universitário de Petrolina. Estudo de Caso da paciente I.A.A Identificação do paciente A paciente I.A.A, de 82 anos e sexo feminino, que chegou ao Hospital Universitário pelo SAMU, se encontra no Box H da sala verde do mesmo. Natural de Santana da Bahia, católica, viúva e agricultora, a mesma agora reside em Sítio Satisfeito, no município de Rajada. Escolaridade não informada. História da doença Na história da doença atual a paciente apresenta dor, edema e drenagem de secreção purulenta na região de cicatriz de cirurgia ortopédica, localizada na região glútea, na região do trocânter femoral esquerdo, com histórico de infecções locais e abcessos. A paciente sofre de hipertensão arterial e diabetes mellitus e nega possuir alergia. Estudo do diagnóstico A paciente apresenta como diagnóstico base osteomielite crônica em ferida cirúrgica realizada a cerca de 4 anos para implantação de prótese femoral. Osteomielite tende a ocluir vasos sanguíneos locais, causando necrose óssea e espalhamento local da infecção. A infecção pode se expandir por córtex ósseo e se espalhar sob periósteo (membrana de tecido conectivo que reveste exteriormente os ossos), com formação de abscessos subcutâneos que podem drenar espontaneamente pela pele e se desenvolver na osteomielite vertebral, paravertebral ou epidural. Os fatores de risco em adultos são idade avançada, debilitação, hemodiálise, anemia falciforme e uso de droga IV. Por a mesma possuir 82 anos de idade e diabetes mellitus, ela possui um risco maior na doença e dificuldade no tratamento. Evolução do paciente A paciente deu entrada no Hospital Universitário de Petrolina no dia 08 de julho deste ano, com queixa de dor e infecção na região de uma cirurgia ortopédica realizada a quatro anos, logo depois, sendo diagnosticada com osteomielite crônica. A paciente permanece calma, em estado regular, com escala de Glasgow em 15, mantendo seus sinais vitais estáveis, extremidades aquecidas, pele normocorada e hidratada. A mesma está restrita ao leito por motivo de lesão. Possui acesso venoso periférico, no membro superior, que é trocado regulamente. Padrão respiratório normal, com ventilação espontânea, sem auxílio de oxigenoterapia e sem secreções respiratórias. Ausculta cardíaca normal, com bulhas normofonéticas em 2T, porém na ausculta respiratória foi diagnosticado a presença de um ronco no ápice do pulmão direito. Avaliação abdominal normal, abdome semigloboso, não tenso e não doloroso, presença de ruídos hidroaéreos. Eliminações vesicais presentes, fazendo uso de fralda. No dia 11 de julho de 2017 a paciente estava com constipação há 7 dias, sendo realizada uma lavagem intestinal. Após essa data, a eliminação intestinal está presente, porém ainda continua desregulada. A paciente possui uma ferida do tipo cirúrgica, contaminada e aberta. Diariamente é realizado limpeza com clorexidina e SF 0,9% e curativo com AGE e hidrocoloide. Vem sendo realizado um exame físico completo da paciente, com ausculta cardíaca e respiratória, avaliação abdominal, avaliação neurológica. Os presentes exames têm a intenção de checar todo o estado físico e mental do paciente, assim como verificar alterações ocorridas de um dia para o outro. A paciente tem começado a ficar agitada e a queixar-se da vontade de querer ter alta hospitalar e voltar a sua residência, evidenciando uma baixa autoestima. Exames realizados Foi realizado apenas um exame de raio x da região do quadril. O diagnóstico dessa patologia é estruturado basicamente pelos achados clínicos, exames de imagem e com o suporte indireto de exames complementares como o VSG (velocidade de hemossedimentação) e a proteína C reativa. Os exames laboratoriais são inespecíficos e devem ser correlacionados com a história clínica, exame físico, epidemiologia do paciente e outros exames complementares. O raio x convencional é importante tanto no momento do diagnóstico quanto no acompanhamento do tratamento. Pode mostrar edema de tecidos moles, redução ou aumento do espaço articular, destruição óssea e alterações do periósteo. A destruição óssea é uma achado tardio, levando geralmente entre 10 e 21 dias para ser detectado após o inicio da infecção. Tanto a ressonância nuclear magnética quanto a tomografia computadorizada mostram com excelente resolução as alterações ósseas características, mesmo quando o raio x convencional ainda está normal. Estudo das medicações Prescrição inicial Cuidados: Controle de sinais vitais, de 6/6 horas Cabeceira elevada, contínuo Medicações em posse do paciente, familiar autoriza a administrar as medicações que fazem uso em seu domicilio, 1x ao dia. Medicamentos: Posologia Dosagem Dipirona injetável2ml 500mg/ml Administrar 1000mg. IV. De 6/6 horas Tramadol 50mg/ml 1ml 0 medic. potenc. perigoso (mpp) Administrar 50mg. EV. De 8/8horas Ondansetrona 2mg/ml. sol. inj 2mg/ml Administrar 1AMP. EV. De 8/8 horas. OBS: fazer 30 minutos antes do tramal Omeprazol 20mg Administrar 20mg. VO. 1x ao dia Enoxaparina 40mg Administrar 40mg. SC. 1x ao dia Captopril 25mg Administrar 25mg. VO. A critério médico. OBS: fazer se pas > 170MMHG e/ou PAD >110 MMHG Prescrição final Cuidados: Controle de sinais vitais, de 6/6 horas Cabeceira elevada, contínuo Medicações em posse do paciente, familiar autoriza a administrar as medicações que fazem uso em seu domicilio, 1x ao dia. Hemoglicoteste, de 6/6 horas Medicamentos: Posologia Dosagem Ciprofloxacino 400mg (2mg/ml) bolsa 200ml Administrar 400mg. IV. De 12/12 horas Dipirona injetável 2ml 500mg/ml Administrar 1000. IV. De 6/6 horas Tramadol 50mg/ml 1ml – medic. potenc. perigoso (mpp) Administrar 60mg. EV. De 6/6 horas Ondansetrona 2mmg/ml. sol inj 2mg/ml Administrar 1 AMP. EV. De 8/8 horas. OBS: Fazer 30 minutos antes do tramal Omeprazol 20mg Administrar 20mg VO. 1x ao dia Enoxaparina 40mg Administrar 40mg. SC. 1x ao dia Captopril 25mg Administrar 25mg. VO, a critério médico. OBS: Fazer se pas >170MMHG e/ou passa >110 MMHG Glicerina 12% clister 500ml 120mg/ml Administrar 500ml. VO. 1x ao dia. OBS: Lavagem se não houver injeções por mais de 5 dias Óleo mineral liquido 100ml Administrar 15ml. VO. De 8/8 horas. OBS: Se não houver dejeções por mais de 3 dias Clindamicina injetável 150mg/ml 4ml 150mg/ml Administrar 600 mg. IV. De 6/6 horas. Dia de administração 3 Insulina regular humana 100µ/ml 10ml-medic-potenc-perigoso Administrar 2, SC, de 6/6 horas. OBS: Conforme HGT. 151-200 2UI 251-300 6UI 351-400 10UI 201-250 4UI 301-35- 8UI >400 12UI Se HGT <70 fazer glicose 03 AMP. EV. Em bolus Ciprofloxacino: Antibiótico utilizado para bactérias Gram negativas. A paciente faz uso deste medicamento por ser portadora de osteomielite crônica, doença que também poderá ser causada por uma infecção bacteriana. Dipirona injetável: Medicamento utilizado no tratamento das manifestações dolorosas e febre. A paciente faz uso pois relata muita dor no MIE. Tramadol: Indicado para analgesia (alívio da dor) de intensidade moderada a grave. Na prescrição final, este medicamento apresentou redução no intervalo de administração, pois a paciente relata muita dor no MIE. Ondansetrona: É uma substância ativa de medicamentos, que possui atividade antiemética. Este medicamento é utilizado para alivio dos efeitos colaterais de outros medicamentos, utilizado na paciente pela quantidade de drogas administradas. Omeprazol: É um medicamento protótipo da classe dos inibidores da bomba de protões, que diminuem a secreção gástrica alterando a atividade da H+/K+-ATPase. A paciente faz uso deste medicamento pela administração em excesso e contínua de medicamentos. Enoxaparina: É um antiacoagulante, de uso injetável muito utilizado no caso de infarto do miocárdio. Captopril: Sua principal indicação é para tratamento de hipertensão arterial e alguns casos de insuficiência cardíaca. A paciente faz uso deste medicamento, pois apresenta hipertensão. Glicerina: Este medicamento é utilizado como auxiliar no pré parto, pré operatório e na lavagem intestinal. A paciente faz uso deste medicamento, pois a mesma apresenta constipação. Óleo mineral: É utilizado em casos de constipação intestinal. Clindamicina: O cloridrato de clindamicina é um antibiótico indicado no tratamento de diversas infecções, entre as quais infecções do trato respiratório superior e inferior, infecções da pele e tecidos moles, infecções da pelve e trato genital feminino e, ainda infecções dentárias. A paciente faz uso deste medicamento pela infecção bacteriana causadora da osteomielite. Insulina regular humana: é uma insulina humana indicada para o tratamento de diabetes. A paciente faz uso deste medicamento, pois possui diabetes mellitus. Sistematização da assistência de enfermagem Foram feitos alguns diagnósticos e intervenções de enfermagem com base no histórico do paciente. Sendo eles: Integridade da pele prejudicada, relacionada à fragilidade da pele e imobilidade evidenciado por lesão do tecido epidêmico e ferida cirúrgica. Deve-se realizar mudança de decúbito em horas preestabelecidas, hidratar a pele, prevenir úlceras por pressão e estimular a circulação; Risco de infecção relacionado à procedimentos invasivos e doenças crônicas. Atentar para presença de sinais flogísticos, implementar cuidados com cateteres e sondas e observar e anotar edemas; Mobilidade física prejudicada relacionada à processo cirúrgico evidenciado a restrições impostas ao movimento. Realizar mudança de decúbito em horas preestabelecidas e promover mecânica corpórea. Mobilidade gastrointestinal disfuncional caraterizada por imobilidade. Restaurar ou manter um padrão regular de eliminação, assegurar um consumo adequado de líquidos e alimentos ricos em fibras e aliviar a ansiedade sobre os padrões de eliminação intestinal e evitar complicações. Dor crônica relacionada à condição pós trauma (infecção), evidenciada pela alteração na capacidade de realizar atividades prévias. Imobilizar a parte do corpo afetada para diminuir a dor; manipular a parte afetada do corpo com muito cuidado para evitar dor, elevar a parte afetada do corpo para diminuir o edema e o desconforto e administrar agentes analgésicos prescritos. Prognósticos Com o tratamento, o resultado para osteomielite costuma ser bom. No entanto, perspectiva de recuperação é menos otimista para pacientes que têm osteomielite crônica. Em casos como esses, os sintomas vêm e vão por anos, mesmo tendo realizado cirurgia de reparação. Algumas vezes, a amputação pode ser necessária especialmente em pacientes com diabetes ou problemas de circulação do sangue. A osteonecrose, é uma condição também conhecida como “morte do osso”, causada pela ausência de circulação de sangue dentro do osso. A paciente portadora de osteomielite crônica, também pode vir a apresentar esta doença. Orientações para alta Orientação ao cliente e familiares sobre autocuidados: Aconselhar o cliente e sua família a aderirem estritamente ao esquema terapêutico de antibióticos; ressaltar a necessidade de prevenção de quedas ou outras lesões passíveis de provocar fraturas Orientar o cliente e sua família a manterem e manejarem o acesso venoso e o equipamento de administração intravenosa Fornecer orientações detalhadas sobre os medicamentos (p. ex., nome do medicamento, dose, frequência, velocidade de administração, armazenamento e manuseio seguros, reações adversas), incluindo a necessidade de monitoramento laboratorial Orientar o cliente sobre a necessidade de observar e relatar qualquer elevação da temperatura, drenagem, odor, sinais de inflamação aumentada, reações adversas e sinais de superinfecção. Cuidado continuado Efetuar uma avaliação domiciliar para determinar a capacidade do cliente e da família de continuar o esquema terapêutico Encaminhar ao serviço de atendimento domiciliar, quando indicado Monitorar o cliente quanto a resposta ao tratamento, surgimento de sinais e sintomas de superinfecção e reações medicamentosas adversas Ressaltar a importância das consultas de acompanhamento de cuidados da saúde e recomendar uma triagem de saúde apropriada para a idade. Conclusão O presente estudo foi de grande importância para a construção de novos conhecimentos, associação da teoria com a prática da disciplina Semiologia e Semiotécnica de Enfermagem. Tal estudo nos proporcionou descobertas, desafios e a importância dos cuidados de enfermagem para uma boa evolução do paciente, assim como o enfermeiro apresenta papel importante na performance do hospital.Referências Manual MSD. OSTEOMIELITE. Disponível em: <http://www.msdmanuals.com/pt/profissional/disturbios-dos-tecidos-conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/infec%C3%A7%C3%B5es-articulares-e-%C3%B3sseas/osteomielite> Acesso em 18 de Julho de 2017. KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran - Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010; GOODMAN, A. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: McGraw - Hill, 2006; Brunner & Suddarth, Manual de enfermagem médico-cirúrgica / revisão técnica Sonia Regina de Souza; tradução Patricia Lydie Voeux. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2015-2017 [recurso eletrônico] / [NANDA International]; organizadoras: T. Heather Herdman, Shigemi Kamitsuru; tradução: Regina Machado Garcez; revisão técnica: Alba Lucia Bottura Leite de Barros ... [et al.]. – Porto Alegre: Artmed, 2015. Classificação das intervenções em enfermagem (NIC) / Gloria M. Bulechek ... [et. al.] ; [tradução de Denise Costa Rodrigues]. - 6. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2016.
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