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A Filosofia de Rudolf Steiner

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A Filosofia de Rudolf Steiner 
 
 
 
Em seu livro “A Filosofia da Liberdade”, diz Steiner: “... portanto, quando o filósofo 
começa a refletir sobre sua relação com o mundo, ele acaba sendo pego por um sistema de 
pensamentos que se dissolvem tão rápido quanto são formados. O processo do pensamento 
é aquele que pede algo além de uma refutação teórica. Nós temos de viver por meio dele a 
fim de entender a aberração a qual ele nos leva e, a partir daí, descobrir a saída”. 
Todas as filosofias merecem um estudo, podem trazer uma visão libertadora quando 
paramos de argumentar a favor ou contra elas. O filósofo é aquele que questiona a 
suposição ingênua de que sua própria visão é igual à visão da realidade de si mesmo (“Os 
Enigmas da Filosofia -1900”). 
“O mundo não pode ser observado a partir de uma posição unilateral de uma cosmovisão, 
de um pensamento. O mundo apenas se desvenda àquele que sabe ser preciso andar ao seu 
redor. Assim como o sol, quando nos baseamos na cosmovisão de Copérnico, passa pelo 
zodíaco para iluminar a terra de doze pontos, também não podemos nos colocar numa 
posição de idealismo, sensualismo, fenomenalismo ou outra cosmovisão que pode ter um 
desses nomes. Temos que estar em condições de andar ao redor do mundo e familiarizar-
nos com essas doze posições (Idealismo, Realismo, Materialismo, Espiritualismo, 
Matematismo, Sensualismo, Racionalismo, Fenomenalismo, Psiquismo, Dinamismo, 
Pneumatismo, Monadismo), a partir das quais podemos observar o mundo (“O Pensamento 
Humano e o Pensamento Cósmico” - GA 151). 
Steiner reformulou suas idéias novamente enquanto reconhecia que estava recuperando 
algo que havia sido entendido em tempos antigos, e sugeria que isso não precisava ser 
perdido na questão unilateral para pontos específicos. A necessidade de repensar 
constantemente está então no coração da Filosofia de Steiner. Ele se opunha profundamente 
ao tratamento mecânico do problema do conhecimento, como se o fato pudesse ser 
solucionado assim como uma câmera tirando uma foto do mundo, sem se envolver nele. 
Para ele, o conhecimento era essencialmente um sistema complexo de vida, uma atividade 
humana e isso predizia nosso compromisso com um mundo para o qual, em um nível mais 
complexo, pertencíamos profundamente: o mundo que nos deu a nossa organização como 
seres inteligentes. Nossa consciência de um mundo “externo” é, para ele, não uma 
contradição estranha na composição das coisas, mas uma característica enigmática da nossa 
relação com nosso ambiente, que será solucionada com a ajuda de conceitos de forma, de 
desenvolvimento e de uma noção mais profunda da evolução. 
Da época de seu trabalho pioneiro sobre os escritos científicos de Goethe, defendendo 
diferentes interpretações de cor e de crescimento biológico referentes às teorias 
materialistas de sua época, Steiner encontra-se na vanguarda de muitos dos avanços sobre o 
entendimento da estrutura e da forma, tão importantes no pensamento moderno. No início 
de seu trabalho ele viu a necessidade de estabelecer uma base epistemológica sobre a qual 
está a ciência de Goethe em “A Obra Científica de Goethe”. Ele esboçou as implicações 
dessas idéias para as Ciências Físicas, Biológicas e Humanas, de forma que ele já oferece 
um vislumbre da direção que seu trabalho tomaria após a virada do século. 
O conhecimento é descrito por Steiner como um processo e uma relação. Ele rejeitava 
qualquer tipo de visão “metafísica” do conhecimento, baseado na idéia de que podemos, de 
alguma forma, ficar de fora de nossa posição de envolvimento com o mundo. De uma 
forma mais simples, conquistamos a objetividade, não por ficar de fora de nossa 
perspectiva como conhecedores para ver o que as coisas “realmente são”, mas pelo 
entendimento do ângulo de que nossa visão está do lado de dentro e também das condições 
que ela envolve. 
A filosofia resultante rompeu com as antigas tradições do Idealismo e Materialismo, bem 
como chegou a um novo modo de pensamento, uma nova visão “antroposófica” da natureza 
humana na direção de um novo mundo inter-relacionado. 
“O resultado dessas investigações é que a verdade não é, segundo o que é suposto, o reflexo 
de idealizar algum objeto real, mas algo produzido livremente pela mente humana e não 
existiria de modo algum, se não a trouxéssemos à tona. A tarefa do conhecimento não é 
recapitular na forma de conceitos o que nos é dado de uma outra forma, mas sim criar um 
domínio totalmente novo que, quando agrupado com o mundo apresentado pela percepção 
do sentido, produz, pela primeira vez, a realidade completa. Desse ponto de vista, o modo 
mais elevado da atividade humana - a atividade criativa da mente - adapta-se 
organicamente ao processo completo dos eventos cósmicos. Nessa atividade, o processo do 
mundo não poderia ser compreendido como algo total e completo em si. O ser humano não 
é um observador preguiçoso frente ao espetáculo do mundo, imitando em seu espírito o que 
está acontecendo no universo sem se envolver; ele é um participante ativo em um processo 
criativo cósmico e seu conhecimento é, na verdade, a parte mais evoluída do organismo do 
universo”. 
 
Steiner, Warheit Wissens (Dornach, 1980) pp.11-12.

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