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Impactos da Chegada da Família Real na Educação

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Aula 4 - A Chegada da Família Real ao Brasil: Impactos na Educação
Napoleão Bonaparte: o nome deste general francês ecoava com força e provocava temor em muitos dos reis absolutistas na Europa nos primeiros anos do século XIX. Você sabe por quê?
Bonaparte havia tomado o poder na França em 1799 e tinha como um dos objetivos, na sua escalada militar, tornar o seu país o maior Império que o mundo já tinha conhecido. Sob os símbolos da bandeira tricolor francesa, o hino revolucionário da “marselhesa” e o lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” o exército napoleônico praticamente não possuía um adversário à altura que o impedisse de avançar, invadir, derrotar e dominar aqueles países que se colocavam à frente de seus planos.
O imperador francês representava a França e os ideais liberais e burgueses que caracterizavam a revolução de 1789. As vitórias francesas nas chamadas “guerras napoleônicas” atendiam aos interesses de expansão territorial bem como de uma nova ideologia burguesa, cujos princípios estavam delineados no documento “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”.
Na visão de Napoleão havia um grande inimigo a ser derrotado: a Inglaterra. A Inglaterra foi berço da Revolução Industrial no século XVIII e era a “grande fábrica” da Europa, produzindo em larga escala produtos têxteis e comercializando uma série de outros, que os fazia economicamente a nação mais poderosa  do mundo. Como parte da sua estratégia de enfraquecer a economia inglesa, Napoleão Bonaparte decretou o chamado Bloqueio Continental, que proibia os países do continente europeu de comercializarem com a Inglaterra. Assim, sem o seu principal mercado consumidor, a Inglaterra reduziria os seus lucros, abrindo espaço para a nascente manufatura francesa. Para aqueles países que desobedecessem ao Bloqueio Continental, Napoleão ameaçava com a invasão de seu exército e a destituição da dinastia absolutista até então no poder. Portugal e Espanha, dois tradicionais aliados comerciais da Inglaterra, se recusam a aderir ao bloqueio imposto por Napoleão e, em resposta, o imperador francês cumpre a promessa, invadindo a Península Ibérica e depondo as monarquias absolutistas que ali governavam.
No caso específico da invasão francesa a Portugal, um fato, talvez inédito, ficou marcado na história: orientado por representantes do governo inglês, o príncipe-regente D. João decidiu não enfrentar o exército francês e executou uma retirada estratégica. Em 1807, ao som dos canhões e das baionetas dos soldados franceses, a Família Real e a Corte Portuguesa deixaram Lisboa. Embarcados em vários navios, levaram consigo alguns mantimentos, livros e toda a riqueza que puderam carregar. Vencendo uma longa travessia do Atlântico e uma viagem conturbada, D. João chega ao Brasil em janeiro de 1808. Começava aí, um dos capítulos mais importantes da cultura e da história da educação brasileira.
A primeira medida de D. João no Brasil foi a abertura dos portos às nações “amigas”. Esta medida foi de crucial importância para reverter a condição do Brasil como colônia de Portugal, pois rompe o monopólio de comércio da metrópole portuguesa, até então existente, caracterizado no chamado Pacto Colonial. A partir de então, todos os países poderiam negociar livremente em portos brasileiros, desde que respeitando as alíquotas de impostos estabelecidas pelo príncipe regente D. João VI.
As transformações políticas e econômicas vieram acompanhadas de uma série de iniciativas no campo da cultura e da educação que também tiveram um caráter ineditismo na então estagnada sociedade colonial brasileira
Criação da Imprensa Régia (1808) ( A importação de máquinas permitiu, pela primeira vez, a impressão oficial e a circulação de ideias na Corte do Rio de Janeiro. No mesmo ano, surgiu o primeiro jornal impresso no Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro.
Criação de uma Biblioteca ( Com os quase 60 mil volumes trazidos nos navios que trouxeram a Família Real e a Corte Portuguesa para o Brasil. Aquela biblioteca daria origem à futura Biblioteca Nacional, localizada no Rio de Janeiro, hoje uma das maiores bibliotecas do mundo.   
Criação do Jardim Botânico (1810) ( Com a sua extensa variedade de exemplares da flora tropical atraiu uma série de pesquisadores e estudiosos estrangeiros interessados no estudo da botânica.
A Missão Cultural Francesa (1816) ( Teve como principal destaque o artista Jean Baptiste Debret, que através das suas telas retratou modos e costumes da vida urbana da cidade do Rio de Janeiro.
Criação do Museu Real (1818) ( Mais tarde daria origem ao Museu Nacional
Na educação, o príncipe regente D. João VI preocupou-se em criar algumas escolas de ensino superior visando atender as necessidades de instrução dos filhos da nobreza e da aristocracia brasileira. De acordo com Maria de Lourdes de Albuquerque de Fávaro: “Estas escolas tiveram duas características marcantes: primeiramente, apresentavam um nítido caráter profissionalizante, e, em segundo lugar, foram criadas e organizadas como um serviço público, mantido e controlado pelo Governo, visando à preparação de pessoal para desempenhar diferentes funções na Corte. Daí ter-se tornado quase lugar comum a afirmativa que as primeiras escolas superiores brasileiras nasceram e se estruturaram com um caráter nitidamente prático e imediatista”.
O ensino elementar ainda estava sofrendo os efeitos da reforma pombalina, ou seja, os chamados mestre-escola ministrando aulas-régias, laicas, com pouca ou quase nenhuma estruturação ou sequência lógica de conhecimentos. Mesmo em vista desta situação precária na educação brasileira, segundo Fernando Azevedo, a transmigração da Família Real Portuguesa para o Brasil se constituiu um marco na história do ensino brasileiro.

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