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TEXTO_5_VALORES E REFLEXÕES

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA 
 
ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL 
 
 
TEXTO 5 – VALORES E REFLEXÕES 
_________________________________________________________ 
Sérgio Oliveira 
 
Você já percebeu que os valores morais de uma cultura não são naturais, apesar de assim parecerem 
para muitos. Eles são construídos. Os valores morais são aqueles que regulam a convivência dos integrantes de 
uma cultura, estejam eles codificados em seus grandes livros ou fazendo parte de seu senso comum. Também 
vimos que a ética é a disciplina que reflete sobre os caminhos e os descaminhos dos valores da nossa cultura 
Você também já deve ter ouvido falar que vivemos hoje uma sociedade de moral individualista, onde a 
competição é a palavra de ordem e onde o culto ao sucesso pessoal se tornou um valor máximo. Contudo, para 
não ficarmos paralisados num pessimismo fatalista, é bom lembramos de exemplos muito relevantes na 
contramão dessa tendência. Afinal, ao lado do imenso individualismo incentivado hoje em nossa cultura, registra-
se também o desenvolvimento de resistências a essa cultura, as quais tomam a forma de grupos comunitários 
reunidos em prol da qualidade social da vida e da luta por direitos continuamente desrespeitados. 
É interessante aqui você procurar observar que o processo de conscientização em torno da necessidade 
desses valores de cooperação não se completa antes da ação: ele ganha corpo durante as ações comunitárias 
desenvolvidas, ou seja, à medida que estas são concretamente vivenciadas pelo grupo e refletidas por seus 
integrantes, através da atitude dialógica. Também é importante perceber que a reflexão que move os integrantes 
de tais grupos surge da prática, devendo retornar a ela sempre para que o discurso de intervenção não se torne 
engessado em torno de uma visão desligada dos obstáculos e dos impasses que continuarem a ser registrados. 
Obstáculos e impasses não nos deveriam fazer descrer do valor da resistência; devem, sim, alimentar novas 
reflexões e novas pesquisas da literatura sobre os desafios encontrados. 
A este tipo de laço social criado entre atores sociais que se reúnem por conta da eleição de valores 
comuns chamaremos solidariedade orgânica. Ele difere muito da simples solidariedade mecânica. Leia o 
pequeno excerto abaixo do livro escrito pela Professora Ana Bock e seus colegas que ilustra, de maneira muito 
bem sucedida, tais processos grupais de resistência, expressos na forma de redes tecidas em torno de ideais 
compartilhados. 
A nossa vida cotidiana é demarcada pela vida em grupo. Estamos o tempo todo nos relacionando com 
outras pessoas. Mesmo quando ficamos sozinhos, a referência de nossos devaneios são os outros: pensamos 
em nossos amigos, na próxima atividade – que pode ser assistir à aula de inglês ou realizar nova tarefa no 
trabalho (que, provavelmente, envolverá mais de uma pessoa); pensamos no nosso namoro,em nossa família. 
Raramente encontraremos uma pessoa que viva completamente isolada, mesmo o mais asceta dos eremitas 
levará, para o exílio voluntário, suas lembranças, seu conhecimento, sua cultura. (...) 
Talvez seja por isso que nossas vidas encontram sempre uma certa regularidade, que é necessária para 
a vida em grupo. (...) 
(...) As pessoas vivem, em nossa sociedade, em campos institucionalizados. Geralmente moram com 
suas famílias, vão à escola, ao emprego, à igreja, ao clube; convivem com grupos informais, como o grupo de 
amigos da rua, do bar, do centro acadêmico ou grêmio estudantil etc. Em alguns casos, a institucionalização nos 
obriga a conviver com pessoas que não escolhemos. Quando conhecemos nossa primeira classe no ensino 
médio ou na universidade, descobrimos que vamos conviver com um grupo de 20, 30 ou 40 pessoas com as 
quais – como geralmente acontece – não tínhamos nenhum contato. A essa forma de convívio que independe da 
nossa escolha chamamos solidariedade mecânica. A afiliação a um grupo independe da nossa vontade no que 
diz respeito à escolha de seus integrantes. A solidariedade orgânica é a forma de convívio na qual nos afiliamos 
a um grupo porque escolhemos nossos pares. É o caso do grupo de amigos que se reúne nos finais de semana 
para jogar futebol ou que decide formar uma banda. A afinidade pessoal é levada em consideração para a 
escolha do grupo. Nos grupos em que predomina a solidariedade mecânica, geralmente formam-se subgrupos 
que se caracterizam pela solidariedade orgânica, como é o caso das “panelinhas” em sala de aula ou do grupo 
de amigos em uma fábrica ou um escritório. 
(...) O grupo se caracteriza pela reunião de um número de pessoas (que pode variar bastante) com um 
determinado objetivo, compartilhado por todos os seus membros, que podem desempenhar diferentes papéis 
para a execução desse objetivo. 
 
BOCK, Ana Mercês Bahia et al. Psicologias: Uma Introdução ao Estudo da Psicologia, 14ª. ed.. São Paulo: 
Saraiva, 2008, p. 220 e 228.

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