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Resumo N2 O Édipo responde a duas questões: Como se forma a identidade sexual de um homem e uma mulher; Como uma pessoa torna-se neurótica. A identidade sexual de todo homem ou mulher tem como ponto de partida o complexo de Édipo e é por isto que o que se encontra na clínica, sob esta ótica, são pessoas adultas sofrendo, não raras vezes, pelas vicissitudes de um complexo não liquidado e que retorna à consciência, de forma compulsiva e repetitiva. Dissolução do Complexo de Édipo O complexo de Édipo é a representação inconsciente pela qual se exprime o desejo sexual ou amoroso da criança pelo genitor do sexo oposto e sua hostilidade para com o genitor do mesmo sexo. Essa representação pode se inverter e exprimir o amor pelo genitor do mesmo sexo e o ódio pelo do sexo oposto. Será, por volta dos cinco anos, com o complexo de castração que, no menino, o complexo desaparecerá: o menino reconhece a partir de então na figura paterna o obstáculo à realização de seus desejos, abandona o investimento na mãe e passa para uma identificação com o pai, que lhe permitirá, na vida adulta, outra escolha de objeto e novas identificações: ele se desliga da mãe (desaparecimento do complexo de Édipo) para escolher seu próprio objeto de amor. - O menino sai do Édipo através da angústia de castração, por seu lado, a menina ingressa nele pela descoberta da castração e pela inveja do pênis e, nela, o complexo se manifesta pelo desejo de ter um filho do pai. - nos dois sexos a mãe é o primeiro objeto de amor, o elemento comum e primeiro. LIBIDO designa a manifestação da pulsão sexual na vida psíquica Definindo a sexualidade humana em geral e a infantil em particular. Causalidade psíquica (neurose), Disposição polimorfa (perversão), Amor próprio (narcisismo) e sublimação - A sublimação é um processo que ocorre na libido objetal e consiste no fato de a pulsão se lançar em direção à outra meta, situada em um ponto distante da satisfação sexual. O surgimento da transferência A transferência seria um fragmento da repetição e esta é uma transferência do passado. - Um processo inconsciente no qual o sujeito se sente compelido a repetir atos, ideias, pensamentos e sonhos que, na sua origem, foram geradores de sofrimento. - A repetição é a forma de o paciente recordar, ainda que sob o signo da resistência, daquilo que lhe é mais difícil. - O ANALISTA DEVE UTILIZAR A INTERPRETAÇÃO PARA PODER IDENTIFICAR AS RESISTÊNCIAS E TORNÁ-LAS CONSCIENTES AO PACIENTE Será o manejo da transferência que permitirá que se transforme a compulsão à repetição num motivo para recordar: A transferência cria, assim, uma região intermediária entre a doença e a vida real, através da qual a transição de uma para outra é efetuada. A identificação da transferência permite um manejo técnico onde o analisando terá a oportunidade de romper com a repetição, ou ao menos refletir sobre a iminência da repetição. Existem situações em que o paciente não recorda o que esqueceu e reprimiu, mas o expressa pela atuação. Ou seja, ao invés de recordar, o paciente age, sem saber o que faz ou porque faz. É a partir das reações repetitivas através da transferência, que é possível percorrer ao longo dos caminhos familiares até o despertar das lembranças, que aparecem após a resistência ter sido superada. No caso Dora: No pós-escrito do caso, numa nota de rodapé, a auto-crítica: “Parece-me que a minha falha esteja nesta omissão: não consegui descobrir a tempo nem informar à paciente que seu amor homossexual (ginecofílico) pela Sra. K. era a corrente inconsciente mais poderosa de sua vida mental”. A DESCOBERTA DO NARCISISMO NARCISISMO – estágio necessário entre o autoerotismo e o amor objetal. A constituição do EGO está relacionada com o Narcisismo. Os dois narcisismos: primário e secundário Primário: estado precoce em que a criança investe sua libido em si mesma. Secundário: retorno ao ego da libido retirada dos seus investimentos objetais. Reconhecer que há um investimento libidinal no eu leva à ideia de que estão presentes na constituição deste diferentes energias psíquicas e que a passagem do estado do auto-erotismo para o narcisismo se dá quando se acrescenta ao auto-erotismo o eu, ou seja, quando este último passa a ser o objeto de amor. Esta libido dirigida ao eu é a mesma energia que se dirige para os objetos. Trata-se nos dois casos da manifestação da mesma pulsão sexual, só que agora compreendida como capaz de investir em diferentes objetos: O PRÓPRIO EU E OS OBJETOS EXTERNOS. A libido narcísica pode Ter um importante papel no desenvolvimento normal do ser humano. O retorno e o represamento da libido no eu, num grau mais elevado, são experimentados como desagradáveis pelo sujeito, impelindo-o a ultrapassar os limites deste narcisismo e ligar-se a outros objetos – é assim que se processaria a transformação da libido narcísica em libido objetal ou, a passagem do narcisismo primário para a relação objetal propriamente dita. Poderíamos assim considerar a palavra ‘RETORNO’ como tendo um duplo sentido: - Primeiro porque a libido desloca-se dos objetos para o próprio eu - se o seu destino natural e normal deve ser os objetos, a ideia de retorno tanto estaria ligada à noção de patologia (uma perversão, por exemplo) quanto de um caminhar para trás, retorno igual a movimento na direção contrária e esta conotação se referiria ao narcisismo secundário. - Um segundo sentido tomaria a palavra retorno focalizando o eu não só como seu ponto de partida, mas como também alvo inicial (original) deste investimento, este seria o narcisismo primário. O narcisismo primário que supomos existir na criança, vemos nos pais uma revivescência de seu próprio narcisismo, ao serem afetuosos com seus filhos. Os pais atribuem à criança todas as perfeições e tendem a encobrir os defeitos dela. “A criança deve satisfazer os sonhos e os desejos nunca realizados dos pais. (...) O comovente amor parental, no fundo tão infantil, não é outra coisa senão o narcisismo renascido dos pais, que, ao se transformar em amor objetal, acaba por revelar inequivocamente sua antiga natureza.” EU IDEAL – a mãe. IDEAL DE EU – identificações posteriores (“O desenvolvimento do eu consiste em um processo de distanciamento do narcisismo primário (...) que ocorre por meio de um deslocamento da libido em direção a um ideal-de-eu que foi imposto a partir de fora, e a satisfação é obtida agora pela realização desse ideal.”) - A auto-estima se compõe de três partes: Uma primária, resíduo do narcisismo infantil; Outra da realização do ideal-de-eu; A terceira da satisfação da libido objetal. O ideal-de-eu é o que permite levar a satisfação libidinal aos objetos. Quando esse ideal não se constitui dessa forma, a vertente sexual se incorporará à personalidade do sujeito na forma de perversão, querendo assim, alcançar seu próprio ideal. Castração Tanto quanto o complexo de Édipo é a representação psíquica de uma experiência, o complexo de castração também diz respeito a uma experiência psíquica vivida inconscientemente pela criança, por volta dos seus cinco anos de idade e que tem peso decisivo no tocante à identidade sexual. COMPLEXO DE CASTRAÇÃO (MEDO EM RELAÇÃO AO PRÓPRIO PÊNIS NO MENINO INVEJA DO PÊNIS NA MENINA). - É neste momento que a criança reconhece, tomada pela angústia, a diferença sexual, ou seja, que o mundo é composto por homens e mulheres e que o corpo tem seus limites e, para o menino, isto significa que, apesar de possuir o pênis, este não lhe permitirá realizar seussonhos e desejos sexuais com sua mãe, pois até então vivia na ilusão da onipotência. É uma experiência re-vivida - inconscientemente - ao longo de toda a existência. O complexo de castração para o menino assinala a saída do complexo de Édipo e a identificação com o pai (ou seu substituto). A consequência da constatação da diferença sexual está relacionada à rememoração ou atualização de ameaça de castração - ouvida ou fantasiada - quando por ocasião de atividades masturbatórias e é o pai o agente desta ameaça. O complexo de castração na menina passa-se de maneira distinta, pois é sob o efeito deste complexo que ela entrará no complexo de Édipo e se afastará da mãe, pois a esta última é atribuída a culpa pela privação do pênis. Afasta-se do objeto materno e orienta-se para o desejo do pênis paterno e de sua própria heterossexualidade. Além da importância deste conceito para a clínica - no que diz respeito ao diagnóstico e à direção de um tratamento psicanalítico -, o complexo de castração tem sua implicação na ordem cultural e social na medida em que nele estão representadas, junto com o complexo de Édipo, questões sobre a instituição das leis e proibições que regulam as relações e organizações humanas. Neurose, psicose e perversão Para uma neurose o fator decisivo seria a predominância da influência da realidade, enquanto para uma psicose esse fator seria a predominância do id. Na psicose a perda de realidade estaria necessariamente presente, ao passo que na neurose, segundo pareceria, essa perda seria evitada. Tanto a neurose quanto a psicose são, pois, expressão de uma rebelião por parte do id contra o mundo externo, de sua indisposição - ou, caso preferirem, de sua incapacidade - a adaptar-se às exigências da realidade. NEUROSE Laplanche e Pontalis definem a neurose como uma “afecção psicogênica em que os sintomas são a expressão de um conflito psíquico que tem raízes na historia infantil do sujeito e constitui compromissos entre o desejo e a defesa”. A neurose advém como resultante de um mecanismo de defesa contra a angústia e de uma formação de compromisso, entre esta defesa e a possível realização de um desejo. Este desejo - e sua proibição - é aquele à que se refere o complexo de Édipo e o complexo de castração. Na neurose há um conflito entre o ego e o id, coexistindo, interna e inconscientemente, tanto impulsos que exigem satisfação quanto moções que levam em conta a realidade. Os estudos iniciais de Freud sobre as neuroses ficaram marcados pela distinção que ele fazia entre as chamadas neuroses atuais e as psiconeuroses. Neurose atual: ele afirmava que a principal causa atuante na origem de toda neurose repousa sobre a vida sexual do paciente, afirmação que viria a constituir-se como pedra fundamental para toda a estruturação da psicanálise. Necessidade de se classificarem os casos de neurose - a partir do diagnóstico feito com base em um cuidadoso exame da sintomatologia - em dois grandes grupos: o da neurastenia e o da psiconeurose (histeria e obsessões), existindo ainda a ocorrência, muito frequente, de casos em que os sintomas de ambos os grupos aparecem combinados. Nos casos de NEURASTENIA, era possível, segundo Freud, chegar-se, a partir da anamnese, à descoberta do fator etiológico, presente na vida sexual do paciente, que teria dado origem à doença. Isto porque este fato deveria fazer parte de sua vida atual ou do período posterior à maturidade sexual. Nas PSICONEUROSES, constatou Freud, uma anamnese deste tipo não traria resultados. Embora o fator etiológico certamente se encontrasse vinculado à vida sexual, o paciente não seria capaz de conhecer tal vinculação: “Por um curioso trajeto circular (...) é possível chegar a um conhecimento dessa etiologia e compreender porque o paciente foi incapaz de falar-nos qualquer coisa a respeito. Pois os eventos e influências que estão na raiz de toda psiconeurose pertencem não ao momento presente, mas a uma época de vida há muito passada, que é como se fosse uma época pré histórica - à época da infância inicial; e eis porque o paciente nada sabe deles. Ele os esqueceu - embora apenas em um certo sentido.” 1915 – Neuroses atuais 1924 – Neuroses atuais Classificações contemporâneas: afecções, psicossomáticas, novos sintomas PSICONEUROSES A principal diferença entre as neuroses atuais e as psiconeuroses podia ser estabelecida por meio da etiologia: enquanto as primeiras eram tidas como consequência, por interferência química, de impedimentos da satisfação sexual na vida atual, as psiconeuroses eram vistas como consequência de fixações e desvios da libido na infância. PSICOSE Freud julgava a psicose quase sempre incurável e este era um dos motivos pelos quais não se dedicava ao seu tratamento. Definiu a psicose como um distúrbio entre o ego e o mundo externo; no contexto da segunda tópica e com o desenvolvimento da teoria do narcisismo, a psicose foi explicada a partir da reconstrução de uma realidade alucinatória na qual o sujeito fica unicamente voltado para si mesmo, numa situação sexual auto-erótica em que toma literalmente o próprio corpo (ou parte deste) como objeto de amor (sem alteridade possível). Portanto aqui a castração, enquanto experiência psíquica, não pode ser experienciada. PERVERSÃO Tanto quanto na psicose, Freud caracterizou a perversão a partir de uma clivagem do ego, em que coabitam duas realidades distintas: a recusa e o reconhecimento da ausência do pênis na mulher. Assim, a perversão surge como renegação ou desmentido da castração, aliada à fixação da sexualidade infantil; trata-se dos efeitos sobre o sujeito da confrontação com a diferença sexual, existindo tanto no homem quanto na mulher. Transferência Neuroses Neuroses Narcísica Neuroses Narcísicas Psicose Perversão Psicose ORAL Narcisismo Primário ID Foraclusão Psicose ANAL Narcisismo Primário EGO Desmentida Perversão Princ. de prazer e de realidade. FÁLICA Narcisismo Secundário SUPER EGO Recalque Neurose COMPLEXO DE ÉDIPO Lei função paterna = castração, limite. CONSIDERAÇÕES SOBRE O OBJETIVO E O FINAL DE UMA ANÁLISE Uma análise se inicia e se mantém ao longo do tempo quando e se aquele que a procura apresente uma queixa. É preciso que se mostre, enfim, queixoso quanto ao sofrimento que seus sintomas lhe trazem e que aspire a algum tipo de mudança. CURA == para a psicanálise, os sintomas são a expressão de um conflito inconsciente, uma luta entre o ego e um sofrimento inconsciente, por isto qualquer noção de cura que carregue a expectativa de eliminação ou desaparecimento dos sintomas não se justifica numa perspectiva psicanalítica. Será através da relação transferencial, em que o analista/terapeuta será incluído como testemunha deste sofrimento que se pode, psicanaliticamente falando, trabalhar para que as mudanças nas relações subjetivas com o mundo e consigo mesmo possam ocorrer. A análise visa induzir o paciente a abandonar as repressões e substituí-las por reações de um tipo que corresponda a uma condição psiquicamente madura. O objetivo de uma análise pode ser pensado como Freud o colocou em termos de uma reorganização ou ampliação do ego em benefício do id, na medida em que a escuta analítica, através da relação transferencial, serve de palco para o jogo de forças pulsionais que não desaparecerãoao fim de uma análise, mas se poderá dizer de uma experiência mais abrandada de seus efeitos na vida dos sujeitos. Psicologia das massas Será a relação - ou o investimento libidinal - com o líder uma espécie de protótipo das relações dos membros entre si e disto resulta um aspecto fundamental deste momento no pensamento freudiano, a saber, o desenvolvimento da teoria da identificação. De um lado tem-se a teorização de como a relação entre os membros se dá justamente pela identificação com o líder e, por outro lado, surge a distinção entre o ego e o ideal do ego (predecessor do superego). Os indivíduos têm no líder um objeto externo que ocupa o lugar de ideal do ego, assim como, identificam-se entre si por causa desta identificação ao líder, na qual a dimensão sexual seria sublimada. - Mesmo sozinho (ou seja, fora de algum grupo psicológico), no indivíduo há sempre a presença do outro, pondo o social em questão na clínica psicanalítica. IDENTIFICAÇÃO A identificação da qual se trata em psicanálise refere-se à situação em que o sujeito confunde-se com outra pessoa, mas esta confusão não é percebida conscientemente pelo sujeito, na medida em que não tem o mesmo caráter de uma imitação ou de um disfarce. Nestes casos - da imitação ou do disfarce - sabe-se que se parece com um outro, mas isto não se confunde com o que se é. No caso da identificação propriamente dita - inconsciente - há um completo desconhecimento por parte do sujeito de que se atribuiu características de outro(s). A identificação é conhecida pela psicanálise como a mais remota expressão de um laço emocional com outra pessoa. Ela desempenha um papel na história primitiva do complexo de Édipo. A IDENTIFICAÇÃO HISTÉRICA, a primeira a ser delineada, é aquela que se encontra mais visível no sintoma, isto porque através das manifestações histéricas exprime-se o elemento inconsciente a partir do qual ocorreu a identificação e o sintoma funciona como uma defesa contra os impulsos e fantasias sexuais que lhes são correlatos. A IDENTIFICAÇÃO PRIMÁRIA é aquela que antecede, em termos de estruturação do psiquismo, o estabelecimento de relações de objeto, e está relacionada aos primeiros investimentos no objeto, do qual o sujeito se torna dependente. Ela está estreitamente ligada à fase oral de incorporação, realçando aí a não diferenciação entre sujeito e objeto. As identificações que se sobrepõem a esta identificação primária e têm sua ocorrência posterior ao estabelecimento de uma relação objetal, são chamadas IDENTIFICAÇÕES SECUNDÁRIAS. O que as diferencia radicalmente é o fato de que na identificação primária ocorre uma modalidade de ligação com o objeto que supõe uma total alienação do sujeito neste, de tal forma que a imagem de um deveria ilusoriamente corresponder à imagem do outro. Na identificação secundária este tipo de ligação é abandonado a partir das trocas com o meio, nas quais o sujeito substitui a identificação e o desejo de posse do objeto pela identificação com alguns traços do objeto, que vão formando sua personalidade. - No artigo CONSTRUÇÕES EM ANÁLISE Freud irá discorrer a respeito do “sim e não” dos pacientes, isto é, da avaliação destes a respeito das construções durante o tratamento analítico. O analista completa um fragmento da construção e o comunica ao sujeito da análise, de maneira que possa agir sobre ele, em seguida constrói outro fragmento a partir do novo material, lida com este da mesma maneira e prossegue desse modo alternado até o fim. A ‘construção’ representa perante o sujeito da análise um fragmento de sua história primitiva. Freud irá lembrar que nenhum dano é causado se se comete um equívoco e oferece ao paciente uma construção errada como sendo a verdade histórica provável. Nesse caso o que ocorre é o fato de o paciente permanecer intocado pelo que foi dito e permanecer indiferente. Isso pode significar apenas que sua reação é adiada, ou, se nada mais se desenvolve, conclui-se que se trata de um equívoco. O equívoco deve ser comunicado ao paciente em uma ocasião oportuna e então, a construção falsa é abandonada. Confirmações indiretas oriundas de associações que se ajustam ao conteúdo de uma construção proporcionam base valiosa para julgar se a construção tem probabilidade de ser confirmada no decorrer da análise. Se a construção é errada, não há mudança no paciente, mas, se é correta ou fornece uma aproximação da verdade, ele reage a ela com um inequívoco agravamento de seus sintomas e de seu estado geral. A comunicação de uma construção evocou nos pacientes um fenômeno surpreendente observou-se que o que eles recordaram não foi o evento que era o tema da construção, mas pormenores relativos a esse tema. O ‘Impulso ascendente’ do reprimido, colocado em atividade pela apresentação da construção, se esforçou por conduzir os importantes traços de memória para a consciência, porém em devido a uma resistência deslocou-se para objetos adjacentes de menor significação. No mecanismo de um delírio, acentua-se apenas dois fatores: o afastamento do mundo real e suas forças motivadoras, por um lado, e a influência exercida pela realização de desejo sobre o conteúdo do delírio, por outro. Os delírios dos pacientes são para Freud os equivalentes das construções que se erguem no decurso de um tratamento analítico. Dora: Dora precisava da Sra. K para poder reconhecer a sua própria feminilidade. O interesse de Dora pelo Sr. K. só se sustenta na medida em que ele está ligado à Sra. K. A transferência negativa de Dora (que a levou a interromper o tratamento) deve ser entendida então como uma resposta (raivosa) às dificuldades impostas ao tratamento pelo próprio Freud. Devido ao seu preconceito, Freud não pode ver a ligação de Dora com a Sra. K. Dora está identificada a um personagem masculino, o Sr. K., de maneira que ela pode facilmente se identificar com Freud. Freud percebeu o deslocamento pai de Dora/Sr. K./o analista Freud, mas imaginou que as figuras masculinas eram objeto de amor e não de identificação. A resistência aqui então é de Freud e não de Dora. Quando ele insiste em interpretar como amor o que Dora sente pelo Sr. K., estamos diante da resistência do analista e não do paciente. 1° Sonho: Freud conclui que este sonho é uma reação à experiência no lago e à situação de Dora, que se encontrava na casa dos K, em um quarto onde o Sr. K tinha acesso, o que representava um perigo à sua virgindade (representada no sonho como a caixa de jóias); Dora recorre então ao pai, evocando seu amor infantil por ele, para se proteger do amor pelo Sr. K e o que isso poderia causar. 2° Sonho: Freud conclui que este sonho denotava o desejo de vingança de Dora contra seu pai, por ele a ter usado para manter a relação com a Sra. K; Freud aponta aí o próprio desejo de Dora, pontuando que ela se deixou ficar nesta relação, que era favorável aos seus impulsos amorosos pelo Sr. K e também tinha responsabilidade. FILME: PSICOSE Ilustra o não descolamento da figura materna e a foraclusão do nome do pai, que apresentam-se na psicose. A relação de Norman com a mãe é tão clara em seus aspectos psicóticos, que ao final a recusa de Norman, pela perda da mãe faz com que ela viva dentro dele mesmo. O lugar simbiótico continua a existir dentro de Norman, mesmo fora do plano da realidade. A psicose cria uma nova realidade para não entrar em contato com a realidade da morte da mãe. FILME: O RETRATO DE DORIAN GREY Freud, ao falar de narcisismo nos diz que a criança, primeiro toma a si mesmo como objeto de amor e centro do mundo, antes de se dirigir aos objetos externos.Algumas pessoas ficam fixadas a esta fase do desenvolvimento, não conseguindo se ligar a outras. Ele se esquivou da perda, da responsabilidade, da castração, deixando tais questões para seu outro eu, o do retrato, que a cada atuação perversa ou sinal de velhice, passou a apresentar no corpo pintado, uma marca que denunciava a intenção do gesto, que gritava o gozo vivido.
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