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Direito Eleitoral - Aldo Sabino

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ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE GOIÁS 
DIREITO ELEITORAL – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
1 
ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA 
CURSO PREPARATÓRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO ELEITORAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROFESSOR ALDO SABINO 
Totalmente revista à luz dos novos entendimentos do TSE 
Atualizada até 05 de novembro de 2011 
Incluindo, além de testes, várias indicações pertinentes 
 à Lei 12.034/2009 e à Lei Complementar 135/2010 (“ficha limpa”). 
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DIREITO ELEITORAL – PROFESSOR ALDO SABINO 
 
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Currículo do autor 
 
 
 
a) Graduação: 
 
 Bacharel em direito pela Universidade Católica do Estado de Goiás 
(conclusão em 1997). 
 
b) Pós-graduação: 
 
 Especialista em Direito Civil e em Direito Processual Civil pela 
Faculdade Anhanguera (conclusão em 2002). 
 
c) Atividade Profissional: 
 
 Na área privada, é professor da Escola Superior da Magistratura do 
Estado de Goiás (Direito Processual Civil e Direito Eleitoral), e professor na pós-
graduação da Universo (Direito Processual Civil, concentração na área de Recursos Cíveis 
e de Execução), bem como na pós-graduação em Direito Processual Civil na Universidade 
Federal de Goiás e na Uni-Evangélica (Anápolis). 
 
 Na área pública, após concurso público, exerceu o cargo de 
Promotor de Justiça no Estado de Goiás de 1997 a 1999, quando logrou aprovação em 
certame para ingresso na magistratura do mesmo Estado. 
 
 Atualmente, é Juiz de Direito titular do 2o Juizado Especial Cível 
da Comarca de Anápolis e Presidente da 2ª Turma Recursal Mista da 3ª Região do Estado 
de Goiás. 
 
 Já exerceu por vários anos a função de Promotor Eleitoral e de Juiz 
Eleitoral nas zonas eleitorais de Formoso-GO, de Minaçu-GO, de Fazenda Nova-GO e de 
Abadiânia-GO; atualmente é Juiz Eleitoral na 144ª Zona Eleitoral (Anápolis). 
 
d) Obras Jurídicas Publicadas: 
 
 É autor das obras jurídicas “Manual de Processo Civil” (AB 
Editora, 2ª Edição, 2008) e “Direito Processual Penal” (IEPC Editora, 2ª Edição, 2006). 
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Sumário breve: 
 
 
Capítulo I – Introdução....................................................................................................05 
 
 
Capítulo II – Direitos Políticos........................................................................................11 
 
 
Capítulo III – Sufrágio.....................................................................................................36 
 
 
Capítulo IV – Justiça Eleitoral.........................................................................................44 
 
 
Capítulo V – Organização do Eleitorado.........................................................................51 
 
 
Capítulo VI – Registro de Candidaturas e as Ações Eleitorais de Impugnação..............55 
 
• Ação de impugnação de pedido de registro de candidatura................................61 
 
• Investigação judicial eleitoral..............................................................................66 
 
• Ação de impugnação de mandato eletivo............................................................72 
 
• Ação de captação de sufrágio..............................................................................78 
 
• Recurso contra a diplomação...............................................................................82 
 
• Ação eleitoral inominada (captação e gastos ilícitos)..........................................83 
 
 
Capítulo VII – Propaganda Política.................................................................................84 
 
 
Capítulo VIII – Votação..................................................................................................93 
 
 
Capítulo IX – Apuração...................................................................................................101 
 
 
Capítulo X – Diplomação................................................................................................105 
 
 
Capítulo XI – Garantias Eleitorais.................................................................................107 
 
 
Capítulo XII – Partidos Políticos – Lei 9.096/95..........................................................109 
 
 
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Capítulo XIII – Crimes Eleitorais..................................................................................140 
 
 
Capítulo XIV – Processo Penal Eleitoral......................................................................126 
 
 
Capítulo XV – Recursos Eleitorais e Ações Autônomas de Impugnação.....................135 
 
 
Bibliografia....................................................................................................................151 
 
 
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CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO 
 
 
1. NOÇÕES: 
 
 Direito Eleitoral é o ramo do direito público constituído do 
conjunto de normas que se destinam a regular o exercício dos direitos políticos, entendidos 
estes como o direito de votar e de ser votado (art. 1o do Código Eleitoral), bem como a 
distribuição do corpo eleitoral e a organização do sistema eleitoral.1 
 
 Para Roberto Moreira de Almeida, o Direito Eleitoral constitui 
“ramo do Direito Público constituído por normas e princípios disciplinadores do 
alistamento, do registro de candidatos, da propaganda política, da votação, da apuração e 
da diplomação dos eleitos, bem como das ações, medidas e demais garantias relacionadas 
ao exercício do sufrágio popular”.2 
 
 O Direito Eleitoral encontra-se regulamentado na Constituição 
Federal (arts. 14-17, 56, 118-121 etc.); no próprio Código Eleitoral (Lei n. 4.737/1965); na 
Lei Complementar n. 64/1990 (“Lei de Inelegibilidades”); na Lei 9.096/1995 (“Lei dos 
Partidos Políticos”), na Lei n. 9.504/1997 (conhecida como “Lei Eleitoral”) entre outras, 
incluindo as diversas resoluções baixadas com bastante freqüência pelo Tribunal Superior 
Eleitoral.3 
 
2. O CÓDIGO ELEITORAL (Lei 4.737/1965): 
 
 O principal diploma que regula o Direito Eleitoral, ao lado 
naturalmente da Constituição Federal e da Lei 9.504/1997, é o Código Eleitoral (Lei 
4.737/1965), que contém 383 artigos e traz as disposições básicas sobre alistamento, voto, 
eleições, apuração, diplomação, crimes eleitorais, procedimento criminal eleitoral etc. 
 
 Deve-se, todavia, manter atenção permanente em sua interpretação, 
posto que várias de suas normas estão, hoje, revogadas, expressa ou tacitamente, total ou 
parcialmente, pela legislação posterior. Cito como exemplos os arts. 5º, inc. I;4 22, inc. I, 
al. ‘d’;5 25, incisos II e III;6 327 entre outros). 
 
1
 (MP/PI, Promotor de Justiça) Assinale a alternativa incorreta. É objeto do Direito Eleitoral: (a) a 
distribuição do corpo eleitoral (divisão do eleitorado em circunscrição); (b) a organização do sistema eleitoral 
(sufrágio universal ou restrito); (c) ditar as normas que se devem cumprir quanto à forma (voto secreto ou 
público, cédula individual ou única), quanto à mecânica de representação proporcional; quanto às regras 
sobre aquisição e perda da capacidade; (d) o processo eleitoral propriamente dito (conjunto de atos, desde a 
organização e distribuição de mesas receptoras de votos, a realização e apuração das eleições, até o 
reconhecimento e diplomação dos eleitos, que se desenvolve perante os JuizadosCriminais); (e) a 
especialização do conjunto normativo pertinente às eleições majoritárias e proporcionais (alternativa “d” é a 
incorreta, já que a diplomação dos eleitos se dá perante as Juntas Eleitorais, ao TRE ou ao TSE, 
conforme o caso, e não diante dos Juizados Criminais). 
2
 Curso de direito eleitoral, Editora Jus Podium, 2010, p. 37. 
3
 Resoluções estas que tem força de lei geral, conforme reconheceu o próprio Tribunal Superior Eleitoral no 
Rec. n. 1.943/RS. 
4
 O art. 5o, inciso I, prevê a proibição do alistamento do analfabeto, quando se sabe que atualmente o mesmo 
tem a faculdade de se alistar, ou não, nos termos do art. 14, § 1o, inciso I, alínea ‘a’, da Constituição Federal. 
5
 Este dispositivo atribui competência originária ao Tribunal Superior Eleitoral para julgamento de infrações 
penais praticadas por seus membros e pelos juízes dos Tribunais Regionais Eleitorais, mas pela nova 
disciplina constitucional competirá ao STF o processo e julgamento dos membros de Tribunais Superiores 
(CF, art. 102, inciso I, alínea ‘c’) e ao STJ o referente aos juízes dos Tribunais Regionais Eleitorais (CF, art. 
105, inciso I,’a’) (Almeida, Curso, p. 138). 
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 Aliás, a própria colheita do voto e a sua apuração pela via 
eletrônica (regra quase absoluta na atualidade) estão reguladas fora do Código Eleitoral, 
mais precisamente na Lei 9.504/1997 (“Lei Eleitoral”). O Código Eleitoral apenas cuida da 
votação e da apuração das eleições pelo chamado “voto manual” (votação tradicional). 
 
 O Código Eleitoral, embora editado através de lei ordinária, foi 
recepcionado pela nova ordem constitucional como lei complementar no que tange à 
“organização e competência” da Justiça Eleitoral (CF, art. 121, caput).8 
 
 Em decorrência disso, “a lei que regulamenta as eleições é 
ordinária, mas qualquer alteração no Código Eleitoral no rol de competências da Justiça 
Eleitoral só pode ser feita por lei complementar, a exemplo da Lei Complementar n. 86, de 
14.05.1996, que acrescentou a alínea ‘j’ ao inciso I do art. 22, instituindo a ação rescisória 
no processo eleitoral, como sendo de competência do Tribunal Superior Eleitoral”.9 
 
3. A LEGISLAÇÃO ELEITORAL (como um todo): 
 
 Além do Código Eleitoral (comentado rapidamente no tópico 
anterior), o Direito Eleitoral é previsto e regulado na Constituição Federal, tendo ela 
reservado a este ramo do direito, dentre outros, os seus arts. 14-17 e 118-121. 
 
 Temos também vários outros diplomas de grande relevo e que 
também são responsáveis pela disciplina dos chamados “direitos eleitorais positivos e 
negativos”. 
 
 Refiro-me aqui mais especificamente (a) à Lei Complementar 
64/1990 (“Lei de Inelegibilidades”), (b) à Lei 9.096/1995 (“Lei Orgânica dos Partidos 
Políticos” ou “Lei dos Partidos Políticos”) e (c) à Lei 9.504/1997 (“Lei Geral das Eleições” 
ou “Lei Eleitoral”). 
 
 Convém lembrar que a edição de normas eleitorais é de 
competência privativa da União (CF, art. 22, inciso I), tratando-se, em geral, de normas 
cogentes (ou seja, de ordem pública), mas que, reiteradamente, necessitam de buscar 
subsídios em outras leis penais, processuais civis e processuais penais, como ocorre nas 
situações tratadas nos arts. 20, 287 e 364, todos do Código Eleitoral. 
 
 Outrossim, já se deve ter em mente, como aspecto introdutório, que 
a lei que alterar o processo eleitoral – como aquelas que dispõem sobre convenções, 
inelegibilidades, incompatibilidades, número de candidatos, registro de candidatos etc – 
entrará em vigor na data de sua publicação, mas não se aplicará à eleição que ocorra até 1 
(um) ano da data de sua vigência10 (CF, art. 16).11 
 
6
 Alude a “Tribunal Federal de Recursos” (inciso II) e a “cidadãos” (inciso III), expressões substituídas por 
“Tribunal Regional Federal” e “advogados” (CF, art. 120, incisos II e III). 
7
 Refere-se à proibição, hoje inexistente, de o Juiz Substituto funcionar como Juiz Eleitoral (Lei 
Complementar 35/1979, art. 22, § 2o). 
8
 Nesse sentido: Resolução 14.150, de 23.08.1994. 
9
 Ary Ferreira de Queiroz, Direito eleitoral, p. 36. 
10
 (MPF, Procurador da República, 17º Concurso) A lei que alterar o processo eleitoral: (a) entrará em 
vigor na data de sua publicação, retroagindo apenas para beneficiar as candidaturas já registradas na Justiça 
Eleitoral; (b) terá vigência imediata, valendo para as eleições em curso de forma isonômica para todos os 
Partidos Políticos; (c) entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até 
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 Segundo Torquato Jardim, caso haja a edição de lei nova dentro do 
prazo mencionado terá a mesma vigência, mas não eficácia; sua normatividade ficará 
“suspensa em razão do interesse público relevante de não se alterarem as regras uma vez 
iniciado o processo político eleitoral”.12 
 
 É certo, todavia, que o Supremo Tribunal Federal pelo menos em 
duas ocasiões determinou a aplicação imediata de regras editadas no ano eleitoral; refiro-
me à interpretação da à Lei 11.300/2006 (aplicada ao pleito de 2006) e à LC 135/2010 
(“ficha-limpa”, incidente, em princípio, ao pleito de 2010, com ulterior afastamento da 
aplicação pelo mesmo tribunal, já no ano de 2011), que serão examinadas com mais 
profundidade em outro capítulo deste trabalho. 
 
 Há ainda várias resoluções do Tribunal Superior Eleitoral e 
terminam tendo importância no dia-a-dia do operador de Direito Eleitoral. Aliás, são 
dezenas de resoluções editadas a cada ano eleitoral pelo Tribunal Superior Eleitoral, daí 
porque a menção a elas será feita apenas quando absolutamente essencial, até porque, em 
geral, elas se limitam a reiterar e a especificar aquilo que já consta nas leis federais citadas 
(estas sim, realmente importantes para o estudo voltado aos concursos públicos para a 
magistratura estadual). 
 
4. O PODER NORMATIVO ELEITORAL: 
 
 Como dito no tópico anterior, é comum notarmos em cada ano 
eleitoral que o TSE exerce um evidente e incomum poder normativo, com vistas a 
implementar e a possibilitar a realização do chamado processo eleitoral. 
 
 Esse poder normativo do TSE é exercido (a) através da expedição 
de instruções para execução do pleito eleitoral (resoluções gerais), nos termos da 
autorização contida nos arts. 1º, parágrafo único, e 23, inciso IX, do Código Eleitoral, e (b) 
através de resposta a consultas que lhe forem formuladas em tese sobre matéria eleitoral, 
por autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político (CE, art. 23, 
inciso XII).13 
 
 Ambas dão ensejo à edição de uma resolução, mas as “resoluções 
que veiculam instruções têm efeito vinculante para os demais órgãos da Justiça Eleitoral, 
característica que não têm as instruções decorrentes das consultas”,14 conforme entendeu o 
próprio STF na ADI n. 1.805-DF (Rel. Min. Gilmar Mendes), ao julgar a mesma 
improcedente (“Não conhecimento da ação direta de inconstitucionalidade, no que 
 
um ano da data de sua vigência; (d) deverá sempre aprimorar o regime democrático sob pena de 
inconstitucionalidade moral (a alternativa “c” é a correta no gabarito oficial; CF 16). 
11
 (MPF, Procurador da República, 19ª Concurso) A lei que alterar o processo eleitoral: (a) terá vigência 
imediata, aplicando-se às eleições em curso e às que venham a ser realizadas em breve, se já escolhidos os 
candidatos em convenções partidárias; (b) somente entraráem vigor um ano após sua promulgação; (c) não 
prejudicará o recurso cabível, segundo a Constituição, para o Tribunal Superior Eleitoral, de decisões dos 
Tribunais Regionais Eleitorais que anulem diplomas ou versem sobre inelegibilidade nas eleições municipais; 
(d) entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de 
sua vigência (a alternativa “d” é a correta; sugere-se a releitura do art. 16 da Constituição Federal). 
12
 Torquato Jardim, Direito eleitoral positivo, p. 115. 
13
 Ary Ferreira de Queiroz, p. 37. 
14
 Ary Ferreira de Queiroz, p. 38. 
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8 
concerne às Resoluções referidas do TSE, em respostas a consultas, porque não possuem a 
natureza de atos normativos, nem caráter vinculativo”). 
 
 A resolução do TSE, assim, geralmente, tem força de lei ordinária, 
no que dois problemas surgem (a) o primeiro referente à aplicabilidade ou não do princípio 
da anterioridade (CF, art. 16) e (b) o segundo alusivo à necessidade de lei complementar 
para tratar de organização e competência da Justiça Eleitoral (CF, art. 121). 
 
 Resolvendo esta questão controvertida, como as resoluções apenas 
preenchem espaços vazios e esclarecem pontos obscuros (as resoluções não criam regra 
genérica nova, ao menos essa é a vertente sugerida pelo art. 1º, parágrafo único, do 
Código Eleitoral), não há aplicabilidade do art. 16, da Constituição Federal, e nem há 
violência ao art. 121, da mesma (as resoluções não criam ou alteram competências da 
Justiça Eleitoral). 
 
5. A JUSTIÇA ELEITORAL: 
 
 A Justiça Eleitoral foi instituída com o advento do Código Eleitoral 
de 1932,15 mas a primeira Constituição que a previu foi a de 1934 (art. 63). Foi extinta em 
1937 e, em seguida, recriada através do Decreto-lei 7.586, de 28 de maio de 1945. 
 
 Atualmente, nossa Justiça Eleitoral faz parte da Justiça Federal 
Especializada, compondo-se (a) de Juntas Eleitorais, (b) de Juízos Eleitorais, (c) de 
Tribunais Regionais Eleitorais e (d) do Tribunal Superior Eleitoral (CF, art. 118). 
 
6. O EXERCÍCIO DO PODER: 
 
6.1. EXERCÍCIO DIRETO DO PODER: 
 
 Sabe-se que o Direito Constitucional Brasileiro consagra a tese 
segundo a qual a democracia é exercida, em regra, indiretamente (através de representantes 
eleitos), contudo, existem casos específicos em que o povo exerce diretamente o poder. 
 
 Diz-se, então, que a Constituição Federal de 1988 acolheu o 
sistema de “democracia semidireta” (art. 1º, parágrafo único),16 já que todo poder emana 
do povo, “que o exerce por meio de representantes eleitos” (exercício indireto do poder) 
ou diretamente, por meio do plebiscito, do referendo e da iniciativa popular (exercício 
direto do poder). 
 
 De conformidade com o que dispõe o art. 14, da Constituição 
Federal, extrai-se efetivamente que a “soberania popular será exercida pelo sufrágio 
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, 
mediante: I – plebiscito; II – referendo; III – iniciativa popular”, institutos que têm sua 
regulamentação infraconstitucional na Lei 9.709/1998. 
 
 Em síntese, (a) o plebiscito poderia ser conceituado como uma 
consulta popular anterior a determinado ato; (b) o referendo, como uma condição 
posterior de validade de um ato de Estado (uma consulta ulterior ao ato) e (c) a iniciativa 
 
15
 Antes do advento do Código Eleitoral de 1932, a apuração de eleições era feita através do chamado 
“Sistema de Aferição de Poderes”, conduzido e presidido pelo Poder Legislativo. 
16
 Roberto Moreira de Almeida, Curso de direito eleitoral, p. 64. 
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9 
popular, como o poder de o próprio povo deflagrar o processo legislativo (CF, art. 61, § 
2o). 
 
 De acordo com o § 1o do art. 2o, da Lei 9.709/1998, (a) o 
“plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao 
povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido”. 
 
 Já (b) referendo, nos termos do art. 2o, § 2o, da Lei 9.709/1998, “é 
convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a 
respectiva ratificação ou rejeição”; pode ele, então, funcionar como condição suspensiva 
(para conceder eficácia ao ato) ou como condição resolutiva (para retirar-lhe a eficácia).17 
 
 Enfim, (c) a “iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação 
à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do 
eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três 
décimos por cento dos eleitores de cada um deles”. 
 
 Por serem mais ligados ao Direito Constitucional, esses institutos 
não serão abordados com profundidade neste trabalho, sugerindo-se ao leitor que busque 
subsídios nas obras especializadas, como as de Alexandre de Moraes (Direito 
constitucional. São Paulo: Atlas) e de José Afonso da Silva (Curso de direito 
constitucional positivo. São Paulo: Malheiros). 
 
6.2. EXERCÍCIO INDIRETO DO PODER: 
 
 De outro lado, como dito acima, o exercício indireto do poder 
(através de representantes eleitos) é a regra geral em nosso sistema, sendo certo que este 
poder indireto se materializa através do sufrágio (objeto do Direito Eleitoral), que é o 
modo de escolha dos representantes da sociedade. 
 
7. A NACIONALIDADE: 
 
 Nacionalidade é o vínculo de uma pessoa a determinado território 
pelo nascimento (nacionalidade originária ou primária) ou por naturalização (nacionalidade 
secundária ou adquirida). 
 
 O critério adotado pela Constituição Federal de 1988 para efeito de 
atribuição de nacionalidade originária foi o do jus soli (critério territorial),18 com algumas 
mitigações relativas ao jus sanguinis (critério sanguíneo).19 
 
 A nacionalidade, sob a ótica do Direito Eleitoral, como se verá, é 
uma das condições necessárias ao nascimento da capacidade política passiva, ou seja, a 
capacidade para concorrer a mandatos eletivos (CF, art. 14, § 3º, inc. I), daí a sua 
abordagem neste tópico introdutório. 
 
17
 Alexandre de Moraes, Direito constitucional, 2006, p. 212. 
18
 CF, art. 12, inciso I, alínea ‘a’ (“os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de países 
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país”). 
19
 CF, art. 12, inciso I, alíneas ‘b’ (“os nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, desde que qualquer 
deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil”) e ‘c’ (“os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro 
ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na 
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela 
nacionalidade brasileira”). 
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10 
 
8. A CIDADANIA: 
 
 Cidadania é atributo político decorrente do direito de participar no 
governo e de ser ouvido pela representação política, correspondendo ao direito de votar 
(capacidade política ativa) e de ser votado (capacidade política passiva). 
 
 Como se percebe, a cidadania é dotada de duas dimensões (ela é 
bidimensional), (a) a ativa, “que se traduz na capacidade pessoal de compartilhar do 
exercício do sufrágio”, e (b) a passiva, “que se traduz em ter legítimo acesso a cargos 
públicos, não significando apenas os cargos de provimento eletivo, expresso no direito de 
disputar o sufrágio para obtenção de mandatos representativos”.20 
 
 Trata-se de atributo exclusivamente obtido através do alistamentoeleitoral, somente sendo passível de perda ou suspensão (nunca de cassação) nos casos 
previstos pela Constituição Federal (art. 15). 
 
 São conseqüências da atribuição de cidadania (a) o direito de votar 
e, conforme o caso, de ser votado, (b) a legitimidade para propor ação popular (Lei n. 
4.717/1965), (c) a possibilidade de inscrição em concursos públicos, (d) a participação 
franqueada em concorrências públicas entre várias outras (art. 7o, § 1o, do Código 
Eleitoral). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20
 Michels, Direito eleitoral, p. 13. 
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11 
CAPÍTULO II – DIREITOS POLÍTICOS 
 
 
1. NOÇÕES: 
 
 
 Os denominados “direitos políticos” constituem um conjunto de 
normas e princípios que regulam a atuação da soberania popular. 
 
 Para Alexandre de Moraes os direitos políticos são “direitos 
públicos subjetivos que investem o indivíduo no status civitatis, permitindo-lhe o exercício 
concreto da liberdade de participação nos negócios políticos do Estado, de maneira a 
conferir atributos da cidadania”.21 
 
 Os direitos políticos emanam do parágrafo único do art. 1º da 
Constituição Federal,22 pois como assevera José Afonso da Silva, eles “garantem a 
participação do povo no poder de dominação”.23 
 
 Subdividem-se os direitos políticos (a) em positivos, que abrangem 
o direito de votar, o direito de ser votado (ligado ao preenchimento das condições de 
elegibilidade) e o de participar na vontade política e (b) negativos, que constituem 
restrições aos direitos políticos, abrangendo as inalistabilidades, as inelegibilidades e a 
privação de direitos políticos (ou seja, a suspensão e a perda de direitos políticos), 
conforme veremos separadamente. 
 
 Nos termos da lei eleitoral, as “condições de elegibilidade e as 
causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de 
registro de candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao 
registro que afastem a inelegibilidade” (Lei 9.504/1997, art. 11, § 10). 
 
2. DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS: 
 
 Os direitos políticos positivos, como se adiantou, abrangem o 
direito de votar e de ser votado (capacidade eleitoral ativa e passiva, respectivamente)24 e, 
ainda, o direito de participar na vontade política da nação (através do plebiscito e do 
referendo). 
 
 Com vistas a assegurar justamente esses direitos políticos positivos 
existem garantias fundamentais, tais como: (a) o direito de sufrágio, em seus dois aspectos 
(ativo e passivo), (b) os sistemas eleitorais (conjunto de técnicas que se empregam para 
organizar a representação do povo no território nacional, através dos critérios majoritário e 
proporcional) e (c) os procedimentos eleitorais (alistamento, votação e apuração). 
 
2.1. CAPACIDADE POLÍTICA ATIVA: 
 
 
21
 Direito constitucional, 19ª edição, 2006, p. 207. 
22
 “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos 
desta Constituição”. 
23
 Curso de direito constitucional positivo, p. 349. 
24
 (MP-MT, Promotor de Justiça) Ao inscrever-se como candidato a determinado cargo eletivo, o 
indivíduo: (a) exerce um direito político ativo; (b) exerce um direito político positivo; (c) ambas alternativas 
procedem, uma vez que se completam; (d) nenhuma procede (a alternativa “b” é a correta). 
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 A capacidade política ativa, que se materializa na prática pelo 
nascimento do direito de votar, inicia-se com o alistamento eleitoral, passando, o alistando, 
a ser titular do status de cidadão. 
 
2.1.1. CAPACIDADE POLÍTICA ATIVA OBRIGATÓRIA: 
 
 O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para as pessoas 
maiores de 18 (dezoito) anos e menores de 70 (setenta) anos de idade, desde que 
alfabetizadas (CF, art. 14, § 1o, incisos I e II). 
 
 Observe-se, por oportuno, que o brasileiro nato deve alistar-se até 
os 19 (dezenove) anos (como explicaremos abaixo) e o naturalizado no prazo de 1 (um) 
ano a contar da aquisição da nacionalidade brasileira (CE, art. 8o, caput). 
 
 O descumprimento da obrigação indicada – do dever de 
alistamento nos prazos legais – dará ensejo à aplicação de multa (e demais restrições 
previstas no art. 7o, § 1o, do Código Eleitoral, comentadas acima), salvo, quanto ao 
brasileiro nato, se requerer sua inscrição eleitoral antes dos cento e cinqüenta dias 
anteriores à eleição subseqüente à data em que completar 19 (dezenove) anos (CE, art. 
8º, parágrafo único c/c Lei 9.504/1997, art. 91). 
 
2.1.2. CAPACIDADE POLÍTICA ATIVA FACULTATIVA: 
 
 A capacidade política ativa facultativa toca (a) aos analfabetos, (b) 
aos maiores de setenta anos de idade, (c) aos maiores de dezesseis (na data da eleição) e 
menores de dezoito anos (CF, art. 14, § 1º, inciso II), (d) aos inválidos e (e) aos que 
estiverem fora do país (CE, art. 6º, inciso I). 
 
 Registre-se que somente se exige os dezesseis anos completos, para 
efeito de alistamento, na data do pleito, sendo lícita, portanto, a formulação de pedido 
quando o pretendente encontra-se com quinze anos, desde que faça dezesseis antes do 
pleito eleitoral (Resolução-TSE 21.538/2003, art. 14, caput); mas o título emitido nessas 
condições “somente surtirá efeitos com o implemento da idade de 16 anos” (art. 14, § 2º do 
diploma citado). 
 
 Enfim, como se sabe, as pessoas que se encontram em alguma 
dessas condições (CF, art. 14, § 1º e CE, art. 6º, inciso I) têm a mera faculdade de se 
alistar e, se já alistados, também têm o poder de decidir se querem, ou não, exercer o 
direito de voto, sem que se imponha qualquer sanção por sua omissão. 
 
2.2. CAPACIDADE POLÍTICA PASSIVA: 
 
 Para concorrer a qualquer cargo eletivo é mister que o candidato 
tenha “capacidade política passiva”. 
 
 A “capacidade política passiva” exige, para sua implementação, o 
preenchimento de todos os requisitos previstos na Constituição Federal (e 
excepcionalmente em Lei Complementar ou em Lei Ordinária). 
 
 Esses requisitos, chamados de “condições de elegibilidade”, são 
estabelecidos, genericamente, no art. 14, § 3º, da Carta Magna. 
 
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13 
 São, pois, condições de elegibilidade (a) a nacionalidade brasileira, 
(b) o pleno exercício dos direitos políticos, (c) o alistamento eleitoral, (d) o domicílio 
eleitoral na circunscrição, (e) a filiação partidária e (f) a idade mínima, temas que serão 
analisados a seguir, separadamente.25 
 
 Por outra ótica, não possuem capacidade política passiva os 
inalistáveis (conceito que abrange o estrangeiro e o conscrito, nos termos do art. 14, § 2o, 
da Carta Magna) e os analfabetos (CF, art. 14, § 4º). 
 
 Passemos, então, à análise de cada uma dessas condições para que 
alguém possa concorrer a um cargo eletivo, lembrando-se que sua aferição de ter por 
parâmetro o momento da formalização do pedido de registro da candidatura, ressalvadas as 
alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade 
(Lei 9.504/1997, art. 11, § 10). 
 
2.2.1. NACIONALIDADE BRASILEIRA: 
 
 Para se candidatar, segundo a Constituição Federal, a pessoa deve 
deter a nacionalidade brasileira por nascimento (nacionalidade originária) ou por 
naturalização (nacionalidade derivada), salvo em se tratando de concorrente aos cargos 
de Presidente e Vice-Presidente da República, que somente poderão ser ocupados por 
brasileiros natos, nos termos do art. 12, § 3o, inciso I, da Magna Carta.26 
 
 Admite-se, porém,a candidatura de português com residência 
permanente no Brasil, desde que tenha adquirido os direitos de brasileiros previstos no 
“estatuto da igualdade”,27 conforme prescreve o art. 12, § 1º, da Constituição Federal e o 
Decreto n. 70.391/1972. 
 
 Conclui-se, assim, que o português detém um status idêntico ao do 
brasileiro naturalizado para efeito de exercício de direitos políticos. 
 
 Veja-se ainda que o gozo de direitos políticos “por portugueses no 
Brasil e por brasileiros em Portugal só será reconhecido aos que tiverem cinco anos de 
residência permanente e dependente de requerimento à autoridade competente” (Ministro 
da Justiça, no Brasil); mas a igualdade quanto aos direitos políticos não abrange as 
 
25
 (MPF, Procurador da República, 17º Concurso) São condições de elegibilidade: (a) o registro de 
candidatura, a intensa propaganda eleitoral e a obtenção de votos, (b) o alistamento eleitoral, a filiação 
partidária e o domicílio eleitoral na circunscrição; (c) aquelas estabelecidas em lê complementar, a fim de 
proteger a probidade administrativa e a moralidade para o exercício do mandato; (d) as que, nos termos do 
Código Eleitoral, são estabelecidas por Resolução do Tribunal Superior Eleitoral (a alternativa “b” é a 
correta, nos termos do art. 14, § 3º, da Constituição Federal). 
26
 (Magistratura-GO, 2009, prova A01, tipo 004, questão 63) Relativamente à nacionalidade brasileira é 
correto afirmar que: (a) Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que houver colaborado com 
atividade nociva ao interesse nacional, desde que assim o reconheça sentença judicial; (b) São privativos de 
brasileiro nato os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, de Presidente da Câmara dos 
Deputados, de Presidente do Senado Federal, de Ministro do Supremo Tribunal Federal, da carreira 
diplomática, de oficial das Forças Armadas e do Ministro de Estado da Justiça; (c) São brasileiros natos os 
nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros que estejam a serviço de seu país; 
(b) Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro, nato ou naturalizado, que adquirir outra 
nacionalidade, salvo nos casos de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira ou de 
imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como 
condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis (a alternativa “d” é a 
correta, nos termos do art. 12 da Constituição Federal). 
27
 Queiroz, Direito eleitoral, p. 73. 
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14 
pessoas que no Estado da nacionalidade, houverem sido privadas de direitos equivalentes 
e, além disso, o gozo de direitos políticos no Estado de residência importa na suspensão do 
exercício dos mesmos direitos no Estado da nacionalidade (Decreto n. 70.391/1972, art. 
7º). 
 
2.2.2. PLENO EXERCÍCIO DOS DIREITOS POLÍTICOS: 
 
 Naturalmente, estarão excluídos da participação no pleito eleitoral, 
não podendo concorrer a cargos políticos, aqueles que tiveram seus direitos políticos 
suspensos ou perdidos na forma do art. 15, da Constituição Federal.28 
 
 Desta sorte, o pretendente a um cargo eletivo deverá demonstrar à 
Justiça Eleitoral estar em pleno gozo de seus direitos políticos, o que será feito através da 
exibição da certidão de quitação eleitoral e das certidões criminais negativas da Justiça 
Comum Estadual, da Justiça Comum Federal e da Justiça Eleitoral, nos termos do art. 11, 
incisos VI e VII, da Lei 9.504/1997. 
 
 Este assunto será tratado mais adiante com a merecida 
profundidade. 
 
2.2.3. ALISTAMENTO ELEITORAL: 
 
 O alistamento, que é regulamentado pelo Código Eleitoral (arts. 42 
a 50) e por diversas resoluções do Tribunal Superior Eleitoral, consiste no cadastramento 
da pessoa física, com idade não inferior a 16 (dezesseis) anos, junto aos quadros da Justiça 
Eleitoral, outorgando-se à mesma o “Título de Eleitor”. 
 
 Em outras palavras, trata-se de um “procedimento administrativo, 
instaurado perante os órgãos competentes da Justiça Eleitoral, visando à verificação do 
cumprimento dos requisitos constitucionais e das condições legais necessárias à inscrição 
como eleitor”.29 
 
 O alistamento no Direito Eleitoral objetiva, em síntese, inscrever o 
eleitor num cadastro nacional, qualificá-lo para perfeito conhecimento e, principalmente, 
controlar do exercício do voto. 
 
 O alistamento tem vários efeitos, dentre eles, (a) criar a condição 
de eleitor (e de cidadão), (b) definir o número de deputados (Lei Complementar 79/1993) 
(c) estabelecer o marco inicial do domicílio eleitoral para efeito de elegibilidade30 e (d) 
criar eventual obrigatoriedade de segundo turno em eleição municipal (Lei 9.504/1997, art. 
3º). 
 
 O alistamento eleitoral deverá ser feito em período anterior a 150 
(cento e cinqüenta) dias da respectiva eleição (Lei 9.504/1997, art. 91), sendo certo que 
 
28
 “É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: I – 
cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II – incapacidade civil absoluta; III – 
condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os seus efeitos; IV – recusa a cumprir 
obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; V – improbidade 
administrativa, nos termos do art. 37, § 4º”. 
29
 Alexandre de Moraes, Direito constitucional, 19ª edição, 2006, p. 209. 
30
 Queiroz, Direito eleitoral, pp. 99-100. 
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15 
durante esse prazo o cadastro eleitoral fica “fechado” até o fim dos trabalhos da junta 
eleitoral, em data previamente marcada no calendário eleitoral. 
 
2.2.4. DOMICÍLIO ELEITORAL: 
 
 O domicílio eleitoral é “o lugar de residência ou moradia” do 
pretendente, e, verificando ter o mesmo “mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer 
delas” (CE, art. 42, parágrafo único). 
 
 É fácil constatar, portanto, que o domicílio eleitoral não se 
confunde necessariamente, nem com o domicílio civil (CC, art. 70) – o domicílio eleitoral 
pode ser bem mais singelo que este –; nem com o domicílio penal (CP, art. 150, § 4º) – o 
domicílio eleitoral é um pouco mais exigente que o penal. 
 
 O domicílio eleitoral não se confunde mesmo com o domicílio civil 
(CC, art. 70), porque somente exige o elemento objetivo (residência) – e às vezes até nem 
isso –, dispensando o subjetivo (ânimo definitivo). Além disso, qualquer vínculo 
profissional (exs.: manutenção de uma empresa, prestação de serviço de medicina etc.), 
patrimonial (ex.: propriedade rural ou urbana) ou comunitário (exs.: participação de 
comunidade religiosa, auxílio em festas populares e folclóricas etc.) do eleitor já é 
suficiente para caracterização do domicílio eleitoral.31 
 
 Fala-se ainda em “domicílio histórico” (sentimental ou afetivo). É 
que como não existe em Direito Eleitoral transferência obrigatória, será por isso possível (e 
lícito) que o eleitor altere seu domicílio, mas mantenha seu título eleitoral vinculado ao 
domicílio anterior, mesmo sem que haja a ligação jurídica mencionada (profissional, 
patrimonial ou comunitária).32 
 
 O domicílio na circunscrição (município ou estado), para efeito de 
implementação da condição de elegibilidade, é exigido pela norma eleitoral por pelo 
menos um ano antes do pleito (Lei 9.504/1997, art. 9º). 
 
2.2.5. FILIAÇÃO PARTIDÁRIA: 
 
 Também é exigida, como condição de elegibilidade, a “filiação 
partidária” do pretenso candidato por pelo menos um ano antes do pleito (Lei 9.096/1995, 
art. 18 e Lei 9.504/1997, art.9o, caput), ressalvados os casos dos magistrados, membros do 
Ministério Público, membros de Tribunais de Contas e militares, que são dispensados de 
tal dever prévio.33 
 
 Não se admite no Brasil, de conseguinte, a chamada “candidatura 
avulsa”, que é aquela concretizada sem prévia filiação do candidato a um partido político.34 
 
 
31
 TRE-GO, Processo n. 57/2000. 
32
 Michels, p. 17, citando Tupinambá Nascimento. 
33
 “Magistrados e membros dos Tribunais de Contas, por estarem submetidos à vedação constitucional de 
filiação partidária, estão dispensados de cumprir o prazo de filiação fixado em lei ordinária, devendo 
satisfazer tal condição de elegibilidade até seis meses antes das eleições, prazo de desincompatibilização 
estabelecido pela Lei Complementar n. 64/90” (TSE, Pleno, Consulta 353-DF, Rel. Min. Costa Leite, DJU 
21.10.1997). 
34
 Releva observar, apenas para efeito histórico, que o art. 84 da antiga Lei 48/1935 (“Código Eleitoral de 
1935”) admitia a candidatura a requerimento de eleitores (Queiroz, Direito eleitoral, p. 74). 
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16 
 Até o ano de 2007 manteve-se no Direito Constitucional e Eleitoral 
Brasileiro a diretriz segundo a qual a alteração de partido durante o mandato não acarretava 
a perda do mandato; mas a partir da resposta à Consulta Eleitoral 1.398-DF (TSE, 
29.03.2007) e do julgamento de improcedência da ADI 3.999-DF e 4.086-DF, a questão 
sofreu alteração, vindo o parlamentar que trocar de legenda ser suscetível de perda de seu 
mandato.35 
 
 Esta questão da perda do mandato no caso de troca de partido 
durante o mandato foi abordada por mim com a merecida atenção no capítulo alusivo aos 
Partidos Políticos, para onde se remete o leitor mais interessado. 
 
2.2.6. IDADE MÍNIMA: 
 
 Não há limite quanto à idade máxima para ser candidato, mas a 
idade mínima, que será aferida na data da posse (Lei 9.504/1997, art. 11, § 2º),36 será (a) 
de 35 (trinta e cinco) anos para candidatura a Presidente, Vice-Presidente da República e 
Senador; (b) de 30 (trinta) anos para Governador e Vice-Governador do Estado ou do 
Distrito Federal; (c) de 21 (vinte e um) anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou 
Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz; e (d) 18 (dezoito) anos para Vereador (CF, 
art. 14, § 3o, inciso VI).37 
 
 Para Ary Ferreira de Queiroz, a regra que determina a aferição da 
idade para candidatura na data da posse é inconstitucional, pois não se trata de “condição 
para a posse”, mas “condição de elegibilidade”, ou seja, um pré-requisito constitucional 
para a candidatura.38 O mesmo posicionamento externa Alexandre de Moraes ao citar a 
Resolução-TSE 14.371/1994 e o Recurso 3.420-GO de 1970, mas não é esta a posição que 
predomina na atualidade.39 
 
35
 Questão dos infiéis, Justiça precisa resolver problema da fidelidade partidária, Ronaldo Nóbrega Medeiros, 
Revista Consultor Jurídico, 27 de agosto de 2007. 
36
 (Magistratura-GO, 2009, prova A01, tipo 004, questão 74) A respeito do registro de candidatos, é 
INCORRETO afirmar que: (a) Os candidatos à Câmara dos Deputados concorrerão com o número do 
partido ao qual estiverem filiados, acrescidos de dois algarismos à direita; (b) Os partidos e coligações 
solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até às dezenove horas do dia 5 de julho do ano em 
que se realizarem as eleições; (c) A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de 
elegibilidade é verificada tendo como referência a data da eleição; (d) É facultado ao partido ou coligação, 
preenchidos os requisitos legais, substituir candidato que for considerado inelegível, renunciar ou falecer 
após o termo final do prazo do registro ou, ainda, tiver seu registro indeferido ou cancelado; (e) Estão sujeitos 
ao cancelamento do registro os candidatos que, até a data da eleição, forem expulsos do partido, em processo 
no qual seja assegurada ampla defesa e sejam observadas as normas estatutárias (a alternativa “c” é a 
incorreta à luz do art. 11, § 2º da Lei 9.504/1997). 
37
 (MP-MA, Promotor de Justiça) Acerca da elegibilidade é incorreto afirmar: (a) idade mínima de 35 
anos para Presidente da República, Vice-Presidente e Senador; (b) idade mínima de 30 anos para Governador 
e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal e Deputado Federal; (c) idade mínima de 21 anos para 
Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; (d) Idade mínima de 18 anos para 
Vereador; (e) é privativo do brasileiro nato o cargo de Presidente da República (a alternativa “b” é a 
incorreta, pois a idade mínima para concorrer ao cargo de deputado federal é de 21 anos, e não de 30 
anos). 
38
 Queiroz, Direito eleitoral, p. 75. 
39
 (Magistratura-GO, 1998) A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de 
elegibilidade é verificada tendo por referência: (a) A data da inscrição do candidato na Justiça Eleitoral; 
(b) A data da escolha do candidato pelo partido; (c) A data da posse; (d) A data da eleição (no gabarito 
oficial, a letra “c” é a alternativa correta, recomenda-se a leitura do art. 11, § 2º, da Lei 9.504/1997). 
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17 
 
2.2.7. ALFABETIZAÇÃO: 
 
 Para se candidatar, é mister também que o pretendente, além de 
preencher as condições de elegibilidade já examinadas, seja alfabetizado, como exige 
expressamente o art. 14, § 4º, da Constituição Federal, cuja redação é a seguinte: 
 
 “São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos”.40 
 
 Embora a Lei 9.504/1997 nada diga a respeito, as resoluções 
editadas pelo TSE (Resolução 23.221/2010, por exemplo) exigem a exibição do 
“comprovante de escolaridade” para fins de deferimento do pedido de registro (art. 26, 
inciso IV); a ausência de apresentação do comprovante de escolaridade, porém, poderá ser 
suprida por declaração de próprio punho, podendo a exigência de alfabetização do 
candidato ser aferida por outros meios, desde que individual e reservadamente (Resolução 
23.221/2010, art. 26, § 9º). 
 
 O grande problema enfrentado no dia-a-dia da Justiça Eleitoral, 
todavia, consiste nesta aferição sobre se o candidato é, ou não, alfabetizado, sendo muito 
variáveis os critérios e instrumentos para a investigação dessa circunstância de relevância 
constitucional. 
 
 Muito já se disse e se fez, mas está praticamente pacificado que a 
aplicação de provas (objetivas e subjetivas) não é o melhor parâmetro,41 tendo o Tribunal 
Superior Eleitoral rejeitado essa fórmula no pleito eleitoral municipal de 2004. 
 
 Prevalece hoje que a aferição intelectual é admissível se não for 
apresentada prova da escolaridade,42 mas deve ser (a) razoável e proporcional às condições 
do município e da importância do cargo que se almeja (sendo certo que nos cargos 
majoritários a aferição deve ser mais rigorosa, e nos proporcionais menos);43 (b) deve se 
tratar de uma prova elementar, em que saia aprovado aquele que demonstre simples 
capacidade para “ler e escrever”,44 ainda que rudimentarmente;45 e, enfim, (c) a aferição, se 
necessária, será individual e reservada.46 
 
 Enfim, não se deve esquecer do conteúdo da Súmula 15 do 
Tribunal Superior Eleitoral, que também nos fornece diretrizes para o estudo do tema, 
vejamos: 
 
 “O exercício de cargo eletivo não é circunstância suficiente para, 
em recurso especial, determinar-se a reforma da decisão mediante a qual o 
candidato foi considerado analfabeto”. 
 
3. DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS: 
 
 
40
 Destaque meu. 
41
 Fávila Ribeiro, Direito eleitoral, p. 285. 
42
 TSE, REsp 30.131-RN,Rel. Min. Eros Grau. 
43
 Nesse sentido: Na doutrina, Torquato Jardim, Direito eleitoral positivo, p. 73 e, na jurisprudência, TSE, 
Acórdão 12.827, Rel. Min. Alckimin, julgado em 27.09.1992. 
44
 TSE, Acórdão 12.741, Rel. Min. Carlos Velloso, julgado em 24.09.1992. 
45
 TRE-GO, Processo 169.003.2004, Rel. Dr. Antônio Heli de Oliveira. 
46
 Resolução-TSE 22.717/2008 e Resolução-TSE 23.221/2010. 
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18 
 Os “Direitos Políticos Negativos” são as “determinações 
constitucionais que, de uma forma ou de outra, importem em privar o cidadão do direito de 
participação no processo político e nos órgãos governamentais. Diz-se que são negativos 
precisamente porque consistem no conjunto de regras que negam, ao cidadão, o direito de 
eleger, ou de ser eleito, ou de exercer atividade político-partidária ou de exercer função 
pública”.47 
 
 Os direitos políticos negativos, como se percebe, abrangem (a) as 
regras que impedem o alistamento eleitoral (inalistabilidades), bem como (b) as que 
retiram, temporária ou definitivamente, do indivíduo, o direito de votar e ser votado, para 
certos e determinados cargos, ou para todo e qualquer cargo (inelegibilidades, suspensão e 
perda de direitos políticos). 
 
 Como vige no ordenamento eleitoral brasileiro o princípio da 
plenitude dos direitos políticos, é válido que se esclareça desde logo que quaisquer 
restrições e privações aos mesmos devem ser interpretadas sempre restritivamente, posto 
que consideradas, de plano, excepcionais. 
 
 Em decorrência disso, qualquer interpretação de normas 
constitucionais ou complementares relativas aos direitos políticos, quando forem restringir 
ou privar, há que ser feita com respeito aos limites reduzidos de sua literalidade. 
 
 Passaremos, a seguir, a estudar as modalidades de direitos políticos 
negativos (primeiro, as inalistabilidades, depois, as inelegibilidades e, por fim, a 
privação de direitos políticos). 
 
3.1. INALISTABILIDADES: 
 
 Como se obtemperou, a inalistabilidade é uma das espécies de 
direitos políticos negativos – leia-se, restrições aos direitos políticos – e que acarreta a 
exclusão da capacidade política ativa e, obviamente, também da passiva (que não pode 
votar, logicamente, não pode ser votado). 
 
 Os inalistáveis, assim, não podem votar e, muito menos, ser 
votados (CF, art. 14, § 3º, inciso III), sendo proibidos inclusive de ingressar no cadastro 
nacional de eleitores. 
 
 São, pois, inalistáveis (a) aqueles que não puderem expressar a 
língua nacional, nos termos do art. 5o, inciso II, do Código Eleitoral (ex.: índio não 
integrado); (b) os privados temporária ou definitivamente dos direitos políticos (exs.: 
deficiente mental, condenado definitivo antes do alistamento), na forma do art. 5o, inciso 
III, do Código Eleitoral; (c) o estrangeiro (CF, art. 14, § 2o); (d) o conscrito,48 que é o 
brasileiro que estiver cumprindo o serviço militar obrigatório (CF, art. 14, § 2o) e (e) o 
menor de 16 (dezesseis) anos de idade.49 
 
47
 José Afonso da Silva, Curso de direito constitucional positivo, p. 382. 
48
 Para Ary Ferreira de Queiroz, a restrição em tela origina-se no fato de que o conscrito, pela sua situação 
hierárquica, seria “facilmente influenciável, ou ‘dobrável’ por seus superiores, de modo que poderia viciar o 
processo eleitoral” (Direito eleitoral, p. 68). 
49
 Relembre-se que somente se exige os dezesseis anos completos, para efeito de alistamento, na data do 
pleito, sendo lícita, portanto, a formulação de pedido de inscrição eleitoral quando o pretendente encontrar-se 
ainda com quinze anos (Resolução-TSE 21.538/2003, art. 14, caput); mas o título emitido nessas condições 
“somente surtirá efeitos com o implemento da idade de 16 anos” (art. 14, § 2º do diploma citado). 
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19 
 
3.2. INELEGIBILIDADES: 
 
 Inelegibilidades são proibições constitucionais ou 
infraconstitucionais (previstas em lei complementar)50 que impossibilitam a candidatura 
para alguns (inelegibilidade relativa) ou para todos os cargos eletivos (inelegibilidade 
absoluta). 
 
 A inelegibilidade é um dos impedimentos à capacidade política 
passiva (direito de ser eleito) ou, então, incapacidades políticas passivas. 
 
 As inelegibilidades constam na Constituição Federal e em Lei 
Complementar, especialmente a LC 64/1990 (apelidada de “LI” ou “Lei das 
Inelegibilidades”). 
 
 Já neste tópico preliminar é relevante ressaltar que as 
“inelegibilidades” não se confundem nem com as conhecidas “condições constitucionais de 
elegibilidade” (CF, art. 14, § 3º), nem com o instituto também constitucional da “privação 
de direitos políticos” (CF, art. 15). 
 
 Enquanto as citadas inelegibilidades constituem impedimentos à 
capacidade política passiva, tendo nítido caráter negativo (não podem existir para que a 
candidatura seja admitida), as condições de elegibilidade são requisitos positivos 
necessários para se concorrer a cargos políticos (isto é, devem existir para que se possa 
concorrer no pleito eleitoral). 
 
 Como se adiantou, também não há como confundir com as 
inelegibilidades com a privação de direitos políticos, pois esta (a privação) atinge o direito 
de votar e de ser votado; a inelegibilidade, diversamente, apenas abrange a capacidade 
política passiva (direito de ser votado), mas não a ativa (aquele que apenas inelegível, em 
geral, vota normalmente, mas não pode ser eleito). 
 
3.2.1. ESPÉCIES – ABSOLUTAS E RELATIVAS: 
 
 As inelegibilidades, como se viu, podem ser de natureza absoluta 
ou relativa. 
 
 São consideradas “inelegibilidades absolutas” as causas que 
implicam impedimento eleitoral para concorrer a qualquer cargo eletivo sem distinção, 
como ocorre com os estrangeiros, conscritos, analfabetos, menores de 18 anos e com 
aqueles que perdem ou têm suspensos seus direitos políticos (CF, art. 15), os quais ficam 
efetivamente proibidos de se candidatar em qualquer pleito. 
 
 Por outro lado, são “inelegibilidades relativas” as restrições à 
elegibilidade apenas para determinados cargos, dado ao estado ou situação momentânea 
que se encontre o indivíduo na época da eleição. 
 
50
 (MP-MA, Promotor de Justiça) Com relação à inelegibilidade, no direito brasileiro, é correto afirmar: 
(a) decorre exclusivamente da Constituição Federal e do Código Eleitoral; (b) decorre exclusivamente da 
Constituição Federal e de Lei Complementar; (c) decorre exclusivamente da Constituição Federal; (d) 
decorre exclusivamente de Lei Complementar; (e) decorre exclusivamente do Código Eleitoral (a alternativa 
“b” é a correta). 
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20 
 
 O cidadão, neste último caso, não deixa de ser titular da 
elegibilidade, porém, tem o campo elegível restringido a alguns cargos ou funções eletivas, 
como ocorre nas hipóteses previstas nos §§ 5º, 6º e 7º, do art. 14, da Constituição Federal, e 
que serão comentadas por mim logo à frente. 
 
3.2.2. INELEGIBILIDADES CONSTITUCIONAIS: 
 
3.2.2.1. PROIBIÇÕES POR MOTIVOS FUNCIONAIS: 
 
 De conformidade com o art. 14, § 5o, da Constituição Federal o 
“Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e 
quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para 
um único período subseqüente”.51 
 
 Em sentido diverso, sendo eventualmente reeleitos, esses titulares 
não poderão novamente se candidatar para mais um período subseqüente (terceiro mandato 
consecutivo), nos termos do preceito indicado acima.Como se observa também, nada impede que esse titular reeleito 
pleiteie um terceiro mandato idêntico, desde que não seja consecutivo. Por exemplo: o 
candidato é eleito, exerce o mandato majoritário (1º mandato), candidata-se à reeleição e é 
novamente eleito (2º mandato); para pleitear o terceiro mandato legitimamente deverá 
aguardar um período fora do cargo e novamente se candidatar. Há, assim, uma 
possibilidade implícita “de uma pessoa candidatar-se e, eventualmente exercer por mais de 
três mandatos a Chefia do Executivo Federal, Estadual, Distrital e Municipal, desde que 
não sejam sucessivos”.52 
 
 Não se admite que o titular do segundo mandato se candidate a vice 
no terceiro, posto que poderia por via oblíqua violar a inelegibilidade assumindo o cargo 
principal, nos termos do art. 79 da Constituição Federal.53 
 
 De outro lado, para concorrerem a outros cargos (exs.: para 
Senador, suplente de Senador,54 Deputado Federal, Deputado Estadual etc.), os titulares de 
cargos executivos “devem renunciar aos respectivos mandato até seis meses antes do 
pleito” (CF, art. 14, § 6o).55 
 
 Quanto ao vice-presidente, ao vice-governador e ao vice-prefeito, 
poderão normalmente candidatar-se a outros cargos mantendo os seus respectivos 
mandatos (sem se afastar), desde que não tenham substituído ou sucedido o titular nos seis 
meses anteriores ao pleito.56 
 
 
51
 Redação atribuída pela Emenda Constitucional 16, de 04.06.1997, com vigor a partir de 05.06.97. 
52
 Alexandre de Moraes (Direito constitucional, 2006, p. 219-220), autor que também sustenta que esse 
sistema brasileiro é diferente do norte-americano, em que ninguém poderá ser eleito mais de duas vezes para 
o cargo de Presidente da República. 
53
 Nesse sentido: Alexandre de Moraes, Direito constitucional, 2006, p. 221, citando o entendimento 
esposado pelo TSE na Resolução 21.438, Rel. Min. Carlos Velloso. 
54
 Nesse sentido: TSE, Consulta 364, Rel. Min. Nilson Naves, 04.03.1998. 
55
 Redação dada pela Emenda Constitucional 16, de 04.06.1997. 
56
 TSE, Consulta n. 397, Rel. Min. Eduardo Alckim. 
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21 
 Enfim, quanto aos parlamentares, não há limite de reeleições, 
havendo em nossa história recente casos de cinco, seis e até sete eleições vitoriosas de uma 
pessoa para o mesmo mandato de vereador, deputado estadual ou deputado federal. 
 
3.2.2.2. PROIBIÇÕES POR MOTIVO DE PARENTESCO: 
 
 São também inelegíveis, “no território do titular o cônjuge e os 
parentes consangüíneos ou afins, até o 2o grau ou por adoção”, dos chefes de cargos 
executivos ou de quem os haja substituído dentro dos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, 
salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. 
 
 Essa é a restrição tratada no art. 14, § 7o da Constituição Federal, 
que regula a chamada “inelegibilidade reflexa”. 
 
 Em síntese, (a) o cônjuge, os parentes e afins até 2º grau do prefeito 
não poderão candidatar-se a vereador ou a prefeito no mesmo município; (b) o mesmo 
ocorrerá com os parentes do governador, que não poderão se candidatar a vereador, 
prefeito (em qualquer município do estado), a deputado estadual, federal, senador e 
governador; (c) os parentes do presidente não poderão se candidatar a qualquer cargo no 
país.57 
 
 Mas, como se vê, a norma proibitiva (inelegibilidade) contém uma 
exceção à sua incidência. Trata-se do caso em que o cônjuge, parente ou afim do chefe do 
executivo já é detentor de mandato eletivo, hipótese em que fica plenamente franqueada a 
sua candidatura para o mesmo cargo que ocupava (ex.: esposa do governador que já era 
deputada federal poderá se candidatar à reeleição sem observância de qualquer 
formalidade). 
 
 Alexandre de Moraes esclarece, todavia, que se o cônjuge ou o 
parente do chefe do executivo seja titular “do mandato de Deputado Federal ou Senador 
por outro Estado e pretenda, após transferir seu domicílio eleitoral, disputar novamente as 
eleições à Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal pelo Estado onde seu cônjuge, 
parente ou afim até segundo grau seja Governador do Estado, incidirá a inelegibilidade 
reflexa (CF, art. 14, § 7º), uma vez que não se tratará de juridicamente de reeleição, mas de 
uma nova e primeira eleição para o Congresso Nacional por uma nova circunscrição 
eleitoral”.58 
 
 Exarando uma interpretação extremamente radical do referido § 7º, 
do art. 14, da Constituição Federal, o Tribunal Superior Eleitoral editou sua Súmula 6 
(publicada no DJU de 28, 29 e 30.10.92), a qual mantém a seguinte redação: 
 
 “São inelegíveis, para o cargo de Prefeito, o cônjuge e os parentes 
indicados no § 7º do art. 14 da Constituição, do titular do mandato, ainda que este 
haja renunciado ao cargo há mais de seis meses do pleito”. 
 
 Já em 2001, o mesmo Tribunal Superior Eleitoral, alterando seu 
posicionamento, estabeleceu que “o cônjuge e os parentes do chefe do Executivo são 
 
57
 Nesse sentido: Alexandre de Moraes, 2006, p. 228. 
58
 Direito constitucional, 2006, pp. 229-230. 
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22 
elegíveis para o mesmo cargo do titular, quando este for reelegível e tiver se afastado 
definitivamente até seis meses antes do pleito”.59 
 
 Depois de algum tempo, o Supremo Tribunal Federal apresentou 
sua posição quanto ao tema e terminou firmando também que os parentes podem concorrer 
nas eleições, desde que o titular do cargo tenha o direito à reeleição e não concorra na 
disputa; o raciocínio seguido pelo Excelso Pretório foi o de que, se ao titular do cargo é 
permitido um mandato a mais, não se poderia vetar a possibilidade dos parentes 
concorrerem.60 
 
 De outro lado, se o chefe do executivo estiver no segundo mandato 
consecutivo, a “renúncia não terá nenhum efeito para a finalidade de afastar a 
inelegibilidade reflexa quanto à disputa para a chefia do Executivo”. É que nesta hipótese 
“se ao próprio chefe do Executivo está vedada a tentativa de perpetuação no cargo por 
mais de dois mandatos, igualmente, não se permitirá essa continuidade via reflexa”.61 
 
 Contudo, o cônjuge e os parentes do chefe do Executivo já reeleito 
podem se candidatar a cargo diverso (exs.: vereador, deputado estadual, senador etc.), 
“desde que este se afaste definitivamente até seis meses antes da eleição” (Código eleitoral 
anotado, 2010, p. 136 e Resolução-TSE 22.599/2007). 
 
 Predomina a tese de que “os sujeitos de uma relação estável 
homossexual, à semelhança do que ocorre com os de relação estável, de concubinato e de 
casamento, submetem-se à regra de inelegibilidade prevista no art. 14, § 7º, da 
Constituição Federal” (TSE, Acórdão 24.564/2004). 
 
 Enfim, convém registrar o último entendimento pacificado pelo 
Supremo Tribunal Federal, segundo o qual “a dissolução da sociedade ou do vínculo 
conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do art. 14 da 
Constituição Federal” (STF, SV 18). 
 
 Essa súmula vinculante deixou clara sua intenção de obstar as 
situações de fraude em que cônjuges simulam separações ou divórcios para fugirem da 
inelegibilidade prevista no art. 14, § 7º, da Constituição Federal. Nestes casos, as 
dissoluções são meramente fictícias e, na verdade, a situação conjugal se mantém intacta, 
daí a proibição peremptória. 
 
3.2.3. A “LEI DE INELEGIBILIDADES”: 
 
 A “Lei de Inelegibilidades” (Lei Complementar n. 64, de 18 de 
maio de 1990) teve como principal fundamento regulamentar o art. 14, § 9o, da 
Constituição Federal, que veio editado na carta magna com a redação prospectiva a seguir 
transcrita: 
 
 “Lei complementar estabelecerá outroscasos de 
inelegibilidades e os prazos de sua cassação, a fim de proteger a probidade 
administrativa, a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida 
 
59
 Acórdãos 19.442, de 21.08.2001 e 3.043, de 27.11.2001. 
60
 RE n. 344.882, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgado em 08.04.2003, ficando vencido o Min. Moreira 
Alves (extraído do Boletim Informativo do TRE-GO, n. 54). 
61
 Alexandre de Moraes, Direito constitucional, 2006, p. 231. 
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23 
pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a 
influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou 
emprego na administração direta ou indireta”.62 
 
 Ao que se vê, a norma em questão intentou ofertar proteção à 
normalidade e à legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou 
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. 
 
 Objetivou-se com a regulamentação basicamente de dois 
instrumentos processuais (a ação de impugnação de pedido de registro de candidatura 
e a ação de investigação judicial eleitoral), com a previsão de prazos de 
desincompatibilização e de causas de inelegibilidades, tutelar o interesse público de lisura 
eleitoral, tornando-o muito mais isonômico. 
 
 Os temas ligados a esta importante lei complementar serão tratados 
em resumo neste trabalho, mas serão abordados com seriedade e com profundidade em sala 
de aula. 
 
3.2.3.1. COMPETÊNCIA PARA AFERIÇÃO: 
 
 De conformidade com a Lei Complementar 64/1990 (art. 2º, 
parágrafo único), incumbirá (a) ao Tribunal Superior Eleitoral conhecer e julgar as 
alegações de inelegibilidade dos candidatos a Presidente ou Vice-presidente da República, 
(b) aos Tribunais Regionais Eleitorais caberá analisar os pedidos de declaração de 
inelegibilidade formulados contra os candidatos a Senador, Governador, Deputado Federal, 
Deputado Estadual e Deputado Distrital e, enfim, (c) aos Juízos Eleitorais tocará a 
competência para julgar inelegibilidades argüídas contra candidatos a Prefeito, Vice-
prefeito e Vereador. 
 
3.2.3.2. CONTEÚDO: 
 
 Em breve síntese, a Lei Complementar n. 64/1990, em seu art. 1º, 
enumera taxativamente os casos de inelegibilidades, fixando também os prazos de 
desincompatibilização (que na maioria dos casos é de seis meses, mas pode eventualmente 
ser de quatro ou de três), assunto bastante versado em concursos públicos.63 
 
 Em seus arts. 3º a 21, dispõe de modo circunstanciado sobre a já 
citada “ação de impugnação de pedido de registro de candidatura” (AIPRC), instrumento 
muito utilizado no dia-a-dia eleitoral para ataque às postulações de deferimento de 
candidatura. 
 
62
 O destaque não consta no texto original. 
63
 (Magistratura-GO, 2009, prova A01, tipo 004, questão 71) É de quatro meses o prazo para 
desincompatibilização, para candidatarem-se aos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, 
dentre outros, dos que: (a) Estejam ocupando cargo ou função de direção administração ou representação 
em entidades representativas de classe, mantidas com recursos arrecadados ou repassados pela Previdência 
Social; (b) Estejam exercendo as funções de membros dos Tribunais de Contas da União, dos Estados e do 
Distrito Federal, bem como a de Diretor Geral do Departamento de Polícia Federal; (c) Estejam exercendo os 
cargos de Presidente, Diretor e Superintendente de Autarquias e Empresas Públicas; (d) Tiverem 
competência apara aplicar multas relacionadas com as atividades de lançamento, arrecadação ou fiscalização 
de impostos, taxas e contribuições de caráter obrigatório; (e) Estejam exercendo nos Estados ou no Distrito 
Federal cargo ou função de nomeação pelo Presidente da República, sujeito à aprovação prévia do Senado 
Federal (a alternativa “a” é a correta, nos termos do art. 1º, inciso II, alínea “g”, da Lei Complementar 
64/1990). 
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24 
 
 Nos arts. 22 a 24, a Lei Complementar instituiu a chamada 
“Investigação Judicial Eleitoral” (IJE), que tem por fim a cassação do registro ou do 
diploma de candidato e a declaração de inelegibilidade pelo prazo de 8 (oito) anos 
subsequentes à eleição em que se verificou o ato (art. 22, inc. XIV, com redação 
outorgada pela LC 135/2010). 
 
3.2.3.3. INELEGIBILIDADE DOS “FICHA SUJA”: 
 
 Atendendo a uma ampla campanha da imprensa e da própria AMB, 
foi finalmente editada a Lei Complementar 135/2010 que acrescentou diversas 
inelegibilidades novas à Lei Complementar 64/1990, dando enfoque especial à proibição 
da candidatura dos chamados “ficha-suja”. 
 
 Passo diretamente à transcrição do texto, cuja memorização se 
torna essencial para qualquer concurso público que exija conhecimentos específicos em 
direito eleitoral. 
Art. 2o A Lei Complementar no 64, de 1990, passa a vigorar com as seguintes 
alterações: 
Art. 1o São inelegíveis: 
I – para qualquer cargo: 
(...) 
“c) o Governador e o Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal e o Prefeito 
e o Vice-Prefeito que perderem seus cargos eletivos por infringência a dispositivo 
da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica 
do Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente e 
nos 8 (oito) anos subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido 
eleitos; 
d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça 
Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em 
processo de apuração de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na 
qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem 
nos 8 (oito) anos seguintes; 
e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por 
órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) 
anos após o cumprimento da pena, pelos crimes: 
1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio 
público; 
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os 
previstos na lei que regula a falência; 
3. contra o meio ambiente e a saúde pública; 
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25 
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; 
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo 
ou à inabilitação para o exercício de função pública; 
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; 
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e 
hediondos; 
8. de redução à condição análoga à de escravo; 
9. contra a vida e a dignidade sexual; e 
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando; 
f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele incompatíveis, pelo 
prazo de 8 (oito) anos; 
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas 
rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade 
administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver 
sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem 
nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o 
disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de 
despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição; 
h) os detentores de cargo na administração pública direta, indireta ou fundacional, 
que beneficiarem a siou a terceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, 
que forem condenados em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão 
judicial colegiado, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, 
bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; 
.......................................................................................................................... 
j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por 
órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de 
sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por 
conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem 
cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; 
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do Distrito Federal, o 
Prefeito, os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da 
Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos 
desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de 
processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição 
Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, 
para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para 
o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da legislatura; 
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26 
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão 
transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de 
improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e 
enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o 
transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena; 
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do 
órgão profissional competente, em decorrência de infração ético-profissional, pelo 
prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder 
Judiciário; 
n) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por 
órgão judicial colegiado, em razão de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo 
conjugal ou de união estável para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo 
prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer a fraude; 
o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo 
administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se 
o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; 
p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações 
eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão 
colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, 
observando-se o procedimento previsto no art. 22; 
q) os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados 
compulsoriamente por decisão sancionatória, que tenham perdido o cargo por 
sentença ou que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na 
pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos; 
......................................................................................................................................
..... 
§ 4o A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I deste artigo não se aplica aos 
crimes culposos e àqueles definidos em lei como de menor potencial ofensivo, nem 
aos crimes de ação penal privada. 
§ 5o A renúncia para atender à desincompatibilização com vistas a candidatura a 
cargo eletivo ou para assunção de mandato não gerará a inelegibilidade prevista na 
alínea k, a menos que a Justiça Eleitoral reconheça fraude ao disposto nesta Lei 
Complementar.” (NR) 
 Relembremos, porém, que será possível a suspensão cautelar da 
inelegibilidade nos termos do art. 26-C da LC 64/1990. Vejamos: 
“Art. 26-C. O órgão colegiado do tribunal ao qual couber a apreciação do 
recurso contra as decisões colegiadas a que se referem as alíneas d, e, h, j, l e n do 
inciso I do art. 1o poderá, em caráter cautelar, suspender a inelegibilidade sempre 
que existir plausibilidade da pretensão recursal e desde que a providência tenha sido 
expressamente requerida, sob pena de preclusão, por ocasião da interposição do 
recurso. 
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27 
§ 1o Conferido efeito suspensivo, o julgamento do recurso terá prioridade 
sobre todos os demais, à exceção dos de mandado de segurança e de habeas 
corpus. 
§ 2o Mantida a condenação de que derivou a inelegibilidade ou revogada a 
suspensão liminar mencionada no caput, serão desconstituídos o registro ou o 
diploma eventualmente concedidos ao recorrente. 
§ 3o A prática de atos manifestamente protelatórios por parte da defesa, ao 
longo da tramitação do recurso, acarretará a revogação do efeito suspensivo.” 
 Uma vez transitada em julgado ou publicada a decisão proferida 
por órgão colegiado que declarar a inelegibilidade do candidato, “ser-lhe-á negado registro, 
ou cancelado, se já tiver sido feito, ou declarado nulo o diploma, se já expedido” (LC 64, 
art. 15). 
 
 Independentemente de qualquer recurso, deverá a decisão supra ser 
comunicada de imediato “ao Ministério Público Eleitoral e ao órgão da Justiça Eleitoral 
competente para registro de candidatura e expedição de diploma do réu” (LC 64, art. 15, 
parágrafo único). 
 
 Registre-se que o Supremo Tribunal Federal, pelo voto de nove de 
seus onze ministros, fixou o entendimento de que os candidatos condenados em primeira 
instância podem se ter suas candidaturas deferidas normalmente, não sendo atingidos pela 
Lei Complementar 135/2010. 
 
 Portanto, somente os condenados por “órgão colegiado” de 
segunda instância é que se tornaram inelegíveis para qualquer cargo pelo prazo de 8 (oito) 
anos. 
 
 Também ficou estabelecido inicialmente pelo Supremo Tribunal 
Federal (no final do ano de 2010) após longa discussão que a Lei Complementar 135/2010 
se aplicaria também ao pleito eleitoral de 2010, o que gerou a cassação de diversos 
registros de candidatura e gerará até perda de diplomas. 
 
 A notícia publicada no sítio de “veja” esclarece bem a histórica 
questão, daí a seguinte transcrição: 
“O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta quarta-feira, que a Lei da 
Ficha Limpa é válida e deve ser aplicada nas eleições deste ano. Depois do desgaste 
público de sua imagem no caso Roriz, quando não conseguiu pôr fim a um inédito 
impasse sobre a validade da norma, a Suprema Corte cumpriu seu papel. Após mais 
de seis horas de intenso debate - e novo empate -, chegou finalmente a uma 
conclusão. 
Para sair do impasse, a maioria dos ministros decidiu seguir a sugestão do 
decano Celso de Mello e recorrer ao regimento interno da corte ao analisar recurso 
do deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA). Diz o artigo 205 do regimento 
que, em caso de empate, "havendo votado todos os ministros, salvo os impedidos 
ou licenciados por período remanescente superior a três meses, prevalecerá o ato 
impugnado". Traduzindo: como a composição do tribunal está incompleta desde a 
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28 
aposentadoria de Eros Grau, prevalece a medida questionada - a decisão do 
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que barrou Jader com base no crivo da nova lei. 
Na prática, a Ficha Limpa permanece em vigor. Como consequência, Jader 
Barbalho (PMDB) tem o registro indeferido e não poderá assumir o cargo de 
senador, para o qual teve votos suficientes

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